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DESEMPENHO DE MERCADO

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EDITORIAL

EDITORIAL

O setor de seguros (sem Saúde e DPVAT) chega ao primeiro semestre do ano com arrecadação acumulada em R$ 168,8 bilhões em prêmios de seguros, contribuições em previdência privada e faturamento de capitalização, expansão de 16,3% sobre o primeiro semestre do ano anterior. Na visão mensal, com montante de R$ 30,9 bilhões arrecadado em junho, o setor apresenta pelo quinto mês consecutivo crescimento de dois dígitos, avançando 11,6% sobre junho de 2021.

As indenizações, pagamentos de benefícios, resgates e sorteios (sem Saúde e DPVAT) seguem crescendo de forma expressiva. Em junho, avançaram 25,8% em relação a junho do ano passado, com mais de R$ 18,5 bilhões pagos. No acumulado do primeiro semestre, o montante pago ultrapassa R$ 112,6 bilhões, representando um crescimento de 25,3% na comparação com o mesmo período de 2021.

Analisando o resultado em 12 meses móveis, melhor métrica para expurgar sazonalidades e evidenciar tendências, o segmento de Danos e Responsabilidades tem mantido tendência ascendente no pagamento de indenizações, com crescimento de 50,4% no acumulado até junho, sobre os 12 meses findos em junho do ano passado. Em torno de 70% dessas indenizações estão concentradas no seguro Automóvel e no Rural. Os Planos de Riscos em Coberturas de Pessoas, após alcançarem alta de 59,3%, influenciada pelas indenizações dos seguros de Vida e Prestamista, desaceleraram consideravelmente e, no acumulado até junho, apresentaram recuo de 5,0%. Com tendências estáveis, estão os Planos de Acumulação, cujo pagamento de benefícios acumulou alta de 26,4%, e Capitalização com crescimento de 9,3%, na mesma comparação. Assim, o setor (sem Saúde e DPVAT) pagou até junho, no acumulado em 12 meses, R$ 212,3 bilhões em indenizações, avanço de 26,9% sobre o mesmo período até junho do ano anterior. Esse montante representa em torno de 2,39% do PIB dos últimos quatro trimestres disponíveis (em valores correntes).

Evolução dos pagamentos de indenizações

Variação nominal em 12MM sobre mesmo período do ano anterior

Em junho, a arrecadação do segmento de Danos e Responsabilidades passou de R$ 10,7 bilhões em prêmios de seguros, maior valor nominal mensal de toda a série histórica, configurando uma expansão de 29,3% sobre junho de 2021. No acumulado do primeiro semestre, os seguros de Danos e Responsabilidades movimentaram R$ 52,6 bilhões em

prêmios, avançando 25,2% sobre o mesmo período de 2021.

O crescimento do seguro Automóvel é observado tanto em prêmios quanto em volume de indenizações. O montante de R$ 4,3 bilhões de prêmio em junho foi 38,2% maior do que o do mesmo mês do ano anterior. As indenizações,

Fonte: Susep

mesmo com as taxas mostrando desaceleração quando são observados os resultados dos últimos 3 meses na comparação interanual (em março, 55,1%; abril, 55,1% e maio 62,5%), ainda seguem altas. Foram pagos em junho R$ 2,6 bilhões em indenizações, valor 44,8% maior do que as indenizações pagas em junho do ano passado. No ano, o volume de prêmio (R$ 22,8 bilhões) avançou 31,0% e o de indenizações (R$ 14,9 bilhões) cresceu 47,2%, sobre o mesmo período de 2021. O número de veículos emplacados apresentou estabilidade em junho com leve alta de 0,2%, após onze meses de queda, na comparação com junho de 2021. Mas a retração ainda segue forte no acumulado do ano, com recuo de 15,04% até junho. Para os veículos seminovos e usados, as vendas em junho recuaram 15,0% sobre junho do ano passado (são 10 meses consecutivos de queda) e, no ano, são -20,06% de veículos usados comercializados. A falta de veículos no mercado continua pressionando o preço, com reflexo nos seguros. O IPSA1 (Índice de Preços de Seguro de Automóvel) da TEx, plataforma de inteligência de dados de seguro Auto, calculado com base no percentual que o seguro representa do valor do veículo, chegou a 6,5% em junho, maior valor desde o início da série histórica em janeiro de 2021.

O grupo Patrimonial (que em maio havia crescido 29,7%) aumentou em 18,3% o volume de arrecadação (R$ 2,1 bilhões) na comparação com junho do ano passado. No semestre, o grupo movimentou R$ 10,3 bilhões, crescimento de 25,0% na comparação com o primeiro semestre de 2021. A arrecadação dos seguros Massificados desacelerou quando comparada ao resultado apresentado em maio (+30,1%) e cresceu 11,7% em junho (R$ 1,2 bilhão) contra junho de 2021 e, no acumulado do ano, os seguros Massificados avançaram 15,9% até junho (R$ 6,4 bilhões) sobre o mesmo período do ano anterior.

Os seguros de Grandes Riscos movimentaram R$ 811,7 milhões em junho (+24,5% sobre junho do ano passado) e no ano, o montante de R$ 3,4 bilhões acumulado até junho foi 39,8% maior do que o primeiro semestre de 2021. Os seguros de Riscos de Engenharia, voltados para proteção contra acidentes em obras, como também, danos em máquinas e equipamentos, cresceram 61,9% em junho (R$ 102,2 milhões) na comparação com o mesmo mês do ano anterior, movimentando no primeiro semestre R$ 469,3 milhões em prêmios, alta de 78,1% sobre o mesmo período do ano passado. O setor de construção civil vem sofrendo pressão dos custos. O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), divulgado pelo IBRE-FGV, subiu 2,81% em junho (em maio, a alta foi de 1,49%). O grupo Mão de Obra pressionou o aumento do índice, que passou de 1,43% em maio para 4,37% em junho, aumento de 2,94 p.p. No acumulado em 12 meses, o INCC registrou alta de 11,75%. Em relação aos pagamentos, o grupo Patrimonial pagou R$ 4,1 bilhões em indenizações no primeiro semestre do ano, alta de 8,4% em relação do mesmo período de 2021.

O seguro Habitacional, em junho, arrecadou R$ 462,6 milhões em prêmio, crescimento de

1 Fonte: https://uploads-ssl.webflow.com/61522ae55ebb4428d8e7e14c/62d07ee5f1fe526c9118def5_IPSA-Junho-2022-divulgacao_V2.pdf

10,2% sobre junho do ano passado, e no ano, a arrecadação ultrapassa R$ 2,7 bilhões, avanço de 12,4% sobre o mesmo período do ano anterior. Já as indenizações, seguem recuando. No primeiro semestre do ano, foram pagos R$ 714,2 milhões, recuo de 29,8% contra o mesmo primeiro semestre do ano passado. Os seguros de Transporte, após crescimento de um dígito em maio (5,8%), avançaram 30,6% em junho (R$ 489,3 milhões) na comparação interanual. No ano (R$ 2,4 bilhões), a arrecadação acumulada do seguro avançou 22,5% sobre os seis primeiros meses do ano anterior. O movimento de veículos pesados, acompanhado pelo Índice ABCR (Associação Brasileira de Concessionários de Rodovias), em junho, apresentou variação positiva de 2,9%, na comparação com o mesmo mês do ano anterior, enquanto o acumulado do ano foi de 2,4%. A melhora do cenário está voltada para os bons resultados do setor de transporte de cargas. Mesmo com a PIM (Pesquisa Mensal da Indústria) do IBGE de junho apresentando leve recuo (-0,5%) sobre junho do ano passado, a produção Industrial de Bens de Consumo cresceu 1,5% na mesma comparação (terceira taxa positiva consecutiva nesse tipo de comparação), impulsionada pelo aumento da fabricação de automóveis (21,4%).

O seguro Garantia Estendida voltou a crescer, na comparação interanual, não tão intenso quanto o maio (36,6%) e arrecadou em junho R$ 305,8 milhões em prêmio, crescimento de 5,3% sobre junho de 2021. No ano, o resultado segue positivo e o montante acumulado de R$ 1,6 bilhão, foi 2,7% maio do que o mon-

tante do mesmo período do ano anterior.

O seguro Rural voltou a crescer de forma expressiva em junho e a arrecadação de R$ 1,4 bilhão em prêmios representou aumento de 63,9% em maio contra maio de 2021. Na metade do ano, o Rural movimentou mais de R$ 5,6 bilhões em prêmio, avançando 38,7% sobre o mesmo período de 2021. As indenizações pagas em 2022 alcançaram o montante de R$ 8,5 bilhões, valor 227,0% maior do que o do primeiro semestre de 2021.

O segmento de Cobertura de Pessoas cresceu 2,7% em junho (R$ 17,8 bilhões) sobre junho do ano passado. Houve desaceleração quando se observa o resultado de maio (+15,7%), em razão da queda de 0,1% dos Planos de Acumulação em junho (R$ 12,6 bilhões), na comparação interanual. Entretanto, os montantes de Cobertura de Pessoas (R$ 102,7 bilhões) e dos Planos de Acumulação (R$ 73,6 bilhões) até junho seguem em alta, com expansão de 12,2% e 12,4%, respectivamente, sobre o acumulado do primeiro semestre do ano anterior.

Os Planos de Risco cresceram 10,6% em junho na comparação interanual e movimentaram R$ 4,8 bilhões em prêmios no mês. Os seguros de Vida movimentaram R$ 2,2 bilhões, expandindo em 12,5% a arrecadação observada em junho do ano anterior. O seguro Viagem segue em forte recuperação e, pelo sexto mês consecutivo, apresenta taxa de crescimento de três dígitos, 187,8% em relação a junho do ano passado. As indenizações, conforme citado acima, desaceleraram fortemente. Em

maio de 2021, chegou a crescer 116,0%, na comparação interanual. Em junho, foram pagos R$ 1,2 bilhão, valor 30,6% menor do que o montante pago em junho de 2021. No acumulado do ano, foram R$ 7,0 bilhões pagos no primeiro semestre, recuo de 26,0% sobre o primeiro semestre do ano passado. A desaceleração ocorre pelo arrefecimento das indenizações nos seguros de Vida e Prestamista.

Os pagamentos de contribuições e resgates dos Planos de Acumulação (R$ 10,6 bilhões) tiveram aumento de 31,9% em junho sobre o mesmo mês de 2021 e, com o recuo da arrecadação, a captação líquida do mês ficou em R$ 2,1 bilhões, recuo de 56,0% na mesma comparação. No ano, os pagamentos dos Planos de Acumulação (R$ 60,2 bilhões) apresentam alta de 24,1%, e a Captação líquida (R$ 13,4 bilhões) está 21,0% menor do que a do mesmo período de 2021.

Os Títulos de Capitalização faturaram R$ 2,4 bilhões em junho, avanço de 15,1% sobre o mesmo mês do ano passado. No ano, o montante acumulado de R$ 13,6 bilhões representou avanço de 17,3% no faturamento acumulado nos primeiros seis meses de 2021. Os pagamentos com sorteios e resgates chegaram a R$ 10,6 bilhões no primeiro semestre do ano, crescimento de 6,8% sobre o mesmo período do ano anterior. A captação líquida (R$ 3,6 bilhões), considerando apenas os pagamentos com resgates, aumentou 64,5% no primeiro semestre contra o primeiro semestre de 2021. A ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) divulgou os dados do 1º trimestre de 2022 do segmento Saúde Suplementar. A arrecadação com contraprestações líquidas foi R$ 62,7 bilhões e, quando comparada à do mesmo trimestre de 2021, mostra crescimento de 5,0%. A arrecadação dos Planos Médico-hospitalar (R$ 61,2 bilhões) também cresceu 5,0% e a dos Planos exclusivamente odontológicos (R$ 1,6 bilhão) avançou 8,6% na mesma comparação. Os pagamentos com eventos indenizáveis totalizaram R$ 53,0 bilhões no 1º trimestre de 2022, aumento de 12,5% sobre o mesmo trimestre do ano anterior.

O número de beneficiários dos planos de assistência médica de junho de 2022, divulgado pela ANS, foi de 49,8 milhões, aumento de 3,5% em relação a junho de 2021 (48,1 milhões). De acordo com a ANS, em junho, a taxa de adesão (entradas), em todos os tipos de contratações, foi superior à de cancelamento (saídas). Os planos coletivos empresariais seguem sendo responsáveis pela maior parte dos beneficiários, com crescimento de 4,1% na mesma comparação. O número de beneficiários dos planos exclusivamente odontológicos cresceu 8,7% em junho (29,9 milhões) na comparação com junho de ano passado (27,5 milhões).

Com o acréscimo dos dados de Saúde Suplementar, o setor de seguros (sem DPVAT) cresceu 10,7% no 1º trimestre de 2022, na comparação interanual, e movimentou R$ 144,9 bilhões em arrecadação. Pelo lado dos pagamentos, as indenizações totalizaram R$ 111,8 bilhões, avançando 23,1% sobre o 1º trimestre de 2021.

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