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Inflacao e recuperacaof ®conomica

inf]a9So estara no centre do debate economico durante OS primeiros mesesde 1985.

' Contrariamente ao pensamento dominante at4 algumas semanas atras, a inflaqao brasileira nao atingiu nenhum ponto de inercia em torao de 10% ao mes. Seu ritmo 6 claramente ascensional desde 1983, prindpalmente se levarmos em conta que aquele ano foi prejudicado (em termos de combate a inflagao) pelos efeitos da maxi de fevereiro de 83, enquanto o ano de 1984 foi praticamente livre de cheques e fenomenos atipicos.

O IGP ajustado — que desconta tais cheques, bem como o efeito do corretivo da maxi — 4 o melhor indicador do comportamento da inflaq&o. Veja o grafico seguinte. O outro I'ndice de inflagao - INPC (pregos ao consumidor a ni'vel nacional) acompanha a trajetdria ascendente do IGP ayustado, confirmando a tendencia de alta.

Razdes novas - A inflagSo brasi leira tern raizes ortodoxas. Cada vez que procuramos dissimular essas rai zes absolutamente convencionais com um apelo ao aparente ineditismo do processo infladonirio no Brasil, erramos e pagamos duplamente por esse erro. Primeiro, pagamos o prego da ignorancla, que i a demora no ataque is fontes reals da inflagSo. Segundo,

Em andlise, as conseqiiencias da emissao recorde de papel-moeda, as rafzes ortodox^ da inflagao,as falhas da teoria monetaria e as projegoes para o comportamento da economia neste ano pagamos o prego da dissimulagSo, que 4 dizer que combatemos as causas da inflagSo, quando nos batemos apenas contra seus efeitos, isto quan do nos damos ao trabalho de ir tao longe. O prego da dissimulagSo seria pensar que a inflagdo 6 resistente a quaJquer tratamento, ou que requer uma abordagem totaJmente nova (do tipo indexagao total ou desindexagao total), ou, ainda, que a inflagao 4 inocua, nao produzindo mal algum.

A causa operacional do processo inflacionario 4 (e sempre sera) a multiplicagdo da moeda. Durante quase todo 0 ano de 1984, os economistas ditos ortodoxos (geralmente as pessoas exigem, para si, cirurgides bem ortodoxos, mas vivem sugerindo eco nomistas heterodoxos para resolver o problema dos outros), esses econo mistas nao conseguiram explicar a in flagao a 200% por meio da teoria mo netaria. Pela teoria, a moeda — emissdo piimaria de papel-moeda e de reservas bancarias - deveria estar se expandindo ao mesmo ritmo dos pregos, ou, pelo menos, mostrar um rit mo crescente. No entanto (veja o grdfico) a base monetaria mantinhase estdvel na faixa de 80 a 100% de variagdo, e isso durau do inioio de 1983 atd julho de 1.984. Supostqniente, entao, a liqtiidei real (expansao de moeda, descontada a inflagao) era negative, havendo uma contragdo nitida do oxigenio financeiro.

De fato, tal contragSo deve ter ocorrido depois da maxi de fevereiro de 83, pordm nSo durou muito. 0 que induziu muitos economistas ao eno de avaliagao da liquidez foi o uso inadequado do conceito de reser ves bancdrias no cdlculo da base mo netaria. Os bancos oficiais nSo recoIhiam reserves e a base, estatisticamente, tinha de cair. Mas, na realidade, OS empr^stimos se expandiam sem lastro de reservas; a liquidez de fato era, portanto, sempre maior que a liquidez estatistica. Finalmente, em novembro de 84, o Banco Central ajustou a estatistica dos agregados monetarios (veja o grafico). Nessa nova realidade numdrica, tudo ficou mais claro.

Por esses novos dados, a liquidez real ja se expandia (desde janeiro de 84), corroborando a alta dos pregos no seu patamar mais alto. Assim, ao inv4s de vermos os pregos cairem da faixa de 170% (ajustados) para uns inflaqso e emissAo de MOEDA NOSANOS 1983/84 (vaiiagfles.aosijifimos 12 meses)

100/120% ao fim de 1984 - vimos esses pregos subirem ainda mais, ultrapassando perigosambnte o ni'vel dos 200%.

Com medo da recessao de 1983, apressamos o retomo ao cresdmento em 1984 com resultados bastante danosos para a estabilidade economica em 1985. Nossa tese: o crescimento teria ocorrido em 1984 de qualquer modo - talvez na faixa de 2%, ao inv4s dos 4% ja projetados para o FIB do ano passado, porem com possibilidade de passar a um ritmo mais intenso de produgao, com menos infla gao, durante 1985.

A anteripagSo dos 4% de cresci mento de 1984 veio certamente na esteira do excesso de liquidez. Esse excesso, temos noticia preliminar, se acentuou despropordonalmente em novembro e dezembro de 1984. A emissSo de papel-moeda em dezem bro de 84 (cerca de 50% sobre o saldo do mes anterior) 4 recorde historico. Dessa forma, a base monetaria teria atingido cerca de 248% da variagSo anual em 31 de dezembro de 84, flcando os meios de pagamento (Ml) na faixa de 205%. As compras dos consumidores, por ocasiao do Natal, refletiram o excesso de liquidez, tanto quanto a redugSo do endividamento privado e os aumentos de produtividade. A economia teria se recuperado gradualmente, mas de modo se- guTO, se estivesse apoiada apenas no menor endividamento e na maior produtividade. Entretanto, o excesso de liquidez havido em 1984 apressou 0 crescimento e agora vai impedir a baixa do ritmo dos pregos no pen'odo visivel dos proximos seis a nove meses.

Significado da pressa - O que significam estas informagdes em termos do desempenho de 1985? Abstraindo, provisoriamente, um importantissimo fator, que e a troca de Govemo e a qualidade dos homens anunciados para o prdximo Ministerio, podemos imaginar os seguintes efeitos: a - houve antecipagao e aceieragao artificial do crescimento econo mico em 1984, donde se segue que passaremos a devolver, a partir de al gum ponto de 1985, o que foi antecipado ou acelerado artificialmente; b - como tal devoJugao de cresci mento 4 inevitavel, quanto mais a politica economica pretender driblar esse efeito atravbs da repressSo a in flagao, mais perigosa sera a recessao subseqiiente; c — b possivel que o Govemo venha a usar o setor extemo como re presser da inflagSo, para tanto dimintiindo a intensidade das desvalorizagCes cambiais, o que teria - proviso riamente - um duplo impact© favoravel sobre os pregos internes, pois haveria maior oferta de produtos im- portados e menor subtragSo de produtos para exporta9ao; d - a curto prazo tambdm, se a manobra com o setor externo implicar queima de reserves, isso ajudara o controle da emisslo de moeda (pois a queima de divisas corresponde a um enxugamento do meio circulante intemo); e - a manobra do setor externo nSo 4 a iinica soluqSo de cunho imediatista; ainda 4 cedo para afirmar qualquer coisa sobre probabilidades de oconencia, mas lembrar-se-iam os controles de pie^os, principalmente de produtos agropecuarios(na esteira da chamada questao socj'ai) a partir de marqo e as concessdes salariais, permitidas indiretamente pelo Govemo; f- a some desses expedientes teria, 4 claro, uma repercussao imediata, e positiva (!) sobre as vendas in ternes, impulsionando as atividades econdmicas e amparando as fihanqas pilblicas, enquanto a inflaqao seria contida por controles e postergagdes de aumentos de pregos administrados; g - a repercussSo mais duradoura desse processo sera, entretanto, o momento do novo impulso inflacion^'o, que alguns pensam ja ter co- megado a ocorrer a partir do mes de Janeiro.

Em conclusSo;

1) 1985 podera conter um trecho de aparencia bem mais favoravel do que 1984, uma vez que a liquidez excessiva promovera temporariamente este efeito;

2) 0 comportamento do FMI e dos credores extemos continuara sendo duro em face dos descontroles intemos (inflagSo e deficit pilblico)e este enrijecimento de posigdes entre o Govemo brasileiro e os credores podera ensejar tensdes imprevistas a partir de meados deste ano;

3)do segundo semestre em diante, o Govemo vai comegar a Mfrer a angustia do calendario eleitoral de novembro de 86;"premido pelo curto espago de tempo entre o inicio do mandato e a campanha de 1986, o novo Presidente podera ser induzido a nSo tomar medidas mais vigorosas cujos efeitos finais, positivos e duradouros, poderiam tardar demais em relagSo ao exi'guo tempo poh'tico at^ 1986.

4) por outro lado, os mercados jd estao muito sensiveis (quer dizer, tarimbados) em relagao a poh'tica economica que presta versus outras que nSo prestam; se o Govemo resolver cair na tentagao do calendario poh' tico, OS mercados poderSo antecipar OS efeitos negativos finais, promovendo uma ampla especulagSo em cima de ativos protegidos (dblar, bolsa, imdveis);

5) a qualidade, portanto, das primeiras declaragSes do candidato eleito, bem como a divulgagSo dos nomes do seu Ministdrio e as piimeiras medidas serdo essendais para a definigSo do caminho que a politica economica tomara. Por enquanto, a vertente das pressdes poiiticas parece ser dominante. ir

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