Um bom vinho! Ant贸nio Manuel Monteiro
(…) Tem cor carmim intensa e saudável. No nariz irresistível deste vinho há chocolate e ginjas. O palato apresenta uma legião de sabores a fruta madura, verdadeiramente extraordinária. Cada bebedor encontrará neste vinho os seus próprios sabores. Eu detectei citrinos intrigantes, bem como morangos e algum belo carvalho, cujos taninos não se intrometem demasiado – ainda que o vinho seja claramente concebido para uma vida longeva e empolgante. Todavia, mesmo no fim do palato, uma certa tintura sugere que só os tolos o beberão em jovem. "Um bom vinho é muito mais do que uma bebida especial, mais do que uma
obra de arte líquida, tem que ser uma excelente companhia". (Anónimo)
VITICULTURA ― estuda o cultivo da uva para o vinho VINICULTURA ― concentra-se nos aspectos culturais em torno do vinho VITIVINICULTURA ― envolve o cultivo e o fabrico de vinho
ENOLOGIA ― estuda tudo o que está relacionado com a produção e conservação de vinho, desde o plantio, escolha do solo, vindima, produção, envelhecimento, engarrafamento e venda
ENOFILIA a arte de saber amar e apreciar vinhos ‌ ENOSOFIA a sabedoria da prova e do conhecimento dos vinhos‌
As mulheres têm mais sensibilidade e são mais olfactivas. Estão habituadas, desde muito cedo, a identificar aromas, em perfumes, cremes e flores. São autênticas máquinas da arte odorífica. Atrevem-se a dizer exactamente o que lhes vai na alma, excitam-se facilmente na presença de algo atractivo, revelando maturidade. Os homens são mais primatas e insensíveis. Poupam-se demasiado nas emoções. Não gostam de errar, hesitam e exageram nos momentos de reflexão, preferindo ser um pouco mais convencionais e tirânicos no paladar.
Três factores que poderão identificar um possível "bom vinho": 1º) o que melhor se adapta ao gosto pessoal posso até ser fiel a uma marca mas nunca serei bebedor de rótulos nem de modas fáceis; 2º) o que melhor se apropria ao bolso de cada um as capacidades financeiras são cada vez mais castradoras do gosto e dos prazeres; 3º) o que melhor se ajusta ao ambiente e à ocasião requerida temperatura, estação do ano, companhia, comida, estado de espírito, etc.
A escolha de um vinho quanto ao contexto do seu consumo
vinhos de entrada e acolhimento – vinhos de espevitar o palato e fazer a boca a um naco de qualquer coisa vinhos de pretexto – vinhos de visita e de pura diversão, dispensando a reputação e outras pretensões que não sejam a vontade de beber vinhos de confraternização – vinhos gregários e com a facilidade de fazer soltar a língua a qualquer incauto vinhos de sonho, celebração, sedução, poéticos – vinhos notáveis, ícones do festejo e da celebração mais intimista, vinhos de despertar ódios e paixões, vinhos que transformam quase todas as mulheres em verdadeiras estrelas de cinema aos olhos de quem os bebe; vinhos de meditação – vinhos que pedem silêncio, recolhimento, reflexão e concentração, uma epifania para ser beber de joelhos vinhos disto e daqueloutro …
Não dêem atenção aos bebedores de letreiros, à irracionalidades das paixões, nem à sabedoria misteriosa daqueles que pensam que "quem não bebe daquilo que eu digo ou é ignorante ou o diabo que o leve", e deixem que o vinho cumpra as suas mais nobres missões.
E mais não acrescento, porque "um bom vinho deve ser tratado como uma bela amante" (ditado francês).
«(…)
Alguns amigos me dizem: Não bebas mais Khayyam.
Respondo: Quando bebo, ouço o que me dizem as rosas, as tulipas, os jasmins; ouço até o que não me diz a minha amada.» Omar Khayyam ‒ poeta persa do séc. XI/XII
E diz-se que Deus só criou o homem porque estava a beber sozinho e o vinho requer companhia!
Chaves, 31 de Outubro de 2015
Ant贸nio Manuel Monteiro