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SUÍNOS&CIA - REVISTA TÉCNICA DA SUINOCULTURA

ANO VI - Nº 35/2010



Editorial

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esta edição, que chega às suas mãos durante o 5º Simpósio Internacional de Produção Suína “SUINTER”, contempla um precioso resumo da 41ª Reunião Anual da Associação Norte-Americana de Veterinários Especialistas em Suínos (AASV), elaborado por Antonio Palomo Yagüe, diretor da divisão de suínos da Setna Nutricion. O encontro abordou temas como gestão e sanidade destacando agentes causadores de doenças como: o vírus da PRRS, da gripe e PCV-2 e doenças bacterianas produzidas por Mycoplasma hyopneumoniae, Haemophilus parasuis, Actinobacillus pleuropneumoniae e Complexo Respiratório Suíno. Incluindo também os transtornos digestivos, nutrição e reprodução, confira essa completa revisão. Matéria de destaque da capa o tema sobre micotoxicoses nos suínos, esclarece muitas dúvidas, escrito pelo professor-doutor Janio M. Santurio, da Universidade Federal de Santa Maria. O mesmo adverte que a ingestão de alimentos que contenham micotoxinas, assim denominadas por serem produtos tóxicos de fungos ambientais que se desenvolvem em alimentos, pode causar graves efeitos sobre a saúde animal, especialmente aqueles que não ruminantes. Para o especialista, as espécies de fungos produtoras de micotoxinas são extremamente comuns, e elas podem crescer em uma ampla

gama de substratos sob uma ampla gama de condições ambientais. Sem dúvida essas micotoxinas podem ser problemas para os animais que a consomem nas rações balanceadas, e a solução começa pela seleção rigorosa da matéria-prima que entram na fabrica seguindo da correta armazenagem e monitoramento para elaboração do alimento final. Conhecendo e monitorando a qualidade dos produtos que participam da formulação de rações se pode ajudar na escolha correta de aditivos para controlar de maneira eficiente e segura as micotoxinas presentes nos produtos e em todo sistema. Confira também os sumários de pesquisa, que nesta edição abordam as dietas de gestação e lactação contendo óleo essencial de orégano, que aumentam o desempenho de porcas e leitões; a qualidade do sêmen do cachaço, com efeito da suplementação com L-Carnitina; a importância da higiene na coleta de sêmen suíno; a avaliação de dois programas de limpeza e desinfecção em granja comercial por meio de parâmetros zootécnicos; e a produção de anticorpos contra o circovírus suíno: a eficiência da massa antigênica de uma vacina inativada aprovada em fêmeas e leitões. Boa leitura.


Índice 6

Entrevista Expedito Tadeu Facco Silveira

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Nutrição Micotoxicoses nos Suínos

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Sanidade Atualidades no Circovírus Suíno Tipo 2 (PCV2)

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Revisão Técnica Resumo da 41ª Reunião Anual da Associação Norte-Americana de Veterinários Especialistas em Suínos (AASV)

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Release

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Sumários de Pesquisa

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Recursos Humanos O segredo para um projeto

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Dicas de Manejo Protocolo de quarentenário

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Divirta-se Encontre as Palavras Jogo dos 7 erros


Expediente Revista Técnica da Suinocultura A Revista Suínos&Cia é destinada a médicosveterinário, zootecnistas, produtores e demais profissionais que atuam na área de suinocultura. Contém artigos técnico-científicos e editorias instrutivas, apresentados por especialistas do Brasil e do mundo.

Editora Técnica Maria Nazaré Lisboa CRMV-SP 03906

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Entrevista Suínos&Cia: Poderia abordar brevemente qual a sua opinião sobre a agroindustria no setor?

Entrevista Expedito Tadeu Facco Silveira

Destaque:

Expedito Tadeu Facco Silveira Engenheiro agronómico graduado pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiróz, mestre em Food Science And Tecnology, pela University of New South Wales, doutor em Engenharia de Alimentos pela Universidade Estadual de Campinas e auditor em Bemestar Animal certificado pelo PAACO, em 2009, Expedito Tadeu Facco Silveira tem vasta experiência na área de Ciência e Tecnologia de Alimentos, com ênfase em Tecnologia de Produtos de Origem Animal. Atualmente é pesquisador científico do Instituto de Tecnologia de Alimentos e professor convidado do curso de pós-graduação da FEA/ UNICAMP. Nos últimos anos, tem atuando, principalmente, nas áreas de manejo préabate de suíno e bovino, técnicas de abate, classificação e tipificação de carcaças, avaliação da qualidade de carcaça e industrialização dos mesmos. Confira a valiosa contribuição que o Expedito Tadeu nos passa nesta entrevista sobre os diferentes etapas e processos que podem interferir na qualidade do produto. Suínos & Cia

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Dr. Expedito: O complexo agroindustrial de suínos no Brasil e a comunidade científica trabalham incessantemente para melhorar a eficiência na produção de carne e atender às exigências crescentes do mercado consumidor. O desafio para este novo modelo de suíno é combinar, adequadamente, o binômio qualidade e quantidade de carne, objetivando garantir a viabilidade econômica da indústria de carne. Nesse sentido, a suinocultura brasileira vem, nos últimos anos, investindo em reprodução, sanidade, manejo e em programas genéticos que priorizam o valor econômico das características fenotípicas, assegurando, assim, a qualidade da carcaça (quantidade e qualidade de carne). Concomitantemente a aplicação de inovações tecnológicas associadas à nutrição e métodos de castração de suínos está garantindo a vanguarda da suinocultura nacional no cenário internacional, cada vez mais competitivo. Suínos&Cia: Como conduzir os animais no manejo pré-abate para evitar situações de estresse? Dr. Expedito: Durante o transporte dos animais, incluindo sua condução ao embarcadouro nas dependências da granja, embarque, condições de transporte, desembarque e condução até as área de descanso localizadas no abatedouro, há diversas formas típicas de estresse, mostrando reações específicas. O estresse motor ocorre nas seguintes situações: durante a condução dos animais nas instalações da granja ou do abatedouro; com o veículo em movimento, quando os animais tentam manter o seu equilíbrio; e em brigas e tentativas de se livrar de situações de confinamento, tais como animais deitados uns sobre os outros. As consequências imediatas dessas situações geram aumento do consumo de energia e oxigênio muscular, o que implica num maior suprimento de sangue e um aumento na temperatura corporal, requerendo, assim, medidas termorregulatórias e, consequentemente, conduzindo a um aumento no estresse cardiovascular. Também há o estresse psi-

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Entrevista cológico/emocional, que resulta do medo de situações desconhecidas enquanto os animais são conduzidos fora do seu ambiente natural (granja). Nesses casos, as emoções facilmente disparam a conhecida síndrome do medo, acompanhada pela rápida e intensiva liberação de catecolaminas (epinefrina e norepinefrina). Estes são hormônios sintetizados na medula da adrenal, cujo principal efeito é a estimulação da circulação e suprimento de energia pela quebra de carboidratos e gorduras. Além disso, existem reações dos vasos sanguíneos, por exemplo, aumento da vascularidade muscular e diminuição da vascularidade da pele, que pode prejudicar outros mecanismos regulatórios, tais como troca térmica.

Suínos&Cia: Existem outros tipos de estresse que se pode abordar para evitar possíveis perdas antes e durante o manejo de transporte? Dr. Expedito: Sim, o estresse térmico, que pode ser ocasionado pelo frio, calor e, em particular, quando o meio ambiente limita a possibilidade de desprender o calor corporal. Irritação pelo frio é, normalmente, seguida por estado febril, maior atividade muscular e aumento no consumo de energia. Quando ocorre a exposição a temperaturas mais elevadas o organismo tenta liberar o calor, aumentando a pressão circulatória. O suíno, em particular, possui poucas glândulas sudoríparas e, dessa forma, encontra mais dificuldade em liberar calor, especialmente durante o transporte, o que limita muito a execução dessa atividade. Agitação, pânico e, em alguns casos, um aumento da temperatura Ano VI - nº 35/2010

corporal no momento do abate são as principais consequências. Já o estresse mecânico é causado pelas condições inadequadas de embarque/desembarque e transporte, bem como o maltrato do pessoal envolvido no manejo, queda e pisoteamento de um animal sobre o outro, gerando danificações na pele ou mesmo lacerações, contusões, compressões e fraturas. A síndrome do medo faz-se presente nessas situações, e seus efeitos no metabolismo animal foram descritos anteriormente. Há ainda o estresse do equilíbrio hídrico, causado, principalmente, pela insuficiência no suprimento de água antes e após o transporte. No organismo vivo, água é um importante meio de transporte para gases respiratórios, nutrientes, metabólitos, calor. Porém, ela proporciona ao animal a possibilidade de promover o refrescamento por meio da transpiração, salivação e umedecimento da mucosa, mecanismo imprescindível para liberar o excesso de calor corporal. A desidratação progressiva promove um efeito extremamente

negativo no bem-estar animal e nas suas funções regulatórias fisiológicas e pode, possivelmente, resultar em uma hemoconcentração, febre, falha renal e outros distúrbios. Finalizando, há o estresse digestivo, ocasionado nos animais transportados logo após serem alimentados. Esta digestão associa-se a um aumento do suprimento sanguíneo, processo que sobrecarrega ainda mais a circulação e que compete com a vascularidade muscular. Atividades respiratórias e cardíacas são mecanicamente limitadas, e uma contração dos vasos sanguíneos devido a irritação do nervo pneumogástrico pode ser observado. Deve ser ainda mencionado que os animais tendem a vomitar quando expostos a circunstâncias desfavoráveis, tais como má ventilação, senso limitado de direção e deslocamentos intensivos. O organismo também fica estressado quando em longos períodos de jejum. Nesse caso os níveis de energia adequados são mantidos pela utilização da reserva de energia corporal. Mesmo se isso não

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Entrevista ocorrer, ainda existe um perigo do suprimento de glicogênio ser liberado, em particular aquele armazenado no fígado. Adicionalmente, manifestações de fome podem levar ao aumento da agitação. Os tipos de estresse mencionados anteriormente foram discutidos em relação aos seus efeitos individuais.

Suínos&Cia: Quais são suas dicas de manejo que podem minimizar esses impactos? Dr. Expedito: É preciso assegurar que os fatores responsáveis pelos diferentes tipos de estresse sejam minimizados. Entre estes fatores, destacam-se o preparo dos animais para o embarque, desde o jejum, manejo dos suínos no galpão de engorda, condução para o embarcadouro até a mistura de grupos sociais diferentes; transporte, do desenho do caminhão e sistemas de carroceria, ventilação, densidade de transporte, distância e tempo do transporte, condução do caminhão à disponibilidade de alimento e água; desembarque e manejo no

abatedouro, que compreendem a luminosidade, inclinação da rampa, identificação, condução para as baias de repouso, tempo de espera nas baias, densidade populacional, aspersão de água e ventilação, ruídos no ambiente de condução dos suínos para o abate, condução para o corredor de contenção, luminosidade na entrada do equipamento de contenção, métodos de insensibilização e sangria.

Suínos&Cia: Se pode mensurar as perdas ocasionadas nessa fase devido ao manejo inadequado? Dr. Expedito: Primeiramente podemos destacar a incidência de morte que neste casos se considera perda total. Deve ser reduzida a valores abaixo de 0,07%. Há também incidência de suínos não ambulatórios e não injuriados (NANI), ou seja, animais cansados, incidência de suínos não ambulatórios e injuriados (NAI) e incidência de salpicamento nos cortes suínos. Neste caso não é conveniente comercializar o corte, pois a aparência do mesmo

fica comprometida. A parte afetada deve ser removida, e o remanescente destinado a industrialização de um produto cárneo. O salpicamento impacta na quantidade de carne e sua qualidade. Há ainda incidência de hematomas, que afetam a quantidade de carne, pois a porção cárnea envolvida deve ser removida; incidência de fraturas, pois afetam a qualidade da carcaça; e incidência de carne pálida e flácida e ainda carne escura, firme e ressecada na superfície (DFD). Esses são defeitos de qualidade que prejudicam seu destino, seja para o mercado de carne fresca ou industrializada.

Suínos&Cia: Quais as avaliações disponíveis para verificar a qualidade da carne em tempo real? Dr. Expedito: A qualidade da carne pode ser avaliada por sistemas óticos existentes em instrumentos que estimam a porcentagem de carne (quantidade), cor e gordura intramuscular (qualidade). No Brasil o sistema Hennessy de tipificação oferece esta possibilidade de avaliação da qualidade de carne de suínos na linha de matança. Existem parâmetros que podem ser utilizados na linha de matança e possibilitam a avaliação da velocidade glicolítica, além de valores de pH que podem ser associados a qualidade final da carne. Esta somente é definida após seu resfriamento, 22 horas pós sangria. Suínos&Cia: É possível aumentar a durabilidade da carne nas prateleiras dos supermercados sem que seja comprometida a qualidade da carne? Dr. Expedito: O processo

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Entrevista (horizontal e vertical). Assim, no caso de insensibilização elétrica deve-se aplicar a sangria horizontal, objetivando reduzir o tempo entre insensibilização e sangria e, assim, garantir menor incidência de salpicamento na carne. Atualmente, as indústrias de carne estão adotando a insensibilização elétrica irreversível, que consiste na aplicação de dois eletrodos na cabeça do animal e um terceiro no peito, garantindo, assim, a redução da estimulação muscular, incidência de carne PSE, incidência de hemorragias e tempo de sangria. de produção da carne suína deve garantir a segurança do consumidor. Nesta linha, a extensão da vida útil da carne suína fresca no ponto de venda depende da saúde animal na granja, do seu manejo antes do abate, técnicas de abate aplicadas, resfriamento da carcaça, processo de desossa e embalagem, estocagem da carne na indústria, distribuição e apresentação da mesma no ponto de venda. A vida útil da carne fresca depende da sua qualidade microbiológica, e esta envolve o processo de obtenção da mesma na granja e frigorífico, bem como da cadeia de frio que possa manter sua qualidade durante sua comercialização. A embalagem com atmosfera modificada (vácuo ou com aplicação de gases) pode estender a vida útil da carne fresca desde que sua qualidade microbiológica, bem como aplicação e manutenção do frio, sejam asseguradas até o momento do seu consumo.

Suínos&Cia: De que maneira ocorre a transferência de tecnologia na indústria da carne? Ano VI - nº 35/2010

Dr. Expedito: A indústria de carne mantém um plano de capacitação e treinamento aos seus funcionários objetivando atender aos requisitos de qualidade requeridos pelos consumidores. Nesse contexto, o ITAL (Instituto de Tecnologia de Alimentos), por meio do CTC (Centro de Tecnologia de Carnes), mantém um curso de especialização em carnes com duração de um ano, único no país, oferecido às empresas de carne e que hoje está na sua 11ª edição e vem mantendo seu sucesso ao longo desses anos. Suínos&Cia: Como pode influenciar a técnica de sacríficio na qualidade da carne e quais as principais vantagens dentro do processo? Dr. Expedito: Os métodos de insensibilização associados às posições de sangria aplicados nos suínos e que resultam na sua morte. Existem dois métodos de insensibilização de suínos, eletronarcose e gasosa, que devem garantir a inconsciência imediata e que estão associados às posições de sangria

Suínos&Cia: Existem projetos futuros e novas tecnologias voltadas a produção suína? Dr. Expedito: Em função das demandas de pesquisas, uma equipe multidisciplinar de pesquisadores pertencentes a Institutos de Pesquisa (APTA) e universidades paulistas (USP, UNESP, UNICAMP) reuniu-se nem 2008 e 2009 para discutir e montar um projeto temático que foi submetido e cadastrado na Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo. As fases experimentais desse projeto de pesquisa envolvem o Pólo APTA Centro-Sul (Tanquinho, Piracicaba), Instituto de Zootecnia (Nova Odessa), Granja e Frigorífico Bressiani (Capivari) e Instituto de Tecnologia de Alimentos (Campinas). A inovação tecnológica a ser testada consiste na adição de polifenóis na dieta de suínos durante o ciclo de produção, que compreende os estágios de gestação, maternidade, creche e crescimento, terminação e engorda e seus efeitos na resistência imunológica dos animais. A utiliSuínos & Cia

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Entrevista

zação de antimicrobianos somente se fará presente nesse estudo em casos comprovados de doença nos animais e mediante o uso de antibiogramas, objetivando atender ás medidas prudentes de utilização dos antibióticos para evitar a resistência antimicrobiana. Um programa de treinamento permanente será ministrado no pólo regional Centro-Sul (Tanquinho, Piracicaba) por esta equipe multidisciplinar em consonância com os objetivos do setor de carne (associações e indústrias). O principal objetivo é divulgar as inovações tecnológicas e aperfeiçoar a formação de produtores de suínos e outros profissionais interessados na suinocultura, beneficiando, assim, o complexo agroindustrial de suínos no Brasil.

Suínos&Cia: Qual a sua visão sobre investimentos em pesquisas na suinocultura brasileira? Dr. Expedito: Vamos opinar considerando a nossa especialização, que se concentra na industrialização da carne suína. Acredito que falta um maior investimento Suínos & Cia

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em novas opções no tratamento de dejetos na granja e abatedouro, bem como a rastreabilidade da carne suína. Considero as ações já tomadas nessa direção, tais como a criação do selo de origem da carne suína no Estado de São Paulo, tipificação eletrônica implementada em alguns Estados brasileiros. Os frigoríficos que investem nas técnicas de abate e otimizam as condições de resfriamento das carcaças suínas são responsáveis para o sucesso da implementação dessa comercialização, pois minimizam as possíveis perdas de qualidade da carne advindas do processo de abate. Os varejistas são beneficiados pela possibilidade de selecionar a carne suína com base na sua vida de prateleira mais longa, melhor apresentação visual dos cortes e preços mais competitivos.

Suínos&Cia: Na sua opinião como se pode melhorar a visão do consumidor de que a carne suina é saudável e saborosa rompendo mitos e preconceitos que ainda existem na atualidade? Dr. Expedito: É possivel mudar

esse cenário. Basta realizar investimentos na busca de soluções realizadas por meio de projetos como o INOVASUI – Pesquisa e Sistematização de Produtos e Processamento Voltados para as Pequenas e Médias Indústrias de Abate e Processamento de Suínos –, que tem como proponente a Associação Brasileira de Criadores de Suínos e como executor o ITAL, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, cujos recursos foram aprovados pela FINEP em dezembro de 2009, e que no momento está sendo avaliado pelo jurídico da SAA para fins de assinatura do convênio. Cumpre salientar que o referido projeto tem a sua importância fundamentada no desenvolvimento de produtos e processos objetivando atender às demandas do consumidor moderno que busca produtos seguros, origem conhecida e boas características sensoriais.

Suínos&Cia: Ser agraciado pelo Governo do Estado de São Paulo pelos seus serviços prestados à agricultura foi o reconhecimento máximo a sua carreira? Dr. Expedito: O reconhecimento pelos serviços prestados à agricultura pelo governo do Estado foi muito importante e de grande estímulo para a minha vida profissional. Adicionalmente, acrescentamos que a manutenção do entusiasmo e amor dedicado às atividades que desempenhamos é o que pode sustentar e garantir o sucesso profissional. Como pesquisador cientifico, devemos estar atentos às novas tecnologias, sua sustentabilidade e aceitabilidade no mercado, bem como estudar seus impactos na produção de carne. Ano VI - nº 35/2010



Nutrição Nutrição Micotoxicoses nos Suínos

Micotoxicoses nos Suínos

Introdução A ingestão de alimentos que contenham micotoxinas, assim denominadas por serem produtos tóxicos de fungos ambientais que se desenvolvem em alimentos, pode causar graves efeitos sobre a saúde animal, especialmente aqueles não ruminantes. As espécies de fungos produtoras de micotoxinas são extremamente comuns, e elas podem crescer em uma ampla gama de substratos sob uma ampla gama de condições ambientais. Para os produtos agrícolas, a severidade da contaminação da colheita tende a variar de ano para ano de acordo com o clima e outros fatores ambientais. As aflatoxinas, por exemplo, são normalmente mais prevalentes durante os anos de seca. As plantas sofrem estresse hídrico e se tornam mais suscetíveis aos prejuízos por meio da infestação de insetos e outras agressões. As micotoxinas ocorrem, com severidade variada, em produtos agrícolas mundialmente. A estimativa normalmente oferecida é a de que um quarto das colheitas mundiais esteja, em algum grau, contaminada por micotoxinas(14, 27). As micotoxinas podem penetrar a cadeia alimentar no campo, durante a estocagem, ou em outros estágios. Os problemas das micotoxinas são exacerbados sempre que as práticas de colheita, manejo e estocagem Suínos & Cia

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Prof. Dr. Janio M. Santurio Universidade Federal de Santa Maria Laboratório de Pesquisas Micotóxicas - Lapemi janio.santurio@gmail.com

facilitam o crescimento de fungos. (23), uma das principais personalidades no campo da avaliação do risco, classifica as micotoxinas como o mais importante fator de risco dietético crônico, acima dos contaminantes sintéticos, toxinas da planta, aditivos alimentares ou resíduos de pesticidas. As consequências econômicas da contaminação pela micotoxina são profundas. Colheitas com contaminação alta por micotoxinas frequentemente precisam ser segregadas e, muitas vezes, destruídas quando seriam destinadas à alimentação humana. Alternativamente, colheitas contaminadas são, às vezes, convertidas em alimentos para animais.

Dar alimento contaminado para animais suscetíveis pode levar a taxas de crescimento reduzidas, enfermidades e morte. Além disso, animais que consumam alimentos contaminados com a micotoxina podem produzir carne e leite que contenham resíduos tóxicos e produtos de biotransformação. Assim, as aflatoxinas no alimento de suínos podem ser metabolizadas pelas fêmeas matrizes em aflatoxina M1, que é, por sua vez, secretada no leite, intoxicando leitões(54). A ocratoxina no alimento de suínos pode se acumular nos tecidos dos animais(41). Ações judiciais entre produtores de grãos, proprietários de rebanhos e companhias alimentícias podem en-

Figura 1: Desempenho de Leitões nove dias pós desmame (peso médio 9,66 Kg) com consumo de milho contaminado com aflatoxinas (500 PPB) durante quatro semanas (Schell et al. 1993).

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Nutrição

Figuras 2: Enzimas hepáticas em leitões alimentados com milho contaminado com 500ppb de aflatoxinas pelo período de quatro semanas (Schell et al., 1993).

volver consideráveis montantes de recursos financeiros. A habilidade de diagnosticar e verificar micotoxicoses é um importante aspecto forense do problema das micotoxinas(37).

Aflatoxinas A sensibilidade da espécie suína aos efeitos tóxicos das aflatoxinas é uma das maiores dentre as espécies animais, sendo que a DL50 é de apenas 0,62mg/Kg de peso corporal. A importância das aflatoxinas na criação de suínos não se deve apenas aos prejuízos causados nos quadros de intoxicação aguda, em consequência da ingestão destas substâncias. A preocupação maior no meio criatório deve-se ao fato de que, na maioria das vezes, o nível de aflatoxinas encontrado na ração é insuficiente para desencadear um quadro clinicamente perceptível. Nestes casos, costuma-se observar apenas diminuição no ganho de peso dos animais, leitões principalmente, decorrido algum tempo do início do consumo da ração contaminada. Pela demora na percepção destas consequências e Ano VI - nº 35/2010

das dificuldades naturais de diagnóstico clínico, os prejuízos econômicos podem ser particularmente severos, como demonstram a figura 1.

Mecanismo de ação das aflatoxinas nos suínos Embora não se tenham dados

quantitativos sobre a absorção de aflatoxinas pelo tubo digestivo, sua absorção em suínos parece ser completa desde pequenas doses junto com os alimentos. Após a absorção, a toxina se concentra no fígado, onde a aflatoxina B1 é metabolizada pelas enzimas microssomáticas em diferentes metabólitos por meio de hidroxilação, hidratação, dimetilação e epoxidação. Sendo o fígado o órgão mais afetado pelos efeitos tóxicos da aflatoxina, a resultante é uma série de alterações no metabolismo das proteínas, carboidratos e lipídeos neste órgão. A micotoxina tem ação sobre diversas estruturas do hepatócito. No núcleo inibe a enzima RNA-polimerase DNA, diminuindo, com isso, a síntese protéica. No retículo endoplasmático, ocorre degranulação com ruptura dos polissomas, inibindo muitas funções metabólicas, como a síntese de proteínas, indução de enzimas e interferindo diretamente na coagulação sanguínea por meio da inibição dos fatores II e VII deste mecanismo(7). Com relação à síntese de proteínas, as aflatoxinas inibem nos suínos a síntese da principal e mais nobre proteína sérica – a albumina. Sua

Aflatoxicose em suínos: Fígado amarelado e hipertrofiado. Foto: Dr. Flauri Migliavacca

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Nutrição intestinais(15). Nas intoxicações mais brandas, a sintomatologia evolui mais lentamente, notando-se cerdas eriçadas, hiperorexia, letargia e depressão com perda acentuada de peso. As orelhas, membros e ventre apresentamse vermelho púrpura(42). A intoxicação crônica manifesta-se com diminuição no ganho de peso, inapetência e má aparência geral e, às vezes, icterícia.

Lesões provocadas por aflatoxinas

Figura 3: Níveis de proteínas totais e de albumina em leitões intoxicados com 500 ppb de Aflatoxinas pelo período de quatro semanas (Schell et al., 1993).

função é fundamental para o organismo, pois além de ser “transportadora” de substâncias como hormônios, medicamentos, etc., pelo organismo, a albumina serve de fonte de reserva de aminoácidos para o animal. A ação de 500 ppb de aflatoxinas em leitões desmamados, durante 24 dias, diminui a concentração média de albumina sérica em 15% (figura 3).

cujo quadro de intoxicação não leva a uma morte rápida, após 6 a 12 horas há o aparecimento de inapetência, tremores musculares e incoordenação motora com temperatura corporal, podendo chegar até 41,1oC, decrescendo após. Em um período de 24 horas, os animais poderão apresentar sangue nas fezes, evidenciando lesões

Seis horas após a intoxicação aguda, o fígado encontra-se alterado apresentando coloração pálido-bronzeada com a aparência de cozido. Após 12 horas, a superfície do órgão apresenta focos vermelho, com diâmetro aproximado de 1mm. No jejuno e íleo poderão ser encontradas hemorragias disseminadas, com quantidades de sangue livres na luz do intestino. As áreas próximas ao reto apresentam-se hiperêmicas. Da mesma forma existe a possibilidade do surgimento de hemorragias no co-

Sintomas da aflatoxicose nos suínos A sintomatologia da intoxicação por aflatoxinas depende dos seguintes fatores: quantidade da micotoxina presente na ração, tempo de exposição, estado nutricional, idade dos animais e composição da dieta. Nos casos graves de intoxicação, caracterizados por um quadro de intoxicação aguda, em que ocorre a ingestão de grandes quantidades da toxina, os sintomas iniciam dentro de aproximadamente 6 horas, com depressão que evolui rapidamente levando o animal à morte. Nos animais Suínos & Cia

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Figura 4: Concentração média de aflatoxinas (ppb) em amostras de milho, destinadas a suínos e aves analisadas no LAPEMI/UFSM nos anos 2008 – 2009.

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Nutrição Efeitos de Zearalenona sobre a reprodução de suínos Estudos relacionando o efeito dos níveis de energia e proteínas da dieta sobre a reprodução em suínos têm sido realizados extensivamente, porém, além de problemas relacionados ao desbalanço nutricional, os alimentos contaminados com micotoxinas, principalmente o milho, também podem estar relacionados a problemas reprodutivos nesta espécie, sendo a contaminação dos mesmos pela micotoxina zearalenona (ZEN) uma das principais causas destes transtornos(11).

Lavoura com contaminação severa pelo fungo Fusarium graminearum, produtor de zearalenona.

ração, nas áreas subepicárdica e endocárdica. Também ocorre pronunciado edema da vesícula biliar.

Zearalenona Esta micotoxina é um metabólito secundário com características estrogênicas produzidas por fungos do gênero Fusarium, principalmente Fusarium graminearum(17). Os micélios e esporos dos fungos citados produzem pigmentos avermelhados ou pink. Esta micotoxina pode ser encontrada como contaminante natural de diversos alimentos como milho, arroz, aveia, cevada, trigo, mas é mais importante no milho ou na farinha deste grão. O aparecimento de zearalenona nos alimentos está ligado a condições ambientais favoráveis. Temperaturas de 20 a 25oC favorecem o crescimento do fungo, porém, temperaturas relativamente mais frias (8 a 14oC) são requeridas para uma ótima produção de zearalenona. Ano VI - nº 35/2010

ZEN é um composto com atividade estrogênica sintetizado por diferentes espécies de Fusarium, um fungo comumente encontrado em cereais como milho, trigo ou cevada. Em virtude destes cereais serem amplamente empregados na alimentação de suínos, torna-se importante o entendimento da relação existente entre a ingestão de ZEN e efeitos reprodutivos em suínos. Sabe-se que a ZEN apresenta uma toxicidade relativamente baixa, com uma DL50 de 2-10 g/kg de peso corporal, determinada em ratos(17). Porém, seu papel como disrruptor endócrino em mamíferos está sendo reconhecido, produzindo efeitos tanto em machos quanto em fêmeas de diferentes espécies, além de evidências recentes de sua genotoxicidade(35). Sinais clínicos de cio, como hiperemia de vulva foram observadas em marrãs quatro dias após terem sido intoxicadas com ZEN na dose de 200 µg/Kg de peso vivo(59). Os suínos são provavelmente a espécie mais sensível à atividade estrogênica da ZEN(32) e isto, provavelmente, deve-se aos processos de eliminação dos produtos gerados com a metabolização da ZEN nesta espécie. Diferentemente de outras espé-

cies animais, em suínos, assim como em ovelhas, grande parte da ZEN é conjugada ao ácido glucurônico e, então, reduzida à alfa zearalenol(33). Esta reação, segundo Katzenellenbogen et al. (1979), aumenta sua atividade estrogênica em aproximadamente 10 vezes, enquanto uma redução a beta zearalenol seria capaz de reduzir a atividade estrogênica da mesma. Isto poderia ser explicado pela maior uma afinidade de ligação aos receptores uterinos apresentada pelo alfa zearalenol, que é de 10 a 20 vezes superior a da zearalenona e cerca de 100 vezes superior ao outro metabólito, o beta zearalenol(16). Por outro lado, estudos conduzidos por Biehl et al. (1993) em leitões sexualmente imaturos indicam que a excreção biliar e a circulação enterohepática também são importantes determinantes dos efeitos adversos da ZEN. É sugerido que o glucoronato de ZEN, substancialmente excretado pela bile, é reabsorvido e metabolizado pela mucosa intestinal, e posteriormente alcança o fígado e a circulação sistêmica por meio do sistema porta. Foi proposto que este ciclo enterohepático prolongaria a retenção de ZEN e seus derivados no sistema circulatório, retardando sua eliminação e aumentando a duração de seus efeitos adversos. Os efeitos reprodutivos causados pela ingestão de milho mofado na dieta de marrãs sexualmente imaturas foram primeiramente relatados em 1928 por McNutt et al., o qual observou sinais clínicos que, desde então, têm sido referidos como “síndrome estrogênica” ou “hiperestrogenismo”. É caracterizado por edema e avermelhamento vulvar, prolapso vaginal em marrãs, atrofia testicular em leitões e aumento dos mamilos em ambos os sexos. Com relação às matrizes, inúmeras consequências foram descritas, envolvendo retorno ao estro em temSuínos & Cia

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Nutrição Efeitos da Zearalenona sobre o estro

Efeito de zearalenona em leitoa recém parida. Foto: Dr. Flauri Migliavacca.

po anormal, aborto, aumento da mortalidade embrionária ou fetal, além de “splay-leg” em leitões recémnascidos(11). Os suínos machos também são susceptíveis aos efeitos da ZEN, a qual é capaz de induzir a feminilização e supressão da libido. Machos ingerindo dietas contaminadas com ZEN podem apresentar diminuídos os níveis séricos de testosterona, o peso dos testículos, assim como a espermatogênese(6).

Hiperestrogenismo O hiperetrogenismo é bastante aparente em marrãs imaturas que receberam tanto dietas naturalmente contaminadas com ZEN, quanto àquelas que receberam alimentação adicionada de ZEN purificada, mesmo em dose baixas de 1,5 a 2 PPM. Além dos sinais externos, observa-se um marcante aumento uterino e atrofia ovariana(11). Segundo experimentos realizados por Edwards et al. (1987a), marrãs pré-púberes tratadas com 10 PPM de ZEN apresentaram edema Suínos & Cia

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e avermelhamento vulvar marcantes em 3-5 dias após o início da ingestão da micotoxina. Os sinais clínicos continuaram durante o período de oferta da ração contaminada e somente regrediram após transcorrerem de 7 a 14 dias da substituição da ração. No entanto os autores observaram que apesar de apresentarem a vulva típica de animais em estro, estes animais não respondiam positivamente quando era aplicada pressão lombar. Diferentemente de animais pré-púberes, sinais externos de hiperestrogenismo geralmente não são observados em fêmeas suínas quando estão ciclando ou durante a gestação e lactação. Isto parece estar relacionado ao fato de serem requeridos níveis mais altos de ZEN para fêmeas sexualmente maturas em relação às imaturas(26).

A ingestão de ZEN por marrãs sexualmente maduras aumenta o período do ciclo estral(10) ou prejudica o retorno ao estro no período pós desmame quando as matrizes ingerem ZEN durante a lactação(9). A duração do ciclo e proporção de fêmeas afetadas está relacionada à dose de ZEN administrada, uma vez que se observaram efeitos com 5 ou 10ppm de ZEN, mas não com 1 PPM(10) (Tabela 1). Quando a dose de ZEN é superior a 3 PPM o atraso em retornar ao estro algumas vezes torna-se tão importante que as fêmeas chegam a ser consideradas como em anestro(58). É relatado que a regressão espontânea do corpo lúteo ocorre dentro de 30 dias após a remoção da dieta contaminada com ZEN(10). Ainda há dúvidas com relação ao mecanismo pelo qual a ZEN, um composto não esteroidal apresentando atividade estrogênica, promova a manutenção do corpo lúteo em suínos. Acredita-se que ela não afete o perfil secretório das gonadotropinas, atuando diretamente a nível ovariano(11).

Efeitos sobre a reprodução ZEN não afetou a fertilidade ao intoxicar matrizes com doses de 10 PPM antes do cruzamento, nas taxas de concepção, de ovulação e de sobrevivência fetal(10, 12). Entretanto, houve redução no tamanho da ninhada na maioria de outros experimentos(11).

Tabela 1: Efeitos dos níveis de ZEN sobre o período inter-estro (Edwards et al., 1987b) Zearalenona (PPM)

Inverno (dias)

Verão (dias)

0

21.2

20.6

1

22.3

20.2

5

28.4

30.4

10

31.7

34.2

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Nutrição Tabela 2: Efeito dos níveis de Zearalenona no tamanho da ninhada aos 40-43 dias de gestação (Long & Diekman, 1984). Zearalenona (PPM)

Número de matrizes

Número de fetos vivos

0

5

10.2 ±1.5

5

5

10.3 ± 1.8

15

5

6.6 ± 0.9

30

5

8.6 ± 1.6

60

3

0

90

3

0

Para níveis inferiores a 30 PPM, Long & Diekman (1984) relataram que a sobrevivência fetal não foi significativamente afetada (Tabela 2), porém, seus resultados sugerem uma tendência de efeitos relacionados à dose administrada. O mecanismo preciso pelo qual a ZEN afeta a sobrevivência embrionária ainda não está elucidado. Nos suínos, o estabelecimento da gestação depende de um a complexa interação entre o útero e o blastocisto. Acredita-se que a ZEN provoque alterações na atividade secretória do endométrio(11). Cabe destacar que pesquisas recentes têm demonstrado que a Toxina T-2, outra micotoxina sintetizada por fungos do gênero Fusarium, é capaz de causar infertilidade em fêmeas suínas(6). Além disto, a administração parenteral desta toxina durante o último trimestre de gestação é capaz de induzir o aborto dentro de 48hs(6).

níveis superiores a 3 PPM de ZEN durante a gestação, o peso dos leitões ao nascer tendia a diminuir conforme eram elevados os níveis da micotoxina.

Efeitos durante a lactação Poucos experimentos se concentraram na avaliação dos efeitos da ZEN durante a lactação. Leitões de matrizes alimentadas com uma dieta com 10 PPM de ZEN dos 14 até 28 dias de lactação não foram afetados(10). Entretanto, outros estudos descrevem aumento da mortalidade de leitões quando se fornece ZEN durante a gestação e lactação, assim como há

relatos de leitões com a vulva edemaciada quando a matriz é alimentada com altos níveis de ZEN(11).

Fumonisinas Fumonisinas foram identificadas como causadoras de várias síndromes em algumas espécies animais como a leucoencefalomalácea dos equinos e síndrome de edema pulmonar nos suínos. Estes problemas têm sido relatados há muito tempo e estão relacionados com contaminação do milho pelo fungo Fusarium verticillioides (moniliforme). Dentre as fumonisinas a mais comum é Fumonisina B1 (70% do total de fumonisinas produzidas) pelo F. verticillioides (moniliforme). A temperatura ideal para produção desta micotoxina é 25ºC.

Mecanismo de ação O mecanismo de ação é baseado na interação desta micotoxina com esfingosinas, estrutura básica dos esfingolipídeos, substâncias que têm

Efeitos sobre o peso dos fetos Em pesquisa realizada por Etienne & Jemmali (1982) encontrouse que aos 80 dias de gestação, o peso dos fetos de matrizes que receberam dose de 4 PPM de ZEN apresentava uma redução de 24% em seu peso, e também se observou uma maior heterogeneidade da ninhada quando comparada com o controle. Young & King (1986) também relataram que quando as matrizes eram alimentadas com Ano VI - nº 35/2010

Figura 5: Concentração média de Zearalenona (PPM) em amostras de milho, destinadas a suínos e aves analisadas no LAPEMI/UFSM nos anos 2008 – 2009.

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Nutrição várias funções importantes na integridade da membrana celular da mielina bem como na sua atividade fisiológica. Com a inibição parcial ou total das esfingosinas e da enzima ceramida sintetase ocorre hepatotoxicose. O mecanismo que induz as fumonisinas provocar edema pulmonar em suínos é atribuída à falha de lado esquerdo do coração(49) ou, de modo diverso, devido ao aumento da permeabilidade vascular dos pulmões(13, 19, 38) . Mas está comprovado que o mecanismo do edema pulmonar pelas fumonisinas está relacionado com o bloqueio da disponibilidade de íons Ca2+ tipo-L, mediado pelo esfingolipídeo denominado esfingosina, que foi alterada pelas fumonisinas. Portanto, devido à baixa disponibilidade de íons Ca2+ tipo-L, ocorre falha no lado esquerdo do coração levando ao aumento da permeabilidade vascular pulmonar nos suínos(5). A ingestão de milho com fumonisinas em altas concentrações (112-400 PPM) provocou a morte de suínos por edema pulmonar agudo(4, 39, 13, 5, 43) .

Tricotecenos Os tricotecenos constituem uma família de mais de sessenta metabólicos de sesquiterpenos produzidos por vários dos gêneros fúngicos, incluindo Fusarium, Myrothecium, Phomopsis, Stachybotrys, Trichoderma, Trichothecium entre outros(46, 53). O termo tricoteceno é derivado de tricotecin, que foi um dos primeiros membros da família a ser identificado. Todos os tricotecenos contem um esqueleto epoxytrichothene-12,13 em comum e um vínculo olefinico com varias substituições da cadeia lateral. Eles são comumente encontrados como contaminantes dos alimentos e dos grãos, e o consumo dessas Suínos & Cia

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Figura 6: Concentração média de Fumonisinas (PPM) em amostras de milho, destinadas a suínos e aves, analisadas no LAPEMI/UFSM nos anos 2008 – 2009.

micotoxinas podem resultar em hemorragia e vômito; O contato direto com o tricoteceno pode causar dermatite(2, 21, 28). Os tricotecenos são classificados como macrocíclicos ou não macrocíclicos, dependendo da presença de um éster macrocíclico ou de uma ponte éter-éster entre C-4 e C-15(3). Os tricotecenos não-macrocíclicos, por sua vez, podem ser subclassificados em dois grupos: tipo A, que apresenta uma cadeia lateral do tipo éster ou de hidrogênio na posição C-8, e inclui a toxina T-2, neosolaniol e diacetoxiscirpenol; enquanto que o grupo do tipo B contém uma cetona e inclui fusarenon-x, nivalenol e deoxinivalenol. O Fusarium é o principal gene implicado na produção dos tricotecenos não-macrociclicos. Muitos membros deste fungo são patógenos significativos da planta; sua taxonomia complexa já foi discutida(28). Os tricotecenos são inibidores extremamente potentes da síntese da proteína eucariótica; diferentes tricotecenos interferem com a iniciação, alongamento e estágios terminais

desta síntese. A tricodermina foi o primeiro tricoteceno que se mostrou capaz de inibir a atividade da transferase peptidica(49). Subsequentemente, poderia parecer que apesar de todos os tricotecenos inibirem a transferase peptidica unindo-se ao mesmo ponto de ligação do ribossomo celular, eles exercem diferentes efeitos que podem estar correlacionados com diferentes grupos funcionais. O grupo epoxido-12,13 é essencial para a inibição da síntese de proteínas; a redução da dupla ligação 9,10 reduz a sua toxidade(29). Diacetoxyscirpenol (DAS), deoxynivalenol (DON) e toxina T-2 são os mais estudados dos tricotecenos produzidos pela espécie Fusarium. O deoxynivalenol é uma das mais comuns micotoxinas encontradas nos grãos. Quando ingerido em altas doses por animais domésticos, ele causa náuseas, vômitos e diarréia; em doses menores, suínos e outros animais de criação apresentam perda de peso e rejeição da ração(40). Por essa razão, o deoxinivalenol é, às vezes, chamado de vomitoxina ou fator de rejeição de Ano VI - nº 35/2010


Nutrição alimento. Apesar de menos tóxico do que muitos outros principais tricotecenos, ele é o mais prevalente e é comumente encontrado no milho, ce-

vada, trigo, centeio e rações(31). Os sintomas produzidos por vários tricotecenos incluem efeitos em quase todos os sistemas corpo-

rais; vários desses efeitos se devem a processos secundários que são iniciados geralmente por mecanismos metabólicos pouco compreendidos,

A

B

C

D

E

F

Figura 4 – Suínos na intoxicação natural por fumonisina (A) Carcaça com moderada quantidade de líquido citrino claro e translúcido na cavidade torácica. (B) Aspecto macroscópico do pulmão. Observe o edema interlobular e peribronquial (cabeça de seta). (C) Aspecto histológico do pulmão. Observe o edema subpleural e interlobular (setas) e a dilatação dos linfáticos (cabeça de seta). Hematoxilina e eosina. Obj. 5. (D) Aspecto histológico do pulmão de suíno. Observe a congestão e edema intralveolar. Hematoxilina e eosina. Obj. 20. (E) Quirera de milho com 112 PPM de FMN administrada aos suínos. (F) Microbiota fúngica, em meio DRBC, isolada da quirera de milho administrada aos suínos, destacando-se maciça contaminação por Fusarium verticillioides. (Santurio et al. 2002)

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Nutrição Indubitavelmente, o melhor método para controlar a contaminação de micotoxinas em alimentos é prevenir o crescimento de fungos. A contaminação de grãos por micotoxiDieta M Dieta C p nas pode ser um problema sério que Idade Inicial (d) 160 ± 10,1 160 ± 7,3 1.00 pode acontecer por condições inadePeso Inicial (kg) 79,7 ± 2,3 80,1 ± 2,8 0.73 quadas de armazenagem, bem como Idade final aos 103 já na lavoura, durante o período pré191 ± 6 186 ± 8 0.23 Kg de peso vivo (d) colheita. É extremamente importante Ganho de peso o uso de práticas, como o plantio de 763 ± 89 912 ± 115 0.02 diário (g/d) genótipos de plantas mais resistentes Consumo ração à contaminação por fungos de arma2,4 ± 0,2 2,6 ± 0,2 0.12 diário (Kg/d) zenagem. São essenciais, também, os procedimentos para diminuição da Conversão 3,2 ± 0,3 2.9 ± 0.3 0.05 alimentar (Kg/Kg) umidade dos grãos colhidos e a armazenagem dentro de padrões recomenrelacionados à inibição da síntese de Medidas de controle para as dados internacionalmente. O uso de proteínas. Dentre os tricotecenos que inibidores de crescimento fúngico em ocorrem naturalmente, o T-2 e a dia- micotoxinas grãos armazenados tem sido muito cetoxyscirpenol (DAS) parecem ser utilizado como um método preventios mais potentes nos estudos animais. A simples presença ou detec- vo. O controle da atividade dos funAlém da sua atividade citotóxica, eles ção de micotoxinas na ração animal, gos nas rações e seus componentes têm um efeito imunossupressor que não implica com certeza que a mesma têm como premissa básica conseguir resulta em uma diminuição da reirá produzir efeitos tóxicos. A dose tó- matérias primas livres da produção sistência a doenças infecciosas(36, 40). xica está diretamente relacionada com de micotoxinas durante o processo de Eles causam uma extensiva gama de armazenamento(47). sintomas gastrointestinais, dermato- a sensibilidade dos animais para a miNo entanto, o crescimento de lógicos e neurológicos. Veja o artigo cotoxina ingerida e, no caso de aflatofungos em grãos e rações e a consexinas com os níveis de conforto destes, de Trenholm et al. (1989) para um resumo da dose letal de 50% e ou- ou seja, quanto menos estresse tiver o quente contaminação por micototros efeitos em uma ampla gama de lote mais resistente ele se torna para xinas podem ocorrer, apesar dos esforços em direção à prevenção deste animais de criação e experimentais. níveis mais elevados de aflatoxina. problema. Medidas Tabela 4: Efeitos da alimentação de DON (2ppm) + Zearalenona (0,4 PPM) em ração contaminada podem ser tomadas (Dieta M) comparados com dietas sem micotoxinas (Dieta C) sobre a fertilidade de fêmeas préa fim de evitar que púberes entre 80 – 103 Kg de peso vivo – n = 9 large white por grupo (Gutzwiller et al., 2009) animais consumam Dieta M Dieta C p cereais com fungos e micotoxinas, por Fêmeas com cio (n) 9 8 exemplo, com a deIdade primeiro cio (d) 195 ± 24 191 ± 11 0.69 terminação de um níIdade da 1ª cobertura (d) 223 ± 12 221 ± 18 0.78 vel máximo de grãos Peso vivo na 1ª cobertura (kg) 124 ± 11 124 ± 13 0.92 alterados visualmenIdade no dia abate (d) 277 ± 11 276 ± 13 1.0 te (grãos ardidos), Idade no dia abate (d) 277 ± 11 276 ± 13 1.0 também o percentual Idade no dia abate (d) 277 ± 11 276 ± 13 1.0 de grãos quebrados e impurezas, além dos Peso vivo no dia do abate (kg) 158 ± 10 160 ± 11 0.76 níveis máximos de Fêmeas prenhes após 1ª cobertura (n) 5 7 umidade na recepFêmeas prenhes após 2ª cobertura (n) 2 1 ção. Atualmente, a Fêmeas prenhes (n) 7 8 1.00 maioria das integraFetos por fêmea prenhe (n) 11,7 ± 2,1 12,1 ± 4,3 0.82 ções de aves e suínos Tabela 3: Efeitos da alimentação de DON (2ppm) + Zearalenona (0,4 PPM) em ração contaminada (Dieta M) comparados com dietas sem micotoxinas (Dieta C) sobre o desempenho de fêmeas pré-púberes entre 80 – 103 Kg de peso vivo – n = 9 large white por grupo (Gutzwiller et al., 2009)

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Nutrição no Brasil determina níveis máximos aceitáveis de 6%, 1% e 14%, respectivamente. Para o nutricionista ter certeza da recepção de grãos em condições boas para consumo dos animais, é recomendável um monitoramento dos cereais na recepção das cargas na fábrica de rações. Posto que seja normalmente impraticável prever a formação das micotoxinas, a indústria alimentícia tem estabelecido métodos de monitoramento interno. As diretrizes para o estabelecimento limites de contaminação por micotoxinas baseiam-se em dados epidemiológicos e nas correlações de modelos animais, levando em conta as inerentes incertezas associadas com ambos os tipos de análise. Estimativas de uma dose segura apropriadas são normalmente estabelecidas como uma ingestão diária tolerável(23, 24). Um tempo considerável tem sido dedicado ao desenvolvimento de métodos analíticos para identificar e quantificar as micotoxinas em alimentos e suprimentos. A diversidade química e os substratos igualmente diversos nos quais elas ocorrem, representam desafios para a química analítica. Cada grupo de componentes e cada substrato apresentam diferentes propriedades químicas e físicas, por isso os métodos para a separação das toxinas dos substratos devem ser desenvolvidos de acordo com cada caso. É, por exemplo, uma questão totalmente diferente analisar a aflatoxina da manteiga de amendoim do que identificar a toxina T-2 do milho. As micotoxinas são frequentemente produzidas em concentrações localizadas, portanto a sensibilidade dos sistemas de detecção também é crucial. Os métodos tradicionais têm confiado nos solventes para os procedimentos de limpeza e em varias técnicas cromatográficas para a quantificação; mais recentemente, análises imunoAno VI - nº 35/2010

gênicas (colunas de imunoafinidade) que podem ser aplicadas a amostras com pouca ou nenhuma limpeza. Uma vez que as micotoxinas são haptenos de baixo peso molecular, elas são não imunogênicas. Todavia, elas podem ser conjugadas por uma proteína de transporte e anticorpos contra quase todas as micotoxinas disponíveis. Existem alguns protocolos para micotoxinas(52) e o capitulo de Wilson et al. (1998) sobre as técnicas analíticas das micotoxinas, bem como as referencias citadas, nesse capítulo, para um bom resumo das informações sobre o equipamento, reagentes e procedimentos para a analise das micotoxinas. Diversas substâncias químicas têm sido testadas e usadas como inibidores de fungos(50). O principal grupo destes anti-fúngicos são os ácidos orgânicos. Neste grupo estão incluídas substâncias de estrutura simples como o ácido propiônico, acético, sórbico e benzóico e seus sais de cálcio, sódio e potássio(8). O ácido propiônico e seus derivados, os denominados propionatos, são eficientes inibidores fúngicos e têm sido usados há muito tempo nas rações para monogástricos com este objetivo(34). Outro método para colaborar no controle de micotoxinas nos animais é a utilização de aditivos minerais ou orgânicos na dieta para reduzir a absorção de destas pelo trato gastrintestinal desta espécie animal. As argilas naturais são recomendadas para adsorção de aflatoxinas(44), enquanto adsorventes orgânicos, tendo como componente básico beta-glucanas, podem ser bons adsorventes de aflatoxinas e zearalenona(57). Em 2003, graças ao trabalho de Wilkinson et al., novos horizontes se abrem para o controle de micotoxinas - o uso de vacinas. Estes autores conseguiram pela primeira vez induzir a resposta imune de aves a aflato-

xina B1 conjugada a haptenos protéicos. Num futuro não muito distante controlaremos as micotoxicoses com vacinas preventivas. Varias organizações e agências internacionais possuem comitês e comissões especiais que estabelecem diretrizes recomendadas, desenvolvem protocolos de pesquisa padronizada e mantêm informações atualizadas sobre estatutos regulamentares. Existem também varias associações de pesquisadores em micotoxinas. Os websites para essas comissões e organizações são excelentes fontes para a busca de informações atualizadas. Veja, por exemplo, o Conselho para a Ciência e Tecnologia Agrícola (www.castscience.org), o Boletim Informativo de Micotoxicologia (www.mycotoxicology.org), a Sociedade para a Pesquisa da Micotoxina (www.mycotoxin.de), a Organização de Agricultura e Alimento das Nações Unidas (www. fao.org), a União Internacional para a Seção da Química Pura e Aplicada sobre as Micotoxinas e Ficotoxinas (www.iupac.org), a Associação Japonesa da Micotoxicologia (www. chujo-u.ac.jp/myco/index.html) e o Comitê de Administração de Medicamento e Alimento sobre Aditivos e Contaminantes dos Estados Unidos (www.fda.gov).

Conclusão Devemos sempre ter em mente que micotoxinas podem ser problema para animais que consumam rações balanceadas e que soluções a este entrave à produção animal começam pela seleção rigorosa da matéria prima das rações, passam pela correta armazenagem e monitoramento desta ração e terminam, quando necessário, pela escolha correta de aditivos que possam controlar de maneira eficiente e segura as micotoxinas que as contaminam. Suínos & Cia

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Sanidade Sanidade Atualidades no Circovírus Suíno Tipo 2 (PCV2)

Atualidades no Circovírus Suíno Tipo 2 (PCV2) Introdução Histórico do PCV2 e da circovirose suína (PCVD) Em 1974 Tisher e colaboradores descobriram um vírus que contaminava uma linhagem de células renais de suínos PK-15 (ATTCCCL33), morfologicamente similar ao picornavírus(182). Mais tarde demonstrou-se que o agente contaminante era um vírus do tipo filamento circular de DNA simples (ssDNA), o qual passou a ser denominado circovírus suíno (PCV)(183). Embora pesquisas sorológicas tenham revelado a presença de anticorpos anti-PCV na população de suínos, nenhuma infecção pode ser atribuída ao vírus(184, 41, 2), o qual, consequentemente, foi considerado não patogênico. Em 1991 uma nova doença emergente, denominada síndrome do emagrecimento progressivo pósdesmame (sigla em inglês, PMWS), foi relatada no oeste canadense(20, 97). Essa nova síndrome caracterizavase, clinicamente, por perda de peso progressiva, dificuldade respiratória e palidez da pele. Do ponto de vista da patologia, os suínos doentes apresentavam um acometimento multissistêmico, caracterizado por linfoadenopatia generalizada, pneumonia intersticial, hepatite, esplenomegalia e úlceras gástricas(20, 97). Um ano mais tarde um agente semelhante ao Suínos & Cia

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PCV foi isolado de tecidos de suínos afetados pela PMWS, nos EUA e na Europa(03, 43). A comparação entre o PCV original não patogênico e o recém descoberto circovírus, associado aos surtos de PMWS, revelou serem esses agentes virais genética e antigenicamente distintos(03, 120). Por isso, o PCV foi, subsequentemente, dividido em dois tipos: o vírus não patogênico derivado da célula PK-15 foi denominado PCV do tipo 1 (PCV1), e o circovírus isolado de suínos acometidos pela PMWS passou a ser denominado PCV do tipo 2 (PCV2)(65, 120). Além da PMWS, o PCV2 tem sido associado a outras doenças, como a síndrome de dermatite e nefropatia suína (sigla em inglês, PDNS), falhas reprodutivas e o complexo da doença respiratória suína (sigla em inglês, PRDC). Em 2002, Allan e colaboradores propuseram o termo circovirose suína (sigla em inglês, PCVD) para agrupar todas as doenças e síndromes associadas ao PCV2. De modo similar, em março de 2006, a Associação Norte-americana de Veterinários Especialistas em Suínos (AASV) propôs uma nomenclatura semelhante: doenças associadas ao circovírus suíno (sigla em inglês, PCVAD). Atualmente ainda não há um consenso relativo a essa nomenclatura e ambos os termos, PCVD e PCVAD, são usados na Europa e nos EUA, respectivamente. Até os dias de hoje, dados experimentais têm demonstrado

Dra. Maria Fort M. Veterinária e Doutora mariafort@gmail.com

uma ligação efetiva entre o PCV2 e o desenvolvimento de doenças apenas com relação à PMWS(05, 16) e a falhas reprodutivas(159, 115). A associação entre o PCV2 e as demais condições tem sido baseada em estudos retrospectivos e/ou casos clínicos, não havendo evidências experimentais dessas conexões, até o momento(165).

Taxonomia O PCV2 é membro de uma família de vírus ssDNA não envelopados, pequenos e icosaédricos (família Circoviridae), que afeta os vertebrados(104). Em função da descrição contínua de novos agentes semelhantes ao circovírus nos últimos anos, a classificação da família Circoviridae tem sido e deverá ser submetida a uma reorganização(35). No momento, de acordo com o Comitê Internacional de Taxonomia Viral (sigla em inglês, ICTV) (www.ictvonline.org), essa família está dividida – com base no tamanho de seus vírus e de sua dimensão gênica – nos gêneros Circovírus e Gyrovirus (Figura 1.1). Além do PCV, sete vírus aviários têm sido descritos com sendo do gênero Circovírus: o vírus da doença do bico e penas(150), o circovírus dos pombos(201), o circovírus dos canários(143), o circovírus dos gansos(187), o circovírus dos patos(69), o circovírus dos tentilhões(171) e o circovírus das gaivotas(173). Embora ainda não incluídos na lista de taxonomia do Ano VI - nº 35/2010


Sanidade exposição viral a altas temperaturas. Deste modo, após pasteurização a 60º C por 10 minutos, seu poder de infecção decresce 1,6 log; após tratamento por calor seco (80º C por duas horas) decresce 0,75 log e 1,25 log após tratamento por calor extremo (120º C por 30 minutos) (Welch et. al., 2006). A titulação viral pode ser reduzida também por desinfetantes comerciais à base de álcalis (ex.: hidróxido de sódio), agentes oxidantes (ex.: hipoclorito de sódio) ou amônia quaternária(157, 114). Figura 1.1. Classificação taxonômica do PCV2

ICTV, casos recentes de circovirose acometendo corvos(177), estorninhos(74) e cisnes(64) têm sido relatados. O vírus da anemia dos frangos é a única espécie incluída no gênero Gyrovirus(186).

Morfologia e organização molecular O PCV2 é um dos menores vírus conhecidos, com uma partícula viral icosaédrica não envelopada de 17 ± 1,3 nm de diâmetro(183). A molécula do genoma é do tipo ssDNA circular covalentemente fechada, com aproximadamente 1,76 a 1,77 kilobases(120). Após a infecção da célula pelo PCV2 o ssDNA converte-se em um DNA de filamento duplo intermediário (dsDNA), também conhecido como forma replicativa (sigla em inglês, RF). A RF é considerada um genoma codificado por dupla polaridade (positivo para o DNA viral e negativo para o complementar). Os genes do PCV2 estão organizados em 11 supostos quadros de leitura abertos (sigla em inglês, ORFs)(65). Entretanto, a expressão protéica é descrita por apenas três deles. ORF1, também conhecido por gene Rep, localiza-se no filamento positivo, orientado no sentido horário; ele codifica as proteínas replicaAno VI - nº 35/2010

Variação genética e antigênica ses não estruturais Rep e Rep’, de 314 e 178 aminoácidos (aa) de comprimento, respectivamente(111, 24). ORF2 ou gene Cap, localizado no filamento complementar e orientado no sentido anti-horário, codifica a única proteína estrutural (233-234 aa), o capsídeo (Cap)(112, 124). ORF3 está completamente sobreposto ao gene ORF1 e localiza-se no filamento complementar, orientado no sentido anti-horário; ele codifica uma proteína não estrutural de 105 aa de comprimento. In vitro, a proteína ORF3 parece estar implicada na apoptose das células PK15, induzida por vírus(99). Muito recentemente foi demonstrado que leitões inoculados com um PCV2 mutante ORF3 deficiente manifestavam viremia decrescente e menos lesões patológicas associadas ao PCV2, em comparação a suínos inoculados com o PCV2 do tipo selvagem. Por essa razão foi sugerido que a proteína ORF3 pode ter um papel essencial na replicação e na patogenicidade viral(79).

Propriedades biológicas e físicoquímicas O PCV2 é muito estável em condições ambientais; entretanto, sua infectividade pode ser reduzida pela

A homologia genética entre os isolados de PCV2 é relativamente alta(112, 121, 91), embora exista diversidade entre as populações do mesmo. A análise filogenética mais recente mostrou que isolados de PCV2, de diferentes origens geográficas, variavam em sua sequência genômica(65, 49, 112, 121) . Mais tarde, com base na sequência de aa/genômica do PCV2 ou no polimorfismo de restrição ao comprimento dos fragmentos, foram identificados dois genogrupos diferenciados do PCV2(36,180, 18, 56, 129, 61) . Dependendo do autor e da técnica laboratorial empregada, diferentes nomenclaturas foram usadas, inicialmente, para se referir aos genogrupos do PCV2 (Tabela 1.1). Os dois grupos filogenéticos foram comumente referidos como genótipos 1 e 2 na Europa e PCV2a e PCV2b na América do Norte. Atualmente a nomenclatura norte-americana tem sido adotada, consequentemente, os genótipos europeus 1 e 2 foram finalmente designados como PCV2a e PCV2b, respectivamente(167). Recentemente, um novo genótipo foi identificado em amostras dinamarquesas arquivadas(42) e identificado, após acordo, como PCV2c(167). Na Dinamarca conclui-se que o PCV2c cirSuínos & Cia

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Sanidade Tabela 1.1. Nomenclaturas publicadas referentes aos dois principais genogrupos do PCV2 Autor Grupo

de Boisseson et al., 2004

Timmusk et al., 2005

I

SG3

II

SG1/SG2

culou predominantemente nos anos 80, o PCV2a durante os anos 90 e o PCV2b entre 2001/2002 em diante, sugerindo uma mudança potencial no genótipo dos isolados do PCV2 ao longo do tempo(42). Nesse mesmo estudo, a análise das sequências de PCV2 disponíveis no Centro Nacional de Informação Biotecnológica (sigla em inglês, NCBI), banco de dados de fevereiro/2007, evidenciou que o PCV2b tornou-se predominante ao longo do tempo em vários países, apontando para uma mudança no genótipo global, de PCV2a para PCV2b. Essa distribuição temporal dos genótipos do PCV2 e a atual predominância do PCV2b a campo são amparadas por vários estudos epidemiológicos, realizados em nível global(10, 26, 56, 178, 181, 29) . A detecção de cepas distintas de PCV2 no mesmo suíno, seja pertencendo ao mesmo genótipo ou a genótipo diferente, tem sido também relatada(36,26, 56, 61,71). Estudos recentes trouxeram evidências do potencial homólogo de recombinação entre cepas do PCV2 que estejam coinfectando o mesmo animal(42) ou, simultaneamente, se replicando em cultivo celular(96). Os autores desses estudos sugerem que o surgimento de novos isolados e a mudança potencial de PCV2a para PCV2b pode ser o resultado da recombinação entre cepas coexistentes no mesmo animal. Com base na capacidade de reação similar entre anticorpos monoclonais e policlonais às diferentes cepas de PCV2(06, 119), pensou-se inicialmente que não haveria diferenças antigênicas entre as mesmas. Entretanto, estudos recentes nos levaram a concluir o oposto. Suínos & Cia

Carman et al., 2006

Olvera et al., 2007

Grau-Roma et al., 2008

Gagnon et al., 2007

Modelo tipo 321 Grupo biológico 1

Genótipo 1

PCV2b

Modelo tipo 422 Grupo biológico 2

Genótipo 2

PCV2a

Lefebvre et. al. (2008) descobriram que quatro entre 16 anticorpos monoclonais (em inglês, mAbs) produzidos contra a proteína Cap da cepa PCV2a não reagiram com cepas do PCV2b, nem demonstraram uma afinidade reduzida em comparação a cepas do PCV2a, quando submetidos a provas realizadas com uma imunoperoxidase monocamada (em inglês, IPMA) ou com neutralização viral. Adicionalmente, nenhum dos mAbs testados foi capaz de neutralizar todos as sete cepas incluídas no estudo. Caracterização adicional relativa à diversidade antigênica dos isolados de PCV2 foi fornecida por Shang et. al. (2009). Nesse estudo, mAbs específicos contra a proteina Cap do PCV1 e do PCV2 foram usados para mapear epítopos comuns e tipo-específicos entre PCV1 e PCV2, além de identificar diferenças antigênicas entre cepas de PCV2 de genótipos distintos. Dois epítopos de célula linear B, específicos para a proteína Cap do PCV2 e dois epítopos compartilhados pelas proteínas Cap do PCV1 e PCV2 foram identificados. A análise da diversidade antigênica destes epítopos revelou três fenótipos antigênicos do PCV2 com diferentes comprimentos de genoma, denominados PCV21766, PCV21767 e PCV21768. Apesar da existência de diferenças antigênicas, a imunidade induzida após a infecção de suínos com um genótipo conferiu proteção contra o desafio subsequente com outro genótipo(136).

A infecção pelo PCV2 e a síndrome do emagrecimento progressivo pós-desmame

A infecção pelo PCV2 não é igual à PMWS. No campo, a grande maioria das infecções por PCV2 são subclínicas e apenas uma pequena proporção de suínos infectados pelo PCV2 desenvolve a forma clínica da doença. Atualmente a expressão plena da PMWS é tida como dependente de um co-fator (ou co-fatores) “ainda não claramente identificado(s)”, o qual desencadearia a progressão do PCV2 no sentido da doença(165).

Características clínicas e epidemiológicas Embora a PMWS não tenha sida relatada anteriormente a 1991(19), estudos retrospectivos realizados com amostras arquivadas evidenciaram a infecção pelo PCV2 na Alemanha, em 1962(73), na Bélgica, em 1969(158), no Reino Unido, em 1970(63), na Irlanda, em 1973(195), e no Canadá e na Espanha em 1985(108, 153). Nos dias de hoje a infecção por PCV2 está tão espalhada na população de suínos domesticados que quase nenhuma criação soronegativa poderia ser encontrada, no caso de um estudo epidemiológico(92, 103, 62) . Em contraste, a prevalência da PMWS é geralmente baixa, variando entre 4% e 30%, embora uma morbidade de mais de 60% tenha sido relatada em algumas granjas(162). Desde a sua primeira descrição, no Canadá, até os dias de hoje, a PMWS tem sido diagnosticada em países de todos os cinco continentes, sendo considerada, atualmente, uma doença endêmica e de alto impacto econômico, na maioria dos países produtores de carne suína. A infecção por PCV2 pode ocorrer durante toda a vida produtiva Ano VI - nº 35/2010

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Sanidade mento do mesmo, ainda que na presença de sinais clínicos compatíveis com a PMWS. Deste modo, a presença de infecções subclínicas é comum, e os sinais clínicos e macroscópicos encontrados não são específicos, sendo compatíveis com muitas outras doenças dos suínos, infecciosas ou não. Atualmente, três critérios devem ser observados para o estabelecimento de um diagnóstico individual da PMWS(165): A. Sinais clínicos compatíveis com a PMWS (retardo no crescimento e refugagem); Figura 1.2.: suíno acometido pela PMWS (A) e outro animal da mesma idade, clinicamente são (B). Notar o retardo no crescimento e a coluna vertebral marcada, no animal doente.

do suíno, mas a PMWS geralmente afeta animais entre oito e 16 semanas de idade(172, 62). A síndrome caracteriza-se, clinicamente, por retardo no crescimento, perda de peso e morte. Outros sintomas clínicos como dificuldade respiratória, diarréia e palidez da pele também são descritos com frequência nos suínos acometidos. Setenta a 80% dos animais doentes morrem(162). A figura 1.2 mostra a condição de emagrecimento de um suíno acometido pela PMWS, em comparação com um companheiro de baia clinicamente sadio.

Patologia associada ao PCV2 Os achados patológicos mais evidentes associados à PMWS, embora nem sempre presentes, são os linfonodos intumescidos e os pulmões não colapsados. Em menor extensão, a atrofia do timo, a presença de pontos esbranquiçados nos rins e a ulceração da porção esofágica do estomago também podem ocorrer(155). Ao contrário dos achados macroscópicos, os quais são inespecíficos e variáveis, as lesões microscópicas associadas ao PCV2 são únicas. São encontradas, tipicamente, lesões no tecido linfóide consistenSuínos & Cia

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tes com depleção linfocitária, combinadas com infiltração de células gigantes histiocíticas e/ou multinucleadas. Corpos de inclusão basófilos intra-citoplasmáticos podem ser encontrados em células de linhagem monocíticas(155). A gravidade das lesões está diretamente relacionada ao status da doença(164, 134). Além disso, suínos acometidos pela PMWS podem ser diferenciados daqueles em condição subclínica, pela intensidade das lesões associadas ao PCV2.

Diagnóstico A complexidade do diagnóstico da PMWS recai no fato de somente a detecção sérica ou tecidual do PCV2 não ser conclusiva para o estabeleci-

B. Lesões histopatológicas, de moderadas a severas, caracterizadas por depleção linfocitária, juntamente com inflamação granulomatosa (Figura 1.3-A); C. Quantidade moderada a alta de genoma de PCV2 ou antígeno antiPCV2 entre as lesões (Figura 1.3-B). Um diagnóstico de infecção subclínica por PCV2 é estabelecido quando, embora detectado no soro ou nos tecidos, a quantidade viral é pequena e associada a um número mínimo ou à ausência de lesões(134). O desempenho das técnicas de diagnóstico sorológico e virológico tem sido comparado com a intenção de se fazer uma diferenciação entre as infecções subclínicas e os casos de PMWS em suínos vivos. Pela análise quantitativa de PCV2 no soro, Olvera et. al. (2004) sugeriu 107 cópias de

Figura 1.3.: (A) Depleção de linfócitos moderada a severa e infiltração granulomatosa em tecido linfóide, corado pelo método da hematoxilina/eosina. (B) DNA de PCV2 (quantidade de alta a moderada) detectado em tecidos linfóide por hibridização in situ (em inglês, ISH), corado pelo método fast green.

Ano VI - nº 35/2010


Sanidade DNA/mL como o limiar potencial para se distinguir entre PMWS e infecção subclínica em suínos acometidos. O uso da mesma técnica, em combinação com testes sorológicos (IPMA ou soro neutralização) permite a confirmação ou a exclusão do diagnóstico da PMWS(54, 62). Todavia, estes estudos concluíram que estas técnicas podem ser úteis para aprimorar o diagnóstico da PMWS, mas não servem como alternativa à histopatologia e à detecção do PCV2 nos tecidos. Uma vez que casos individuais de PMWS podem ser diagnosticados em um plantel sem que haja aumento nos índices de mortalidade e sem perdas econômicas associadas à doença(125), surgiu a necessidade do estabelecimento formal da definição de casos no plantel. Por essa razão o Consórcio da União Europeia para o PCVD (www.pcvd.org, 2005) lançou uma proposta na qual dois critérios para o diagnóstico da PMWS no nível da granja foram definidos: 1. Aumento significativo na mortalidade pós-desmame. Essa situação é considerada quando a mortalidade usual (em um período de um a dois meses) for igual ou maior que a média histórica da mortalidade (em um período de, pelo menos, três meses) mais 1,66 vezes o desvio padrão. De modo alternativo, o aumento poderá ser determinado estatisticamente por meio do teste do qui-quadrado. Se os dados históricos não estiverem disponíveis, o aumento na mortalidade poderá ser determinado quando a mortalidade pós-desmame do plantel exceder o nível regional ou nacional em 50% ou mais; 2. Cumprimento da definição de casos individuais de PMWS nos animais da propriedade (é necessário haver um relato de, pelo menos, um a cada cinco suínos necropsiados).

Patogenia

A Figura 1.4 apresenta uma visão geral dos eventos que se sucedem no decurso da infecção pelo PCV2, além das diferenças – já discutidas – entre os suínos que desenvolvem PMWS e aqueles que permanecem infectados de modo subclínico. Pouco se sabe a respeito dos eventos que ocorrem nos estágios iniciais da infecção, e as células-alvo para a replicação precoce do PCV2 ainda não foram identificadas. Nos suínos infectados pelo PCV2, a quantidade mais alta de vírus encontra-se no citoplasma das células de linhagem monócitos/macrófagos(155, 160) e estudos in vitro demonstram que o PCV2 é hábil para infectar esses tipos de células, permanecendo de modo persistente por longos períodos de tempo sem nenhuma replicação ativa aparente(58, 192) . Já foi sugerido inclusive que, apesar dos monócitos não serem o alvo primário da replicação do PCV2, eles poderiam representar um mecanismo de disseminação para o vírus por meio do hospedeiro(192). Adicionalmente, o PCV2 é capaz de induzir uma diminuição na capacidade funcional de células dendríticas (sigla em inglês, DC) cultivadas in vitro(193). Esse fato mais recente pode ser crítico, devido à função central desse tipo de célula na mediação das respostas imune inata e vírus-específicas. Como a imunidade inata desenvolvida pelos suínos na pós-infecção pelo PCV2 ainda não foi muito estudada, a possibilidade do dano causado pelo PCV2 na funcionalidade das DC in vitro ocorrer também in vivo permanece desconhecida. A confirmação ou não dessa teoria traria informação no sentido de esclarecer quais eventos imunológicos estariam ocorrendo no estágio inicial da infecção pelo PCV2.

dias 14 e 21 PI(156, 148, 136). Nesse período o PCV2 pode estar presente em vários órgãos, embora a carga viral mais alta seja detectada, tipicamente, no tecido linfóide. Além das células de linhagem monocíticas, o PCV2 tem sido detectado em células epiteliais dos rins e do trato respiratório, em células endoteliais, linfócitos, enterócitos, hepatócitos, células da musculatura lisa e células pancreáticas (ácinais e dos dutos)(118, 155, 170, 160). Uma vez que o PCV2 não codifica o seu próprio DNA, polimerases e células na fase S são necessárias para que o vírus complete o seu ciclo de infecção(185), o que nos faz considerar que as células com as mais altas taxas de mitose sejam as mais eficazes no seu processo de replicação. Embora estudos anteriores sugiram que os linfócitos não sejam alvos para a replicação do PCV2(58, 192) , estudos recentes sugerem o oposto. Desse modo, por meio da medida do Cap mRNA, a replicação do PCV2 foi revelada na população de linfócitos das células mononucleares do sangue periférico (sigla em inglês, PBMC) e dos linfonodos brônquicos de suínos experimentalmente inoculados com PCV2(202). Adicionalmente, estudos in vitro demonstraram que PBMC estimuladas pela Concanavalina A (ConA)* são suscetíveis à replicação do PCV2(202, 95, 98). A caracterização adicional de subpopulações de leucócitos infectadas pelo PCV2 indicou que, principalmente, células T circulantes (CD4+ e CD8+) e, em menor extensão, linfócitos B (IgM+), podem apoiar a replicação do PCV2, enquanto monócitos derivados das PBMC aparentemente não(203, 95, 98). Entre a segunda e a terceira semanas PI desenvolveram-se respostas imunes específicas ao PCV2(144, 148, 122). A

A viremia causada pelo PCV2 é detectada, inicialmente, sete dias pós inoculação (PI) e os títulos virais aumentam, atingindo um pico entre os

Habilidade do suíno em montar uma resposta imune adaptativa adequada tem sido sugerida como determinante para evitar o progresso

* lecitina com efeito hemaglutinante, extraída de uma espécie de feijão. Ano VI - nº 35/2010

Suínos & Cia

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Sanidade

Figura 1.4. Revisão dos eventos associados no decurso da infecção pelo PCV2, em um modelo experimental. Fatores potenciais envolvidos nessa progressão, tanto em PMWS como em infecções subclínicas, estão indicados nas linhas destacadas. MDA = imunidade passiva; DC = células dendríticas; MO = macrófagos.

da infecção pelo PCV2, no sentido da PMWS. Deste modo, o início do desenvolvimento dos anticorpos antiPCV2 é tipicamente seguido pelo decréscimo nos títulos virais, os quais usualmente levam à resolução do processo de viremia(148, 122, 54, 136). Naqueles suínos acometidos subclinicamente a quantidade de PCV2 detectada nos tecidos é baixa, resultando em menores ou em nenhuma alteração no sistema imunológico, normalmente levando à recuperação. É importante notar, entretanto, que a viremia de longa duração causada pelo PCV2 e/ou a detecção viral nos tecidos têm sido relatadas em suínos infectados experimentalmente de modo subclínico, a despeito da presença de altos títulos de anticorpos anti-PCV2(05, 144, 148). Em termos de conversão, respostas humorais pobres(16) e, em particular, a ausência de anticorpos neutralizanSuínos & Cia

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tes (em inglês, NA) específicos antiPCV2(123) estão relacionadas com um aumento na replicação viral, o que resulta em severas lesões no tecido linfóide e em mudanças significativas no sistema imunológico. Esses eventos levam os suínos ao estado de depressão característico da PMWS. Como já visto em condições experimentais, estudos a campo realizados em granjas infectadas ou não pela PMWS também revelam diferenças importantes entre os eventos que ocorrem durante episódios de infecções clínicas e subclínicas devidas ao PCV2. Da fase de lactação ao período de engorda/terminação, a proporção de suínos positivos para o PCV2 e a carga viral aumentam gradualmente e coincidentemente com o desmame, fase de anticorpos antiPCV2 de origem materna (em inglês, MDA). A mais alta pressão de infecção ocorre

no momento em que surge a doença(17, 62) . Suínos doentes mostram alta carga viral no soro e em locais de excreção em potencial, juntamente com uma resposta de anticorpos mais fraca, comparada a animais com infecção subclínica(54, 62, 128). Naqueles suínos subclinicamente infectados, a duração da viremia é variável, entre cinco e 21 semanas. Uma alta proporção de suínos pode se apresentar virêmica e, ao mesmo tempo, ter altos níveis de anticorpos antiPCV2(172).

Fatores que influenciam a progressão da infecção por PCV2 para PMWS Até os dias de hoje, os mecanismos pelos quais os suínos desenvolvem a PMWS ou permanecem subclinicamente infectados com o Ano VI - nº 35/2010


Sanidade PCV2 continuam desconhecidos. Inúmeros fatores têm sido identificados como influenciadores no progresso da infecção pelo PCV2 em direção à PMWS (Figura 1.4.) e, consequentemente, a patogenia da doença ainda não é totalmente compreendida. Sua complexidade é adicionalmente influenciada pela falta de um modelo experimental universal para a doença que possa ser reproduzido. Tentativas de reproduzir a PMWS somente com o PCV2 renderam resultados bemsucedidos em um número limitado de estudos(05, 83, 16, 67). Na maioria das ocasiões a simples inoculação com o PCV2 resulta em infecções subclínicas(13, 45, 107, 144, 01). As chances de se chegar à doença clínica aumentam quando o PCV2 é inoculado em combinação com outro patógeno que acometa o suíno, como o parvovírus suíno (PPV)(05, 45, 68), o vírus da síndrome respiratória e reprodutiva dos suínos (PRRSv)(07, 156) ou o Mycoplasma hyopneumoniae(131). Crescimento da replicação do PCV2 e desenvolvimento da PMWS têm sido induzidos também após a estimulação do sistema imunológico, tanto pela injeção de produtos imunoestimulantes(87, 89, 60, 197) , ou pela vacinação(130). Baseado em todos esses dados, tem sido postulado que o estímulo ao tecido linfóide – seja por infecções concomitantes ou por qualquer outro fator imunoestimulante – promova um ótimo ambiente para a replicação do PCV2. De modo interessante, a indução de um estado de imunossupressão nos suínos, por meio da injeção de ciclosporina ou dexametasona, também resultou em regulação posterior da replicação do PCV2 nos tecidos dos animais infectados(88, 80, 122). Nesse contexto, o aumento na carga viral foi atribuído ao enfraquecimento induzido à resposta imune dos suínos tratados. Para aumentar o esclarecimento sobre a patogenia da doença, vários Ano VI - nº 35/2010

experimentos e estudos a campo têm sido realizados no sentido de identificar os fatores que influenciam o efeito da PMWS. Desse modo, fatores inerentes ao individuo, ao vírus e fatores influenciadores da interação vírus/ hospedeiro têm sido relatados. Com relação a fatores hospedeiro-dependentes, tem-se afirmado que a susceptibilidade à PMWS poderia ser determinada geneticamente, uma vez que alguns dados de campo ou experimentais indicam certos cruzamentos ou linhagens genéticas como mais frequentemente acometidos(102, 132, 133). Adicionalmente, o fato dos suínos com antecedentes genéticos idênticos poderem expressar diferentes sintomas clínicos após a inoculação experimental do PCV2, também sugeriu a existência de variabilidade genética interindividual. Muito recentemente foi relatado que o cromossomo suíno 13 poderia conter genes que confeririam suscetibilidade à PMWS, e um gene candidato em potencial chegou a ser identificado(78). Esse gene codifica para a proteína MyRIP, a qual está envolvida no tráfico citoplasmático de vesículas e na exocitose. Os autores especularam que a persistência do PCV2 nas vesículas celulares do sistema imune inato poderia estar relacionada com a falta de tráfico citosólico, mediado por meio da MyRIP. Entretanto, a suscetibilidade à PMWS poderia não estar relacionada a nenhum polimorfismo na codificação de parte da proteína MyRIP, tampouco com a expressão diferencial desse gene entre suínos sãos e doentes. A respeito dos fatores vírusdependentes, demonstrou-se que suínos inoculados experimentalmente com um PCV2 submetido a um alto número de passagens em cultivo celular apresentaram tanto viremia, como lesões associadas ao PCV2 reduzidas, em comparação com suínos

inoculados com a cepa selvagem do PCV2(52). Estas diferenças foram atribuídas a duas mutações aa na proteína Cap, sugerindo que mudanças mínimas no genoma do PCV2 poderiam contar como causadoras de diferenças na virulência e na patologia associadas ao mesmo. Tem sido afirmado também que o genoma do PCV2 poderia influenciar o progresso da infecção pelo vírus. Vários estudos epidemiológicos demonstraram que isolados do PCV2 estavam associados à ocorrência de PMWS numa frequência maior, comparados com isolados pertencentes ao genótipo PCV2a, o que sugere a existência de diferenças na virulência entre os genótipos do PCV2(18, 26, 56, 61, 199) . Essa associação, entretanto, não pode ser reproduzida em um estudo controlado, delineado com esse propósito, usando isolados de PCV2 de cada genótipo(136). A presença de anticorpos antiPCV2 passivos (adquiridos) no momento da exposição ao vírus é também um importante fator a considerar. Muitos estudos conduzidos com suínos, natural e experimentalmente infectados com o PCV2, revelaram que a replicação viral e a expressão da PMWS são altamente influenciadas pela presença de anticorpos anti-PCV2. Sob condições de campo, tem sido demonstrado que os suínos geralmente não desenvolvem PMWS antes de quatro semanas de idade(152, 62) nem se infectam enquanto os anticorpos anti-PCV2 de origem materna (MDA) estão presentes(62). Os autores desses estudos sugerem que a imunidade materna deveria conferir proteção contra a infecção por PCV2 e a doença. Sob condições experimentais, o efeito protetor dos MDA tem sido provado e demonstrado como dependente do título de anticorpos obtido por meio da ingestão do colostro(117, 139) . Suínos & Cia

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Sanidade otimização das condições de higiene, por meio de procedimentos de limpeza e desinfecção e 4) boa nutrição. A implementação do referido plano reduziu significativamente as perdas associadas à PMWS, sendo o mesmo ainda considerado – nos dias de hoje – um modelo de estratégias de intervenção para o controle da referida doença.

A implementação do plano de Madec reduz significativamente as perdas associadas à PMWS.

Além dos fatores dependentes do hospedeiro e do vírus, outros fatores principalmente relacionados às rotinas de manejo implementadas no plantel, têm sido relatados como responsáveis pelo aumento do risco da aquisição da PMWS(154, 103). Não há dados científicos disponíveis, relativos ao fato do manejo influenciar no surgimento da doença. Entretanto, sabe-se que certas rotinas, como a mistura de suínos com idades diferentes ou baias muito extensas, podem aumentar o nível de estresse entre os animais. Baixas no sistema imune relacionadas a fatores estressantes podem explicar a alta ocorrência de PMWS, seguida de certas medidas de manejo. Apesar de toda a pesquisa realizada, o exato mecanismo pelo qual todos os fatores anteriormente mencionados desencadearia o desenvolvimento da PMWS não é conhecido. No entanto, quando todos os dados acumulados são considerados, torna-se evidente que suínos acometidos pela PMWS diferem daqueles com infecção subclínica, tanto na carga viral do PCV2 quanto na extensão dos danos Suínos & Cia

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causados ao sistema imune (Figura 1.4.). Ambos os fatos apontam para o equilíbrio entre a capacidade do suíno em produzir uma resposta imune eficaz contra o PCV2 e a habilidade viral em evadir-se/ deprimir o controle imunológico, como pontos chave na patogenia da PMWS.

Medidas de controle Antes da disponibilidade de vacinas contra o PCV2, as medidas de prevenção contra a PMWS focalizavam-se no controle dos fatores de risco envolvidos no progresso da doença. Um plano de recomendações contendo 20 pontos importantes foi proposto, no sentido de ajudar os produtores a identificar e ajustar práticas de manejo que favoreciam o aparecimento da mesma(105). Eram recomendações focalizadas principalmente na redução da pressão de infecção do PCV2 e de outros agentes infecciosos e na minimização do estresse nos suínos. Os pontos principais do plano de Madec incluem: 1) limitação do contato entre suínos de leitegadas distintas; 2) redução do estresse; 3)

Atualmente, além de controlar os fatores desencadeantes da PMWS, a prevenção de surtos da doença pode ser obtida de modo efetivo pelo controle do PCV2 por meio da vacinação. A informação sobre vacinas comerciais disponíveis contra o PCV2 está revista na seção 3.2.2.1.

O PCV2 e o sistema imune Imunopatogenia da infecção pelo PCV2 • Atividade imunomoduladora do PCV2 A noção de que suínos acometidos pela PMWS padecem de uma imunodeficiência adquirida(33) levou à especulação de que a infecção pelo PCV2 poderia modular a defesa imune do hospedeiro. Recentemente, muitos estudos in vitro têm apoiado essa hipótese e esclarecido alguns aspectos do complexo de interação entre o PCV2 e as células do sistema imune. A infecção pelo PCV2 induz a uma diminuição na atividade funcional das células dendríticas (DC), dependendo da subpopulação envolvida(193). Nas DC mielóides (mDC) a infecção pelo PCV2 não altera a habilidade das mesmas em processar e apresentar o antígeno aos linfócitos T, não interferindo também em sua maturação(192, 193) . Reciprocamente, a interação do PCV2 com as DC plasmocitóides (pDC) – também conhecidas por céAno VI - nº 35/2010


Sanidade lulas produtoras naturais de interferon ou NIPC (sigla em inglês) – induziu a sinais inadequados de resposta ao perigo. Deste modo, a inibição induzida pelo PCV2 ao interferon alpha (em inglês, IFN-α) e o fator de necrose tumoral alpha (em inglês, TNF-α), normalmente produzidos pelo NIPC a partir da interação com oligodeoxinucleotídeos (em inglês, ODNs) com motivos centrais CpG (em inglês, CpG-ODN), consequentemente interferem com a maturação das NIPC, do mesmo modo que com a maturação parácrina das mDC(193). Devido à importância das DC na mediação das defesas inatas, a habilidade do PCV2 em interferir com o seu funcionamento poderia representar uma grande barreira ao desenvolvimento de uma resposta imune adequada, seja contra o próprio PCV2 como a qualquer outro patógeno(194). Quando o PCV2 é adicionado, in vitro, a uma cultura de macrófagos alveolares (em inglês, AM), observa-se uma produção alterada de certas citocinas e/ou quimiocinas. Desse modo, a infecção pelo PCV2 diminui a produção de O2, radicais livres e H2O2 e aumenta a produção de TNF-α, interleucina 8 (IL-8), fatores quimiotáticos derivados de macrófagos alveolares-II (em inglês, AMCFII), fatores estimuladores de colônias de granulócitos (G-CSF) e proteínas quimiotáticas de monócitos I (em inglês, MCP-I)(21). Especula-se que essa alteração na funcionalidade dos AM infectados pelo PCV2 possa favorecer a sua disseminação, tornando também os suínos mais suscetíveis a infecções pulmonares oportunistas e secundárias. A adição do PCV2 a células mononucleares do sangue periférico (PBMC), obtidas tanto de suínos doentes quanto saudáveis, suprimiu a resposta da IL-4 e da IL-2 frente à fitohemaglutinina (em inglês, PHA) e promoveu a secreção das IL-10, ILAno VI - nº 35/2010

1β e IL-8(31). De modo interessante, ao contrário do que foi observado para as pDC, o PCV2 induziu a produção de IFN-α nas PBMC(200). Adicionalmente, o PCV2 parece modular a resposta imune específica desenvolvida pelos suínos frente a outros patógenos(82). Desse modo, IL-12, IFN-α, IFN-γ e IL-2 revertem os efeitos das PBMC, após o estímulo do vírus da pseudoraiva ser dessensibilizado pelo PCV2. O efeito inibitório nas reações frente a IL-12, IFN-α e IFN-γ foi mediado pela liberação do IL-10 induzido pelo PCV2. O aumento do nível sérico dessa citocina , in vivo, em suínos infectados pelo PCV2 foi associado ao desenvolvimento da PMWS(176).

nas desde que o vírus total seja usado no estímulo às células. Nem VLPs, tampouco nenhum dos CpG-ODNs estudados foram identificados como indutores da IL-10(81).

A implicação de diferentes componentes do PCV2 na modulação da resposta imune tem sido também investigada. Vincent et. al. (2007) concluiu que a diminuição da capacidade funcional das DC induzida pelo PCV2 não requer a replicação viral, sendo mediada pelo DNA do vírus. Os mesmos autores demonstraram que uma concentração mínima de dsDNA (forma replicativa) foi necessária para mediar a referida inibição. No caso de PBMC, a supressão da IL-2 e do IFN-γ induzida pelo PCV2, liberada mediante o retorno do antígeno, está associada ao vírus total e a certos CpG-ODNs derivados de seu genoma. Em contrapartida, partículas virais PCV2 like (em inglês, VLP) não demonstram nenhum efeito supressor e não modulam, tampouco, as respostas ao IFN-α(81). De fato, a modulação da produção de IFN-α pela PBMC poderia ser atribuída à presença do CpG-ODN no genoma do PCV2. Sequências com ambas as atividades, IFN-α indutoras e inibidoras foram detectadas, mas os indutores do IFN-α predominaram(200, 81). A maioria dos CpG-ODN inibitórios foram encontrados dentro do gene Rep(81). Com relação à habilidade do PCV2 em induzir a IL-10, ela é mantida ape-

Imunossupressão em suínos acometidos pelo PCV2

Todos esses dados juntos sugerem que o PCV2 tem o potencial de evadir-se do controle imunológico e de mediar a imunossupressão, por meio do enfraquecimento dos mecanismos de defesa do hospedeiro. Nos dias de hoje ainda não se sabe por que apenas uma pequena proporção de suínos acometidos pelo PCV2 tem o seu sistema imunológico comprometido e incapaz de antagonizar o efeito imunomodulador do PCV2.

A evidência mais contundente da imunossupressão corresponde à extensa lesão observada no tecido linfóide de suínos acometidos pela PMWS. Ela inclui a depleção dos linfócitos B e T combinada com um aumento no número de macrófagos e a perda ou a redistribuição das células dendríticas interfoliculares(28). No tecido linfóide a depleção dos linfócitos T envolve, principalmente, células CD4+ e, em menor extensão, células CD8+(161). Outra característica da imunossupressão em suínos acometidos pela PMWS é a alteração dos subconjuntos das PBMC. Em um estudo transversal, no qual casos naturais de PMWS foram comparados com suínos sadios, foi relatado – no caso da doença – um decréscimo nas subpopulações de IgM+, CD8+ e CD4+/ CD8+(30). A cinética dessa linfopenia, assim como o fenótipo das células envolvidas, foi adicionalmente caracterizada por Nielsen et. al. (2003), sob condições experimentais e usando suínos livres de doenças específicas (em inglês, SPF). Deste modo, a depleção dos linfócitos B (CD21+) e T (CD3+) foi observada somente em Suínos & Cia

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Sanidade suínos inoculados com o PCV2 que, mais tarde, desenvolveram PMWS a qual se iniciou no sétimo dia pósinfecção, tornando-se severa no momento da ocorrência dos sinais clínicos. Mudanças nos subconjuntos de células T envolveram, principalmente, CD3+CD4+CD8+ células de memória T. De modo oposto, naqueles suínos inoculados com o PCV2 que não manifestaram sinais clínicos, o número de linfócitos T citotóxicos (CD3+CD4-CD8+) e linfócitos T γδ (CD3+CD4-CD8-) aumentou, em comparação com o grupo controle de suínos, sugerindo, em consequência, uma resposta ativa à infecção pelo PCV2. Depleção linfóide e leucopenia são características consistentes de suínos acometidos pela PMWS. Entretanto, ainda não se sabe se a perda de linfócitos é um efeito direto da infecção pelo PCV2 ou uma consequência indireta das respostas à mesma. Alguns autores afirmaram ser a depleção linfóide um resultado da apoptose induzida pelo vírus(170, 84 ). No entanto, resultados contraditórios foram encontrados por outros autores(110, 149). Em um estudo recente observou-se que PBMC infectada por PCV2 apresentou mudanças morfológicas típicas de degeneração celular. Estas mudanças foram correlatas com um aumento no título viral, sugerindo que a infecção da PBMC pelo PCV2 poderia levar à morte celular(95). Foi demonstrado, in vivo, que os linfócitos B e T dão suporte à replicação do PCV2(141, 202). Ainda que este último fato esteja implícito, a depleção severa observada em suínos acometidos pela PMWS necessita ser elucidada.

Imunidade protetiva desenvolvida frente à infecção pelo PCV2 • Respostas humorais A maioria dos inquéritos soSuínos & Cia

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rológicos publicados, relativos ao PCV2, baseiam-se na detecção do total de anticorpos anti-PCV2 (em inglês, TA), sem que haja determinação de sua atividade neutralizante. No campo, a soro conversão para o TA ocorre em ambos os casos: suínos acometidos pela PMWS e casos de infecção sub-clínica(152, 92, 172, 62). Enquanto alguns estudos não encontraram diferenças entre suínos acometidos ou não pela PMWS, relativas a títulos de TA(92), outros trabalhos relataram respostas fracas em suínos doentes(122, 62). Sob condições experimentais, respostas lentas ou baixos títulos de TA têm sido relatados, com relação à expressão da PMWS(16, 90, 156, 127, 123) . Muitos estudos, a campo e experimentais, têm demonstrado que o PCV2 poderia persistir no sangue e nos tecidos, na presença de altos títulos de TA(152, 92, 172, 116, 86, 107); entretanto, estes estudos não descriminam anticorpos neutralizados ou não. Tem sido demonstrado que suínos infectados pelo PCV2 desenvolvem anticorpos neutralizantes (NAs) específicos, frente ao mesmo(144, 123,54). Sob condições experimentais, NAs se desenvolveram entre dez e 28 dias pós-infecção(144, 123, 54) e baixos títulos têm sido relatados para um aumento da replicação do PCV2 e desenvolvimento da PMWS(123). Amostras de soro longitudinais de dois estudos a campo distintos, um deles concluído na Bélgica e o outro na Dinamarca, foram analisadas para a presença de NA. Demonstrou-se que NA de origem maternal foi transferido, de modo passivo, a todos os leitões. Os títulos de NA de origem maternal desapareceram gradativamente, até aproximadamente dez semanas de idade nos suínos da Bélgica e três semanas pós-combinação dos lotes nos suínos dinamarqueses. Em ambos os casos, nenhum dos suínos que desenvolveu PMWS soroconverteu para

NA. Adicionalmente, outro estudo demonstrou que os níveis de NA foram correlatos com o estado clínicopatológico dos suínos naturalmente infectados(54). Desse modo, suínos positivos para o PCV2, com títulos NA iguais ou acima de 1:512 foram mais considerados como infectados subclínicamente e aqueles com títulos ≤ 1:16 tiveram grande probabilidade de adquirir a PMWS.É importante notar que nem todos os suínos com baixos títulos de NA apresentaram baixos níveis de TA(123, 54). Este último fato sugere que alguns animais desenvolvem resposta humoral com baixos NAs ou que NA desenvolve-se mais tarde que a ausência de NA. Um atraso na resposta do NA tem sido relatado em suínos infectados subclínicamente pelo PCV2(144, 54). Adicionalmente, há um estudo relatando a coexistência de altos títulos de NA e de uma alta carga viral sérica e tecidual(54). Considerados em conjunto, esses dados sugerem que a simples presença de anticorpos anti-PCV2 não garante totalmente a eliminação viral, quando a infecção já se instalou e aponta para um sistema composto por outros mecanismos imunológicos distintos das respostas humorais.

Respostas mediadas por células Os preceitos das respostas adaptativas mediadas por células no controle da infecção e da doença causadas pelo PCV2 ainda carecem de um estudo mais profundo. Entretanto, o fato dos suínos acometidos pelo PCV2 apresentarem uma diminuição em suas respostas relativas às células T(30, 126), é sugestivo da sua contribuição no processo de proteção imunitária contra a infecção causada pelo vírus. Adicionalmente, tem sido demonstrado que a imunossupressão artificialmente induzida pode potencializar a replicação viral(88, 80, 122). Em suínos gnotobióticos, o tratamento Ano VI - nº 35/2010



Sanidade Tabela 1.2. Vacinas comerciais contra o PCV2 Vacinas contra o PCV2

Ingelvac CircoFLEX®

Suvaxyn PCV2 One Dose®

Porcilis PCV® Circumvent®

CIRCOVAC®

Empresa

Boehringer Ingelheim

Fort Dodge

Intervet-Schreing Plough

Merial

Antígeno

Cap proteína do PCV2

Quimera inativada dos PCV1 e 2

Cap proteína do PCV2

PCV2 inativado

Leitões (quatro semanas e mais velho)

Leitões Porcilis PCV®: três dias e Fêmeas suínas em idade mais velho de reprodução Circumvent®: três semanas e mais velho

Regulamentada para uso em

Dose e Posologia

Leitões (duas semanas e mais velho)

1 mL via IM* dose única

2 mL via IM* dose única

2 mL via IM* Porcilis PCV®: duas doses (três dias e três semanas de idade) / dose única (três semanas de idade) Circumvent®: duas doses (três e seis semanas de idade)

2 mL via IM* Primeira vacinação: duas doses (três a quatro semanas entre elas), pelo menos duas semanas pré-cobertura (marrãs) ou parto (porcas) Revacinação: uma dose a cada gestação, pelo menos de duas a quatro semanas pré-cobertura

* IM = intramuscular com ciclosporina A (CyA), antes da inoculação do PCV2, resultou em aumento da replicação viral. Sugeriuse que esse efeito tenha sido parcialmente mediado por uma diminuição na capacidade de resposta celular, causada pela CyA(88, 122). Ademais, os níveis de expressão do mRNA do IFN-γ, em PBMC de suínos inoculados experimentalmente com o PCV2, foram considerados correlatos com a replicação viral e o estado imunossupressor induzido pela CyA. Desse modo, uma expressão mais acentuada do mRNA do IFN-γ aparentemente tornou os suínos menos suscetíveis à replicação do PCV2(22). Outro estudo, no qual os suínos foram imunodeprimidos com dexametasona, mostrou resultados semelhantes. Deste modo, a inoculação do PCV2 em suínos tratados com dexametasona induziu a replicação viral e as lesões virais associadas ao processo, visto que nem o genoma do PCV2, tampouco as lesões associadas ao mesmo, foram Suínos & Cia

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detectadas em suínos inoculados somente com o PCV2(80).

Imunidade protetiva conferida pela vacinação contra o PCV2 • Vacinas comerciais disponíveis Pelo menos quatro vacinas comerciais, para uso nos suínos em fase de crescimento e para animais em idade de reprodução, estão disponíveis no momento nas maiores regiões produtoras de suínos ao redor do mundo (Tabela 1.2.). A primeira vacina no mercado foi a CIRCOVAC® (Merial), uma vacina inativada contra o PCV2 e com adjuvante oleoso, para uso em marrãs e porcas entre duas e quatro semanas pré-cobertura. CIRCOVAC® foi a primeira a ser usada na Europa, sob licença temporária em 2004 e já disponível para a maioria dos países europeus e o Canadá, a partir de 2006/2007. Os outros três

produtos comerciais são vacinas recombinantes, desenvolvidas para uso nos suínos em crescimento, ao redor da terceira/quarta semanas de idade. Suvaxyn PCV2 One Dose® (Fort Dodge) é produzida com base em um vírus quimérico da infecção, que contém o gene imunogênico ORF2 Cap do PCV2, inserido na estrutura genômica central não patogênica do PCV1(50). Ingelvac CircoFLEX® (Boehringer Ingelheim) e as vacinas da Intervet-Schreing Plough (Porcilis PCV® e Circumvent®) são vacinas de subunidade baseadas em um produto do ORF2 expresso no baculovírus. Todas as quatro vacinas são baseadas em linhagens do PCV2a. Dados de campo têm demonstrado que todas as vacinas citadas demonstram eficácia notável. Uma drástica redução nas perdas reprodutivas associadas ao PCV2 tem sido observada nos suínos em crescimento, sejam vacinados ou originários de Ano VI - nº 35/2010


Sanidade plantéis vacinados. Desse modo, melhoras nos índices de ganho médio de peso diário e na conversão alimentar, decréscimo nos níveis de mortalidade e redução nos custos com medicação são alguns dos benefícios observados em lotes vacinados(85, 46). A vacinação das fêmeas tem demonstrado efeito benéfico no desempenho dos plantéis reprodutivos. Deste modo, a vacinação de marrãs e porcas tem revelado um aumento no número de leitões nascidos vivos e no número de terminados/porca/ano, além de reduzir o número de mumificados por porca(179, 191). Recentemente, o efeito potencial protetor da vacinação de reprodutoras na prevenção da infecção fetal pelo PCV2 e das falhas reprodutivas, foi investigado sob condições experimentais(160). Porcas-sentinela para o PCV2 e prenhas, foram vacinadas ou receberam placebo no 28º dia de gestação, tendo sido inoculadas com um isolado de PCV2b ao redor do 56º dia. Falhas reprodutivas não puderam ser reproduzidas, mas a infecção das porcas-sentinela prenhas pelo PCV2 resultou em infecção fetal, da qual a vacinação das porcas não foi suficiente para proteger. A vacinação de reprodutoras não preveniu a veiculação do PCV2 por meio do colostro, sugerindo que a vacinação da porca pode não prevenir a transmissão vertical. Até os dias de hoje, poucos estudos têm lidado com o(s) mecanismo(s) subjacente da proteção induzida pela vacina. É comum assumir que o princípio básico da eficácia da vacinação se baseia no efeito protetor dos anticorpos anti-PCV2, seja por aquisição passiva (vacinação das porcas) ou por indução ativa (vacinação dos leitões). Entretanto, baixa resposta de anticorpos ou falta de desenvolvimento dos mesmos após a vacinação nem sempre impede a proteção. Fenaux et. al. (2004a) afirmam Ano VI - nº 35/2010

que após a imunização com um vírus quimérico PCV1-2, mesmo nem todos os suínos soroconvertendo contra o PCV2, ainda assim estarão protegidos de manifestar viremia pelo referido agente e sinais clínicos após o desafio com o PCV2. Os autores desse estudo sugeriram haver um sistema de controle potencial da imunidade mediada por células, na proteção induzida pela vacinação. Recentemente, foi relatado que o colostro de porcas SPF vacinadas continha células secretoras interferon-gama (em inglês, IFN-γ-SC) PCV2 específicas(59). A transferência das mesmas à sua leitegada foi provada, mas o efeito protetor das mesmas não pôde ser elucidado, uma vez que IFN-γ-SC foram apenas detectadas em leitões neonatos e durante um período de tempo muito curto.

Protótipos de vacinas experimentais Além das vacinas comerciais, outros protótipos de vacinas têm sido delineados e testados em diversos modelos in vivo. Estes incluem vacinas inativadas(45), vacinas produzidas a partir de DNA(14, 77, 11, 47, 169) e vacinas de subunidade recombinantes com expressão de proteínas virais do PCV2(101, 14, 76,197 , 47, 196, 12). Dados de estudos realizados com as vacinas anteriormente mencionadas permitem a compreensão de detalhes intrínsecos relativos às respostas imune geradas a partir de diferentes ORFs do PCV2 e suas correspondentes proteínas codificadas. Blanchard et. al. (2003) descobriram que a proteína Cap ORF2-codificada era um potente imunógeno, induzindo a proteção contra o desafio subsequente com o PCV2, ao passo que a proteína Rep, produto de ORF1 era fracamente imunogênica. Proteção imunitária foi atribuída à forte resposta precoce de anticorpos induzida pela Cap, mas não pela Rep. No mesmo estudo, a proteção induzida pelo DNA e por vacinas de

subunidade também foi comparada. Interessante notar que enquanto a resposta imune obtida pela vacina de subunidade neutralizou a infecção pelo PCV2, a vacinação com o DNA pareceu promover a replicação do agente nos suínos(15). Em contraste, utilizando como modelo um trabalho realizado com roedores, Shen et. al. (2008) concluiu que a imunização com uma vacina produzida a partir de um plasmídeo de ORF2 (ORF2p) resultou em maior eficácia diante do desafio com o PCV2, comparativamente à proteína Cap. Adicionalmente, ainda que ambos os sistemas tenham eficácia comparável na indução de respostas linfo proliferativas e Cap específicas para células T CD4+, a ORF2p foi superior à proteína Cap no desencadeamento de células T CD8+ e restauração das respostas dos anticorpos à neutralização viral. Foi sugerido, por essa razão, que as células T CD8+ e as respostas NA teriam papel crucial na indução da proteção vacinal contra o PCV2. Outros estudos, realizados com vetores virais vivos, mostraram que viroses recombinantes que expressam Cap podem induzir repostas humorais específicas e/ou respostas de proliferação de linfócitos ao PCV2(76, 197, 196, 175, 47, 140, 197) . Entretanto, a imunogenicidade desses produtos foi testada na maioria das vezes em ratos, sendo a eficácia em suínos demonstrada uma única vez e em apenas um deles(197). Confira na próxima edição a segunda parte do trabalho de atualização sobre Circovírus Suino - PCV2. Referências Bibliográficas estão disponíveis no site: www.suinosecia.com.br

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Revisão Técnica Revisão Técnica Resumo da 41ª Reunião Anual da Associação NorteAmericana de Veterinários Especialistas em Suínos (AASV)

Resumo da 41ª Reunião Anual da Associação Norte-Americana de Veterinários Especialistas em Suínos (AASV)

Prof. Dr. Antonio Palomo Yagüe Diretor da Divisão de Suínos SETNA NUTRICION SA – INZO apyague@yahoo.com

Introdução

N

o recente congresso Anual da Associação de Veterinários Especialistas em Suínos da América do Norte, ocorrido em março na cidade de Omaha no estado de Nebraska, o especialista Dr. Antonio Palomo nos descreve de modo ordenado os principais temas abordados durante a reunião. Confira abaixo os índices dos assuntos, resumos e apresentações que nosso consultor nos preparou.

- Gestão geral

-Vírus da gripe -Vírus PCV-2 - Mycoplasma hyopneumoniae - Haemophilus parasuis - Actinobacillus pleuropneumoniae - Complexo respiratório suíno - Transtornos digestivos

- Sanidade geral

- Nutrição

- Vírus da PRRS

- Reprodução

Gestão Geral LOWE, J.  O que podemos fazer para implementar soluções mais eficazes na produção de suínos? Para isso, é importante que falemos o mesmo idioma e que saibamos como dirigir economicamente nosso negócio. Devemos trabalhar no sentido de aumentar nossos conhecimentos na biologia, finanças e recursos humanos, baseados – é claro – nas necessidades do mercado. Nosso trabalho deve ser desenhado com base na otimização dos recursos e na implementação de processos que melhorem a margem e – nem tanto – reduzam o custo. Uma referência para se aumentar a produção de modo rentável é ter uma sanidade estável, o que tornará mais fácil antecipar as medidas de ação e de minimização dos riscos. Desta forma, os procedimentos de trabalho podem ser realizados de modo repetitivo e constante, mais ajustados à biologia do sistema de produção. Para a criação destes métodos de trabalho, devemos nos basear em conhecimentos científicos precisos, assim como no desenvolvimento de provas com rigor técnico, tanto na sua elaboração como no seu desenvolvimento. Isso implica no desenvolvimento das melhores soluções dos problemas, com base biológica. No manejo dos procedimentos de tra-

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Revisão Técnica balho para a solução de problemas, devemos nos assegurar da verificação de todas as causas possíveis, implementando, ao mesmo tempo, aquelas medidas de simples compreensão e aplicação, que sejam também rentáveis. Para isso, devemos contar com a boa influência do elemento humano, que deverá ser incentivado e, em cujos conflitos, devemos intervir como líderes efetivos. Devemos criar, desde o princípio, a cultura das coisas bem feitas entre o elemento humano, fazendo com que os mesmos sintamse seguros, motivados e considerados, além de verem seu trabalho apreciado e com oportunidades para trazer idéias e corrigir eventuais erros. A formação e o treinamento de pessoas devem ser considerados essenciais, uma vez que, para implementar qualquer norma de trabalho, é mais simples entender o que fazer e como fazer, se já sabemos o porquê. DAVIES, P.  40% da população norte-americana era rural em 1990, frente a 2% em 2010. Os consumidores atuais demandam segurança alimentar e rastreabilidade. Os opositores à produção intensiva baseiamse em razões sociológicas, éticas, ambientais e sanitárias. Considera-se fundamental dar informações corretas à população, com base científica e racional, já que a má informação é mais perigosa do que a ignorância. Temos exemplos recentes com a nova cepa viral da gripe H1N1, cujo primeiro caso demonstra-se – hoje em dia – não ter acontecido com o menino Edgar Hernández, na granja Gloria (do grupo Smithfield), mas sim com outro menino, em San Luis de Potosí, o qual não tinha nenhum contato com suínos. Atualmente, nos EUA, a carne suína está mais segura do que nunca (menor incidência de Taenia sp, Trichinella spiralis, Toxoplasma sp, Yersinia sp, Listeria sp e Campilobacter sp – 30% a 50% menos prevalentes do que há 10 anos). As Suínos & Cia

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infecções

clínicas

de

pessoas acometidas pelo MRSA (Staphylococcus aureus resistente a meticilina) são mais restritas, comparativamente às adquiridas em hospitais. Até o momento, os animais são considerados não significativos, como reservatórios, na epidemiologia das pessoas frente ao MRSA. Provar é simples, embora a realidade e sua explicação sejam complexas. Devemos propiciar uma percepção correta da suinocultura, por meio de pessoas normais e razoáveis, o que influenciará o futuro da nossa indústria. Desse modo, a mensagem, os mensageiros e os mecanismos que empregamos para informar a população são essenciais, bem como de onde vêm e como lidamos com eles. HENSCH, M.  Em uma granja de 3.800 matrizes, foram castrados 100 leitões, com idade variando entre nove e onze dias e provenientes de 24 leitegadas. Nas duas horas seguintes à castração, os leitões passam mais tempo deitados. Os níveis de cortisol plasmático sobem, tanto nos castrados como nos que são apenas manipulados (30 segundos para castrar, frente a 20 segundos os conter). GATEY, R.  A eutanásia, realizada com níveis de CO2 entre 80% e 90%, revela-se eficaz em 5 segundos. THOMAS, P. R.  A doença do coração de amora manifesta-se como morte súbita em leitões e suínos mais velhos aparentemente sadios, com miocardite hemorrágica aguda e necrose do miocárdio, não havendo uma relação clara entre ela e as deficiências de selênio e vitamina E. Em um estudo realizado com 83 leitões acometidos pela doença, não foram encontradas diferenças significativas nos níveis de vitamina, no coração e no fígado. No coração de leitões com a doença foram encontrados níveis mais altos de sódio.

MATZAT, P.  Podem ocorrer variações nas oportunidades de benefício, dentro e entre os sistemas de produção. Uma oportunidade de benefício importante, muito comum no abate, é aquela representada pelas perdas por variações de peso individuais. O peso ótimo de abate, para a obtenção de um benefício máximo, varia conforme o preço do suíno, o peso da carcaça, os custos de produção não fixos e as oscilações na qualidade. Suínos sacrificados abaixo do peso, abates forçados e mortalidade de animais já prontos para o abate causam impacto no potencial de benefício. Para se definir o peso de abate ideal é preciso entender bem o impacto da sanidade, nutrição, genética e manejo, sobre a curva de crescimento de cada grupo de suínos. Do mesmo modo, as políticas de descontos e bônus em abatedouros são críticas para a obtenção do benefício máximo. A produção de uma quantidade maior de peso, com valor e de forma eficiente, determina um aumento no benefício. ABELL, C.  A melhoria genética é avaliada pela evolução do período no qual a porca se dedica à reprodução. Uma porca se paga ao redor do 3º e 4º partos. Define-se como 42,3% o valor para uma taxa anual de reposição; o valor de US$ 22,00 para um leitão nascido; um custo de US$ 1,54 por kg de leitão desmamado e um valor de US$ 0,17 por dia de permanência da porca no setor de recria. A porca deve ser mantida na granja pelo período de tempo em que ela produza em nível rentável. Em diferentes estudos, o intervalo para sacrifício de fêmeas variou entre o 4º e o 9º partos, enquanto que este estudo concluiu que o parto máximo para a renovação de fêmeas seria o 7º. RATHIE, T.  O número total de leitões nascidos e de nascidos vivos tem baixa herdabilidade (de 0,05 a 0,12). A empresa Danbred incorpora em sua linha materna, desde 1992, o melhoramento do parâmetro Ano VI - nº 35/2010


Revisão Técnica nascidos totais, melhorando três leitões em duas décadas (entre 2004 e 2008 aumentaram em 1,74 o número de nascidos vivos). A correlação genética dos leitões nascidos nas linhas maternas Landrace e Yorkshire é de 0,344 e 0,575, respectivamente. 75% das baixas na lactação ocorrem nos primeiros cinco dias de vida. TAYLOR, S.  A castração de leitões (entre cinco e sete dias de vida) com anestesia (ketoprofeno, a 1 mL/50 kg PV) tem um custo estimado de € 0,22/leitão. DONOVAN, T.  Os médicos veterinários envolvidos na suinocultura necessitam ser líderes na área de bem-estar animal, protegendo a saúde e evitando o sofrimento. Devem criar uma cultura, desde a granja, que priorize o bem estar animal a cada dia. Nesse aspecto, a formação de pessoal é essencial. O Conselho Nacional de Suinocultores Norte-americanos (NPPC) instaurou, desde setembro de 2009, um Código de Conduta de Bem-Estar Animal. DUBOIS, P.  Os consumidores exigem que os alimentos sejam seguros e produzidos de forma ética e responsável. As pautas de bem-estar devem ter base muito mais científica e lógica do que emotiva.

sendo preferível realizar esse treinamento dentro da própria granja. IRWIN, C.  Foi realizada uma revisão em cinco bases de dados relativas à eutanásia, encontrando 4.562 referências. Entre as amostras, apenas 20 estudos tratavam de atordoamento elétrico, 18 de atordoamento com gás e seis comparavam ambas as técnicas. Poucos são os estudos que os correlacionam com o estresse, dor, tempo e eficácia da morte do animal. DANIELS, S  O uso da eutanásia com CO2 (dióxido de carbono) vem sendo incrementado, na prática. Vários gazes e suas misturas (CO2, CO, óxido nitroso e argônio) têm sido avaliados, sendo o primeiro, o mais aceito. DENICOURT, M.  A eutanásia deve causar uma perda rápida da consciência e a morte imediata (vem do grego: eu = boa e thanos = morte). As técnicas de eutanásia baseiam-se em três princípios: hipóxia cerebral direta ou indireta, depressão direta de neurônios vitais e interrupção física da atividade cerebral. São conhecidas duas técnicas de eletrocução de um e de dois passos. Não são recomendadas para leitões com menos de cinco

quilos. É utilizada uma voltagem de 120 V a 60 Hz nos EUA, e de 240 V a 50 Hz na Europa, com um mínimo de 1,3 A, de 3 a 5 segundos. Os eletrodos devem ser de boa qualidade (resistentes à corrosão e fáceis de limpar) e com alta condutividade (cobre e alumínio). RUTH, R.  Como podemos vender mais carne suína? Atribuindo um valor agregado aos seus produtos, prestando atenção ao real concorrente (o frango) e estabelecendo um atrativo comercial equilibrado com o que produzimos. Para isso, deve-se trabalhar na criação de novos produtos, assim como na sanidade dos mesmos. Em tempo, é necessário inovar em processos para aproveitar as partes da carcaça de baixo valor e apresentá-las como produtos de grande sabor e preço bom. Assim, o pacote único deve oferecer flexibilidade de uso suficiente para o consumidor. O preço real e a margem de benefícios serão repartidos entre os membros da cadeia alimentar (produtores, abatedouros, processadores, distribuidores e cadeias de alimentação). “Temos uma porção de oportunidades diante de nós”. TOKACH, L.  Esta é a oportunidade de nos reinventarmos. Deve-

MORROW, M.  O percentual da população que de se dedica à suinocultura tem decrescido drasticamente nos EUA durante o último século, estando, hoje, em torno de 2%. O processo de eutanásia no ambiente de granja coloca alguns trabalhadores em situação de ansiedade (7,5%, neste estudo), devendo o encarregado geral da granja estar sensível a esse fato no momento da distribuição desse tipo de trabalho, de modo a fazê-lo apenas entre aquelas pessoas preparadas mental e fisicamente para tal atividade. É necessário formar e treinar adequadamente as pessoas responsáveis pela realização desse tipo de prática, Ano VI - nº 35/2010

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Revisão Técnica mos ajudar nossos produtores a fazer um negócio mais sólido e eficiente, baseado na otimização da produção, em lidar com os riscos, na redução de custos, na avaliação dos imputs econômicos e todo isso alinhado com a gestão financeira. HALBUR, P.  De forma similar à suinocultura, as universidades públicas estão trabalhando em um dos momentos financeiros mais difíceis de sua história, na transição de “financiadas pelo Estado“ para “assistidas pelo Estado“. É necessário incorporar cursos de formação em bem-estar animal, partindo de sua base científica e ética, assim como de segurança alimentar. Nos EUA, há 28 faculdades de veterinária, onde se graduam uns 2.500 alunos a cada ano. Alguns números da prática veterinária nos EUA: 308 milhões de habitantes, 794.893 médicos, 90.000 veterinários e cerca de 67.000 suinocultores. Na área de segurança alimentar, trabalham 6.000 veterinários e a AASV (Associação Americana de Veterinários de Suínos) tem 1.578 membros, dos quais 757 estão envolvidos na suinocultura.

Sanidade Geral BYERS, E.  Revisão de 16.000 artigos sobre problemas locomotores em porcas, concluindo que mais de 40% delas são sacrificadas por aprumos irregulares. Entre os artigos revistos, 799 foram selecionados e 20 foram analisados em profundidade, chegando-se à conclusão de que a principal causa das manqueiras é a osteocondrose. Outras causas possíveis são as de origem genética, estrutura anatômica, nutrição, crescimento e tipos de instalações. FRIENDSHIP, C.  Síndrome Catabólica Pós Desmame, já descrita por DUFRESNE em Leman, 2008. Ocorrida no Canadá, em uma granja negativa para PRRS e para Mycoplasma hyopneumoniae, com leitões vacinados contra PCV2. Em Suínos & Cia

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abril de 2009, foi observada uma perda de peso a partir de duas semanas depois do desmame e mortalidade excessiva (inicialmente entre 5% e 6%, chegando a 9% em junho). Não há nenhum outro sinal clínico digestivo, nem respiratório, característico de alguma doença, e o problema se encerra sozinho, sem que seja preciso tomar nenhuma outra medida. McNUTT, A.  Estudou a infecção causada pelo Torque Teno Vírus (TTV) em 10 sistemas de engorda comerciais positivos para os vírus da PRRS, PCV2 e o vírus da gripe. Concluiu-se que 80% deles são positivos para o TTV-2, 20% para o TTV-1 e 7% para ambos. Vírus do tipo DNA, sem envoltório, do gênero Anellovirus e família Circoviridae, identificado em suínos, aves, vacas, cordeiros, gatos e cães. Não foi possível reproduzir a doença e sua patogenia continua desconhecida. SHEPHERD, G.  Estima perdas anuais da ordem de US$ 155 milhões devido a infestações por parasitas internos. Considera que 74,7% das reprodutoras e 30,6% dos suínos de engorda foram tratados regularmente, em 2006. Fez um estudo em 2.894 amostras de fezes, coletadas de 40 granjas, com um total de 44.050 suínos e identificou o Ascaris suum

como sendo o parasita principal, detectado em 25% das granjas. 38,1% das engordas foram positivas (em uma delas foi encontrado Trichuris suis). SIEGRIST, M.  O Streptococcus suis pode ser uma bactéria secundária, associada a infecções primárias pelo vírus da PRRS. Em uma granja com sinais clínicos persistentes de S. suis há cinco anos, ele foi isolado do cérebro e das meninges, o que sugere infecção sistêmica, em vez de flora natural. Os fatores de manejo e ambiente são determinantes para a presença de Streptococcus suis. OPRIENSSNIG, T.  Os isolamentos de Erysipelothrix sp dividem-se em quatro grupos: E. rhusiopathiae, E. tonsillarum, E. sp cepa 1 e E. sp cepa 2. A E. rhusiopathiae 1 causa erisipela aguda septicêmica, e a E. rhusiopathiae 2 está relacionada às formas subagudas e crônicas. As vacinas comerciais comuns baseiamse no sorotipo 1. Desenvolveu uma técnica de PCR em tempo real que detecta a proteína SPA para poder conhecer o sorotipo e definir o tipo de vacina (interessante, no caso de falhas vacinais). CHASE, C.  O epitélio da mucosa intestinal constitui uma barAno VI - nº 35/2010



Revisão Técnica de desinfetante, assim como um programa adequado de adoções/ cessões e um bom manejo do meio ambiente são considerados essenciais.

reira física, sendo a primeira linha de defesa da imunidade inata (por meio da secreção de fatores de proteínas solúveis). Estes fatores incluem as citoquinas pró-inflamatórias (interleuquina 8, TNF-alpha, IL-1B e fatores quimiotáticos, como monócitos e granulócitos). Outras proteínas secretadas nas mucosas são os peptídeos antimicrobianos, que incluem as defensinas e as cateliciclinas. A superfície da mucosa representa o maior órgão imunológico do corpo, e o intestino contém a maior concentração de anticorpos do que qualquer outra parte do organismo. O leitão não é imunocompetente até as quatro semanas de vida, sendo que até a sexta semana não há população linfóide de células T e B. Para a maturação do tecido linfóide da mucosa intestinal, é preciso que ocorra a colonização do mesmo pelas microfloras comensal e patógena, obtendo-se, assim, uma primeira resposta das células T-helper. O intestino contém 1012 linfócitos e é colonizado por uns 400 tipos distintos de bactérias. As dietas fornecidas no desmame, que contenham proteínas de alta digestibilidade, aumentam a saúde da mucosa. GRIFFITH, R.N.  Atualmente há cerca de 70 bactérias capazes Suínos & Cia

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de causar doenças nos suínos (entre as 1.000 diferentes que o colonizam e as 30 milhões existentes no mundo). No suíno adulto encontramos 1015 células bacterianas e as mudanças na sua flora normal, durante períodos críticos, podem impactar sobre a saúde dos mesmos. ROSSOW, K.  A ocorrência de infecções bacterianas em leitões neonatos depende da idade de aparição, do número de leitões acometidos, da severidade, recorrência em outras baias de parição e similaridade com o mesmo agente infeccioso posterior ao desmame. Morbidade e mortalidade altas sugerem um novo agente na granja, enquanto que alta morbidade e baixa mortalidade podem corresponder a uma proteção parcial frente a uma nova bactéria, mudança na dose infectante ou mudanças ambientais. Baixas morbidade e mortalidade sugerem que os agentes infecciosos e a dose infectante são similares, mudando os fatores ambientais. Grande parte dos bons resultados em suínos de engorda é iniciada com programas que limitam a exposição aos patógenos nas salas de partos. Os vazios sanitários estritos, com rotação

FITZSMMONS, M.  A saúde, não necessariamente, é sinônimo da falta de sinais clínicos, mas sim de que os parâmetros produtivos não sejam afetados em nenhum caso. Um programa adequado de reposição de marrãs é básico para a redução do risco de doenças na granja, após a entrada das mesmas em produção. O uso de cada vacina deve ser decidido individualmente, baseado em sua eficácia e no valor das melhorias promovidas por ela versus o custo de intervenção (valor da vacina mais a sua aplicação). Não se recomenda o uso de vacinas em doses parciais, nem em desacordo com a sua prescrição e autorização (decisão versus responsabilidade).

Vírus da PRRS (Síndrome Respiratória e Reprodutiva Suína) PITKIN, A.  O vírus da PRRS (PRRSv) é transmitido por aerossóis. A instalação de filtros de fibra de cristal reduz o risco desse tipo de transmissão. Têm sido descritas falhas nesse sistema devido a danos causados nos filtros, durante o processo de montagem e instalação. CHERRY, J.  Entre maio de 2005 e agosto de 2009 foram analisadas as medidas de biossegurança dos centros de inseminação artificial, (CIA) responsáveis pelo fornecimento de doses seminais para 620 granjas, de 24 Estados norte-americanos, num total de 1.439.000 reprodutoras (23,9% do valor determinado pelo censo dos EUA – que tem, atualmente, 6.011.000 reprodutoras em nível nacional). 21% das referidas granjas são de genética e 79% são de proAno VI - nº 35/2010


Revisão Técnica dução. 96,8% delas recebem sêmen de um CIA externo, onde somente 35,5% dos cachaços são checados por PCR. Verificando a rotina das análises dos cachaços encontramos que 37,3% deles são analisados semanalmente, que 26,2% é analisado por pool em cada re-coleta de sêmen e que 15,7% é analisado mensalmente, mediante pool em todos os casos. Em apenas 2,3% dos casos se faz PCR de cada recoleta de sêmen, o qual é distribuído a 39,7% das granjas de genética e tão somente a 25,1% das granjas de produção comercial. Entre 2006 e 2007 foram feitas análises de cada amostra, enquanto que entre 2007 e 2008 esse número mudou para 38,5%. CARMICHAEL, B.  O teste de PCR é relativamente caro, mas seu custo pode ser reduzido mediante análises por meio de pools. Foram testados pools de 5 a 10 leitões, de duas granjas de 5.000 matrizes negativas para PRRS. A sensibilidade foi de 100% e cada amostra de PCR lhes custou US$ 6,00. O risco potencial de redução da especificidade se deve a contaminações cruzadas dos pools, no próprio laboratório. O sistema de adoções/ cessões deve ser interrompido quando os leitões estiverem excretando vírus.

MUÑOZ, R.  Foram tomadas amostras de soro e pool de fluido oral (saliva e exsudatos orais) de suínos expostos ao PRRSv, tendo sido detectado o agente em ambos os casos, nas duas semanas posteriores e com uma alta correlação; a prova de PCR em tempo real foi efetiva para amplificar o RNA viral. McKINNEY, J.  Vacinas produzidas a partir do PRRSv modificado não promovem uma proteção completa, não sendo possível diferenciar suínos infectados de vacinados. Este tipo de vacina reduz a excreção viral e o autor desenvolveu duas vacinas experimentais, de subunidades recombinantes. HARRIS, H.  Desenvolveu duas vacinas recombinantes baseadas na expressão da proteína viral GP5 e sua matriz protéica, por meio de replicações alfavírus. Leitões com quatro a sete semanas de vida são vacinados e infectados com cepas heterólogas na 10ª semana, o que causa uma redução da viremia. MURTAUGH, M.  Para muitos produtores, o ponto crítico do controle do PRRSv em granjas endêmicas é a prevenção da transmissão

das porcas gestantes a seus leitões. A inoculação de soro com cepas de alta virulência, no plantel de reprodutores, não é completamente efetiva na prevenção das reinfecções e da manifestação da doença no final da gestação. WAGNER, M.  ELISA positivo em porcas em final de gestação, pós-infecção, não significa necessariamente que nasçam mais ou menos leitões virêmicos (observação feita por meio da prova do PCR). Há uma tremenda variação na resposta clínica à infecção de nulíparas, sendo possível que muitos leitões PCR positivos não manifestem nenhum tipo de sinal clínico. Os leitões virêmicos clinicamente nem sempre são identificáveis, dependendo muito do isolamento viral. O soro utilizado para o diagnóstico deve ser de muito boa qualidade.

Vírus da Gripe OLESON, J.  Os isolamentos de vírus de gripe contendo segmentos genéticos dos vírus humano, avícola e suinícola são frequentes na espécie suína. A recente pandemia, nos EUA e Europa, refere-se a um vírus de gripe que contém segmentos gênicos humanos, avícolas e de origem suína. Sua transmissão, do

HOLTKAMP, D.  Realizou um estudo em 205 granjas negativas para a PRRS, nos EUA, entre maio de 2006 e agosto de 2008, analisando as 32 principais medidas de biossegurança e determinando o tempo em que essas granjas permaneceram negativas. 92% delas permaneceram negativas por mais de um ano, particularmente aquelas localizadas nas zonas de baixa densidade suína. Os principais fatores de risco são o trânsito de caminhões e pessoas entre as granjas, assim como a entrada de animais e sêmen. Os meses de inverno, nos EUA, são mais favoráveis para a transmissão viral. O PRRSv é sensível à exposição frente a radiações ultravioleta (igual ao vírus da gripe). Ano VI - nº 35/2010

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Revisão Técnica suíno para o homem, foi demonstrada experimentalmente, mas a cinética de replicação do vírus da gripe, sua patogenia e resposta imune humoral variam, entre diferentes isolamentos virais. DETMER, S.  Foram infectados, por via intra-traqueal, 48 leitões com três semanas de idade, negativos para o vírus da gripe. A infecção foi confirmada pela análise de amostras de soro, swabs nasais e fluidos orais, tomadas antes e depois da infecção. Nos fluidos orais, por meio da prova de PCR por tempo real (PCR-RRT), foram identificados vírus a partir de 24 horas pós-infecção. VANDERVEN, R.  A nova variante H1N1 continua circulando na população humana mundial. O gene HA, do vírus A/Califórnia/04/2009, foi sintetizado comercialmente e inserido em um vetor replicador alphavírus, utilizando um local de restrição único. Nos animais ela promove títulos de proteção e reduz a excreção viral, diminuindo as lesões pulmonares macroscópicas e histopatológicas. WINKELMAN, N.  O vírus da gripe é altamente contagioso e infectante, entre os suínos e as instalações. Foram utilizados 42 suínos, negativos para PRRS e gripe, os quais foram infectados e tratados com ibuprofeno via água de bebida durante 15 dias (3 mg/kg PV). Observou-se uma redução nos sintomas clínicos (febre) e uma melhora no consumo de ração. IRWIN, C.  A persistência do vírus da gripe na água é facilitada, no caso de temperatura entre 0 e12º C e pH neutro (entre 6 e 8). LENZ, S.  O vírus da influenza, em conjunto com a infecção pelo vírus PCV2b, são fatores associados à circovirose suína, determinando uma maior excreção do vírus da gripe pela via nasal e um aumento na circulação do vírus PCV2. Suínos & Cia

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VINCENT, A.  Em 11 de junho de 2009, a OMS declarou uma pandemia do vírus da gripe, em grau 6. Nos EUA, múltiplos sorotipos do vírus da gripe endêmico (H3N2, H1N1 e H1N2), com uma grande variedade de genes suínos, avícolas e humanos circulam ao mesmo tempo na maioria das regiões tradicionais de suinocultura, desde 1997 a 1998. Assim sendo, a maioria das granjas de suínos nos EUA tem imunidade significativa contra o vírus H1N1A/2009, desde a primeira vacinação ou exposição natural. BROCKHOFF, E.  Em 2 de maio de 2009, na cidade de Alberta (Canadá), foi notificada a presença do vírus H1N1 humano em uma granja de suínos de 220 matrizes, de ciclo completo. A granja era positiva para a PRRS, Mycoplasma hyopneumoniae e Actinobacillus pleuropneumoniae sorotipo 5. Em 17 de outubro de 2007 se diagnosticou nessa mesma granja o PCV2, tendo se iniciado então a vacinação, com um produto de duas doses. Em novembro de 2004, com a entrada de um lote de reposição, o vírus H1N1 foi diagnosticado por sorologia, sendo utilizada na ocasião uma vacina inativada comercial (Maxivac™ H1N1) de duas doses, em todo o efetivo reprodutor. Nos próximos quatro a cinco anos não se utilizou a vacina e não houve nenhum sintoma clínico de gripe.

Vírus PCV2 CROSLAND, N.  Estudou dois testes para diferenciar animais infectados e vacinados. Usou a proteína ORF1, cuja presença de anticorpos frente à mesma indica exposição do suíno ao vírus vivo. Reconheceu uma região, entre os aminoácidos 169 e 180, que determina infecção e não proteção frente à vacina com o baculovírus ORF2. Não nos serve para determinar o nível de proteção individual dos animais.

RAMAMOORTHY, S.  Os leitões não vacinados desenvolvem anticorpos contra o vírus de campo, os quais dificilmente podemos diferenciar dos anticorpos maternais. A vacina Circumvent™ PCV não induz a produção de anticorpos frente ao antígeno SF9 e sim frente ao ORF2, o que indica ser o referido antígeno um componente não fundamental da vacina, ou que não tenha suficiente capacidade imunogênica. OPRIESSNIG, T.  O PCV2b espalhou-se recentemente pelos EUA, onde, atualmente, mais de 85% dos suínos que são abatidos têm sido previamente vacinados. Foi realizada uma prova vacinando-se 63 leitões de 21 dias de idade com cinco programas vacinais de uma e duas doses, sendo todos eles efetivos na redução da viremia, quando expostos ao vírus depois da vacinação. Os anticorpos maternais tampouco interferiram na eficácia das vacinas (Suvaxyn™ PCV2, uma e duas doses; Ingelvac™ Circoflex, uma dose e Circumvent™, uma e duas doses). Das três vacinas comerciais disponíveis nos EUA, desde 2006, duas são produzidas com base no baculovírus e expressam a proteína ORF2 e a terceira é feita a partir de um vírus PCV1-2 quimérico inativado. 60 leitões com e sem imunidade maternal foram vacinados com Suvaxyn™ PCV2 One, por via intramuscular e intradérmica, com resultados efetivos em termos de indução de anticorpos neutralizantes, redução da viremia e das lesões associadas ao PCV2, inclusive em co-infecções com o PRRSv. Em outro grupo de 60 leitões, comparou-se as vacinas de uma e de duas doses, não tendo sido encontradas diferenças com relação à viremia e as lesões de tecido linfóide, entre ambos os esquemas vacinais. CONNOR, J.  Foram vacinados 920 leitões com 20 ± 2 dias de idade, positivos para o Mycoplasma hyopneumoniae e o vírus Ano VI - nº 35/2010



Revisão Técnica resultando na redução – em ambos os casos – da mortalidade e da viremia, assim como aumentando o ganho médio de peso diário, durante um surto de infecção aguda pelo PCV2, na fase de engorda. O incremento da viremia correspondeu à redução do ganho médio de peso diário.

PCV2, os quais foram observados durante as oito semanas posteriores. Foram separados em três lotes, para comparação da vacinação mista de duas vacinas experimentais com meia e duas doses completas, frente a uma dose de 2 ml de CircoFlex™ + MycoFlex™, obtendo-se em todos os casos, redução da mortalidade e mais peso no momento do abate. Não foram observadas diferenças no índice de conversão alimentar, nem no percentual de suínos enviados ao abate. JOISEL, F.  Circovac™ foi introduzida na Europa em 2004. Foram expostas diferentes provas realizadas na Alemanha, somente com a vacinação de porcas (233 granjas), onde se observou redução da mortalidade (de 8 para 3,1% na creche e de 5,7 para 3% na engorda), com melhora do ganho médio de peso diário, da ordem de 7,6 g/dia em leitões e de 25 g/dia na engorda. Em uma prova realizada na França com duas vacinas, aplicadas seis e três semanas antes do parto nas porcas e às seis semanas de vida nos leitões (dose de 0,5 ml), durante 3 anos, houve melhora do ganho médio de peso diário, do desmame à engorda, em 132 g/dia e a mortalidade passou de 8,5 para 4,91%. Suínos & Cia

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Em provas realizadas no México, a vacinação de leitões com dose única de 0,5 mL, resultou na redução da mortalidade de 23,62 para 5,67%. Na Alemanha, em um total de 46.000 suínos houve redução da mortalidade, tanto na creche como na engorda, além de um aumento do ganho médio de peso diário da ordem de 19,6 g. Na França, vacinando-se porcas e um total de 63.500 leitões, foram obtidos resultados similares. Em outra prova, conduzida na Polônia com diferentes protocolos de vacinação, concluiuse que a melhor taxa de crescimento diário foi obtida com a vacinação de porcas e leitões. SUPRENANT, C.  Prova realizada com 350 leitões que sofreram uma infecção viral conjunta de PCV2 + PRRS, foram vacinados com Circumvent™ às três e seis semanas de idade e não manifestaram variações na mortalidade, frente ao lote controle, mas sim uma melhora na viremia, excreção viral e ganho médio de peso diário. VILACA, K.  Selecionados 2.146 leitões de uma granja livre de PRRS e Mycoplasma hyopneumoniae, nos quais se aplicou uma ou duas doses completas de Circumvent™ PCV,

BRETEY, K.  Estudo realizado com 27.500 suínos, nos quais se detectava a presença do vírus PCV2 no começo da fase de engorda e do PRRSv no final da fase de creche/ princípio da fase de engorda. Foram vacinados conjuntamente, as três semanas de idade, com Ingelvac™ CircoFlex e Ingelvac™ PRRS MLV. Houve uma redução nos índices de mortalidade, com o controle e a melhora do ganho médio de peso diário e do percentual de suínos enviados ao matadouro. BAYSINGER, A.  Vacinou leitões com altos e baixos títulos de anticorpos maternais as três semanas de vida, com 1 ml de CircoFlex™, não tendo sido detectada nenhuma diferença no nível de mortalidade, tampouco no ganho médio de peso diário, durante os 128 dias posteriores. MILLER, D. L.  Vacinou leitões com as três vacinas aprovadas nos EUA, obtendo um incremento nos títulos entre 21 e 42 dias de idade e um decréscimo no restante dos 144 dias de idade (exceto com a vacina de duas doses), demonstrado pela prova de imunofluorescência. Pelo PCR, houve um decréscimo no número de animais com genoma viral no soro. O ganho médio de peso diário foi similar em todos os grupos. REINDL, M.  As infecções subclínicas por PCV2 são frequentes e podem ocorrer na ausência de co-fatores. A vacinação não previne a replicação viral. Foram selecionados 2.146 suínos de Ano VI - nº 35/2010


Revisão Técnica engorda, negativos para o PRRSv e Mycoplasma hyopneumoniae, os quais foram infectados com o PCV2 após a vacinação, realizada em dois esquemas distintos: uma e duas doses. A vacinação reduziu a mortalidade e melhorou o ganho médio de peso diário (mais a de duas doses) durante a infecção aguda pelo PCV2, no final da fase de engorda. MILLER, J.  O PCV2 atua na fisiopatologia da Síndrome de Dermatite e Nefropatia Suína (PDNS). Recentemente foram descritos vários casos de PDNS na fase de terminação de suínos negativos para o PCV2, ocorrendo entre sete e oito semanas pós alojamento (granjas no Estado de Illinois/EUA, com 2.500 e 5.000 matrizes). A PDNS foi descrita pela primeira vez no Reino Unido, em 1993, acometendo suínos de dois a sete meses de idade, com prevalência menor do que 1% e mortalidade de 80%. A presença de lesões hemorrágicas e necróticas na pele, associadas à vasculite e à glomerulonefrite são evidentes. PETZNICK, T.  Concluiu que o uso de metade da dose, de uma vacina comercial em quadros subclínicos, resulta em piores dados de ganho médio de peso diário e mortalidade que o uso da dose completa. Por isso recomenda a avaliação da relação custo-benefício antes da tomada de decisão. PATTERSON, A.  O uso de proteína de plasma não demonstrou – nesse estudo – a produção de soroconversão e tampouco de viremia, durante os 45 dias de administração da mesma. Entretanto, demonstrou que a aplicação de quatro desinfetantes foi efetiva para evitar a transmissão do PCV2 (Virkon™, Synergize™, Clorox™ e Quat20™).

Mycoplasma hyopneumoniae TAYLOR, M.  Estudo de Ano VI - nº 35/2010

lesões em 344 suínos, mediante avaliação por necropsia visual, táctil e por imagens. Há uma correlação entre análise por palpação do pulmão e o uso de imagens. ROE, C.  O período de incubação do Mycoplasma hyopneumoniae vai de duas a oito semanas. O diagnóstico mais efetivo está embasado no exame realizado no abatedouro e nas amostras coletadas de pulmão. Foram tomadas amostras de exsudatos nasais, soro e fluidos orais, analisados por ELISA e PCR. Determinou-se que a bactéria está presente às 8 semanas de infecção em 45% dos soros, 72% dos swabs nasais e 100% dos fluidos orais. GREYNER, K.  Em uma granja de ciclo completo, com 5.700 matrizes, os leitões foram vacinados com uma só dose na terceira semana de vida ou com duas doses, aos três e aos 17 dias de idade. Foram infectados com o Mycoplasma hyopneumoniae duas semanas mais tarde e não foi encontrada nenhuma diferença na mortalidade e no ganho médio de peso diário, entre ambos os grupos. STRAIT, E.  O Mycoplasma hyopneumoniae é um patógeno imunomediador com diferenças na virulência de suas cepas, de modo que a proteção vacinal é variável em cada caso, não se coincidindo muito bem a proteção heteróloga. As vacinas reduzem as lesões e melhoram o ganho médio de peso diário dos leitões infectados, embora não previnam a colonização. A prevalência, no desmame, prediz as lesões no abatedouro e os sistemas de adoções/ cessões interferem com a transferência da imunidade celular. Por tudo isso, não há apenas uma estratégia vacinal e os protocolos de vacinação devem ser adaptados a cada granja, com base nas suas condições e em novos conhecimentos sobre a imunidade frente à referida bactéria.

LEVY, N.  O Mycoplasma suis (formalmente chamado de Eperythrozoon suis) é uma bactéria intracelular responsável pela anemia hemolítica mediada imunologicamente. A análise de amostras de sangue para esse tipo de agente, por PCR em tempo real, é bastante sensível. O impacto dessa doença sobre a saúde dos suínos é irrelevante.

Haemophilus parasuis BROCKMEIER, S.  Os padrões da doença indicam que os anticorpos maternais protegem o leitão precocemente. As práticas de manejo que determinam a colonização intermitente de leitões resultam em uma exposição à bactéria quando os mesmos se misturam ou perdem a imunidade maternal. As co-infecções com outras bactérias ou vírus aumentam a susceptibilidade à infecção, sendo frequentes as infecções por vários sorotipos em uma mesma granja (ou, inclusive, em um mesmo indivíduo). As cepas patogênicas tendem a colonizar a cavidade nasal. Pouco se sabe sobre os fatores de virulência e os antígenos de proteção (técnicas de bioinformática). OLIVEIRA, S.  No Laboratório de Diagnóstico Veterinário, a partir de 100 isolamentos clínicos, foram tomadas 14 cepas de Haemophilus parasuis, as quais foram sequenciadas por PCR múltiplo para determinar a presença do gene vtaA (apenas in vivo). O mesmo foi identificado em todos os sorotipos patogênicos, não estando presente nos não patogênicos.

Actinobacillus pleuropneumoniae (APP) COSTA, G.  80 suínos APP negativos foram infectados com diferentes sorotipos (1, 3, 5, 7, 10, 12 e 15), convertendo-se em portadores. Suínos & Cia

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Revisão Técnica (custo de US$ 0,11/suíno). Houve um maior ganho médio de peso diário (+ 800 g/leitão em 14 dias) no primeiro tratamento, não havendo nenhuma diferença na mortalidade. O retorno ao investimento, no primeiro caso, foi de US$ 0,29/suíno.

Somente foram observados sinais clínicos respiratórios nos infectados pelos sorotipos 10 e 15. Não houve reações cruzadas e a técnica de ELISA multi-APP, considerada válida para analisar suínos antes de sua introdução no sistema de produção, foi utilizada para a sorotipagem. A maior sensibilidade da técnica foi obtida por ocasião das verificações seriadas, com duas semanas de intervalo. CHANG LIN, B.  O sorotipo 7 tem emergido nos últimos anos (60% dos isolamentos por PCR). A virulência desse sorotipo depende, parcialmente, do tipo de polissacarídeo capsular, havendo diversidade antigênica e genética dentro do mesmo. A enzima aspartase, codificada pelo gene aspa do APP, foi determinada como sendo essencial para a sobrevivência da bactéria no tecido necrótico, já que transforma o ácido aspártico em fumarato, permitindo sua respiração anaeróbica. REYNOLS, K.  O controle de problemas respiratórios causados pela infecção por Actinobacillus pleuropneumoniae sorotipo 5 foi melhor em animais tratados com tulatromicina, do que com penicilina ou ceftiofur, evidenciado pelo melhor Suínos & Cia

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ganho médio de peso diário e pela menor mortalidade. A alta densidade de suínos incrementa o contato e a transmissão. No inverno a baixa ventilação reduz a diluição da dose nos aerossóis, aumentando o risco.

Complexo Respiratório Suíno (CRS) SENN, M.  Estudou casos de leitões com CRS (Actinobacillus pleuropneumoniae, Pasteurella multocida e Mycoplasma hyopneumoniae) em cinco granjas, de quatro Estados. Os leitões pesavam entre 9,3 e 44,8 kg e foram tratados com uma dose de Draxxin™ à base de 2,5 mg/kg, pela via intramuscular. O tempo de persistência determinado, do princípio ativo no tecido pulmonar, foi de até nove dias. WADDELL, J.  Comparou dois tratamentos via ração, durante as duas primeiras semanas de entrada na engorda, em uma granja positiva para Pasteurella multocida. Os princípios ativos usados foram: a tiamulina – na forma de fumarato de hidrogênio – a 35 g/ton. mais a clortetraciclina a 400 g/ton. (custo de US$ 0,34 $/suíno) versus a oxitetraciclina a 500 g/ton.

HAMMER, J.  O manejo do CRS em granjas de suínos está em mudança constante, tanto para produtores como para veterinários. O uso de tiamulina (fumarato de hidrogênio) na dose de 125 g/ton. durante 14 dias, em infecções naturais causadas pelo PRRSv e pelo Mycoplasma hyopneumoniae, reduz a mortalidade e as lesões pulmonares. BYRA, C.  A prevalência do Streptococcus suis nas granjas suinícolas de Ontário e Quebec, no Canadá, é muito elevada. 1.792 leitões desmamados aos 18 dias de idade foram divididos em dois lotes: um Controle e outro Tratado com penicilina G potássica, a 297.000 UI/L de água durante cinco dias, em dois períodos de tratamento Swabs de tonsilas coletados de ambos os lotes mostraram uma diminuição nos isolamentos de S. suis nos leitões tratados com a penicilina, havendo – além disso – 1,9 vezes menos mortalidade. KIEHNE, R.  As infecções respiratórias e sistêmicas mais comuns, da época do desmame, são: Virais: PRRSv, PCV2 e vírus da gripe. Bacterianas : Streptococcus suis: os melhores tratamentos são o injetável e o oral. As autovacinas têm resultados muito variáveis. O ambiente é decisivo. Haemophilus parasuis: tanto os antibióticos injetáveis como a vacina inativada são muito efetivos. Grave em co-infecções com PRRS e gripe. Mycoplasma hyopneumoniae: as infecções conjuntas com Ano VI - nº 35/2010


Revisão Técnica Pasteurella multocida, SRRPv, PCV2 e gripe são frequentes. Actinobacillus suis: frequente nos casos de estresse ambiental. Muito sensível a antibióticos injetáveis e mais de forma individual. Erisipela: frequente no verão. Vacinas e antibióticos orais e injetáveis são muito eficazes. Salmonelose: as vacinas aprovadas nos EUA, para reprodutoras, reduzem a gravidade da doença. Os antibióticos são eficazes.

Transtornos Digestivos CANOW, A.  São necessárias amostras múltiplas (swabs retais, fragmentos de intestino) para caracterizar a população de Escherichia coli, uma vez que mais de um genótipo patogênico é encontrado, ao mesmo tempo, em uma granja. HUSA, J.  Estudou três grupos de leitões: vacinados com Enterisol™ Ileítis e tratados ou não – ao mesmo tempo – com ceftiofur sódico ou tulatromicina, por via intramuscular. Concluiu que a vacina é compatível com ambos os antibióticos, promovendo um efeito positivo sobre a incidência de diarréias e o ganho médio de peso diário.

assim como laboratorial (amostras precisas, segundo a suspeita de leitões representativos: sinais clínicos, idades distintas e origem de porcas de ciclos diferentes). Devem ser tomadas amostras, principalmente, do jejuno, íleo e colon, assim como dos gânglios mesentéricos. Os agentes infecciosos mais comuns são: Escherichia coli , Clostridium sp, Salmonella typhimurium ou cholerasuis, rotavírus A-B-C, coccidio-Isospora suis e o vírus da gastrenterite transmissível. KURT, J.  Classificou as infecções entéricas pós-desmame em dois grupos: Fase de leitão (3 a 10 semanas de idade): Escherichia coli enterotoxigênica (LT, STa, STb, STx2e); E. coli fimbria adesina (K88, F18); salmonelas do grupo B 4, 5 e rotavírus A-B-C. As intervenções preferenciais são: a biossegurança, a sanidade, o fluxo de animais e a nutrição. Considera-se que um consumo de ração inferior a 110 g/ leitão/dia, durante a primeira semana, incremente a prevalência das doenças entéricas. Fase final (de 10 a 26 semanas de vida): principal atenção à Lawsonia intracellularis, em duas formas clínicas (crônica: PIA e aguda: PHE).

O controle pelo sistema de fluxos contínuos com a vacina oral é muito eficaz e, nos casos agudos, vai bem um antibiótico macrolídeo na ração (tilosina, lincomicina) ou tiamulina a 60 ppm. BAHNSON, P.  A primeira infecção de suínos de engorda com salmonela (bactéria Gram negativa) pode resultar em doença clínica (mortalidade e atraso do crescimento). A interação entre a salmonela e o hospedeiro é variável e, nem sempre que se detecta, podendo considerar que o suíno esteja infectado. Se a salmonela coloniza o organismo do suíno, então sim, pode-se considerar infectado, embora a doença possa não se manifestar. Essa referida colonização supõe a excreção do agente pelas fezes e também que o suíno seja um portador, no abatedouro (via intestino e tecidos). A Salmonella derby dificilmente se associa com sinais clínicos em suínos, enquanto que a Salmonella typhimurium é isolada de suínos aparentemente sadios, no abatedouro. As cinco espécies mais comuns de salmonela presentes nas granjas norte-americanas são: typhimurium variável Copenhagen, 26%; cholerasuis, 14%; typhimurium,

BECKLER, D.  Analisou amostras de sangue e fezes de duas granjas com histórico de enteropatia proliferativa, obtendo um pico de excreção, determinado por PCR quantitativo, na 22ª semana de vida (94% dos suínos). O limite de detecção foi determinado em 200 Lawsonia/g de fezes. ROSSOW, K.  Os principais fatores que interagem na origem das diarréias pós-desmame são o ambiente, as instalações, a nutrição e a sanidade (agentes infecciosos). É importante a realização de um diagnóstico preciso, com base no histórico clínico, Ano VI - nº 35/2010

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Revisão Técnica 9%; heidelberg, 8% e derby, 8%. Em humanos, ao contrário, há uma variedade de sorotipos muito superior, embora se considere que apenas 1% dos isolamentos, nesse caso, seja originária dos suínos A concordância de sorotipos suíno-humano é, certamente, incompleta. HANSON, J.  A diarréia hemorrágica por Brachispira hyodisenteriae foi praticamente erradicada, nos EUA, juntamente com a doença de Aujeszky, a sarna e a rinite atrófica. Hoje em dia são descritos novos casos, na forma de co-infecções com outros agentes digestivos, com elevada mortalidade (o dobro) e aumento do índice de conversão em 300 g, tratando-se de uma doença de alto custo nos sistemas de engorda de leitões desmamados. Ela interfere com a expressão clínica, na fase de leitões desmamados, das diarréias causadas por Escherichia coli, coccidiose e rotavirus. O uso de medicação em doses e períodos de administração elevados (lincomicina, tiamulina) não assegura a eliminação da bactéria. Na primeira fase da engorda, associa-se com quadros clínicos de Lawsonia intracellularis ou salmonelose. Dissemina-se rapidamente, sendo necessárias medidas estritas de higiene (uso de desinfetantes, detergentes e secagem, assim como um programa agressivo de controle de roedores), as quais são de grande importância na prevenção de sua disseminação. Em conjunto com o despovoamento do local afetado transforma-se numa das medidas mais eficazes disponíveis, do ponto de vista econômico.

Nutrição PEACE, R. M  Foram desmamados 48 leitões aos 17 dias de idade, com três dietas experimentais incluindo zero, 2,5 e 5% de proteína de plasma, durante uma a duas semanas. A dieta com os 5%, durante a primeira semana posterior ao desmame reduziu a atividade secretora do colon, a inflamação da lâmina própria Suínos & Cia

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e a expressão de moléculas pró-inflamatórias (TNFalfa). Portanto, houve um efeito benéfico junto à função de barreira de defesa na colonização da mucosa intestinal. CARNEY, E.  Quando a imunidade passiva é baixa, o status sanitário do leitão decresce, o que afeta a sua sobrevivência. Daí a importância da ingestão de colostro nas primeiras 24 horas de vida. As porcas com quatro partos têm mais IgA no colostro e no leite, frente às primíparas, havendo também mais IgG no soro das mesmas. Foi estudada a flora digestiva dos leitões, tendo sido encontrada uma população bacteriana mais homogênea naqueles originários de porcas de quatro partos versus os leitões das de 1º parto, possivelmente devido ao efeito da IgA na composição da microflora gastrintestinal. Estudos prévios demonstraram que uma flora mais homogênea se traduz em um maior crescimento dos leitões (foi utilizado nesse estudo o índice de diversidade microbiana Shannous e o coeficiente Simpson). COHEN, J.  A incorporação de 150 ppm de cobre, na forma de cloreto tribásico cúprico, durante 21 días posteriores ao desmame, melhora o ganho médio de peso diário e reduz o índice de diarréias. O cobre é o terceiro mineral em quantidade no organismo, depois do ferro e do zinco, tendo sido considerado como essencial a partir de 1920. O cobre, em sua forma livre, é pouco encontrado no suíno, estando ligado ao transporte e à deposição de proteínas, assim como componente essencial de numerosas enzimas. As alterações do sistema imunológico supõem variações na distribuição do cobre, baseado nas teorias de como seria a sua interação direta com a flora digestiva e a sua ação sobre os linfócitos e suas citoquinas, associadas à resposta imune. LINDEMAN, M.  A inclusão de leveduras com MOS em dietas de porcas a partir do 102º dia de gestação e durante toda a lactação, deter-

mina uma menor perda de peso, com consequente aumento de peso dos leitões no desmame (6,86 vs 6,27 kg), os quais também crescem mais na fase de creche (444 vs 405 g). Também se observou que as referidas porcas têm cerca de 10% a mais de gordura e proteína, com maiores níveis numéricos de imunoglobulinas A, G e M, ainda que não significativos estatisticamente. CRENSHAN, T.  As condições de alojamento e as práticas de manejo contribuem para o desenvolvimento de lesões de patas em porcas, sendo a composição mineral das dietas, o fator predisponente. O status de mineralização (minerales traza) é menor em porcas de terceiro parto, comparado às primíparas. Os referidos minerais são armazenados, sobretudo, nos ossos e no fígado (cobre, ferro, magnésio e zinco). Foram tomadas amostras de 66 porcas, entre zero e sete partos (úmero, escápula, ovários, fígado e músculo psoas mayor) para determinação de seu conteúdo mineral, por absorção atômica. Não foram encontradas diferenças no conteúdo dos referidos minerais, no músculo das porcas dos distintos partos. O conteúdo de cinzas dos ossos, entretanto, aumentou de 64 a 66%, à medida que aumentava o número de partos, mantendo-se constantes as concentrações de cálcio (39%) e fósforo (18,9%) nos mesmos. A concentração de todos os minerais analisados variou segundo a secção do osso em questão, decrescendo tão somente os níveis de ferro em todos eles, entre o primeiro e o 7º partos. O conteúdo de matéria seca do fígado aumentou com os partos (+2%), com ligeiro aumento do cobre e do zinco, assim como variações no manganês, entre o primeiro e o 7º partos. Nos ovários houve uma tendência de diminuição, por partos, tanto dos níveis de cobre como de manganês. NESS, A.  Os leitões nascidos de porcas com deficiência de vitamina E são mais susceptíveis à intoxicação por ferro. Ano VI - nº 35/2010


Revisão Técnica McMANNUS, D.  Os programas de alimentação de leitões de três ou quatro dietas, dependendo do peso-idade no desmame, serão tanto mais rentáveis para cada 100 kg produzidos, quanto melhores sejam os mesmos (dietas complexas vs dietas simples – proteína de alta qualidade, com reforço enzimático). PURSER, K. W.  Empregou óleos essenciais encapsulados em dietas peletizadas para leitões desmamados com 6,2 kg, durante cinco semanas posteriores ao desmame, observando uma melhora do ganho médio de peso diário da ordem de 6% e do índice de conversão, de 2,6%. MELLENCMP, M.  O sistema digestório do leitão coloniza-se a partir do nascimento, chegando a ter entre 400 a 500 bactérias diferentes, predominando os lactobacilos, bacteróides e bifidobacterias (equilíbrio 90/10 entre flora benéfico-patogênica). Estas bactérias provêem nutrientes ao intestino (vitaminas); reduzem o pH intestinal; atuam como barreira de defesa, evitando a colonização por oportunistas; dão apoio ao desenvolvimento físico intestinal e dirigem o crescimento e a maturação do sistema imunológico do intestino. A alteração da referida flora, pelo uso de antibióticos, estresse térmico, transporte, mistura, manejo e sanidade, causará uma perda no crescimento do leitão, com episódios de diarréia e aumento da mortalidade. A incorporação de prebióticos e probióticos nas dietas de leitões, posteriormente ao desmame, favorece o balanço/equilíbrio da microflora. GENTRY, L.  Acidificou a água de bebida (pH < 4) utilizando três acidificantes diferentes, em uma creche com bebedouros instalados num sistema de fluxo contínuo. Observou uma melhora em termos numéricos, ainda que não significativa, no ganho médio de peso diário e na mortalidade. Considerar a possível Ano VI - nº 35/2010

queda no consumo de água acidificada, diante de quadros de problemas digestivos e suas consequências sobre a desidratação do leitão. JOVANOVIC, A.  Tratou a água de bebida com iodo a 1 ppm (solução final) e não obteve nenhuma vantagem, em termos de crescimento dos leitões. BERGE, A. C.  Incluiu MOS (Biomos™) a 1 kg/ton. ou 4 g/ porca/dia na ração de porcas gestantes e lactantes e observou que os leitões destas fêmeas consumiram 12% a mais de colostro, incrementando o nível de IgA durante as primeiras 24 horas de vida. Houve ainda redução da mortalidade na fase de lactação e aumento do peso da leitegada, no desmame. SCHINCKEL, A.  Analisou o consumo de ração de porcas Duroc, Landrace e Yorkshire (6,14; 6,61 e 6,86 kg/porca/dia) durante a fase de lactação, observando que o mesmo aumentou drasticamente entre o 1º e o 4º dias depois do parto, atingindo o nível máximo entre o 18º e o 23º dias de lactação. A ingestão de energia durante a lactação está diretamente correlacionada com o peso da leitegada no desmame aos 21 dias. Para cada quilo de peso adicional do leitão no desmame, devemos incrementar o consumo da porca de 12 a 14%.

Reprodução GIBSON, S.  Os consumidores demandam baixa variabilidade e alta qualidade e segurança nos produtos de origem suína. Foi realizado um estudo sobre os parâmetros produtivos em 100.000 marrãs de reposição, entre 2002 e 2008, tendo sido obtida uma taxa de reposição anual média entre 40 e 50%, com 20% de coberturas para o primeiro ciclo, do total da granja. 14% das referidas marrãs repostas nunca chegaram a

parir, não havendo mudança nesse percentual ao longo dos anos estudados. A taxa de partos das marrãs de reposição aumentou 10% neste período, assim como a prolificidade (+1 leitão), derivada fundamentalmente do incremento em 34 dias da idade na primeira cobertura (inseminadas entre 8 e 9 meses de idade). CLARK, S.  Por meio de imagens térmicas estudou a entrada no cio de 25 fêmeas nulíparas e 27 multíparas (método IRT, ou termografía digital por infravermelho). As imagens foram tomadas às 8 horas da manhã e às 4 horas da tarde, não havendo diferença no tempo de ovulação. Durante o cio a temperatura foi de 35,6 ±1,6ºC e de 33,9 ±1,7ºC, 12 horas antes da ovulação. A ovulação foi detectada a 38 ± 9 horas e 43 ±12 horas do cio, em primíparas e multíparas, respectivamente. WESTERHOF, M.  Na Holanda houve um incremento no número de nascidos por parto e a empresa de genética Topigs™ definiu um valor reprodutivo, estimado para melhorar a vitalidade dos leitões, com dados acumulados desde 1994, adicionando em seu plano de melhoria o peso de todos os leitões nascidos, o número de tetas, o momento da morte dos leitões e o momento do desmame. Os leitões com mais vitalidade têm mais glicogênio no fígado (10,5%) e mais gordura corporal (10,1%), além de um maior percentual de fígado (7,1%), intestino delgado (5,4%) e glândulas adrenais (21,7%). Assim, nos últimos cinco anos, as linhas puras da Topigs™ incrementaram entre 4% e 8% a sobrevivência dos leitões, do nascimento a desmame. KNOX, R.  90% das marrãs que ciclam induzidas com o PG 600™ expressam o cio antes dos dez dias posteriores ao tratamento. Suínos & Cia

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Release Release

A

Formil é uma empresa focada em pesquisa e desenvolvimento de produtos inovadores para os mercados de aves, suínos e bovinos, com especialidades em biosegurança, biotecnologia com nucleotídeos purificados, antimicrobianos para uso em água de bebida e rações, antibióticos injetáveis, controle de micotoxinas e uma linha de minerais de alta biodisponibilidade para aplicação parenteral. Formil Veterinária Ltda.

Nova linha de suínos Nutron

A

Nutron acaba de lançar uma nova linha dedicada aos suínos. A NutronNúcleo é composta por produtos formulados para atender às necessidades específicas da produção. Dividida nas especialidades Essencial, Performa e Máxima, cada uma delas traz o atendimento específico para necessidades diferentes. A NutronNúcleo Essencial foi desenvolvida para suinocultores que se posicionam entre aqueles com resultados técnicos comumente encontrados nas propriedades comerciais. Recomendada para a obtenção de um bom desempenho técnico - econômico esta linha traz um programa de nutrição efetivo, para o total aproveitamento dos nutrientes. Suínos & Cia

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Já a nova linha NutronNúcleo Performa foi desenvolvida para suinocultores que buscam um ótimo resultado técnico - econômico e que estejam num processo comprovado de implementação de melhorias nas áreas que influenciam os resultados do programa de nutrição. São aqueles produtores empreendedores que estão numa trajetória de ampliação sustentável de seus negócios. Por fim, a nova linha NutronNúcleo Máxima é destinada aos suinocultores que alcançam excelentes índices de produtividade através do investimento em material genético diferenciado, da adoção completa de boas práticas de manejo e do controle de enfermidades. Ano VI - nº 35/2010


Release

Circovac® para leitões.

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erial Saúde Animal Ltda, já em 2002, foi uma das organizações idealizadoras das pesquisas voltadas á um maior entendimento da PCVD, ou circovirose suína. Essa iniciativa culminou num sensível progresso em diversos campos biológicos, como epidemiologia, patogenia e sobretudo imunologia da PCVD. Paralelamente houve o desenvolvimento da primeira vacina destinada ao controle da doença que originalmente contemplou as fêmeas e posteriormente os leitões. Vale lembrar que Circovac®, por si só, substanciou algumas centenas de resultados de estudos, publicados em congressos e revistas especializadas. Merial obteve o registro da vacina em leitões em 2009, e desde então a mesma vem sendo utilizada em diversos protocolos, os quais variam em função da epidemiologia local e dos níveis eventuais de anticorpos passivos e ativos, presentes. Em conjunto ao uso da vacina em leitões, Merial oferece o suporte de serviços para garantir ao usuário o momento mais adequado para a imunização dos animais. A rigor, o uso da vacina, em uma só dose de 0,5 ml, tende a se distribuir entre o desmame e 10 semanas de idade. Os resultados; quer experimentais ou advindos da utilização comercial, demonstram uma acentuada redução da mortalidade geral da granja, na ordem mínima de 50%, e significantes ganhos no peso diário médio e no peso total dos animais. Interessante observar que o percentual de refugos, frequentemente observados no decurso da doença, também decresce substancialmente, assim como diminuem as condenações de órgãos, notadamente pulmões, ao abate. A utilização da vacina em leitões, complementando ao uso indicado originalmente em fêmeas, fazem de Circovac® a vacina de maior flexibilidade do mercado.

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undada em 1980, a Vaccinar Nutrição e Saúde Animal, empresa consolidada no mercado de nutrição animal brasileiro vem desenvolvendo seu trabalho sob os princípios da ISO 9001, que certifica a qualidade dos produtos Vaccinar e a ISO 22000, que atesta os produtos Vaccinar proporcionando uma nutrição segura, que contribui para gerar alimentos saudáveis para os seres humanos. Seu portfólio de soluções englobam todas as exigências do mercado cada vez mais tecnificado. A unidade de Negócio de Suinocultura lança em 2010 sua nova linha de produtos: QualiSUI - Qualidade e Segurança em Nutrição. Desenvolvida por nutricionistas no Centro Experimental da Vaccinar, a linha de produtos QualiSUI traz para o mercado um moderno conceito de nutriçao para suínos, que atende as diversas demandas da atividade e proporciona melhor competitividade a seus clientes. Desenvolvida dentro do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Vaccinar a linha QualiSUI oferece aos suinocultores soluções já validadas, com o máximo rigor científico, responsabilidade ambiental e o mais alto padrão de qualidade e segurança de alimentos.

Produtos QUALIFEED, QUALISUI, QUALISUI UPL, QUALINÚCLEO e QUALIMIX

Sistemas NutriPig e Prolific Vaccinar: Aplicando Tecnologia à campo! Suínos & Cia

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Sumários de Pesquisa

D

Sumários de de Pesquisa ietas gestação e lactação contendo óleo essencial de orégano aumentam o desempenho da porca e dos leitões O óleo essencial de orégano (OEO) é um alimento fitogênico com um sabor aromático e picante que estimula o apetite e promove o consumo de alimento. Os aditivos alimentares fitogênicos, incluindo o OEO, estão sendo estudados por causa de suas bem documentadas atividades antibacterianas, antifúngicas e antioxidantes e sua capacidade de suportar a microflora do intestino normal. Estudos recentes demonstraram que o OEO aumentou o consumo de alimento em porcas e foi associado com o aumento da produtividade de porcas e leitões. O objetivo do estudo conduzido por Mellecamp e colaboradores (Ralco Nutrition Inc., Victória, Austrália) foi investigar os efeitos do OEO na dieta de gestação e lactação sobre o desempenho das porcas e suas leitegadas.

Método: Um total de 309 marrãs e porcas, linhagem PIC, foi envolvido no estudo: grupo controle: 146 (95 porcas, 51 marrãs) e grupo tratado: 162 (109 porcas, 53 marrãs). As dietas de gestação e lactação eram dietas usuais da granja, livres de medicamentos suplementadas ou não com OEO (0,5 lb/ton.) As marrãs receberam as dietas suplementadas com OEO desde os 30 dias finais de gestação e durante a lactação. Para as porcas foi oferecida a dieta com OEO quando elas entraram na maternidade, 5-7 dias antes da parição. A dieta de lactação foi fornecida á vontade e foi ofertada três vezes ao dia. A duração média da lactação foi 18,8 dias: 19,5 dias para as porcas e 17,2 dias para as marrãs. Os parâmetros reprodutivos e o desempenho da leitegada foram mensurados durante a lactação. Suínos & Cia

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Resultados:

Os resultados demonstraram um aumento significativo de nascidos vivos (P= 0,047) no grupo com OEO, o qual foi mais pronunciado em marrãs. Foi observada uma interação entre fetos mumificados e ordem de parto: marrãs do grupo controle tiveram um maior nível de mumificados (0,44%) do que as marrãs tratadas com OEO (0,24%). Entre as porcas não houve diferença significativa quanto à ocorrência de múmias. Não ocorreu nenhum outro efeito de tratamento para natimortos ou múmias, embora as porcas tivessem apresentado mais natimortos. Embora estudos anteriores tivessem demonstrado que a suplementação com OEO aumentou o consumo de alimento, isto não foi observado no presente experimento. Entretanto, o consumo teve a saudável média de 7,64 kg/dia de ração nas porcas e 6,84 kg/dia para marrãs nos animais controle. Isto está numa escala elevada para esse genótipo PIC. O grupo de porcas tratadas com OEO teve um número significativamente reduzido de leitegadas com diarréia. As leitegadas das porcas controle tiveram uma probabilidade 3,5 vezes maior de contraírem diarréia do que as do grupo de fêmeas suplementadas com OEO. A mortali-

dade pré-desmame não diferiu entre os grupos experimentais. O grupo do orégano (OEO) teve um aumento significativo de leitões desmamados (+0,29 leitões/leitegada nas porcas e +0,61 leitões/leitegada nas marrãs), e o peso de desmame foi aumentado nas porcas alimentadas com OEO (+0,33 lb) em comparação com as controle.

Comentários: Este estudo confirmou os resultados anteriores demonstrando que o OEO reduziu significativamente o número de leitegadas com diarréia e aumentou a taxa de crescimento da leitegada, resultando em maior peso ao desmame. Esses resultados sugerem que o OEO aumentou a saúde da leitegada e/ou aumentou a produção de leite. O OEO não reduziu a mortalidade geral pré-desmame; entretanto isto pode ser confundido por sobrecargas e outros problemas não intestinais de saúde. Um estudo da Universidade de Minnesota demonstrou que a inclusão de OEO nas dietas de porcas em gestação e lactação aumentou o número de leitões nascidos vivos, aumentou o peso ao nascer da leitegada e aumentou o ganho médio diário dos leitões. Os autores sugeriram que o maior desempenho de crescimento nos leitões foi atribuído à maior qualidade do colostro das porcas suplementadas com OEO.

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Sumários de Pesquisa

Q

ualidade do sêmen do cachaço: efeito da suplementação com L-Carnitina

Um aumento no volume dos ejaculados acompanhado de um aumento no número de espermatozóides totais, possuem consequências práticas importantes para a inseminação artificial de suínos. A L-carnitina é um aminoácido natural, com ação tipo vitamina, sintetizado no organismo a partir da Lisina e da Metionina. É muito importante no metabolismo dos lipídeos. Ela transporta ácidos graxos de cadeia longa até a mitocôndria para beta-oxidação, a qual produz energia (ATP) necessária para o próprio funcionamento celular. A carnitina ocorre na forma de isômeros - L e -D, porém, somente o isômero-L da carnitina é biológicamente ativo, enquanto o isômero-D pode mesmo ser nocivo para o organismo. A L-carnitina possui um importante papel no processo de detoxificação celular removendo acyl-CoA da mitocôndria, cujo excesso possui um efeito tóxico. Ela também protege a membrana celular contra os danos oxidativos provocados pelos ácidos graxos poliinsaturados que compõem esta membrana. Existe pouca informação na literatura com respeito ao efeito positivo que a L-carnitina exerce sobre o processo reprodutivo do macho, especialmente sobre a espermatogênese. Já existem relatos sobre a ação deste composto, aumentando a concentração e a motilidade espermática em humanos, ratos e galos. A L-carnitina possui também um efeito positivo na reprodução do cachaço. Sua concentração no plasma epididimal do cachaço varia entre 200 e 300 nmol/mg-1de proteína. Uma adição de L-carnitina na ração aumenta a sua concentração nos túbulos epididimais e, consequentemente, no espermatozóide. No Ano VI - nº 35/2010

interior da célula espermática a Lcarnitina transporta ácidos graxos até a mitocôndria, onde eles sofrem betaoxidação que leva à geração de energia metabólica necessária às células espermáticas para o seu movimento progressivo. Cachaços que receberam entre 230 mg e 500 mg de L-carnitina na sua ração diária demonstraram um aumento no volume do ejaculado e na concentração espermática. Outros experimentos não conseguiram comprovar que a adição de L-carnitina (500 mg/dia) pudesse afetar a qualidade do sêmen de jovens cachaços (oito meses de idade). Os resultados ainda contraditórios encorajaram a realização deste estudo conduzido por Jacyno, E. & colaboradores (University of Agriculture, Szczecin, Polônia) visando estabelecer o efeito da L-carnitina adicionada na ração diária sobre a qualidade do sêmen do cachaço.

Método: O experimento utilizou 5 machos Pietrain com idade entre 1,5 e 2,0 anos. Os animais receberam 500 mg de L-carnitina/dia durante cinco semanas. Durante este período seus ejaculados foram coletados uma vez por semana e avaliados quanto à qualidade.Os ejaculados controle, haviam sido coletados antes do fornecimento da L-carnitina. Resultados:

Foi observado

que a adição de L- carnitina na ração teve um efeito positivo sobre a qualidade do sêmen dos cachaços. O volume total do ejaculado e o volume da fração rica em espermatozóides aumentou em 11% e 10%, respectivamente. O número total de espermatozóides por ejaculado aumentou em 11%. Um aumento na contagem total de espermatozóides deve-se provavelmente à contribuição da Lcarnitina para a maior sobrevivência dos espermatozóides no epidídimo e não por um efeito direto na espermatogênese. Também decresceu o número de espermatozóides com formas anormais primárias e secundárias e a atividade enzimática da aminotransferase aspartato (AspAT) no plasma seminal foi significativamente reduzida. A presença elevada desta enzima no plasma está relacionada com danos na estrutura da membrana da célula espermática. A concentração e a motilidade espermática, assim como a percentagem de acrossomas espermáticos normais, não aumentou consideravelmente. O não aumento da concentração pode ser explicado pelo significativo aumento do volume da fração rica em espermatozóides do ejaculado. O efeito positivo da L-carnitina na qualidade do sêmen do cachaço foi observável a partir de uma semana pós-aplicação. Suínos & Cia

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Sumários de Pesquisa

Q

ual a importância da higiene na coleta de sêmen suíno?

A inseminação artificial (IA) vem sendo utilizada na maior parte dos países que possuem suinocultura tecnificada. Entretanto, para a obtenção de resultados de máxima eficiência com o uso desta tecnologia, é de fundamental importância a produção de doses inseminantes de alta qualidade, livres de microorganismos contaminantes e apresentando adequada capacidade de armazenamento, boa capacidade fertilizante e alto valor genético. Os métodos clássicos de avaliação do ejaculado incluem a avaliação do volume, concentração espermática, número total de espermatozóides por ejaculado, motilidade e morfologia. A motilidade é uma avaliação frequentemente utilizada por ser um teste simples, rápido e barato, capaz de detectar amostras de baixa qualidade que resultam em baixa fertilidade. A técnica tradicional de avaliação da motilidade é realizada através de uma observação visual do movimento espermático sob microscópio, preferencialmente com contraste de fase. Atualmente as avaliações computadorizadas do sêmen podem ser realizadas, registrando dados que o olho humano não é capaz de detectar.

Suínos & Cia

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A contaminação bacteriana do sêmen suíno pode ocorrer tanto durante a coleta como no processamento do mesmo. O macho pode ser a fonte primária de contaminação bacteriana das doses inseminantes, entretanto, outras fontes de contaminação não podem ser desprezadas como o meio ambiente, os funcionários e a água utilizada na preparação do diluente. Doses inseminantes com contaminação bacteriana apresentam diminuição da motilidade e do pH, aumento da aglutinação, de anormalidades de acrossoma e de células mortas. O objetivo do trabalho conduzido por Goldberg e colaboradores (Tese de MSc. Fac. Veterinária – UFRGS) foi avaliar os pontos de risco para a contaminação bacteriana durante a coleta e processamento do ejaculado e verificar suas consequências sobre a qualidade das doses inseminantes em Centrais de Inseminação de Suínos.

Método: O estudo foi conduzido em quatro centrais de inseminação, nos quais as coletas dos ejaculados foram observadas buscando possíveis pontos de risco de contaminação. Após, o sêmen in natura e duas doses inseminantes provenientes da coleta observada, foram avaliadas quanto à quantificação bacteriana, morfologia e motilidade espermática e pH. Além do ejaculado, amostras de água e diluente foram avaliadas quanto ao número de unidades formadoras de colônia (UFC).

Resultados: Dentre os doze fatores avaliados, os pêlos prepuciais compridos (>10cm), a higiene da luva de coleta, o líquido que pinga pela mão do coletador para o interior do recipiente de coleta e a duração da coleta foram os quatro fatores que levaram a um aumento no percentual de ejaculados com valor superior a 220 UFC mL-1 de mesófilos aeróbios. Foi avaliado o efeito isolado ou associado de sete fatores (reprodutor sujo, abertura prepucial suja, divertículo prepucial grande, pêlos prepuciais compridos, luva de coleta suja, pingos pela mão do coletador para o interior do copo coletor e escape do pênis durante a coleta) que pudessem resultar diretamente na contaminação do ejaculado. Houve aumento significativo do número de ejaculados com contaminação superior a 220 UFC mL-1, a partir da associação de dois fatores, quando comparados aos ejaculados obtidos em coletas sem nenhum fator predisponente para contaminação. Ao classificar as doses inseminantes conforme o grau de contaminação do diluente foram observadas redução na motilidade e no pH e aumento nas alterações de acrossoma, ao longo de 168 horas de armazenamento, no grupo cujo grau de contaminação do diluente foi superior a 14000 UFC mL-1 versus grupo com contaminação inferior a 330 UFC mL-1. Doses inseminantes de ejaculados mais contaminados apresentaram maior grau de contaminação bacteriana. Os autores concluíram que, quando o ejaculado é coletado com um protocolo de contaminação mínima, dificilmente seu grau de contaminação será capaz de produzir efeitos deletérios na qualidade da dose, exceto quando a origem da contaminação for proveniente de falhas higiênicas na linha de processamento da mesma. A produção de doses de sêmen com alta qualidade do ponto de vista bacteriano, somente será possível com um rigoroso controle higiênico na linha de processamento em laboratório, especialmente no que diz respeito à água e ao diluente, associados a um protocolo de contaminação mínima durante a coleta. Ano VI - nº 35/2010



Sumários de Pesquisa

A

valiação de dois programas de limpeza e desinfecção em granja comercial de suínos, por meio de parâmetros zootécnicos Em criações intensivas de suínos, o surgimento de doenças está diretamente relacionado à contaminação ambiental, que por sua vez é altamente influenciável pelo manejo das instalações e pelo programa de limpeza e desinfecção adotado na granja. A utilização de um programa eficiente de limpeza e desinfecção é imprescindível para se obter uma atividade eficiente e lucrativa, bem como para manter o bem-estar dos animais. Normalmente, não há resistência por parte dos criadores para a implantação de um programa de limpeza e desinfecção, mas a sua continuidade parece ser mais difícil de ser adotada, pois os investimentos são imediatos e constantes. Já os benefícios demoram um pouco a aparecer e são difíceis de ser mensurados. A aplicação deste programa minimiza a ocorrência de doenças e de seus efeitos negativos à criação de suínos. Apesar disso, em muitas granjas ainda não se adota, com o devido rigor, um programa adequado de limpeza e desinfecção das instalações. O trabalho conduzido por Doretto Jr, L. e colaboradores teve como objetivo principal avaliar dois programas de limpeza e desinfecção em granja de suíno, com avaliação dos resultados zootécnicos, do nascimento ao abate.

Método: O experimento foi conduzido em uma granja comercial Suínos & Cia

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de suínos com 1.600 matrizes, com ciclo completo. Foram utilizados 1091 leitões, sendo 716 no programa avançado e 375 no programa básico (controle), do nascimento à terminação. O programa foi aplicado em todas as fases de criação. Para a avaliação do programa de limpeza e desinfecção, utlizou-se protocolo experimental com dois tratamentos e quatro repetições, sendo: 1 - Programa Avançado - utilizando um detergente desencrustante e três desinfetantes contendo os seguintes princípios ativos: 1 – Cloreto de Benzalcônio; 2 – Glutaraldeído + Cloreto de Benzalcônio + Aldeído Etanólico; 3 – Orto-fenilfenol + Ortobenzil paraclorofenol + Para-terciário amilfenol. 2 - Programa básico - utilizando somente desinfetante composto por amônia quaternária + gluraraldeído. O objeto de estudo foi a avaliação de 1091 leitões, sendo 716 no programa avançado e 375 no programa básico (controle), do nascimento à terminação. O alojamento das fêmeas nas salas da maternidade foi totalmente aleatório, seguindo a previsão de parto da granja. Portanto, a única variação entre os lotes avaliados, foi o programa de desinfecção. Os tratamentos foram conduzidos por funcionários da própria granja, que após passarem por treinamentos e conhecerem as necessidades de realizar um bom processo de limpeza e desinfecção, passaram a executar todas as atividades, sob supervisão do coordenador do projeto. Avaliações zootécnicas - A avaliação do projeto foi realizada por meio dos seguintes parâmetros zootécnicos: peso ao nascimento, peso ao desmame, peso à saída da creche,

peso ao abate, ganho de peso médio diário, porcentagem de refugos e mortalidade. Para tanto, os dados eram anotados em formulários próprios. Diariamente e ao final de cada fase era realizada a pesagem individual de cada animal.

Resultados:

O programa avançado de limpeza e desinfecção para granjas de suínos utilizados no protocolo experimental foi eficiente para melhorar os índices zootécnicos de uma criação comercial de suínos, nas fases do nascimento ao abate. No início das atividades do projeto, era observada a presença de diarréia bacteriana em todas as salas da maternidade e em menor incidência na creche. Com o início da avaliação dos programas de limpeza e desinfecção, não foi observada, em momento algum, presença de diarréia nas salas onde foi utilizado o programa avançado. Por outro lado, nas salas onde foi utilizado o programa básico, a presença de diarréia ainda era observada. Os resultados mostraram acentuada redução dos índices de mortalidade nos lotes de animais que nasceram nas salas onde o programa avançado foi utilizado. Da mesma forma, os animais alojados nas salas da creche, onde o programa avançado foi utilizado, apresentaram resultados de peso médio e ganho médio diário superiores, quando comparados aos resultados do programa básico. Com a implantação do programa avançado de limpeza e desinfecção houve redução da mortalidade dos animais em 13,44%. O peso final dos animais que participaram do programa avançado aumentou em 14,67%, incrementando 11,42 kg em cada carcaça. Os desinfetantes contendo Cloreto de Benzalcônio e GlutaralAno VI - nº 35/2010


Sumários de Pesquisa M., avaliou a resposta imune ativa e passiva a uma vacina inativada contra Circovirus suíno, aprovada para porcas e leitões.

deído + Cloreto de Benzalcônio + Aldeído Etanólico podem ser utilizados com segurança na desinfecção de matrizes, nas diluições entre 1:500 a 1:2000, sem apresentar qualquer índice de irritação cutânea e alteração comportamental dos animais.

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rodução de anticorpos contra o circovirus suíno: eficiência da massa antigênica de uma vacina inativada aprovada em fêmeas e leitões

Em suínos, a infecção de campo ou a exposição, via vacina, dos animais ao PCV2, induz a uma relevante produção de anticorpos entre 10 a 21 dias após o contato. Basicamente, perto de 100% dos animais expostos de alguma maneira soroconvertem satisfatoriamente até 35 dias após a exposição. É interessante lembrar que a presença de anticorpos não sinaliza obrigatoriamente ausência de vírus ou de infecção, já que se encontram animais virêmicos mesmo na presenAno VI - nº 35/2010

ça de anticorpos e, por vezes, caso os níveis de anticorpos estejam baixos, até mesmo doença subclínica. A rigor se desconhece com exatidão a quantidade de anticorpos soroneutralizantes que são necessários para eliminar de forma completa a infecção/doença pelo PCV2, do animal. Dessa forma, as evidências de controle da patologia repousam na diminuição significativa da real expressão percentual da doença clinica e na melhoria dos parâmetros de produtividade. A imunização de suínos contra o Circovirus, por meio de protocolos regulares, implica na possibilidade de adaptar esses protocolos aos diversos sistemas de produção, devendo prevalecer sempre o critério de veterinário sanitarista. A vacinação de leitões pode se constituir numa opção primária e, nesse caso, pode ser necessário considerar a sorologia como a medida imediata antes da adoção do manejo. Sabe-se que a presença de anticorpos neutralizantes no soro pode afetar o desempenho da vacina, embora ainda existam algumas contradições a respeito. Títulos IPMA de 320 ou mais são neutralizantes. Uma revisão realizada por Bordin, E.L. & Fleury,

Método: O trabalho de revisão buscou analisar informações científicas sobre a resposta a uma vacina inativada contra Circovirus suíno, aprovada para porcas e leitões. A resposta imune pode ser avaliada por meio de diferentes técnicas laboratoriais, como IFA, IPMA (imunoperoxidase sobre camada de cultivo), ELISA ou soro neutralização (SNT). Em termos nacionais, atualmente se utilizam o IPMA e, mais recentemente, a prova de ELISA vem ganhando dimensões preferências crescentes. Resultados:

Considerandose inicialmente fêmeas, tem sido demonstrado exaustivamente que a vacina em referência induz intensa resposta imune, que se estende passivamente à progênie, o suficiente para prover a proteção necessária contra os desafios a campo. Evidentemente, esses níveis de anticorpos acabam por refletir na sorologia dos leitões após o devido consumo de colostro, protegendo os mesmos contra desafios ambientais e diminuindo a excreção viral via naso/fecal. Por sua vez, a vacinação das fêmeas também tende a tornar mais homogênea a própria anticorpogênese, evitando-se a variabilidade protetora que acaba refletindo na própria epidemiologia da doença. Imunização ativa de leitões - A eficiência da vacina em fêmeas foi consagrada pelo uso e pela carga experimental de centenas de trabalhos publicados nesses últimos anos. A vacina, como se sabe, inicialmente priorizava um protocolo em fêmeas (marrãs e porcas). A necessidade de desenvolvimento complementar da vacina em leitões também acabou senSuínos & Cia

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Sumários de Pesquisa do evidenciada porque a eficiência de todo imunógeno que induz proteção passiva repousa proporcionalmente numa perfeita absorção de colostro, ou a necessária absorção dos níveis mínimos de anticorpos maternos que protegem o animal enquanto o mesmo desenvolve um sistema imune reativo, o suficiente para protegê-lo posteriormente. Esse aspecto do manejo, por si só, pode, eventualmente, esbarrar em uma série de variáveis, as quais eventualmente conduzem à uma inadequada proteção. Os estudos a campo que esse desenvolvimento complementar originou, notadamente buscando a dose efetiva, serviram como base para o registro da indicação em leitões. Interessante lembrar que a escolha da dose efetiva de uma vacina dessa natureza é extremamente importante e considera, entre outros aspectos, o tipo e a qualidade do adjuvante utilizado e o quanto ele cadencia a resposta imune ativa pelo seu envolvimento com o sistema fagocítico. A dose da vacina e também sua eficiência guardam relação direta com a qualidade do adjuvante, e a rigor, o nível em que ele incita à adequada formação de anticorpos.

Proteção do Leitão em Imunização Experimental - A dose efetiva para leitão é de 0,5 ml por animal, substancialmente ¼ da dose para animais adultos. Os níveis de anticorpos resultantes foram considerados bastante satisfatórios. Os animais envolvidos nessa avaliação foram SPF, e os dados de ELISA estão correlacionados com a soroneutralização observada. A técnica de ELISA utilizada na observação foi apropriada para detectar anticorpos com capacidade neutralizante, com reagentes de captura e de competição, e assim pode-se creditar bioequivalência entre ambos. Aliás, raramente se encontra na literatura disponível, referente a vacinas e vacinações, a correlação entre anticorpos totais e anticorpos neutralizantes. Os títulos obtidos foram considerados proporcionais aos observados com a estimulação de fêmeas e, portanto, também totalmente protetores contra o PCVD. As mesmas premissas básicas de redução de mortalidade devido ao PCVD, quando se usa a vacina em fêmeas, também são corroboradas na vacinação de leitão, ou seja, um nível de redução próxima a 50% na mortalidade total e incremento à produtividade resultante.

Quando vacinar leitões contra a PCVD - Qualquer protocolo envolvendo a vacinação de leitões pode considerar, inicialmente, a sorologia como pré-requisito. Cabe aos fabricantes oferecerem ao veterinário sanitarista e ao produtor esse suporte. Considerações sobre a adoção do uso da vacina em leitões: 1) Quando se obtém animais de várias fontes sem que se conheça o perfil sanitário na fonte. 2) Na necessidade da vacinação massal, na presença de surtos, por exemplo, ou na combinação eventual com a vacina contra pneumonia enzoótica. 3) Uso de vacinação de leitões e de fêmeas (observado em condições especiais e por iniciativa do técnico e do produtor). É importante manter fidelidade à dose recomendada. A eleição da dose sempre passa por observações e condutas científicas. A adoção de subdosagem não deve ser endossada, já que a mesma não contém dados com a repetibilidade necessária que garanta a eficiência da vacina. Em conclusão, foi demonstrada uma resposta significativa na produção de anticorpos em ambas as categorias de animais, suficiente para prover proteção contra a doença clínica. Demonstraram-se resultados com animais SPF, assim como a campo, com bioequivalência entre anticorpos totais (IgG) e anticorpos neutralizantes em leitões. A ausência de viremia, ou baixa viremia, seguida à vacinação dos leitões até as 3 semanas de idade, foram observações adicionais. O real valor prático da utilização do imunógeno poderá ser mais bem avaliada pelo seu uso. Por: Paulo Roberto S. da Silveira psouzadasilveira@gmail.com

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Recursos Humanos Recursos Humanos O segredo para um projeto

O segredo para um projeto

Um granjeiro pediu a um sábio que o ajudas-

Ao fim do ano, o granjeiro voltou a encontrar

se a melhorar a produtividade da sua granja que

com o sábio e disse: “Deixe esta caixa comigo mais

estava apresentando um baixo rendimento. O sábio

um ano, por favor, o rendimento da minha granja me-

escreveu algo em um pedaço de papel, colocou-o em uma caixa, fechou-a e a entregou ao granjeiro, dizendo:“Leve esta caixa para todos os lados da granja, três vezes ao dia, durante um ano”. Assim fez o granjeiro. Pela manhã, ao ir pelo campo segurando a caixa, encontrou um empregado

lhorou desde que estive com este amuleto”. O sábio riu e abrindo a caixa disse: “Pois você pode ter este amuleto pelo resto da sua vida”. No papel estava escrito “Se quer que as coisas melhorem, acompanheas de perto”.

dormindo quando deveria estar trabalhando. Acor-

Muitas pessoas querem que seus negócios

dou-o e chamou sua atenção. Ao meio-dia, quando

prosperem, mas não acompanham de perto o desem-

foi ao estábulo, deu com o gado sujo e os cavalos sem alimentação. À noite, ao ir à cozinha com a caixa, notou que o cozinheiro estava desperdiçando os gêneros alimentícios. A partir daí, ao percorrer a granja de

penho de seus funcionários e o serviço que está sendo oferecido aos seus clientes. Infelizmente, acabam por ter prejuízos, indo, consequentemente, à falência.

um lado para o outro com seu ‘amuleto’, ele sempre encontrava coisas que deveriam ser corrigidas.

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Autor desconhecido

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Dicas de Manejo Dicas de Manejo Protocolo de quarentenário

Protocolo de quarentenário

O programa de melhoramento genético visa incrementar resultados zootécnicos, através da aquisição de animais de reposição. No entanto, se faz necessário adquirí-los livre de doenças. Para garantir a saúde do plantel se recomenda adotar medidas de biossegurança na qual envolve a prática de quarentena, que pode servir de filtro no controle da entrada de animais portadores de doenças na granja. Confira abaixo as dicas de manejo quanto ao uso adequado do quarentenário.

O quarentenário deve ser localizado em área distinta da granja protegido por barreiras verde.

Os barracões devem ser providos de tela anti-pássaros ao redor impedindo a entrada de vetores.

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Dicas de Manejo

Para receber os animais as instalações devem estar limpa, desinfetada, seca e cumprido o adequado período de vazio sanitário.

A área destinada ao quarentenário deverá ter local para banho e troca de roupa. Restringir as visitas no período que os animais estiverem instalados, somente no caso de alguma alteração da integridade da saúde dos animais, o médico veterinário deverá ser comunicado.

Os animais deverão ser transportados em caminhões fechados, para evitar contaminação durante o trajeto.

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Dicas de Manejo Coleta de material A primeira triagem para comprovar a saúde dos animais recém adquiridos se faz através da sorologia.

Soro - centrifugar as amostras de sangue para remoção do soro e enviá-las ao laboratório de diagnóstico.

Exames As principais doenças que devem ser monitoradas durante o quarentenário: Doença de Aujeszky, PRRS, Brucelose, Leptospirose, Rinite Atrófica, Mycoplasma hyopneumoniae , Actinobacillus pleuropneumoniae.

O funcionário que cuida dos animais em quarentena jamais deverá ter contato com outros suínos e/ou outras espécies durante esse período. Os animais só poderão ingressar na granja de produção após a certificar que os animais estão livres de doenças através de confirmação de provas laboratoriais.

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Divirta-se Encontre as Palavras

Divirta-se

Encontre as Palavras

Vamos encontrar no diagrama Jogo dos 7 erros ao lado as principais patologias que acometem o sistema geniturinário das matrizes suínas. Salpingite Metrite Endometrite Cistite Cervicite Uretrite Vaginite Nefrite Pielonefrite Ovarite

S M V R G A S I D E F G I H I O U U E Y M Y M E X R O V R G

S S A F R S N F Q D W L G D R D T D R R S M Z F E S N L F R

D C G G T S J R G T I E T R R T E Y C E N I N O T D Q Q G T

F D I O Z Q I T V A Z M E T R I T E B B T R X L Y F O N V Y

A F N H A P O C I L T K R J E H O N C H L R R L R G W P C H

H G I X X L H Q R N H H B X N H A A X N M I I A N K N I Z N

J A T D C T B E E B J B N D B J B N S B W B L T B J E E D B

K H E S C E V F A B L N C M D L R H E E K V V F E K E L E T

L O Y Q R Z R D J F L G Y W F L G Y W F L G A J S L R O A I

P J U C V I Y L G G P Y U S G P Y U S G P Y S I A O T N C R

Q S J W T D O F O H O T J Z H O T J Z H O T T H L O T E S A

O F Q E I W F O D J I F M X J I F M X J I F S O P I O F L E

W G I E Z R C I O M U C K A M U C K A M U C G T I U Y R D I

E Z W I U Y X Y T N Y X I Q N Y X I Q N Y X D G N C O I S W

R D H R N T D L J K T D O W K T D O W K T D N R G G U T F A

O D E F X B S U M L R R L A L R R L A L R R F F I R O E E D

T E N Y G I E V I P E E P S P E E P S P E E O I T D I S G O

A S D F L C T I E O W S P D O W S P D O W S P D E G O I R C

Y Z O E C Q F L Q I Q Z O E I Q Z O E I Q Z O A I S O A T H

R A M R B G A I N U Z A I R U Z A I R U Z A I R H Z T O T A

U Q E F U X N L D D X Q L F J X Q L F J X T L T J M P L J T

C W T M T C W H U K U W K C K C W K C I C W R C R Q O K L O

I P R O D I F U C I S T I T E V A J X H L E J N X F L J K S

L D I Z N A Z U A H B Z F Z G B Z U Z G S U R I G B F U O G

O X T A D W X N A F L X N K F N X N A D N U F V A R O E A F

R S E Q S R S H Q C M N M Q F M S M H C R A M I I M B M C C

L W B W D L W B C D K S H A G Y W B W R V W B W B C D B W D

D R T T R Y I U A M H E H E X P L H E X O E H E X A I H E X

O D Y D S O D Y D S V D Y D C T L F B O R F D H R O N T D S

K C T H A B V C X R D O V A R I T E S Z K C T F Z K C E E Z

Teste seus conhecimentos Caso Clínico Vamos analisar o quadro clínico abaixo e testar seus conhecimentos frente às patologias que causam baixos índices produtivos: Histórico: A granja vem apresentando, nos últimos tempos, perdas no desempenho na fase de crescimento, de 820 gramas para 760 gramas diária. Houve um incremento na mortalidade de 1,6 % para 3,5%, aumento nos custos com medicações injetáveis e remoção de animais refugos de 3% para 15%. Os sinais clínicos observados incluem manifestações no sistema respiratório e digestivo. Qual o seu diagnóstico? ( ) Pneumonia enzoótica ( ) Salmonelose ( ) Circovirose ( ) Complexo respiratório suíno ( ) Superlotação (falta de espaço na terminação) devido ao incremento de melhoras dos resultados reprodutivos (falta de planejamento do fluxo de produção). Suínos & Cia

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Jogo dos 7 erros

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Divirta-se

Encontre as Palavras S M V R G A S I D E F G I H I O U U E Y M Y M E X R O V R G

S S A F R S N F Q D W L G D R D T D R R S M Z F E S N L F R

D C G G T S J R G T I E T R R T E Y C E N I N O T D Q Q G T

F D I O Z Q I T V A Z M E T R I T E B B T R X L Y F O N V Y

A F N H A P O C I L T K R J E H O N C H L R R L R G W P C H

H G I X X L H Q R N H H B X N H A A X N M I I A N K N I Z N

J A T D C T B E E B J B N D B J B N S B W B L T B J E E D B

K H E S C E V F A B L N C M D L R H E E K V V F E K E L E T

L O Y Q R Z R D J F L G Y W F L G Y W F L G A J S L R O A I

P J U C V I Y L G G P Y U S G P Y U S G P Y S I A O T N C R

Q S J W T D O F O H O T J Z H O T J Z H O T T H L O T E S A

O F Q E I W F O D J I F M X J I F M X J I F S O P I O F L E

W G I E Z R C I O M U C K A M U C K A M U C G T I U Y R D I

E Z W I U Y X Y T N Y X I Q N Y X I Q N Y X D G N C O I S W

R D H R N T D L J K T D O W K T D O W K T D N R G G U T F A

O D E F X B S U M L R R L A L R R L A L R R F F I R O E E D

T E N Y G I E V I P E E P S P E E P S P E E O I T D I S G O

A S D F L C T I E O W S P D O W S P D O W S P D E G O I R C

Y Z O E C Q F L Q I Q Z O E I Q Z O E I Q Z O A I S O A T H

R A M R B G A I N U Z A I R U Z A I R U Z A I R H Z T O T A

U Q E F U X N L D D X Q L F J X Q L F J X T L T J M P L J T

C W T M T C W H U K U W K C K C W K C I C W R C R Q O K L O

I P R O D I F U C I S T I T E V A J X H L E J N X F L J K S

L D I Z N A Z U A H B Z F Z G B Z U Z G S U R I G B F U O G

O X T A D W X N A F L X N K F N X N A D N U F V A R O E A F

R S E Q S R S H Q C M N M Q F M S M H C R A M I I M B M C C

L W B W D L W B C D K S H A G Y W B W R V W B W B C D B W D

D R T T R Y I U A M H E H E X P L H E X O E H E X A I H E X

O D Y D S O D Y D S V D Y D C T L F B O R F D H R O N T D S

K C T H A B V C X R D O V A R I T E S Z K C T F Z K C E E Z

Teste seus conhecimentos Caso Clínico (

) Pneumonia enzoótica

(

) Salmonelose

( X ) Circovirose (

) Complexo respiratório suíno

(

) Superlotação (falta de espaço na terminação) devido ao incremento de melhoras dos resultados reprodutivos (falta de planejamento do fluxo de produção).

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Pode ser aplicada na 1a semana de vida (3 dias de idade).

Rápida resposta imune

Animais protegidos já na 2a semana após a vacinação.

Proteção duradoura Uma única aplicação e mais de 25 semanas de cobertura vacinal.

Garantia de resultados Ampla quantidade de estudos e mais de 2 bilhões de doses aplicadas.

Ligue Grátis: 0800-011-1919 | falepfizersaudeanimal@pfizer.com www.pfizersaudeanimal.com.br

Número 1 em proteção contra Pneumonia Enzoótica.

©Copyright - Laboratórios Pfizer Ltda. 2010 - Todos os direitos reservados.

Proteção precoce


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