Recursos Humanos
É possível reter talentos? Marcelo acompanhava cada um de seus clientes. Saía da empresa e ia aonde o cliente estava para satisfazer a uma necessidade. Todos diziam que ele realmente era “surpreendente”. Desligou-se da empresa sem dizer os motivos. Júlio era o melhor vendedor. Vendia muito mesmo. Vendia mais que o dobro da média dos outros vendedores. Pediu demissão alegando motivos pessoais.
Conversei separadamente com cada uma delas.
Marcela disse que cansou de “brigar para trabalhar”. Seu chefe a mandava mentir a todo instante. Marcava um compromisso, não ia e mandava Marcela dizer que ele não estava sabendo do compromisso agendado. Além disso, o ambiente de trabalho era muito ruim. As pessoas eram mal-educadas e pouco gentis. Não havia respeito entre elas, que confundiam a vida profissional com a pessoal. A esposa e as filhas do patrão mandavam e desmandavam na empresa sem que pertencessem ao quadro funcional. Não aguentou mais. Pediu a conta.
Marcelo explicou que deixara a empresa porque o chefe dele se incomodava muito com o seu sucesso junto aos clientes, que ligavam para a empresa e queriam falar com ele, Marcelo, e não com o chefe. As pessoas da empresa também não entendiam porque Marcelo recebia tantos convites dos clientes e fornecedores para confraternizações, e isso parecia gerar certo ciúme interno. O chefe, então, começou a não permitir que ele visitasse os clientes com a mesma frequência. Isso tudo o deixou muito chateado, e ele pediu a conta.
Reter talentos não é fácil. Justamente por serem pessoas talentosas, elas exigem condições de trabalho especiais. Muitas delas não reclamam, não falam, não se justificam. Como sabem ser talentosas e confiam na sua empregabilidade, simplesmente saem do emprego alegando qualquer motivo banal como “estou querendo dar um tempo para mim.” Elas não dizem a verdade porque sabem que a verdade poderá ofender e não querem sequer ter essa preocupação a mais. Simplesmente partem para outro emprego, outro desafio.
Marcela era uma secretária exemplar. Bilíngue, atendia a todos com presteza e cortesia. Tinha excelente redação e dominava bem editores de texto e até planilhas de cálculo. Saiu da empresa sem explicar a razão. O que terá acontecido com estas três pessoas – reais, com nomes fictícios?
Suínos & Cia
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Com Júlio, o que aconteceu foi que ele vendia tanto que sua comissão de vendas era maior do que o salário do seu chefe e até do pró-labore de seu patrão. Eles queriam, então, renegociar sua comissão para baixo. Diziam: “Você não pode ganhar tanto!”. Esse foi o real motivo de sua saída.
A discussão de retenção de talentos é fundamental nos dias de hoje, porque não há como sobreviver num mercado competitivo com pessoas sem talento em nossa empresa. Todos nós temos muitos concorrentes, com qualidades semelhantes e preços similares. A nossa diferença só pode estar em gente talentosa que faça a diferença todos os dias, evidenciando nossa empresa, nossa marca. Para reter talentos, é preciso dar a eles condições para que exercitem seus talentos. Sem essas condições, estas pessoas sentem-se mal e buscam sempre um lugar onde possam desenvolver seus talentos. E essa é a palavrachave. Pessoas talentosas sentem necessidade de desenvolver seus talentos. Por isso sempre querem mais. Por isso querem sempre maiores desafios. Por isso são essenciais para o sucesso de uma empresa. E sua empresa? Você e sua empresa criam as condições necessárias para que os talentos se desenvolvam? Ou você prefere medíocres obedientes que farão sempre tudo o que o chefe mandar? Pense nisso. Sucesso! Por: Luiz Almeida Marins Filho anthropos@anthropos.com.br
Ano VII - nº 43/2012