Forças Intermoleculares

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COLEÇÃO CADERNOS SENSÓRIOS | VERÃO 2021


Cadernos Sensórios Corpo Palavra Forças Intermoleculares Verão 2021

Edições Lab Corpo Palavra 2021

Coleção Cadernos Sensórios | Verão 2021


PREFEITURA DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO / SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA, SECRETARIA ESPECIAL DE CULTURA, MINITÉRIO DO TURISMO E GOVERNO FEDERAL, ATRAVÉS DO PRÊMIO FOMENTO A TODAS ÀS ARTES, APRESENTAM:

A licença poética utilizada na construção dramatúrgica dos textos dessa coleção de cadernos sensórios é uma escolha das autoras de acordo com a natureza de uma escrita que surge da relação com o corpo em movimeto. Por esse motivo, é possível notar algumas passagens em desacordo com a norma padrão do português brasileiro (N. E.)

Aline Bernardi, Ligia Tourinho e Lia Petrelli


Sejam muito bem vindes, as, os

aos

cadernos sensórios corpo palavra Essa coletânea tem o desejo de ecoar as ressonâncias poéticas que emergem da experiência com as práticas do LAB CORPO PALAVRA em suas ações de processos de aprendizagem e experimentação nas artes do corpo e escritas cartográficas. Através de uma proposta artística pedagógica investiga-se as interseções entre o corpo e a palavra no processo de criação artística na relação vida-arte-vida, oferecendo dinâmicas que convidam à uma prática de modulação das conectividades entre presença corporal, qualidades de movimento e produção-processo de (des) conhecimentos.

Coleção Cadernos Sensórios | Verão 2021


O Lab Corpo Palavra tem o interesse em ativar as relações entre pessoas, imaginários e memórias para permitir os processos dos múltiplos modos de pensar-agir-mover numa dilatação do discurso corporal, englobando aspectos do corpo sensível na construção de diálogos que potencializem a pesquisa e criação em artes.

O corpo é vibrátil e atua como motor para a manifestação da força pulsional de nossa capacidade de imaginar e criar com o mundo que nos relacionamos. Chegamos em nossa segunda edição celebrando a expansão das ações do laboratório. Através do Prêmio Fomento à Todas as Artes da Lei Aldir Blanc vivenciamos 7 semanas de um percurso imersivo e intensivo, com encontros diários dos módulos I (eixos éticos, estéticos e políticos) e II (poéticas da queda) do Lab Corpo Palavra facilitados por mim, com palestras (Hélia Borges, Katya Gualter, Maria Alice Poppe, Sandra Benites, Ondjaki, Ana Kfouri e Ciane Fernandes) e vivências (Soraya Jorge, Ana Paula Bouzas, Ruth Torralba, Lidia Larangeira e Pedro Sá Moraes). Também tivemos encontros conduzidos por mim e por Ligia Tourinho, que assina a dramaturgia dessa ação do Lab para direcionar o processo de criação artística deste ebook Forças Intermoleculares, do videoperformance Encantografar: estado de verbo desconhecido e da videoarte Mãoebius. Agradeço e celebro também as presenças de Lia Petrelli no projeto gráfico do livro e na direção de arte e assistência de direção do projeto; e Laura Addor comandando com firmeza e afeto a produção executiva. E à parceria poética nas tramas de alguns anos que teço com Julio Stotz, que trouxe sua sensibilidade e precisão na direção de fotografia e montagem audiovisual da videoperformance. Aline Bernardi, Ligia Tourinho e Lia Petrelli


Nessa ação do Lab Corpo Palavra estamos tecendo um ambiente de experimentação para investigar os modos de grafias corporais coreografias e dramaturgias do movimento, compreendidas como escritas do corpo no espaço em uma perspectiva cartográfica.

A cartografia parte do pressuposto e do reconhecimento de que se está continuamente em processo. O perfil de uma (um) cartógrafa (o) é regulado pela disponibilidade sensível que esta (e) oferece ao seu processo de produção de realidade. Para ela (e) é imprescindível a radical premissa: estar em constante aprendizado com o movimento que emerge do tensionamento entre fluxos vitais e organização de território planejado. O coletivo dessa jornada é composto por 33 artistas, educadores e pesquisadores de 17 a 55 anos com diferentes estórias e trajetórias de vida, localizades nas mais diversas regiões do nosso Brasil: Adriana Alves (RJ) Ana Carolina Gonzalez (SP) Ana Kemper (RJ) Bianca Andreoli (RJ) Bueno Souza (RJ) Clarissa Monteiro (RJ) Dani Ramos (RJ) Diane Portella (BA) Eliza Pratavieira (PR) Fabiola Brandão (RJ) Iara Cerqueira (BA) Ingrid Lemos (RJ) Irene Milhomens (RJ) Ligia Protti (RJ) Liora Souza (RJ) Marcelo Araya (DelFuego) (BA/Chile) Marluce Medeiros (RJ)

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Maria (RJ) Maria Sacchese (RJ) Majú Cavalcanti (RJ) Matheus Vieira (RJ) Manu.ela Kemper (RJ) Michelle Belcanto (RJ) Monica Nascimento (RJ) Monica Seffair (AM) Raiza Costa (RJ) Jatobá (RJ) Rayrane Melyssa (PB) Stéphanie Alves (RJ) Tainá Dias (RJ) Thalu Veras (RJ) Tefa Polidoro (SC)


A ativação de uma atenção à multiplicidade de micro-movimentos que o corpo constrói entre as interconectividades dos espaços internos viabiliza a condição sensível do corpo.

As dobras, as tensões, as torções, os alongamentos, os deslocamentos dessa dimensão de conectividade interna com o espaço externo é o que produz pensamento sensível no corpo.

A comunicação desse modo de pensar-agir-mover acontece através de grafias corporais, apresentando percursos de construção das escritas cartográficas em uma perspectiva de coreografias e dramaturgias itinerantes.

Esse ebook número 02 celebra mais um desdobramento da pesquisa e se divide em 4 capítulos:

Devires Aquosos, Germinações Terrosas, Sincronicidades e Encantamentos.

As dinâmicas laboratoriais proporcionaram o surgimento das composições textuais que se encontram nessas páginas e articulam a capacidade dobrável do corpo, as camadas da pele num entrelaçamento das ações de ler-escrever-falar em um corpo que é passagem dos fluxos vitais em constantes trânsitos entre o pensar-mover-sentir.

Aline Bernardi, Ligia Tourinho e Lia Petrelli


Coreografias e dramaturgias ancoradas na experimentação de um corpo cartográfico, que performatiza um acontecimento, pode contribuir para uma remodulação das nossas presenças dentro do quadro de quarentena estendida.

Nesse sentido, nos afinamos com a proposição de micropolítica ativa da psicanalista Suely Rolnik, como um caminho de desestruturação das reatividades impostas pelas marcas do inconsciente colonial-capitalístico. Em outras palavras, o corpo não é uma expressividade subordinada às representações:

O corpo é matéria que toca o invisível e produz deslocamentos de sentidos. Assim, pressupõem-se habitar o corpo como um espaço de acontecimento que produz afetos de um saber sensível, que favoreça a construção de coreografias e dramaturgias em ressonância com o campo intensivo das modulações de pensamento e movimento.

A proposta do Lab é experimentar o corpo em um processo de afetar e ser afetada (o) por suas marcas através de grafias corporais cartográficas, convocando as relações entre corpo-escrita e corpo-fala a um devir-queda, vulnerabilizando a conservação de formas pré-estabelecidas entre razão e sensação, entre corpo e pensamento. Um convívio com questões que cedem ao livre e lúdico experimentar, permitindo ampliar os horizontes do contato com o próprio corpo, com o pensamento e com a palavra a partir de uma construção de alteridade.

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Como ativar o devir-queda das grafias corporais? A queda tem um significado social previamente estabelecido em nossa cultura ocidental que está associado à perda de poder. Muitas vezes ouvimos “cair é perder”, analogia que é reflexo de um pensamento com base dicotômica do sucesso x fracasso, perspectiva associada à exigência social de que é preciso ter uma ideia planejada com objetivos definidos para assim começar um percurso (um movimento sendo realizado em continuidade com um plano previamente estabelecido rumo ao “sucesso”). Essa premissa que coloca a continuidade submissa ao começo planejado e pré-definido é um movimento que naturalmente convoca ao medo do “fracasso”, justamente por não se abrir ao risco de estar em relação com o desconhecido.

Quando essa premissa é invertida, a ação é orientada no sentido de gerar continuidade ao movimento incluindo a queda e suas ondulações como parte do mover.

É através da continuidade que as coisas surgem, acontecem, começam. O começo nesse modo de agir e pensar não é um ponto de partida, e sim um ato contínuo de estar em movimento.

Assim o inesperado tem a possibilidade de aparecer, surpreender e despertar o interesse ao ato de criação na vida-arte-vida.

Aline Bernardi, Ligia Tourinho e Lia Petrelli


Nesses tempos de desestruturação de nossa capacidade respiratória, política, social, cultural e econômica percebo a importância de impulsionar e aprofundar os estudos e as práticas que tonificam a potência de construção da nossa presença corporal, encontrando as brechas para organizar nossas ações no presente em busca de ampliar a Imaginação de futuros.

Aqui nos convido à, de mãos dadas, ritualizarmos um (re)começo que pode emergir através do exercício de ampliar a escuta entre nós e do desejo de co-criarmos ambientes afetuosos de convivência coletiva.

Desejo que possam sentir a pulsação dos poros da pele em estados de escuta-leitura por essas escritas-de-vozes-coletivas

Aline Bernardi, Diretora Artística do Celeiro Moebius, Criadora e Propositora do Lab Corpo Palavra

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Corpo ecoa cor quando feito sol se põe num outro corpo. Ecoa cor quando feito sol se põe num outro. Corpo ecoa cor quando feito sol. Plantei meus pés no chão. Toquei os dedos das mãos. Senti cheiros e texturas. Enxerguei as montanhas e as minhocas na composteira. Tudo isso nos olhos de vocês dentro destes quadradinhos, pequenas janelas para o mundo. Estar aqui é o retorno de um novo. É poder vestir minha pele novamente. Pele de foca. Destas que deslizam no fluxo.

Gaia ainda mama e isso me esperança.

Ligia Protti

Aline Bernardi, Ligia Tourinho e Lia Petrelli


Aline Bernardi por Ligia artista da dança movida pelas redes, teias, artesananias, alfaiatarias e andarilhagens do corpo poético. é pura trama encarnada, manifesta em seus dreads, fios para a presença porosa tecendo subjetividade engravidada de coletividade dos seres visíveis e invisíveis de diferentes espécies. move, age e cria com escuta para a tecitura de um sonho encarnado, dançando com os estados de presença e afetos. idealizadora do Lab Corpo Palavra, mobiliza toda essa gente nos devires fluxos desse processo com firmeza delicada e complexidade sutil.

Ligia Tourinho por Aline é flor do deserto com cheiro de dama da noite, revelando pétalas cacheadas do seu cabelo de fogo. nos trânsitos entre dança e teatro, opera com resiliência nas mais plurais ações de criação, gestão e formação que cohabitam seu percurso. malabarista multifocada das redes políticas e poéticas nas artes da cena. artista transdisciplinar das performatividades da presença.

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Julio Stotz por Lia é serenidade de voz azul como seus olhos. capricórnio, mora no alto das montanhas, toca o céu e anda firme e esparramado no horizonte, na linha do sol encontra a potência de estar à vontade para descobrir a fluidez tátil das minucias.

Lia Petrelli por Julio escreve como quem deságua seu vasto mundo interno de infindas estórias. tramas traçadas com o tecido onírico de sua infância. carrega consigo um acervo que pode ser acessado a qualquer momento para criação de uma nova brincadeira sensorial, um movimentar intuitivo, que recombina sons e cheiros captados pela beleza que enxerga o mundo.

Aline Bernardi, Ligia Tourinho e Lia Petrelli


Rayrane Melyssa por Fabíola menina mulher flor de luz. Investiga e se instiga pela experiência dançante. com seus raios ilumina com palavras um bailado sem nome. caminha ao encontro da vida com prazer autônomo e autômato.

Stéphanie Alves por Rayrane multi-artista, navegante curiosa que abre-se aos seus espaços de pertencimento e, desde que se tornou mãe do Lírio, olha para a educação infantil com carinho, trazendo a arte tecida com o autoconhecimento.

Fabíola Brandão por Stéphanie mulher, mãe de Nilo e Jonas. trabalha com danças nas alturas, ama natureza, a poesia da vida, o toque, gosta do falar com pessoas que também gostam da voz falada.

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carta cartográfica #1 (tecida por Aline Bernardi a partir de cartas recebidas do coletivo)

Saudade de criar. Por onde começar? Ir ao chão, sentir a estrutura, entender o modo que percebo o que preciso para continuar movendo. Caminho de (des)construção e experimentação. Até onde posso expandir nesta dança? Ondulações de coluna, escápulas, pelve - contração e relaxamento, os fluxos se firmam no corpo. Desejo intenso de expressão, mergulhar nesse vocabulário múltiplo. Engajamento no universo dos (des) conhecimentos. mover as aprendizagens da/na dança. Lugar de estranhamentos: nuvem de pensamentos sobre a relação entre a linguagem verbal e a não verbal, sobre a verbalização da experiência em dança e sobre a não separação entre as palavras e os gestos. A sensação do corpo pro papel, devolver ao corpo o que o papel experimentou. partilhar, trocar, participar.

Aline Bernardi, Ligia Tourinho e Lia Petrelli


Como eu chego neste lugar? O que existe neste território que faz valer o risco? Buscar modos de permanecer. Corpo que nunca coube, transitar nos entremundos, na corda bamba. Buscar as chaves de acesso aos estados corporais, o refinamento desses outros campos de percepção. Desaquietar, ativar, outra/novas formas de mover. musica, palavra, corpo. Emancipar as infinitas possibilidades e conexões em uma escrita como forma de vida e cuidado de si e des outres. Enquanto escrevo, cada vez mais sinto a necessidade de observar A implicação de meu corpo. Uma escrita que se movimenta a partir da escuta do que vibra no corpo

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Eliza Pratavieira por Ingrid nesse momento é uma escrita ondulada, páginas líquidas sobrepostas, um começo de prática-limite e um mergulho numa sucessão de planos concretos arquetípicos. artista e professora das artes em um mundo que atravessa uma dissolução.

Ingrid Lemos por Irene protetora da semente sagrada que carrega no ventre embalada em terra boa e úmida. filha de Nilza, neta de Marina. alimenta-se de mar e de liberdade. é cigana co-movida de amores. é brincadeira de ser feliz.

Irene Milhomens por Eliza linha de força no nome Ειρήνη, cultivo na terra fértil da protocooperação. Irene-corpa-humanóide em devir escaravelho, no entre mulher e besoura. boiadas, vôos rasantes, couro-pelo, exoesqueleto metálico nas travessias sonoras das vazantes. habita o mundo das fabulações e porta em si a coragem das metamorfoses, floema em fluxo.

Aline Bernardi, Ligia Tourinho e Lia Petrelli


Monica Seffair por Marluce

Marluce Medeiros por Diane

menina de Parintins, casada, religiosa. estudiosa das lagoas, dos lagos e igarapés. sonhadora que passeia em seus pensamentos pelos remansos e pororocas da criação. força, fé que vem da dança, que vem de corumbá! Salve a Amazônia!!

solar. sensível. ativa. carioca nascida e criada no subúrbio do Rio de Janeiro. desde pequena a dança é parte da sua vida. adora gente, sentir o chão da natureza e de encontrar tranquilidade na correria. ela não é boazinha mas é gente boa. Marluce é amor.

terra dos orixás, água de coco , mar, Terra da Cabralia. peso leve, calmaria, voz que ecoa lembranças e saudades da infância. superfície de papel- textura nas mãos que criam, mãos que caminham, mãos de busca. gosta de dançar com som alto.

Diane Portella por Mônica

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Um corpo que se joga, um corpo que cai. Tantas coisas ditas ao tempo, ao vento e a giros que transmutam. A água que há em mim também há no outro. Coração músculo e coração bomba. corpo nú por meio da poesia, performance e dança, a partir dos encontros com sentimentos, experiências e pessoas. Ampliação da escuta própria e em relação ao mundo, integrando a dimensão arte-vida-arte-vida.

Aline Bernardi, Ligia Tourinho e Lia Petrelli


Recomeçar o ciclo muitas vezes, escrevo garatujas com a mão esquerda, há tudo de redondo no modo como movo. Memórias, partituras, coreografias, palavras corporais, investigações do corpo cênico: versar possíveis maneiras de pensar. A escrita, a voz, a oralidade, a palavra como “parte” do corpo. Irrigação do campo da comunicação, dos sentires, das ideias e do ser. Seguir transformando a criança. encontro comigo mesma, com os outros, e de ativar outras formas de presença. A palavra é a metáfora para pensar o corpo? O ser humano tem 12 sentidos, sendo um deles o do pensamento.

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Monica Nascimento por Ana Gonsalez corpo em próprio movimento dançante. essa morena dança na roda viva da vida. saudosa e querente do chão e da terra preta. mãos e pés encharcados de memórias na casa da avó. mulher mãe de sorriso largo pelos tantos conhecimentos de seus passos rodantes por esse mundo.

apenas 23 anos e tão conectada à natureza...desfruta das maravilhas de Lumiar, onde essa jovem doula tece os fluxos e ritmos da vida, através das mãos da agricultura. homeopata de olhar sereno buscando o fluxo contido no exterior-interior, provocando o equilíbrio.

desde criança encantada pela natureza e os movimentos do corpo vivo que tem vontades e curiosidade de mergulhos profundos. encontra a fonte de sua energia vital nos encontros e nas trocas de conhecimentos com outras pessoas que a acompanham na trilha da vida.

Maria Sacches por Mônica

Ana Gonzalez por Maria

Aline Bernardi, Ligia Tourinho e Lia Petrelli


Tefa Polidoro por Majú ariana brincante, dançarina carregando música e violão, atriz acadêmica, mexedora de terra, plantadora de sementes, caminhante à luz do sol, gosta de ser ninada pela chuva, buscadora da calma, geradora de sorrisos.

Michelle Belcanto por Tefa Michelle Bel-canto, passarinha do pai. multiartista, multimãe. mãe de Gaya que ainda mama, e isso nos esperança. mestranda, amante da natureza, moradora do mato. forte, sonhadora e apaixonada.

Majú Cavalcanti por Michelle Jullyanne que com a entrada no Lab se batizou Majú. na procura de um lugar pra se encaixar, segue movendo. mestra e doutoranda em educação, o que a encanta é o corpo que baila. na yoga se equilibra e talvez se aproxime do lugar que anda a buscar.

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Os caminhos na área rural deslocam os estudos. desaprender todos os dias. Corpo-acontecimento pelo espaço, estimulando a capacidade de criação coletiva das cartografias do ser. Dolorosas e nervosas memórias da relação com a escrita e a leitura nos anos de escola, desconfortos e medos que sugam a criatividade e espantam a coragem. Assim como o vento, é necessário soprar, desabrochar novos horizontes, para que as sementes plantadas possam crescer e desabrochar. suor sendo poesia. O corpo é abrigo, templo.

Aline Bernardi, Ligia Tourinho e Lia Petrelli


Semente na terra, plantio. A terra me comunica e meu corpo devolve ao espaço as energias. Outros olhares, cosmovisões. Modo de olhar a própria escrita como muito além da palavra desenhada em papel. Sentir a força da ancestralidade nos processos de morte e renascimento. Ser solo fértil para outras sementes. O boi bumbá de parintins é uma festa.

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Bianca Andreoli por Danielle pessoa que se encanta com a vida e seus mistérios. amante das artes, dos processos de criação e a magia encarnada no ato criativo. percebe a natureza como pura divindade e percebe sua espiritualidade como caminho possível para o limiar da maturidade.

Dani Ramos por Ana mulher preta que sonha seu chãoterritório situado na Baixada de Fluminense, sonha desde seu corpo, criando águas para o impreciso navegar que é viver, águas desenhadas na inspiração e companhia das forças de suas mulheres: pela doçura de Oxum e pela batalha de seguir aprendendo herdada de Oyá e de sua mãe biológica.

Ana Kemper por Bianca um ser do mar. mulher, mãe, acupunturista , artista e umbandista. tem feito experiências com plantio dentro de casa, estuda ervas e plantas no campo da medicina chinesa e no campo sensível. investigadora da multi-atenção, gosta de estar na bagunça entre a arte e o cuidado de si e do mundo.

Aline Bernardi, Ligia Tourinho e Lia Petrelli


Adriana Alves por Liora dançarina cheia de vida. quer entender o corpo em suas relações com o espaço, com o outro, com o mundo. professora interessada em fazer da vida um espaço de criação. fã de pipoca, bolinho e preguiça. apaixonada pelo mover em todos os seus modos.

Clarissa Monteiro por Adriana sensível, carinhosa e família. tecida entre dois eixos fundamentais que são a arte e a família. apaixonada por ouvir as pessoas, deixa ressoar a escuta de estar com. como amante do girassol, não consegue se imaginar fora do contato e da experiência de viver com a natureza.

Liora Souza por Clarissa atraída por pensamentos corporalmente moventes que desemboca em despertar um olhar curioso acerca dos enigmas da vida. as potências vital, humana, criadora e do ato de posicionar-se a engolem. os campos artísticos se cruzam e a abraçam, mulher enraizada com a cultura popular brasileira. escritora de corpos-territórios.

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Os movimentos prováveis de continuar sonhando. Caminhos e entendimentos de uma experiência prática. Viver é estar em uma dança contínua, manipulando nossos riachos, Desabando-os em cachoeiras. Encontrar o fio de tantos outros mundos. Um corpo que cria a partir de uma subjetividade ecológica. Movida pelas (inquiet)ações (po)éticas e o desejo de comunicar através do movimento e da palavra.

Aline Bernardi, Ligia Tourinho e Lia Petrelli


Pensar é uma ação. Rememorar os caminhos do corpo. a capacidade expressiva Do ser humano gera encantamento. Implicação política de um ajuntamento coletivo: espaço de lugar de fala. A vida é feita de encontros. Escuta ativa. Posso construir conexões que perpassam corpo e mente, compromisso na experiência com a prática, disponibilidade para estar aqui como corpo que deseja se mover, correr, saltar, dançar, voar.

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Matheus Vieira por Raiza navegante Tijucano, artista tecedor de palavras que tramam múltiplas expressividades. jornalista deformado e transformado pelo teatro, carrega sua ancestralidade entre afetos derivantes de águas que ondulam por seu timbre encantante. é potência em fluxo de paixão desejante pela palavra metamorfoseada em canto.

Tainá Dias por Matheus

Raiza Costa por Tainá

17 anos, do Rio de Janeiro. uma amante das artes. essa coisa de expressão. seja teatro, seja escrita: presente no corpo. do Cefet e do curso de turismo regional. ler, estudar, estar sempre ativa: gosta muito. da estrutura capitalista que limita, não mesmo! fã dos hippies e da música antiga: MPB, galera anos 70 que resistia à ditadura. canceriana com ascendente e lua em touro: acho que é por isso.

compõe a vida pelos campos sensíveis da arte. movimenta-se a partir de uma família de artistas e fez do corpo sua dança e hoje atua como arte-educadora, bailarina e performer. casada, guarda em si o anseio de nutrir um novo ser. entusiasta e, como boa militante de esquerda radical, luta pela construção de um existir mais justo e igualitário.

Aline Bernardi, Ligia Tourinho e Lia Petrelli


Manu.ela Kemper por Bueno carioca, cidadã caminhante, fascinada com o movimento do micro e macro universo. terapeuta corporal biodinâmica. atenta a psique no toque e na expressão, se interessa pelos recém chegados no mundo e suas impressões nessa chegança. mulher negra, ama dançar, cantar e atuar. sua mãe e irmãos se fazem presentes em seu fluxo de inspirações. muito conectada à espiritualidade, sente que cada dia é dia de esperançar algo de bom! adora girassóis! carismática, adora rir, cativar e fazer gente sorrir!

doce na alma. corpo livre e morada de todes. Gaia é seu chão. não se reprime por dúvidas ou inseguranças, revestindo-se de ousadia e braveza. é agente de si. espírito manso e suave. é, em construção. de Minas Gerais, voz com gosto de pão de queijo.

Maria por Manuela

Bueno Souza por Maria

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Ligia Protti por Jatobá mãe de Maitê, andarilha, bióloga, educadora, atriz e contadora de histórias, usa a arte pra se conectar com as coisas, buscando seu lugar no mundo pra transformar

Jatobá por Ligia artista múltiplo, rapper, roteirista, poeta-marginal, ator, comediante. tem fome de vida, conexões, trocas e vivências diversificadas que lhe inspirem a reinvenção constante. Essa é a sua meta.

Sensações enquanto se deixa fluir a sensibilidade da palavra que transita dançante. Me move saber que tudo está se movendo. os limites, as fronteiras, as crenças, as ditas verdades. Amálgama entre corpo, criatividade, imaginação e processos de ensino- aprendizagem, integrando sentir, pensar e querer. Fazer silencio para deixar ouvir e falar. Entrega, confiança e afeto.

Aline Bernardi, Ligia Tourinho e Lia Petrelli


Thalu Veras por Iara uma flor de olhar calmo e fala mansa. arteire / artista que traz no corpo marcas que se transformam em reflexões poéticas, quando costura com as marcas dos outros participantes nesse coletivo. amante da vertigem. questiona gênero e as muitas vidas subtraídas de maneira incoerente. reiventar-se é seu verbo de ação, e lá no fundo = vulcão.

de dança, pesquisa, docência. rodeada de água, de mato, bichos e gente. sorriso fácil, sol laranja, azul celeste. se esconde no sertão entre danças e andanças. flores, mar. dois de fevereiro. mãe de Gabriela, sorriso mais lindo, cabelo cor de Santa Bárbara, acarajé com pausa em movimento, um fogo molhado, pimenta. um corpo que vibra música. contato no olhar e palavras na pele. um educadorIara Cerqueira por Marcelo aprendiz perene, entregue ao processo. na terra: permacultura. no ar ele fixa suas raízes e se faz florescer.

Marcelo Araya por Thalu

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Dramaturgia,

por Ligia Tourinho Falar sobre dramaturgia é sempre um desafio, porque de fato este é um termo muito plástico. A dramaturgia de um projeto como o Lab Corpo Palavra, diverso em tantos aspectos, nos coloca diante de alguns desafios.

Aqui dialogamos com muitos moventes de distintas referências, com proposições diárias, às vezes mais de uma por integrante, colocando toda a equipe de criação diante de um estado móvel: espaço e tempo, pensamento e intuição agindo simultaneamente na organização e no desdobramento desses materiais. Nestas condições, todos somos responsáveis por esta dramaturgia. Minha pergunta gira em torno de qual seria o papel da pessoa que assina a dramaturgia destas ações do Lab Corpo Palavra. Estas reflexões tentam rascunhar estas perspectivas de trabalho e deixar algumas pistas. Uma de minhas primeiras ações nesta função foi de abrir espaços para a escuta poética, alargar o devir mover escrita, inscrever o movimento e reconhecer nos gestos mínimos e na ilusão de pausa, na paragem, movimento. Aline Bernardi, Ligia Tourinho e Lia Petrelli


Insistir na condição de não deixar de escutar em nenhum momento. Ver o outro, perceber suas nuances. Tecer a dramaturgia deste projeto não é sobre a minha pulsão interna, sobre as minhas escolhas, apesar delas estarem ali afetando a todo o tempo, mas o foco está em perceber os traçados propostos, a pulsão da construção coletiva como um ser que tem suas próprias necessidades.

Em um segundo momento, permanecer junto porém distante e afastado sem jamais perder o elo de ligação com os acontecimentos. Estar dentro de forma diferente, gerindo suas próprias condições para poder escutar tecendo uma ponte com a apreciação dos produtos artísticos gerados pelo processo: o caderno sensório, a vídeo performance e a vídeo arte. Por fim, contribuir com a produção de materiais e o engajamento deles na difusão, exibição e nas reverberações das obras artísticas e do próprio processo criativo. Trilhar um diálogo crítico e exigente com as conexões estabelecidas no processo durante as feituras dos roteiros, contribuir com as escolhas dos nomes, com a produção dos textos formativos do projeto, com o levantamento de materiais nos encontros de criação e com os burilamentos das cenas.

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Dar suporte às questões emergidas nas discussões do grupo, oferecendo material crítico, analítico e referencial teórico, quando necessário. Não poderia deixar de destacar os desafios que são tecer uma dramaturgia do movimento através de ensaios em uma plataforma de reuniões virtuais. Olhamos de frente para o nosso isolamento e encontramos no grupo nossa força e sentido de criação, devir esperança de mover. Encontrando formas conscientes e de cuidado de si e do outro que nos permitam seguir produzindo artisticamente. Mais do que refletir sobre qual o papel de um dramaturgista de maneira geral, mapeio aqui as funções de dramaturgia neste trabalho. Demandas trilhadas na sua idealização, acrescidas pelas necessidades que apareceram ao longo do processo.

Ao idealizar um projeto, lançamos ele no mundo. Há sempre um aspecto preparado e sonhado e as lacunas, preenchidas pelas experiências. Esta dramaturgia, apesar de assinada por mim, foi tecida a muitas mãos, é fruto de um trabalho em coletivo na busca de reencantar-se em tempos tão difíceis, tentando assim propor alternativas para um novo mundo, desejando igualdade de direitos a todes e liberdade plena para cada um ser como é.

Aline Bernardi, Ligia Tourinho e Lia Petrelli


Coleção Cadernos Sensórios | Verão 2021


Mãos

Segurando o ar O ar vira objeto Eu toco Mão rocha Mão cintilante Fio magnético Dorso descola do osso Decola Mãos em camadas Placas Mão movente Reverberação tectônica ainda não escavada Mão que eu escrevo Tendo que seguir o objetivo Entender abstrato Escrever desde a base Do cotovelo Um plano vira muitos Vontades dentro em luta Bambolê no lado esquerdo Mãos de suposições Escrita exotérica, lesão imposta Sentidos se acoplam Sentidos cruzados Caminho de sentidos Tempo dos olhos Tempo de telas Em negociação A mão que escreve nossas marcas Superfície unifacial Marcelo Araya Aline Bernardi, Ligia Tourinho e Lia Petrelli


Coleção Cadernos Sensórios | Verão 2021

Fotografia: Composição: Raiza Costa, intervenção Lia Petrelli


Deságua Quer dançar comigo na chuva? De lá podemos olhar a janela Nos movendo pra vibrar as árvores que sopram em nossos ouvidos Água Água Água Pra poder nos levar por caminhos Que eu já temi que fossem mar mas assim eu sempre rio Cai folha que balança o pé e protege nossa travessia Eros é poética de contágio Água é poética de fio Liora Souza

Como ser onda? O que é a dor? Onde? Onde estão minhas folhas? Marcelo Araya

A pausa é aceita no fluxo? Se o fluxo é movimento contínuo, o que é movimento? Como falar em fluxo? Por que eu julgo tanto o que sinto? Quais as sensações das sensações? Por que eu tenho tanto medo de me machucar se os machucados são inevitáveis? Como sustentar o voo quando caio? O que é virar borboleta? O que está me prendendo e porquê? O que sinto é vertigem? Rayrane Melyssa Aline Bernardi, Ligia Tourinho e Lia Petrelli


Palavras lavadas Se encruzam por pedras verbalizam sons melancólicos que se afogam em frias gotas quedantes Se atraem entre os gestos que acolhem aconchego Pela janela os tons gris da tempestade se fundem com as insólitas pedras edificadas edificados estamos corpos solitários se prendem em linearidades ilusórias Raiza Costa

Como é brincar com a fronteira? Como criar contornos? Como ceder e sustentar? Para onde vai o peso? O que habita esse casco? Queda? Onde vertigem, contorno e queda se tocam? Como nos relacionamos com a vertigem? Adriana Alves Coleção Cadernos Sensórios | Verão 2021


Guans tic sylel prez deo A pausa tem poder de fala, Escuta a palavra falar, Esse lugar de presença não vai só pra cabeça, Eu sou estranho prestando atenção, A primeira montanha de polifonia ouvida, Interrompida de ser nada, “Guans tic sylel prez deo” A palavra se fez vital pra mim, Palavras que me engasgam aaa, Necessidade nervosa de compactar ideias com plasticidade, Foi exercício de escuta de silêncio íntimo, Eu fico em profundo fluxo e trabalho o sentido pra ser semente, Aquilo faz minha atenção se organizar, Eu queria trabalhar essa calma de me apresentar Jatobá

Estrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrremecer… ssssssssssssser Ser es.tre.me.ci.daaaa Desequilibrar, cair, quicar, rolar, reequilibrar De ponta-cabeça, ficar.... SSSSShhhhhh!!!! Silêncio!

. . . Respira devagar, mesmo parada estamos em movimento...

Boom!!! Boom!!! Boom!!!

Tento não ceder, mas ressoa forte aqui dentro... Tuuudooo caaaaiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii... O que foi isso? Cap i Cua.

Tefa Polidoro

Aline Bernardi, Ligia Tourinho e Lia Petrelli


IOA RLO SMAG PZA ALP DMA Y AN CLA ITBILY TALA Eu nunca gosto de ser a primeira em nada. Eu sempre sou a primeira. Eu nunca. Eu sempre. Eu nunca. Eu sempre. Eu nunca sei. Começo por aí. Boca seca. Medo do vazio que vem na cabeça quando você não sabe o que falar. O privilégio de errar. Se lançar no vazio. Desfrutar do vazio. Despedaçar mais. Olhar sempre. Trabalhar com o íntimo, com o profundo. A gente só traduz. Eu sou sempre muito sucinta. Tem palavras que me engasgam. Solidez, Solitude, solidão. falar estas palavras. Fico muito nervoso A gente se perde. Gosto quando as pessoas me interrompem. Mãos congelam. Coração palpitando. Mãos suando. Ar... Ruídos de furacão acontecendo na minha cara. Completude. Eu quero muita coisa. 3 conchas. A faísca dos momentos. Mãos quentes, pegajosas. Uma nova pele que já tive. Estou me sentindo acordada. Um estado de presença. É isso que eu estou buscando. Fios. O que aparece num outro lugar de outro jeito. Preciso da natureza perto. Plantei os pés no chão. A gaia ainda me atravessa. Preciso da natureza dentro. Deve ser por isso que a gente tem tanta necessidade de criar um novo horizonte.

Thalu Veras Coleção Cadernos Sensórios | Verão 2021


Cores Azul e Vermelho, mãos que co-criam Traços na cor Morena Sedução nos DETALHES Cores significam Amor, traços caminhos da sedução, SENSAÇÕES PRESENÇA ANCESTRAL, PRESENÇA AFRODESCENDENTE. Monica Seffair

O tempo pede a aquário Amor silêncio é mar deserto molhado universo coração sedução, atração espaço conexão sensação mundo em vibração a arte só acontece quando eu não tô Ana Carolina Gonzalez

Olha lá a chuva na janela pequena Tem tanta coisa escorrendo Tô com fome Vou devorar esses encontros Já é uma sedução Comigo Matheus Vieira

Aline Bernardi, Ligia Tourinho e Lia Petrelli


como eu me sinto em queda? quanto de terra existe em mim? como eu me apoio no ar? tem como aterrisar sem se machucar? como sei se estou viva? o que me faz ser real? ser ave ou ser galinha? qual é a liberdade que eu quero? qual é o lugar de encontrar o olhar? o que me apressa? qual líquido cai dentro de mim? os órgãos dançam? Tainá Dias

LIBIMAN IU IAO JIDIE Eles meus nervos começam A gritar gostoso saber o que falar Estou presente sou quem dentro o que de mim se fazem fios Desfrutar Bianca Andreoli

O preparo e a espera O meu corpo pede liberdade Me falta o Ar A Água por fora que cai Me sufoca com o medo de não chegar Mas eu chego E a nova terra me acolhe Monica Nascimento

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isso me massacra me tira da superfície me mergulha por dentro e dentro é um oco! quero ser vista não quero ser vista quero não querendo queria nada querer desmanchando em querências e de álcool abastecida atropelo meus caminhos e me percebo esburacada Majú Cavalcanti SANU FROTCH CEW MOTX FLISV D FEJS P CBD Transmutação desde criança São tantas vidas A velocidade me desconcerta Respirar. Gosto muito de escutar o espaço vazio do silêncio. Fazer desse momento uma potência Isso faz o encontro Muito profundo experienciar a experiência. Minha energia já dobrou muito A dança me toca muito Contato com a montanha interna Natureza dentro do corpo, se largar no vazio. Coisas não ditas A palavra durante muito tempo foi silenciada para mim Sentimento de mãos trêmulas Evidência dos meus sentimentos Meus nervos se fazem fios Eu nunca sei Rayrane Melyssa Aline Bernardi, Ligia Tourinho e Lia Petrelli


MI RIDE JOREBU LAZITLAD PICM PMP MMH Abismo O íntimo Conchas entre O corpo de outra forma pra se libertar Coragem dessa calma Pode ser gostoso Ser dentro e fora quem sou errar abraçada é um lugar de muita coragem Faísca dos momentos passarinhos me move tanto. Ligia Protti

NEOÍCUCAGINALETZBIPZIBLBCHALRFGNFNA coragem no lugar de calma quando o vazio me embriaga de sentimento muito chuvoso um vazio com o novo sobre minhas mãos estou sendo isso aqui esse vazio Ingrid Lemos

PRIMPRALMBSLM faísca de tempo estranho sentimento mar desde criança escutar foi silêncio forma que gosto de poder errar Liora Souza

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contacto a superfície do avesso há pele dentro-e-fora ao longo do CORPOCABEÇA Ana Kemper

... Deixar escorrer... ...Texturas que invadem o corpo... ...No convite a se despir... ...E deixar invadir e penetrar... ...Moveres de escorrescência do sentir... ...Pipocando sensações de porosidade... ...Para transduzir contornos e limiares... ...Se esvaziando para deixar emergir… Adriana Alves

Aline Bernardi, Ligia Tourinho e Lia Petrelli


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Aline Bernardi, Ligia Tourinho e Lia Petrelli


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Ante a frieza dos dias, só à terra pesada escondendo segredos Embaolada em silêncio, sigo mãe de todo movimento, perguntando aos descomeços o que guardar. Irene Milhomens

quantas vontades se auto devoram em minha escuridão? quero a dança sagrada-profana que marca os inícios e fins e, assim, fecunda os paradoxos da natureza. esse serpentear de coluna que desliza, osso por osso - enteléquia frenética. cospe as próprias leis a fim de se sentir. engole a si mesma para emergir o ser em ato satisfeita. tensão orgânica. tesão vulcânica. Tainá Dias

LHECRAS ECUP MITIGAL SAUROMIAZAG Necessário tinha um abismo do lado e eu tinha muito medo de passar, novas formas de formar um caminho. A gente erra a gente acerta… Calma: eu preciso ter essa sensação dentro de mim, vim buscar o silêncio contato com a montanha interna Marluce Medeiros

Aline Bernardi, Ligia Tourinho e Lia Petrelli


Transição entre pensamento e movimentos Enxergar com mais de dois olhos Jogar e ter medo, Jogar e cair Redemoinho de um milhão de coisas acontecendo: estou me entregando a ele. Certo equilíbrio apesar da bagunça Liberdade ainda mesmo com o medo Sinto meu corpo em confusão o corpo acompanha a vibração Não ter a pretensão de voltar Contato direto com o que eu queria. Uma sede e eu quero me afogar mesmo. Bueno Souza e Rayrane Melyssa

Piso no Céu do Chão da minha Extensão Vibração Conexão Vibro: fibra, tecido Deságuo e Mergulho Na energia da nossa Trama O que chama? Chama! Chama! Manu.ela Kemper Olhar, vento sopra todo o corpo, Detalhes pequenos pontos sensíveis, Lá de longe toda beleza se esconde. Despertar a alma, entrega de olhos. Alimento anímico. Admira se no reflexo do admirar o outro. Stéphanie Alves

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DESEDIFICADA Palavras lavadas Se encruzam por pedras verbalizam sons melancólicos que se afogam em frias gotas quedantes Se atraem entre os gestos que acolhem aconchego Pela janela os tons gris da tempestade se fundem com as insólitas pedras edificadas edificados estamos corpos solitários se prendem em linearidades ilusórias

Raiza Costa

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ao chão em 4 dimensões

Fora Sentido Organicidade Vibração Presença Silêncio Fora Sentido Organicidade Vibração Presença Silêncio. Dani Ramos

pele madeira

BJIT REMD AP Fora Sentido Organicidade Vibração Presença Silêncio

peso pesa o corpo esparramado ao chão pausa entre superfícies

nos dentros Coração Pulmão Pensamento Fantasmagorias Empoeiradas Movimentam-se entre os ocos de carne ou concreto e o relógio já dispensa tic-tac’s para dizer que o tempo é dimensão do movimento Ana Kemper

Enquantar a concomitância, Na corporalização A abertura de campo, A atenção múltipla, A percepção ampliada. Eliza Pratavieria e Fabiola Brandão

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Posso me entregar à queda? Como sustentar o vôo quando a gente cai? Por que tudo me dá sono? Como abraçar o agora? Quando não é tão convidativo? Como quedar-se bem? Maria DATMA RAL LIGINY DRUNT SHELBS LOLTID PRIMG coração perto do chão uma nova pele que já tive eu vou pegar a palavra eu vou falar não quero ser interrompida minhas mãos estão tremendo muita coisa me atravessa eu vou falar O sino vai tocar agora tô sentindo esse medo é oco o eco da vida esse medo é oco eu tinha medo de cair eu tinha medo eu tinha Majú Cavalcanti Onde consigo ficar? Como estou respirando? Onde estão minhas pernas? Está chovendo? Que cheiro é esse? Que sensação me toma? Como me fazer equilibrar? Iara Cerqueira Aline Bernardi, Ligia Tourinho e Lia Petrelli


Da terra o principio Antro de morte, antro de vida encontro-criação Me quedo em seio de chão Toda vez que surdo coração Chão parceiro Cumplice de corpo arteiro Que toca carne-centro-terra ouvidos colados em escuta pulso cardiaco veste o quarto de tambor Faz dança tempestear Pele penetrada em fusão, em relação Me deito Me enrosco Me abrigo com chão Planto pernas Sigo luz Quedando em sonho chão Ana Carolina Gonzalez

Vermelho Pele com pele alegria aquosa alegria é bonito ver a chuva nas coisas vivas o tempo pede aquário amor deserto molhado Bianca Andreoli

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UNARFET BEYGGD LISMHRT CNPZT LETTJDD... Plantei os pés no chão. O bambu ele é oco e esse espaço do bambu que é vazio tem sua importância, então queria deixar um vazio. Me sinto confortável de até me abrir pra estranhos, um lugar que as montanhas me acolhem. Ele também me conta do estado de ausência de vista, me permite esse contato com a montanha interna. Corpo ecoa corpo quando feito sol se põe num outro corpo. AR. Gaia ainda mama e isso me esperança. Consegui ficar mais confortável com esse vazio, isso nunca tinha me acontecido, lugar de muita coragem. Pra onde eu vou? Qual o tom da conversa? Não tem o que saber, não tem como saber o que vai ser. Cada vibração, tudo faz sentido. Cada um de nós é a comunidade, deve ser por isso que a gente tem tanta necessidade de ser ouvido, sinto que esse é o grande poder do coletivo. Quando eu percebi minhas mãos, eu percebi algo novo, percebi minhas mãos quentes, pegajosas, nem sei porque. Senti vontade de chorar, não sei porque. Estar aqui é o retorno de um novo. Natureza dentro do corpo, coração perto do chão. Conhecer novas formas de caminho pra vida. Três conchas bem específicas.

Bueno Souza

Aline Bernardi, Ligia Tourinho e Lia Petrelli


Vertigem. Uma investigação sobre eixo? Controle? Risco? Medo? Limite? Exaustão? O que o estado de vertigem libera? O que me faz induzi-lo com tanta frequência, via práticas corporais, via substâncias alteradoras, via exposição aos excessos? A vertigem é sintoma ou é o estado corporal que me aponta um território de sobrevivência? Qual é a diferença entre a vertigem induzida em práticas de investigação e a vertigem que toma meu corpo por acidente e urgência? Eliza Pratavieira

Gaia pari, Me esperança! O mundo pára, sinto Gaia pari de pés no chão Vida caminhante cuidadora No chão caminha na paz Vida pisa pulsante Renascer infinito Solo Fértil. Maria Sacchese ZETBIM OLAP YJURALG BODNT ESLI É sobre transmutação Por esse outro lugar A dança corta o vazio, pedra, vírus, faísca Entender momentos, Acontecendo Se estabacar Marcelo Araya

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tiu tá tum Horizonta Bípede arrogante Começa um mundo novo Sente essa fome Ouve debaixo dos pés Dá nós Varaliza vísceras Pisa o osso Empurra o planeta Toma-te tudo tateia Grita a atenção era reta, agora é circular. Escuta em camadas, dentro e fora abertura de possibilidades escutar com o corpo inteiro

Matheus Vieira

reaprender atenção Stéphanie Alves e Tefa Polidoro

O que É? Como sustento a minha cabeça? Para que preciso sustentar a minha cabeça? O que acontece O CORPO? A todo tempo meu eu nasce na bacia? Como meu eu nasce na bacia? Por que eu me apoio? O que me torna gente? TRIDIMENSIONAL O U QUA DRI DI MEN SIO NAL? C O M O SERIA entrar na quinta dimensão? O QUE É A Q U I N T A DIMENSÃO? Oquehabitameucasco? Stéphanie Alves e Tefa Polidoro

Aline Bernardi, Ligia Tourinho e Lia Petrelli


ADUH CLL SCLTNN D RU RMA JLNEAGO SY, FRD GIV.

Pedras.

Gosto muito de escutar. Pedras. Minhas mãos congelam Pedras. MUUUUUITO. Pedras. Palavras que engasgam, vontade de dançar. Pedras. Obrigada pela oportunidade, tô errando! Tô errando! Pedras, a beleza do SILÊNCIO, fronteiras e horizontes. Tipo assim, Shuuuuuuuuu. Pedras, às vezes meu estado é de dor, mas eu não fico com cara de dor. Pedras... Raiza Costa

Rastros e pegadas Registros contornados Estados de queda espiralados Peso como matéria expressiva Chão ativo de pele porosa Que convida a dançar O corpo cede sem expectativa de retornar É sobre não saber o que virá, Sobre pensar com os pés Como pincéis que rabiscam traços de uma andarilhagem Aguçam escutas refinadas que se demoram no lento Produzindo fluxos, ventanias e tempestades Se deixando afogar Em explosões da palavra corpo E do corpo da palavra Adriana Alves Por que é preciso plantar os pés no chão? / Como eternizar o aprendizado de andar sob as nuvens? Ingrid Lemos Coleção Cadernos Sensórios | Verão 2021


Tempografia ao chão Superfície me levou (abaixo) quando via o mundo em minha espera Tive desterro de vazio E Gaia pulsando em queda Procurei esperanças perdidas Nessas nossas pausas moventes Dochãoqueaquisepassa Dochãoqueaquinosleve Liora Souza

UmjogodeFOGOeassopraventaniaFOGOdentrosFOGOtonizaforana FOGOGOGOGOsejoFOGOFOGOFOGOaminFOGOFOGOfingequenão FOGOFOGOtadigaqueFOGOdemoranFOGOmeéFOGO Thalu Veras

Aline Bernardi, Ligia Tourinho e Lia Petrelli


Um trabalho de risco e de escuta Aquilo que não é evidente Diversão, desafio Desfiar o novelo Descoberta vertigem queda Do corpo que fala e escreve Aprender o fluxo, a pausa O processo em processo Olhar o outro, de ser visto pelo outro, de olhar o mundo Processo de vida Vontade de outros olhos Majú Cavalcanti e Irene Milhomens

O homem passou, deixou sua pegada. Cheiro. O chão começa frio. Respiro. Meus pés vibram, esquentam, inspiro esse grande teto. Desejo de pés no teto. Observo o calor no meu corpo. Reviro. Empurro o chão com as mãos quentes. Caio. Minha cabeça pesa, vira, revira e para, olho novamente para o teto, quero alcançar com os dois braços e andar nas nuvens, além do teto. Volto novamente com os pés e mãos no chão bruscamente, pauso, não paro. Quero uma dança com ele, com o teto e com o chão. Mas o chão me abraça com força. Estamos no mesmo espaço, aproximo-nós. Do chão. Da terra. Do ar. Bocejo. E o chão volta e nos abraça forte

Iara Cerqueira

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Caio e me levanto... tempo de pausa em você! Macio, denso, silencioso... irregular! Mola de impulsão de criação Me espalho e me recomponho por você. Venho de ti! Marluce Medeiros

AmoleSER Quase amolecida Ouço chão (na) avenida Quase corpo-chão Em suave transgressão Metamorfose nuvens Inspiração paralela Pensamentos trançados Abaixo da janela Céu caindo na pele Peso em dissolução Mover sei lá o quê Abismo e aceitação.

Bianca Andreoli

O CHÃO CONVOCA. convoca pausamento. movimento de pausa. tudo ao mesmo tempo. Diane Portella

Aline Bernardi, Ligia Tourinho e Lia Petrelli


Início e Fim Vida com movimento Energia que dissipa e retorna Vibração ouvida Queda inevitável Impulso necessário Inspiração brota Acolhimento de Gaia Morte silencia Terra nutri Água brota Cheiro impregna Sabor inesquecível Texturas experimentadas Fundo...raso...som ecoa Pausa! Respira e recomeça… Monica Nascimento

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Quando o Movimento é Pausa. Pausa Movimento contínuo Diferença entre superfície E o estar dentro Continuação do movimento Pausa... Plano do corpo do chão Peso Vibração pulsante Pensamento velocidade Pausa , vertigem, queda Chão. Dani Ramos

Aline Bernardi, Ligia Tourinho e Lia Petrelli


Reencantamento Terra Gestos pequenos Em casa Em terra Cimento que queima Deságua em terra Permeia A pedra Despedra A terra Se abre e revela A terra a terra

Gaia Está revoltada Um desaguar incessante Tudo chora Treme Berra, Grita

Raiza Costa

Gaia é só trovão Uma tempestade só E ela já foi calmaria Já foi água de rio Doce como mel Agora Gaia treme Parece um terremoto constante Tudo chora Tudo geme Outrora Doce Agora salgada , ácida. Ardente como mercúrio Gaia está revoltada

Michelle Belcanto

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mãe quero voltar me enterra ! me enterra no teu ventre me come viva quero ser viva me redecompõe

Majú Cavalcanti

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COMPOSIÇÕES PEDRAS E MÃOS DE DIANE PORTELLA


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Sonhar fruto chão livre Stéphanie Alves

Aline Bernardi, Ligia Tourinho e Lia Petrelli


O que habita esse casco? Desejo do mergulho De desmoronar-se De se deixar estranhar pelas marcas E habitar um chão de ponta a cabeça Encontrar caminhos para florescer Renascer E falar o que me engasga Enquantar de fluxos Que deslocam rabiscos no espaço É caminhar não apenas pelos pés É brincar com o risco Deixar ressoar relações de vertigem E porosidades de transpor universos Sair do controle Desafiar a gravidade E trazer alguns ventos Para viver a realidade inventada E sorrir em poesia de mãos dadas Adriana Alves

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Desmorono abismos. Cresço pro fundo Erupteço encavernado, O oco engasgado Mudo. Escorro magma Dissolvo o chão Terra preta Pele lava, Desliza. Queda. Erosão. Thalu Veras

no papel eu paro e pauso ondulação óssea água conversarescutarochão______________________ parar ____________________________eusinto_passado_momento ̶sensação ̶ ̶ ̶ ̶ ̶ ̶resp̶i̶ração ̶ ̶ ̶ ̶ ̶ ̶ ̶ ̶ ̶​̶ ̶ ̶​̶ ̶ ̶ ̶ momento meus acendescedocomporta da__criançaeusinto que asa reiniciaraquireinventarochão limiar coração pés coração cabeça volta pro coração mugir sensação meu momento criança. Ingrid Lemos Aline Bernardi, Ligia Tourinho e Lia Petrelli


resPIRAção, batimentos cardíacos, fala, onda, vento. Registros enRAIZados, carrega movimentos das

interAÇÕES que o aTRAVESSAm: dobras contornos

camadas Carimbar pele, água, maleabilidade

atentas. terra, tinta. Impressões impermeáveis do corpo, da corporeidade.

Pausa criadora. Pausa como presença. Presenças no pausar. EspiralAR a comunicação do corpo sensível, pés como pincéis chão uma grande tela. Clarissa Monteiro

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Carta de amor com pés Tenido clausura Aba-fá Dói-em-mim-fá-sol-lá-sim-dói Dança que vem lá dó fim da vida Medo de si Sol-dar Si-dar A-ré-dar Dó-cil Sobre o que ainda não sei Lá de mim, lá de mim Uma fome vermelha Centro de nós Começo doce Matheus Vieira

Pé Terra preta Afunda Desliza Afunda Camada Camada Camada Descanso na imensidão Stéphanie Alves

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pensar a fala com a escrita • criatividade poesia • maleabilidade DESAPEGO pensar junto o coletivo expansão . . porosidade . . ampliação . . capilaridade . . eu gosto de coisas que me despertam imagem captando as palavras o colorido das falas me desperta escrita coletiva como provocar os sonhos? como acolher o chão? meu corpo ganhou outro tônus um tônus outro (divindade Thonos?) instalou-se um estado no corpo nosso. é um encontro com o que a gente propõe. ::desacostume:: fala de e x p a n s ã o. ( a questão da natureza muito forte) entrega. (alguns encontros me despertam uma vontade de comer) criar um campo de possibilidades Texto coletivo tecer novos fios com o cotidiano. amplitude do olhar. (uma elasticidade que não perde o tônus) nossa força de invenção. Diane Portella e Iara Cerqueira Preencher lacunas Força do coletivo pluralidade Aterramento escrever o sensível. Ingrid Lemos e Marluce Medeiros

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Qual o limite da vertigem? Quando ela chega pra uma mudança? Quando precisa ser sustentada? Pede pausa? Ou pede movimento? Cair é pra chegar no chão? Ou é pra sentir o ar na pele inteira? Foi vertigem ou foi morte? O corpo que cai sustenta? O que o corpo que fui sustenta? A sensação de relaxamento do corpo vem sempre de ir movendo pequeno em volta? Em volta do corpo? Sem forma? Do que eu quero relaxar tanto? Liora Souza Sempre há chão para mim? ResPira! o que fica. Micro em mim. Na pausa, Chão apoio, Chão contorno Alargamento das sensações. Conecto com o magma, Embrião do fogo, Transmuto dor em amor. Gaia, Chão vivo! Chão pra cultivAr, amAr e dançAr! Manu.ela Kemper Aline Bernardi, Ligia Tourinho e Lia Petrelli


JYBD TERNF RAH MIDLOJ UINB AFPI eu quero contar uma coisa muito íntima uma coisa que sempre me acontece - um vazio coração palpitando oscilando mãos trêmulas outros sentidos muita coisa me atravessa pra onde vou? são tantos ruídos trânsito, carros, pessoas invadem a minha vez de fala eu ouvi, eu estou aqui a palavra durante muito tempo foi silêncio espaço de entrelaçamento dialogando universo particular e artístico sensação de vento em mim o som lá de fora e o som de dentro cada vibração: Tainá Dias

MIOE IHJD ELOSNO ARTIG L DY B Eu falo bem devagar, quando falo rápido eu começo a gaguejar. Eu gosto muito do meio. É um retorno. ECOA cor quando feito sol se põe em outro corpo. Iara Cerqueira

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Os chãos todos Lisos... Empedrados... Porosos... Quebrados... Se eu- flor, qual eu-chão? Suspensão... Águas turbilhadas num peito cuba-de-pia Espiralando cano abaixo Desaguando em terras Lamaçal... Chão desaba, tudo cai: Tudo cai. Chão nascente... e morrente. Tefa Polidoro

Cabeça-corpo é um todo. Pensamento é criado a partir das sensações. Posso deixar o corpo fluir para organizar o mundo. Escutar escrevendo, andar escrevendo para novas formas de criar. Percepções sobre as palavras. As vivências e a possibilidade de criação. Sentir, perceber e olhar tudo que está ao redor. Afeto pelo respirar. Coletivo como aprendizagem. Ligia Protti e Monica Seffair

Aline Bernardi, Ligia Tourinho e Lia Petrelli


Aprendizado. Autoconhecimento Acesso aos saberes Encontros. Experiência Construção de espaço. Errar como espaço de construção de conhecimento A imagem de uma concha me invade e eu enxergo abertura Experiência... Experimentar a troca de saberes. Forma de comunicação e expressão. Abertura para a escuta. Conceitos encarnados. Encantamento entre o todo. Poética dos sentidos.

Bianca Andreoli e Dani Ramos

Experimentar os estranhos desafios dos múltiplos estados de atenção. Aguçamento das coisas do cotidiano, perceber o imperceptível. Escuta para captar a síntese do que está sendo dito. Perceber a beleza complexa de germinar uma semente. Escutar o que tem de você no outro, do que conflita, do que ressoa. Trazer a poética para minha casa. Raiza Costa e Tainá Dias

Quando há entrega do corpo ? Como conectar ? rar ? O que faz voltar ? Onde vem o fluxo? Stéphanie Alves

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O que faz pa-


Estado Indigestivo Paira em mim o desejo de comer, Para além da ação digestiva, O gosto do gesto de comer. Como comer o silêncio das palavras engolidas? Para entrar em consonância com o instinto natural de sobrevivência, Como animal selvagem que sou, Encontro-me em busca constante da selva que me alimenta. O gesto de integrar um corpo para dentro do meu corpo interno, Para que em mim, eu me torne outras, corpo meio inteiro que Continua sendo pó, sendo terra, eu me pergunto: Afinal, qual será a diferença entre os corpos? Mmm, na experiência deste estado ingestivo, com os sentidos do meu soma, As complexas interações intercambiam entre o in(consciente), Enquanto sou tato, cheiro, imagem e gosto. O gosto de terra na boca seduzindo-me, me arrepia. Atraída pelos alimentos vivos, Em ressonância com a vida que emana desses corpos, eu passo a ser o que sou Pelo o que eu como, e o gosto do que como move-me em sincronicidade com o que eu vou me tornando Ao ingerir e ao ser ingerida. Rayrane Melyssa

De onde nasce a escrita? Bianca Andreoli

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Semente lançada na infância Germinou na adolescência Cresceu nos adultos. Simplesmente sonho Vazantes, cheias, rios e lagos Ar e terra, tecer caminhos. Monica Seffair

Cuosk Apiyth Zgá úJBLe Coragem Vírus acontecendo Ruído estressante Natureza dentro do corpo O coração perto do chão Janela aberta Paralém de eu mãe, eu artista, eu professora Uma nova pele que já tive Eu vi algo novo Eu vou pegar a palavra O único sentimento que tenho são minhas mãos trêmulas Tá ligado? Meus nervos se tornam fios Calma É um espaço e também não é um espaço Compartilhar a dúvida Sempre me conta dos meus estados de presença Batimentos cardíacos acelerados A natureza dentro do corpo Eu ouvindo ouvindo ouvindo Porongo Caminho Agradeço a conexão das palavras Ana Kemper

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Decfcs vingr as fhui tu tilá notr lajei xoct Quando o sol se põe em outro corpo, GaiA ainda mama Faculdade de ser e estar Potência de romper fronteiras Coragem no lugar da calma Experiência de errar junto , menos velocidade Me sinto abraçada, Muito abraçada Michele Belcanto

Dá pra ficar suspenso no ar? O que eu escolho como chão hoje? É sobre se estabacar? Matheus Vieira

O movimento no telhado acontece no ritmo dos processos do coletivo. Aprender a sensibilidade no coletivo. Despertar em um baita mergulho. Movimento se integra no processo. A língua da vida cultiva sementes. Clarissa Monteiro e Maria Sacchese

Aline Bernardi, Ligia Tourinho e Lia Petrelli


Paro em movediça com ela, Oscilação pele do solo. Desmoronamento das partes, Partida em pegadas queima o chão. Será que perecem as marcas deixadas? Do íntimo em ritmo e som, Vibro essa outra galáxia. Rayrane Melyssa Precioso, gentil, mais livre, íntegro Ruptura de padrões engessados Biografia do meu corpo, da anatomia, da minha saúde mental Nada separado, tudo junto Vivencio como algo que encontrei Matheus Vieira e Monica Nascimento Presença, prazer, Pensamentos borrados Vontade de céu no corpo O sangue como as nuvens O fluxo As nuvens que nem ossos Céu aberto Corpo espalhado no chão Se desfazer, pulverizar a matéria Os fluidos e a areia Se desfazer, pulverizar a matéria Marcelo Araya Coleção Cadernos Sensórios | Verão 2021


Nessa tentativa ansiosa em ser íntimo das palavras, opto em ser circular ! Contato internalizando a presença Das relações natureza, O fluxo entre os ciclos De pensasentir em movimento, Escrever como gesto de brincadeira, Dobras na pausa Jatobá e Michelle Belcanto dos poros, raízes em pausa dançam o a(lar)gar-se ao fundo infinito. andarilhagem de querer-se corpo... quebra queda ancestral pensar pés pesar cabeça desmoronar todas as crat(era)s de memória para por cavar caminhos. reme(morar) centro da terra grão. flor cresce do t(em)po sem desco(nectar) nutrida. coraç-h-ão movente em colo de úter-r-a dentro Tainá Dias Aline Bernardi, Ligia Tourinho e Lia Petrelli


Como? Qual? O que? Movimento Faço sinto escuto ouço crio Reverbero Tracejo O agora Me engesso Componho A relação Invento a coisa Me move Frustração Coisando É confortável A vertigem O corpo Sinto Silêncio Raiza Costa

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Tudo inunda Tudo vibra descer subidas profundeza mergulho galho raiz sonho pesadelo selvagem risco céu anuveado dilúvio que flutua desperto seja peito en(canto) sigo sendo broto em luz Ana Carolina Gonzalez

Aline Bernardi, Ligia Tourinho e Lia Petrelli


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Aline Bernardi, Ligia Tourinho e Lia Petrelli


Sonhar em tempo de caos é acreditar em você... Ei! Essa luz que vem do céu quando é de manhã cedo, bate na pele e esquenta... calorzinho. SOL, você é uma NOVA CHANCE t.o.d.o.s o.s d.i.a.s. OH, SOL!! Meu corpo e minha alma agradecem teu calor. Sonhar em tempos de caos é acreditar na vinda VIDA bem-vinda, do sol? Sonhar é esperançar o nascer? Sonhar quando não tem ar pra todo mundo é torcer pra não morrer? Sonhar é pedir pra Cabocla acordar pra ver o céu azul escuro clareando, azul claro, azul clariiiiinho, vai chegando laranja, vermelho, rosa, espalhando horizonte inteiro, abrindo espaço, pra receber a primeira frestinha de luz quando o sol chegar. Sonhar é renascer com esse fogo Beiramar. Sonhar é poder jogar Capoeira de Angola na Beira_do_Mar. Bueno Souza

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Por que conter? O quanto conter? Por que ter medo de falar da vertigem? Medo de vertigem é medo de perder o controle? Medo da dor? A terra protege da vertigem? Tefa Polidoro

si si si sim bem te vi no cinza na minha madorna_____ sono flutuação levitando suspensa no ar

entrecéueterra

azul na minha mente vermelho no meu peito sonho outra vez com a paisagem na janela___ minha coragem nisso tudo Ingrid Lemos

Aline Bernardi, Ligia Tourinho e Lia Petrelli


Dentro-fora, sensação de ciclo em espiral O mundo é um grande portador de Eros Tantos lastros de fios em laços desatados São paisagens dentro de mim? Queria enredar-me nessa rede de afetos Poética é perda de controle, é não se desgrudar do desejo Desejo de que? Vibrante, pulsar, sedução O mar é esse vibrátil, eletricidade que circula Comunhão luz-sombra, profundidade-superfície O mar é isso dentro de mim Instante contínuo de alargamento Onde mais posso abrir, criar espaços? Admito o invisível que roça e me catapulta pra fora São tantos eus na abertura para estados inéditos Desliza em certas palavras para ver o som que dali sai Potência de vulnerabilidade, acolhimento de si e abertura para o mundo Exilados da infância que somos, mas em permanente escolha por contato Potência que conjuga criação com ausência do medo da queda A dobra destes encontros é bem-vinda, pois é na dobra que brota a vida. Ligia Protti

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Posso ler seu corpo? Enlaçar nossas bocas sem pressa, Mas principalmente, sem parar, Deixa eu molhar seu fogo pra teu olho Devorar minha carne como presente, Na trajetória de minha boca, Tatuagens são reveladas, para mim Que reconhece poética, Do meu corpo espontaneamente, Vibração energética que pulsa Sem interrupções e medo de limitações, Isso é exatamente suas conexões Que se reluz em sensações Agora simplesmente pensei na paixão Das intimidades e afinidades Que permeiam esse momento, Pra sentir o vento na nuca, Formigamentos, pele com pele... arrepios Fome, que de alguma forma, impulsiona Pensar conexões que reverberam Para a pulsação conhecer a vibração E celebrar mais encontros de precisão Jatobá Aline Bernardi, Ligia Tourinho e Lia Petrelli


como me sinto ao ser vista? corpo expandido e vIbRáTiL SEEEEDE e fome com essas palavras Q.U.E.R.o mordê-la ... ou lambê-la? A língua fala o que está guardado preciso dessa experiência, é um m~e~r~g~u~l~h~o viTAL. .Ponto. de r e p o u s o. Que C H E I R O é esse? Estou n U a.

Clarissa Monteiro

Coleção Cadernos Sensórios | Verão 2021


O que vibra em mim quando vejo e quando sou vista? Vibração sedutora? Como fazer para seduzir? Taça Boca Olhos Colo desvelado Cabelo Vestido Saia ... Emergir Pombagira Fogo vibracional Mãos quentes Abrir canais vibracionais Fechar, parar no tempo, sentir o tempo... Falar, falar na pausa Calar... calar na dobra do silêncio. Sonhei que voava. plantei a ideia. Chamei uma amiga, corremos, Dani Ramos

gritamos, pulamos. encontro Procuramos o lugar mais alto da escola. partilha Achamos o telhado, balançamos os braços, forte, bem forte, MAIS FORTE. FORTÍSSIMO, e voamos, Acreditamos Um vôo rasante, que voamos JUNTAS, Ousadia, brincadeira, simpatia, desejo, vontade Depois desse dia não a vi mais, mas carrego o sonho de voltar a voar novamente. Iara Cerqueira

Aline Bernardi, Ligia Tourinho e Lia Petrelli


Sonharecomoeditarotempo Agentenaosabequandoacabaenemquandocomeca pensamentosentido arvoresquenascemdaagua plantarumaflorestaecultivarastramasdavida produzirchaoparasonhar. Fabíola Brandão

“Sonhar o chão que se pisa, chão da Dança”... Memórias pulsantes Divisoras de águas Águas divisoras CorpoConstruçãoCarrega Territorialidades Céu subvertido Alcançável em sua infinitude Desenhar a memória para se entender enquanto ser. O útero é o palco da minha vida e da minha dança. Me vi em meio a uma membrana, como uma bacia imensa, visceral, repleta de líquido, fluidos, secreções, saliva, urina, suor, até que a lágrima desaguou. Ponte transitória entre estados de presenças, visível e invisível.

Clarissa Monteiro

Coleção Cadernos Sensórios | Verão 2021


O que me dá sensação de vertigem? Como é cair? Existe chão? Como eu sustento minha cabeça? O que habita esse casco? Como é deixar? Como seria cair daqui? Qual é o tamanho do meu voo?

Maria Sacchese

eu me preparo um banho sabonete quando lavo meus cabelos toque textura quando eu me preparo eu gosto do cheiro do calor Ingrid Lemos

FEDANG PCOR AUJTLI Exercício de escuta, daqui de dentro e lá de fora Coração perto do chão, vírus acontecendo, natureza perto, natureza dentro, pedra, resiliência o estado de presença da vida Corpo ecoa a cor, Em algum momento fica suave Stéphanie Alves

Aline Bernardi, Ligia Tourinho e Lia Petrelli


Sonhei que era noite Sonhei que era noite E o dia não veio. Uma noite sem estrelas, Sem luar. Era frio e chovia forte Uma chuva sem vento Enquanto subia a lama, Ou afundava-se o mundo. Sob a lama, nessa noite Sem estrelas e sem luar, Eu era só Semente Crua encroada entre Duas rochas. Na pedra dura, Coberta de lama. Sonhei que era noite E o dia não veio Nem as estrelas vieram Também não veio o luar. Ninguém caminhava Naquela tempestade Nem cantava pássaro Ou inseto algum. Sonhei que era noite E nessa noite sonhei. Sonhei que sonhava Um sonho de menina, Pesadelo de criança. Sonhei uma noite Sem estrelas, sem lua, Sem céu. Irene Milhomens

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MAYPI PITEDO NADU DITLEM NRGM CLSDJ L Eu vou falar bem devagar Vocês estão conversando com passarinhos meus nervos se fazem fios ONCOTÔ EU TENHO UMA MONTANHA NA JANELA DA MINHA CASA tudo isso faz sentido? EU TÔ NUMA ILHA DEVOLVER AO CORPO pedindo essa coragem é sobre se estabacar no chão A VELOCIDADE ME DESCONCERTA Matheus Vieira

Áaã ããã aa áaaa O vazio é um lugar de muita coragem Cheguei chegando! [Que amanhã não amanheça chovendo, mas o que eu tô falando. Respeita. C O R A ÇÃO PERTO do chão D E S A ce le rar .

Maria

Aline Bernardi, Ligia Tourinho e Lia Petrelli


sonhei terra enterrando olhos olhos soterrados enxergando por dentro compondo tremores desmoronamentos sonhei olhos enxergando outros olhos olhos encharcados irrigando sonhos imensos plantando águas na terra transbordando ventos olhos fechados são caminhos abertos Majú Cavalcanti

KÁPFA BEGT DIYOB GANNEH Fazer as pazes com a experiência. Só estou sendo assim aqui. O que vai acontecer? Fluxo preso e quando solta ele flui. Perceber que não tem como saber. Pensar a palavra me move tanto. Quero falar as palavras que me engasgam. Eu não sei como perder esse medo. como se colocar na vida? A necessidade do silêncio. O lugar da não fala. O Bambu é oco. O vazio é um espaço. Como nosso corpo vai se colocar nesse lugar? Quero coletar uma concha ou pedra. Preciso de natureza perto. Preciso de natureza dentro. Pele de foca. Mar, sol e natureza. Frases picotadas, outros sentidos. Presença neste momento de agora. Vocês estão com os passarinhos. Cada um de nós é o coletivo, um canal, um vulcão de conexão. Esse encontro pode ser uma potência. Como fluo, caminho e leio? Liberação. Acessada. Posso errar. Imensidão. Ana Carolina Gonzalez

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Sonho chão v o a n d o Anarquia divinal Sustento o caos Corpo encantado voz de pedra danço com pássaros Sonho vôo ca i n d o Bianca Andreoli Por que tanto caos? Onde estou? Tenho tanta força, de onde ela vem? O que me impulsiona neste mover rodopiante? Para onde quero ir? Dani Ramos Que natureza é essa? A poética da pessoa que não passa despercebida, e não precisa usar o batom vermelho... um entusiasmo com a vida e o constante exercício de olhar para além do espelho, acolhendo suas belezas e suas sombras. Michelle Belcanto

Aline Bernardi, Ligia Tourinho e Lia Petrelli


Balaio de utopias. Baixo-ventre. Sonhar os pés e somar ação: sonhação. Filha que cresce, sonho maior. O mundo e suas histórias. Educar para os sonhos. Se desenhar a memória é reencantar, contar é criá-la? Desejo de f(r)esta entre a escuta e a fala: sonhar. Ligia Protti

como aprender a andar sobre as nuvens? quando sinto vontade de chorar? mas o que é coragem? lembranças? sem chão? sensações? fluxo contínuo indireto? separações, desafios, novos caminhos? o mar Monica Seffair

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caminha andarilha, querida lua cabeça cheia novos pés (somos delírio) não habito casas, rememoro ciclos seres celestes brindam à vastidão multiversal as cores - ainda não inventadas dançam em sonhos de criança. abertura da carne-espírito: mover comover e cosmover o cosmovimento ancestral. Tainá Dias

Já passou Foi no sorriso Aquela brecha de vida sem forma Quando o universo parou Para que eu pudesse te olhar agora Agora Foi antes No instante que eu não toco virou mundo e bagunçou estrada Parou nas asas dos passarinhos Que nos sopram às manhãs por nossos ouvidos adormecidos Se nada era como antes Como haveria de ser agora? Foi Gaia quem disse Que céu nasce nas terras altas E as folhas só são folhas Porque embalam suas quedas Antes fosse, antes era Não falo para que me escutes Talvez não troquemos mais desse dom de fazer pensar Falo pra que esse canto seja embalado pela terra Que de modo sutil que aqui não me cabe cantar Te entregue em balanço toda a poesia da folha que vai ao chão Você soprou vento pra mim hoje Que nos poros de um tempo que não é dia pôde cantar pra mim Ontem também

Liora Souza

Aline Bernardi, Ligia Tourinho e Lia Petrelli


Prisma de Esperança A luz atravessa Cristalina Nítida Translúcida

Sonho: Transição de dimensão Deslocamento, Movimento Horizonte de nascimento Origem Sair do centro pra mata A brisa se aproxima Sair da posse pra partilha Minha face contempla Sair do umbigo pro coletivo. Forças vibráteis Mergulhar a cada dia. Cromáticas O que a mente pode criar? Prisma de esperança. Nos sonhos podemos revelar Faíscas do nosso Mar Até onde vai? Dani Ramos (C)oito da Serpente. CirculAr. Alma tem cor? Como é o sonho de quem nunca enxergou? Sonho profético, Sonho como aviso, Sonho coletivo. Sonho sempre comigo? UmbigAr Desejo chão Potência da razão de Ser Liquidez que acolhe GerminAr Vento que lambe SemeAr Fronteira sensorial NavegAr nas nuvens do devir Costurar nuances da descoberta SubjetivAr Desdobrar caminhos AcessAr Reconectar elos ConectAr Celebrar o cuidado Pausa do peso, peso da pausa Entrega libertadora Manu.ela Kemper Sonho coletivo É continuidade Cultivo esperança pulsante Nutrição permanente Construção imagética em movimento Potência energética de recomeço Jatobá Coleção Cadernos Sensórios | Verão 2021


Os espaços alternantes A sinuosidade Textura e plasma Mucosa As sementes não encontradas E as engolidas O amargor O sonho de uma porta Ponte de contato Útero Vulva mostrando Portas galácticas Coração Sal Fumaça Doçura se desfazendo na boca Jorrante, borbotoante Querendo devorar até a casca Crocante Espaço rugoso Espumante Líquido, talo de vida Comunicação com as mesmas/minhas sementes. Galhos amarelados

Listras vermelhas Novas raízes atávicas De coluna cadente Quero mastigar até a última Cósmica partícula E inalar a menta fresca Penetrando os músculos Da consciência solar Marcelo Araya Aline Bernardi, Ligia Tourinho e Lia Petrelli


Gestuoso som silencioso Emoções despercebidas O irreal acaricia a realidade Percepção do que muito foge. Memórias encarnadas prosam em poros de fluxo ininterrupto, Suspendo-me na liberdade encantadora do rigor enquanto Aterramento dos pés outrora desenraizados. Afogo-me no sonho contraditório do encontro da perda de quem sou. Devaneios e quedas contam o que surge da escuta íntima, Em impulso, o sonho surge, Soluços, incompletudes do inteiro. Esperançar é esperar a dança acontecer Enquanto a pequena dança nunca deixa de tecer. Ali se origina o sorriso, quando o que perdura é o choro. Pendurando desejos ilimitantes Verbalizo e gestualizo o sonhado, Institucionalizando o sonho que esquecera quando não danço. Rayrane Melyssa

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Terraviravoltavida Pés Sumaúma Palmas de chão Braços igarapés Angelim Vermelho Abraço A benção, mãe Gaia sonhou Pindorama Terra descanso desconcreto Respiro poroso Pariu Pau-Brasil Avançado Milênios pra trás Sonhecimento Sonhamambaia Sonhabahia, Sonhaamapá Devir Krenak, Caucaia, Tupinambá. Pés Xururuca Correm Curupira. Lento de morrer, Yby Porã Caatinga Reflorestecida de rizomas Terreviravoltavida Terreviravoltavida Terreviravoltavida Nas costas Banho de paranã Thalu Veras

sonhei que estava ao som do tambor de Michele. tô sonhando esse sonho coletivo de olhos bem abertos. sonhei que a gente saía do quadrado (que também é círculo) para uma grande roda e tinha fogo e tinha água, (como tinha água!) tinha terra, tinha ar. tinha um bando. tem. Terá. Diane Portella

Aline Bernardi, Ligia Tourinho e Lia Petrelli


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Aline Bernardi, Ligia Tourinho e Lia Petrelli


Projeto Gráfico e Direção de Arte, por Lia Petrelli

Intensidade. A palavra define toda a experiência imersiva do projeto Lab Corpo Palavra – Coreografias e Dramaturgias Cartográficas. Sem pestanejar conheci, à distância, todas as pessoas que compõem a equipe interna, e quando percebi estava junto, imersa, pulsando, tecendo. Não poderia ser diferente: eu e Aline gostamos de dizer que nossas intensidades, curiosidades, fazeres e vontades pulsam muito próximas. Receber o convite para atuar dentro dessa imersão me preencheu, se transbordou em afeto, dedicação e emoção. Ter por perto uma pessoa vagalume de coração gigante, como é Aline, ascende meu fazer criativo, me desdobra e amassa gostoso, no sentido quentinho de poder crescer e aprender fazendo, diretamente somar e colar. Saber que o que faço acrescenta e floresce, sou aprendiz e criança, ouço muito de perto o que vem de Aline porque tenho encontrado base no modo de viver que ela acredita e me mostra ser possível de acontecer. O coletivo que construímos mostra ter vida própria, como rio encontro de potentes nascentes que já correm seus caminhos. Conforme os dias passam me pego sonhando, sorrindo, criando em conjunto um chão de passo firme, pés alargados. A extensão criativa é rede, imensidão. A direção de arte que ofereci foram mais apontamentos: a potência intensa já é única em cada corpo, meu domínio técnico só pode agregar o que já está.

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A construção gráfica pediu para ser tecida com o material produzido intermolecularmente: peles, texturas, cheiros, sensações, escritas, ranhuras; tudo é parte do que aqui se concretiza. Poderia ter algo de desespero, mas o ritmo do grupo faz o leve pairar no ar: nada apavora no conjunto, seguimos compassos acelerados, mas bem direcionados, os tecidos criativos pulsam sangue quente latino-americano. Sinto privilégio por fazer parte disso tudo; aqui estou com minha jovem energia, sendo recarregada pelo prazer de estar junto; sentido as dores do estar longe, mas sabendo que futuros nos aguardam: fizemos isso, temos feito todos os dias. Toda história, relato, vivência só podem somar nessa construção, que sequer tenho vontade de dizer ser minha, porque não é, é nossa, de todes que estiveram por perto nessa costura gostosa que desemboca aqui, como se o grande rio estivesse navegando por essas páginas. O que fiz foi traçar, organizar o dito-feito pelo todo: escolhi partir das nuvens, da maciez da novidade, para mergulhar na minúcia poética de cada integrante, que desabrochava pouco a pouco, timidamente subindo a um precipício na descoberta da vertigem, que dá frio na barriga, mas que aprende que de mãos dadas, consegue pular docemente; voltar a terra e respirar, sentir o solo firme debaixo dos pés, queimar em sedução – pois me apaixonei nesse processo; por cada um, por todes, por mim, pelo coletivo – e voltar às nuvens feito fumaça, num leve transpirar alegria. As possibilidades se desdobram à minha frente, sintetizar cada instante é um desafio que vale a pena ser encarado com carinho, delicadeza e amor. Pulso amor. Sou grata. Cresço. Estou. Estamos. Somos. Iremos. Chegamos.

Aline Bernardi, Ligia Tourinho e Lia Petrelli


Direção de Fotografia, por Júlio Stotz

No Espaço Mova, um centro cultural localizado no bairro da Glória, na cidade do Rio de Janeiro, nasceu para mim o encontro da dança com o video, um encontro muito auspicioso. Entre esse salão de dança e outras andarilhagens da vida conheci a artista Aline Bernardi. Tocado pelos seus movimentos de dança, performance e escritas cartográficas, meu olhar ganhou uma espiral de nascimento e voo com o Decopulagem. Um video ensaio poético materializou o primeiro de muitos desdobramentos desse projeto multi-facetado. Depois de percorrer muitas sendas, entramos num novo campo: a possibilidade de criação coletiva com o Laboratório Corpo Palavra online, através dessa imersão no formato de residência artística.

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Uma nova dimensão da parceria se abria com a chegada de outros artistas.

A potência do coletivo me co-moveu durante esses encontros, mesmo através das telas de computador. Foi uma grande emoção testemunhar as criações que surgiram desses encontros cheios de coragem, vulnerabilidade e amorosidade. E, tão emocionante quanto, foi receber os mais diversos materiais para construir junto com Aline, Lia e Ligia essa mostra.

O processo de edição foi uma catarse. O arrebatamento com os vídeos recebidos me movia, me jogava para o abismo vertiginoso das possibilidades, onde o próprio material me conduzia para montagem de cenas e camadas visuais de tirar o fôlego. A sintonia com a equipe me deu a confiança necessária para pintar esses quadros poéticos, criar paisagens com tantas dimensões e cores distintas.

Aline Bernardi, Ligia Tourinho e Lia Petrelli


COMPOSIÇÃO DE DANI RAMOS

COMPOSIÇÃO DE DANI RAMOS

COMPOSIÇÃO DE DANI RAMOS Coleção Cadernos Sensórios | Verão 2021


COMPOSIÇÃO DE INGRID LEMOS

COMPOSIÇÃO DE DIANE PORTELLA Aline Bernardi, Ligia Tourinho e Lia Petrelli


COMPOSIÇÃO DE ADR

COMPOSIÇÃO DE TEFA POLIDORO

COMPOSIÇÃO DE IARA CERQUEIRA Coleção Cadernos Sensórios | Verão 2021


RIANA ALVES

COMPOSIÇÃO DE MAJÚ CAVALCANTI

COMPOSIÇÃO DE LIORA SOUZA

Aline Bernardi, Ligia Tourinho e Lia Petrelli


COMPOSIÇÃO DE BI

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ROLINA T. GONZALE Z

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COMPOSIÇÃO DE IARA CERQUEIR


IANCA ANDREOLI

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COMPOSIÇÃO DESTÉPHANIE ALVES

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Aline Bernardi, Ligia Tourinho e Lia Petrelli

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COMPOSIÇÃO DE ANA KEMPER

COMPOSIÇÃO DE ADRIANA ALVES COMPOSIÇÃO DE ADRIANA ALVES

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COMPOSIÇÃO DE RAIZA COSTA

COMPOSIÇÃO DE RAYRANE MELYSSA

Aline Bernardi, Ligia Tourinho e Lia Petrelli


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COMPOSIÇÃO DE DANI RAMOS

COMPOSIÇÃO DE MARIA SACCHESE Coleção Cadernos Sensórios | Verão 2021

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COMPOSIÇÃO DE MARCELO ARAYA

COMPOSIÇÃO DE MARIA SACCHESE Aline Bernardi, Ligia Tourinho e Lia Petrelli


COMPOSIÇÃO DE MARLUCE MEDEIROS

COMPOSIÇÃO DE INGRID LEMOS

COMPOSIÇÃO DE DANI RAMOS

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COMPOSIÇÃO DE DANI RAMOS

S

COMPOSIÇÃO DE LIORA SOUZA

Aline Bernardi, Ligia Tourinho e Lia Petrelli


COMPOSIÇÃO DE STÉPHANIE ALVES

COMPOSIÇÃO DE CLARISSA MONTEIRO

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COMPOSIÇÃO DE RAYRANE MELYSSA

Aline Bernardi, Ligia Tourinho e Lia Petrelli


Ç

CO MP OS I

ÃO

LIG E D

COMPOSIÇÕES (MÃOS) DE ANA CAROLINA GONZALEZ Coleção Cadernos Sensórios | Verão 2021

IA MA


ARIA CONFO

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E

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RO T TI

Aline Bernardi, Ligia Tourinho e Lia Petrelli


COMPOSIÇÃO DE ANA CAROLINA GONZALEZ

COMPOSIÇÃO DE JATOBÁ

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COMPOSIÇÃO DE BUENO SOUZA

Aline Bernardi, Ligia Tourinho e Lia Petrelli


CONHEÇA MAIS SOBRE O TRABALHO DES ARTISTES PARTICIPANTES DESTE LIVRO Adriana Alves Ana Carolina Gonzalez

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Ana Kemper

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Bianca Andreoli

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Bueno Clarissa Monteiro Dani Ramos DelFuego Diane Portella

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Copyright © by Aline Bernardi Concepção

Aline Bernardi e Lia Petrelli Criação, Proposição

Aline Bernardi Dramaturgia

Ligia Tourinho Projeto gráfico e Capa

Lia Petrelli

Conselho Editorial

Hélia Borges, Maria Alice Poppe, Ruth Torralba, Soraya Jorge ____________________________________________________________________ Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) B523

Bernardi, Aline Forças Intermoleculares / Aline Bernardi, Ligia Tourinho e Lia Petrelli. Rio de Janeiro: Edições Lab Corpo e Palavra, 2021. 150 p.: il.; 29cm - (Coleção Cadernos Sensórios Corpo Palavra; Verão 2021). ISBN 978-65-992675-1-2 (versão on-line). 1. Escrita Dançada. 2. Cartografias do Sensível. 3. Dança. 4. Poéticas do Corpo. I. Tourinho, Ligia. II. Petrelli, Lia. III. Título. IV. Série. CDD: 792 Elaborada por: Érica dos Santos Resende CRB-7/5105

[2021] Todos os direitos desta edição reservado à EDIÇÕES LAB CORPO PALAVRA Email: celeiromoebius@gmail.com www.alinebernardi.com

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Esta edição dos cadernos sensórios foi organizada por Aline Bernardi, Ligia Tourinho e Lia Petrelli, entre Rio de Janeiro e São Paulo, publicada online através da plataforma ISSU, com distribuição gratuita e ampla divulgação em todas as redes sociais, durante o verão de 2021. O ebook Forças Intermoleculares tem patrocínio da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro/Secretaria Municipal de Cultura, Secretaria Especial de Cultura, Ministério do Turismo e Governo Federal, através do Prêmio Fomendo à Todas as Artes (Lei Aldir Blanc). As construções poéticas desta obra são reais e foram feitas a partir de vivências propostas ao longo do processo imersivo de residência artística Lab Corpo Palavra: Coreografias e Dramaturgias Cartográficas, realizado entre janeiro e março de 2021, durante sete (7) semanas de encontros diários no ambiente virtual. Os autores e as autoras têm propriedade intelectual sobre os textos e imagens.

Aline Bernardi, Ligia Tourinho e Lia Petrelli



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