Revista Lab Corpo Palavra: Coreografias e Dramaturgias Cartográficas

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Lab Corpo Palavra: coreografias e dramaturgias cartográficas

O

projeto Lab Corpo Palavra: coreografias e dramaturgias cartográficas é uma ação formativa com desenvolvimento de processo de criação artística na área da dança, da performance, das artes do corpo e da cena. A proposta artística pedagógica investiga as interseções entre o corpo e a palavra no processo de criação artística na relação vida-arte-vida, oferecendo dinâmicas que convidam à uma prática de modulação das conectividades entre presença corporal, qualidades de movimento e produção-processo de (des) conhecimento.

Adriana Alves (RJ), Ana Carolina Gonzalez (SP), Ana Kemper (RJ), Bianca Andreoli (RJ), Bueno Souza (RJ), Clarissa Monteiro (RJ), Dani Ramos (RJ), Diane Portella (BA), Eliza Pratavieira (PR), Fabiola Brandão (RJ), Iara Cerqueira (BA), Ingrid Lemos (RJ), A iniciativa foi realizada no formato de reJatobá (RJ), Ligia Protti (RJ), Liora Souza sidência artística intensiva e imersiva ao (RJ), Marcelo Araya (Del Fuego) (BA/ longo de 7 semanas, com encontros diários Chile), Marluce Medeiros (RJ), Maria (RJ), nas plataformas virtuais, em torno de uma Maria Sacchese (RJ), Majú Cavalcanti (PE/ temática que nos conduziu ao alargamento RJ), Matheus Vieira (RJ), Manu.ela Kemper do campo de escuta e convivência coletiva: (RJ/CE), Michelle Belcanto (MG/RJ), QUAIS SÃO AS MARCAS DO CORPO Mônica Nascimento (RJ/Portugal), Mônica EM UMA VIVÊNCIA DE QUARENTENA Seffair (AM), Pauan (MG), Raiza Costa ESTENDIDA? (RJ), Rayrane Melyssa (PB), Stéphanie Alves (RJ), Tainá Dias (RJ), Thalu Veras (RJ) e Através do Prêmio Fomento à Todas as Artes Tefa Polidoro (SC/RS). da Lei Aldir Blanc realizamos uma convocatória aberta que selecionou 33 artistas, edu- A programação se deu em torno da vivêncadores e pesquisadores, entre 17 e 55 anos cia dos módulos I (eixos éticos, estéticos e de idade, localizadas nas mais diferentes políticos) e II (poéticas da queda) do Lab regiões do Brasil. Aqui trazemos os nomes Corpo Palavra facilitados por Aline Bernardi, dos integrantes desse percurso e ao longo da palestras (Hélia Borges, Katya Gualter, Marevista vocês poderão degustar os depoimen- ria Alice Poppe, Sandra Benites, Ondjaki, tos de cada um/uma: Ana Kfouri e Ciane Fernandes) e vivências


e do reconhecimento de que se está continuamente em processo. O perfil de uma(um) cartógrafa(o) é regulado pela disponibilidade sensível que esta(e) oferece ao seu processo de produção de realidade. Para ela(e) é imprescindível a radical premissa: estar em constante aprendizado com o movimento que emerge do tensionamento entre fluxos vitais e organização de território planejado. Aqui chegamos para partilha da nossa desembocadura poética dessa jornada coletiva. Sejam muito bem vindes à nossa Mostra Ar(Soraya Jorge, Ana Paula Bouzas, Ruth Tor- tística : Cartografias Sensíveis. Adentre esse ralba, Lidia Larangeira e Pedro Sá Moraes). espaço para nos dar as mãos e pisar nesse Também tivemos encontros de criação artís- chão com a disponibilidade de escutar o que dele reverbera e o que ele está querendo nos tica conduzidos por Aline Bernardi e Ligia comunicar. Quem sabe assim possamos co Tourinho, que assina a dramaturgia dessa criamos um chão comum para sonharmos ação do Lab, para direcionar o processo de um outro modo de habitar esse cosmo, junto criação artística do segundo ebook da Coà todos os seres visíveis e invisíveis que nos leção Cadernos Sensórios Corpo Palavra, intitulado Forças Intermoleculares, do video- acompanham nessa existência! A esperança performance Encantografar: estado de verbo é uma musculatura que exige nossa ativação de mobilizá-la em nós. desconhecido e da videoarte Mãoebius. O Lab Corpo Palavra tem o interesse em ativar as relações entre pessoas, imaginários e memórias para permitir os processos dos múltiplos modos de pensar-agir-mover numa dilatação do discurso corporal, englobando aspectos do corpo sensível na construção de diálogos que potencializem a pesquisa e criação em artes. Um ambiente de experimentação para investigar os modos de grafias corporais - coreografias e dramaturgias do movimento, compreendidas como escritas do corpo no espaço em uma perspectiva cartográfica. A cartografia parte do pressuposto



Aline Bernardi Direção Artística e Concepção Chego nessa nossa Mostra Artística Cartografias Sensíveis preenchida e inundada de muito afeto. A entrega e a dedicação da equipe de criação e de todes os integrantes me emocionou e segue me emocionando. Em muito momentos, me senti corpo devir oceano: aquelas águas profundas revelando as cores vivas dos corais que lá habitam, enquanto as ondas das superfícies entre nossas peles moviam em intensidades de partilhas comovidas. A proposta do Lab é experimentar o corpo em um processo de afetar e ser afetada(o) por suas marcas através de grafias corporais cartográficas, convocando as relações entre corpo-escrita e corpo-fala a um devir-queda, vulnerabilizando a conservação de formas pré-estabelecidas entre razão e sensação, entre corpo e pensamento. Um convívio com questões que cedem ao livre e lúdico experimentar, permitindo ampliar os horizontes do contato com o próprio corpo, com o pensamento e com a palavra a partir de uma construção de alteridade.

de conectividade interna com o espaço externo é o que produz pensamento sensível no corpo. A comunicação desse modo de pensar-agir-mover acontece através de grafias corporais, apresentando percursos de construção das escritas cartográficas em uma perspectiva de coreografias e dramaturgias itinerantes. Assim desejo co criar esse terreno do Lab Corpo Palavra, a ser manuseado, cultivado, vivenciado por cada pessoa que aqui chega e habita, que aqui vem germinar sua potência. Nos exercícios propostos, integramos a perspectiva de marcas segundo Suely Rolnik onde há uma composição dos fluxos dos corpos no plano visível com a textura ontológica do plano invisível que propõe as marcas atuando feito estados inéditos, produzindo desassossegos em nossa consistência subjetiva, instaurando uma abertura para processos de diferenciação nas tramas do corpo.

Nos interessa também associar essa noção de marcas rolnikiana com a perspectiva da instituição do sonhar de Ailton Krenak, que A ativação de uma atenção à multiplicidade aponta o sonho sendo uma prática que não de micro-movimentos que o corpo constrói se configura como uma experiência cotientre as interconectividades dos espaços diana de dormir para sonhar, mas de ter no internos viabiliza a condição sensível do cor- sonho um exercício para ampliar a escuta po. As dobras, as tensões, as torções, os alon- das vozes que nos habitam e que possam nos gamentos, os deslocamentos dessa dimensão orientar para as nossas escolhas do dia-a-dia.


Ou seja, sonhar não é abdicar do sentido prático de uma realidade, sonhar é um estado de conectividade com cantos e danças de cura, com presenças ancestrais, com potencialidades criativas que vão nos informar, através dos sonhos, possíveis caminhos de resoluções para questões práticas.

O convite é para ampliar a capacidade de dobrar-se na relação com o corpo e sua infinitude motriz. Nesses tempos de desestruturação de nossa capacidade respiratória, política, social, cultural e econômica percebo a importância de impulsionar e aprofundar os estudos e as práticas que tonificam a potência de construção da nossa presença Os estudos das poéticas das quedas aprofun- corporal, encontrando as brechas para orgada a investigação das quedas e da sensação nizar nossas ações no presente em busca de de cair a partir da prática do Contato Impro- ampliar a Imaginação de futuros. Aqui nos visação e também sob a lupa da proposição convido à, de mãos dadas, ritualizarmos um feita por Ailton Krenak de nos questionar(re) começo que pode emergir através do mos qual humanidade estamos acreditando exercício de ampliar a escuta entre nós e do ser: não estaríamos num momento oportuno desejo de co-criarmos ambientes afetuosos de deixar cair a tão edificada consciência de convivência coletiva. Desejo que possam mais evoluída e mais inteligente dessa husentir a pulsação dos poros da pele em estamanidade que nos proclamamos ser? Será dos de escuta dessas vozes coletivas. esta pandemia uma chance de revermos como humanidade esse posicionamento comparativo e hierárquico de nossa relação com a Natureza? Assim, o corpo em movimento é compreendido nesse percurso formativo e criativo como campo de saber e não saber, espaço para o conhecer através do experimentar a presença implicada nos processos de criação artística, da expressão e das relações tecidas na experiência de se estar viva(o) com o mundo.


Marcelo Araya (Del Fuego) Raíces, mente en cuerpo Encuentro Humedad derramada Bordada Flujo de potencias Autoflorecientes Construcción que respira Dócil Respiración ósea Toque de mil manos Mariposas Estado de verbo desconocido Misterio vívido Ciencia de las piernas y el vientre Cuello y falanges En danza de letras Inexcutrables Astrolabio sincrónico Poesía transversal Rayo de flores y frutas Acogiendo sol y luna En curvas orgánicas.


PROGRAMAÇÃO 1º DIA | 17 DE MARÇO - Lançamento do LIVRO PERFORMANCE DECOPULAGEM - Pré- lançamento versão do AUDIO LIVRO DECOPULAGEM (política de acessibilidade) - Lançamento do Ebook 2 - FORÇAS INTERMOLECULARES DA COLEÇÃO CADERNOS SENSÓRIOS CORPO PALAVRA - Roda de leitura coletiva com integrantes do LAB

LIVRO PERFORMANCE DECOPULAGEM

Flávia Muniz

O livro é uma tiragem artesanal, composto por 33 prosas poéticas. Os títeres (capítulos) são personagens desta narrativa tão fecunda: a andarilha (que fala das muitas cidades e vilarejos percorridos), a artesã (que revela referências artísticas da autora) e a alfaiate (que dialoga com a maternidade). O livro tem a dimensão de 21 x 21 cm em folhas soltas com impressão de faca gráfica disponibilizando ao leitor opções de dobras e picotes em cada folha, permitindo a manipulação e a transformação das páginas em muitas formas, como se fossem origamis. Cada livro é armazenado por um envelope de feltro na cor café, e contém um livreto na dimensão de 13 x 13 cm impressas em papel avena 90g e com capa e contracapa em papel kraft 110g com os textos de apresentação, prefácio e depoimentos. Nessa Mostra Artística Cartografias Sensíveis estaremos realizando o pré lançamento da versão áudio do livro, que está sendo realizada em parceria com a cantora e compositora Flávia Muniz, contribuindo com as ações políticas de acessibilidade às pessoas com deficiência visual.

Quando um neologismo é criado com o esmero de uma bailarina em sua dança pelo mundo, temos a sensação de que a palavra já existia. Nos estimula a máxima intimidade com o desconhecido. Decopulagem é uma palavra-pássara. Eu vejo penas e plumas dentro dela. Entre a decupagem das coisas que a artista daria vida nesta vasta criação de múltiplos resultados e a cópula com os encontros, as palavras e os afetos, Aline Bernardi pariu a mulher que é. Dar asas a este imenso sonho em sua modalidade sonora, impulsiona-me tão alto: movimento-me em ressonância com o espetáculo que transborda dessas prosas. Sou também artesã, alfaiate e andarilha.

Paisagem sonora e mixagem Audio Livro


LIVRO FORÇAS INTERMOLECULARES O ebook Forças Intermoleculares é a segunda edição da Coleção Cadernos Sensórios Corpo Palavra, criada e proposta por Aline Bernardi, com dramaturgia de Ligia Tourinho e projeto gráfico de Lia Petrelli. Essa coletânea tem o desejo de ecoar as ressonâncias poéticas que emergem da experiência com as práticas do LAB CORPO PALAVRA em suas ações de processos de aprendizagem e experimentação nas artes do corpo e escritas cartográficas. Os 4 capítulos - Devires Aquosos, Germinações Terrosas, Sincronicidades e Encantamentos - revelam composições textuais que se articulam com a capacidade dobrável do corpo e as camadas da pele num entrelaçamento das ações de ler-escrever-falar. O corpo como passagem dos fluxos vitais em constantes trânsitos entre o pensar-mover-sentir. Coreografias e dramaturgias ancoradas na experimentação de corpos cartográficos, que performatizam um acontecimento, podem contribuir para uma remodulação das nossas presenças dentro do quadro de quarentena estendida.


Michelle Belcanto Viver essa imersão LAB tem sido de grande entrega e aprendizados nos diversos sentidos. Em especial a reconciliação com a palavra ! Essa pesquisa divertida baseada em encantamentos, convida o corpo à uma experiência rica no trato com a materialidade da palavra. Para além da experiência estética/artistica/ criativa nessa rede LAB, é também uma experiência humana fantástica de muita escuta, fala e acolhimento . No momento que estamos vivendo, (talvez) o ápice de uma pandemia mundial de Covid-19, o ambiente que se criou tem sido de verdadeiro respiro, meio ao caos!

Ana Carolina Gonzalez O Lab Corpo Palavra está sendo um presente maravilhoso, um espaço sagrado. Uma vivência que me coloca em constante estado de encantamento, de curiosidade, de alargamento, de escuta, de experimentação e também de atrito com as sombras. Toda a guiança do processo do LAB é de uma inteireza, cuidado e provocação muito abundante e amorosa. Aprecio a estrutura e metodologia dos encontros, dos conteúdos, temáticas dos estudos, jogos. Uma alternância das dinâmicas que alimenta, pois hora estamos mais em escuta, hora mais atives e criatives, de forma que naturalmente, somos convidades a modular e atualizar nosso estado de presença. A experiência das germinações e cultivo, de trazer isso para tão perto do LAB e integrar como prática pedagógica, contempla meu ser.


Clarissa Monteiro

Majú Cavalcanti O LAB aprofundou essa minha auto desconstrução. Me fez olhar para as minhas criações, por menor que sejam, como partes importantes de mim e não como coisas insignificantes e que só servem para serem jogadas no lixo. O LAB aguçou minhas sensibilidades para com a criação de outras pessoas e para com as minhas. Me fez ter um olhar muito mais generoso, aberto, menos engessado e cheio de possibilidades. O LAB traz uma inteireza incrível com toda essa mistura de linguagens, o que foi muito revolucionário para mim. Me fez vislumbrar os tantos caminhos que olhar atento e os poros abertos podem nos levar. Me ajudou a ter uma outra relação com as minhas palavras escritas. O LAB fala de coisas tão essenciais para a arte e o viver que desde que eu entrei eu me questiono, como é que eu nunca tinha ouvido falar nisso? ou como é que eu nunca dei a devida atenção a isso? Como eu conseguia viver sem isso?

Nesta atual circunstância de isolamento social e pandemia, mantendo os encontros diários do Lab, onde nos realimentamos, regeneramos e reinventamos indagações: Como transformar o isolamento em movimento? Como expressar e re-ver-berrar as sensações em dança? Como nos ampararmos por meio das vivências com o cuidado de si nessa condição que estamos passando?

Adriana Alves Um movimento de me deixar estranhar pelas marcas e observar esse prolongamento da coluna que invade a calma. Esse tal exercício do enquantar que tanto me pulsou a coabitar espaços outros comigo e com o outro e me fez inaugurar e acolher estados, que exigiram em certas vezes compreender o que é mover na qualidade do cansaço. E assim renascer em meus processos, esbarrando em fronteiras e desfazendo os nós que me agarram. Tudo foi inaugurado através desse espaço de tecer em coletivo que você, Aline, nos aguça. Exercitei tanto a musculatura da atenção e da doação acolhendo e sustentando o silêncio, esse silêncio como dobra da fala que me fez escutar tantas outras histórias.


Ligia Tourinho Dramaturgia A dramaturgia de um projeto como o Lab Corpo Palavra, diverso em tantos aspectos, nos coloca diante de alguns desafios. Aqui dialogamos com muitos moventes de distintas referências, com proposições diárias, às vezes mais de uma por integrante, colocando toda a equipe de criação diante de um estado móvel: pensamento e intuição agindo simultaneamente na organização e no desdobramento desses materiais. Nestas condições, todos somos responsáveis por esta dramaturgia. Esta tecitura não é sobre as minhas escolhas, apesar delas estarem ali afetando a todo o tempo, mas o foco está em perceber os traçados propostos, a pulsão da construção coletiva como um ser que tem suas próprias necessidades. Sendo assim busquei contribuir com a produção de materiais e o engajamento deles na difusão, exibição e nas reverberações das obras artísticas e do próprio processo criativo. Trilhar um diálogo crítico e exigente com as conexões estabelecidas no processo durante as feituras dos roteiros, contribuir com as escolhas dos nomes, com a produção dos textos formativos do projeto, com o levantamento de materiais nos encontros de criação e com os burilamentos das cenas. Dar suporte às questões emergidas nas discussões do grupo, oferecendo material crítico, analítico e referencial teórico, quando necessário.

Não poderia deixar de destacar os desafios que são tecer uma dramaturgia do movimento através de ensaios em uma plataforma de reuniões virtuais. Olhamos de frente para o nosso isolamento e encontramos no grupo nossa força e sentido de criação, devir esperança de mover. Encontrando formas conscientes e de cuidado de si e do outro que nos permitam seguir produzindo artisticamente. Esta dramaturgia, apesar de assinada por mim, foi tecida a muitas mãos, é fruto de um trabalho em coletivo na busca de reencantar-se em tempos tão difíceis, tentando assim propor alternativas para um novo mundo, desejando igualdade de direitos a todes e liberdade plena para cada um ser como é.


Raíza Costa

Eliza Pratavieira

Venho aqui tentar expressar minha gratidão pela oportunidade de vivenciar essa proposta tão potente que é o LAB. Quando me inscrevi não fazia ideia da riqueza e do vigor transformador deste processo. De fato, me sinto num processo de reencantamento, apesar de abrir os jornais de manhã e ter vontade de mergulhar num buraco negro. Ao longo do LAB percebi o quão distante eu estava da poesia, da terra, das plantas, dos seres mágicos e dos meus ancestrais. Você trouxe, Aline, cobertores quentes para os dias de frio, picolé de coco queimado nos dias de calor e escondeu o guarda-chuva para me deixar molhar em águas fraternas e solidárias. Sua proposta vai na maré contrária às forças capitalísticas que nos escravizam, nos amarram, mecanizam, padronizam nossos corpos. Esse projeto é potência criadora e sim, é emancipadora! É lindo poder participar da materialização da práxis de forma tão respeitosa, generosa e abundante em criação.

A vertigem das concomitâncias. durante o laboratório a gestão de processos, o aumento vertiginoso das vulnerabilidades e uma escavação. topografar a corpa. esse encontro está acontecendo no momento de uma travessia muito intensa, encontro neste espaço um território de fertilidade para muitas das questões que me atravessam e que ainda estão em processo de elaboração. toda impossibilidade é provisória. sinto que é um começo e isso me tranquiliza. estou aqui a transformar as estruturas, a criar pernas para caminhar mais alargada.

Iara Cerqueira

Impossível não ser intensa quando estamos perto de uma pessoa com sua postura, seu jeito de ser, sua forma cuidadosa e paciente, conversando e tecendo sentimentos e sensações durante todos os momentos nos fazendo sentir potente. Estava “escrito nas estrelas” esse processo e esse encontro, pois adoro esse nem certo e nem errado, nem bonito e nem feio, nem bom e nem ruim. Bianca Andreoli “AMO” o que você, Aline, produz em nosso corpo. Confesso, sempre busquei algo assim Venho pensando em escavar brechas de mundos possíveis durante este contexto duro na minha vida, nem frouxo e nem apertado, da realidade brasileira, e sinto você facilitan- nem concreto e nem abstrato, nem rude e nem polido, somente algo. Agradeço a você do com maestria esta escavação. Sua proposta de ‘encantografia’ é uma ousadia-bela essa flor semeadura que eu tive oportunidaenquantando germinar uma semente por se- de de conhecer, e me fez plantar mais flores mana: Uma ode à Vida! Tão precioso quan- e semear mais arte. to as sementes na terra são estas pequenas esperanças plantadas em nossos corações.


PROGRAMAÇÃO 2º DIA | 18 DE MARÇO - Lançamento da videoarte MÃOEBIUS - Pocket show DECOPULAGEM com RENATO FRAZÃO, ALINE BERNARDI e LUIZA BORGES

VIDEOARTE MÃOEBIUS Tato: comunicação com o ambiente. Mãos: artesanias do toque. Moebius: superfície topológica que une dentro-fora. Inspiradas por estudos de artistas como Lygia Clark, Yvonne Rainer, Regina Silveira, Lenora de Barros, Sophia Neuparth, entre tantas que percebem tais nuances, a construção de mãoebius propõe a tecitura múltipla de ritmos, tons monocromáticos e movimentos

improvisados. 32 artistas entrelaçam seus gestos de mãos e movem a relação moébidica das trocas afetivas, sob direção artística de Aline Bernardi, dramaturgia de Ligia Tourinho, direção de arte e montagem de Lia Petrelli, a partir do material mobilizado pelo coletivo no segundo módulo da imersão do Lab Corpo Palavra.


SHOW DECOPULAGEM O show Decopulagem é realizado pela bailarina e autora do livro Aline Bernardi ao lado do cantor e compositor Renato Frazão e da cantora Luiza Borges promovendo um encontro da poesia, da música e da dança. O espetáculo musical fala muito de Brasil e de suas ancestralidades evocando por meio das prosas e das canções o retrato de um país um pouco encoberto e revelando uma espiritualidade muito particular. Na apresentação, Renato e Luiza interpretam nove canções do compositor em diálogo com as prosas poéticas escritas por Aline. A bailarina e escritora executa uma performance dançada enquanto são declamados trechos das prosas que integram o livro. A direção é de Guilherme Frederico.


Tefa Polidoro

Ana Kemper

Sinto que criamos um verdadeiro oásis, uma proteção vibracional contra o mundo reto, careta e destrutivo que está lá fora, e isso graças à ti, à tua condução sensível e generosa com o grupo. Jamais imaginei que poderia experienciar tantas coisas lindas no modo remoto, mediada por uma tela de lítio. Esse trabalho imersivo, intenso e rigoroso ficará para mim e para Ternurinha no coração.

Experiência - Imersão Trajeto – Mergulho Andarilhar Coletivamente Pensar-sentir-experimentar-traduzir o tanto/tudo que atravessa: um treino. Ancorar processos no corpo: expandir o corpo, investigar suas tantas regiões, limpidas e turvas Experimentar o corpo no corpo Arriscar a queda. Investigar voos. As durações O junto A escuta Atenção multifocal mas não desvia do cuidado. Escritas em Rede, trama de afeto. Fiação.

Liora Souza Recebi com muito encantamento a divulgação da programação do laboratório corpo-palavra e logo desejei viver esse processo que tanto se encontra com o caminho que venho percorrendo, estudando psicologia, artes, educação, como uma constante criação de si no mundo. A atenção não era mais da mente, muito menos um foco único, se tornou um estado de abertura para que possamos experimentar a mente como sentido. E sentir é sempre enquanto, o poder de enquantar foi se fazendo mais forte.

Bueno Souza A diversidade e a transversalidade do coletivo me sustentaram na coragem pra ficar e encarar a vertigem. Você me convida a deixar fluir. Escrever rolando. Desapegar da compreensão psíquica e desdobrar a impressão corpórea. Sonhar o chão pra germinar as raízes de um ser que nunca sonhei. Começar nascendo do chão, pelo pé, era tudo que eu precisava. Engoli essa sensação no corpo cuidando das sementes germinadas no processo, enquantando… Aline, eu sonhei um sonho, e tenho a sensação de que ele tá acontecendo.


aprender fazendo. Ouço muito de perto o que vem de Aline porque tenho encontrado base no modo de viver que ela acredita e me mostra ser possível de acontecer. O coletivo que construímos mostra ter vida própria, como rio no encontro de potentes nascentes que já correm seus caminhos. Durante os dias que estivemos juntes me peguei sonhando, sorrindo, criando em conjunto um chão de passo firme e pés alargados.

Lia Petrelli Direção de arte Intensidade. É a única palavra que conhecemos que exprime e toca a escorrência de estar dentro e fazer parte da construção do processo imersivo do Lab Corpo Palavra: Coreografias e Dramaturgias Cartográficas. Em primeiro lugar, me sinto honrada de estar ao lado de tanta gente potente, com tanta energia criativa, de entrega, de escuta, de cuidado com e outre. Digo isso do fundo do coração, pois como já partilhei com o coletivo este projeto é um algo que sempre mentalizei, desejei e inspirei desde criança: o lugar da esperança, de dar as mãos, de imaginar e trilhar possíveis futuros.

A direção de arte que ofereci foram mais apontamentos: a potência intensa já é única em cada corpo, meu domínio técnico só pode agregar o que já está. A construção gráfica pediu para ser tecida com o material produzido intermolecularmente: peles, texturas, cheiros, sensações, escritas, ranhuras; tudo é parte do que aqui se concretiza. O ritmo do grupo faz o leve pairar no ar: os tecidos criativos pulsam sangue quente latino-americano. Sinto privilégio por fazer parte disso tudo; aqui estou com minha jovem energia, sendo recarregada pelo prazer de estar junto; sentido as dores do estar longe, mas sabendo que futuros nos aguardam: fizemos isso, temos feito todos os dias.

As possibilidades se desdobram à minha frente, sintetizar cada instante é um desafio que vale a pena ser encarado com carinho, Ter por perto uma pessoa vagalume de codelicadeza e amor. Pulso amor. Sou grata. ração gigante, como é Aline, ascende meu fazer criativo, me desdobra e amassa gostoso, Cresço. Estou. Estamos. Somos. Iremos. Chegamos. no sentido quentinho de poder crescer e


PROGRAMAÇÃO 3º DIA | 19 DE MARÇO - Teaser de pré lançamento da videodança DECOPULAGEM - Teaser do videoperformance ENCANTOGRAFAR: estado de verbo desconhecido - Roda de conversa coletiva com os participantes do LAB

SOLO DECOPULAGEM Os três títeres do livro são os personagens que conduzem a dramaturgia do espetáculo. O percurso da Andarilha propõe constantemente uma perspectiva de renascimento e transmutação, convocando os ímpetos da Artesã a estar em cena a partir do universo poético de Kazuo Ohno e atritando a desconstrução do corpo domesticado. A bailarina segue sua trajetória performática até

transformar a cena em um ritual que traz à tona a Alfaiate e o seu encadeamento com o tema da maternidade. Uma homenagem à ceramista Celeida Tostes e à sua performance “Rito de Passagem” traça um elogio aos atos de fecundar e parir. O deslocamento da performer pelo espaço cênico convida o público a testemunhar um momento em que surgem ecos de antepassados e da morte.


VIDEODANÇA DECOPULAGEM (PRÉ LANÇAMENTO) Guilherme Frederico Diretor O videodança Decopulagem é um dos muitos desdobramentos possíveis do rico universo decopulante. A proposta é revelar outros olhares sobre os títeres que compõem o livro/objeto Decopulagem – Andarilha, Artesã e Alfaiate. São novos passos, novas tecelagens e novas conexões, a partir do longo caminho que já trilhamos até aqui, no corpo da criadora/intérprete Aline Bernardi, na equipe do projeto, nas prosas poéticas do livro e nas relações com lugares, sonoridades, pessoas e as sensações que essas experiências provocam.


Fabíola Brandão

Maria

Depoimento de camadas que se revolvem e dão forma ao eu, o eu em mim e o eu em nós. Vejo florescer nesta companhia pulsante, a transposição de barreiras, o Lab de Aline é um lugar alquímico , de feitura de si em mim e em nós. Grupos que giram em caracóis deslizantes e permeáveis. Um presente que se enreda em minha história e onde me enredo nesta tramatecidodomundo.

Há uma felicidade transbordante dentro de mim em poder transduzir o que sinto. Porém, procuro palavras, formas, signos, para expressar, mas não as encontro. Deveras não haja necessidade de tal procura, mas a entrega de total afetuosidade. Foi fácil submergir no durante, aprendendo silenciar, entrando no enquantar. O entender a errância. Transgressionar-se na aventurança.

Thalu Veras

Jatobá

Dois minutos de liberdade e tudo o que ela implica em palavras abrindo cavernas dentro de mim, desfrutando do vazio silêncio. Intimidade e delicadeza na condução de corpos palavradores e moventes no espaço sideralvirtual, cruzo-cataclisma, potência de romper fronteira. Pele diluída inundada sobre músculos múltiplos de atenção à desescolarização e desobediência civil requer exercer a liberdade com o rigor que ela exige. No corpo vazado tamanhos buracos me abrem. Mistério invisível, imaginário coletivo que transborda quando dentro do círculo de fogo - ar - terra - água - etéreo. Amálgama de ser gente pulsante e dançante move moebius dentro e fora da roda.

Acredito que a vida-arte ocorre nos encontros e em 2019 tive um muito especial com a Aline, professora de dança do CPII - Realengo. Agora, nessa imersão, está sendo incrível essa noção de coletividade onde a gente potencializa nossas relações. Ainda mais se encontrando diariamente e partilhando experiências à partir da subjetividade de cada um.

Marluce Medeiros Minha escrita estava perdida no meio desse meu motor falante, ouvir a doce Aline em suas orientações sobre a palavra, sobre a escrita me alimenta profundamente. O Lab me fortalece na criação, no fazer artístico e na diminuição do medo de errar. Não existe o certo e o errado, esse trabalho me abriu fissuras e me atravessa de ponta a cabeça.


Diane Portella

Monica Seffair O processo criativo é algo que me move, poder aprender, compreender o movimento com Aline é maravilhoso. Criar movimentos a partir das palavras, aprender com a escuta do outro, criar com as sensações do agora, só me faz reafirmar que devo continuar a sonhar. Obrigada por ampliar o projeto a nível nacional

Monica Nascimento Escrevo no fluxo da minha corrente sanguínea, dos batimentos do coração, nos movimentos mais micros do meu corpo, no acreditar que há esperança! Aqui, nesse Coletivo, eu encontrei Aline Bernardi – pesquisadora (eu chamo também de cientista) e, sobretudo, uma EDUCADORA! Ela e toda a sua equipe maravilhosa deste projeto exercitam o pensamento liberto do senso comum. Com suas perguntas excitantes, pertinentes e elaboradas de forma perfeita, como bem faz uma cientista que não deseja trazer resposta mas sim, provocar inquietações e propor mudanças. Sigo tecendo com o sonho de ver nossas crianças e adolescentes degustando e dançando com a Fita de Moebius...Tenho a certeza de que com esta Dança serão adultos mais sensíveis e apaixonados pela VIDA!

Sem dúvida este LAB está movendo as aguas e agora sinto que é no sentido de CONFLUIR. Tanto as internas como as águas coletivas. Divisor de águas Movedor de águas água que escorre do corpo da gente quando dança. água que enquanta encontro na potência de transgredir. As coisas que você, Aline, traz da sua pesquisa chegam com tanta paixão e com tanta fluidez que vão se misturando nas nossas práticas, falas, fluxos… As camadas que vão sendo agregadas, o modo como nos é apresentado, as vertigens que vamos sendo convidades, tudo isso nos toma numa dança. Todas as propostas vão se conectando no caminho. E os fazeres agregados nos traz uma nova vivência cotidiana com nossa casa, com nossas relações, com nossas plantas e nossas danças e nossas paredes, nossas escritas. Estou num estado de descoberta constante. E me encantando com as coisas quando as encontro. Estado coletivo. Estado de poesia. Estado de dança. Estado de utopia.


Julio Stotz Diretor de Fotografia e Montagem Audiovisual No Espaço Mova, um centro cultural localizado no bairro da Glória, na cidade do Rio de Janeiro, nasceu para mim o encontro da dança com o video, um encontro muito auspicioso. Entre esse salão de dança e outras andarilhagens da vida conheci a artista Aline Bernardi. Tocado pelos seus movimentos de dança, performance e escritas cartográficas, meu olhar ganhou uma espiral de nascimento e voo com o Decopulagem. Um video ensaio poético materializou o primeiro de muitos desdobramentos desse projeto multifacetado. Depois de percorrer muitas sendas, entramos num novo campo: a possibilidade de criação coletiva com o Laboratório Corpo Palavra online, através dessa imersão no formato de residência artística. Uma nova dimensão da

parceria se abria com a chegada de outros artistas. A potência do coletivo me co-moveu durante esses encontros, mesmo através das telas de computador. Foi uma grande emoção testemunhar as criações que surgiram desses encontros cheios de coragem, vulnerabilidade e amorosidade. E, tão emocionante quanto, foi receber os mais diversos materiais para construir junto com Aline, Lia e Ligia essa mostra. O processo de edição foi uma catarse. O arrebatamento com os vídeos recebidos me movia, me jogava para o abismo vertiginoso das possibilidades, onde o próprio material me conduzia para montagem de cenas e camadas visuais de tirar o fôlego. A sintonia com a equipe me deu a confiança necessária para pintar esses quadros poéticos, criar paisagens com tantas dimensões e cores distintas. Um outro nascimento chegou: Encantografar - estado de verbo desconhecido agora é partilhado com todes que vão nos acompanhar na Mostra Cartografias Sensíveis. .


Laura Addor Produtora Executiva Para mim, estar testemunhando, participando e apoiando essa empreitada artística tão encantada, profunda, reflexiva e coletiva, nesse momento tão difícil que estamos atravessando, é um sopro de esperança. A felicidade é uma arma quente, já diria Belchior, parafraseando John Lennon. E através da Mostra Cartografias Sensíveis, criada a partir desse percurso imersivo e intensivo da residência artística do LAB Corpo Palavra, estamos botando nosso bloco na rua, relembrando para nós mesmes e para todes que a alegria é revolucionária e que nossa arte, nossa micropolítica de afetos, nos transforma, nos transborda, e segue transformando e transbordando mundo afora, feito seiva, feito lava líquida, escorrendo através das telas, dos olhares e compartilhamentos. Me sinto muito honrada e revigorada de fazer parte desse coletivo potente e pulsante.


Ingrid Lemos Agora fica claro que é uma alquimia: lidar com o limite da palavra, mas se lançar com ela no campo do desconhecido. Tantos processos artísticos que estavam guardados foram desamarrados e lançados. E sinto que a sintonia desse grupo, com essas pessoas, vem das estrelas. Afirmo também que o Lab tem sido o único espaço em que me sinto com o corpo presente nesse momento de nossas existências, onde nesse último ano até esse último minuto de agora, vidas estão sendo perdidas, por uma política e lógica neoliberalista de morte e aniquilamento. O Lab é potência de vida, e isso acontece porque o Lab é extensão da potência de vida da Aline.

Irene Milhomens Queria algo que ainda não sei o nome. É um verbo, uma ação que sinto vontade de direcionar a você. A vida é dinâmica, misteriosa, implacável. Não se pode fugir da vida. E por que eu digo isso? Porque para mim esse encontro no Lab é um encontro com esse mistério que é estar vivo. E escrever, e dançar, dançarescrever. E sentir o pulso inexorável do coração que bate e diz: estou aqui. Mas agora, a cada encontro sinto-me adentrando um templo. Sinto-me em contemplação, sinto-me em prece comigo mesma. SInto-me em comunhão e sinto-me crescendo, porque, mais uma vez, saio nutrida, abastecida, desorganizada -- porque dessa ordem que aí está estou farta. Enquanto um verbo ou outro me escapam não consigo dizer o que gostaria. Talvez ele não exista, ainda.


Ligia Protti

Manu.ela Kemper

A escrita vem de onde? Por que escrevemos? Meu corpo arrepia e meu coração palpita, necessidade de escrita. Como mãe, abro este campo de sentires e vibrares na relação com minha filha e sua desenvoltura, seus desenhos, suas escritas, suas composições pelas paredes da nossa casa, seu desejo de mover e ser movida. Meu coração, minha filha. Como educadora, primeiramente como educadora ambiental e depois como educadora ambiental inspirada na pedagogia Waldorf e em todas as práticas que tem na arte a sua potência de criação, de estímulo do sentimento, de envoltório para o ensino aprendizagem, prezo pela arte no reencantamento do mundo. Acredito nas crianças e nas suas sementes brilhantes. Acredito em você, Aline, que leva essa tocha acesa da pesquisa em arte, da criação, da produção, do movimento enlaçando num passo gostoso artistas, estudantes, professores, muitas filhas e filhos, sobrinhos, escritores, bailarinas e tudo o mais que este seu caldeirão enfeitiçado puder abrigar. Me ensinaste várias palavras, muitos movimentos, termos, riscos, rabiscos, sorrisos, escutas, espaços, lágrimas, silêncios e falas em fluxo e leituras molhadas. Me ensinaste a ver a vida diferente de tudo por estes dias. Plantastes uma semente daquelas do tipo eterno. Uma espécie de renascimento, acho que posso definir assim a minha passagem pelo Lab Corpo Palavra.

Suas proposições-convites são absolutamente pertinentes, moventes e transformadoras. A partir de sua criatividade e sensibilidade, você vai misturando Liberdade que só é possível pelo rigor ético, estético e político. De modo que, a turma, como um todo, se sente convocada a fazer experimentações extraordinárias. Deságuamos no oceano de criação coletiva em que somos provocades a deixar fluir a nossa criatividade original: sem travas, amarras ou julgamentos, porém com rigor da atenção no fazer, no agora, nas revereberações das ações e coerência com as proposições em conformidade com a nossa potência, individual e coletiva. Concebemos o que pulsa a partir do corpo e a movência. Somos convidades a mergulhar fundo, onde brotam os sonhos, as camadas que nos conectam com as dimensões sagradas, acessando, assim, a nossa subjetividade e fazendo emergir nossa poética.


PROGRAMAÇÃO 4º DIA | 20 DE MARÇO - Teaser do solo DECOPULAGEM - Lançamento ENCANTOGRAFAR: ESTADO DE VERBO DESCONHECIDO - Exibição programada do videoperformance ENCANTOGRAFAR: ESTADO DE VERBO DESCONHECIDO


VÍDEO PERFORMANCE ENCANTOGRAFAR: ESTADO DE VERBO DESCONHECIDO Encantografar: estado de verbo desconhecido é uma constelação de pessoas, palavras e lugares em movimento. 33 artistas em processo criativo sob direção artística de Aline Bernardi, dramaturgia de Lígia Tourinho, direção de arte de Lia Petrelli e edição de Júlio Stotz. Uma escorrescência do gesto que desliza e revela a síntese de coletivizarse sob a forma de um vídeo performance criado em estado de quarentena. Como denunciar o desencantamento do mundo e criar acontecimentos sensórios para o reencantar-se? Plantando uma semente por semana, performando o cuidado de si, do outro e movidos pelo cultivo do mantra “Gaya ainda mama e isso nos esperança”, a obra é um convite a pombagirar e rodopiar em devir fluxo pelas tramas vertiginosas das imagens, sons e cenas. Uma ativação da escuta com a terra, nosso chão, e um convite a sentir, agir, perceber, seduzir e sonhar um outro tempo de reinauguração do mundo, exercitando o adiamento do fim do mundo, como tão bem nos convoca a cosmovisão dos povos originários.


Maria Sacchese Incontáveis mergulhos e dobras para o interno e o externo resultando em um prazeroso desabrochar e apresentar dos sonhos e encantos. É assim que sua sensibilidade em criar e cuidar de um trabalho tão importante como o Lab Corpo-Palavra me toca. Lhe escrevo para registrar, hoje, a magnitude da significância dos caminhos cruzados, os nossos eu-tu e coletivo. A força e tônus que está sendo gerada (e sempre será) dessa imersão no lab serão guardadas em cada célula e sempre que eu precisar beber dessa fonte saberei onde ir- um lugar invisível, encantado e real.

Dani Ramos Estou por escrever para expressar o quanto a sua dedicação em forma de afeto, sabedoria e atenção com cada membro deste coletivo fortalece a todos na construção de novos olhares. Posso dizer que é a jornada mais importante na minha vida, um divisor de águas. A caminhada no coletivo são de muitos atravessamentos, dobras e inquietações. Senti o campo perceptivo amplificado, aberto e receptivo. Sua mediação impecável, delicada e investigativa tocou a mim na capacidade de reconexão com a natureza interna e externa.

Matheus Vieira Fato é que hoje eu me apresento nesse LAB maravilhoso como alguém autoconfiante no discurso e sereno, e isso tem sido uma construção de muitos anos. Mas a sua chegança me trouxe a calma de forma definitiva. Uma consciência sobre o meu processo interno e um lindo vocabulário para falar das coisas mais fundamentais da vida. Faço as pazes com essa palavra represada e pensada de forma áspera ao longo desses anos. Ela me dá o tom da minha sinfonia particular. E eu a canto dançando por dentro, e foi você que facilitou esse entendimento. Essa carta vem dos pés, que caminham uma jornada pessoal e intransferível. Sinto alegria e muito desejo de retribuir ao mundo. Acho que essa é a melhor forma de te agradecer por tanto, tanto, tanto.


Rayrane Melyssa Com as proposições vindas da perspectiva artevida do LAB, as ideias e assuntos que trabalhamos e construímos em fala e em movimento durante os encontros assumiram responsabilidades surpreendentes e tomaram proporções latentes, presentificando-se nos espaços mais íntimos e também nos espaços relacionais da minha vida. Percebo como durante essas semanas eu me sensibilizei ainda mais para com o meu entorno e comigo mesma. A minha relação com a minha casa atual se transformou, fiquei muito mais conectada com a materialidade e também com a vida que ela possui, desde o chão de cerâmica, até as portas que me lembram troncos de árvores para se abraçar. Sobretudo, minha relação com a atitude de plantar foi muito intensiva e percebo que há de se aprender muitas coisas na prática do cultivar. Ao meditar sobre as sementes mágicas e sobre a germinação e o cultivo das plantas, aguça em mim a consciência do sabor do tempo, a textura dos processos de se tornar e de se permitir vir a ser, e da busca do alimento e das relações mais saudáveis e potencializadoras, tendo como base o vigoroso solo e o limite da imensidão ilimitada do céu.

Tainá Dias A tentativa de transduzir um processo imersivo de tantas intensidades, aquosidades, multi sensorialidades, marcas, babas, fitas, cartografias, movimentos, atenções, palavras, escritas, atravessamentos, composições e todas as tecituras que fizeram até, do meu vocabulário, um devir. Seres visíveis, invisíveis, imagéticos, movedores, transmutadores… estavam todos ali - d a n ç a n d o. Vou falar em termos de sensação. Uma abertura muito forte do que é o fazer artístico, do que pode compor uma cena, das conexões que o virtual possibilita. Muitas perguntas novas para serem degustadas. O que é a escrita? Quando e por que o meu corpo pede pelo escrever? Como desapegar da palavra? Como acessar o lugar do não-racional para o papel? Como unir o racional ao movimento para germinar a poética? Quero escrever com textura, quero grafar com o corpo, quero me surpreender com quem eu sou, me desconhecer e conhecer de novo. Agora eu sei germinar. Ressignificar água, ar, fogo e terra no meu cotidiano. Plantar mais. Ver o surgir da vida. Cuidar. A poética do cuidado.


FICHA TÉCNICA LAB CORPO PALAVRA: COREOGRAFIAS E DRAMATURGIAS CARTOGRÁFICAS MOSTRA ARTÍSTICA: CARTOGRAFIAS SENSÍVEIS Direção Artística e Concepção:

Aline Bernardi Dramaturgia:

Ligia Tourinho Direção de Arte, Assistência de Direção e Ilustrações:

Lia Petrelli Direção de Produção:

Aline Bernardi Produção Executiva:

Laura Addor Assessoria de Imprensa:

Racca Comunicação Direção de Comunicação:

Rachel Almeida Podcast:

Lia Petrelli Direção de Fotografia e Montagem Audiovisual:

Julio Stotz Artistas Criadores:

Adriana Alves + Ana Carolina Gonzalez + Ana Kemper + Bianca Andreoli Bueno Souza + Clarissa Monteiro + Dani Ramos + Diane Portella Eliza Pratavieira + Fabíola Brandão + Iara Cerqueira + Ingrid Lemos Irene Milhomens + Ligia Protti + Liora Souza + Marcelo Araya (DelFuego) Marluce Medeiros + Maria + Maria Sacchese + Majú Cavalcanti Matheus Vieira + Michelle Belcanto + Manu.ela Kemper + Monica Nascimento Monica Seffair + Raíza Costa + Jatobá + Rayrane Melyssa + Stéphanie Alves Tainá Dias + Thalu Veras + Tefa Polidoro Artista Colaborador:

Pauan


Palestrantes:

Hélia Borges, Ciane Fernandes, Sandra Benites, Maria Alice Poppe, Katya Gualter, Ana Kfouri e Ondjaki Professores Convidados:

Soraya Jorge, Ruth Torralba, Lidia Larangeira, Ana Paula Bouzas e Pedro Sá Moraes Tradutores de Libras:

Atanael Weber, Cíntia Santos, Gabriela Mattos e Meire Lins Projeto Gráfico:

Emerson Ferreira/ Nativu Design Site:

Pedro Sá Moraes Fotos:

Helena Cooper Mediação do Lançamento Oficial:

Richard Riguetti Trilha Sonora [videoarte Mãoebius] Violão (Acuerdos): Del Fuego Trilha Sonora [videoperformance Encantografar: estado de verbo desconhecido] Voz, percussão, trombone e composição (Crueza): Irene Milhomens Violão e composição (Qu’il pleuve): DelFuego Voz, violão e composição (De fogo e lágrima): DelFuego Voz, violão e composição (Terreviravoltavida): Thalu Veras Percussão (Pulso): DelFuego Voz e composição (Deixa ela trabalhar e Toque de volta): Bueno Voz e percussão (Carta de Thonos para Cronos): Thalu Veras Composição (Carta de Thonos para Cronos): Thalu Veras e Jatobá Voz e composição (DECFSC VINGR AS FHUI): Michelle Belcanto Voz e composição (Lotus Lama): Matheus Vieira


Emerson Ferreira Projeto gráfico O LAB Corpo Palavra vai além de uma experiência coletiva de produção artística.Trata-se de um maravilhoso universo de liberdade poética das criações, onde tudo se fala e tudo se escuta do cosmos. Neste cenário viaja uma linda tripulação que passa a encontrar alegria na coexistência ao ir preenchendo de ideias os vazios do papel. O contraponto aos vazios existentes em cada integrante desta tripulação que atravessa o momento crítico de uma pandemia e o consequente distanciamento físico. Aqui é o lugar de transborar afetos, carinhos e respeitos mútuos. No LAB cada trama que tece a arte também tece o tempo e os espíritos. E como diz uma certa música, se tudo muda o tempo todo no mundo, assim vivemos a experiência do LAB: tramando, dançando e mudando nossas vidas. Já sinto saudades. Saudades do futuro.


AGRADECIMENTOS Adriana Pavlova (O Globo), Agostinho Scariot, Ailton Krenak, Alice, Amun, Andreza Pereira, Angel Vianna, Antônio David Protti, Arlette Vasquez, Atanael Weber, Bárbara Serafim, Benedita da Silva, Betania Cavalcanti, Bete Spinelli (SPDRJ), Bruna Berardi, Bruna de Pipa, Carolina Spork, Chris, Cícero Barbosa Sá Moraes, Cintia Santos, Clarice Lispector, Clarice Rito, Cleusa Scariot, Dani Mara, Daniel Alberici, Diego Dantas (CCO), Douglas Suzano, Dudu de Morro Agudo, Dulce Aquino (ANDA e PPGPDAN/FAV), Eduarda Andrade, Egas Cominato, Elizanias Brito, Eurídice, Fabiano Carneiro (FUNARTE), Fábio Brandão, Fabrício, Filippo Bernardi, Flavia Meireles (CEFET), Flavia Muniz, Flávia Narciso, Gabriel Andrade, Gabriela Albuquerque, Gabrielle Oliveira, GaiA, Gerson Paulo, Glória Maria Bernardi, Guilherme Frederico, Gustavo Vasconcelos, Hugo Cavalcanti, Isabel Guedes, Israel Alves, Ivan Maia, Jessica Barbosa, Joana Coutinho, Joanna Giglio, João Fortes, Jochen Kemper, Jonas Wey, Júlia Motta Adriana Oliveira, Juliana Bernardes, Juliana Ginger, Kátia Pires Chagas, Kayssa Mavrides, Kazuo Ohno, Laura Canabrava, Lauro, Letícia Teixeira, Liliane, Lírio, Liz Guerra, Luca Bernardi, Lucas Conforti Protti, Lucas Neves da Cunha, Luciana Kemper, Lucila Capdeville, Luis Felipe Conforti Protti, Luís Silva, Luiz Augusto da Costa, Luiza Borges, Lygia Franklin, Maira Tukui, Maitê Protti da Cunha, Marcella Andrade, Márcia Feijó (FAV), Márcia Kneipp, Márcia Nascimento, Márcio Alanbert, Marcos Ponciano, Marcus Dias, Mare Braga, Maria Brígida de Miranda, Maria Elisete Cavalcanti, Maria Inês Mello, Maria Inês Galvão (PPGDan/UFRJ), Maria Kemper, Mestre Marrom, Mirela Andreoli, Nathália Bezerra Rodrigo Lyra, Nathan, Neide, Nicolle Oliveira, Nilo Wey, Paulo Freire,Pedro Bonotto, Pedro Henrique Pietracci, Pedro Ramos e Mônica Souza, Petrônio Oliveira, Pilar Valenzuela, Projeto Prática de si, Puri Matsumoto, Rafael Bezerra, Rafael Salib, Raphael Jonas, Raquel Rocha, Renatha Evelyn Lima Aragão, Renato Frazão, Richard Riguetti, Rivaldo Aragão, Rodrigo Hatti, Rosane Campello (FAETEC), Rosane de Assis, Sandra Britto, Scyomara Petrelli dos Santos, Sergio Araya, Sérgio Fernandes, Silvana Amaral, Siwatu Abeó Titlayo, Sônia Maria Felisberto Ramos, Sophia Cavalcanti, Sueli Guerra (CPII), Suely Rolnik, Tânia Alice (UNIRIO), Tatiana Oliveira, Teresinha , Thainã Leite, Thereza Angela Conforti, Thiago Pereira, Verineide Lima, Veronica Cavalcanti, à toda a equipe do Lab Corpo Palavra, aos artistas, educadores e instituições que integraram o Lançamento do LAB, o Ciclo de Palestras e as Rodas de Conversas, aos integrantes dessa residência artística pela convivência coletiva afetuosa, aos povos originários, à todas as crianças que renovam a vida, aos seres invisíveis.



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