13 Reflexões sobre as Ameaças da Importação de Café Verde pelo Brasil
Enio Bergoli Engenheiro Agrônomo, servidor do Incaper, Coordenador Técnico do Cooperativismo Incaper/OCB-ES
Tópicos a abordar: A Cafeicultura no Peru
Pontos para reflexão sobre a importação de café pelo Brasil
Cafeicultura no Peru 11º Produtor Mundial 2º produtor e exportador de café orgânico Produção: 3,5 milhões de sacas em 2014, com 88% exportado. Não é membro da OIC (sem transparência) Ausência de Políticas Nacionais voltadas para o Café
Cafeicultura no Peru Esgotamento da planta para justificar o “café orgânico” (extrativismo)
Não há legislação para impedir o desmatamento. Não há legislação para impedir o trabalho escravo e infantil
São muitas outras as preocupações do setor produtivo!
13 pontos para reflexão e compreensão sobre a possível importação de café pelo Brasil
1. É proibido importar café pelo Brasil?
Não é proibido - importação de torrado e moído é uma realidade há muito tempo.
Café verde – há necessidade de cumprimento de ritos Nenhum país expõe suas plantações a riscos fitossanitários. Há regras mundiais sobre o trânsito de vegetais. ARP – Análise de Risco de Pragas
2. O que deu margem legal à importação?
Ministério da Agricultura (MAPA) publicou a Resolução 01, em 10.05.2016, que revogou a Resolução 03, de 20.05.2015. Na prática, o MAPA aprovou e atestou que o Peru cumpriu todos os requisitos fitossanitários necessários.
Contudo, profissionais renomados questionam o serviço oficial que trata da fitossanidade no Peru
3. O que é pior, a importação de verde ou o drawback? Drawback é a importação de matéria prima (café) para se industrializar no país (em blends com nossos cafés) e tem como destino exclusivo a reexportação para outros países. Com a autorização simples para importar café verde estamos abrindo o nosso mercado interno brasileiro. A importação de verde é muito pior que o Drawback (que tanto combatemos no passado)
4. O volume de comercialização de café do Peru assusta? O Peru produz oficialmente 3,4 milhões de sacas (alguém fala em 5 milhões) O consumo do país é de apenas 650 gramas per capita ano (BR – 5,6kg e Europa – 8kg) O Peru precisa do mercado externo para desovar entre 3 e 4,5 milhões de sacas
5. Quais Pragas poderão chegar no Brasil? Monilíase
(Monília)
Ataca o cacau com prejuízos de 50 a 100%. Não está presente no Brasil. As regiões de produção de cacau e café no Peru são coincidentes.
Fungo pode vir nos grãos verdes ou na sacaria. Os esporos do fungo podem ficar viáveis por até 9 meses em condições adversas. O café não é atacado, é apenas o veículo para disseminação.
5. Quais Pragas poderão chegar ao Brasil? Cont. Há outros três fungos extremamente perigosos para a cultura do café que podem ser disseminados pelos lotes de café verde: Colletotrichum Fusariose (de solo) Rizoctonia (de solo)
6. O que pode acontecer se essas pragas entrarem no Brasil? Não há produtos químicos registrados para o controle Quanto tempo vai demorar para registrar um molécula no Brasil? E quem vai arcar com esses custos? O produtor.
7. Qual é o custo da sustentabilidade ambiental, social e trabalhista? O Brasil está sujeito a rigorosas legislações. E é esse rigor que faz com que nossa cafeicultura seja a mais sustentável entre concorrentes.
Nossos concorrentes têm custos de produção inferiores por não cumprirem essas premissas da sustentabilidade. É justa essa concorrência desleal? Quem vai pagar a conta? Novamente o cafeicultor.
8. E coincidência de datas das ameaças?
Todo ano, no início de safra no Brasil, aparecem os rumores da importação. As Portarias são de maio (2015 e 2016). A quem interessa e quais são os interesses em derrubar os preços de café no Brasil? Amadorismo ou má fé?
9. Há amadorismo/politicagem nas relações bilaterais conduzidas pelo Brasil? Até a indústria se surpreendeu com a liberação da importação sem salvaguardas.
A própria indústria solicitou duas salvaguardas no seu pleito: Limitação do volume importado
Padrão mínimo de qualidade
Mas o (Des) Governo em fim de feira liberou de qualquer maneira. Relação: Suíno/Acre – Café/Peru e Política
10. Alguém dúvida da diversidade da cafeicultura brasileira? O Brasil tem a cafeicultura mais diversificada do mundo. Produzimos as duas espécies de café.
Temos diferentes áreas produtoras, em diversos climas, sistemas de produção e variedades. Degustadores e provadores renomados internacionalmente confirmam e atestam essa variabilidade. Há realmente essa necessidade de se importar café?
11. E a abertura ao Peru abre precedentes? O Peru teve um rito aprovado para Café Arábica. Procedimentos análogos poderão ser adotados por outros países. E os ritos de ARP são basicamente os mesmos para Arábica e Conilon. Já pensaram na tragédia aqui no ES se o Vietnã resolver seguir o rito e exportar Conilon para o Brasil?
12. Há argumentação técnica convincente para se importar café pelo Brasil? Nenhuma Não há falta de café no país para atender os diferentes mercados (interno e externo) A indústria tem à disposição muitas variações de qualidade de café (precisa investir em inovação, novos produtos)
Caso recente – a Nestlé, que recentemente instalou fábrica de café em cápsulas no interior de MG desistiu de requerer a importação, pois reconheceu que nosso País tem capacidade oferta.
13. O que fazer para reverter a abertura?
Plano A – reverter a Resolução com o novo Ministro Blairo Maggi que assumiu recentemente. Plano B (não havendo êxito) – minimamente tentar a inclusão de Salvaguardas
13 Reflexões sobre as Ameaças da Importação de Café Verde pelo Brasil
Enio Bergoli Engenheiro Agrônomo, servidor do Incaper, Coordenador Técnico do Cooperativismo Incaper/OCB-ES