Palestra importação de café 17 05 2016

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13 Reflexões sobre as Ameaças da Importação de Café Verde pelo Brasil

Enio Bergoli Engenheiro Agrônomo, servidor do Incaper, Coordenador Técnico do Cooperativismo Incaper/OCB-ES


Tópicos a abordar: A Cafeicultura no Peru

Pontos para reflexão sobre a importação de café pelo Brasil


Cafeicultura no Peru 11º Produtor Mundial 2º produtor e exportador de café orgânico Produção: 3,5 milhões de sacas em 2014, com 88% exportado. Não é membro da OIC (sem transparência) Ausência de Políticas Nacionais voltadas para o Café


Cafeicultura no Peru Esgotamento da planta para justificar o “café orgânico” (extrativismo)

Não há legislação para impedir o desmatamento. Não há legislação para impedir o trabalho escravo e infantil


São muitas outras as preocupações do setor produtivo!


13 pontos para reflexão e compreensão sobre a possível importação de café pelo Brasil


1. É proibido importar café pelo Brasil?

 Não é proibido - importação de torrado e moído é uma realidade há muito tempo.

 Café verde – há necessidade de cumprimento de ritos  Nenhum país expõe suas plantações a riscos fitossanitários.  Há regras mundiais sobre o trânsito de vegetais.  ARP – Análise de Risco de Pragas


2. O que deu margem legal à importação?

 Ministério da Agricultura (MAPA) publicou a Resolução 01, em 10.05.2016, que revogou a Resolução 03, de 20.05.2015.  Na prática, o MAPA aprovou e atestou que o Peru cumpriu todos os requisitos fitossanitários necessários.

 Contudo, profissionais renomados questionam o serviço oficial que trata da fitossanidade no Peru


3. O que é pior, a importação de verde ou o drawback?  Drawback é a importação de matéria prima (café) para se industrializar no país (em blends com nossos cafés) e tem como destino exclusivo a reexportação para outros países.  Com a autorização simples para importar café verde estamos abrindo o nosso mercado interno brasileiro. A importação de verde é muito pior que o Drawback (que tanto combatemos no passado)


4. O volume de comercialização de café do Peru assusta? O Peru produz oficialmente 3,4 milhões de sacas (alguém fala em 5 milhões)  O consumo do país é de apenas 650 gramas per capita ano (BR – 5,6kg e Europa – 8kg)  O Peru precisa do mercado externo para desovar entre 3 e 4,5 milhões de sacas


5. Quais Pragas poderão chegar no Brasil?  Monilíase

(Monília)

 Ataca o cacau com prejuízos de 50 a 100%.  Não está presente no Brasil.  As regiões de produção de cacau e café no Peru são coincidentes.

 Fungo pode vir nos grãos verdes ou na sacaria.  Os esporos do fungo podem ficar viáveis por até 9 meses em condições adversas.  O café não é atacado, é apenas o veículo para disseminação.


5. Quais Pragas poderão chegar ao Brasil? Cont.  Há outros três fungos extremamente perigosos para a cultura do café que podem ser disseminados pelos lotes de café verde:  Colletotrichum  Fusariose (de solo)  Rizoctonia (de solo)


6. O que pode acontecer se essas pragas entrarem no Brasil?  Não há produtos químicos registrados para o controle  Quanto tempo vai demorar para registrar um molécula no Brasil?  E quem vai arcar com esses custos? O produtor.


7. Qual é o custo da sustentabilidade ambiental, social e trabalhista?  O Brasil está sujeito a rigorosas legislações. E é esse rigor que faz com que nossa cafeicultura seja a mais sustentável entre concorrentes.

 Nossos concorrentes têm custos de produção inferiores por não cumprirem essas premissas da sustentabilidade.  É justa essa concorrência desleal? Quem vai pagar a conta? Novamente o cafeicultor.


8. E coincidência de datas das ameaças?

 Todo ano, no início de safra no Brasil, aparecem os rumores da importação. As Portarias são de maio (2015 e 2016). A quem interessa e quais são os interesses em derrubar os preços de café no Brasil? Amadorismo ou má fé?


9. Há amadorismo/politicagem nas relações bilaterais conduzidas pelo Brasil?  Até a indústria se surpreendeu com a liberação da importação sem salvaguardas.

 A própria indústria solicitou duas salvaguardas no seu pleito:  Limitação do volume importado

 Padrão mínimo de qualidade

Mas o (Des) Governo em fim de feira liberou de qualquer maneira.  Relação: Suíno/Acre – Café/Peru e Política


10. Alguém dúvida da diversidade da cafeicultura brasileira?  O Brasil tem a cafeicultura mais diversificada do mundo.  Produzimos as duas espécies de café.

 Temos diferentes áreas produtoras, em diversos climas, sistemas de produção e variedades.  Degustadores e provadores renomados internacionalmente confirmam e atestam essa variabilidade.  Há realmente essa necessidade de se importar café?


11. E a abertura ao Peru abre precedentes?  O Peru teve um rito aprovado para Café Arábica.  Procedimentos análogos poderão ser adotados por outros países.  E os ritos de ARP são basicamente os mesmos para Arábica e Conilon.  Já pensaram na tragédia aqui no ES se o Vietnã resolver seguir o rito e exportar Conilon para o Brasil?


12. Há argumentação técnica convincente para se importar café pelo Brasil? Nenhuma  Não há falta de café no país para atender os diferentes mercados (interno e externo)  A indústria tem à disposição muitas variações de qualidade de café (precisa investir em inovação, novos produtos)

Caso recente – a Nestlé, que recentemente instalou fábrica de café em cápsulas no interior de MG desistiu de requerer a importação, pois reconheceu que nosso País tem capacidade oferta.


13. O que fazer para reverter a abertura?

Plano A – reverter a Resolução com o novo Ministro Blairo Maggi que assumiu recentemente.  Plano B (não havendo êxito) – minimamente tentar a inclusão de Salvaguardas


13 Reflexões sobre as Ameaças da Importação de Café Verde pelo Brasil

Enio Bergoli Engenheiro Agrônomo, servidor do Incaper, Coordenador Técnico do Cooperativismo Incaper/OCB-ES


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