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Daré 1
ruy marques
A minha terra, meu coração!
Porque cada um tem um jeito de amar Ribeirão Preto por MARCELA CALURA
Anhanguera, talvez km 298, sentido capital/interior, meu coração bate mais forte, me ajeito no primeiro banco do ônibus. Sim, eu só viajo nele, um hábito que herdei da minha mãe. É nessa hora, numa leve ondulação da rodovia, que posso ver as luzes brilhando. Lá embaixo, a cidade se estende até perder de vista, só luzes e mais luzes. Eu já me sinto em casa, respiro fundo e agradeço por poder voltar. Pelo menos uma vez por mês, venho sentir o cheiro de casa, o calor da rua, os hábitos tão característicos. Eu me lembro bem da minha infância, quando meu pai me colocava no carro junto com minhas irmãs e saía por aí, tentando fazer a gente dormir. O céu era limpo, de um azul escuro inexplicável, as estrelas quase se misturavam. Elas se agrupavam tanto que ficava difícil perceber quando uma terminava e outra começava. O destino preferido? Mogiana. O cheiro da madeira, a linha do trem. Resistia bravamente ao sono pelo menos até o contorno da rotatória, quando o percurso acabava e era hora de voltar para casa. Na linha dos olhos já pesados, luzes. Já
nessa época, eu me encantava pela forma como elas espalhavam-se aleatoriamente, eu tentava imaginar as pessoas, suas vidas e tinha certeza que um dia as luzes do mundo seriam insuficientes e não caberiam ali. Como uma criança que ama incondicionalmente seus pais, eu amava Ribeirão. Cada sábado na feira com pastel e garapa. Cada julho com o ar seco e tardes quentes. Não podiam existir defeitos num lugar assim, e, para mim, eles não existiam. Os anos passaram, eu cresci. A vida resolveu me roubar o encantamento, as coisas foram ficando difíceis demais e aqueles defeitos que antes não via, eu já não podia aceitar. Como todo filho, cheio de razão, bati a porta e parti. Só que do mesmo jeito que a vida desencanta, ela pode nos surpreender. Bastou voltar apenas uma vez para casa, avistar as luzes distantes e deixar o resto com a memória. Eu vi o lugar que eu sempre amei abrir os braços novamente e não demorou muito para eu entender que não existe muita razão nessas coisas, um filho sempre volta para onde está seu coração.
Expediente: Coordenação geral: Cordeiro de Sá | Gerenciamento de recursos: Graziela Adorno | Projeto Gráfico: Ana Marcia Zago Impressa na São Francisco Gráfica e Editora Ltda. | Tiragem: 2000 exemplares www.facebook.com/ribeiraopretoemquadrinhos
esta coletânea é dedicada a Pelicano e a Rubens Luchetti, grandes referências no cenário da arte e dos quadrinhos produzidos por Ribeirão Preto e também a Nelson Stefanelli que, com as suas mais de 3 mil plaquinhas produzidas e instaladas voluntariamente, colabora com a sinalização viária da cidade para seus habitantes e visitantes.
O que é que Ribeirão tem? Sklyline, por Daré (capa) Mapa de Ribeirão Preto, por Ruy Marques (contracapa inicial) Avenida Professor João Fiusa, por Yuri Chamoun Um giro por Ribeirão, por Dud Calçadão da Praça XV, por Geraldo Lara Hotel Brasil, por Gustavo Russo e Gandolpho Morro do São Bento, por Fúlvio Setti e Graziela Protti Biblioteca Altino Arantes, por Ubirajara Jr. Bosque Municipal Fábio Barreto, por Chris Lee, Flávio Soares, Cordeiro de Sá e Saulo Michelin Aeroporto Leite Lopes, por Cako Facioli Sorveteria do Geraldo, por Renato Andrade Teatro na Rua, por Dino Bernardi Theatro Pedro II, por Geraldo Lara Vila Tibério, por Valnei Andrade e Francisco Gimenes
(participação de Vicente Fantini de Lima e
Gustavo Mendonça)
Catedral Metropolitana, por Beto Candia Rua Amador Bueno, por Quico Soares Parque Ribeirão Preto, por Fernando Stéfano e Cordeiro de Sá Mercadão, por Lubasa e Thomate Parque Pref. Dr. Luiz Roberto Jábali (Pq. Curupira), por Dino Bernardi e Saulo Michelin A vizinhança, pelas crianças do Centro Cultural Isègun Senac, por Gandolpho Shopping, por Cordeiro de Sá e Adilson Terrível Edifício Diederichsen, por Francisco Gimenes, Fred Nuti e Cordeiro de Sá Avenida Gerônimo Gonçalves, por Renato Andrade e Thomate Come-Fogo, por Marcelo Dias (contracapa final)
As opiniões implícitas no conteúdo literário das obras aqui apresentadas são de responsabilidade de cada autor.
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yuri Chamoun 6
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-“A última Tele Sena... a última Tele Sena!”
geraldo lara
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cako facioli 20
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Colagem sobre arte realizada em oficina de ilustração ministrada pelo projeto RPHQ no Centro Cultural Isègun
Machado Filho, Luziane Silva Alvino, Melany Adriele Silva de Freitas, Tauane Cabral Chaves, Titilayó Alves Monteiro da Silva, Vinícios Oliveira de Souza
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Silva, Ifé Odara Alves Monteiro da Silva, João Victor de Souza Vaz, João Vítor Reis da Silva, Luiz Fernando Silva
com as crianças: Alder Alves de Freitas, Bruna Amaral Olioti, Diego Augusto Guimarães Barbosa, Francisco André Costa Filho, Ietundê Alves Monteiro da
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marcelo dias
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Uma cidade pode ser vista e vivida de inúmeras maneiras, dependendo de quem são seus expectadores e dos desejos que cada um deles tem de enxergar nos pequenos detalhes a realização de seus planos, anseios e sonhos. Nesse emaranhado de ruas, edifícios e parques, que traz em si uma historia passada, uma vida presente e as perspectivas futuras, podemos encontrar amigos, descobrir amores, construir ideais, e vagamos em um vai-e-vem incessante na busca, muitas vezes, por nós mesmos.
pATROCíNiO:
Realizado com apoio da Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto, Secretaria da Cultura - Programa de Incentivo Cultural 2011
Apoio:
Passear por esses quadrinhos e ilustrações é reencontrar uma parte do “eu” da complexa e mutável Ribeirão Preto, da tradição e da modernidade, da inquieta e assustadora, mas não menos maravilhosamente intrigante cidade. É como se cada uma dessas imagens trouxesse de volta a emoção sentida no momento da experiência vivida. É uma viagem na essência da cidade e de cada um que nela habita. Stela Crotti
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produção: