CyanZine #5

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MinC é tema recorrente no Trezentos, o que reflete aqui. Nesta edição temos ainda um pouco de Esperanto, brasilidade e Microsoft. Como presente de Natal, confira o Cordel do GNOME! Nada contra o KDE, XFCE e tantos outros ambientes desktop, talvez um dia faça cordéis para eles também. O Cordel do GNOME nasceu da necessidade de ter material didático (preferencialmente em estilo cordel) para ensinar informática básica, e aqui usamos o Trisquel. http://trisquel.info/ Se você pretende organizar um amigo secreto, o artigo Sorteador de Amigo Secreto traz alguns serviços gratuitos que você pode utilizar. Esta é a última edição do CyanZine em 2011. Para 2012 algumas coisas provavelmente vão mudar, especialmente quanto ao estilo e formato prioritário. Se você quer fazer parte do CyanZine, não deixe de entrar em contato! Um Feliz Natal para todos e um ótimo 2012! (Espero que o mundo não termine dessa vez...) Cárlisson Galdino http://cyanzine.bardo.ws/ Foto desta edição: http://www.flickr.com/photos/trixer/3417607199/


Technomyrmex Sophiae Esta edição do CyanPack (a última da série Technomyrmex) traz muitas novidades, bem mais do que as habituais. Para começar: 8 novos softwares e 2 novas revistas. Para a vida de quem gosta de downloads, foram acrescentados MD5Summer e WxDownloadFast. O primeiro é uma ferramenta para ajudar a conferir o código MD5 dos arquivos que você baixa; a segunda é um gerenciador de downloads. Para quem gosta dos ambientes GNU/Linux, mas tem que usar Windows, dois programas vão amenizar um pouco o sofrimento: VirtuaWin, que cria quatro áreas de trabalho virtuais; e WinCalendarTime, que troca o relógio da barra de tarefas por um capaz de mostrar o calendário quando clicado. Alcançando a versão 1.0 recentemente, o MyPaint é uma ótima ferramenta para desenho (especialmente se você tiver uma mesa digitalizadora). E foi criada uma nova sessão para entretenimento, com três programas: Lbreakout2, um jogo estilo Arkanoid; SuperTux, um Super Mario Bros livre (mas com o Tux no lugar do bigodudo); e a ferramenta infantil para desenho TuxPaint. A partir desta edição, passamos a trazer também a edição mais recente da Revista Overmundo e da Revista FOSSGIS Brasil. Os livros do Bardo oferecidos já contam 21, incluindo cordéis e romances. Ou seja, material para leitura não falta! Baixe lá o seu Technomyrmex Sophiae (CyanPack 11.8). Em DVD e CD. http://cyanpack.bardo.ws/


Lançamentos, Séries e Cordéis Muita coisa nesses dois meses. A começar pela nova página de erros do site http://bardo.ws/. Seguindo uma twitada do meu xará (http://x.bardo.ws?02r), terminei colocando um pequeno jogo como página de erro: o 404Quest. Os que ainda não viram, confiram lá como ficou: http://bardo.ws/42. Ainda na linha de desenvolvimento, em um momento de nostalgia instalei o Lazarus (http://lazarus.freepascal.org/) para testar e terminei criando um pequeno aplicativo para uso da técnica Pomodoro: o Pasmodoro. Criei em parte por necessidade de um programinha assim, em outra parte para testar a ferramenta. Quem quiser ver o resultado, está disponível com código-fonte: http://x.bardo.ws?yu. Outra novidade é que apareci em um podcast, no podcast do amigo Heitor Teixeira, o Podcast Heróis Brasileros. Lá falei um pouco de superheróis, séries, cordel, terminando com a declamação do cordel Baluarte Alexandrino. http://x.bardo.ws?z3 Jasmim! Este bimestre foi marcado pelos lançamentos do meu primeiro romance em formato folhetim. O romance foi publicado integralmente em meu site (http://jasmim.bardo.ws/), porém o livro impresso traz alguns anexos, entre bastidores e contos complementares. Os lançamentos foram no dia 28 de outubro, na V Bienal Internacional do Livro de Alagoas, em Maceió; e no dia 11 de novembro, no Memorial Ceci Cunha da Mulher, em Arapiraca (http://x.bardo.ws?zy). O livro, agora devidamente lançado, está à venda para todo o Brasil, através do site da Sua Livraria. http://x.bardo.ws?02s Por falar em folhetins (as minhas séries textuais), Warning Zone já foi sincronizada neste período. Esta é uma série que venho escrevendo para a Revista Espírito Livre (http://revista.espiritolivre.org/) e comecei este ano a publicar no meu site (http://wz.bardo.ws/) semanalmente. Paralelo a isso, a revista passou a trazer dois episódios por edição por um período de tempo. Agora os dois objetivos foram atingidos: a contagem de episódios


da série acompanhou a contagem de edições da revista (a revista número 31 traz o episódio 31 da série), e o site acompanhou também (já estão publicados no os 31 episódios que já saíram na revista). Então, Warning Zone deixou de ser a série do Bardo, passando a ser publicada somente após saírem as novas edições da revista. Consequência é que agora está aberta a enquete para que o público ajude a definir qual vai ser a próxima série textual do Bardo! http://x.bardo.ws?013 Estão disponíveis quatro prólogos para que você possa ler e votar em um deles. A enquete ficará no ar por um período de quatro semanas. O prólogo que vencer se tornará a próxima série textual do Bardo, a ser publicada semanalmente em http://bardo.ws/. Não deixem de votar! Paralelo a isso, estou publicando a série Redblade, que sai nas edições da Revista BrOffice (que está se transformando na LibreOffice Magazine Brasil). São só 10 episódios publicados até agora http://rb.bardo.ws/. Para quem quiser acompanhar mais de perto o que acontece no Bardo.WS, criei um informativo semanal por e-mail: o nBardo. Basta se cadastrar em http://n.bardo.ws/. Este período também teve 3 bons cordéis publicados. O cordel O Gênio (http://x.bardo.ws?lm) conta uma história clássica de um sujeito que se depara com uma lâmpada mágica. O cordel A Prosa de Vlad e Louis (http://x.bardo.ws?00e) é uma crítica aos novos vampiros da mídia. Nele, o conde Drácula e Louis (do Entrevista com o Vampiro) se encontram numa praça e conversam sobre essa mudança de tempos. E, por fim e mais recente, o Cordel do GNOME (http://x.bardo.ws?02j), que você terá o prazer de apreciar nesta edição do CyanZine, logo a seguir.


Cordel do GNOME http://x.bardo.ws?02j, 23 de novembro de 2011 Por Cárlisson Galdino – http://www.carlissongaldino.com.br/

Aqui estamos de novo Saudações meu camarada Já falei de liberdade Em poesias passadas Hoje falo do GNOME Mas não de conto de fadas Falo de um grande projeto Um que é internacional Que torna o computador Algo muito mais legal Útil e fácil de usar Pro usuário final Feito por duas pessoas Mantido por muita gente E tem até Fundação Um projeto tão potente Apoiado por empresas De tudo o que é vertente


Novell, Sun e HP IBM, a Grande Azul Participam do projeto Mais hackers de norte a sul E além de tudo o GNOME É do Projeto GNU Vamos falar dele hoje Você vai se admirar Um projeto tão imenso Profissional, exemplar Mas vamos falar da História Para melhor explicar Quando o homem inventou Sistema Operacional Para o computador Viu que não era legal Ter que criar um programa Para cada ação banal Era assim que era feito Logo que se inventou Para usar o aparelho Só sendo programador Escrevendo e compilando Era uma vida de horror


Pra resolver o problema Que estava incomodando Foi criado o tal de Shell Que é a linha de comando A tela preta com letras E um tracinho piscando O tal de shell por si só Já era uma evolução Para mexer no aparelho Invés de programação Aprendia alguns comandos Simples, sem complicação Tudo estava avançado Mas não era natural Pra maioria do povo Só ter letra era sem sal Foi quando o computador Foi ficando visual


GUI ou Interface Gráfica É quando o computador Invés de mostrar só letra Com o irritante cursor Passa a apresentar desenhos Janelas no monitor Ícones para apertar Texto usando fonte e cor Imagens para clicar Com o mouse que surgiu A Xerox quem criou Mas a Apple difundiu E esse modo virou moda Moda que o mundo seguiu Programas faziam janelas Pro usuário interagir Com imagens e botões Ok, Aplicar, Sair... Mas se vem nova janela A que tava vai cobrir


Por essa necessidade Novo programa nasceu Para organizar janelas E tudo o que apareceu Arrastar, minimizar Mostrar a que se escondeu Tem at辿 um brasileiro Chamado Alfredo Kojima Que criou o Window Maker O programa, uma obra prima Gerenciador de janelas Popular, ainda por cima Mas o tempo foi passando Ele sempre segue em frente E gerenciar janelas N達o era suficiente Foi ent達o que apareceram Uns programas diferentes Juntando novos recursos Um gerenciador de arquivos Mais um protetor de telas Gestor de dispositivos Capaz de montar pendrive T達o logo sejam inseridos


Esse grau da evolução Chamamos de Desktop O Windows é feito em um GNU/Linux tem estoque Com muitas alternativas O Desktop hoje é pop O começo do GNOME Quem iria imaginar? Está em outro projeto Um programa de editar Imagens, chamado GIMP Que é bastante popular Que criou uma biblioteca Chamada de GTK Era ele só um conjunto De menu e de botão Para as janelas do GIMP Mas ele era dos bão! Então foi reaproveitado O GNOME pôs a mão


No ano de 97 O GNOME foi criado Por Icaza e Frederico Mexicanos arretados Pro Windows 95 Ter rival do outro lado GNOME é uma sigla Comprida e diferente GNU Network Object Model Environment Mas você pode chamar De GNOME simplesmente Ele preza a liberdade Pela reutilização Também tem um calendário Com grande organização Mantendo o mesmo intervalo Ao lançar nova versão Foca a acessibilidade Garantindo por demais Acesso por deficientes Físicos ou visuais Dos ambientes que existem É ele dos mais legais


Pra levar GNOME ao mundo A turma se movimenta Ele existe em Português Por isso, vê se experimenta! Contando todas as línguas São mais de 160 O GNOME tem programas Pra tudo que é função Nem vou ficar lhe dizendo Tudo o que ele tem não Quero cordel de 3 folhas Não quero um de um milhão No mundo de liberdade Sempre há de haver opção O GNOME é muito bom Eu uso de coração Mas se você não gostar Vou falar de outros então


Existe o tal KDE Falarei dele outra hora É completo e bonito E disputa mundo afora Com o projeto GNOME Há décadas até agora Há um outro especial Que tem tão pouca idade É do Ubuntu, o Unity Que é GNOME na verdade Mas mudando quase tudo Conforme o povo do Ubuntu Foi vendo necessidade Além dos que já falei Window Maker, KDE Existe o Enlightenmente E o LXDE Tem o Sugar, Blackbox E o XFCE


Cada um com qualidades Um com efeitos especiais Outro é muito acessível Outro é rápido demais E assim se vê vantagem De não ser todos iguais Voltando ao nosso GNOME Para acabar, vou dizer Que uma revolução Está para acontecer É quando o GNOME 3 Finalmente aparecer Ele até já foi lançado Mas pouca gente usou Está um pouco incompleto Mas já mostra a que chegou E seu desenvolvimento Está a todo vapor


Tornando o computador Mais fácil de se usar O GNOME vem crescendo E ainda vai continuar Conheça esse Desktop Clique em gnome.org Sei que você vai gostar


O que é o Partido Pirata? http://www.trezentos.blog.br/?p=6371, 1 de outubro de 2011 Por Rodrigo Pereira

Um Partido Político que defende a pirataria? Não é apenas isso. O século XX foi o século da chamada “ideologia da propriedade intelectual”, isso determinou decisivamente a forma como era organizada a nossa cultura e o conhecimento. Agora no começo do século XXI há um esgotamento dessa ideologia através de várias situações limites que questionam essas idéias. cada vez mais nós percebemos como os direitos autorais não servem ao seu propósito de estimular a criação. Cada vez mas nós percebemos que as patentes ao invés de fomentar o desenvolvimento tecnológico, servem para freiá-lo. E, sobretuto, cada vez mais percebemos que os direitos fundamentais como os direitos à privacidade e à liberdade de expressão estão sendo esquecidos e minados nos fazendo caminhar para uma sociedade de vigilância e controle. Quando nasceu o direito autoral, ele era meramente o monopólio da cópia de livros, fornecido àqueles que tinham o aval do Rei. E o Rei, naturalmente, permitia apenas a reprodução de obras que não o criticasse. O direito autoral nasceu como censura. Quem ganhava alguma compensação pelo trabalho era apenas quem imprimia os livros. O autor não recebia nada por isso, a não ser fama. Depois se pensou que o autor deveria ganhar alguma coisa, e isso o ajudaria a escrever mais livros. Mas a idéia do monopólio de impressão ainda continuou. E ao longo do século passado foi explorada e abusada absurdamente. Dos 13 anos contados da data da publicação de uma obra no Estatuto de Anne (1709, considerado a primeira lei de direitos autorais), abusivamente se elevou esse monopólio para 70 anos após a morte do autor. Como resultado, o há um dramático desequilíbrio entre o direito do público pelo acesso à obra e o direito do autor de ser recompensado. Isto poderia fazer sentido no tempo onde a


cópia era um negócio, mas nos tempos atuais, onde através da Internet podemos fazer infinitas cópias de uma obra a custo zero, não faz mais sentido e o desequilíbrio se torna evidente. O Partido Pirata defende uma ampla reforma dos direitos autorais tornando-os justos e equilibrados. Para começar, permitindo o total acesso das obras. Para a distribuição comercial, defende um monopólio de 5 anos após a publicação. Prazo que é mais que o suficiente para o retorno de um investimento. Na prática, sabemos que depois de 5 anos após o lançamento, o retorno da obra é irrisório. A partir de uma Cultura encarceirada, onde as obras estão restritas para uso e modificação, o Partido Pirata defende uma cultura livre e viva, onde todos podem ter acesso, modificar e distribuir. Isto para o benefício de todos. A invenção da maquina a vapor de Watt foi considerado o marco da revolução industrial. Mas poucos sabem que, na verdade, a revolução industrial começou com uma maquina a vapor de baixa eficiência, já que James Watt patenteou a sua invenção e tinha o seu monopólio por 30 anos. O outro inventor deixou de patentear a invenção o que permitiu que ela fosse adotada em larga escala na industria textil da Inglaterra. Somente quando a patente de Watt espirou, a revolução industrial deu um salto. Hoje em dia, as patentes são responsáveis pela perda de vidas, principalmente nos países pobres. As populações desses países não tem acesso à medicamentos e equipamentos médicos porque as empresas que detem as respectivas patentes não tem interesse em baixar os preços para permitir que essas pessoas tenham acesso ao tratamento. Atualmente, as empresas competem para ver quem arquiva o maior número de patentes que depois são usadas contra seus concorrentes, principalmente os menores, a fim de impedí-los de concorrer em igualdade de condições. A maioria das patentes sequer são colocadas em prática. Como resultado disso, a ciência e a tecnologia são impedidas de se desenvolver. Por essas razões o Partido Pirata defende a abolição do sistema de Patentes. Nós entendemos que esse sistema não serve mais aos propósitos a que se destina. Hoje nós vimemos uma situação nunca antes vista. Com as novas tecnologias podemos copiar e reproduzir gratuitamente qualquer tipo de conteúdo de maneira tão natural que as novas gerações, com toda a razão, não compreendem o limite imposto pelos direitos autorais. E de fato, ele não faz mais sentido. Restringir o acesso a estas pessoas à conteúdo não é


uma coisa nova. Quando surgiram as bibliotecas públicas houve esta mesma questão: “As pessoas devem pagar para ter acesso às obras”. Mas nós sabemos que isso não aconteceu. Justamente porque há um interesse público de acesso muito maior que o interesse privado de manter o monopólio de distribuição destas obras. E nesse cenário, só existe uma maneira de controlar o acesso das pessoas às obras com direitos autorais: Controlar as pessoas. Essa ideologia da propriedade intelectual impõe que o nosso direito a privacidade seja violado, que o direito à livre expressão seja vigiado, que se controle quem nós somos e o que fazemos. Assim como deveria ser proíbido abrir e ler nossas cartas, deveria ser proíbido acessar os dados de nossas conexões na Internet para saber se estamos baixando conteúdo restrito. Em todo o mundo vemos iniciativas para controlar a Internet e registrar dados pessoais dos usuários ferindo o direito à privacidade e à liberdade de expressão. Nesse ínterim, entendemos que estamos marchando em direção à uma sociedade de controle. O Partido Pirata tem por objetivo freiar esta marcha e se certificar que os direitos à privacidade e liberdade de expressão sejam respeitados, em qualquer circustância.

Mas como seria um Partido Pirata? O Partido Pirata já existe em alguns países. O primeiro Partido Pirata foi fundado na suécia em 2006. Na Suécia, o Partido Pirata tem uma plataforma com base nos três princípios políticos expostos acima: Uma ampla reforma dos direitos autorais, a abolição do sistema de patentes e a defesa do direito à privacidade. Diferente de outros partidos, ele se orienta apenas por esses princípios, e nada mais. Isto tem uma razão muito clara. O que o Partido Pirata propõe não é uma coisa fácil, mas também não é impossível. É uma coisa importante, mas também não é a única coisa importante. De forma que o Partido Pirata não tem a intenção de participar do governo ou da administração pública, mas fazer pressão direta para que sua plataforma seja adotada. Isso lhe dá bastante credibilidade para disputar cadeiras no parlamento. No parlamento, o Partido Pirata não tem posição sobre outros assuntos, mas apoia quem adotar a sua plataforma nos melhores termos. Isso lhe dá uma boa chance de negociar com o resto do parlamento. Muitas vezes o voto do Partido Pirata pode ser decisivo em uma questão importante. Mesmo sendo minoria, o Partido Pirata pode fazer a diferença.


Mas isso daria certo no Brasil? Há uma diferença a se considerar: Nos países onde já existe um Partido Pirata reconhecido, como na Suécia e na Alemanha, o sistema político é bem diferente. Estes são países parlamentaristas, com algumas poucas diferenças. No Parlamentarismo o parlamento é o poder central. No parlamento é escolido o primeiro ministro que por sua vez indica os membros do governo executivo. As pessoas votam em eleições diretas apenas para os membros do parlamento. Isso dá bastante margem de negociação para os partidos pequenos proporem sua agenda. A escolha do governo executivo pode ser decisiva com o voto dos partidos pequenos. No Brasil, o sistema político é o republicano. Mas nós temos um parlamento também, que é dividido em duas casas: Camara de Deputados e Senado Federal. A diferença principal é que nós elegemos os membros do governo executivo através do voto direto: Presidente, Governador e Prefeito. Assim como os membos do Parlamento: Deputados e Senadores. Isso reduz um pouco o poder do parlamento e isso torna a vida de um partido pirata no Brasil bastante difícil. Mas no Brasil há vantagens que não há na Suécia, por exemplo. Uma delas é o fundo partidário que é um repasse bastante substancial de dinheiro do governo para os partidos realizarem suas atividades. O Partido suéco sobrevive basicamente de doações de seus membros, por exemplo. Outra vantagem é o acesso à propaganda gratuíta em Radio e TV. Isso ajuda muito quando se quer propagar novas idéias ou instigar o debate público. O espaço em Rádio e TV também pode ser negociado com outros partidos em troca da adoção da agenda do partido pirata. Isso pode equilibrar a balança um pouco facilitando o trabalho do Partido Pirata.

Como fundar o Partido Pirata no Brasil? O Brasil talvez seja o país que seja mais difícil fundar um partido político. Por aqui é necessário passar por diversas etapas que demandam dinheiro, tempo, maturidade política e bastante dedicação. Não basta apenas fazer um site na Internet e colher algumas assinaturas, como foi fundado os Partidos Piratas na Europa. Para começar é necessário um volume grande de pessoas esclarecidas dispostas a financiar a empreitada com dinheiro e muito trabalho voluntário. Não é um projeto de final-de-semana com certeza. Difícil, mas não impossível. Para começar é necessário uma lista


de contatos bem sólida com gente de confiança e muita caridade, não há qualquer incentivo do governo ou ajuda de outros partidos ou movimentos. Mas de forma geral, se há bastante motivação política, muita gente pode abraçar a causa. Que nasça o Partido Pirata! Deixo o meu convite para os interessados em colaborar: Site: Partido Pirata - http://opartidopirata.blogspot.com/ Grupo de Discussão: http://x.bardo.ws?014


A Primavera Neoliberal do MinC http://www.trezentos.blog.br/?p=6401, 7 de outubro de 2011 Por Carlos Henrique Machado Freitas

Estou impressionado com a limpidez com que a extrema internacionalização ganhou pauta nesses últimos meses no Brasil. A exaltação ao estrangeirismo virou culto absoluto. Essa coisa desprovida de reflexão é fruto da filosofia do novo Ministério da Cultura que durante nove meses buscou o casamento com as major’s e os seus braços pesados como a ACTA e impôs no território nacional obstáculos fatais no caminho da cultura do povo brasileiro. Que vingança mais cruel contra o povo! Que entreguismo mais calculado! Que instrumento de subserviência é esse que condena a sociedade brasileira ao ideal do maldito neoliberalismo cultural que vem construindo com o Branded Interteinment a miséria de nossa cultura? Rapidamente a arbitrária Ana de Hollanda classificou o povo brasileiro como pirata; a cultura popular como indolente e impôs um sistema técnico para produzir obstáculos à nossa diversidade. Ninguém sabe mais nesse esquema grosseiro qual é o caráter estrutural do Ministério da Cultura sob a responsabilidade do Partido dos Trabalhadores. Talvez seja o fato da absoluta falta de identificação de Ana com o PT que o apetite dos “universalistas” do PSDB/Dem que são os principais conselheiros do MinC, aumentou sua presença nas políticas culturais. No período Lula o que chamávamos de Marca Brasil com a ocupação do povo ao Ministério da Cultura com a presença de todos os grupos sociais, étnicos, das tribos, das nações cujos espaços de vida formigam uma cultura soberana, nessa trama de intercâmbio internacional do atual MinC, essa nova fase da história desapareceu com este selo brasileiro construido há oito anos. Muitos apostam na saída de Ana de Hollanda e seus principais assessores na reforma ministerial, até porque ela não pode aparecer em lugares


públicos no Brasil sem ser vaiada. Acontece que o rebuliço no cassino é tanto e absolutamente inédito que não sabemos o que sobrará do ministério depois desse bombardeio neoliberal. Daqui de fora só assistimos aos clarões vermelhos típicos do espetáculo de guerra, mas o que foi mechido na alma do ministério, certamente nem desconfiamos. O que salta aos olhos é que a língua viva que tomou conta das manchetes culturais brasileiras não é nem sombra do idioma de nossa cultura. Os anúncios de cultura estão sendo redigidos fora do Brasil e, com isso os nossos vocábulos e a nossa imagem de país foram neutralizados. Mas está lá na Europa Ana de Hollanda bancando a estátua matriarca das artes e das letras brasileiras depois de montar uma constituição particular aos moldes das classes dominantes sob o gerenciamento de plantão do Ecad e sua bélica forma de ação. Não me lembro de ver o Brasil invadido por tantos figurões estrangeiros, sobretudo nos últimos dois meses. O Brasil, na realidade, neste ano é o principal ponto de excursões internacionais da indústria do entretenimento, enquanto aqui a cultura do povo, os pontos de cultura vão sendo segregados. Mas uma coisa podemos afirmar com toda a certeza, que Ana de Hollanda traz no olho do furacão não simplesmente a vaidade boçal de quem se perde na primeira esquina, não. A suprema recomendação da ministra logo nas suas primeiras declarações foi alvejar a alma da cultura brasileira, criar um abismo letal entre o MinC e a sociedade e impor uma civilização industrial com todo o rebanho do satélite global que comanda uma atitude clássica dos senhores da Branded Interteinment. Agora só nos falta o busto de bronze dos ídolos heróicos desse retrocesso à matavirgem, pois a primavera neoliberal desabrochou com toda a formosura no céu azul.


Jobs, Ford e mais “vampiros sanguinolentos” http://www.trezentos.blog.br/?p=6406, 7 de outubro de 2011 Por Anahuac

É verdade que este post não é original. Quero dizer, ele está composto dos comentários que fiz no post do companheiro Rodrigo Savazoni – http://http//www.trezentos.blog.br/?p=6403, mas é que decidi, depois de vencer a preguiça, formatar meu próprio texto sobre o assunto. Segue: A reverência a Jobs é sobre como ter êxito numa sociedade capitalista, consegue inverter os papeis do que é importante ou não. Estou há dias discutindo isso e me opondo com veemência a esse endeusamento ridículo a um homem que usou sua genialidade para concentrar poder e riqueza. Gênio sim, mas muito mais para um gênio do mal do que do bem. Se tivesse usado seu poder, força e inventividade para, viver cada dia como se fosse último, para criar e disseminar tecnologias que levassem liberdade, conhecimento e colaboração para o mundo, ai sim, seria diferente. O problema está na propaganda do status-quo que necessita endeusar os empreendedores capitalistas, os concentradores de capital, os gênios que foram capazes de vencer nesse jogo sujo. O mais ridículo é ver a força que se faz para colocar esses “vampiros sanguinolentos” no mesmo nível de verdadeiros revolucionários sociais. E tudo que o cara fez foi um celular com “touch pad” para tornar sua empresa mais rica. Acho que os movimentos sociais ganharam muito com a morte precoce de Jobs. Quem sabe o encanto que tinha boa parte dos humanos hipnotizados, como mortos-vivos, em frente às telas dos Apple gadgets possa ser quebrado de forma mais fácil agora, e possamos trazê-los de


volta discussão sobre um Mundo Melhor, mais justo, colaborativo e honesto. O cara revolucionou os meios de dominação e exploração modernos na era digital, isso sim. Percebam que Ford também é considerado um gênio por ter revolucionado os meios de produção, por exemplo. O problema é que a cada dita “revolução” do capitalismo os ricos ficam mais ricos e os pobres mais pobres. Os métodos de que tornam o processo exploratório mais eficiente não deviam ser exaltados e sim combatidos. Não há nada de especial em tornar as pessoas mais produtivas em uma linha de montagem. Chaplin deixa isso claro em seu filme. Bom, há sim. O especial de como eu te faço trabalhar mais pelo mesmo preço, ou seja, a mais valia com um quoeficiente cada vez mais favorável ao capital em vez do bem humano. Ford, gates, Jobs e muitos, muitos outros deveriam estar sendo proibidos de usar sua genialidade para benefício exclusivamente próprio. Deveriam haver leis internacionais que garantissem a distribuição irrestrita do conhecimento e justa dos ganhos financeiros. Isso para todas as áreas. Um mundo de concentração absurda de riqueza não pode ser chamado de justo. Esse é o “sonho americano” que se espalhou pelo mundo, contaminando praticamente todas as sociedades, onde é justo que um ganhe tanto que faça outros famintos. E quanto mais uma pessoa conseguir acentuar essa diferença mais ela é admirada, endeusada e vista como vencedora. Triste. Como diria o poeta Lulu Santos: assim caminha a humanidade… E que venham os cães de guarda da igualdade, fraternidade e liberdade capitalista para justificar o fraticidio diário em nome do direito de ir e vir, da imprensa livre, da exploração do trabalho e da concentração de riqueza como os verdadeiros pilares da justiça humana! Pois que venham!


MinC – o Ministério que deu merda http://www.trezentos.blog.br/?p=6432, 15 de outubro de 2011 Por Carlos Henrique Machado Freitas

“Ministério do Vai Dar Merda”. Funcionaria assim: a cada decisão importante, esse ministro seria chamado. Se o governo decide recadastrar os idosos, o Lula convoca o ministro e pergunta: “Vai dar merda?” O ministro analisa o caso, vê que os velhinhos vão ser humilhados nas filas, e responde: “Vai dar merda”. No caso da briga com o “New York Times”, era só chamar esse ministro e perguntar: “Vamos expulsar o jornalista. Vai dar merda?” O cara ia analisar e responder: “Vai dar merda”… (Chico Buarque – 2004). Muitos atribuem o disparate de ter Ana de Hollanda como ministra da cultura ao fundamental apoio que Dilma teve no segundo turno de um dos símbolos máximos da cultura brasileira e das campanhas de Lula, Chico Buarque. Eu, sinceramente, não acredito que Chico tenha algo a ver com isso. Já disse e repito, esse projeto de poder é de Antonio Grassi. E nessa sua arrumação só não foi ele o ministro da cultura porque Dilma anunciou ao PT que o idioma do futuro MinC deveria ser falado por uma mulher. Foi aí que Grassi literalmente jogou Ana de Hollanda na “Arena”. Para dar razão a Chico, quando nega em entrevista a sua participação na indicação de Ana de Hollanda, repito aqui uma passagem em que Chico aconselha Lula a criar o ministério da “vai dar merda” que não foi criado por Lula e infelizmente nem por Dilma, senão o ministro, uma espécie de conselheiro, diria no ouvido de Dilma… Não convoque Ana de Hollanda e Antonio Grassi, pois vai dar merda. Na verdade, se Lula tivesse seguido o conselho de Chico, não teria convocado Grassi para a Funarte na gestão Gil que, de contrapeso levou Ana para a área da música, e teve que demiti-los. Em qualquer


circunstância, no governo Lula e no governo Dilma, acho que Chico estava alertando para o perigo que Ana e Grassi representariam para o idioma do futuro do MinC . Agora é esperar esfriar a salada de batatas quentes criada pela soberba nabiça da ministra Ana que se inspira no dialeto dos elegantes para, com seu sabugo de unha, ser interrompida em seu projeto mata-piolho. Ana de Hollanda que nessa sopa de stablisment fez o MinC cheirar inglês grifando as palavras de ordem da neoliberal “Secretaria Economia Criativa”, deve mesmo, em janeiro, abandonar as botas, a sobre-casaca e a cintura fina de ministra para que nós, em cortejo, saudemos a sua despedida. A ministra que propôs que os pobres brasileiros fossem mais chiques, pois somente assim suas artes em estado pleno de excelência frequentariam o castelo francês e os come-se e bebe-se da Avenida Paulista, logicamente com o patrocínio, via restituição fiscal, “Rouanet” dos angulosos Itaú Cultural, Febraban e Fiesp, será lembrada como a ministra da praça vazia. No cortejo de sua saída, os povoados que viveram à sombra de sua gestão, irão para os passeios públicos jogar serpentinas e confetes em comemoração à sua tardia despedida. Todos nós esperamos que a partir de então, uma nova etapa, um novo tempo e uma nova dimensão do espaço da cultura sejam explorados por alguém que historicamente não tenha cedido aos passos da obscuridade da “genial teoria” da cultura pela máquina do mercado. Pois é, depois dessa aquarela de borrões, não mais podemos comprar uma meia com chulé, um logotipo de elegantes boquiabertos e, muito menos o bamba do Brasil mata-virgem. Ficam abertas as avaliações para que alguns símbolos vivos possam ser convocados para provocar uma vibração positiva nos ares do MinC e que, sem vacilar, reentreguem o Ministério da Cultura à sociedade brasileira que foi nocauteada por uma royal-street-flush arquitetado por truques da arte de ganhar concursos públicos na base do bico doce. Ou seja, chega de bico de tucano! Temos um elenco de primeiríssima com independência suficiente para nos devolver a um mérito estético que represente a grandiosa cultura brasileira a partir de sua própria ordem.


Ana de Hollanda quer cobrar para o povo se manifestar http://www.trezentos.blog.br/?p=6453, 17 de outubro de 2011 Por Carlos Henrique Machado Freitas

Não menosprezemos a não hábil ministra da cultura. Lembremos que seus movimentos rumo à repressão às manifestações da sociedade brasileira não deram um passo sequer atrás desde que começou a sua saga repressiva ao retirar, com uma ridícula campanha patriótica, o selo Creative Comonns do site do MinC. A presença de Ana de Hollanda no Ministério da Cultura aumentou e muito a pulsação do cartel do Ecad contra os movimentos da sociedade brasileira como uma simples batucada de um grupo de amigos em praça pública. Eles não querem só o controle da difusão, querem o controle da criação. Aquelas manifestações livres que cantamos e dançamos em datas festivas pelas ruas do Brasil, as energias concentradas que mantêm características específicas do povo pelo seu alto valor simbólico, como o jongo e todos os outros grandes tesouros de nossa memória imaterial, tudo está se transformando em uma representação de lucro para os arrecadadores do Ecad. Agora mesmo nos chega a notícia de um artifício jurídico do STF, do Ministro Celso de Mello, fazendo honrarias ao Ecad quando tenta, numa atitude perigosa, mudar os rumos da CPI do senado contra o cartel de arrecadação. Ana mistura conceitos banhados por uma falsa campanha em prol do criador para que o que está aberto e livre dentro e fora da internet se transforme em instrumento de lucro com a finalidade de ampliar a rede de arrecadação dos direitos autorais, ou seja, a repressão é virtual, física e simbólica. Não há um ato da ministra que não cheire a um medonho artífício de natureza repressiva. Agora mesmo, tentando transmitir a ideia de que lança mão de 12 milhões do contribuinte para financiar editoras


internacionais, dizendo que tem o objetivo de formar novos públicos e expandir sob os olhos do mundo a imagem do Brasil, Ana fortalece o uso dessa espécie de técnica mistificadora para aumentar a rentabilidade dos órgãos de arrecadação dos direitos autorais. A Secretaria da Economia Criativa que se constitui em, nada mais nada menos que a busca por lucro de cada centelha criativa está fazendo do setor de serviços que já é um dos principais vilões da inflação brasileira, segundo o IPEA, uma barriga de aluguel, e trasnformando o mesmo numa arrecadação de proveta, ou seja, uma bomba atômica para a economia brasileira. Isso é uma cópia fiel das taxas de serviços cobradas por bancos, um dos principais golpes da panaceia financeirista que o mundo está repudiando em praças públicas. O que não dá para entender é como essas ações de Ana de Hollanda estão abertas e livres diante dos olhos do governo Dilma e da própria responsabilidade do PT, já que ele é o padrinho político da Ministra da Cultura. Que bastidores são esses de poucas palavras e muita imaginação que vem construindo uma escala de espetáculos de horrores que permitem que cada texto escrito, que cada música composta, que cada ideia livre se transforme em objeto de arrecadação de direitos autorais? O que devemos lembrar é que todas essas práticas do MinC estão no centro das decisões do Brasil que almejamos. Teremos a permissão de continuar criando e compartilhando algo puramente simbólico ou voltaremos à era dos mercadores de escravos? Porque nesses dez meses de gestão o que estamos vendo é o ministério de Ana de Hollanda perseguindo as fontes criativas para fazer delas bons instrumenros de arrecadação de direitos autorais. Não é possível que continuemos a acreditar que a ministra é autista, sonâmbula ou coisa que o valha. Sua ligação com a estrutura do Ecad é visceral, tridimensional. Aonde tudo isso vai dar? Todos os sacerdotes, sacerdotizas e monges do Ecad estão dentro do MinC. Até quando ficaremos nessa eterna questão de uma espera penosa pela saída de Ana de Hollanda?


Os Prisioneiros da Micro$oft http://www.trezentos.blog.br/?p=6524, 10 de novembro de 2011 Por Sergio Amadeu

Este texto foi publicado originalmente na Revista A Rede (http://www.arede.inf.br/inclusao/index.php), ano 7, n.74, Outubro 2011 Sérgio Amadeu da Silveira Em 2007, o presidente da Microsoft do Brasil procurou o embaixador norte-americano (http://x.bardo.ws?026) em Brasília para acusar o governo brasileiro de fazer uma campanha mundial pela consolidação de um padrão aberto, o chamado Open Documento Format (ODF) . O relato do encontro faz parte dos documentos encontrados no no CableGate, os vazamentos de mensagens trocadas entre o governo norte-americano e suas embaixadas, divulgados pelo Wikileaks. O Brasil, na gestão do presidente Lula, teve um papel internacional destacado em defesa dos padrões tecnológicos abertos, pela atuação dos seus gestores públicos, pelas contribuições de sua comunidade de software livre e pela enorme competência e dedicação de Jomar Silva, coordenador da ODF no Brasil (http://br.odfalliance.org/). Jomar estudou detalhadamente o padrão que a microsoft resolveu definir como aberto e mostrou suas falhas e incongruências técnicas contribuindo decisivamente pela não-aprovação do chamado OpenXML (http://www.odfalliance.org/ooxml.php) na primeira rodada na ISO (Organização Internacional de Padrões) sobre sua adoção. A microsoft participou da formulação inicial que gerou o ODF. Entretanto, a corporação de softwares proprietários percebeu que se o mundo tivesse um único formato para a guarda de documentos poderia perder sua base de usuários, pois a interoperabilidade e compatibilidade plena trariam mais competição para os seus produtos. Por isso, rompeu com o ODF e alavancou um padrão chamado Open XML que é um amontoado de especificações do chamado Office da microsoft. A


corporação passou a pressionar a ISO para aprovar o OpenXML, pois se o mundo tiver dois padrões, na prática não terá a plena comunicabilidade e assim as técnicas de aprisionamento de usuários da corporação de Seatle estariam preservadas. Formatos são as definições para o armazenamento de dados digitais. Eles podem ser abertos ou fechados. Um formato é aberto quando: está baseado em padrões abertos; foi e é desenvolvido de forma transparente e de modo coletivo; suas especificações estão totalmente documentadas e acessíveis a todos; é mantido para ser usado independente de qualquer produto ou empresa; por fim, é livre de qualquer extensão proprietária que impeça seu uso livre. Formatos têm grande poder cibernético, pois delimitam, controlam, bloqueiam, aprisionam e criam dependências. Daqui dez anos conseguiremos ler um texto escrito em um papel, mas será que conseguiremos ler um texto guardado em um formato proprietário feito por um software específico? Será que conseguiremos abrir um arquivo de som armazenado em um formato controlado por uma única empresa? E se a empresa descontinuar o formato? Perderemos nossa memória digital? Existe uma grande diferença entre a “leitura direta” e a “leitura dos formatos”. Esta última exige a intermediação de softwares. Por isso, precisamos de formatos que sejam seguidos por todos e que permitam que diversos softwares possam abri-los. Desse modo, estaremos livres para usar o programa de quisermos para salvar e abrir nossos arquivos. Em abril de 2010, o então líder da Apple, Steve Jobs, escreveu um texto explicando que Apple não utiliza o formato flash (http://x.bardo.ws?027) exatamente para não ficar aprisionada a empresa Adobe. Nele, Jobs afirma que “os produtos Flash da Adobe são 100% proprietários. Eles só estão disponíveis a partir da Adobe e a Adobe tem autoridade exclusiva sobre a sua valorização futura, preços, etc.” No mesmo texto Jobs alerta que “embora os produtos Flash da Adobe estejam amplamente disponíveis, isso não significa que eles sejam abertos, pois eles são controlados totalmente pela Adobe e estão disponíveis somente a partir do Adobe. Por basicamente qualquer definição, o Flash é um sistema fechado.” Jobs sabe que o padrão aberto é o que garante a liberdade de criação e de ação de usuários e de


desenvolvedores. Padrões fechados colocam os usuários em prisões lógicas que os tornam completamente dependentes dos desenvolvimentos das empresas que os dominam. A microsoft é uma das empresas que apostam no aprisionamento dos usuários e não na competitividade de seus produtos. Por isso, sua mais recente cartada de aprisionamento foi anunciada por seus dirigentes para o lançamento do Windows 8. A corporação de Seatle exigirá que as empresas de hardware vendam seus computadores com as instruções de inicialização, a BIOS, criptografadas. Assim, será improvável que um usuário comum possa desinstalar o Windows, instalar o GNU/Linux, o FreeBSD, OpenBSD, e até usar o dual boot, ou seja, os dois sistemas operacionais na máquina. Os estrategistas da microsoft chamam isto de “Trusted Computing” que em protuguês pode ser traduzido por “computação confiável”. Para quem? Confiável para a microsoft tentar manter os computadores de seus usuários aprisionados a seus formatos proprietários. Liberte-se! Leia o artigo de Richard Stallman “Can You Trust Your Computing?” http://x.bardo.ws?028


O Ano em que a Cultura Brasileira não Aconteceu http://www.trezentos.blog.br/?p=6541, 22 de novembro de 2011 Por Carlos Henrique Machado Freitas

“Não é na resignação, mas na rebeildia em face das injustiças que nos afirmamos” (Paulo Freire). Nem a burguesia contemporânea tão hábil em soluções antinacionais, representadas pelo PSDB e Dem, seria capaz de uma fraqueza de caráter tão repulsivo como foi a gestão do Minc de Ana de Hollanda. Ao mesmo tempo em que, aqui fora, inflamavam-se os espíritos contra as transformações profundas na paisagem do MinC, a polivalência destrutiva da ministra seguia atacando todo aquele vulcão de ideias surgidas na era Lula. O cinismo mostrou que não tinha limites dentro desta nova carta contra o povo brasileiro. Sem brilho ou calor humano Ana de Hollanda que completa no próximo mês um ano de uma penosa e arrastada gestão, não só usou a tática da censura para impor limites à essência crítica da cultura, mas principalmente censurou o sonho e a utopia em todos os campos das nossas atividades culturais. Na verdade a cultura nacional é um verdadeiro monumento e, independente das ações do Estado, sempre marcou sua forte e luminosa presença na vida do país, com ou sem o apoio da chamada “inteligência nacional”. Portanto, a única coisa que a ministra, em nome da “categoria” de criadores conseguiu, foi uma infeliz polêmica pleiteando as reivindicações de editores nacionais e estrangeiros e, sobretudo traduziu em quantidade e qualidade o sentido perverso que move o Ecad e todos os resultados negativos que ele representa com suas relações escusas, provadas agora pela CPI, com as gigantes transnacionais do mercado fonográfico americano. A campanha contra o Creative Comonns condicionada por “convicções nacionalistas” não era nada mais do que opiniões de balcão para colocar o


CC na vitrine da demonização para convocar a sociedade a um linchamento em praça pública. Só que essa “grande ideia”, assim como tantas outras da ministra, foi repudiada no sentido mais profundo pela sociedade. Todos perceberam o perigo dessa proposta, porque todos vimos pelo lado da malícia que, mesmo fingindo desinteresse por essa questão, o que estava sendo escrito era um papel carbono da ACTA e do AI-5 Digital de Azeredo. Por outro lado, a ministra tratou logo de arrumar uma forma de acalmar os cardeais da Lei Rouanet, deixando claro que não haveria ruptura e que toda uma camaradagem cordial transformaria em pó a reforma da Lei Rouanet, já que esta era a coisa mais desejada pelos gestores corporativos que nasceram da costela de FHC, passaram os últimos quatro anos do governo Lula soletando que o Estado era stalinista e, agora se transformaram nos principais gurus dessa gestão que atrofiou a esperança geral com reparos que a ministra impôs à biografia contemporânea da cultura brasileira. O que se espera agora depois de um ano de uma gestão inominável? Seria a maior ingenuidade moral ou a maior gratuidade espiritual imaginar que, depois de um ano de uma fadigada gestão, Ana de Hollanda permaneça no cargo após a reforma ministerial. No entanto, sabemos que sua simples saída não mexerá nas estruturas profundas que levaram o MinC à falência. Definitivamente o movimento de tropas, aqui fora, é que, mantendo a estrutura de comando, o plágio em nome da “ordem criaitva” será dirigida pelo próximo ministro com a mesma apreciação e gosto. Ou seja, interferir no MinC neste caso como um ato oficial significa mergulhar na raiz da questão, porque temos que lembrar que, na verdade, os caciques do MinC, principalmente os mais próximos da ministra, foram o que, através dos seus falsos trabalhos, deram um bolo histórico no território cultural brasileiro. Na realidade o MinC tem que ser repensado, sobretudo como um braço ligado às questões estratégicas do país, algo bem mais profundo que essa coisa que apenas, como previsto, encheu o rodapé do discurso de Ana, mas que não conseguiu andar além da agústia do “almoço” aos artistas que nunca foi servido através da SEC que jurava ter um abraço duplo para os criadores e para os negociantes da cultura. Todavia, o que se viu foram os mesmos personagens que balizaram o banquete da era Weffort/FHC,


reescrevendo a carta da indústria milionária das leis de incentivo que eles, como poucos, sabem abraçar. O universo da cultura está inquieto, tentando tapear o tempo até que chegue o momento de uma nova assinatura, de uma nova gestão em que as circunstâncias em que o Estado se mostre legítimo a partir dos princípios combinados ao longo de cinco séculos pela sociedade. O governo Dilma se mantém muito próximo do governo Lula, manteve avanços em várias áreas estratégicas do país, mas na cultura, passamos um ano escrevendo um livro de fulanos, um medalhão que dá “valor à batata” sem o menor medo do escândalo que é confundir fundos de incentivo à cultura com patrocinio de cachês de mercado. É neste sentido que há uma verdadeira moção para que a cultura tenha mais influência direta e objetiva na vida social do país. Não podemos continuar vendo o orçamento da cultura ser solapado por festivais internacionais de rock e pelos que dirigem a Lei Rouanet, institutos e fundações das grandes corporações intercambeando interesses políticos e interesses comerciais. Enfim, espero no próximo ano escrever um texto dando um abraço longo em um(a) novo(a) ministro(a), desejando que, atraveś de uma guerra franca, siga a influência espiritual e psicológica do povo brasileiro contra essa armada corporativa que tomou de assalto o Estado brasileiro.


Críticas ao Esperanto http://x.bardo.ws?01v, 22 de outubro de 2011 Por Cacilhας, La Batalema – http://montegasppa.blogspot.com/

Hoje eu li na Wikipédia o artigo Criticism of Esperanto (http://x.bardo.ws?01w). É o perfeito exemplo de como leigos podem escrever besteira quando acham que entendem de algo. Eu tenho diversas críticas contra o Esperanto (http://x.bardo.ws?01x): alfabeto contendo diacríticos; carência de uma série de correlativos, como aliu, alio, alia, alies, aliel, alie, aliam, aliom e alial; o plural de algumas palavras torna a pronúncia complicada; etc. No entanto, todas as formas de corrigir o Esperanto geraram recursos de qualidade inferior, como Ido e Facile. No entanto, lendo o artigo na Wikipédia, fica óbvio que as objeções comuns levantadas pelo autor foram feitas por alguém (ou alguéns) que não sabe esperanto e nem ao menos possui conhecimentos de linguística, dado grau de besteiras ditas. Comentarei alguns tópicos…

Carência de neutralidade De fato o vocabulário é predominantemente germânico-latino e a fonética é eslava. No entanto a gramática foi fortemente inspirada em algumas construções das línguas sínicas, não europeias. Há ainda muitos radicais de origem no árabe, no hebráico e nas línguas mesoasiáticas. Algo mais neutro do que Esperanto é o Volapük (http://x.bardo.ws?01y), que é tão neutro que se mostra alienígena, contra-intuitivo e extremamente difícil – o que foge ao foco da ferramenta.


Artificialidade No tópico anterior o autor se queixou do excesso de eurocentrismo, já nesse ele critica a falta de eurocentrismo. Concisão vai bem, obrigado! O autor dessa crítica deve ser algum defensor fanático e irracional de Interlíngua (http://x.bardo.ws?01z), aliás outra língua artificial que respeito e pela qual sou apaixonado.

Esperanto não tem cultura Esse sujeito realmente entendeu o objetivo do Esperanto?! A língua esperanto nasceu para ser uma ferramenta de comunicação internacional, se a pessoa reclama que uma panela de feijão não faz torradas é porque realmente não sabe sobre o que está falando. O cara não sabe sobre o que está falando duas vezes, porque o Esperanto é uma panela que faz torradas! A cultura esperantista tem crescido enormente no último século e meio. Você pode ter uma leve ideia em Esperanto.Org (http://esperanto.org/), La Verda Krokodilo (http://www.krokodilo.de/) e Esperanto.com (http://esperanto.com/).

Dificuldade em tornar-se fluente Você consegue falar em duzentas horas de prática. Com um ano de conversação você está fluente. Quanto tempo você se torna fluente em inglês mesmo? Heim? Heim? Heim? Mas devo admitir que o fanatismo e otimismo excessivo dos esperantistas acaba levando os iniciantes a criarem falsas expectativas.

O Esperanto pode sobrepujar outras línguas Acho que o retardado que disse isso não percebe que são a língua inglesa e sua cultura que têm destruído inúmeras outras culturas. O Esperanto é a vacina contra a globalização unilateral, pois é uma


ferramenta, não uma manifestação nacional completa capaz de sobrepujar culturas alheias. Foi criado para isso e com esse fim em mente.

Diacríticos Aqui eu concordo em gênero, número e grau. Não gosto das letras chapelas – ĉapelaj leteroj. Para lápis, caneta e papel, não oferecem a menor dificuldade, mas ao lidar com um teclado, real ou virtual, as coisas se complicam. Os dígrafos com H sugeridos pelo Zamenhof (http://x.bardo.ws?020) causam confusão, então os dígrafos com X são melhores, mesmo assim são muito pouco intuitivos.

Sexismo A pretensa acusação de sexismo ao Esperanto é claramente uma demonstração de desconhecimento da língua. É baseada em algumas palavras essencialmente masculinas, como viro, sinjoro e patro por exemplo, que de fato possuem gênero. Mas por padrão as palavras em esperanto são livres de gênero, são neutras. Assim, leono é leão no sentido geral, espécie: leão, leoa, filho, adulto, etc. Para falar-se especificamente em leoa diz-se leonino e para falar especificamente em leão (macho) diz-se virleono. Então, qualquer sexismo que seja eventualmente identificado é resultado de momentos históricos, e menor do que o encontrado em outras alternativas.

Casos desnecessários Aqui há uma demonstração de ignorância total sobre linguística. O fato das línguas terem casos irregulares não indica que os casos não existam. Por exemplo, pense na relação entre use, useful e usefully. Na verdade o que você vê aqui são o caso nominativo/acusativo, adjetivo


e adverbial. O mesmo ocorre em português. O que a língua esperanto tem a mais é a separação entre nominativo e acusativo, o que traz muito mais recursos poéticos e diminui a possibilidade de ambiguidade.

Concordância de número No mesmo tópico, é feita a reclamação da concordância entre adjetivo e nome. É uma reclamação típica dos anglófonos, sabidamente incompetentes no entendimento de línguas estrangeiras. A concordância aqui também diminui a ambiguidade.

O Esperanto falhou É fato: o Esperanto realmente falhou, mas não pelos motivos apresentados. O Esperanto falhou porque as pessoas no poder – no mundo todo – se beneficiam da hieraquia criada entre as línguas naturais, onde você é considerado uma pessoa superior se souber inglês, e ainda mais respeitável se falar fluentemente. Se for um anglófono nativo, você é melhor do que os outros. Numa posição hierárquica um pouco inferior – mas ainda superior ao português – estão o espanhol e o francês. Essa diferença de classes em função da língua falada gera todo um mercado de destruição cultural que beneficia pessoas poderosas e os linguisticamente incompetenes, como a maioria dos anglófonos. E argumentação de que aprender inglês seria um tempo melhor gasto é mais uma desinformação consciente e calculada para que as pessoas não se interessem pelo Esperanto, já o tempo para seu aprendizado é curto, não prejudicando o aprendizado do inglês – aliás facilita, pois acrescenta outras perspectivas que excercitam os mecanismos sinápticos necessários ao aprendizado do inglês ou qualquer outra língua. Então você ouve pessoas dizendo «I needjy too go too the bafroom» e


achando que estão arrasando‌ :-P


Ainda somos homens da caverna? http://x.bardo.ws?01p, 30 de setembro de 2011 Por Alessandro Martins - http://livroseafins.com/

Nós, seres da internet, somos muito parecidos com homens (e mulheres) da caverna. Não sou antropólogo e, por isso, não entrarei em detalhes científicos, mas quando digo homens da caverna imagino a coisa como se ainda estivéssemos mais próximos dos bichos que do humano propriamente. Pense em um grupo de homens da caverna. Falemos em bando, não em tribo. Se por acaso deparavam um outro ajuntamento de homens da caverna, ainda que em tudo fossem similares, uns não conseguiriam se reconhecer nos outros. Igualmente proto-humanos, mas igualmente dispostos a uma briguinha sangrenta contra tudo aquilo que não fosse o “eu” ou, pelo menos, o “nós”. Junte a isso uma grande dificuldade de reconhecer a si mesmo no “outro” e teremos uma batalha. O intelecto desses homens da caverna era insuficiente para, mesmo vendo frente à frente o “outro”, identificar um semelhante. Ora, se eu não consigo ver o outro e se não sou capaz de me identificar com ele, também não vou me importar nem um pouco em feri-lo. Arrancar um braço a dentadas ou a pauladas, por exemplo.

Mosquitos Eis por que você é capaz de matar um mosquito – pois não vê nada de si nele. Eis por que você paga para matar a vaca que come – ei, afinal seria mais complicado, na média, para os humanos pessoalmente tirarem a vida de um bicho tão mimoso e tão grande. E eis por que você eventualmente tem chiliquinhos ao saber que determinada cultura se alimenta de


cachorros. Chamemos de grau de identidade a quantidade de si que você é capaz de colocar em um ser ou objeto. O Rex em cima da mesa com uma maçã na boca? Nem pensar. O Rex é quase uma parte importante de você. Pense na quantidade de pessoas que trata cachorros como se fossem filhos humanos. Eis por que, nas guerras, os exércitos se esmeram em desumanizar e demonizar o inimigo. O sargento quer que o soldado esqueça que o cara que ele deve matar é igualzinho a ele, com mãe, pai, uma namorada de trancinhas e, talvez, um filhinho. Você deve acreditar que ele é uma espécie de inseto.

Somos TÃO evoluídos Agora, voltemos aos tempos atuais. Uma época evoluída. Já não vivemos em cavernas e dispomos do máximo de tecnologia e de fios e de ondas de rádio por onde circula toda a informação do mundo. Se você tem um computador conectado à internet e alguma instrução só ficará ignorante se quiser. Você é um ser moderno. Você conhece todos os episódios de Lost. Não é em nada parecido com um homem da caverna. Não, na verdade. Não sinto isso.

Sempre tem alguém errado na internet E não julgo apenas os outros quando digo isso. Eu mesmo, muitas vezes, me surpreendo revoltado e disposto à briga com alguém que nem conheço pessoalmente, simplesmente porque ele falou mal de meu livro favorito ou da minha série predileta ou do compositor do período barroco do qual eu tenho a discografia completa. Ou porque escreveu com todas as letras uma opinião que EU julgo absurda. O ser humano é muito inteligente, mas seus reflexos primitivos ainda o tornam, na média, incapaz de reconhecer de imediato a pessoa que há por trás das palavras, seja em um fórum, seja em um blog, seja no Orkut, seja no Facebook, seja no Twitter, seja em um email. E, sem perceber a pessoa que há por trás das palavras, além da tela, é muito fácil atacá-la.


Como aquele mosquito de algum parágrafo ali acima.

Visão além do alcance Milhares de anos se passaram e, apesar de termos desenvolvido a escrita, não conseguimos evoluir do reconhecimento facial, físico, para o reconhecimento através dos signos e das ideias: por trás desses sinais e encadeamentos de pensamentos há sempre um humano. Por isso, ainda é muito importante pensar antes de clicar em botões que tragam dizeres como “enviar”, “publicar” ou “comentar”. Possivelmente, aquilo que ativou o seu estado beligerante, aquilo que o deixou pronto para briga, como um animal selvagem, como um Mr.Hyde cibernético, foi um engano do “outro”, cinco minutos de bobeira, algo que ele não entendeu. Ou, quem sabe, quem está certo é ele e é você não consegue entender ou admitir. Mas, seja lá o que for, não deveria ser suficiente para colocar dois grupos brigando. O melhor é deixar para lá. Agir, reagir ou abrir mão de qualquer ação e a escolha entre todas essas possibilidades é a diferença entre subitamente tornar-se humano e, mais subitamente ainda, tornar-se um homem da caverna. Ainda que com palavras: agressivo, violento, animal.


Não daria certo no Brasil uma ova! http://livroseafins.com/brasil-dar-certo/, 21 de novembro de 2011 Por Alessandro Martins - http://livroseafins.com/

A frase que mais me irrita atualmente é: “Isso não daria certo no Brasil.” E suas variantes. Basta mostrar uma fotografia como esta:

E lá vem as vozes bem intencionadas: isto não daria certo no Brasil. Ou: •

Pegariam os livros e venderiam a quilo.

Botariam fogo na casinha.


Roubariam tudo.

Matariam sua família inteira e chutariam seu cachorro

Coisas do gênero. Os países em que iniciativas desse tipo foram criadas, não duvido, também têm vizinhanças em que a casinha seria queimada e os livros seriam roubados ou simplesmente vandalizados. Seja na Alemanha, seja nos Estados Unidos. Boa e má índole não são privilégios de nenhum país. O Brasil também têm lugares e pessoas que tornariam esse tipo de coisa inviável. Aqueles que fazem diferença são os que acreditam nos lugares e pessoas que tornam esse tipo de coisa viável. Não entendo que sentimento de inferioridade nos infecta capaz de fazer com que esse tipo de discurso seja tão comum. Sofremos, aparentemente, de um crônico estado de baixa auto-estima, que Nelson Rodrigues chamaria de complexo de vira-lata. Temos muitos exemplos de iniciativas de acessibilidade aos livros que só são possíveis graças ao grande senso ético de que é munida a maior parte de nossa população. Apostar na capacidade de compartilhamento e na generosidade que temos é algo tão valioso, que o risco de perder os livros ou ter de reiniciar um projeto – porque uma biblioteca foi depredada pelos poucos que destoam de nossa boa índole – se torna algo pequeno e mesquinho. Assim, gostaria de relatar algumas iniciativas brasileiras. Certamente existem mais. •

Bibliopote: biblioteca que funciona em uma padaria. Você pode levar os livros e devolver quando quiser, não há carteirinha, multa, prazo de devolução ou qualquer tipo de burocracia. É pegar e levar. Funciona há 3 anos. As pessoas devolvem os livros http://bibliopote.com/

Biblioteca Comunitária Sítio Vanessa: funciona nos mesmos moldes da Bibliopote, mas no litoral do Paraná, na Mata Atlântica, atendendo a populações que, de outra forma, teriam difícil acesso a livros - http://x.bardo.ws?029


Literatura na Padaria: também nos moldes da Bibliopote. Mas em Indaiatuba, São Paulo. - http://x.bardo.ws?02a

Bibliotecas em pontos de ônibus, em Brasília: você pode ler enquanto espera os ônibus ou pode levar os livros http://x.bardo.ws?02b

Biblioteca T-Bone: que funciona em um açougue, em Brasília http://www.t-bone.org.br/

Projeto Bicicloteca: bicicletas que levam livros aos moradores de rua - http://biciclotecas.wordpress.com/

Biblioteca Sem-teto: criada em um prédio abandonado em São Paulo por um sem-teto - http://x.bardo.ws?02c

Biblioteca funciona na Rua em Limeira: é isso. Funciona na Rua - http://x.bardo.ws?02d

Biblioteca em Borracharia: em Sabará, Minas Gerais http://x.bardo.ws?02e

Floripa Letrada: nos terminais de ônibus de Florianópolis http://x.bardo.ws?02f

Estante Pública: livros em pontos de ônibus de Porto Alegre http://x.bardo.ws?02g

Só consegui lembrar desses, mas certamente existem muitos outros exemplos de iniciativas independentes e que incentivam a circulação de livros. Porém, aposto que há ainda aqueles que estão dizendo: mas uma casinha como essa da foto acima não rolaria no Brasil. Isso não… Então, vai vendo: a primeira minibiblioteca de Curitiba está quase pronta. - http://x.bardo.ws?02h “Não dá certo no Brasil” é um discurso sem ética e muito pequeno. Que está ficando ultrapassado.


15 anos de KDE: o KDE e eu http://blog.filipesaraiva.info/?p=413, 17 de outubro de 2011 Por Filipe Saraiva

Minha história com o KDE (http://kde.org/) se confunde com minha história com o Linux. A primeira vez que vi um computador com uma distribuição Linux instalada foi há não muito tempo. Em 2005, havia acabado de ingressar no curso de ciência da computação na UFPI (http://www.ufpi.br/), e no laboratório haviam máquinas com um sistema operacional baseado no Debian criado por estudantes do curso: o Kuia Linux (http://x.bardo.ws?021). O ‘K’ já dizia tudo – era um sistema com KDE. Fiquei impressionado em como aquele sistema era bonito, moderno, atraente… e como era diferente de tudo o que já havia visto. O tempo foi passando e fui me familiarizando com o Linux, fui aprendendo, acertando e errando, como todo bom iniciante em qualquer área. No ano seguinte, 2006, compramos o primeiro computador para nossa casa. Adquirimos a máquina sem sistema operacional. Em casa, instalei o Kurumin (http://x.bardo.ws?022), uma das queridas distros brasileiras, e que foi um verdadeiro marco para toda uma geração de usuários Linux. Tenho por ela um verdadeiro carinho. Foi usando o Kurumin que percebi que, claro, o Linux era algo que me chamava a atenção, mas o grande responsável por esse sentimento em mim era o KDE. O tempo foi passando, por um motivo ou outro ia mudando de distribuição, mas o KDE continuava lá, firme e forte. As vezes flertava com outros ambientes desktop, mas logo em seguida voltava para o KDE: só ele conseguia mexer comigo. 2009 foi o ano decisivo para que eu começasse a participar ativamente da comunidade KDE. Levamos o Sandro Andrade (http://liveblue.wordpress.com/) para dar uma palestra em Teresina


(http://www.psl-pi.org/?p=55) sobre o Google Summer of Code (http://blog.filipesaraiva.info/?p=212) e o KDE. Era um ano em que a comunidade brasileira estava se rearticulando, haviam muitos grupos surgindo no país e o número de desenvolvedores estava crescendo. Foi aí que, timidamente, comecei a estudar as bibliotecas e o código de alguns softwares do KDE. Ainda muito perdido, tateando aqui e ali aquela massa enorme de informação sobre kdelibs, módulos, tecnologias relacionadas, Qt, e muito mais. Com o passar do tempo fui me achegando aos softwares educativos, o KDEedu (http://edu.kde.org/), com interesse especial pelos softwares matemáticos. Foi uma maravilha, porque na minha vida acadêmica na computação eu sempre lidei mais com a parte de otimização do que com engenharia de software. Hoje, já passados alguns anos, tenho já algumas contribuições [1] [2] de código para o KDE. Estou na trilha para me tornar, cada vez mais, um bom desenvolvedor para a comunidade – e sei que ainda terei que comer muito feijão para isso. Viajo o Brasil fazendo palestras e apresentações sobre o KDE. Me relaciono com pessoas do mundo todo, que empregam seus conhecimentos e energias para construir uma excelente alternativa de ambiente computacional, que segue os princípios do software livre, e que por isso consegue tornar o slogan do movimento hacker californiano o mais real possível: computer to the people (http://x.bardo.ws?023)! Então, só tenho mesmo a agradecer a esta vibrante comunidade por tudo o que vocês fazem. Ao Matthias Ettrich, pelo e-mail 15 anos atrás convidando desenvolvedores para fazerem parte do Kool Desktop Enviroment; à todos os programadores que responderam a este chamado, em qualquer tempo destes últimos 15 anos; aos sysadmins, que mantém a estrutura para os quase 3.000 desenvolvedores do KDE trabalharem e se comunicarem; aos designers, que tornam o KDE um ambientes belo e agradável; aos tradutores, que mantém o KDE disponível para mais de 65 idiomas; aos expansionistas, que estão levando o KDE para o BSD (http://freebsd.kde.org/), Haiku (http://tiltos.com/drupal/node/17), Windows (http://windows.kde.org/), Mac (http://mac.kde.org/), netbooks (http://x.bardo.ws?024), celulares (http://x.bardo.ws?025), tablets (http://www.plasma-active.org/); ao pessoal não técnico, que fazem trabalhos fenomenais; e também aos empacotadores das diversas distros,


que preparam aquele KDE com o qual milhões de usuários irão interagir e, talvez, nem se deem conta que o que eles estão mexendo ali é o KDE, e não “a distribuição Linux”. :-D Feliz 15 anos, KDE! Sou muito feliz por fazer parte da família! 1. http://blog.filipesaraiva.info/?p=149 2. http://blog.filipesaraiva.info/?tag=cantor


Discussão: Localização de Jogos http://x.bardo.ws?016, 5 de outubro de 2011 Por Bruno Grisci - http://www.nintendoblast.com.br/

Jogos adaptados para o mercado brasileiro não são novidade, nos primórdios da indústria era algo absolutamente comum encontrar manuais em português, por exemplo. Mesmo durante o bom tempo em que essa prática pareceu esquecida, vários games, especialmente de PC, mantiveram nosso idioma presente nesse universo. Agora, com as grandes empresas mais uma vez se voltando para o Brasil, estamos presenciando um novo desenvolvimento de obras localizadas.

A localização Vocês já devem conhecer bem o significado do termo localização, mas não custa dar uma revisada. Para isso, nossa boa e velha amiga Wikipédia: Localização é uma tarefa multifunção, que tem por objetivo traduzir os conteúdos de texto de um software ou de um site, adaptando a tradução para a cultura do país ao qual se destina, considerando costumes, religião, sistemas de pesos e medidas, moeda, padronização de data e hora, legislação e outras variáveis que possam afetar o produto. - Wikipédia - http://x.bardo.ws?015 Cito isto aqui mais para evitar possíveis confusões. Muitos talvez sintamse tentados a considerar localização e tradução como sinônimos, o que não é verdade. Quando um produto é localizado de seu local de publicação original para outro, ele não apenas é traduzido, mas também adaptado para “encaixar-se” no perfil de seu novo público. O que será trocado e o que será mantido é decisão da produtora e/ou da desenvolvedora. Algumas mudanças como conversão de unidades (a maior parte do mundo usa o sistema métrico, por exemplo, mas os EUA


não) não causam tanto impacto, mas substituir nomes e expressões, trocar a arte da capa, substituir detalhes da história, tudo isso influencia e muito no produto final. Muitas vezes o resultado obtido revela detalhes curiosos sobre a cultura de cada país, como a capa americana do jogo Samurai Warriors 3, na qual a roupa da personagem recebeu alguns centímetros a mais de tecido comparada à japonesa. Em outros casos personagens podem ser removidos ou substituídos para se adequarem a uma nova cultura. Pensei que o texto fosse ser sobre o Brasil... - Leitor ligando para o PROCON. Calma lá, caro leitor, estamos chegando na parte que nos diz respeito! No início da indústria de videogames, uma época de Ataris, Intellivions e similares, vários jogos chegaram a ser lançados oficialmente por aqui, muitas vezes com os manuais e embalagens traduzidas, algumas até melhores que as originais. Empresas brasileiras chegaram a lançar suas próprias versões desses consoles, e por isso nosso país tem muito conteúdo diferenciado (e raro) dessa época da história dos videogames. Na época em que Nintendo e Sega possuíam representação oficial no Brasil, muito conteúdo localizado também foi criado. Um dos exemplos mais conhecidos é o jogo para Mega Drive, Turma da Mônica na Terra dos Monstros, uma modificação do game Wonder Boy in Monster World realizada pela Tec Toy. E The Legend of Zelda: Ocarina of Time, recebeu um manual em português. Depois que a Tec Toy e a Gradiente pararam de representar a Sega e a Nintendo, respectivamente, os consoles de mesa e portáteis tiveram um hiato na localização de jogos, que nos computadores continuou forte graças a presença de grandes empresas fabricando os discos por aqui, como a EA e a Microsoft. Esta última, aliás, tem sido uma das principais responsáveis pela volta da presença de jogos em nossa língua materna, com vários títulos de Xbox 360 traduzidos, estratégia que vem sendo seguida pela Sony. Já a Nintendo, menos ativa nessa área, lançou o sistema do 3DS em português e supostamente estaria contratando profissionais para tradução e localização de seus jogos para o mercado brasileiro. Além dessas, resta mencionar empresas que também vem realizando esse trabalho, como a


Warner Games e a Blizzard.

Legendas vs. Dublagem Um tema polêmico entre fãs de cinema, e que também pode ser discutido em relação a games, é a velha disputa entre legendas e dublagens. Cada lado tem argumentos fortes, que vou tentar listar aqui. No fim o ideal mesmo é que as duas opções estejam disponíveis e cada um possa escolher a que agrada mais. Legendas preservam melhor a qualidade original da obra, afinal as vozes dos personagens são interpretadas por atores. Muitas vezes uma dublagem acaba sendo mal feita, vide o exemplo de Uncharted 3, cuja escolha de um estúdio de Miami no lugar de um brasileiro desagradou os fãs, comprometendo o resultado final. Legendas ainda preservam elementos como rimas, diferentes idiomas e expressões. Afinal, pessoas na China falando português não é algo natural. Já a dublagem tem a grande vantagem de liberar os olhos para verem o que realmente importa: os cenários, designs, cenas. Sem precisar ficar prestando atenção nas letrinhas embaixo da tela, podemos reparar em muito mais detalhes. Outro ponto é que a dublagem normalmente é mais fiel aos diálogos originais em momentos mais informais, quando as legendas tendem a ser mais “corretas”.

Adaptar ou não adaptar, eis a questão Agora chegamos ao ponto: o que deve ser adaptado num jogo? Tudo? Nada? Claro que alguns detalhes podem ser trocados sem problemas. Se um jogo utiliza a medida da temperatura em graus Farenheit, tudo bem uma versão brasileira adotar a medição em graus Celsius, com qual estamos todos acostumados, até auxiliará na compreensão. Mas e seguirmos adiante, fazendo uma tradução completa. Imaginemos The Legend of Zelda, por exemplo. Estamos jogando quando recebemos um escudo. Tudo certo. Momentos adiante, um bumerangue. E se você encontrasse uma garra disparável? Saberia estar diante da boa e velha Clawshot (http://x.bardo.ws?017)? Uma das maiores dificuldades na localização de jogos é justamente o fato de muitas das séries já terem se


consagrado em seu idioma original por aqui. Assim, alguns nomes e expressões que já são tradicionalíssimas entre os fãs de um game acabam recebendo novas versões, o que desagrada muita gente. São detalhes que, caso o produto fosse localizado desde o começo, acabariam quase despercebidos. Mas não foi o que aconteceu, eles nos foram apresentados assim e trocá-los é quase uma heresia. Se a opção for a dublagem, ainda é preciso lidar com a troca de voz dos personagens. Ao mesmo tempo, é bom que o conteúdo seja traduzido, não? Facilita a compreensão do jogo, nos “aproxima” dele, além de derrubar a barreira do idioma para vários novos jogadores em potencial. Qual a solução, então? Deixar palavras estrangeiras perdidas no meio do conteúdo? Para novas franquias não há problema, mas nas já conhecidas talvez o ideal seja manter os nomes originais, talvez acrescentando uma nota explicando o significado e assim mantendo o conteúdo original. E o quando o que passa por adaptação não é apenas uma palavra, mas uma situação inteira? Há quem defenda que o material original deve ser transformado para ficar mais próximo da realidade de seu novo público. Algo como tratar uma cidade genérica norte-americana como uma cidade genérica brasileira. Essa medida realmente pode deixar o jogo mais perto dos jogadores, mas além de soar artificial se mal feito, traz a grande desvantagem de interferir na mensagem original da obra. Claro que em algumas situações não fará diferença, mas se o criador de um game o fez de tal jeito, deve ter um motivo, e mudá-lo pode ser perigoso. No fim, o ideal é que a localização seja sim realizada, mas não imposta. Colocando-se em cada jogo a versão original e a adaptada, resolvem-se a maioria dos problemas citados acima, pois quem prefere ou precisa jogar a adaptação, por qualquer motivo, pode fazê-lo, sem prejudicar quem prefere aproveitar a obra em sua versão original.


E se eles vierem? http://x.bardo.ws?02k, 24 de novembro de 2011 Por @acid0 – http://www.saindodamatrix.com.br/

Estava conversando com o Coringa a respeito dessas datas, como 1999, 11/11/11 ou 21/12/2012, e como elas ativam, na cabeça das pessoas, pelo menos, portais pra outros estados mentais. Não sei até onde isso é uma questão de QUERER ou se algo muda no inconsciente coletivo da humanidade. O fato é que não podemos ignorar que o mundo mudou de forma abrupta na última década. Não podemos estabelecer relações com essas DATAS em particular, mas podemos perceber que elas são como que marcos indicativos de um estado mental que levam a grandes acontecimentos. O 1999, pra mim, foi o despertar da Matrix, a percepção de estar dentro de um jogo onde se finge que o mundo é normal (e isso, óbvio, tem relação direta não só com o filme The Matrix - que estreou em 99 - como com a descoberta dos UFOs sobrevoando minha cidade e ninguém dando a mínima). Para os Maias 1999 foi a época em que "a Humanidade entrará no grande salão dos espelhos, uma época de mudanças para que o homem enfrente a si mesmo (...) para que ele veja e analise seu comportamento com ele mesmo, com os demais, com a natureza e com o planeta onde vive". O fato é que nos deparamos, em 2001, com o inimigo interno, que foi o próprio governo dos EUA conduzindo o ataque às Torres gêmeas, e isso, pra quem despertou pro fato (muitos norte-americanos já o fizeram), é o tal salão de espelhos, onde a falta de escrúpulos do cidadão acaba dramaticamente representada na falta de escrúpulos de seu governo (como é o caso do Brasil, também). Ficamos cientes do que estamos fazendo com o planeta, sentimos o efeito do aquecimento global nas nossas próprias peles, mas pro cidadão médio - materialista, mais preocupado com o que comer e comprar - essas questões não são muito pertinentes. Até que veio a crise econômica. Jogar Napalm em garotinhas vietnamitas pode não ser uma coisa muito bem vista pela opinião pública, mas é sempre O OUTRO. Até mesmo os


jovens morrendo na guerra é o outro pra grande maioria das famílias. Mas tirar do próprio bolso pra pagar a farra dos banqueiros - muitas vezes com o próprio emprego - é um pouco demais pra população global. Acredito que isso ainda faz parte da energia 1999, mas já rumando pra energia 2012. Talvez o tal "Portal 11/11" represente esse momento (que não é uma data, já sentimos isso desde a "Primavera Árabe") de transição pra uma nova consciência, onde saímos da inércia que nos caracteriza como "povo gado" e partimos pra reivindicação de uma mudança profunda no sistema. Uma revolução sem líderes, sem rosto, sem "gado". Não é à toa que a face escolhida pra representar esses movimentos acabe sendo a do personagem do filme "V de Vingança". São pessoas acima de uma bandeira, de uma ideologia; são os "anônimos". Talvez um dia atinjamos uma massa crítica pra mudar realmente as coisas, mas o fato é que essa onda se iniciou e não tem mais volta. Em algum ponto nossos governos ocidentais talvez ajam como os líbios ou egípcios, que endureceram e reprimiram - quando se vêem diante da reação do povo - mas que acabam por cair. Um outro cenário especulado por nós que poderia mudar as regras do jogo seria uma aparição maciça e inacobertável de naves no céu. Não um Contato, mas um aviso para as massas: vocês não estão sós. Isso desencadearia um processo de ruptura natural com nossas lideranças políticas, religiosas, culturais, filosóficas. Tudo o que conhecemos teria de ser revisto à luz de uma perspectiva menos heliocêntrica (da mesma forma que houve a ruptura com o geocentrismo). Os "sistemas" como o conhecemos cairão ou ficarão abalados, e isso é uma ótima oportunidade de renovação. Mas o problema com um contato direto (e eu tenho certeza de que "eles", seja lá quem forem, estão cientes disso) é que isso, ao invés de ajudar a raça humana a evoluir, nos tornaria servis, acomodados. Nós os encararíamos naturalmente como deuses, como nossos irmãos mais velhos - ou mesmo pais - e apenas trocaríamos um Mestre humano por outro, uma filosofia terráquea por outra, uma tecnologia obsoleta por outra. Uma aparição maciça, por outro lado, nos faria pensar, questionar, nos UNIR, porque já não seríamos mais brasileiros ou chineses, e sim terráqueos. Sim, isso seria motivado principalmente pelo medo do desconhecido, mas convém lembrar o quanto somos atrasados e dependentes de "empurrões" pra crescer (invasões bárbaras, cruzadas, 2ª guerra, corrida à Lua, projeto Genoma, etc).


Ironicamente talvez o povo que menos mude com a idéia de um contato direto com civilizações alienígenas seja um dos mais antigos: os hindus. Isso porque toda a estrutura religosa e cultural está estabelecida em seres divinos que voavam em discos voadores e ensinaram todos os valores morais, culturais e tecnológicos ao povo que habitava a Índia. Tanto é que o sânscrito é uma língua sagrada, a língua dos deuses. Os "deuses" hindus, apesar do status, conviviam harmoniosamente com o povo daqui. Se seres de outro planeta (ou dimensão) aparecerem por lá, serão saudados como os deuses que voltaram (mesmo que eles digam que não, serão sempre reverenciados como tal), afinal o povo indiano é muito bom em agregar uma cultura de fora à sua própria. As religiões católica e islâmica já vêm falando abertamente da possibilidade de existir civilizações extraterrestres. Será uma preparação? E vocês, como vêem a sociedade, filosofia e religiões em face de uma aparição em massa ou mesmo de um Contato oficial?


CUIDADO: a Microsoft está lhe manipulando! Heil Hitler, Heil Gates! http://sejalivre.org/?p=2224, 25 de setembro de 2011 Por Vinicius Vieira

Não é de hoje que a Microsoft conspira por debaixo dos panos contra seus concorrentes e até contra seus próprios clientes. São inúmeros os fatos e casos de conspiração empresarial, cartel, corporativismo exacerbado e tramoias que permeiam a história da empresa. Fatos que até viraram livro (Fogo no Vale: por trás do PC - http://x.bardo.ws?018, de Paul Freiberger – http://x.bardo.ws?019 - e Michael Swaine - http://x.bardo.ws?01a) e filme (Piratas do Vale do Silício – 1999 - http://x.bardo.ws?01b). Na última semana, veiculou na internet a notícia de que “o sistema de boot (Secure Boot – UEFI) do Windows 8 iria bloquear o uso de outro SO na máquina”. O primeiro a se levantar contra a ideia foi Matthew Garrett da Red Hat, no dia 21/09, em um post no seu blog (http://mjg59.dreamwidth.org/5552.html). Vários sites e blogs de tecnologia e do universo Software Livre, inclusive o Seja Livre (http://sejalivre.org/?p=1988), publicaram a matéria de Garret, alertando a possível tentativa da Microsoft de se tornar dona de vez dos PCs ao redor do mundo. Porém, não é sobre isso que quero falar, até porque o próprio Steven Sinofsky (http://x.bardo.ws?01c), um dos Engenheiros por trás do Windows 8, publicou uma matéria (http://x.bardo.ws?01d) em um blog da Microsoft no dia 22/09 explicando o que “realmente” é o Secure Boot e o protocolo UEFI, que substituiria a conhecida BIOS, “deixando claro” que: “nós projetamos o firmware para permitir que o cliente possa desativar a inicialização segura. No entanto, isto será por sua conta e risco.” O que quero abordar é a forma com que a Microsoft manipula seus clientes, seus fornecedores e principalmente: as notícias veiculadas na mídia.


Sobre a manipulação de seus clientes, creio que não precisamos nem explicar. Como um sistema operacional que existe desde 1981 (início de seu desenvolvimento, porém só foi considerado um SO à partir de agosto de 1993, com o Windos NT) e até agora usa praticamente a mesma política de segurança que facilita a infecção e proliferação de vírus e de códigos maliciosos? Sobre a manipulação de seus fornecedores, ou seja, das empresas de hardware que instalam os produtos Microsoft nas máquinas para serem comercializadas, quero ressaltar o seguinte: no post de Steven Sinofsky, logo após ele ter dito que o cliente “terá o poder de habilitar/desabilitar” o Secure Boot, ele expôs a real intensão da Microsoft por detrás disto: “as OEMs (http://pt.wikipedia.org/wiki/Original_Equipment_Manufacturer) são livres para escolher a forma de ativar este suporte e podem personalizar ainda mais os parâmetros, como descrito acima, em um esforço para entregar propostas de valor exclusivo para seus clientes. O Wndows apenas fez um trabalho para prestar um apoio de um grande SO para um cenário que muitos acreditam que irá ser valioso para os consumidores e clientes corporativos.” Que montadora de PC não irá querer vender seu hardware com o Windows 8? Todos sabemos que em vários cantos do mundo existem pessoas que deixam de comprar um computador, seja ele qual for, por não vir com Windows de fábrica. Devido a tramoias e jogadas de marketing desde o início da história do Windows, ele se tornou o sistema operacional mais usado no mundo. É muito fácil pro engenheiro Steven Sinofsky dizer pro mundo (principalmente pras comunidades de usuários e desenvolvedores de outros sistemas operacionais) não se preocuparem com o Secure Boot, pois “poderá ser desabilitado”, quando ele próprio deixa claro que as montadoras de PC poderão “personalizar” a tecnologia. Está claro que, para a Microsoft liberar sua versão de Windows para a empresa X, ela terá que se comprometer a dificultar ou até impedir que o usuário que comprar seu equipamento, não instale outro SO na máquina, no intuito de entregar propostas de valor exclusivo para seus clientes. Sobre a manipulação das notícias veiculadas na mídia (o ponto mais preocupante da matéria), vamos fazer uma rápida recapitulação de fatos: - No dia 25 de julho de 2011, durante o início da comemoração dos 20 anos do Linux, a Microsoft lança um vídeo (http://x.bardo.ws?01e)


parabenizando o aniversário do Linux, demonstrado respeito pelo SO (na mesma época é lembrado que desenvolvedores da Microsoft ajudaram no projeto de criação do kernel linux 3.0). - Dia 15 de agosto de 2011, após lançar seu relatório anual de concorrentes (http://x.bardo.ws?01f), a Microsoft retira a menção ao Linux e ao Software Livre como concorrentes do Windows. Começou o efeito barata: morde e assopra. Enquanto isso, na mídia nacional… - Dia 1 de agosto de 2001, o site TecMundo publica uma matéria sobre “10 coisas que não existiriam se não fosse o Linux” (http://x.bardo.ws? 01g), e ressalta no final da matéria: “Se você ainda procurava motivos para se tornar fã de software livre e do Linux, um dos maiores expoentes desse campo da tecnologia, aí estão mais dez”. - No dia 19 de setembro de 2011, antes do mundo saber sobre o Secure Boot, o mesmo site (Tecmundo - http://www.tecmundo.com.br/),que é subsidiário do Baixaki (http://www.baixaki.com.br/) e pertence ao Grupo Terra Networks (dono do portal Terra - http://www.terra.com.br/), publicou uma matéria com um título bem contradizente ao anterior. “Por que o Linux como você conhece hoje vai desaparecer?“. Durante o artigo, o autor, que pelo visto não sabe nada sobre o Linux, pois tentou afirmar que o “Linux vai virar Ubuntu”, se contradiz muito com citações do tipo: “O que está acontecendo? O Linux está morrendo? O Linux vai virar o Ubuntu (ou o contrário)? Não é bem assim, minha gente. O Linux está morrendo sim, mas apenas como nós o conhecemos.” e “No entanto, a forma com que o Linux está sendo usado está mudando. O que está morrendo é a forma de distribuição do sistema. Em breve, teremos centenas de milhares de dispositivos rodando esse maravilhoso software livre sem que seus usuários saibam que o estão fazendo.” Cabe ressaltar que o autor do artigo se baseou em uma matéria de um site americano (http://x.bardo.ws?01h) que relata sobre a procura pelas distribuições Linux nos mecanismos de busca do Google. Em nenhum momento o autor da matéria original disse que o Linux deixará de existir, e sim comentou sobre o aumento da procura por novas distribuições como Ubuntu e a diminuição da procura por distribuições mais antigas como Debian e Slackware. Vamos continuar pois não para por aí.


- No dia 21 de setembro de 2011, o tecmundo finalmente publica a matéria sobre o Secure Boot do Windows 8 (http://x.bardo.ws?01i). - IMPORTANTE: dia 22 de setembro de 2011, Steven Sinofsky publica sua “explicação” sobre o Secure Boot em um blog da Microsoft (http://x.bardo.ws?01d). A matéria foi publicada em diversos sites do Brasil como techtudo (http://x.bardo.ws?01j) do globo.com e olhardigital (http://x.bardo.ws?01k) do UOL, e blogs, como foi o caso do Seja Livre (http://sejalivre.org/?p=2152). Esta matéria não foi publicada no tecmundo. - Ainda no dia 22 de setembro de 2011, o tecmundo publica uma piada: “Por que o Windows 8 será o sistema mais seguro já feito” (http://x.bardo.ws?01l). O autor da matéria, que demonstrou total falta de informação do assunto e inclusive deixa claro em seu perfil no twitter (http://twitter.com/#!/wikersonlandim) que não é profissional de informática e muito menos especialista em segurança, já começa assim: Na maioria das vezes, quando o assunto é segurança em sistemas operacionais, a discussão recai em três constatações bastante comuns entre os usuários: o Linux não tem vírus, o Mac é extremamente seguro e estável e o Windows tem muitas ameaças e pode deixar o proprietário à mercê de pessoas mal-intencionadas. Entretanto, na prática, existem outras variáveis a serem consideradas que podem colocar o Windows, sim, como um dos sistemas operacionais mais seguros já lançados. A proteção ao usuário existente no Windows 7 já é bastante eficiente. De acordo com o site alexa.com (uma espécie de IBOPE da internet mundial) o portal Terra, dono do tecmundo, é o 11º site mais visitado do Brasil e o 2º portal de notícias mais acessado no país (http://www.alexa.com/topsites/countries/BR). E o pior: desde 2001 o grupo Terra Networks (dono do portal terra, tecmundo, baixaki e outros) é parceiro da Microsoft no Brasil!! Confira aqui (http://x.bardo.ws?01m), aqui (http://x.bardo.ws?01n) e aqui (http://x.bardo.ws?01o). Repararam a manipulação? É muito frustrante, indignatório e repugnante quando descobrimos que uma fonte de notícias é na verdade uma fonte de “pratos prontos” preparados para “alimentar” seus leitores com o que se


quer que alimente, nos tornando verdadeiras “marionetes” nas mãos de terceiros, tais como “animais de estimação”, que precisam ser guiados por “seus donos”. Cuidado, não acredite em tudo o que lê, ouve ou vê. Estão nos manipulando! Divulgue este artigo. Compartilhe nas redes sociais, publique em seu site ou blog, envie por email, vamos desmascarar esta ditadura que querem nos enfiar guela abaixo.


Do ECAD ao @PauloCoelho: a Saga do MinC continua http://x.bardo.ws?02p, 28 de setembro de 2011

Por Reginna Sampaio, @BrazilPalestine, para o Blog do Tsavkko http://www.tsavkko.com.br/ Já é normal a grande quantidade de acontecimentos estranhos vindos do MinC mas o que nos chama atenção agora é o Festival Europalia. Esse festival, já em sua 23.ª edição, é um megaevento cultural europeu que acontece na Bélgica ( que se estenderá por mais cinco países Luxemburgo, Holanda, Alemanha e França - ) e que terá em 2011 o Brasil como tema. A importância do Festival é tamanha que será aberto esse ano (http://x.bardo.ws?01q), dia 04 de outubro , pela Presidente Dilma. Até ai tudo normal não fosse um curioso fato: O descontentamento dos organizadores belgas com as atrações culturais que serão levadas pelo Brasil ao evento. Esse descontentamento se daria porque as atrações culturais que estarão sendo levadas seriam de pouca expressividade . Essa pouca expressividade, segundos os belgas, fica notória principalmente no tocante as atrações musicais e literárias. Esperava-se que o Brasil levasse à Bélgica grandes nomes da música popular brasileira o que não vai acontecer. Porém o que trouxe mais indignação aos organizadores do evento tem nome e sobrenome: Paulo Coelho . Não é novidade alguma que Paulo Coelho é hoje a maior referência que se tem no exterior da produção cultural brasileira e exatamente por isso a organização do evento achava vital a presença dele no festival. Usando-se sabe lá quais critérios o MinC foi contra o que foi proposto pela organização do evento e decidiu não levar o escritor carioca ao festival. A partir daí as relações entre a organização do festival e o MinC desandaram de vez. Declarou a Ministra Ana de Hollanda: "A visão dos


belgas não é a mesma que a nossa, precisa haver um afinamento". Bem, a visão dos belgas é clara: levar ao festival os nomes mais expressivos da produção cultural e artística brasileira. Resta então a dúvida: Qual será a visão do MinC? Diante toda essa celeuma entre os organizadores do festival e o MinC a curadora Flora Süssekind se posicionou da seguinte forma, referindo-se aos organizadores belgas: "São pessoas despropositadas que não tem informações sobre o que está acontecendo". Apesar disso Flora Süssekind solicitou aos organizadores do festival a utilização do centro cultural Bozar, um dos mais importantes centros culturais europeus, tendo ouvido a seguinte resposta: "não podemos receber nesse espaço ninguém menos que o escritor Paulo Coelho" resposta essa baseada no fato de que apenas ele conseguiria lotar o espaço. Então Flora Süssekind decidiu dispensar a utilização do espaço cultural Bozar pelo Brasil . Ante todos esses fatos e somado ao fato de que o Brasil gastará nesse evento 30 milhões de reais, o mais caro projeto até agora realizado pelo MinC, ficam algumas questões: 1. Quais os critérios utilizados pelo MinC na escolha daqueles que vão representar o Brasil em eventos nos quais são utilizados verbas públicas? 2. Sendo o Festival Europalia o maior evento cultural da europa porque, e justamente no ano em que o Brasil será homenageado, decidiu o MinC levar atrações culturais de menor expressividade tanto no Brasil quanto no exterior? 3. Será que não houve realmente um preconceito do MinC contra o escritor carioca Paulo Coelho como ele mesmo disse na rede social twitter (mas para usar a imagem do escritor como um dos propagandistas da Rio 2016 não houve qualquer preconceito. Dois pesos e duas medidas ? ). Links para tuítes do Paulo Coelho: 1, 2 e 3. 4. A produção artística e cultural brasileira, apesar da pouca expressividade das atrações, está realmente sendo bem


representada no Festival Europalia? Se está então porque os produtores do evento ficaram tão chateados e segundo a própria Flora Süssekind estão demonstrando agora "total desinteresse"? 5. Os 30 milhões que estão saindo dos cofres públicos estão sendo bem empregados ? Com a palavra o MinC .... Links pertinentes: "Barrado na Belgica" (http://x.bardo.ws?01r), do blog do Paulo Coelho, Barrados na Bélgica (http://x.bardo.ws?01s), da Folha e matéria sobre como (http://x.bardo.ws?01t) Ana de Hollanda é amada. Por Raphael Tsavkko Garcia

Faço alguns comentários: É um assunto interessante. Quem são os artistas de "menor expressividade" convidados pelo MinC? Há, aí, alguma tentativade promover artistas menores ou é apenas jogo de cena do ministério? A pergunta é pertinente, pois o que mais vemos são financiamentos sem qualquer propósito - relembrem o caso da bolada (http://x.bardo.ws?01u) para um blog da Maria Bethânia - para medalhões, enquanto os verdadeiros promotores de cultura livre e alternativa ficam à mingua. O caso dos Pontos de Cultura são apenas um exemplo da exclusão ao alternativo e popular promovido por Ana de Hollanda, ministra da Cultura (de qual cultura não se sabe). Não sou leitor do Paulo Coelho, não tenho grande interesse por seus temas, mas nutro alguma simpatia por sua defesa do compartilhamento livre de cultura, algo que o faz se chocar diretamente com o MinC. Paulo Coelho chegou a escrever para grandes jornais defendendo o que conhecemos por pirataria, enqunto o MinC sob a (falta de) gestão de ana de Hollanda se aproximou do ECAD, pôs um ponto final na discussão da cultura livre e até mesmo ensaiou aproximação com gravadoras e detentores de copyright. Não surpreende, pois, se a questão toda não se basear apenas em briguinha pessoal da Ministra com Paulo Coelho, usando "artistas de menor expressão" como desculpa.


A idéia de levar artistas menores, mas bons, não é ruim. Ou não seria, se Ana de Holanda tivesse algum histórico de incentivar esta classe. Seus incentivos se limitam aos mais abonados e famosos, tanto via financiamentos gigantes a medalhões, como seu apoio ao ECAD. Enfim, é pertinente questionar quais os critérios usados pelo MinC na seleção dos artistas e porque investir tanto dinheiro em um evento que, aparentemente, não receberá ou não recebe tanta atenção do ministério? As ações de Ana de Hollanda como ministra contradizem qualquer boa vontade e tentativa de inovar e promover diversidade na questão do festival.


A Fila da Velhice http://www.ealecrim.net/a-fila-da-velhice/, 17 de dezembro de 2010

Por Emerson Alecrim Eu estava com uns 15 itens na minha cesta, portanto, não podia pegar a fila do caixa rápido, para até 10 volumes. Então, entrei na fila que me pareceu mais vazia. Na minha frente, duas pessoas com o carrinho cheio. Instantes depois, um senhor de idade apareceu atrás de mim, com um carrinho na mesma condição. Fiquei na minha, torcendo para que o pessoal da frente fosse rápido. Então, comecei a ouvir burburinhos do tipo “ah, mas jovem tem que deixar passar”, “tem que passar na frente sem pedir licença”, coisa e tal. Claro que o recado era pra mim! De fato, eu podia ter deixado aquele senhor passar na minha frente, mas quando vi que os comentários vinham daquelas mulheres barraqueiras, do tipo que passa o dia falando mal dos outros enquanto o marido trabalha, tratei de ficar onde estava. Com esse tipo de pessoa não vale a pena discutir. Mesmo que o seu argumento seja o mais consistente possível, elas rebatem de maneira violenta, com berros, como cachorros latindo, dando impressão aos que estão ao redor de que elas, pelo tom de indignação, estão sofrendo uma grande injustiça. O fato é que a minha compra ia ser rápida. Como eu disse, eram apenas 15 itens, contra um carrinho cheio daquele senhor, que certamente não gastaria menos do que 15 minutos para passar tudo. Além disso, se eu cedesse, acredito que as mulheres barraqueiras iriam se achar no direito de passar na minha frente também, afinal, elas estavam com crianças, embora estas não fossem pequenas. Sem contar que poderia surgir outro idoso atrás de mim e eu ficaria o dia inteiro naquele supermercado. Olhei então para a fila preferencial. Havia duas, na verdade, mas ambas lotadas de idosos, gestantes, pessoas com deficiência e mulheres com criança de colo. Aí eu percebi que aquele senhor fizera uma boa escolha


ao ter ido para a fila em que eu estava. Quando chegou a minha vez, de fato, foi tudo bem rápido. Acredito que aqueles três minutos ali não fariam diferença àquele senhor. Quanto às barraqueiras, ainda murmuravam alguma coisa a respeito, mas não tinham coragem de se dirigir direto a mim e desviavam prontamente o olhar quando eu as encarava – de fato, dizem que quando fico bravo, minha típica expressão de idiota ganha feições de poucos amigos. Mas essa situação toda me fez pensar em uma coisa óbvia, mas intrigante. A população está mesmo envelhecendo. Nossas gerações anteriores tiveram muitos filhos. Meu pai, por exemplo, teve 13 irmãos (isso mesmo!) e, minha mãe, 6. E conheço várias outras famílias em situação semelhante. Aquelas pessoas que estavam no auge da sua juventude nas décadas de 1960 e 1970 já começam a dar os primeiros passos rumo à terceira idade. E essas gerações colocaram muitos filhos no mundo, que daqui a 30 ou 40 anos seguirão, inevitavelmente, o mesmo caminho. O que eu quero dizer com isso é que o mundo precisa se adaptar. Não estou dizendo que os jovens ficarão em número bastante inferior, estou dizendo que o número de idosos será maior, e isso sem contar o fato de que as pessoas estão vivendo por mais tempo. Alguns problemas são fáceis de resolver: aumentar a quantidade de filas preferenciais nos supermercados e os assentos especiais nos transportes públicos, por exemplo. Outros, no entanto, exigirão muito mais esforços: o sistema de saúde, que precisará de estrutura e mais gente preparada para atender essa população; a previdência social (aqui o bicho pega); e o mercado de trabalho, que necessitará eliminar de vez sua aversão às pessoas de mais idade. Ninguém quer ficar velho, mas o fato é todos chegarão a essa fase da vida – exceto quem morrer antes – e, portanto, o mundo precisa de uma vez por todas aceitar isso, do contrário, não será possível oferecer condições para que a velhice seja uma fase proveitosa da vida e não sinônimo de “agora é esperar para morrer”. Lembro de uma vez ter visto uma foto da minha avó com 10 anos e ter comentado: “vó, eu sei que é lógico, mas a senhora é minha avó desde que eu nasci, não consigo imaginá-la criança”. Escutei uma longa risada em seguida, afinal, ela sabe o que é ser criança, sabe o que é ser jovem e


achar que nunca envelhecerá, sabe o que é estar na meia idade e, agora, sabe o que é ser idosa. Ela sabe que a vida é assim para todo mundo.


Roteiro para ler poesia http://x.bardo.ws?02l, 23 de novembro de 2011

Por Rafael Rocha Daud - http://blogueirasfeministas.com/ As pessoas leem poesia por variados motivos. Seja pela apreciação estética, seja pelo compartilhamento de ideias ou mesmo por curiosidade pela engenhosidade alheia, existem tantas maneiras de ler um poema como existem leitores. Este roteiro pretende levantar alguns modos típicos e importantes para tentarmos empreender nossas leituras. Imagem de Clastenes Cardoso e Christianne Hayde no Flickr em CC, alguns direitos reservados.

1. Ler Parece óbvio, mas é nessa parte que esbarra 80% das pessoas. Para entender um poema, é preciso em primeiro lugar lê-lo. Pode-se — e na verdade deve-se — fazer isso de mais de uma forma. Ler rapidamente, em voz baixa, do começo ao fim; ler pausadamente, tentando captar o sentido de cada verso ou estrofe; ler em voz alta, com atenção para o ritmo e melodia; ler para alguém. Cada uma dessas formas de leitura visa apreender um aspecto diferente do poema. Nem todos os poemas fazem uso extenso de todos os recursos da poesia, mas é importante ler de várias formas diferentes para fazer aparecer os recursos que o poeta dispendeu. Nenhuma leitura é capaz de dar conta de todos esses recursos sozinha.

2. Decorar Dizem que o verbo decorar deriva da expressão “de coração”, querendo dizer que aquilo que decoramos trazemos mais perto do peito. Alguns poemas são muito longos para isso, e os versos brancos (isto é, sem rima) ou livres (isto é, sem métrica) não são os mais fáceis de ser decorados. Além disso, algumas pessoas acham particularmente difícil memorizar qualquer coisa escrita (neste caso, podem tentar memorizar pela audição,


declamando o poema várias vezes para si mesmas). De todo modo, todo mundo é capaz de decorar um ou dois versos, e cada verso isolado num poema é uma porta de acesso à sua totalidade, de maneira que saber um ou dois versos de cor certamente vale mais que não saber nenhum. A principal vantagem de saber versos de cor (além de impressionar num salão) é que a compreensão da poesia não é unicamente racional, mas depende um pouco da experiência e mesmo da inspiração. Apreender um poema é em parte acessar a inspiração que o criou, e isso pode levar algum tempo, então é preciso “carregar” o poema consigo durante um certo tempo até que ele deixe você entrar. Nem todos os versos ou poemas valem essa companhia tão dedicada, mas você pode sempre escolher aqueles que carrega consigo.

3. Meditar É preciso meditar no poema. Descobrir o significado das palavras desconhecidas. Reparar nas ambiguidades, no sentido das frases. Descobrir seu endereçamento (para quem ou para quê foram escritos) assim como sua origem (quem os escreveu, quando, onde). Pensar um pouco sobre cada um desses aspectos pode revelar chaves de compreensão que a mera contemplação não traz.

4. Escolher Assim como um poeta escolhe as palavras, também o leitor precisa fazer certas escolhas. É num certo espelhamento com o autor que o poema se revela: autor e leitor não são entidades totalmente separadas, todo autor é um pouco leitor de si mesmo, e todo leitor é um pouco autor do que lê. É nesse sentido que se diz que cada um lê um poema diferente. Então é preciso escolher, num poema, aqueles versos que mais agradam, que mais dizem, aquilo que consideramos o principal no poema, que julgamos que seja o essencial. Isso pode ser qualquer coisa: um verso, uma ideia, um som, um ritmo, uma palavra, uma rima. Quando traduzimos um poema, é isso que fazemos: escolhemos preservar (uma vez que não é possível preservar tudo, embora seja falso que a poesia é intraduzível) uma ou mais características do poema, e fazemos essa escolha de acordo com aquilo que julgamos mais importante no poema.


5. Discutir Finalmente, não basta ler um poema e guardá-lo no bolso. Se ele não produzir nenhuma mudança em nós, então perde seu valor de poema. Essa mudança pode se dar em vários níveis: mudar uma maneira de perceber as coisas, mudar uma maneira de ler as coisas, e também mudar nossa maneira de nos comunicar, de argumentar, de pensar. Por isso, é possível discutir a poesia (não necessário, mas sempre possível). O que esse poema apresenta de novo? Que aspecto do mundo ele põe em destaque? Que posição ele adota (pensando num campo de embate ou debate)? Tais coisas podem ser explicitadas por meio da discussão, defendidas ou atacadas (como cada um lê um poema, nem todos estarão de acordo quanto à maneira de responder essas perguntas) e finalmente escolhidas (claro que cada um é livre para continuar pensando como quiser, mas esse pensamento se enriquece só de conhecer os outros pensamentos possíveis).

Posfácio Poemas são formas sintéticas. Isso quer dizer que é possível transmitir muito através da forma compacta do poema. Eles são meios bastante eficazes, por isso, tanto para transmitir ideias, para formular argumentos, como para ensinar. As 5 etapas da leitura de um poema que expusemos (sem serem as únicas possíveis, claro, mas as elementares) permitem destrichar, ou analisar o poema, e como que aplicar engenharia reversa nele. O resultado dessa análise, ao ser transmitido para outra pessoa (ou construído com ela, como pretendemos aqui), permite acessar o sintético do poema, potencializando sua capacidade sintética de transmissão, fazendo com que sirva de reservatório de um campo muito mais amplo de debate. Ex.: o poema Todesfuge, de Paul Celan, cujo refrão diz “Wir trinken und trinken”, a Ana Rusche analisou dizendo que a repetição do som tr tr remetia à presença massiva das metralhadoras e da produção industrial nos campos de concentração. A partir dessa análise, eu pude traduzir o título por Fuga à Morte, e o refrão por “E tragamos e tragamos”, preservando dois aspectos que não eram evidentes para mim (que conheço pouco o alemão e conhecia pouco a história do poema), o que teria se perdido sem essa análise (e que aliás se perdeu em muitas


traduçþes famosas do poema).


Herói de verdade? Problemas reais! http://x.bardo.ws?02q, 10 de novembro de 2011

Por Heitor Teixeira - http://heroisbrasileiros.weebly.com/ Esté aí é Phoenix Jones, um "heroi da vida real"

Na verdade, esse termo é tão rico em interpretações, que torna difícil até mesmo concluir se ele está certo ou errado! O que faz de alguém um HEROI? Seus atos? Sua roupa? Sua intenção? Seu comportamento? Tá! E o que faz de alguém um maluco? Seus atos? Sua roupa? Sua intenção? Seu comportamento? Você vê o problema que temos aqui? Se alguém resolve sair nas ruas e fazer um trabalho voluntário, impedindo brigas, talvez assaltos e fazendo atos altruístas, que vão desde ajudar uma senhorinha a travessar a rua até distribuir comida aos sem teto, essa pessoa pode acabar arrumando


confusão e até sair machucada. O mundo lá fora, meu amigo, não se te contaram, mais é o chamado "mundo cão"! Isso significa, que enquanto o assunto forem as velhinhas e os sem teto, estará quase que certamente tudo bem, porém, que recursos e autoridade você tem para parar uma briga ou deter um assalto? Apenas a sua coragem e a sua boa vontade? Desculpe avisar, mas você vai precisar de um pouco mais que isso. E é justamente quando você resolve fazer exatamente essas coisas, porém vestido como um heroi dos quadrinhos (mesmo que seu traje seja original), que você passará a ser entre outras coisas, motivo de piada. Se a intenção for boa, o resultado de seus atos parecerem favoráveis e o seu comportamento for impecável, você ainda não terá SUPER PODERES! Há quem diga que, aos olhos da pessoa que foi ajudada, principalmente em uma situação crítica, como um acidente, ou algo assim, este pode ser de fato um heroi. Agora vamos encarar os fatos... Se você chega a um local onde houve um acidente automobilístico por exemplo, no qual ocorreu um capotamente e o motorista está agora preso pelo cinto de segurança em uma situação precária. Você e sua boa vontade toda irão fazer o quê? Ligar para a emergência, certo? SIM. Por favor. Se você não é uma pessoa extremamente bem treinada em primeiros socorros e técnicas adequadas, há grandes chances de você ajudar a MATAR a pessoa a quem está tentando salvar. Bom, e se esse foi o caso e você ligou para a emergência... você precisava estar vestido com um traje de super heroi para isso? Quem é você? O capitão 193? Não te convenci? Então vamos examinar outras situações. Tem três caras enormes zuando um moleque franzino em um beco de uma rua escura. Eles o empurram e batem, riem e rasgam aos poucos a roupa do garoto. O que você faz? Chega andando devagarinho com a sua cara de mau e


solta uma frase de efeito tipo: - "Soltem ele agora e deixem-no ir, ou a coisa vai ficar feia!". É isso? Olha, acho muito bonito e tudo, mas acho que não ia dar certo. Na melhor das hipóteses, eles são só uns filhinhos de papai super crescidos e que tem uma péssima educação, que vão olhar o seu uniforme e cair na gargalhada, o que sozinho já iria estragar o lance da frase de efeito, só pela falta de respeito, ou eles seriam pessoas dispostas a TE dar uma lição. Nos dois casos, há chances de haver uma briga. -"Sou faixa preta em Karatê, Judô e Kickbox", você pensa... -"Sou rápido e tenho vários troféus de campionatos de artes marciais em casa. Certeza que eu quebro os três e saio com cara de eu avisei". Lindo... você dá o segundo passo e um deles puxa um 38. Tenho certeza de que ficou mais claro agora, mas ainda tem outras coisas para serem consideradas. Você pode argumentar, que andar armado, você também pode. Ok! Eu sei! Mas já pensou que andar armado não vai fazer com que o problema se resolva automaticamente e que se você tiver de fato que vir a atirar, você estará fazendo algo que não só é contra a lei, mas como você também não tem a autoridade para isso? Os problemas envolvidos com querer sair por aí dando uma de heroi uniformizados são enúmeros. Mas vamos começar assim... Você sabe separar a realidade da ficção? Pode ser um ótimo começo. Os Herois e Super Herois, existem para nos divertir e nos inspirar... a sermos pessoas melhores, honestas e que se importam com o próximo, são lembretes das virtudes que devemos cultivar. O que não podemos esquecer, é que os SUPERS da ficção, são obra da imaginação e da criatividade de alguém! Eles são protegidos pelo roteirista, mas você não é! Phoenix Jones, é um dos auto intitulados herois que existem na vida real. Ele é de Seattle e tenta fazer o bem nas ruas usando uma "roupa maneira". Ele dá a "desculpa" de que usar esse traje, é a melhor maneira dos


policiais saberem "de que lado ele está" e ainda é ótimo para esconder o colete à prova de balas que ele usa por baixo. Phoenix Jones não possui óbviamente, nenhum tipo de poder e ele também não é o BATMAN, com todas as suas traquitanas e por isso se resume a usar Tasers e Sprays de Pimenta. Recentemente o heroi interceptou um grupo que "aparentemente" estava espancando alguém e acabou sendo preso. "Ele achou que essas pessoas estavam lutando mas eles declararam que estavam dançando", declarou o detetive Mark Jamieson, do departamento de polícia de Seattle, ao programa ABC News. "Infelizmente, ele usou força. Ele cometeu um crime e atacou esses indivíduos. Isso é contra a lei". Toda a "ação" foi capturada em video por um dos associados do heroi. Para entender melhor a situação, assista o video: .http://vimeo.com/30307440. Não é de hoje que Phoenix Jones, vem realizando o seu trabalho heroico e parece que ele não pretende parar tão cedo. Segundo ele, várias coisas ruins já lhe aconteceram: "Já levei dois tiros, fui atingido com um taco de baseball e quebraram meu nariz. Mas em todos os casos eu ajudei alguém que estava em perigo". A polícia de Seattle, não concorda e contra argumenta que nos casos em que o heroi agiu, ele tiveram que ser chamados de uma forma dou de outra e que o envolvimento dele podia ter acrescentado em pelo menos mais um o número de possíveis vítimas. Phoenix garante que estará de volta as ruas assim que puder.


RPG – Jogos de Representação http://x.bardo.ws?xn, 14 de outubro de 2011 Por Cárlisson Galdino – http://www.carlissongaldino.com.br/

As forças do mal querem dominar o mundo. Somente um grupo de heróis de bom coração, com a coragem jamais vista em qualquer outro mortal, poderá salvar a Terra da destruição. Talvez você nunca tenha ouvido falar em Role Playing Game, ou talvez sua sigla já tenha sido encontrada por você enquanto folheava alguma revista. Pois saiba que RPG é um jogo muito especial, e talvez diferente de todos os jogos em grupo que você já tenha visto. Em um jogo como esse, cada jogador toma o papel de um personagem. Um personagem que viverá aventuras em um mundo fictício. Medieval, Cyberpunk, não importa. O que importa é a diversão. Controlando um personagem, em um grupo onde cada um também o faz, segue-se por caminhos perigosos, enfrentando desafios. Enquanto personagens de RPG lutam para salvar a Terra, vencer dragões, resolver um tenebroso mistério, os jogadores buscam através disso a diversão. Tudo bem, você saca sua Magnum e dispara. Acerta bem no ombro do homem de terno. Ele pende para um lado, mas não cai, nem sangra. É nesse momento que você vê, através do rasgão em sua roupa, um brilho metálico. Não, não se trata de loucos vivendo fantasias, mas de rpgistas vivendo fantasias, o que infelizmente, para alguns leigos que vêem de relance, é a mesma coisa. No fundo, cada um de nós já sonhou ou, mais provavelmente, ainda sonha em viver as aventuras de seus personagens favoritos. Qual o seu gênero? Quadrinhos? Não me diga que não gostaria de viver aventuras na pele de um X-Man, do Batman ou do Spawn. Se você gosta de Arquivo X, já deve ter se imaginado na pele do agente Mulder ou Scully. Pois RPG é exatamente isso. Jogando RPG, você pode viver aventuras na pele de seus personagens favoritos ou de um personagem criado por você mesmo. Um personagem que deve ser interpretado, interagindo com outros dentro de


uma história interativa, conduzida por um tipo especial de jogador. Faça um teste de Força. É o Mestre. Essa figura enigmática que descreve os ambientes e fatos, trazendo do RPG a diversão procurada. Ele narra como um contador de histórias, é os olhos e ouvidos dos jogadores, e controla cada partícula desse universo imaginário, às vezes se tornando o Deus deste mundo fantástico e abstrato. Deu quinze, isso quer dizer que ele não conseguiu atravessar o penhasco andando pela corda como você falou... É, em um jogo de RPG nem tudo pode ser realizado pelos personagens. Para que seja um jogo de representação de fato, com personagens próximos da realidade, são impostos limites a todos os personagens. Mais ou menos como na vida real. É fácil se imaginar saltando prédios, atravessando o penhasco por uma corda... Mas na verdade nem tudo isso é possível. Por isso, em jogos de RPG existem regras. Essas regras servem principalmente para amarrar o jogo, prendendo-o a uma realidade aceitável. Há regras que valem para todos os personagens e outras para personagens específicos. Por exemplo, no nosso mundo não é possível uma pessoa sair voando ou escapar ilesa de uma explosão nuclear. Sabe-se também que, devido a um melhor preparo físico, algumas pessoas conseguem saltar distâncias inalcansáveis para outras. É desses dois tipos de regras que estou falando. Ê, meu amigo! O dragão cuspiu fogo... O dano foi de... Vejamos... Cinqüenta e cinco pontos de vida e sua armadura absorve a metade! Você ainda está vivo, o que vai fazer? Há regras gerais para partidas de RPG, mas elas podem ser diferente dependendo do mundo onde os personagens vivem. Em um mundo de dragões e elfos seria muito aceitável que existisse magia, coisa que não costuma cair muito bem em mundos mais modernos e sérios. Uma pistola laser?! Quem disse que pode? A gente vai jogar em Kairot!!! As restrições gerais constituem o que costumamos chamar de cenários. Isso inclui não apenas o mundo, com suas cidades, celebridades, sua história e geografia, como também o conjunto de coisas que se pode ser ou ter. Em mundos de dragões pode-se usar espadas encantadas, mas não pistolas laser. Em alguns mundos de ficção científica, podemos ter personagens com poderes psíquicos. As regras, de um modo geral, são reunidas em uma só coletânea chamada Sistema de RPG.


P. S.: Esta foi a segunda versão de um texto que escrevi para explicar RPG no século passado. Este texto (e variantes) estava presente no início de todos os sistemas de regras que lancei no passado.


Sorteador de Amigo Secreto http://x.bardo.ws?o, 18 de novembro de 2011 Por Cárlisson Galdino – http://www.carlissongaldino.com.br/

Natal está chegando novamente e que tal fazer um amigo secreto? Ano passado publiquei um post a este respeito e estou resgatando o post para a página inicial do site mais uma vez! Testei os links e todos ainda estão ativos, então junte sua turma, escolha o serviço e comece agora a organizar seu amigo secreto! Ano passado utilizei o Secret Gift Exchange e funcionou muito bem. Ele não exige confirmação: já sorteia a partir da lista de participantes envia o email direto pra cada um. Amigo secreto (amigo invisível ou secret santa) é uma brincadeira muito comum no natal. Todos os participantes sorteiam seus próprios nomes entre si (de modo que cada um pegue o nome de outro participante, sem saber quem mais pegou quem). Aí se compra os presentes e no dia há a troca de presentes conforme aqueles papeizinhos sorteados anteriormente. É uma brincadeira muito bacana, mas isso de sortear dá um certo trabalho, além de ter que todo mundo estar presente na hora (sem contar com a questão da credibilidade de quem vai escrever os nomes ou distribuir os papéis - nunca passei por problemas quanto a isso, mas teoricamente pode acontecer...) Estive pensando em como é simples a mecânica de um amigo secreto e como seria simples desenvolver um sisteminha que sorteasse e enviasse por email aos participantes "quem ele tirou". Depois de perceber como seria fácil desenvolver um sistema desses, resolvi pesquisar se havia algum sistema para isso já implementado. O resultado é que encontrei sim alguns! Não cheguei a testar nenhum, mas breve vou testar um para um amigo secreto que vamos realizar no trabalho. Olha que bacana:


Secret Gift Exchange - http://www.secret-gift-exchange.com/

Draw Names - http://www.drawnames.com/

Secret Santa Online - http://x.bardo.ws?02m

AmigoSecreto.com.br - http://www.amigosecreto.com.br/

Meu Amigo Secreto - do UOL http://meuamigosecreto.uol.com.br/

Amigo Oculto - http://www.acessa.com/amigooculto/

Espero que a informação seja útil. Se você já utilizou algum desses serviços, relate nos comentários suas impressões! E se for usar algum, relate depois que usar!


Banshee, o Media Player http://x.bardo.ws?02n, 22 de novembro de 2011 Por Cárlisson Galdino – http://www.carlissongaldino.com.br/

Banshee é um termo do irlandês arcaico que significa mulher-fada. Refere-se a uma entidade mística, uma fada que anuncia a morte com seus gritos. Banshee também é um super-herói da Marvel, que inclusive apareceu no filme X-Men - Primeira Classe. Mas hoje não trataremos desses banshees, mas de um banshee de melhor uso prático por nós: o media player Banshee.

Feito com Mono, em C#, é seu defeito. Passei um tempo procurando um bom programa para navegar nas minhas músicas e tocá-las, com suporte a podcast. Testei vários e Banshee foi o mais bacana que encontrei. É para GNOME, mas tem versão para Windows (inclusive, está incluída no CyanPack desde a versão 11.7). Sua organização é simples e funcional, permitindo que selecionemos músicas por artista ou album, permitindo filtragem por duração, ordem alfabética ou até mesmo quantidade de vezes que ouvimos cada música! Além de favoritos, permite que atribuamos uma pontuação a cada música (recurso que eu uso bem pouco, mas que é legal). E o mais importante: a


reprodução de músicas em sequência aleatória funciona muito bem! \o/ Uma necessidade antiga, mas não tão importante, era a de acompanhar podcasts. Tentei algumas soluções, mas nenhuma me agradava. Ou eram dependentes demais do usuário, ou era estranha a forma como marcava episódios de podcast como já ouvidos. O Banshee é uma ótima solução, em especial para este problema. É fácil adicionar novos podcasts e ele oferece ótimos filtros de episódios: por podcast, por lido/não-lido, permitindo inclusive busca rápida no seu arquivo de episódios. Ele não marca como ouvido quando você clica para começar a ouvir: ele só marca se você ouvir o episódio todo (tenho a impressão de que se ouví-lo "quase todo", ele marca também). Ele também serve para ouvir ráidos online transmitidas por stream. Por exemplo, eu o utilizo às vezes para ouvir a Novo Nordeste, rádio daqui de Arapiraca. Basta você conhecer o endereço de streaming da rádio e pronto! Já pode ouví-la! A lista de funcionalidades exibida no site do projeto lista: •

Sincronia com players de mídia Android, Apple ou outros;

Suporte a podcast, com busca através do Miro Guide

Integração com lojas de músicas

Permite a criação de listas com músicas e episódios que você deseja ouvir, oferecendo formas de montar a lista automaticamente

Execução aleatória inteligente (pode inclusive levar em conta a pontuação que você deu a cada música para priorizar as melhor pontuadas)

Arte de capa automática - mostrada automaticamente a capa do album que vocês está ouvindo

Busca poderosa e inteligente.

Além dessas coisas todas, o Banshee oferece uma série de plugins: Miro (TV online), Jamendo (para baixar e ouvir músicas livres), Last.FM, despertador (você programa uma música para tocar em determinada hora), karaoke, painel de contexto que pode mostrar resultado de busca na Wikipedia ou YouTube pela música sendo executada no momento, entre


várias e várias outras opções. Conheça o Banshee! Vale a pena! (em GNU/Linux - com pacotes já prontos para várias distribuições -, Windows e MacOS). Ou (caso de Windows) você pode instalá-lo a partir do CyanPack.


A Extraordinária Alquimia http://x.bardo.ws?02o, 24 de novembro de 2011 Por Cárlisson Galdino – http://www.carlissongaldino.com.br/

Alquimia tem uma longa história, que tem fascinado muitos através dos séculos. Uma mistura de ciência e espiritualidade, chamava atenção principalmente por tentar transformar outros metais em ouro, mas provavelmente não era isso o mais importante. A alquimia buscava, através de processos arriscados, a Pedra Filosofal e o Elixir da Longa Vida. Com uma simples lasca da Pedra Filosofal seria possível converter chumbo em ouro, enquanto o Elixir da Longa Vida seria capaz de prolongar sua estadia na Terra. O mundo científico já os classificou como loucos por quererem transformar uma substância em outra. Hoje em dia se sabe que é possível essa transformação através de radiação. E os mesmos cientistas vez por outra pesquisam seu Elixir da Longa Vida... Entretanto, tudo isso que salta aos olhos dos gananciosos nem era o mais importante. Há até mesmo questionamentos sobre a realidade dessas buscas nessa forma. Sim, pois há quem diga que tudo isso eram metáforas e a Alquimia buscava tão somente a evolução espiritual do alquimista. Seria então como um "Eldorado" para escapar da fúria da Igreja. Independente de existirem ou não o Elixir da Longa Vida e a Pedra Filosofal, o que importa é o processo de transformação do indivíduo, onde, ao final, o próprio alquimista é que se convertia em "ouro". Mesmo que existam esses produtos da alquimia, neste caso não haveria problemas de abusos que comprometessem a sociedade ou o segredo, já que somente quem é sábio e nobre poderia lidar com o Elixir da Longa Vida e a Pedra Filosofal da maneira correta. P. S.: Este artigo eu publiquei no meu antigo blog Magia da Terra, hoje


extinto.


Vida de Programador


http://vidadeprogramador.com.br/2011/10/04/hospedagem-gratuita/, 4 de outubro de 2011

Vida de Programador


http://vidadeprogramador.com.br/2011/10/20/fonte/, 20 de outubro de 2011

Vida de Programador


http://vidadeprogramador.com.br/2011/11/01/abrir-o-codigo/, 1 de novembro de 2011

Vida de Programador

http://vidadeprogramador.com.br/2011/11/12/o-sistema-parou-defuncionar/, 12 de novembro de 2011


Marfim Cobra – Parte 6/8 Marfim Cobra está disponível na íntegra em http://mc.bardo.ws/ e para venda em http://www.bookess.com/read/7286-marfim-cobra/ Por Cárlisson Galdino

Segunda-feira, 13 de julho. Em algum outro lugar, chegam seis bravos guerreiros - na verdade sete - com a singular missão de salvar o mundo. Peter vê, da janela, os prédios e as ruas regularmente movimentadas. Tudo parece normal. - Vocês têm certeza de que é aqui? - pergunta finalmente. -Temos. - responde Áquos. - Os sinais de Kin-Rá apontaram pra cá. Ele vê que o jeito é acreditar e esperar. Com a saída do corvo negro, o silêncio de Lunar deveria brilhar sozinho. Mas não é isso o que acontece. O Corvo está calado, segurando o punhal das serpentes - é dia, e seu portador ainda não apareceu - , está pensativo, provavelmente se lembrando de Tommy, que perdeu a vida para salvar a sua. Pensa também no espírito heróico. Antigamente era tão comum encontrar guerreiros. Heróis de verdade, no entanto, sempre foram raros. Mas quem não era herói normalmente acompanhava os que eram, por admiração e um desejo de aprender com eles a ser herói também, algum dia. Hoje eles perdem a esperança de forma tão fácil... O curioso é que desistiram justo os dois mais ofensivos. Eles chegam onde deveriam chegar. São esperados por alguns repórteres. - Quem são esses três... - Vocês vêm em caráter... - Vocês acham que vai se... Passam pelos repórteres. Peter, que sempre cuidava desses assuntos, os ignora. O Corvo se vira para eles e diz. - Melhor darem o fora daqui.


Depois disso, virou-se e foi com os outros. Infelizmente eles não entenderam a mensagem como deveriam. Não perceberam que era a cidade que todos deveriam deixar. - Mesmo depois de sermos ameaçados por alguém vestido em uma armadura e segurando uma espada, nós não desistiremos. Estaremos por perto para que o telespectador do Canal Cinco seja, como sempre, o primeiro a saber. Eles entram em um enorme cemitério e se reúnem no centro, entre dois prédios: uma capela e uma outra menor. Ainda faltam alguns minutos para anoitecer, quando se espera que o tempo esquente. - Cinco e quinze ainda... - reclama o corvo marrom. - E por que a pressa? - o Corvo ironiza, fingindo esconder uma certa impaciência, ou talvez, aumentando uma que realmente tenha. - Queria acabar logo com isso... - desabafa o líder dos corvos. - Eu também, mas... Sabe de uma coisa? - Rose desativa a pedra do corvo rosa (como aprendeu e treinou nos últimos dias), enquanto traz no braço uma bolsa térmica. - Até que é bom termos esse tempo livre. ...ou se esqueceu de que precisa comer? - É... Vai ver é um bom passatempo. - Passatempo? - John repete, logo após retirar sua pedra, enquanto tira da bolsa dois sanduíches. - Olha, todos estamos tensos. Mas nem por isso vamos deixar de descansar e comer antes da noite. A propósito, pode nem ser esta, a noite. - e estende um dos sanduíches ao Peter. - É. Acho que tem razão. Estou exagerando um pouco. - Ele aceita o sanduíche, remove a pedra do corvo marrom e começa a comer. Quando não tardaria o pôr-do-Sol... - Não vejo a hora de acabar de uma vez com isso. - comenta Rose, reativando o poder do corvo rosa. - Eu também... - o Corvo se levanta.


- Mas vocês já devem estar acostumados com coisas assim. - Quando começamos a lutar pensamos que o medo e a tensão somem com o tempo. - Áquos responde pelo Corvo, já que este permanece calado. - A verdade é que o medo só diminui durante o combate. Mas o tempo nos ensina que temos que aprender a entender a tensão e conviver com ela, ou ela nos vencerá, tornar-nos-á impulsivos e irracionais. E essa é a receita, tanto do sucesso fulminante quanto da derrota por antecedência. A ansiedade não é nossa amiga, mas só será inimiga se deixarmos. - Entendo... - Está próximo o anoitecer. - comenta Peter. - Estabeleçamos algumas regras então. - Áquos completa. - Primeira regra: ninguém se afaste muito do grupo. O resto é óbvio demais para precisar ser citado: ajudar quem precisa quando puder, etc. e tal. - E o pior é que pode não ser hoje... - a corvo rosa reclama, quase que pra si mesma. - É hoje. - Todos se viram e vêem Marfim Cobra já de pé. Ninguém percebeu quando ele começou a surgir a partir da energia verde do Punhal das Serpentes. Mas a conversa não pode prosseguir em paz. Gritos rasgam o ar do cemitério, e vêm de várias direções. Eles também não perceberam que havia repórteres dentro do cemitério. Os repórteres, por sua vez, perceberam que não seria bom que o grupo percebesse sua presença. Todos se olham e partem logo em seguida. Cada um em uma direção. Ninguém falou uma palavra, mas todos pensavam a mesma coisa: "Que droga!" Se não fosse pelos repórteres, eles poderiam continuar juntos, uns cobrindo os outros, melhorando suas chances de sobrevivência. Esse pensamento logo foi esquecido, pois, se não fosse assim, a batalha estaria perdida. E não para os seus inimigos, mas para os repórteres. A propósito, a grande inquietude era justamente quanto aos inimigos. Quais seriam eles? Marfim e as outras unidades de justiça não ficaram surpresos ao verem que o que "incomodava" os repórteres eram "mortosvivos". Isso era esperado até. Mas dessa vez não se tratava de esqueletos, mas de zumbis. E eles subiam ao solo e atacavam o que se movesse por


perto e não fosse um zumbi também. O corvo marrom se aproximava curioso. "Por que zumbis?" Sim, em todas as histórias que ele conhecia, zumbis eram mais fracos. Talvez a forma mais fraca de mortos-vivos. Sentia-se já um pouco seguro diante do primeiro deles. Não foi preciso mais que alguns golpes para que ele percebesse o quanto estava errado. Em pouco tempo ele percebeu que zumbis eram apenas "esqueletos com armadura de carne morta". Era ainda pior que esqueletos. Não que a proteção adiantasse contra ele, pois seu punhal alcançava os ossos do morto com a mesma facilidade. Era simplesmente horrível enfrentar mortos-vivos de carne, tão parecidos com vivos e, ao mesmo tempo, com pele e olhos cheios de buracos causados pelos vermes. Inimigos de aspecto tão fúnebre. Contra esqueletos era um trabalho limpo, com zumbis seria simplesmente "horrível". Rose, em outro canto do cemitério, ativava sua arma contra o primeiro zumbi que encontrava. O zumbi facilmente inflamou mas, para sua surpresa, não caiu por causa disso. Ele veio em sua direção, de forma que, sem outra escolha, o corvo rosa teve que recuar. Apenas cerca de um minuto depois ele caiu, consumido pelas chamas prateadas. O repórter estava muito ferido. O cinegrafista, morto. Mas doze zumbis se aproximavam dela e ela dispara alguns globos de fogo, torcendo para que seus inimigos caiam antes de alcançá-la. Dos corvos, o único que parece manter uma certa estabilidade emocional na primeira batalha é o corvo laranja. Com sua espada, ele desfere golpes cautelosos. E derruba facilmente os três primeiros adversários de hoje. Só quem pudesse ver através de seu capacete notaria, por uma tensão, que sua cautela não era mais que insegurança. O cinegrafista estava morto, e já há algumas mordidas. Por mais que John quisesse, ele não tem tempo para meditar, pois seu pé é segurado por algo ou alguém. Sem hesitar, John desfere um golpe no solo, e percebe que seja o que for provavelmente um zumbi - , está embaixo dele. Com movimentos ainda mais cautelosos, ele tenta acertar a mão que o prende. Logo consegue, e salta para ficar a uma distância segura. Calmamente espera que surja uma cabeça no solo... A cabeça em decomposição surge, e o corvo laranja não hesita. Desfere um golpe que define a luta. Mas, ao olhar melhor o solo, nota que incontáveis zumbis ascendem. Graças ao seu tridente, Áquos se mantém sempre a uma distância segura


de seus oponentes mortos-vivos. Embora sua arma apresente um pouco mais de dificuldades em acertar os ossos dos zumbis, que é o que importa. Isso por não ser como uma espada ou foice. Mas ainda assim ele se sai bem. Tem experiência nesse tipo de luta e não sai da pequena estrada calçada, nem tira os olhos de seus limites. O Corvo também aprendeu que cemitério é um péssimo lugar para enfrentar mortos-vivos, que sobem, e sobem... Também ele procurou abrigo. Primeiro levou seu repórter para cima da capela menor. Depois voltou e continuou a lutar sem sair da estrada. Desferindo golpes e mais golpes com sua espada em chamas prateadas, quanto mais zumbis caem, parece que mais se levantam do além... Com fúria e um corpo imune aos zumbis, Lunar rasga os corpos frágeis de tais criaturas, arranca suas cabeças utilizando as próprias mãos de pedra. Logo se nota que, mesmo que todos morressem, esse aí ainda teria fôlego para lutar. É alguém que inquestionavelmente sairá vitorioso sobre os que enfrentar, e ileso. Marfim Cobra luta como se podia esperar. Como um especialista. Com golpes extremamente rápidos, e sucessivos - a essa altura o cemitério está repleto de zumbis -, parece ser o mais rápido dos defensores da vida. Ele está livre para se deslocar entre os zumbis. Isso por sua agilidade. E ele começa a se deslocar como um mergulhador vencendo o empuxo da água. Até o momento não invocou as serpentes do punhal, quão bem está se saindo na luta. E ele se desloca, deixando no chão os corpos mortos. Não é exatamente estranho que ele seja o melhor nessa luta. Está acostumado ao cemitério e seus horrores: sua aparência esquelética confirma isso. Mesmo diante de tanta monstruosidade, ele se sente "em casa". Imagine-se em um pesadelo pior que os piores filmes de terror do tipo, em um cemitério, à luz da Lua, ora apropriada, ora satânica. Imagine-se rodeado por túmulos à penumbra noturna. Esta cena, por si apenas, aterrorizaria muita gente, embora seja perfeitamente normal. O que dizer então se, para acrescentar um certo tempero, há milhares de zumbis, com seus corpos em decomposição, e você tem certeza de que não são truques de nenhum filme trash, de que são absolutamente reais. Esse era o terror vivido pelos corvos e, diga-se de passagem, até Marfim Cobra, que não é nenhum megalomaníaco, sentia sua dose de temor.


Mas mesmo com esse pequeno temor, Marfim era o melhor nessa luta. E esse pequeno medo não o impediu de se locomover entre tantos mortosvivos. Mortos-vivos... Ora, mas ele também era um, bem como as outras unidades de justiça. Todos já morreram, e mais: vêm de épocas e lugares onde era comum a magia e a aparição de mortos-vivos era possível. Duas condições que os três humanos não seguem. Mas Marfim avança. Golpe após golpe. Zumbi após zumbi. Nada passa por sua mente, exceto que seria bom encontrar um aliado. Talvez esse precisasse de ajuda. A adrenalina - ele não a produz, mas sua alma sente seus efeitos: seu sangue ferve em suas veias inexistentes - não permite que se pense muito em horas como essa. Principalmente quando o meio chama seus reflexos com fúria. - Áááhh! - o corvo marrom desfere seus golpes e começa a cansar. Não fisicamente, mas emocionalmente. Esses zumbis não param de vir. Algumas nuvens cobrem a Lua e levam embora a migalha de claridade de que dispunham os guerreiros. "Mas que..." Desfere alguns golpes. "Não param de chegar zumbis. De onde vêm tanto morto?" Concentra-se na luta, desferindo alguns golpes. "Vou acabar enlouquecendo! ...espere! O que faz aquele zumbi bemvestido, com... uma máquina fotográfica!?!" - Eu não acredito!?! - Um desespero toma conta dele. - Morra, miserável! - Apunhalando várias vezes. - Ei, você! Eu não já matei você, seu... ataca um zumbi que se aproxima. Já à beira da loucura. De milhares de zumbis, talvez muitos se pareçam. - Calma! Cavalaria a caminho! - Não... - ele continua derrubando os zumbis que estão mais próximos. Você não. Por que não o Corvo, ou o do tridente, até a estátua! Nesse instante caem três zumbis e, detrás deles surge Marfim Cobra. - Devia beijar meus pés por eu ter aparecido. Ouvi seus gritos. Se continuar assim, vai acabar enlouquecendo. - Você não percebe? - responde o corvo marrom, sem conseguir disfarçar seu terror. - eles já invadiram a cidade. Quem morre vira zumbi! Olha quanta gente com roupas novas! Isso não vai acabar nunca! - Calma.


- Como, calma? E, se a gente tá matando zumbis, eles tão morrendo, e vão virar zumbis de novo! Isso não vai acabar nunca... - Calma. Uma hora isso acaba. - Uma hora!?! - Vamos lutar, pois é o melhor que podemos fazer. Os dois continuam lutando. Os dois que têm punhal como arma. Marfim Cobra continua a desferir golpes rápidos e brutais. Já o Peter, se ia regular, começa a piorar. Desmotivado. Mas luta ainda. E, vendo a esperança e o heroísmo nos golpes de Marfim, começa a despertar. A presença do paladino esquelético de Kin-Rá, com sua fúria incontrolável, aos poucos o fortalece. - Aaahhh... - Rose! - grita Peter. - Você se vira sozinho? - Claro! - Me dá cobertura? - Claro, mas... - Ele ia dizer que Marfim não chegaria a tempo, mas foi subitamente interrompido pela visão de uma serpente branca de pura energia, que envolvia o herói salvador. Logo em seguida, Marfim Cobra desaparecia junto com a tal serpente, diante dos seus olhos. A distração baixa sua defesa, e ele começa a pensar na própria vida, mas continua lutando. Marfim reaparece diante do corpo de Rose, já sem a força da pedra. Ao seu redor não há alguns morros de corpos mortos, mas uma área maior, um microplanalto, de corpos incinerados. Mas isso não importa. O que realmente importa é o corpo de Rose no chão, deitada, ou melhor, jogada, rodeada por três zumbis. Um zumbi tenta atingir Marfim pelas costas, e o acerta com suas garras sujas. Mas se balas antes não funcionaram! Não, amigo leitor, as coisas não são bem assim. Vale lembrar que zumbis têm um algo qualquer de sobrenatural. Afinal de contas, são zumbis. Deixemos claro então que as garras agiram em sua força vital. Algo como um arranhão.


Mas depois da cena, isso foi mais do que suficiente para tornar Marfim ainda mais furioso do que antes. Em uma repentina explosão incontrolável de ira, o seguidor do deus-aranha rasga o ar com seu punhal. E com o ar, partes dos zumbis. E ele manuseia seu Punhal das Serpentes como nem a hélice de um avião conseguiria. Para os distantes, de forma fantástica e imponente. Para os próximos, de forma letal. Marfim prossegue com a luta, com a fúria. Com energia, diriam muitos, suficiente para derrubar todos os zumbis de um planeta zumbi. Mas os zumbis não param de chegar. - Todo mundo tente voltar para o centro! - É ele. O Corvo. Voando e fazendo sua voz ressurgir dentre todos os berros mórbidos que preenchem o lugar. E ele fica parado girando sua espada no ar, apontando para baixo, para deixar claro onde é o centro. Após algum tempo, voa pelo cemitério em busca de alguém. Marfim ouve a ordem e parte pra lá. Há algumas montanhas de zumbis próximo ao local que ele deixa. E ainda derruba inúmeros outros no caminho. Finalmente chega, e lá não vê ninguém. Ou melhor, ninguém vivo. Ele luta sozinho contra tantos zumbis - coisa que faz há um bom tempo. Demora um pouco, mas logo chega Áquos, seguido por Lunar. Os três lutam em resistência dispersa: à distância (uns dos outros) de quem pode se virar sozinho. Demora um pouco para que o Corvo surja com sua péssima notícia. - Estão todos mortos. Ele desce e se junta à resistência. Passa um helicóptero, próximo ao chão, filmando a cena, logo vai embora, passa por outras ruas da cidade, onde vultos tombam em passos aparentemente bêbados ou, pelo menos, não naturais. - É uma pena. Sinto por eles. - Um polegar pressiona o botão Off do controle remoto. - Nós devíamos estar lá... - Para morrermos solidariamente... - Gilbert pensa um pouco. Estão no sofá de um apartamento. - Não, obrigado. Tommy foi o único herói. Eu não tenho força para seguir seus passos. Se tivesse lá seria só mais um


mártir. Sinto muito por ser humano. Ele estende a mão e pega mais uma lata de cerveja do isopor. Stevie continua a beber da sua. Antes havia apenas o som da TV. Agora que está desligada, brotam do nada barulhos de golpes, de machado e foice, seu impacto com ossos, e vem a lembrança da morte do corvo amarelo. Não se sabe se os sons lembraram a morte, ou se foi o contrário. O que se sabe é que no fundo há um certo sentimento de culpa por terem fugido. Mas eles não vão voltar. Na batalha, no cemitério, a luta continua. Marfim começa a se lembrar das palavras de Peter. "Eles estão morrendo, e vão virar zumbis de novo! Isso não vai acabar nunca! ...isso não vai acabar nunca! ...não vai acabar nunca! ..." A frase se repete e ele começa a perceber o quanto de verdade havia naquelas palavras desesperadas. Ele não precisa ver a cidade para imaginar quantos zumbis deve haver por metro quadrado. e começa a temer a total veracidade daquelas palavras. Seria possível que Fimiq alcançasse seu objetivo sem que eles sequer concluíssem a luta, sem que eles ao menos pudessem sair do cemitério e ver a face do odiado avatar? Ele teme, mas seu punhal ainda luta. Exatamente no meio do cemitério, entre as duas capelas, há um trapézio formado pelas quatro unidades de justiça. Um quadrângulo, como planejado, sem ninguém dentro. Nenhum inimigo. Reforçando a proteção, há duas montanhas de corpos em cada lado, fazendo com as capelas quatro paredes. Há, em cada parede de corpos, apenas uma passagem, uma porta. E o quarteto, já impaciente, destrói os zumbis, que chegam de forma tão lenta... Como uma torneira pingando. Mal sabem eles que os zumbis já tomaram a cidade, e que soldados estão ao redor dela, armados, desesperados, mas obrigados a impedir que qualquer um saia da área urbana. O quarteto luta bravamente. Já lutaram por quase toda a noite. Estão agora a oeste das capelas. Lá só existem alguns punhados de montanhas de corpos. - Ahh! - o grito vem das capelas. - Saiam daqui! Socorro! O Corvo olha para os outros, com seu olhar naturalmente inexpressivo, mas claramente traduzível. Algo como: "É, tenho que salvar esse


infeliz..." Ele voa e avista um zumbi em cima de uma montanha de corpos, próximo a uma capela. Sobre a capela, o repórter que o próprio Corvo salvou anteriormente. E ele o faz de novo, rasgando o zumbi, que cai ao chão. E o repórter não agradece. Só treme e reza. O Corvo volta ao grupo. Os únicos que lutam com a força de outrora são Lunar, como previsto, e Marfim Cobra, por estar em seu terreno. Áquos já demonstra sinais de fraqueza. O Corvo, não tanto, mas sente as dores do combate. E o dia já vai nascer. Do sombrio horizonte de concreto brotam os primeiros raios do Sol. O Punhal das Serpentes cai: Marfim desaparece mais uma vez. Mas os mortos-vivos continuam de pé para a infelicidade dos três. - e, por que não dizer, do tal repórter? Áquos cai sobre seu joelho direito. Apoia-se no tridente. Ergue a cabeça. Três daquela maldita praga estão diante dele. A três passos. ...dois ...um golpe de espada derruba um deles, o outro, e o terceiro. - Vamos, amigo. - O Corvo estende a mão. Áquos se levanta. Até Lunar começa a se cansar. Seus golpes não são mais tão rápidos... - Por que o Marfim tinha que ir logo agora? O Corvo não responde. Vira-se e continua a derrubar os zumbis, que não param de chegar. Isso sem se afastar muito de Áquos, e sem perdê-lo totalmente de vista. Sua espada começa a pesar. Ele estava bom em combate, mas não houve tempo suficiente para uma recuperação total. O leitor deve recordar, certamente, seu estado naquela última batalha... Não tarda para que o Corvo, assim como já Áquos, passe a lutar só na defensiva. Já é dia claro, e os zumbis continuam a avançar, mostrandolhes o que os espera se passarem por esse obstáculo. Não é, de forma alguma, tarefa simples vencer um avatar, nem que fosse para um outro avatar. Mas não adianta planejar o futuro se o presente exige total atenção para que possa, bom ou mau, existir um amanhã. Resta Lunar apenas. Ele luta como pode, sem se afastar dos outros dois. Não vai acabar, dissera aquele corvo antes de morrer. Os zumbis não param de chegar. Lunar está fraco. O Corvo tomba. Áquos já foi várias vezes atingido. É o fim, ao que parece. Pois ao meio-dia a cidade está cheia de zumbis.


- Gafanhotos?!? Sim, uma grande nuvem de gafanhotos se aproxima. Verdes gafanhotos vêm pouco acima das cabeças mortas. Gafanhotos verdes, conhecidos por alguns como "esperanças". Eles se aproximam do centro da bagunça. O lugar onde se encontram as unidades de justiça, quase fracassadas. Eles se juntam e começam a formar um ser humanóide, que aos poucos se torna um homem um tanto velho. - O que acharam do meu novo truque? Os três respondem com silêncio. Só após algum tempo Áquos fala. - Grande Redry, não podemos apreciar seus truquesinhos agora, desculpeme a franqueza. - Sinceramente, que recepção mais... morta! Esperem, vou tentar de novo. A estranha figura desaparece, como se houvesse se transformado em vapor. De repente, ouve-se um barulho, uma vibração de baixa freqüência, porém intensa. Os que se viram vêem um enorme feixe laranja, de algo como luz, com um toque de matéria, do lado de fora do cemitério, varrendo a rua. - Hááá! - ele entra destruindo todos os zumbis que estão no cemitério, varrendo seus corpos podres com seu poderoso feixe de energia. E pára diante dos três. - E agora, o que acharam? Com um ar de ironia, o Corvo, já sentado no chão, bate palmas desanimadamente. - Ah! A propósito, gostei do "grande". - Grande, Redry, mas não maior que Kin-Rá. - Não sei porque, mas sabia que alguém havia de dizer isso. Bom, precisam de ajuda? - Não, só um pequeno favor, Grande Redry. - responde Áquos. - Será que seria possível, por gentileza, varrer da cidade essas pragas? - Ah, só isso? Não brinca... - Ele se concentra. Alguns segundos bastam para explodir sua luz laranja. Tudo fica laranja, como se houvesse uma


neblina dessa cor. Bastam alguns segundos. - Feito. Mas isso me cansou bastante, é bom saberem. - Oh! Nossos imensos agradecimentos. - Que nada, foi um prazer destruir essas criaturas. São totalmente contra os meus princípios. ...nem estão vivos! ...nada pessoal. Infelizmente não sou um deus da morte, mas da vida, portanto não posso ajudar vocês a se recuperarem. Realmente adoraria fazê-lo, mas... não dá. Portanto, se não houver mais nada... - Espere. - o Corvo fala. - Poderia restituir a vida de quatro heróis? ...humanos? - Talvez. Mas talvez isso me impeça de trabalhar em favor da natureza. Vocês viram o que fizeram com ela? Os três se olham, aguardando uma resposta definitiva. - Tudo bem, quem são? Esquece! Eu sei. Sabe de uma coisa? Eu sei que vou me arrepender depois, mas... - Pára um pouco. - Vocês me pediram dois favores, agora é a minha vez de lhes pedir dois outros. - Tudo bem, diga. - Vejam se conseguem acabar com aquele miserável Fimiq de uma vez por todas, tá? O outro... Dêem lembranças minhas a Kin-Rá. Outra explosão repentina de luz laranja. Desta vez tão forte que ofusca os paladinos de Kin-Rá. Uma luz laranja muito clara, quase branca. Ainda enxergando um branco celestial, é possível ouvir vozes. Crianças. Pessoas mais velhas. Choros, gritos de alegria e terror ainda. As imagens começam a ficar nítidas. E surgem diante dos olhos dos três, pessoas se levantando, outras correndo do cemitério, outras ainda se ajoelhando. E os zumbis mais velhos, no chão, como verdadeiros mortos. Tudo foi restaurado. - Ele se foi. - Comenta o Corvo. - É. - responde Áquos, contemplando a imagem. - E devolveu a vida de todos os que morreram por causa de Fimiq, nessa leva de zumbis. - Bom, vamos procurar os outros... - Ei!


Os quatro estão lá, com seus corpos ilesos e sem as pedras, em fila, lado a lado. - Podemos ir, então. Eles se dirigem, os sete, para o lugar de chegada. Lá, a equipe que os trouxe está ainda um pouco atordoada com tudo o que aconteceu. - Vamos partir. - fala Peter. Eles partem. - Bem-vindos ao grupo. - o Corvo tenta conversar, para diminuir a monotonia. - Que... - Rose pergunta, estando perto dele. - Vocês morreram e voltaram. Como nós. - Ah! É... - Como se sente? - Não sei ainda... Está tudo tão confuso... - E você, Peter? - Mais tarde falamos sobre isso, certo? - John? - Não dá mais pra mim essa vida. - O quê? Vai desistir também? - Não tenho nervos pra coisas desse tipo. Sinto muito, mas não posso mais... - Tudo bem. Entendo... - "Dava pra ouvir seus gritos de desespero antes de você morrer." - Tommy!?! E você? Você, que morreu há mais tempo. Por falar nisso, esqueci de agradecer por ter salvo a minha vida. - Nada, o que é isso? - ele responde, com a cabeça baixa. Ergue a cabeça um pouco e o olha. - Sabe de uma coisa? Estou pronto pra outra.


- Assim é que se fala! Eles finalmente chegam à cidade de origem. Está tudo como eles deixaram. Uma vez lá, são recebidos pela equipe dos Corvos, com grande alegria. ...e surpresa: ninguém imaginou que fosse possível ver Tommy novamente. Mas a festa acaba no momento em que todos se reúnem na sala que existe para esse fim. - Eu já disse que minha participação acabou. Não vou mais fazer parte desta força. - John deixa a pedra na mesa e volta para sua poltrona, de onde pretende assistir ao restante da reunião. - O que eu tenho a dizer. - Peter se levanta. - é que estou fora. Não vou mais participar. Quero minhas férias. Aqui na Terra, de preferência; mas no momento aceito férias em qualquer lugar. Não vou mais lutar nessa guerra. É tudo o que tenho a dizer. Ele deixa a pedra do corvo marrom na mesa, perto das pedras dos outros corvos. Agora é a vez de Rose. Ela não tem dúvidas. Levanta-se e caminha até a mesa. Lá deixa a sexta pedra. Sai da sala, logo atrás de Peter e John. Tommy se levanta. Todos estão surpresos com a cena: o fim da Força Corvo. Ele se desloca até a mesa. Ergue a mão vazia. Toma uma das pedras. - Eu continuarei a lutar. - ergue a pedra do corvo amarelo. A única que ainda tem dono. É um alívio para toda a equipe de Kin-Rá. Ainda há espírito guerreiro em alguém. Todos os quatro venceram a morte, mas Tommy foi o único que sabia exatamente o que ia encontrar quando morreu. Ninguém está totalmente feliz, afinal, só há um corvo agora. Mas há uma certa felicidade, pois era o corvo amarelo, que morreu como herói e voltou dentre os mortos. Há uma felicidade que quase se neutraliza totalmente, frente à tristeza. E ninguém está mais feliz que o Corvo. - Aonde iremos? - ele pergunta. - Não se preocupe. - Tommy responde. - No tempo em que estive fora descobri isso. Mas fique frio. Temos alguns dias antes da próxima batalha. Três carros deixam o prédio. O objetivo: levar três pessoas que muito já lutaram, mas a morte lhes abriu os olhos. Eles tentarão retomar suas


vidas, mas... Elas nunca mais serão as mesmas. A morte transforma as pessoas. Você talvez imagine quanto. Mas nada poderá impedir as unidades de justiça de lutar. Nem mesmo a própria morte...


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