48
|
Salvador, terça-feira, 15 de janeiro 2019
ARTIGO MALU FONTES
1
7 DE AGOSTO LADRÕES LEVAM MAIS DE 150 MILHÕES DE REAIS NO MAIOR ASSALTO A BANCO DO PAÍS, NO BANCO CENTRAL DO BRASIL, EM FORTALEZA, CEARÁ.
29 DE AGOSTO O FURACÃO KATRINA DEVASTA A COSTA AMERICANA, DE LOUISIANA À FLORIDA, MATANDO MAIS DE 1.800 PESSOAS. (FOTO)
2006 12 DE MAIO PRIMEIRO COMANDO DA CAPITAL PROMOVE ONDA DE ATENTADOS EM SÃO PAULO, QUE SE ESPALHA POR OUTROS ESTADOS. (FOTO)
29 DE SETEMBRO O VOO 1907 DA GOL CAI NO ESTADO DO MATO GROSSO APÓS SER ATINGIDO NO AR PELA ASA DE UM JATO LEGACY DA EMBRAER, MATANDO 155 PESSOAS.
9 DE OUTUBRO A COREIA DO NORTE REALIZA SEU PRIMEIRO TESTE NUCLEAR.
6 DE DEZEMBRO NASA DIVULGA FOTOS QUE REVELAM A PRESENÇA DE ÁGUA EM MARTE. 30 DE DEZEMBRO SADDAM HUSSEIN É CONDENADO À MORTE POR ENFORCAMENTO.
A festa não acaba nunca Praia Do topless na Boca do Rio à micareta aquática no Porto da Barra, nossas praias sempre foram laboratório de produção de comportamento Em 1979, João Figueiredo, o último presidente da ditadura militar, assumiu o governo e assinou a anistia, autorizando os exilados do regime a voltarem para casa. A anistia de 79 antecipava o tom dos anos 80. O Brasil começava, assim, um ano antes, a viver sob os signos que marcariam os anos 80, a década que parecia colocar em prática ampliada o que havia sido um ensaio restrito aos
adeptos da contracultura dos anos 60. Politizados e nem tanto pareciam transformar sexualmente o corpo em instrumento político, para além da voz, do texto.
MORALIDADE NA AREIA Se na década de 80 nos liberamos sexualmente, nas décadas de 90 e nos anos 2000 encaretamos. E tão diversos foram os motivos, embora a Aids tenha sido o maior deles, que não caberiam aqui.
As imagens da Praia dos Artistas, na Boca do Rio, traduzem o abismo entre o comportamento das pessoas na praia nos anos 80 e hoje. Não, não era todo mundo. Mas hoje não é daquele jeito em lugar nenhum. Qualquer mulher que, numa praia de Salvador, ouse tirar a parte de cima do biquíni em 2019 corre o risco de ver a polícia chegar. Alguém vai chamá-la para restaurar a moralidade na areia.
COMER ÁGUA Poucas cidades brasileiras traduzem tão bem a expressão “nóis sofre, mais nóis goza” como Salvador. Para compreender o quanto isso é verdade, os dois cenários privilegiados de observação são o Carnaval e a praia. Há quem tenha teses geográficas para explicar as diferenças de comportamento entre as praias do Rio de Janeiro e as de Salvador. O carioca vai à praia para se exibir. O baiano, para “comer água”. Para quem explica isso pelo relevo e pela topografia, os cariocas que se exibem na praia vivem a orla como o templo onde simultaneamente exercitam o corpo e exibem o resultado. O elemento determinante para a relação entre a praia, a malhação e a exibição seria o fato de as praias do Rio situarem-se no mesmo nível do calçadão, do asfalto, das avenidas que as margeiam. Em Salvador, as praias emburacam-se calçadas abaixo, o corpo sai da rua e desce para a faixa de areia lambida pelo mar lá embaixo. E lá embaixo, a maioria não está nem aí para quilos a mais e barrigas negativas.