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El representante del Gobierno de Portugal para las Comunidades Portuguesas se reunirá con la co- munidad luso-venezolana, en una gira de cinco días en los que visitará las principales instituciones de la Portugalidad en tierras criollas. Nuevos apoyos en la agenda
CORREIO / LUSA / JM MADEIRA
O secretário de Estado das Comunidades Portuguesas inicia quinta-feira uma visita à Venezuela, com foco no apoio à comunidade portuguesa que atravessa “enormes dificuldades”.
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Nesta segunda visita de Paulo Cafôfo, após uma primeira deslocação que incluiu França e Londres, o governante vai sentir-se em casa, pois, tal como ele, a maioria da comunidade portuguesa neste país da América do Sul é oriunda da Madeira.
Sobre estes emigrantes portugueses e lusodescendentes, Paulo Cafôfo disse à agência Lusa que se trata de “uma comunidade consolidada, enraizada”, mas que nos últimos anos acabou por optar por regressar a Portugal, face à crise que o país atravessa há alguns anos.
“O foco da visita é o apoio à comunidade portuguesa e é uma visita à comunidade”, disse, indicando que o programa será “muito intenso e preenchido”.
Entre os vários encontros e visitas, Paulo Cafôfo sublinhou o que está previsto com a rede médica que dá apoio à comunidade portuguesa, não só em termos de consultas, mas também de sinalização dos fármacos necessários e dos quais há falta no país.
“Vamos visitar os lares de idosos que prestam um apoio social indispensável e são apoiados também por esta Secretaria de Estado e muitas associações que desempenham uma função social e cultural e são referência na nossa diáspora”, afirmou, adiantando que também estará atendo a outras questões, como “o funcionamento dos serviços tutelares”.
Cafôfo recordou que “a comunidade portuguesa na Venezuela está referenciada no programa do Governo para ter ações e medidas concretas que possam minimizar o impacto, na sua qualidade de vida, das enormes necessidades que atravessa”.
A deslocação, que começa quinta-feira e decorre até segunda-feira, “é essencialmente uma visita de apoio à comunidade, com uma vertente social e questões sociais na bagagem”.
Sobre a crise que atinge estes portugueses e lusodescendentes, classificou a situação de “complexa” e que “continua ainda difícil”.
“Temos olhado para os portugueses que têm regressado [a Portugal], mas não deixamos de olhar para os que lá se mantêm”, referiu.
E recordou que, desde 2017, o Governo investiu 1,5 milhões de euros em apoios aos mais carenciados, com particular destaque
Cafôfo visita Venezuela com apoios na agenda
aos idosos, ao associativismo e à rede médica, esta última responsável por mais de 2.000 consultas à comunidade. Foram ainda enviadas mais de 1,8 toneladas de medicamentos.
No primeiro dia desta deslocação, o secretário de Estado terá um encontro com a comunidade portuguesa na Casa Portuguesa do Estado de Aragua.
Do programa de sexta-feira consta uma visita à consulta médica em Los Teques e às aulas de português e instalações do Centro Português de Caracas, entre outros encontros. O secretário de Estado irá domingo visitar as instalações do Santuário de Nossa Senhora de Fátima, em Carrizal, e, no dia seguinte, o Lar Padre Joaquim Ferreira.
A comunidade portuguesa na Venezuela conta com mais de 225 mil cidadãos nacionais, segundo as inscrições consulares.
Em entrevista ao JM e 88.8, Cafôfo admite uma visita à África do Sul e sustenta que a sua missão é servir todas as comunidades, não apenas as madeirenses.
Quais são as suas expetativas para esta viagem de cinco dias à Venezuela?
Esta é a minha segunda viagem. A primeira viagem fi-la na Europa nos principais centros da diáspora portuguesa, particularmente a França e o Reino Unido, Paris e Londres. Agora achei que a segunda viagem devia ser fora da Europa e diria que é uma escolha óbvia poder ir à Venezuela. Aliás no programa de Governo, de todas as comunidades, é a comunidade portuguesa na Venezuela a única que acaba por ter um destaque e relevância em termos das políticas que são canalizadas para aquele País devido à situação económica e social que ali se passa.
Em que consistirá esta visita?
Esta minha ida à Venezuela será uma visita muito intensa. Serão dias, de manhã à noite, em contacto com a nossa comunidade. Eu estou a efetuar e irei efetuar ao longo desta Legislatura visitas com conteúdo. Elenquei o roteiro de Portugal no Mundo, os caminhos de valorização para as comunidades portuguesas e vou inserir estas visitas nas políticas que o Governo desenvolve para a valorização destas comunidades e dos portugueses que estão no mundo. A Venezuela não será exceção, bem pelo contrário, e inclui a questão social do apoio que é dado aos portugueses na Venezuela. Às vezes nós pensamos que só os portugueses que regressaram a Portugal, e particularmente à Madeira, é que merecem apoio. Claro que merecem. Mas não nos podemos esquecer que há outros portugueses que, não tendo regressado, estão numa situação de vulnerabilidade e de fragilidade que merece todo o nosso apoio.
Os nossos emigrantes reclamam uma inclusão na Segurança Social da Diáspora. É um assunto que também lhe preocupa?
É um assunto que preocupa, o bem-estar das pessoas e estamos a falar de portugueses que estão inseridos num País. No País onde estão e no trabalho que desenvolvem fazem descontos e, portanto, o Estado Social ou os descontos de impostos para a aposentação são realizados nesse País, pelo que não podemos efetivamente confundir. Aquilo que temos de estar atentos é em termos da diplomacia que tem de ser feita junto do Governo ou dos Governos onde existem as nossas comunidades. Alertar para estas situações, mas também temos de ter os nossos mecanismos de Proteção Social.
O que é que está previsto nesse sentido?
Aquilo que está previsto é: existe o apoio social aos emigrantes carenciados. Há outro programa que é apoio social aos idosos carenciados, porque a verdade é que a grande maioria da nossa população ali residente, a mais frágil, é a mais idosa e que necessita aqui de uma atenção especial. Portanto, são feitas candidaturas de apoio em que as pessoas são identificadas pelos nossos postos consulares, ou por conhecimento ou por recorrerem efetivamente aos postos consulares. Desde 2017, já foram investidos um milhão e meio de euros e este é um apoio que é para ter continuidade.
Poderá ser reforçado?
Os apoios serão tendencialmente de acordo com a melhoria ou o agravamento da situação. Neste momento a situação não é de todo favorável. A informação que nós temos é que há muitos portugueses que estão a passar grandes dificuldades. Diria que a tempestade não passou e como não passou esta visita serve precisamente para isso.
Em termos precisos a que valores nos reportamos?
Para este ano estão previstos quase 150 mil euros em termos de apoios ao associativismo. Uma questão muito importante, que é a rede médica, ou o sistema de Saúde da Venezuela não responde às necessidades nem em termos de medicamentos, nem em termos dos próprios cuidados médicos. Nós temos uma rede de médicos que dá consultas e identifica as necessidades e em termos de fármacos foram dadas já mais de duas mil consultas. É também um trabalho que queremos desenvolver e, se possível, expandir, porque é uma necessidade.
Tivemos ainda há pouco tempo médicos ucranianos a integrarem o Serviço Nacional de Saúde e os médicos venezuelanos não conseguem exercer a profissão...
Essa é efetivamente uma ambição e legítima da Venezuela e de lusodescendentes; pessoas qualificadas que são necessárias e podem dar o seu contributo ao desenvolvimento do País e da Região. Infelizmente temos tido, por parte de algumas ordens, algum bloqueio – para não dizer bloqueio efetivo –, para a atribuição de equivalências e de poderem esses profissionais exercer. Com particular destaque para os médicos na Região, que precisa de funcionários e de recursos humanos no âmbito da Saúde. Deseja-se que a questão da Ucrânia possa ter aqui desbloqueado um conservadorismo e corporativismo da parte da Ordem dos Médicos na entrada destes profissionais. Eu estou do lado da necessidade e o Governo Português está também desse lado. O de podermos integrar e incluir profissionais competentes e que são necessários ao nosso sistema de Saúde.