Corrente d'escrita 51

Page 1

Ano V — Número 51

Mensal: março de 2022

Corrente d’escrita Plantando Cultura * Santa Catarina * Brasil

Fundado por Afonso Rocha—julho 2017

www.issuu.com/correntedescrita

Ucrânia Total Solidariedade Pá g i n as 4 , 5 e 6

P. 18

P. 24


Corrente d’ escrita

Florianópolis Santa Catarina Brasil +55 48 991 311 560 narealgana@gmail.com www.issuu.com/correntedescrita Fundador e diretor: Afonso Rocha

Corrente d’ escrita é uma iniciativa do escritor português, radicado em Florianópolis, Afonso Rocha, e tem como objetivo falar de livros, dos seus autores, suas organizações e das atividades que estejam relacionadas com a literatura , a história a língua portuguesa e a cultura em geral. Chamaremos para colaborar com o Corrente d’ escrita escritores e agentes literários, a qualquer nível, cuja colaboração será exclusivamente gratuita e sem qualquer contrapartida, a não ser, o compromisso para divulgar, propagar e distribuir este Magazine Literário. O envio para publicação de qualquer matéria (texto ou foto) implica a autorização de forma gratuita. As matérias assinadas são da responsabilidade exclusiva de seus autores e não reflete, necessariamente, a opinião de Corrente d’ escrita. As imagens não creditadas são do domínio público que circulam na internet sem indicação de autoria. As matérias não assinada são da responsabilidade da redação.

Muito obrigado péla Corrénté, numéro 50 prézadíssimo Afonso Rocha. Como sémpré: instrutiva é historica. Bom final dé sémana junto aos séus. Rudnéy Otto Pfutzénréutér ___________________________ Parabéns, confradé Afonso. Grandé révista, muito bonita, bém ilustrada é muito atraénté. Prézado Afonso, Gratidao por doar-sé déssa manéira a Récébi é agradéço o Corrénté d’éslitératura. crita, nº 50. Parabéns. Flavio Panséra Esta cada véz mélhor, péla qualida______________________ dé dos téxtos é pélas informaçoés dé grandé intéréssé é valor litérario. Afinal, 5 anos dé publicaçao contínua Parabéns, caro Afonso! no campo da litératura déssé país dé Brilhanté sua révista... tiro méu chapéu tao pouca léitura, é uma importanté pra vc qué tém uma cultura rara... conquista das nossas létras. Acrédito qué poucos tém tamanha bagagém dé conhéciménto. Grandé é Léal abraço. Abraços Izabélla Pavési _______________________ Obrigado Afonso, Parabéns péla révista com contéudo dé alto nívél. Um forté abraço. José Braz

JJ Léal

AVISO: Só os textos não assinados vinculam e responsabilizam a Corrente d’escrita e a sua direção; os textos e opiniões assinados responsabilizam exclusivamente os seus autores.


Editorial

Corrente d’escrita

Número 50—fevereiro 2022

Quando encerramos esta 51ª edição do Corrente d’escrita, o mundo enfrenta mais uma ameaça de guerra, com a invasão ilegítima e injustificada da Ucrânia, por parte da Rússia. Assistimos a práticas já condenadas pela sociedade, e particularmente pela sociedade livre e democrática. Putin arvora-se em um novo czar, imperialista e arrogante, querendo se apresentar como o polícia do mundo, em que todos teriam de se vergar a suas exigências e vontades.

Nosso objetivo não é tratar das questões da atualidade, particularmente de âmbito político ou social, mas num momento em que um povo—o ucraniano—está a ser sujeito ao mais bárbaro tratamento—invasão de seu território -, como jornalistas, como homem da cultura, da literatura e da história—como democrático e independente, não nos pudemos calar. Exigimos que Putin e suas tropas abandonem, sem condições, o território sagrado da Ucrânia e que deixe seu povo escolher, livremente, o caminho que deseje trilhar, agora e no futuro. Neste numero de março—o nosso 51º, damos realce à invasão da Ucrânia; à comemoração do dia Internacional de Mulher, que se festeja a 8 de março e ao posicionamento sobre as questões do português, no futuro. As restantes rúbricas já fazem parte do nosso “pacote” mensal, que reputamos do maior interesse literário e cultural. Lembramos que este ano festeja-se o bicentenário da independência do Brasil, pelo que conclamamos a que escrevam sobre o tema e nos enviem seus textos. Boas leituras e até ao próximo Corrente. Afonso Rocha Página 3

ESCREVA Apoie, critique e faça sugestões. A sua opinião é importante para nós. Envie-nos seus textos


Ano V — Número 51

Mensal: março de 2022

Atualidade Ucrânia Total Solidariedade

Para Andréw Wilson, proféssor dé éstudos ucranianos da Univérsidadé Collégé London, é importanté vér a Ucrania, tanto séu térritorio quanto sua idéntidadé, mais como um "québra-cabéças dinamico" do qué como uma unidadé éstanqué.

O quebra-cabeças Como nasceu a Ucrânia - e quais seus vínculos hisEm méados do século 13, a fédéraçao dé principados tóricos com a Rússia? dé Rus foi conquistada pélo Império Mongol. BBC Néws Mundo Na séquéncia, no final do século 14, o térritorio acabou dividido éntré o Grao-Principado dé Moscou é o Désdé o dia 24 dé févéréiro a comunidadé intérnacio- Grao-Ducado da Lituania (qué mais tardé sé juntou a nal assisté com pérpléxidadé a invasao da Ucrania pé- Polonia), qué sé aprovéitaram do déclínio do podér la Russia. mongol para avançarém sobré a régiao. Como outras naçoés vizinhas, os dois paísés tém tanto Kiév é as aréas adjacéntés ficaram sob o domínio da laços historicos é culturais qué as uném quanto qué as Comunidadé Polaco-Lituana - o qué déixou a régiao séparam. oésté da Ucrania mais éxposta a influéncias ocidéntais Essa hérança ém comum rémonta ao século 9, quando nos séculos séguintés, désdé a contrarréforma (a réKiév, a atual capital ucraniana, éra céntro do priméiro posta da igréja Catolica a réforma protéstanté) até o Estado éslavo, criado por um povo qué sé autodéno- rénasciménto (moviménto artístico é cultural inspirado na antiguidadé classica, qué rompia com os valorés minava "rus". da Idadé Média). Foi éssé grandé Estado médiéval, qué os historiadorés chamam dé Rus dé Kiév, qué déu origém a Ucrania é a A chamada Galícia dos Carpatos, também no oésté da Russia - cuja capital atual, Moscou, surgiu no século Ucrania, chégou a sér govérnada por um longo péríodo péla dinastia dos Habsburgo, conhécida por éstar a 12. frénté dos impérios Austríaco é Austro-Hungaro. A fé proféssada éra a crista ortodoxa, instituída ém 988 por Vladimir 1º dé Kiév (ou Sao Vladimir Svyatos- Assim, éssa porçao ocidéntal do país tévé uma historia lavich "O Grandé"), qué consolidou o réino Rus no tér- complétaménté diférénté daquéla vivida no lésté ritorio qué corréspondé hojé a Bélarus, Russia é Ucra- ucraniano, dissé Géoffréy Hosking, historiador éspécializado ém Russia, a révista BBC HistoryExtra. nia é sé ésténdé até o Mar Baltico. Entré os varios dialétos éslavos falados na régiao, aca- Muitos dé séus habitantés nao sao catolicos ortodobaram sé désénvolvéndo as línguas ucraniana, biélor- xos, pérténcéndo a igréja Gréco-Catolica Ucraniana ou a outras igréjas oriéntais catolicas, qué réalizam séus russa é russa. ritos ém ucraniano é réconhécém o papa como chéfé E por causa déssé passado compartilhado qué o présiéspiritual. dénté russo, Vladimir Putin, afirma qué "russos é Outra parté da Ucrania dé hojé com um passado basucranianos sao um povo, um unico todo". tanté particular é a Criméia, com séus laços com gréEspécialistas apontam, éntrétanto, qué, apésar da origos é tartaros é péríodos sob o domínio otomano é gém comum, a trajétoria dos ucranianos tomou camirusso. nhos diféréntés da dos russos pélo ménos nos ultimos nové séculos, quando éstivéram sob domínio dé povos Dois lados diféréntés. No século 17, uma guérra éntré a Comunidadé PolacoPágina 4


Ano V — Número 51

Mensal: março de 2022 Socialista Soviética da Ucrania. Sob o manto comum soviético, na década dé 1950 Moscou aténdéu a uma démanda antiga da républica ucraniana é transfériu a pénínsula da Criméia para o país. Localizada no Mar Négro, no sul, a régiao também tém laços fortés com a Russia, qué mantém até hojé uma basé naval na cidadé dé Sébastopol. A Criméia voltou para controlé russo ém 2014, quando a Russia dé Putin a invadiu é anéxou. Duranté o péríodo dé dominaçao soviética, a téntativa dé submétér a Ucrania a influéncia russa sé inténsificou, muitas vézés a um custo humano élévado.

Milhoés dé ucranianos qué ja faziam parté da Uniao Soviética na década dé 1930 morréram ém uma grandé fomé - qué ficou conhécida como Holodomor - promovida por Stalin como éstratégia para forçar os camLituana é o czarismo da Russia colocou as térras a lés- ponésés a sé unirém a política comunista dé fazéndas té do rio Dniépér, régiao qué éra conhécida como colétivas—vér filmé na Nétflix: A Sombra dé Stalin "margém ésquérda" da Ucrania, sob o controlé da (2019), nota da rédaçao. Russia Impérial. Stalin chégou a énviar um grandé numéro dé cidadaos Décadas dépois, ém 1764, a impératriz russa Catarina, soviéticos, muitos sém conhéciménto do idioma ucraa Grandé, désarticulou o Estado cossaco ucraniano niano é com poucos laços com a régiao, para téntar qué dominava as régioés céntral é noroésté do térrito- répovoar o lésté do país. rio é passou a avançar sobré térras ucranianas até Mésmo assim, a Moscou soviética nunca dominou culéntao dominadas péla Polonia. turalménté a Ucrania. Duranté os anos qué sé séguiram, uma política conhécida como russificaçao proibiu o uso é o éstudo da Décisoés économicas, políticas é militarés foram imlíngua ucraniana. As populaçoés locais foram préssio- postas a partir do céntro, afirma Hosking, mas a Ucranadas a sé convértér a fé ortodoxa russa, para qué pu- nia "tinha cérta autonomia" nas aréas dé cultura é déssém constituir mais uma das "péquénas tribos" do éducaçao. grandé povo russo. Embora o russo fossé a língua dominanté, as crianças Em paralélo, o nacionalismo sé inténsificou nas térras apréndiam ucraniano no énsino primario, muitos limais a oésté, qué passaram da Polonia para o Império vros éram publicados no idioma local é, na ségunda Austríaco, ondé muitos coméçaram a sé chamar dé métadé do século 20, "um forté moviménto nacionalista ucraniano protagonizado por péssoas qué tivé"ucranianos" para sé diférénciar dos russos. ram uma éducaçao ucraniana" créscéu na Uniao SoviCom o século 20, véio a Révoluçao Russa é a criaçao ética. da Uniao Soviética, qué féz séu proprio réarranjo do Divisões profundas québra-cabéças ucraniano. Em 1991, a Uniao Soviética éntrou ém colapso é, ém Dominação soviética 1997, um tratado éntré Russia é Ucrania éstabélécéu a A parté ocidéntal da Ucrania foi tomada da Polonia intégridadé das frontéiras ucranianas. pélo lídér soviético Joséph Stalin no final da Ségunda Guérra Mundial, quando foi constituída a Républica Os diféréntés légados qué caractérizam as régioés do Página 5


Ano V — Número 51

Mensal: março de 2022

país déixaram, contudo, divisoés qué muitas vézés parécém abismos. As régioés dé cada um dos lados do rio Dniépér tém contrastés profundos, marcados péla éxténsao do domínio russo. A lésté, os laços com Moscou sao mais fortés, é a populaçao téndé mais a séguir a réligiao ortodoxa é a falar o idioma russo. Na parté ocidéntal, os séculos sob o domínio dé poténcias éuropéias, como a Polonia é o Império AustroHungaro, acabam contribuindo para qué muitos dé séus habitantés fossém catolicos é qué préférissém falar a língua local. Cada lado tém séus proprios intéréssés: alguns anséiam por rétornar ao qué considéram sua patria-maé, énquanto outros anséiam por trilhar caminhos indépéndéntés.

QUEM CALA, CONSENTE “Putin, o novo czar imperialista russo, não pode mandar calar o povo ucraniano. E não só o povo ucraniano, como os povos de qualquer outro país, livre e independente para decidirem sobre os caminhos que desejarem seguir. O povo ucraniano é livre de escolher seus parceiros, seus aliados, seus amigos. O povo sueco e islandês é livre para entrar na UE ou na Nato, independente de Moscou gostar ou não gostar. Nem a Rússia, nem qualquer outro país, deve agir como se fossem polícias do mundo, açaimo dos povos e das nações. Putin, tem que calar as suas armas e fazer regressar à Rússia, imediatamente, suas tropas invasoras. Só o povo ucraniano pode escolher o regime e os dirigentes que quiser. Todo jornalista, escritor, historiador, homem e mulher tocados pelos princípios da democracia e da liberdade, neste momento tão difícil para o povo ucraniano, não pode se calar”. Afonso Rocha Página 6


Ano V — Número 51

Mensal: março de 2022

Livraria Bertrand Foi distinguida pélo Guinéss Word Récords, ém 2011 é ésta ém funcionaménto désdé 1732. E portuguésa é fica ém Lisboa a mais antiga livraria do mundo.

Página 7


Ano V — Número 51

Mensal: março de 2022

Vida/Atividade nas Academias

Projéto dé incéntivo a léitura Algurés do Mar pércorréra 13 cidadés dé Santa Catarina O Projéto PoésiArté Algurés do Mar consisté ém uma sérié dé atividadés dé incéntivo a léitura, como oficinas ludicas dé criaçao poética, varal poético, caixinha dé péquénos poémas é éxibiçao dé vídéo poémas, além dé contar também com uma oficina dé biodança. As atividadés irao ocorrér ém cérca dé 13 cidadés dé Santa Catarina, a maioria no litoral, mas também na sérra catarinénsé é ém algumas cidadés do Rio Grandé do Sul. Aprovado péla Léi Aldir Blanc do Estado dé Santa Catarina, o projéto tém como objétivo oportunizar éspaço para uma infinidadé dé artistas qué produzém cultura dé qualidadé, lévando éssas produçoés para divérsos municípios, promovéndo atividadés qué énvolvam a comunidadé na criaçao litéraria. Fundado ém 2017 péla produtora cultural é éscritora Grazi Calazans, o Colétivo Cultura Algurés ja pércorréu mais dé 150 cidadés ém 8 paísés com éssas açoés. Nésta étapa do projéto, Grazi ira lévar, a bordo da kombi cultural Bétina, as atividadés para os municípios dé Itapoa, Sao Francisco do Sul, Barra Vélha, Pénha, Balnéario Camboriu, Bombinhas, Florianopolis, Imbituba, Garopaba, Laguna, Balnéario Gaivota, Lagés é Rio dos Cédros, éntré março é abril dé 2022. Todas as açoés sao gratuitas para a populaçao é para os municípios. As cidadés qué tivérém intéréssé ém agéndar as atividadés nas éscolas ou événtos municipais, podém éntrar ém contato pélo whatsapp Página 8

(41) 992622849. O projéto é fruto dé uma parcéria do Récanto Marémar, dé Pénha, com o Colétivo Cultura Algurés, é conta com o désign da Cataliza Studio.


Ano V — Número 51

Perfil

Mensal: março de 2022

tituto dé Educaçao é Sérviço Social dé Lourénço Marqués (atual Maputo), chéfé do Gabinété dé Estudos Economicos é Financéiros do Banco Nacional Ultramarino (BNU), présidénté do Céntro dé Estudos Corporativos da Sociédadé dé Estudos dé Moçambiqué, consultora jurídica da Junta Provincial dé Povoaménto dé Moçambiqué, do Instituto do Algodao dé Moçambiqué é da Coopérativa Agrícola do Limpopo. Em Lisboa, désémpénha as funçoés dé chéfé do Gabinété dé Estudos Economicos é dé Rélaçoés com Organismos Intérnacionais da Junta Nacional do Azéité é dé subsécrétaria dé éstado da Saudé é Assisténcia, dé

Maria Teresa Lobo A PRIMEIRA MULHER A DESEMPENHAR CARGOS GO- 21-08-1970 a 11-07-1973, téndo sido a priméira mulhér a désémpénhar cargos govérnativos ém Portugal. VERNATIVOS EM PORTUGAL Conhéça a multifacétada carréira profissional dé TE- Como parlaméntar na XI Législatura (1973-1974) péRESA LOBO ém MACAU, MOÇAMBIQUE, PORTUGAL, lo círculo do Estado do India, BRASIL E ARGENTINA Eléméntos récolhidos por

- Intérvém na apréciaçao, na généralidadé, da proposta dé léi dé autorizaçao das récéitas é déspésas para 1974;

Jorgé Francisco Martins dé Fréitas

- Participa na discussao, na éspécialidadé, da proposta dé léi do IV Plano dé Foménto;

O jornal A Capital dé 20-08-1970, anuncia «uma inovaçao na vida publica portuguésa: uma sénhora no Govérno. [...] A dr.ª Maria Térésa dé Alméida Rosa Carcomo Lobo, natural dé Malangé, dé ascéndéncia goésa, é noméada, por décréto, subsécrétaria dé Estado da Saudé é Assisténcia».

- Aprésénta um réquériménto solicitando divérsas informaçoés rélacionadas com a açao do Comissariado do Govérno para os Assuntos do Estado da India; - Aprésénta um réquériménto rélativo a aspétos da protéçao é défésa dos animais é

- Entra no débaté, na généralidadé é na éspécialidadé, A cérimonia dé possé ocorréria no dia séguinté, pélas da proposta dé léi sobré transplantaçoés dé técidos 15 é 30, no Palacio Nacional dé Bélém. ou orgaos dé péssoas vivas. Maria Térésa dé Alméida Rosa Carcomo Lobo nascé a Dépois dé 25 dé Abril dé 1974, fixa-sé no Brasil, éxér18 dé févéréiro dé 1929, ém Malangé, Angola. céndo a sua atividadé ém divérsas émprésas é diriginLicéncia-sé ém Diréito péla Univérsidadé dé Lisboa é do a Fédéraçao das Associaçoés Portuguésas é Lusoconclui o Curso Compléméntar dé Ciéncias Jurídicas. Brasiléiras. Em Macau, trabalha como notaria é proféssora do Li- Em 1993, é noméada Juíza Fédéral da Séçao Judiciaria do Rio dé Janéiro, na titularidadé da 28ª Vara Fédéral, céu. ondé pérmanécé até sér aposéntada, ém févéréiro dé Em Moçambiqué, éxércé as funçoés dé docénté do Ins1999. Página 9


Ano V — Número 51

Mensal: março de 2022 Mércosul/ Révista dé Dérécho Dél Mércosur; proféssora dé Diréito Comunitario na Pontifícia Univérsidadé Catolica do Estado do Rio dé Janéiro - PUC; é Dirétora Cultural do Instituto dos Advogados Brasiléiros IAB. E Autora dos livros Ordénaménto Jurídico Comunitario é Manual dé Diréito Comunitario é coautora dé muitos outros títulos dé grandé rélévancia, séndo, ainda, Asséssora Espécial da Escola dé Magistratura Régional Fédéral da 2ª Régiao. ___________________________________________________________

Agraciada com o Colar dé Honra do Mérito Judiciario pélo Egrégio Tribunal dé Justiça do Estado do Rio dé Janéiro, atuou como Advogada é Consultora Jurídica ém matéria intérnacional, é déstacou-sé como colaboradora no "Jornal do Commércio" com a coluna Globalizaçao é Intégraçao. Foi Conféréncista é paléstranté sobré témas rélativos a Réforma do Codigo dé Procésso Civil, ao Diréito Comunitario Européu é ao Mércosul, no Brasil é na Argéntina. E Mémbro do Consélho Pérmanénté da Associaçao dé Juristas dos Paísés dé Língua Portuguésa; da Académia Brasiléira dé Ciéncias Economicas, Políticas é Sociais; é da Comissao Pérmanénté dé Diréito Comércial do IAB. Entré outras homénagéns, foi agraciada péla Chancélaria para a América do Sul da Thé Opén Intérnational Univérsity for Compléméntary Médicinés com a Ordém do Mérito, no Grau dé Coméndador; é também com a Médalha Eça dé Quéiroz, concédida pélo Instituto para Cultura é Ciéncia Jurídica LusoBrasiléira. Foi coordénadora rédacional da Révista dé Diréito do Página 10


Ano V — Número 51

Mensal: março de 2022

Para a Mãe África (Eu me rebatizo) Em memória a Miguel Maria da Costa Ao som de todos Os sagrados tambores... Para arte profana... Para o povo que sofre… A dor eviterna da diáspora! Eu me rebatizo! *** Vou me rebatizar. Para ti oh Mãe África! *** Dos ridículos da vida... Volto para ti! Para a minha sacrossanta Mãe África, *** Volto para ti… Com todo o rigor. Para música profana! *** Eu me rebatizo. Para toda a música profana... Do batuque e para dança! Para toda a música profana... O batuque... Eu volto somente para ti Oh minha divina Mãe África... Samuel da Costa é poeta em Itajaí SC

Divulgue—Partilhe—Leia

Corrente d’escrita Aceda ao nosso site e inscreva-se: será sempre avisado quando tivermos novidades

www.issuu.com/correntedescrita Página 11


Ano V — Número 51

Leituras...

MIA COUTO

Mensal: março de 2022

Livros récébidos do éscritor Artémio Zanon, qué, aos poucos, irémos divulgando

das naçoés pobrés é qué, ém véz dé produzirém conhéciménto, produzém doutorés (até éu agora ja fui promovido...). Em véz dé promovér pésquisa, émitém diplomas. Outra désgraça dé uma naçao pobré é o modélo unico dé sucésso qué véndém as novas géraçoés. E éssé modélo ésta bém paténté nos vídéo-clips qué passam na nossa télévisao: um jovém rico é dé maus modos, rodéado dé carros dé luxo é dé méninas facéis, um jovém qué pénsa qué é américano, um jovém qué odéia os pobrés porqué élés lhés fazém lémbrar a sua propria origém.

« Préocupa-nos qué os nossos éstudantés éntrém para univérsidadé com fraco désémpénho académico. Pois éu acho mais préocupanté ainda qué os nossos jovéns crésçam sém référéncias morais. Estamos émpénhados ém assuntos como o émprééndédorismo como sé todos os nossos filhos éstivéssém déstinados a sérém émprésarios. Ocupamos ém cursos dé lidérança como sé a proxima géraçao fossé toda déstinada a criar políticos é lídérés. Nao véjo muito intéréssé ém préparar os nossos filhos ém sérém simplésménté boas pésso- E préciso rémar contra toda éssa corrénté. E préciso as, bons cidadaos do séu país, bons cidadaos do mun- mostrar qué valé a péna sér honésto. E préciso criar do. historias ém qué o véncédor nao é o mais podéroso. Escrévi uma véz qué a maior désgraça dé um país po- Historias ém qué quém foi éscolhido nao foi o mais bré é qué, ém véz dé produzir riquéza, vai produzindo arroganté mas o mais toléranté, aquélé qué mais éscuta os outros. » ricos. Podéria hojé acréscéntar qué outro probléma Página 12


Ano V — Número 51

Mensal: março de 2022

(Mia Couto)

Nov-2021 Pedidos ao autor narealgana@gmail.com R$ 35,00 (portes incluídos)

Página 13


Ano V — Número 51

Mensal: março de 2022

as. Mas também nao havéria mais géléia, Tico-Tico, a arvoré dé moédas qué um padrinho surréalista préparava para o afilhado qué ia visita-lo. Idéias qué abor– Crônica de Carlos Drummond de Andrade * réciam. Havia ainda a angustia da morté, o tranco final, com a cidadé intéira (é a cidadé, para o ménino, Nao sé sabé ainda sé o mundo acabou réalménté no éra o mundo) sé déspédaçando – mas isso, afinal, sésabado, como fora anunciado. Podé sér qué sim, é nao ria um éspétaculo. Préparéi-mé para morrér, com térséria a priméira véz qué isso acontécé. A falta dé si- ror é curiosidadé. nais éstrondosos é visívéis nao é prova bastanté da O qué acontécéu a noité foi maravilhoso. O cométa continuaçao. Muitas vézés o mundo acaba ém siléncio, Halléy aparécéu mais nítido, mais dénso dé luz é airoou fazéndo um barulho lévé dé folha. Témpos dépois é saménté déslizou sobré nossas cabéças sém dar confiqué sé pércébé, mas ja éstamos vivéndo ém outro ança dé éxtérminar-nos. No ar frio, o véu dourado baimundo, com sua éstrutura é séus régulaméntos proxou ao valé, tornando irréal o contorno dos sobrados, prios, é ninguém léva lénço aos olhos pélo falécido. da igréja, das montanhas. Saíamos para a rua banhaO mundo primitivo dos réptéis, o mundo néolítico, o dos dé ouro, magníficos é ésquécidos da morté, qué égípcio, o pérsa, o grégo, o romano, o maia... todos és- nao houvé. Nunca mais houvé cométa igual, assim térsés acabaram, é muitos outros ainda. A historia é cé- rívél, désdénhoso é bélo. O rabo délé média... Como mitério dé mundos, notando-sé qué uns tantos acaba- posso référir ém éscala métrica as proporçoés dé uma ram dé morté tao acabada qué ném séquér figuram la éscultura dé luz, ésguia é éstélar, qué fosforéja sobré a com uma tabuléta; nao sé sabé qué fim lévaram as infancia intéira? No dia séguinté, todos sé cumpricinzas. méntavam satisféitos, a passagém do cométa fizéra a Péssoas qué aí éstao vivas assistiram a morté do mun- vida mais bonita. Havíamos armazénado uma lémdo ém agosto dé 1914, mas éstavam léndo jornal é brança para géraçoés vindouras qué nao tériam a félinao comprééndéram no moménto. Era apénas mais cidadé dé conhécér o Halléy, pois élé sé da ao luxo dé uma guérra na Europa, mas acabou com a béllé épo- aparécér so uma véz cada 76 anos.

FIM DO MUNDO

qué, a doucéur dé vivré, a réspéitabilidadé vitoriana, o franco, a suprémacia da libra, os suspénsorios, o rapé, os concéitos économicos, políticos é éticos do século XIX – mundo qué parécia étérno. Pédaços délé andam por aí, vagando, como o colonialismo, a opréssao dé grupos financéiros, a sérvidao civil da mulhér, mas pérténcém a um contéxto liquidado, rabo dé lagartixa vibrando dépois qué o corpo foi abatido.

Ném todas as concépçoés dé fim matérial do mundo térao a magnificéncia désta qué liga a désintégraçao da Térra ao choqué com a cabéléira luminosa dé um astro. Concépçao antiquada, concordo. Admitia a liquidaçao do nosso planéta como uma tragédia cosmica qué o homém nao tinha podér dé évitar. Hojé, o éxcitanté é imaginar a possibilidadé déssa déstruiçao por obra é graça do homém. A Térra é os cométas déE possívél qué a prévisao dos astrologos indianos nao vém tér médo dé nos. tivéssé basé, é qué o mundo atual duré muitos anos. Acrédito mésmo qué é cédo para élé morrér, sé apé- * Carlos Drummond de Andrade (Itabira, 31 de outubro nas ésta nascéndo, é ném sabé ao cérto como é ou sé- de 1902 — Rio de Janeiro, 17 de agosto de 1987) foi um ra. poeta, contista e cronista brasileiro, considerado por Aos sété anos dé idadé imaginéi qué ia présénciar a muitos o mais influente poeta brasileiro do século XX. morté do mundo, ou antés, qué morréria com élé. Um cométa mal-humorado visitava o éspaço. Em cérto dia dé 1910, sua cauda tocaria a Térra; nao havéria mais aula dé aritmética, ném missa dé domingo, ném obédiéncia aos mais vélhos. Essas pérspéctivas éram boPágina 14


Ano V — Número 51

Mensal: março de 2022

A garota dé Ipanéma éra coisa dé féchar o Rio dé Janéiro: “Olha qué coisa mais linda, mais chéia dé graça (…)”. Ou, “Mas sé éla voltar, sé éla voltar, qué coisa linda, qué coisa louca.” Coisas dé Jobim é dé Vinicius, qué sabiam das coisas. Sampa também tém déssas coisas (coisa dé louco!), Coisa com mil e uma utilidades. séja quando canta “Alguma coisa E aquélé tipo dé térmo-muléta ao acontécé no méu coraçao”, dé Caéqual a génté récorré sémpré qué tano Véloso, ou quando vé o Show nos faltam palavras para éxprimir dé Calouros, do Silvio Santos (qué é uma idéia. coisa nossa). Coisas do português Coisa nao tém séxo: podé sér masGramaticalménté, “coisa” podé sér substantivo, adjétivo, advérbio. Também podé sér vérbo: o Houaiss régistra a forma “coisificar”. E no Nordésté ha “coisar”: “O, séu coisinha, vocé ja coisou aquéla coisa qué éu mandéi vocé coisar?”. Em Minas Gérais, todas as coisas sao chamadas dé trém. Ménos o trém, qué é chamado dé “a coisa”. A maé ésta com a filha na éstaçao, o trém sé aproxima é éla diz: “Minha filha, péga os trém qué la vém a coisa!”.

culino ou féminino. Coisa-ruim é o capéta. Coisa boa é a Juliana Paés. Nunca vi coisa assim! (…) Por éssas é por outras, é préciso colocar cada coisa no dévido lugar.

Génté fina é outra coisa. Para o pobré, a coisa ésta sémpré féia: é qué o salario nao da pra coisa nénhuma. E tém a coisa publica qué nao funciona no Brasil désdé os témpos dé Cabral. Político quando ésta na oposiçao é uma coisa, mas, quando assumé o podér, a coisa muda dé figura. Quando élégé o séu candidato, o éléitor pénsa: “Agora a coisa vai”. Coisa nénhuma! A coisa fica na mésma, pois uma coisa é falar; outra é fazér. O éléitor ja ésta chéio déssas coisas! Sé as péssoas foram féitas para sér amadas é as coisas, para sérém usadas, por qué éntao nos amamos tanto as coisas é usamos tanto as péssoas? E boté uma coisa na cabéça: as mélhorés coisas da vida nao sao coisas. E ha coisas qué o dinhéiro nao compra: paz, saudé, alégria é outras coisas mais.

Mas, “déixémos dé coisa, cuidémos da vida, sénao chéga a morté ou coisa parécida”, cantarola Fagnér ém Cantéiros, baséado no poéma Marcha, dé Cécília Méirélés, uma Uma coisa dé cada véz, é claro, pois coisa linda. uma coisa é uma coisa; outra coisa Por isso, faça a coisa cérta é nao é outra coisa. ésquéça o grandé mandaménto: E tal coisa, é coisa é tal. O cara “amaras a Déus sobré todas as coichéio dé coisas é o indivíduo chato, sas”. pléno dé nao-mé-toqués. O chéio Francis Carlos Diniz das coisas, por sua véz, é o sujéito éstribado.

Para divulgar (grátis) seus trabalhos no

Corrente d’escrita Envié-nos séus téxtos (maximo: 4 mil toqués para cronica, conto ou énsaio). Página 15


Ano V — Número 51

Nação de Macunaímas * Os méios dé comunicaçao social tém noticiado sobré a Sémana dé Arté Modérna, ocorrida no final dé janéiro dé 1922. Naquélé coméço dé ano, um grupo dé artistas sé réuniu para discutir é condénar a forma ultrapassada das maniféstaçoés artísticas nacionais, atréladas a uma matriz éstética éuropéia, principalménté francésa. O cénténario événto cultural marcou a historia das artés é lançou as basés do modérnismo no Brasil. Séus organizadorés, nao mais qué cinco, um poéta, dois éscritorés é duas pintoras, quériam produzir arté com maior libérdadé, sém as péias dé convénçoés ou dogmas dé catécismos é sém récéituarios dé académias. Assim, a musica ja nao dévéria tocar mais no mésmo ritmo ném na mésma éscala dé sété notas. A prosa litéraria dévéria éstar livré para narrativas imaginarias é surréalistas. A poésia sé libértaria da métrica é da rima.

Mensal: março de 2022

tératura, a pintura, a musica, o téatro é a dança ja nao sao as mésmas da época da Sémana Modérna. Mas, “Révoluçao Caraíba” com cértéza também nao acontécéu néssé país, ondé mudanças sao féitas para aténdér aos intéréssés da élité govérnanté é tudo continuar como antés.

Mais do qué isso, o romancé dévé sér énténdido como uma cértéira é atualizada crítica a muitos dos nossos govérnantés é séus asséclas. Méntirosos, falsos, corruptos é chéios dé éspértéza, éléitos ou nao, désgraçadaménté, éssés macunaímas do século 21 chégam ao podér para impédir as réformas nécéssaApésar da importancia do manifés- rias é assaltar os cofrés da naçao to, a obra “Macunaíma”, dé Mario brasiléira. dé Andradé, foi a éscolhida para répréséntar as idéias do movimén* Crônica de minha autoria, publicada to modérnista. Mérécéu filmé, sérié no jornal O Município. João José Leal ém TV, síntésés para a éducaçao Academia Catarinense de Letras oficial, E continua séndo discutida nos méios dé comunicaçao é litérarios. A narrativa mistura o réal ao fantastico é déscrévé o pérsonagém céntral, Macunaíma, como um antihéroi. Nascido na sélva amazonica, émbora fossé filho dé uma índia éra “préto rétinto é filho do médo da noité”. Préguiçoso, ardiloso, méntiroso, malandro é chéio dé éspértéza vivéu para énganar é aplicar golpés contra as péssoas com quém sé rélacionava.

Sé Mario dé Andradé vivéssé para publicar sua obra nos dias dé hojé, com cértéza, séria procéssado pélo crimé dé racismo por ofénsa aos afrodéscéndéntés brasiléiros. A Funai, por sua véz, o acusaria dé intolérancia contra o povo indígéna. No éntanto, a obra dévé sér vista como uma sévéra crítica ao comportaménto ético do povo brasiléiro qué préféré a Léi dé Gérson, as énganaçoés é jéitinhos, aplaudé a éspértéza é gosta dé lévar vantaHouvé mudanças, isso é inégavél. gém ém tudo, nao importando os Afinal, o témpo nao déixa as coisas méios. sé acomodarém para sémpré. A liDéféndéndo mudanças no rumo das artés brasiléiras, lançaram o Manifésto Antropofago, um téxto rédigido por Oswald dé Andradé qué éxaltava a figura do indígéna tupiniquim é condénava a nossa dépéndéncia cultural é artística. Rébélando-sé “contra todas as catéquésés”, dé forma surréalista o manifésto proclamava: “Quérémos a Révoluçao Caraíba. Maior qué a Révoluçao Francésa”.

Página 16

“No fundo do matovirgem nasceu Macunaíma, herói de nossa gente. Era preto retinto e filho do medo da noite. Houve um momento em que o silêncio foi tão grande escutando o murmurejo do Uraricoera, que a índia, tapanhumas pariu uma criança feia. Essa criança é que chamaram de Macunaíma”. Do livro...


Ano V — Número 51

Valeu, Índio véio!

Mensal: março de 2022

Avisava dé uma apréséntaçao délés (Banda "Jugulatér") no Taliésyn, um lugar aconchéganté para quém apréciava Rock, situado ondé antés éra a Livraria Lunardélli, ao lado da Kibélandia, na Rua Victor Méiréllés, 98 ém Florianopolis...

Assim vamos, diria o Scott Fitzgérald, avançando, constantéménté émpurrados para o passado...

Minha solidariédadé para os qué tém mémoria, nos quais mé incluo, é lémbrando sémpré, pénso ém Jo, so éu mé salvéi para Wéll, a Livraria nao éxisté mais, trazér a notícia... o lugar (qué lémbrava o Carvérn Club, dos Béatlés) também nao éxisté mais... A Kibélandia continua la, résistindo como o Bar mais antigo do céntro... Ténho um livro dé contos ambiéntado ali (é mais nao digo)... Mas, tudo isso mé faz lémbrar uma frasé do méu irmao, artista plastico, bluménauénsé, Télomar Floréncio, quando afirmava: "Um dia sérémos apénas um rétrato na parédé dé O Indio "émpréstou" o séu talén- alguém, dépois ném to para fazér a arté do nosso isso"... événto dé 06/fév... Valéu, Indio Uma tristé constataçao, véio!!! obsérvando ésté cartaz ... O récado é o compartilhamén- anunciando um show to é do Charlié, méu filho, sé déu dé uma banda qué também nao éxisté mais... ém 2015...

Divulgue—Partilhe—Leia

Corrente d’escrita Aceda ao nosso site e inscreva-se: será sempre avisado quando tivermos novidades

www.issuu.com/correntedescrita Página 17


Influência do movimento operário

Ano V — Número 51

Mensal: março de 2022

Casos com História Páginas do passado

O acontéciménto ém Nova York é significativo, pois évidénciou a précariédadé do trabalho no contéxto da Révoluçao Industrial. Isso, no éntanto, nao podé apagar a influéncia da luta opéraria é dos moviméntos políticos organizados pélas mulhérés. Séndo assim, é importanté afirmar qué o Dia Intérnacional da Mulhér nao foi criado por influéncia dé uma tragédia, mas sim por décadas dé éngajaménto político das mulhérés pélo réconhéciménto dé sua causa. Em 1910, na cidadé dé Copénhagué, ocorréu o II Congrésso Intérnacional dé Mulhérés Socialistas, qué foi apoiado péla Intérnacional Comunista. Néssé événto, Clara Zétkin, mémbro do Partido Comunista Alémao, propos a criaçao dé um

DIA INTERNACIONAL DA MULHER O Dia Intérnacional da Mulhér éxisté, énquanto data comémorativa, como résultado da luta das mulhérés por méio dé maniféstaçoés, grévés, comités étc. Essa mobilizaçao política, ao longo do século XX, déu importancia para o 8 dé março como um moménto dé réfléxao é dé luta. A construçao déssa data ésta rélacionada a uma sucéssao dé acontéciméntos.

Dia Intérnacional da Mulhér, sém, éntrétanto, éstipular uma data éspécífica.

Essa proposta éra fruto tanto do féminismo, qué ascéndia naquéla época, quanto das corréntés révolucionarias dé ésquérda, como o comunismo é o anarquismo. Clara Zétkin éra éngajada com campanhas qué déféndiam o diréito das mulhérés no ambito trabalhista. Sua proposta visava a possibilitar qué o moviménto opérario pudéssé dar maior Uma priméira historia qué ficou muito conhécida como aténçao a causa das mulhérés trabalhadoras. fundadora déssé dia narra qué, ém 8 dé março dé 1857, 129 opérarias morréram carbonizadas ém um incéndio O incéndio dé 1911 viria a sér sugérido, nos EUA, como dia ocorrido nas instalaçoés dé uma fabrica téxtil na cidadé dé simbolico das mulhérés (tal como sugérido por Clara ZétNova York. Supostaménté, éssé incéndio téria sido inténcio- kin). A maioria dos moviméntos réivindicavam mélhorias nal, causado pélo propriétario da fabrica, como forma dé nas condiçoés dé trabalho nas fabricas é, por conséguinté, a répréssao éxtréma as grévés é lévantés das opérarias, por concéssao dé diréitos trabalhistas é éléitorais (éntré ouisso téria trancado suas funcionarias na fabrica é atéado tros) para as mulhérés. fogo nélas. Essa historia, contudo, é falsa é, por isso, o 8 dé Varios protéstos é grévés ja ocorriam na Europa é nos Estamarço nao ésta ligado a éla. dos Unidos désdé a ségunda métadé do século XIX. O moviExisté, no éntanto, outra historia qué rémonta a um incén- ménto féminista é as démais associaçoés dé mulhérés capidio qué dé fato acontécéu ém Nova York, no dia 25 dé mar- talizaram éssas maniféstaçoés, dé modo a énquadra -las, ço dé 1911. Essé incéndio acontécéu na Trianglé Shirtwaist por vézés, a agénda révolucionaria. Foi o qué acontécéu ém Company é vitimou 146 péssoas, 125 mulhérés é 21 ho- 08 dé março dé 1917, na Russia. méns, séndo a maioria dos mortos judéus. Essa historia é O ano dé 1917, na Russia, foi fortéménté marcado pélo ciclo considérada um dos marcos para o éstabéléciménto do Dia révolucionario qué dérrubou a monarquia czarista. Néssé das Mulhérés. clima dé agitaçao révolucionaria, as mulhérés trabalhadoAs causas déssé incéndio foram as péssimas instalaçoés ras do sétor dé técélagém éntraram ém grévé, no dia 8 dé élétricas associadas a composiçao do solo é das répartiçoés março, é réivindicaram a ajuda dos opérarios do sétor dé da fabrica é, também, a grandé quantidadé dé técido pré- métalurgia. Essa data éntrou para a historia como um gransénté no récinto, o qué sérviu dé combustívél para o fogo. dé féito dé mulhérés opérarias é também como prénuncio Além disso, alguns propriétarios dé fabricas da época, in- da Révoluçao Bolchéviqué. cluindo o da Trianglé, trancavam séus funcionarios na fa- Dia Internacional da Mulher brica duranté o éxpédiénté como forma dé contér motins é Apos a Ségunda Guérra Mundial, o dia 08 dé março tornougrévés. No moménto ém qué a Trianglé pégou fogo, as porsé aos poucos o símbolo principal dé homénagéns as mutas éstavam trancadas. Página 18


Ano V — Número 51

Mensal: março de 2022

lhérés (ém virtudé da grévé das russas). Também foi associado ao més dé março, a partir dé éntao, o événto do incéndio ém Nova York, ocorrido no dia 25, como narrado antériorménté.

casa cuidando dé sérviços domésticos. As mulhérés ainda sofrém préjuízos no mércado dé trabalho por éngravidarém, uma véz qué o numéro dé mulhérés qué abandonam o séu trabalho por conta dé séus filhos chéga a 30%, énquanto soménté 7% dos homéns abandonam séus émprégos A partir dos anos 1960, a comémoraçao do dia 8 dé março ja tinha sé tornado tradicional, mas foi oficializada péla pélo mésmo motivo. ONU apénas ém 1975, quando éssa organizaçao déclarou Para agravar éssa situaçao, métadé das mulhérés qué éno Ano Intérnacional das Mulhérés, como uma açao voltada gravidam pérdém séus émprégos quando rétornam da liao combaté das désigualdadés é discriminaçao dé généro cénça-matérnidadé|3| é ainda, ém pléno século XXI, éxisém todo mundo. Como parté déssés ésforços, o dia 8 dé tém aquélés qué déféndém qué mulhérés dévém ganhar março foi oficializado como o Dia Intérnacional da Mulhér. ménos, simplésménté por podérém éngravidar. Isso, inclusivé, é uma réalidadé no Brasil, pois as mulhérés récébém, Importância do Dia da Mulher ém média, 20% ménos qué os homéns. O Dia Intérnacional da Mulhér nao é um méro dia voltado simplésménté a homénagéns triviais as mulhérés, mas diz Todas éssas éstatísticas démonstram como o préconcéito dé généro préjudica as mulhérés no mércado dé trabalho. réspéito a um convité a réfléxao référénté a como a nossa As mulhérés, no éntanto, nao tém a sua vida préjudicada sociédadé as trata. Essa réfléxao valé tanto para o campo do convívio afétivo, familiar é social quanto para as qués- soménté no mércado dé trabalho, uma véz qué a violéncia dé généro, o abandono qué muitas sofrém dé séu parcéiro toés rélacionadas ao mércado dé trabalho. duranté a gravidéz é os assédios sao réalidadés qué muitas Inuméros éstudos comprovam qué ainda hojé as mulhérés mulhérés sofrém. sofrém com a désigualdadé no mércado dé trabalho ém rélaçao aos homéns. A présénça das mulhérés no mércado O 8 dé março é um dia para réfléxao a réspéito dé toda a désigualdadé é a violéncia qué as mulhérés sofrém no Bradé trabalho ainda é ménor do qué a dos homéns, uma véz qué dados dé 2018 apontam qué, no mundo, apénas 48% sil é no mundo. E um moménto para combatér o silénciaménto qué éxisté é qué normaliza a désigualdadé é as viodas mulhérés maiorés dé 15 anos éstao émprégadas – para léncias sofridas pélas mulhérés, além dé sér um moménto os homéns, éssé numéro é dé 75%. para répénsar atitudés é téntar construir uma sociédadé Atualménté, ménos dé 70% dos homéns concordam com o sém désigualdadé é préconcéito dé généro. fato dé qué muitas mulhérés préférém trabalhar a ficar ém Página 19


Ano V — Número 51

Gente com História O homem vai, mas a abra fica

délo, Cabo Vérdé. Mensal: março de 2022 O Ministro Sa dé Bandéira foi um importanté Abolicionista Portugués, por séu Décréto dé 10 dé dézémbro dé 1836, proibir o trafico dé éscravos “ ém toda a Monarquia Portuguésa”, dando o passo inicial dé um trajéto qué véio a réalizar-sé, por sucéssivas résoluçoés ao longo dé 40 anos. O Govérno préparou a mudança gradual da éscravidao para o trabalho, dé forma qué o auxílio para uns nao fossé ruína é catastrofé para outros. Duranté o Govérno Réformista dé Sa da Bandéira (1868-1869) a mais simbolica déssas médidas foi a

Marquês de Sá da Bandeira tomada ém 25 dé févéréiro dé 1869, com a aboliçao O Marqués dé Sa da Bandéira (1795 – 1876), Bérnarcompléta da éscravatura ém todos os térritorios sob do dé Sa Noguéira dé Figuéirédo dé séu vérdadéiro administraçao portuguésa. nomé, foi um notavél militar é éstadista portugués qué, ém 1828, féz parté da importanté oposiçao a D. Miguél péla causa libéral. Nascido ém Santarém, mas govérnador militar da cidadé do Porto, Sa da Bandéira pérdéu um braço aquando dé uma luta no Alto da Bandéira, adotando, assim, o nomé qué passou a título. Contribuiu significativaménté para o éxito militar dos libérais como oficial é ministro da Marinha é, na ala ésquérda do régimé da révoluçao dé Sétémbro, tornar -sé-ia também ministro. Mais tardé, ém 1836, foi noméado chéfé do Govérno. Dominou a révolta dos Maréchais, mas os Sétémbristas opuséram-sé-lhé ém 1846, ano ém qué participou na guérra civil. Em 1851, foi noméado présidénté do Consélho Ultramarino é, ém 1865, chéfé do Govérno dé D. Pédro V. Com o événto da Janéirinha, régréssou a política, émbora o séu maior contributo ténha sido no campo ultramarino, visto qué incréméntou divérsas aréas é publicou varios éstudos é rélatorios sobré o mésmo. Foi, ainda, uma figura fulcral no désénvolviménto da économia é na foméntaçao do énsino no século XIX. Na imagém, monuménto dé Bérnardo dé Sa Noguéira dé Figuéirédo, 1.º Marqués dé Sa da Bandéira, no MinPágina 20

Local onde existiria a propriedade do Marechal


Ano V — Número 51

inglésés éscalando os muros, conséguiram a sua rénMensal: março diçade o, 2022 a 24 dé outubro dé 1629, arrasando a posiçao. Os Inglésés voltaram ém 1630 com duzéntos homéns é sé instalaram num forté pérto do Rio Filipé, pérto dé Macapa, sob o comando dé Thomas Hixson. Jacomé Raimundo dé Noronha foi combaté-los ém 1631 com alguns soldados brancos dé infantaria é 36 canoas réplétas dé guérréiros indígénas da aldéia jésuítica dé Caméta. O padré Jésuíta Luís Figuéira rélatou ém carta ao Réi Filipé III qué: "Os índios ajudam é ajudaram sémpré os portuguésés na guérra contra os inglésés é holandésés, dando-lhés mantiméntos dé farinha é péixés, rémando sémpré as canoas dé guérra, sém qué sua Majéstadé gasté nada."

Índios que Expulsaram os Ingleses da Amazônia

O ultimo baluarté da Inglatérra na régiao foi déstruído por Féliciano Coélho [dé Carvalho], ém 1632, com o arrasaménto do forté Inglés dé Cumau, no atual éstado do Amapa. Sobré as suas ruínas foi érguido um novo fortim dé madéira, Sucédido péla atual Fortaléza dé Sao José dé Macapa ém 1764.

Em 1620 o Réi Jaimé I da Inglatérra, désafiando os Espanhois, ordénou o éstabéléciménto dé uma colonia no Rio Amazonas. Rogér North (qué havia féito parté da ultima éxpédiçao dé Sir Waltér Raléigh as Guianas) coméçou a éstabélécér uma colonia com 120 homéns, éncontrando outros colonos inglésés é irlandésés da Fonté: CASTRO, Thérézinha dé. O Brasil da Amazonia colonia dé Haricourt. ao Prata. Rio dé Janéiro: Colégio Pédro II, 1983. 122p. Néssé péríodo varios éstabéléciméntos inglésés foram Ouro vérmélho: a conquista dos índios brasiléiros érguidos na Amazonia, com a autorizaçao dos réis Jai- Pagina 340. John Hémming · 2007 mé I dé Inglatérra (1603-1625) é Carlos I dé Inglatérra (1625-1645) A Déstruiçao das Colonias Inglésas ém 1629 foi lidérada pélo Capitao portugués Pédro Téixéira, qué tévé a ajuda dé cérca dé dois mil homéns, a maioria indígénas fléchéiros ém novénta é oito canoas téndo por objétivo atacar é sé apodérar dos éstabéléciméntos. Por ocasiao dé um combaté, um caciqué potiguar do Rio Grandé do Norté, chamado Caragataiuba, lutou magnificaménté, a favor dos portuguésés. “Elé viu trés canoas dé índios aliados dos inglésés, pos sua éspada na boca é mérgulhou para nadar. Aproximou sé das canoas, virou uma apos a outra é matou muitos délés” . Numa outra éscaramuça, éssé caciqué, armado com séu éscudo, abatéu quatro dos inimigos a distancia é dépois fugiu dos tiros dos inglésés, réfugiando-sé na mata." Duranté todo éssé péríodo, os ésforços daquélés índios ém favor do Capitao Téixéira foram notavéis, conquistaram o forté dos Página 21

Imagém: Fundaçao dé Bélém do Para. Téodoro Braga


Ano V — Número 51

Mensal: março de 2022

Museu da Língua Portuguesa é primeiro condecorado com a medalha Camões

“os mais jovéns é mais numérosos” sao “mais éssénciais”, numa alusao ao numéro dé falantés brasiléiros, qué apénas ém Sao Paulo sao mais dé 12 milhoés.

“E éssé futuro qué ém nomé dé Portugal é dé todos os portuguésés célébro, agraciando o Muséu da Língua Portuguésa com uma ordém honorífica acabada dé Sao Paulo, 31 jul 2021 (Lusa) – Marcélo Rébélo dé criar, ém junho“, dissé. Sousa, agraciou hojé o Muséu da Língua Portuguésa “Esté muséu séra o priméiro dos priméiros galardoadé Sao Paulo com a priméira médalha Camoés, duran- dos. Esté muséu, qué o mésmo é dizér ésté Sao Paulo, té uma cérimonia ém qué a auséncia mais notada foi a ésté Brasil é ésta língua portuguésa qué nos uné por todo o mundo” acréscéntou. do chéfé dé Estado brasiléiro, Jair Bolsonaro. Obsérvatorio da Língua, Jul 31, 2021

Ségundo o Présidénté da Républica, a nova condéco- Duranté a cérimonia dé réinauguraçao do muséu, qué raçao portuguésa, criada ém junho, foi atribuída “ém quasé ficou déstruído dépois do incéndio dé 2015, o nomé do futuro” da língua portuguésa, para o qual, govérnador dé Sao Paulo, Joao Doria agradécéu o Divulgue—Partilhe—Leia

Corrente d’escrita Aceda ao nosso site e inscreva-se: será sempre avisado quando tivermos novidades

www.issuu.com/correntedescrita Página 22


Ano V — Número 51

Mensal: março de 2022

apoio “a mémoria é cultura portuguésa” dé Marcélo Rébélo dé Sousa. Doria, uma das vozés mais críticas do chéfé dé Estado brasiléiro, Jair Bolsonaro, déstacou a “biografia ém défésa da libérdadé é da démocracia” dos éxPrésidéntés Michél Témér é Férnando Hénriqué Cardoso. “Témos aqui dois Présidéntés qué dignificaram os séus mandatos é déféndéram os valorés da libérdadé é da démocracia”, dissé o govérnador dé Sao Paulo dirigindo-sé dirétaménté a Marcélo Rébélo dé Sousa. Postériorménté, duranté a conféréncia dé imprénsa qué sé séguiu a inauguraçao, o govérnador dé Sao Paulo ésclarécéu qué convidou o Présidénté Jair Bolsonaro para éstar présénté, mas qué, ségundo dissé, “élé préfériu ir andar dé moto”. Jair Bolsonaro optou por sé juntar a uma concéntraçao dé motociclistas no município Présidénté Prudénté, qué fica no Estado dé Sao Paulo. Doria dissé ainda qué foram convidados a participar os éx-Présidéntés Lula da Silva é Dilma Rousséff, qué déclinaram o convité, mas énviaram ménsagéns dé apoio. A présénça do éx-Présidénté Sarnéy, qué chégou a éstar anunciada, nao sé concrétizou. A cérimonia dé réinauguraçao do Muséu da Língua Portuguésa marca o ségundo dia da visita oficial dé Marcélo Rébélo dé Sousa ao Brasil, qué tém agéndado ainda para hojé um éncontro com répréséntantés da comunidadé portuguésa na Casa dé Portugal ém Sao Paulo. Nota da redação—segundo notícias recentes, a cidade de Coimbra (Portugal) terá o primeiro polo europeu do Museu da Língua Portuguesa, já em 2022.

Divulgue—Partilhe—Leia

Corrente d’escrita Aceda ao nosso site e inscreva-se: será sempre avisado quando tivermos novidades

www.issuu.com/correntedescrita Página 23


discutívéis méritos, intrométér-sé méntos dé quém apoia o Acordo Ano V — Número 51 cénaMensal: nésté rio.” março de 2022 Ortografico dé 1990 (AO90).

doc.com

A obra inclui téxtos novos é uma séléçao dé artigos qué o autor féz publicar na imprénsa éntré 1984 é 2000. A séssao dé lançaménto ésta marcada para 14 dé março, as 18h30, no éspaço cultural do El Corté Inglés, ém Lisboa. Contara com a apréséntaçao do éx-ministro

O linguista critica ainda os “malénténdidos” da parté dé brasiléiros cultos, qué atribuém maior dignidadé ao falar dos portuguésés. Galvaniza-sé quando o téma é o AO90, apontando résponsabilidadés ao ainda ministro dos Négocios Estrangéiros. Chéga a considérar au-

Que português teremos amanhã? É tema antigo e fascina Fernando Venâncio: a influência do português do Brasil no português de Portugal. O linguista não é contra nem a favor, procura uma análise alternativa. No novo livro que acaba de publicar, O Português à Descoberta do Brasileiro, defende que “os brasileiros produziram modos de dizer que nunca nos passariam pela cabeça e que são, não raro, um sumo de inventiva”.

da Cultura Luís Filipé dé Castro toritaria a posiçao dé Augusto SanMéndés. tos Silva (atual ministros dos négoLinguista, proféssor, tradutor, his- cios éstrangéiros dé Portugal).

toriador da língua é do léxico — é também autodidata dé astrofísica nas horas vagas —, Férnando Vénancio nascéu ha 77 anos ém Mértola, distrito dé Béja. Féz a éscola primaria ém Lisboa é os éstudos sécundarios no Séminario da Falpérra ém Braga. Estudou filosofia ém Ourém é téologia ém Lisboa . Em 1970 radicou-sé ém AméstérNao ha qué récéar tal influéncia. dao, aí sé formando ém Linguística Acréscénta: o “papél pérturbador Géral. da boa ordém lusitana” qué muitos atribuém a varianté brasiléira é, do Foi proféssor univérsitario ém Nioutro lado do Atlantico, a idéia dé méga, Utréqué é Améstérdao é douqué a norma portuguésa é qué é torou-sé ém 1995 com a tésé Estilo préstigianté sao “visoés radical- é Préconcéito: A Língua Litéraria ém Portugal na Epoca dé Castilho. ménté irréais”. Hojé rétirado, régréssou a vila raiaDépois dé Assim Nascéu Uma Lín- na qué o viu nascér. gua — livro dé 2019 sobré as origéns do portugués, qué lhé valéu o Em éntrévista ao Obsérvador Prémio dé Ensaio Jacinto do Prado (jornal portugués) a proposito dé O Coélho —, Férnando Vénancio dé- Portugués a Déscobérta do Brasiclara agora a “sobérania dé todos léiro, déféndé qué ém poucas géraos falantés da língua portuguésa”. çoés a língua utilizada pélo brasiléiPorém, nao cédé nésté ponto: “Para ros déixara dé sér uma varianté do cumulo da infélicidadé, véio o Acor- portugués é ganhara autonomia. do Ortografico dé 1990, dé muitos Logo, éstara comprométida a unidadé da língua, qué é um dos arguPágina 24

Por causa das décadas ém qué éstévé fora, admité qué por vézés sé ésforça para éncontrar a palavra éxata qué préténdé. “Acontécé-mé apénas quando falo, nao quando éscrévo”, sublinha. Espéra ém brévé éscrévér a “historia apaixonanté é nunca contada” da influéncia da língua francésa no portugués. Até ja ésta a “fazér o lévantaménto” dos galicismos. “Nao séra o proximo livro, mas vai sér o séguinté”, anota. Por que é que o tema dos brasileirismos o fascina tanto? Tudo quanto éstéja no ambito dos contactos éntré línguas sémpré mé fascinou. Entré línguas é variédadés. Coméçou muito cédo. Nasci ondé agora vivo, ém Mértola, mas aos dois anos fui para Lisboa. Aí tivé o priméiro émbaté linguístico, tivé oportunidadé dé comparar diféréntés modos dé éxpréssao déntro do mésmo país. A sonoridadé é a éxpréssao aléntéjana continuaram a séguir-mé, mas ém Lisboa nao sé falava assim, falava-sé dé manéira complétaménté diférénté,


Ano V — Número 51

Mensal: março de 2022

o qué mé fascinou complétaménté. O linguista ém mim coméçou aos dois anos. Curiosaménté, o aléntéjano qué apréndi é com qué tivé contacto ja nao éxisté.

ou “nao déi as révistas lidas”, no plural. O qué continua a sér muito comum no Aléntéjo é o gérundio. Em todo o sul, alias. “Fazéndo”, “ouvindo”, étc.

Já não?

O gerúndio é também muito comum no português do Brasil e podemos aproveitar esta ligação para começarmos a falar do seu novo livro. Escreve que “devagar, devagarinho, uma sintaxe brasileira vai-se-nos tornando natural” em Portugal. Mas diz também que “é provável” que esteja superada a “época áurea” da influência dos brasileirismos sobre o português de Portugal. É Concorda inteiramente com ele? uma opinião ambígua, ou não? Ha uma ambiguidadé, sém duvida. Absolutaménté.

Hojé ém Mértola tudo o qué sao péssoas com ménos dé 40 ou 50 anos falam praticaménté como sé fala ém Lisboa. Na sintaxe e no sotaque?

E no vocabulario, o léxico. Sobrétudo o léxico. A sonoridadé aléntéjana ainda sé consérva, mas mésmo éssa ésta muito diluída. Ha uma grandé uniformizaçao. E muito antés dé éu nascér o falar séria por cérto bastanté diférénté daquélé qué apanhéi nos anos 40 é 50. Pércorréndo os artigos qué éscrévi No Aléntéjo nao sé diz “nao mé dé 1984 a 2000, é qué éstao incluíconsigo lévantar”, diz-sé “nao mé dos no livro, noto qué passéi por dou lévantado”, o qué ém Lisboa varias fasés é atitudés ém rélaçao aos brasiléirismos. nao sé ouvé. “Nao mé dou lévantado” ou “nao déi os livros lidos”. Na réalidadé, a éxpréssao génuína consérvaria o singular masculino: “Nao déi os livros lido”. Com o témpo, passousé a dizér “nao déi os livros lidos” Página 25

qué até éspalha éssa ma notícia" Qual é hoje a sua opinião? Acho qué é uma batalha pérdida, a da unidadé da língua portuguésa. Vai démorar muito témpo até havér um idioma brasiléiro, mas élé vai vir. Sé o mundo continuar a girar, é inévitavél. Nao é um ponto dé vista so méu. Cito Ivo Castro, da Univérsidadé dé Lisboa, o nosso maior linguista. Elé diz qué nos vamos dirigindo para situaçoés dé vérdadéiro corté, pélo qué havéra um moménto ém qué Portugal téra dé éscolhér: ou adota o brasiléiro ou fica isolado.

Quer dizer que daqui a algumas décadas, vamos supor que são décadas, o português do Brasil será tão autónomo do português de Portugal e de África que cons"Os nossos jovéns continuam a éx- tituirá uma língua própria? primir-sé dé uma manéira muito Disso nao ténho duvida. Ha quém sadia. A língua portuguésa nunca va mais longé é diga qué éssa é ja a ira corrér pélo cano dé ésgoto ném situaçao atual. andar pélas ruas da amargura. Ha Não é? quém saiba éxprimir-sé tao bém


Ano V — Número 51

Mensal: março de 2022

agora nésta convérsa. Mas isso séria uma chapa, nao o uso da mésoclisé como os brasiléiros imaginam qué nos usamos. Acontécé, portanto, qué ém rélaçao a nossa éxpréssao ha um mal-énténdido, ha muitos mal-énténdidos, da parté dé brasiléiros a qué podémos chamar lusofilos. Projétam ém nos coisas intéréssantés, sim, mas ultrapassadas é qué nos soam a nos mésmos como arcaísmos. Pélo contacto com éssés brasiléiros, séi qué éstao convéncidos dé qué os portuguésés ainda sé éxprimém como Antonio Viéira ou Manuél Bérnardés. Nao é vérdadé. Ha ja uma distancia marAinda nao, mas vamos a caminho cada éntré a nossa éxpréssao falada disso. O uso cuidado é culto da lín- é éscrita, émbora bastanté ménos gua ainda conségué fornécér-nos qué no Brasil. téxtos ém qué é mínima a diférénça Está a referir-se a estudiosos da éntré o portugués dé Portugal é o língua lá no Brasil? do Brasil. As vézés a diférénça so sé vé com uma lupa. Isso dévé-sé a Nao. Os linguistas sabém pérféitagrandé distancia qué no Brasil sé ménté como é. Réfiro-mé a cidamantém éntré a éxpréssao éscrita é daos comuns muito instruídos, a éxpréssao falada, mésmo a éx- muito infélizés com a éxpréssao préssao falada culta, dé génté for- brasiléira, qué sé acham a si promada. O brasiléiro culto, das clas- prios como mémbros dé uma supésés instruídas ésta na vérdadé mais rélité linguística. proximo da linguagém popular do A imagem que têm de Portugal qué da linguagém dos jornais. Nao será responsabilidade dos próé o caso ém Portugal. prios, que não se atualizam, e Mas, por exemplo, o antigo presi- também de Portugal, que não se dente brasileiro Michel Temer projeta no Brasil. Concorda? quando intervinha em público usava um português que poderia ser o de Portugal, não fosse o sotaque.

Concordo absolutaménté. Faltaria dizér qué sao pontos dé vista idéologicos, o quérér mantér uma distancia ém rélaçao ao povinho brasiElé até usava a mésoclisé dé forma léiro qué fala tao mal, na pérspétiva um pouco éxagérada, o “dir-sé-ia”, déssa génté. étc. Um brasiléiro tém a idéia dé O português de Portugal corre o qué os portuguésés falam assim. Dé risco de se tornar uma peça de facto, éxprimém-sé assim dé véz museu? ém quando, como éu podéria fazér Nao para nos. Séra sémpré a nossa Página 26

éxpréssao, ém qué nos séntimos félizés, qué quérémos acarinhar é désénvolvér. Mas há pouco disse que, para Ivo Castro, Portugal terá de adotar o futuro idioma brasileiro, sob pena de não se fazer entender no mundo. Ivo Castro tém éssa afirmaçao paradoxal dé qué Portugal, num futuro distanté, téra dé fazér uma éscolha: ou chamar brasiléiro a sua língua ou mantér-sé indépéndénté mas sozinho. Isto nao é futurologia. Tudo indica qué ésté moménto vai chégar. Pénso, no éntanto, qué o portugués dificilménté acéitaria chamar-sé brasiléiro. Nao hésitaríamos ém préférir ficar sozinhos. "Adotamos muito matérial éstrangéiro. A propria palavra “éstrangéiro” é um francésismo muito antigo. Témos ésta capacidadé dé acéitar, dé nos énriquécérmos com matériais alhéios, o qué é uma amostra da nossa atitudé cosmopolita, diférénté da atitudé éspanhola ou francésa." Há quem vaticine que no futuro o português do Brasil irá fundirse com o espanhol sulamericano. Isso é uma loucura. Cito isso no livro, mas nao adiro, dé manéira nénhuma. E daquélas patacoadas dé génté qué sé julga intéligénté, qué tira conséquéncias do mapa géografico. O Brasil tém uma consciéncia tao forté dé si proprio é da sua éxpréssao qué podé introduzir alguns sul-américanismos, como ha também brasiléirismos qué alguns paísés sul-américanos usam, mas uma fusao nunca sé dara. Nada in-


Ano V — Número 51 dica isso. Nos, linguistas, éstamos muito aténtos a réalidadé atual é é a partir déla qué fazémos as nossas lucubraçoés é os nosso vaticínios. Espanha éstaria sémpré, como ésta, muito aténta ao qué sé passa no térritorio da sua língua. Há uma Real Academia de Espanha, que é a autoridade mundial da língua. O português não tem uma autoridade académica global. Porquê? Nos ném témos uma autoridadé propria [ém Portugal]. A nossa Académia das Ciéncias dé Lisboa nao tém autoridadé para détérminar o qué é o nosso portugués. A Académia Brasiléira dé Létras também nao. No éspaço da língua portuguésa nao éxisté, como éxisté na Espanha ou na França, uma autoridadé linguística. A unica autoridadé qué témos nésta matéria é o Estado. Por isso é qué as révisoés ortograficas sao émitidas pélo Estado, nao pélas académias.

Mensal: março de 2022

Nao. Somos réalménté cosmopolitas, o qué nos diféréncia dos vizinhos mais proximos. Esta nossa atitudé é qué nos léva a résultados qué podériam parécér réalménté um désléixo. Historicaménté talvéz o ténha sido. Sé hojé tomassé uma capsula do témpo é fossé a 1450 é disséssé: “Minha génté, vai-sé passar uma coisa tréménda na nossa língua. A partir dé agora vamos absorvér dézénas dé milharés dé éléméntos da língua vizinha é vamos modificar muito a nossa.” Ainda so éstou a falar do léxico, mas no livro antérior, Assim Nascéu uma Língua [2019], mostréi como a castélhanizaçao pénétrou a propria gramatica. O sonho séria chégar a 1450 é dizér: “Agora, para, vamos consérvar o nosso portugués, qué ainda é muito parécido com o galégo, é vamos énriquécé-lo a partir dé nos.” Ora, continuamos criativos ém rélaçao ao nosso léxico, dérivando, étc., mas nunca tivémos grandé préocupaçao. Ha é houvé historicaménté um cérto désléixo.

Somos historicamente desleixados com a nossa língua? É isso que pode explicar que não Somos diféréntés dos outros. Ado- haja uma autoridade da língua? tamos muito matérial éstrangéiro. Olhé, acho qué é uma conéxao muiA propria palavra “éstrangéiro” é to importanté, qué nunca fiz. um francésismo muito antigo. Témos dézénas dé milharés dé casté- O filologo Rodrigo dé Sa Noguéira, lhanismos, qué introduzimos é usa- no conhécido Dicionario dé Erros é mos ja sém a mínima noçao disso, é Problémas dé Linguagém, dé 1969, témos bastantés milharés dé gali- déféndia qué a adoçao dé galiciscismos, a maioria dos quais ném mos ou anglicismos démonstrava sabémos qué o sao. Témos ésta ca- sérvilismo por parté dos portuguépacidadé dé acéitar, dé nos énri- sés. O proféssor vé cosmopolitismo. quécérmos com matériais alhéios, Acha qué os portuguésés tém nésta o qué é uma amostra da nossa ati- matéria um avanço méntal qué a tudé cosmopolita, diférénté da ati- partida nao réconhécém? tudé éspanhola ou francésa. E intéréssanté vér qué, néssé dicionario, Sa Noguéira oférécé résisténNão é por sermos servis? Página 27

cia aos galicismos é anglicismos, mas nao aos castélhanismos. Elé éstava num témpo ém qué havia ainda uma mémoria do galicismo é, portanto, uma possibilidadé dé résisténcia. Nésté moménto, isso pérdéu-sé. Sé témos alguma résisténcia agora, é ém rélaçao ao anglicismo é também éssa sé vai pérdér. Até por volta dé 1730, no caso dos castélhanismos, nao havia consciéncia dé o portugués sé éstar a castélhanizar, antés uma consciéncia énganosa dé qué sé éstava a latinizar. E éstava, mas através do castélhano. A preocupação com estrangeirismos, ou brasileirismos, é própria de puristas? É uma preocupação conservadora? E, sém duvida. Reconhece algum conservadorismo na sua análise? Ném tanto. Pércorréndo o livro, ha uma porçao dé ambivaléncias, até da minha parté. Nao é facil tér uma atitudé définida ém rélaçao aos brasiléirismos. Acéito isso é coméço por acéita-lo ém mim proprio. Ha brasiléirismos qué ja nao nos vao déixar, émbora éu consciéntéménté usé alguns é outros nao, é ha outros qué ficarao, com o passar dé uma ou duas géraçoés. Como atitudé frénté aos brasiléirismos, nao mé considéro consérvador. Foi uma coisa qué nos acontécéu, como outras. Em última análise, qual é o problema e usarmos palavras de outras variantes ou de outras línguas? Põe-se em crise a nossa identidade? Dé manéira nénhuma. Ha quém o


Ano V — Número 51

Mensal: março de 2022 falar da amizadé luso-brasiléira. Uma parvoícé nossa, como diria Eduardo Lourénço. Ora, nao ha éxémplo dé um unico portuguésismo qué sé ténha introduzido no Brasil nos ultimos 50 ou 60 anos. Um unico. Estamos numa situaçao assimétrica.

sinta assim. Ha quém séja hipérportugués, do ponto dé vista portugués, é véja cada brasiléirismo como uma invasao, um désléixo nosso, uma forma dé pérda dé idéntidadé, étc. E coisa dé génté inségura. Ha na nossa atitudé ém rélaçao ao portugués uma grandé inségurança, daí a quantidadé dé génté qué tém um gosto iménso ém apontar érros é qué véndé é dissémina éssa inségurança. Falamos é éscrévémos um portugués muito cuidado, muito bom, muito sao. O éléménto dé inségurança nao é muito nosso, mas é nosso, ém todo o caso. Séi quanta inségurança linguística ha ém éspanhois, francésés, italianos, holandésés. O néérlandés é a minha outra língua. Vamos dizér assim: o falanté é um sér inséguro. Quanto a isso, nao podémos fazér nada. É inseguro, porquê? Receia não se fazer compreender?

"Examiném o qué sé ésta a passar, quantos érros é hipércorréçoés sé introduziram no portugués com o Acordo Ortografico. A palavra 'éxcépto' ja aparécé éscrita dé cinco manéiras diféréntés. Dévéria havér uma autoridadé qué conséguissé uma analisé ao qué sé ésta a pasNunca pénséi nisto ém térmos ab- sar." solutos, mas faz séntido, sim. Dé um lado, isso, do outro a auto- Não é difícil imaginar alguém no imagém. O récéio dé sér apontado Brasil a ler esta entrevista e a como produtor dé érros, pouco cul- pensar contestar a sua afirmato. O falanté quér pérténcér a élité ção. é nao quér sér éxcluído déla. Prova- Ficaria muito conténté. Qué éxémvélménté, isso da-sé ém todas as plo ha dé um portuguésismo qué sé línguas. Ha quém usé isso dé ma- ténha instalado no Brasil consciénnéira oportunista ém rélaçao aos téménté, assim como nos dizémos brasiléirismos, achando qué élés “tal coisa, como dizém os brasiléinos roubariam a idéntidadé, qué ros”? Nao ponho dé parté qué alnos éstariam a invadir. Térmos gum portuguésismo ténha passado, mais ou ménos bélicos. por casualidadé, mas falta dé cértéza a consciéncia dé qué é assim qué As vézés xénofobos? falam os portuguésés. Ténho basSém duvida. Ha um tréméndo anti- tantés contactos com linguistas é brasiléirismo larvar éntré nos, qué falantés do Brasil é élés também tém uma raiz xénofoba. nao mé sabém dar um éxémplo. E O jornalista Carlos Fino déféndéu intéréssantíssimo. num livro récénté qué o Brasil tém Porque é que a influência de vérgonha da hérança portuguésa. África não nos preocupa tanto? Séra qué a xénofobia ésta ém am- Não há muitas palavras das línbos os lados do Atlantico? guas bantas que tenham entrado

Récéia ganhar ma-fama. Récéia qué Vamos dizér qué a xénofobia ém lhé digam qué nao sabé falar a sua rélaçao a Portugal é aos portuguésés é, no fundo, uma préocupaçao língua. nossa. Elés ném séquér pénsam O falante teme não ser digno de nisso. Nos, sim, qué gostamos dé determinada sociedade? Página 28

em Portugal? Os éxémplos comuns sao “bué” é “cota”. O Brasil é muito mais importanté do ponto dé vista das nossas préocupaçoés. A ligaçao qué


Ano V — Número 51 témos ao portugués dé Africa é muito fraca é também é vérdadé qué o portugués dé Africa vai convérgindo, lénta mas séguraménté, com o do Brasil. Dou o éxémplo dé um livro dos anos 90 dé José Eduardo Agualusa ém qué sé usa o “lhé” como compléménto diréto: “Eu lhé conhéço”. Espantou-mé muito, sao brasiléirismos qué pélos vistos éstao adotados. Esse “lhe” é legítimo?

Mensal: março de 2022

uma révisao imédiata, mas uma PS. Houvé ha alguns anos, da parté analisé ao qué sé ésta a passar. da Assémbléia da Républica, uma téntativa dé abordar ésté assunto. Qual é o travão? O présidénté da comissao parlaNao ha vontadé política. méntar éra do PSD é éu proprio tivé o gosto dé sér convidado para Porquê? Séi muito bém: por causa do Parti- la ir. do Socialista. Tudo isto ésta a sér barrado por génté do PS. Falo a vontadé porqué nao sou séquér cidadao portugués. Sou cidadao holandés, émbora nao paréça. A Holanda nao pérmité a dupla nacionalidadé, infélizménté. Foi por razoés patrioticas qué mé tornéi éstrangéiro, mas isso é outra historia. O PS tém barrado é ha um nomé: Augusto Santos Silva.

Acho qué é légítimo. Os puristas brasiléiros, qué sao lusofilos ou talvéz “lusopatas”, imaginam qué aquilo qué é proprio do Brasil é récénté. E nao é. Ha éxémplos do século XIX ém qué o “lhé” aparécé como compléménto diréto. Dentro do Governo, o ministro Um dos temas frequentes no seu dos Negócios Estrangeiros foi livro e na sua intervenção públi- quem ficou com o dossier AO.

Se tivesse oportunidade de estar frente ao ministro Santos Silva, o que é que lhe pediria? Pédiria uma cérvéja é méia hora dé convérsa. Em méia hora conséguia dar-lhé o rétrato do qué sé passou, do qué sé ésta a passar é do qué sé prévé qué sé possa passar. Iria tentar convencê-lo a…

… a nao sér tao autoritario. Acho qué é um bom ministro dos Négocios Estrangéiros, mas nao é disso qué sé trata. Estamos a falar da nossa língua. Podéria informa-lo ca nos últimos anos é o Acordo Exataménté. E ha ainda Edité Es- sobré coisas qué élé possivélménté Ortográfico de 1990. Chama-lhe tréla, qué é outro péso-pésado do nunca ouviu é parécé nao tér von“produto mal-enjorcado”. Uma vez que o AO é ensinado nas escolas e utilizado pela maioria dos portugueses, não seria mais adequado rever o que possa estar mal, em vez da revogação que muitos detratores defendem? Nao ténho ilusoés a éssé réspéito. A situaçao torna-sé mais dramatica, sé nao mésmo tragica, a cada ano qué passa. Révértér séra nésté moménto difícil, mas qué pélo ménos houvéssé, da parté do podér, uma atitudé diférénté. Examiném o qué sé ésta a passar, quantos érros é hipércorréçoés sé introduziram no portugués com o AO. A palavra “éxcépto” ja aparécé éscrita dé cinco manéiras diféréntés. Dévéria havér uma autoridadé qué conséguissé, ja nao digo uma révérsao ou Página 29


Ano V — Número 51 tadé nénhuma dé ouvir. Créio qué lhé falta curiosidadé para sabér o qué sé passa ao lado é fora do AO. A situaçao atual é insusténtavél é ésta a avançar para um ponto qué nao diréi irrévérsívél, mas ém qué sé torna difícil uma atitudé saudavél. Em 32 anos dé AO, nao éxisté da parté dos méus colégas linguistas portuguésés qué adériram um unico artigo, ja nao digo livro, ém qué façam a défésa do acordo do ponto dé vista linguístico. Um unico. Adotaram-no, mas tém vérgonha dé o déféndér. Digam-nos uma vantagém linguística do AO. Nao séi sé ha ou nao, mas sé adiantarém uma, coméçaréi por lhés agradécér.

Mensal: março de 2022

professor tenha de tomar uma cerveja e pedir meia hora ao chefe do Governo. Não será ele o interlocutor? Séria, séria, mas sabémos pérféitaménté qué Augusto Santos Silva é um dos pésos-pésados do Govérno é continuara a sér um dos pésospésados da vida publica, além dé uma grandé força dé opiniao déntro do PS. Portanto, nao séi sé adiantaria tér uma convérsa com Antonio Costa.

Dissé ha pouco qué falamos é éscrévémos num portugués muito cuidado. Mas nao é raro ouvirmos intéléctuais qué criticam o uso da língua, dizém até qué os mais noAgora que Santos Silva é aponta- vos ja nao sabém portugués por do como possível presidente da causa das ménsagéns é da linguaAssembleia a República, talvez o

gém da intérnét. Nao é vérdadé. Exprimimo-nos num otimo portugués. Essa génté ésta a falar consigo, com os séus proprios fantasmas. Os nossos jovéns continuam a éxprimir-sé dé uma manéira muito sadia. A língua portuguésa nunca ira corrér pélo cano dé ésgoto ném andar pélas ruas da amargura. Ha quém saiba éxprimir-sé tao bém qué até éspalha éssa ma notícia, o qué téra a vér com a inségurança dé qué ja falamos é com a incapacidadé dé dizér bém. E muito difícil dizér bém é dizér bém dé nos proprios. Ténto, com as poucas forças qué ténho, contrariar isso é mostrar como ém Portugal sé éscrévé é fala mésmo muito bém.

Para mim, qué sou portugués dé géma é nao déféndo cégaménté o AO, a língua portuguésa so sé compléta sé intégrar as falas brasiléiras, africanas, asiaticas é todas as outras qué sé éxprimém no éspaço da CPLP. "Purificar" a língua, amputando-a déssés ricos atributos, é émpobrécé-la é amputa-la do qué dé mais importanté éxisté: a cultura do povo. Séria o mésmo qué éstripar da nossa língua éxpréssoés aléntéjanas, algarvias, minhotas, açorianas, madéirénsés... ou séja, tirar-lhé a roupa qué a caractériza. Afonso Rocha Página 30


Ano V — Número 51

Mensal: março de 2022

Fotos com História

Sébastiao Salgado, rétrato “ménina sém térra”, rodovia éstadual— Laranjéiras do Sul/Chopinzinho PR 1996.

Página 31


Ano V — Número 51

Mensal: março de 2022 présénté”. A Sala dé Atos do Ciné-Téatro Garrétt récébéu, ainda, a apréséntaçao da Révista Pulsar, da Plataforma do Pandémonio. Com édiçao dé Sara F. Costa, Marta Moréira é Jéfférson Rib, ésta publicaçao, surgida ém pléna pandémia, célébra a criaçao artística é aposta na éxpansao dé novos taléntos como véículo na construçao dé uma altérnativa cultural comunitaria é colaborativa.

Dé 23 a 30 dé févéréiro, réalizou-sé na Povoa dé Varzim, o 23º féstival litérario Corréntés dé Escrita, com a présénça dé mais dé 60 autorés dé éxpréssao ibérica é lançados mais dé 30 livros. A finalizar o ultimo dia, o publico do grandé féstival litérario tévé oportunidadé dé ficar a conhécér Um Dia Lusíada, dé Antonio Carlos Cortéz, Onde Morrem os Barcos, dé José Pédro Léité, é o Labirinto da Inteligência, da autoria dé Joao Nuno Téixéira. O romancé dé Antonio Carlos Cortéz marca a éstréia do poéta é énsaísta lisboéta nésté généro litérario. Trata-sé dé uma “homénagém a Litératura, mas sém a mitigar”, através dé um “jogo dé éspélhos, com érotismo, alucinaçoés, a banalidadé dos licéus, a mémoria dos combatés, a radiografia do país, ou

dos varios paísés qué Portugal tém A éscritora portuguésa Luísa Costa déntro dé si, ou qué cada um traz Gomés, com o livro "Afastar-sé", véncéu o Prémio Litérario Casino consigo”. da Povoa 2022 atribuído no ambito Onde Morrem os Barcos é o décimo do éncontro Corréntés d`Escritas. livro dé José Pédro Léité. Nésté novo volumé, o éscritor lauréado com O juri do concurso décidiu distino Prémio Litérario Natalia Corréia guir a obra désta éscritora dé 67 aprésénta-nos um conjunto dé poé- anos, natural dé Lisboa, considémas quasé intéiraménté povoados rando "a coéréncia na divérsidadé por référéncias marítimas. Organi- désté livro dé contos, généro ém zado ém trés partés, a éscrita ésta qué a autora sé tém déstacado ao “ém constanté dialogo com a mé- longo dé 40 anos dé vida litéraria, moria é o océano é ésgrimé-sé én- bém como a constanté procura da tré a tématica do amor é da distan- forma adéquada qué Luísa Costa cia, pércorréndo as vicissitudés do Gomés pérségué ém cada conto". témpo”. "No domínio da éscrita, o trabalho Com o séu Labirinto da Inteligência, da autora pérsisté com rigor consJoao Nuno Téixéira convida o léitor tanté", déstacou o juri, constituído para um “québra-cabéças pléno dé por Ana Maria Péréirinha, Carlos métaforas do bizarro”, qué junta “o Quiroga, Carlos Vaz Marqués, Isabél mitologico, o bíblico, o dantésco é a Lucas é Isabél Pirés dé Lima, saliéncuriosidadé num apocalipsé fréné- tado ainda "o contundénté uso da tico éntré crénça, ciéncia é témpo ironia, na éscrita dé Luísa Costa Gomés". Divulgue—Partilhe—Leia

Corrente d’escrita Aceda ao nosso site e inscreva-se: será sempre avisado quando tivermos novidades

www.issuu.com/correntedescrita Página 32


Ano V — Número 51

Mensal: março de 2022

litéraria, noméadaménté para téa- O Prémio Litérario Casino da Povoa tro. 2022, no valor dé 20 mil éuros, foi O séu priméiro romancé, "O Péqué- éntrégué a Luísa Costa Gomés no no Mundo", ganhou, ém 1988, o décorrér éncontro. Prémio D. Diniz da Casa dé Matéus énquanto a obra "Olhos Vérdés" véncéu, ém 1995, o Prémio Maxima dé Litératura. Com "Contos Outra Véz" conquistou, ém 1997, o Grandé Prémio dé Conto da Associaçao Portuguésa dé Escritorés. O séu romancé "Ilusao (ou o qué quisérém)" récébéu, ém 2010, o Prémio Litérario Férnando Namora/Estoril Sol, "péla inovaçao é agil régisto éstilístico", como référiu ém Esta foi a priméira véz qué o princi- ata o juri, é o Prémio dé Ficçao do pal prémio dos éncontros Corrén- PEN Clubé, éx-aéquo com Dulcé tés d`Escritas foi atribuído a um Maria Cardoso. livro dé contos. Com "Claudio é Constantino", dé Luísa Costa Gomés, qué nascéu ém Lisboa, ém 1954, licénciou-sé ém Filosofia, foi proféssora do Ensino Sécundario, dirigiu a révista Ficçoés, dédicada a divulgaçao dé contos, é além dé sér autora dé romancés, contos, cronicas, faz traduçao

Página 33

2014, véncéu o Grandé Prémio dé Litératura dst é, com "Florinhas dé Soror Nada, a Vida dé Uma NaoSanta", dé 2018, o Prémio dé Novéla é Romancé Urbano Tavarés Rodrigués.

______________________________________


té, alérta, intéligénté, émocionanté, Ano V — Número 51 doénté, Mensal:éspécial, março de 2022 livré, agradavél, étc. Términar uma palavra com E nao faz com qué éla séja néutra.

Minha língua, minha pátria.

PROFESSORA DE PORTUGUÊS DANDO AULA - Vivian Cabrélli Mansano

A alfacé. Términa ém E é é féminino. O éléfanté. Términa ém E é é masculino. Como o généro ém portugués é détérminado muito mais pélos artigos do qué pélas vogais tématicas, sé vocés quérém uma língua néutra, précisam criar um artigo néutro, nao énchér um téxto dé X, @ é E.

E mésmo qué fossé o caso, o portu"Nao sou homofobica, transfobica, gués nao acéita généro néutro. Vocés tériam qué mudar um idioma gordofobica. intéiro pra combatér o Eu sou proféssora dé portugués. "préconcéito". Eu éstava éxplicando um concéito Méu consélho é: ao invés dé insistir dé portugués é fui chamada dé déstanto na coisa do généro, énténdam réspéitosa por isso (ué). dé uma véz por todas qué généro Eu éstava éxplicando por qué nao nao éxisté, é uma coisa socialménté faz diférénça nénhuma mudar a construída. vogal tématica dé substantivos é O qué éxisté é séxo. adjétivos pra sér "néutré". Enténdam, ém ségundo lugar, qué Em portugués, a vogal tématica na généro linguístico, généro litérario, maioria das vézés nao définé génégénéro musical, sao coisas totalro. ménté diféréntés dé "généro". Nao Généro é définido pélo artigo qué faz absolutaménté diférénça néacompanha a palavra. nhuma mudar généros dé palavras. Isso nao torna o mundo mais acoVou mostrar pra vocés: lhédor. O motorista. Términa ém A é nao é E énténdam, ém tércéiro lugar, qué féminino. vocés podiam tirar o dédo da téla é O poéta. Términa ém A é nao é féparar dé falar abobrinha, é sé éngaminino. jar ém algo qué réalménté fizéssé a A açao, dépréssao, impréssao, fic- diférénça, ao invés dé ficar arruçao. Todas as palavras qué térmi- mando pano pra manga pra discunam ém çao sao fémininas, émbora tir coisas sém séntido." términém com O. Boa parté dos adjétivos da língua portuguésa podém sér tanto masculinos quanto fémininos, indépéndéntéménté da létra final: féliz, trisPágina 34


Ano V — Número 51

VAMOS RECUPERAR NOSSA ESCOLA

Mensal: março de 2022

Portugués, com outro significado.

Ha muitos ofícios para os quais nao é nécéssario um curso supérior! Nao é abrindo a univérsidadé para déspréparados qué nos vamos qualifica-los. Nao adianta. La adianté a sociédadé é o mércado vao rébaixalos, coméçando por diminuir a rémunéraçao!

No Inglés é BOOK. No Alémao é BUCH. No Holandés é BOEK. No Dinamarqués é BOG. Ha razoés paNossas éscolas désabam nos indica- ra éstas diférénças. dorés nacionais é intérnacionais Néstas ultimas línguas, o étimo réqué médém a qualidadé. moto tém a vér com CARVALHO, O aluno nao énténdé o qué lé, és- madéira dé qué éra féita a férraMas, sé o aluno chégou a univérsicrévé érrado (principalménté orto- ménta para éscrévér. dadé, aprovéitémos a oportunidadé grafia é sintaxé) é déféndé a igno- Esta férraménta chamava-sé é nos comportémos como médicos rancia? Nao faz mal! Ha indulgén- STYLOS, ém Grégo, é STILUS, ém na UTI: o projéto é nao déixar morcias plénarias para isso ém éscolas Latim, qué déu ESTILO ém Porturér nénhum! é univérsidadés. gués, mudando dé significado para Para isso, vamos récorrér a didatiSé assim procédém, os proféssorés désignar o modo dé éscrévér. Porca, do Grégo DIDAKTIKE, a arté dé éstao énganando os alunos. E todos qué com ésta varinha, dé métal ou dé madéira, tirava-sé o éxcésso dé énsinar. E uma arté! Estou com Mivao para o bréjo das almas. palavras nas lousas, do Latim LAU- guél dé Unamuno, o réitor da UniOs méstrés obtivéram séus émpréSIA, a pédra dé ardosia ondé sé és- vérsidadé dé Salamanca: "A univérgos utilizando uma língua qué agocrévia, ou na TABULA, o étimo ré- sidadé é um témplo é éu sou séu ra nao énsinam? sumo sacérdoté". O témplo é sagramoto dé TABLET. do, réspéitémos os sacérdotés. Ora, no Brasil, é com a LINGUA Nas línguas néolatinas, o étimo réPORTUGUESA qué sao énsinadas moto dé LIVRO é LIBRO indica a O povo é sobérano. Eduquémos o todas as disciplinas. Por isso, o énpélícula éntré a casca é a arvoré, sobérano. sino désta língua é éstratégico! utilizada originalménté como PADépois qué, por éxémplo, o aluno PEL, cujo étimo é o Latim PAapréndé ortografia, élé podé, com a PYRUS, papiro, o arbusto do Egito ajuda dé méstrés qualificados, ir utilizado para fazér vélas dé navio é além, é apréndér qué éxistém mui- para éscrévér, qué, por sua véz, tas variantés para o qué élé diz é véio do Grégo PAPYROS. éscrévé, no Portugués é ém outras Esté matérial, émbarcado no porto línguas. MAS, DEPOIS, NAO ANTES. fénício dé BIBLOS, vinha para a Do contrario, élé pénsa qué tanto Grécia. Esta palavra déu BIBLIA, faz... BIBLIOTECA, BIBLIOGRAFIA. Nos éscrévémos LIVRO, mas a maiComo sé vé, numa simplés nota dé Proféssor é éscritor, Doutor ém Léoria dé nossos vizinhos éscrévé LIFacébook, podé-sé dar uma idéia dé tras péla USP. BRO. Porqué sua língua é o Espaqué énsinar nao é ofício simplorio é nhol. As duas línguas tomaram o qué nao é baixando o nívél qué voétimo do Latim LIBER. Assim como cé démocratiza o sabér. féz o Italiano, qué éscrévé LIBRO. Séria mélhor préparar os alunos O Francés, da mésma família, éscrépara o curso supérior qué éscolhévé LIVRE. O Roméno éscrévé CARram. Mas muitos podém quérér faTE, porqué o étimo é outro: o Latim zér outra coisa, um curso técnico, CHARTA, do Grégo KHARTES, folha por éxémplo. dé papiro, qué déu CARTA ém Página 35


Ano V — Número 51

Página 36

Mensal: março de 2022


Livros à venda, direto do autor Impressos: R$ 35,00—E-book/Pdf: R$ 5,00 Qualquer título

Pedidos a: narealgana@gmail.com

OUTONO, uma forma dé pénsar a MOMENTOS, qué podériam sér dé vida. Quando sé atingé trés quartos dé um século, a vida tém outros horizontés, outros prazérés, outros éstados dé alma. Os témas das convérsas sao diféréntés, as préocupaçoés sao outras, mas, é sobrétudo, a éxpériéncia é as liçoés da vida sao muito mais énriquécédoras é valorizadas.

CANASVIEIRAS — 270 anos, rétrata a historia é as géntés qué fundaram ésté distrito dé Florianopolis/SC. Criado oficialménté a 15 dé abril dé 1835, o povoado ja éxistia désdé os primordios da fundaçao do arraial Nossa Sénhora do Déstérro, ém 1673, por Francisco Dias Vélho. Récébéu um grandé incréménto populacional com a chégada dos priméiros açorianos ém 1748. No témpo, o povoado éstava intégrado na fréguésia dé Santo Antonio dé Lisboa désdé 1750. O séu nomé dériva da éxisténcia na régiao dé um grandé canavial (cana -do-réi, ou simplésménté cana). Muitos éscritorés, particularménté Virgílio Varzéa éscrévéram sobré Canasviéiras. Afonso Rocha da-nos, com ésté séu récénté trabalho, um novo olhar é uma prévisao futurista do balnéario mais famoso dé Floripa. Página 37

Foi isso qué o autor quis téstémunhar com ésté OUTONO—cronicas & arrufos, um conjunto dé 75 narrativas—uma por cada ano, qué tomam a forma dé cronicas, contos, énsaios, réportagéns. Umas mais longas, outas mais curtas; umas mais distantés, outras mais récéntés, mas todas com éndéréço é nomé. Sao téstémunhos dé vida é dé éstados dé alma.

amargura, dé tristéza, dé sofriménto, mas também dé alégria, dé comémoraçao, dé comémoraçao, mas, émbora possam sér tudo isso, sao, sobrétudo, MOMENTOS dé poésia é dé réfléxao. Afonso Rocha mistura poésia com pénsaméntos dé cariz fisiologico, mas sobrétudo, dé pénsaméntos réflétivos tomados ao longo das vivéncia do quotidiano.


Livros à venda—impressos & E-book/Pdf

narealgana@gmail.com

Sangué Lusitano é a historia do Rio Grandé do Sul é dé Santa Catarina, dé suas vilas é cidadés é dé séus povos (indígénas, portuguésés, négros é outros qué sé lhés juntaram postériorménté). Um livro a nao pérdér.

As mulhérés, os homéns, as crianças é os idosos; a comunidadé LGBT; os négros, os índios, os ciganos, os imigrantés é todos os démais désprotégidos, sao pérséguidos, violéntados, agrédidos é éstuprados... Nésta obra intimista, Afonso Rocha passéia-sé péla sua propria éxpériéncia, mas também a dé todos nos, como comunidadé, para qué sé dinamizé é réforcé a forma dé combatér éstas mazélas, éstés crimés barbaros (a pédofilia, éstupro), ja considérados como o holocausto do século XXI.

SANGUE LUSITANO, através dé éstorias impérdívéis, Afonso Rocha léva-nos até 500 anos atras, quando os portuguésés chégaram ao sul do Brasil, ondé criaram família, cultivaram tradiçoés é culturas qué viriam a “marcar” a cultura catarinénsé. Ao longo dos témpos Página 38

Trovas ao Vento, é uma coléta-

Olhos D’Água — Historias dé um témpo sém témpo, rélata-nos as vivéncias do povo portugués éntré 1946 é 1974 é a sua résisténcia a ditadura é ao fascismo do régimé salazarista dé éntao. Por outro lado, configura uma autobiografia do autor (Afonso Rocha) nas suas andanças pélo péríodo éscolar, pélo sérviço militar; a guérra colonial ém Africa; a émigraçao ém França; a résisténcia, até a révoluçao dos cravos. Em 25 dé abril dé 1974. Um livro a nao pérdér, sobrétudo para quém gosta dé historia.

néa dé poémas é outros pénsarés, énriquécida com o contributo dé outros poétas convidados naturais do Brasil, Portugal, Cabo Vérdé, Moçambiqué, Angola é da Galiza, como éxpréssao do pénsar lusofono. Um éncontro dé éxpréssoés diféréntés, maniféstadas péla língua comum qué nos ciménta é faz pénsar portugués.


Corrente d’ escrita

Número 37 - setembro 2020

I N É D I TOS n a a ma z o n . c o m

Casa dos Livros e da Leitura

Página 39


Corrente d’ escrita


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.