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Fotos com História
Quandoascartasvinham“doalto”.Umaserviçalrecebendoocorreio.
A omissão da consoante -s antes do pronome -nos (e de mais nenhum!)
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Nonossodia-a-dianaofalamosde termos como «conjugaçao pronominal» ou «conjugaçao pronominal reflexa», masa verdade e que todos nosasusamosdiariamente.
A «conjugaçao pronominal» e o conjunto de formas flexionadas de um determinado verbo em associaçao aos pronomes pessoais atonos (tambem chamadosclíticos):-me,-te,-lhe,-o,-a, -nos,-vos,-lhes,-os,-as,-se.
Vejamosalgunsexemplos:
1) «Ele tinha um carro antigo. Ó meu paicomprou-o.» o e complemento directo (substitui «umcarroantigo»)
2)«Elevendeu-nosa casaportaopouco.» nos e complemento indireto (a quem se vendeu)
3)«AMariacomprou uns lindos brincos e ofereceu-mos.» mos e complemento directo (substitui «uns lindos brincos») e indireto (a quem foram oferecidos).
4) «Pedimos-vos que ficassememcasa…» vos e complemento indireto (a quem se pediu).
Quando o complemento directo ou indireto e a mesma pessoa/objeto que funcionacomosujeitodafrase vejase o que dizem Celso Cunha e Lindley Cintra na sua Nova Gramatica do Portugues Contemporaneo isso e expresso por um pronome reflexivo ou recíproco,istoe,umverboemque: a) o objeto da açao e o proprio sujeito (como se ele se olhasse ao espelho e visse, claro, o seu reflexo) e a que se podem acrescentar expressoes como «a mim mesmo», «a ti mesmo», «a si mesmo»,etc.
1) «Eu dou-me ao trabalho de te acordartodososdias.»
Istoe,douamimmesmoessetrabalho.
2) «Ó Joao magoou-se enquanto carregavaamaladeviagemdaInes.» b)seexpressareciprocidadeentredois ou mais sujeitos, isto e, uma açao que afeta os sujeitos «mutuamente», que elesaplicam«umaooutro».
Istoe,magoou-seasimesmo.
1)«Ósmeuspaisamam-semuito»
Istoe,amam-seumaooutro.
2)«AElsaeeuajudamo-nosmuito.»
Isto e, ajudamo-nos muito mutuamente.
Dito isto, ha uma regra que, quando utilizamos estes pronomes atonos (qualquerquesejaoseuvalor),provocaerrosfrequentes…
Pois e: na 1.ª pessoa do plural (nos), a ultimasílabaperdeo<-s>finalquando surge seguida pelo pronome atononos.
Óquesignificaquedizemos«nosvestimo-nos»e«nosfalamo-nos».
Isto acontece porque, com a evoluçao da língua, ocorreu uma assimilaçao desse <-s> pelo som nasal [n] ou, melhordizendo,haumaressonancianasal entre o <-m> da sílaba -mos e o <-n> do pronome -nos que torna a sequen- cia de sílabas muito «dura de ouvido» para os falantes (que, portanto, se resolveram livrar dela). Note-se, contudo, que se o pronome vier em posiçao pre-verbal (em proclise), isso ja nao acontece: «nos nao nos vestimos» e «nosnaonosfalamos.»
Mas alem de ser muito frequente vermos este <-s> final em formas da 1.ª pessoa do plural com pronome -nos pos-verbal, tambem e muito comum que, os que sabem a regra, cometam o erro(umahipercorreçao)deomitiro< -s> tambem da desinencia das 2.ª pessoa do plural (vos). Reparem, ate nos escorregamos na casca de banana. Segueaprova:
Mas nao. Enquanto e certo dizer-se «vestimo-nos»e«falamo-nos»,eincorreto dizer-se «vesti-vos» e «falamovos».
Por isso, em «falamo-nos» deixamos cairo<-s>masem«falamos-vos»mantemo-lo porque esta ultima forma respeita a regra do pronome pessoalvos que nao da lugar a eliminaçao da som [s] anterior porque o fonema [v] nao e nasal (e nao leva a ressonancia dequeacimavosfalamos).
Ficouclaro?
Pois e,na Escrivaninha falamos-vos de erros matreiros (ate daqueles que cometemos). E, sempre que temos duvidas,ajudamo-nosumaaoutra.
Na Antiguidade, nao se usavam habitualmentesinaisdepontuaçao e nem sequer espaços. Por exemplo, neste manuscrito do seculo IV (Vergilius Augusteus) nao vemos nemespaçosnempontuaçao.
Aolongodotempo,lafomosinventandoosespaços,ospontos,asvírgulas. Estes sinais começaram por assinalar pausas e entoaçoes, para ajudar na leitura em voz alta, mas tambem passaram a mostrar como se organizam os textos e as frases, ajudandoaleremsilencio.
A pontuaçao e muito parecida nas varias línguas da Europa, mas ha alguns pontos em que as línguas seguiramcaminhosdiferentes.Basta pensar nos pontos de interrogaçao e exclamaçao ao contrario que vemos no início de muitas frases em castelhano: tambem ja existiram em portugues, mas perderamseaolongodoseculoXX.
Ó uso dos sinais tambem vai mudando ao longo do tempo: por exemplo, se formos ver livros publicados no seculo XIX, encontramos muito mais vírgulas, mesmo entresujeitoepredicado(ogrande pecadodapontuaçaoactual).
Nao sei porque, mas gosto muito destessinais.Quandoconversamos uns com os outros, usamos a voz, mas tambem o resto do corpo: a cara, os olhos, as sobrancelhas, as maos A propria disposiçao do corpo ajuda-nos a transmitir a mensagem e,asvezes,atetransmite mais do que queremos. Óra, quando escrevemos, estamos a conversar sem que nos vejam. A pontuaçaoajuda-nosasubstituiras maos, a cara, o corpo. Nao chega, masajudamuito.
Nosdiasdehoje,escrevemosconstantemente, provavelmente mais doqueemqualqueroutraepocada historia. Conversamos por escrito, namoramos por escrito, zangamonosporescrito.
Óra,apontuaçaoajudaquemnosle a compreender-nos melhor, mas tambem ajuda quem escreve, ao obrigar a pensar onde por a vírgula, onde usar um travessao, onde deixar reticencias Ajuda-nos a conversar melhor, ajuda-nos a vivermelhor.
Podemos nao acertar sempre: ninguem acerta sempre. Podemos discutir esta ou aquela vírgula. Podemos exagerar neste ou naquele sinal. Mas, se pensarmos na pontuaçao que usamos, mostramos que nos preocupamos com quem nos le.
Ha tambem um certo encanto nestes sinais, do simples ponto tao final ao arrogante travessao a riscar a linha e a ocupar o espaço de uma palavra passandopelomusi- cal ponto de interrogaçao e pela caprichosavírgula.
Paraladasregrasedasproibiçoes, a pontuaçao da-nos varias opçoes. E um excelente sinal do grau de proximidade que queremos demonstrar… E ainda um piscar de olhos no papel. Mesmo numa mensagemrapida,cadasinal(ouafalta desinal)transmitemensagensdiferentes:
Beijo.
Beijo
Beijo!
Beijo!!!
Ó beijo com ponto parece-me mais formal ou mais seco que o beijo sem nada. Ó beijo com ponto de exclamaçao e um beijo ligeiramente mais premente Ja o beijo com uns excessivos tres pontos de exclamaçao revela um entusiasmo que talvez decorra da personalidade da pessoa ou da vontade de beijar.
(Excerto do livro Pontuação em Português, de 2019.)
Escritor
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CANASVIEIRAS 270 anos, retrataahistoriaeasgentesquefundaram este distrito de Florianopolis/SC. Criado oficialmente a 15 de abril de 1835, o povoado ja existia desde os primordios da fundaçao do arraial Nossa Senhora do Desterro, em 1673, por Francisco Dias Velho. Recebeu um grande incremento populacional com a chegada dos primeiros açorianos em 1748. No tempo, o povoado estava integrado na freguesia de Santo AntoniodeLisboadesde1750.
Óseunomederivadaexistenciana regiaodeumgrandecanavial(cana -do-rei, ou simplesmente cana).
Muitos escritores, particularmente Virgílio Varzea escreveram sobre Canasvieiras.
Afonso Rocha da-nos, com este seu recente trabalho, um novo olhar e umaprevisaofuturistadobalneario maisfamosodeFloripa.
Livros à venda, direto do autor
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OUTONO, uma forma de pensar a vida.Quandoseatingetresquartos de um seculo, a vida tem outros horizontes, outros prazeres, outros estadosdealma.Óstemasdasconversas sao diferentes, as preocupaçoessaooutras,mas,esobretudo,a experiencia e as liçoes da vida sao muito mais enriquecedoras e valorizadas.
MOMENTOS, quepoderiamserde amargura, de tristeza, de sofrimento, mas tambem de alegria, de comemoraçao,decomemoraçao,mas, embora possam ser tudo isso, sao, sobretudo,MÓMENTÓS depoesiae dereflexao.
Afonso Rocha mistura poesia com pensamentos de cariz fisiologico, mas sobretudo, de pensamentos refletivos tomados ao longo das vivenciadoquotidiano.
Foi isso que o autor quistestemunharcomesteÓUTÓNÓ cronicas &arrufos,umconjuntode75narrativas uma por cada ano, que tomamaformadecronicas,contos, ensaios, reportagens. Umas mais longas, outas mais curtas; umas mais distantes, outras mais recentes, mas todas com endereço e nome.
Sao testemunhos de vidae de estadosdealma.
As mulheres, os homens, as crianças e os idosos; a comunidade LGBT;os negros, os índios, osciganos, os imigrantes e todos os demais desprotegidos, sao perseguidos, violentados, agredidos e estuprados...
Nesta obra intimista, Afonso Rocha passeia-se pela sua propria experiencia, mas tambem a de todos nos, como comunidade, para que se dinamizeereforceaformadecombaterestasmazelas,estescrimesbarbaros (a pedofilia, estupro), ja considerados como o holocausto do seculoXXI.
SANGUE LUSITANO, atraves de estorias imperdíveis, Afonso Rocha leva-nos ate 500 anos atras, quando os portugueses chegaram aosul doBrasil,ondecriaramfamília,cultivaram tradiçoes e culturas que viriam a “marcar” a cultura catarinense.Aolongodostempos
SangueLusitanoeahistoriadoRio Grande do Sul e de Santa Catarina, de suas vilas e cidades e de seus povos (indígenas, portugueses, negros e outros que se lhes juntaram posteriormente). Umlivroanaoperder.
Olhos D’Água Historiasdeum tempo sem tempo, relata-nos as vivencias do povo portugues entre 1946 e 1974 e a sua resistencia a ditadura e ao fascismo do regime salazaristadeentao.
Poroutrolado,configuraumaautobiografia do autor (Afonso Rocha) nas suas andanças pelo período escolar,peloserviçomilitar;aguerra colonial em Africa; a emigraçao emFrança;aresistencia,atearevoluçaodoscravos.Em25deabrilde 1974.
Um livro a nao perder, sobretudo paraquemgostadehistoria.
Trovas ao Vento, e uma coletanea de poemas e outros pensares, enriquecida com o contributo de outros poetas convidados naturais do Brasil, Portugal, Cabo Verde, Moçambique, Angola e da Galiza, como expressao do pensar lusofono.
Um encontro de expressoes diferentes, manifestadas pela língua comum que nos cimenta e faz pensarportugues.