Ano I - Nº 10 - Janeiro 2012 - Distribuição dirigida - R$ 5,00
Fazendo a diferença na Integração Lavoura-Pecuária Comercialização com o produtor Antônio Roberto de Lima
Querência
Rally Ceagro/Expedição Safra 2011/12 passa pelo município
Botulismo
Está entre as principais causas de morte de bovinos no Brasil
Seleção Equina Por meio da transferência de embriões
Café com o Empresário
João Miguel relata 15 anos de sucesso da Volmaq
Soja
Colheita inicia com perspectivas de 1 redução na produtividade
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SUMÁRIO 10
Café com o empresário
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Cultivo de Maracujá
Produção de Leite
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Cooperativismo
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Botulismo em bovinos
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Transferência de embriões em equinos
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Esquilador: profissão quase extinta
30 Rally em Querência 40
Safra 2011/2012
Leve essa ideia com você:
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Capa
05 06 08 16 46
Editorial Agenda Portal do Campo Artigo UEG Coluna João Geraldo
Errata: Ao contrário do que foi veiculado na Edição 09, na matéria “Jataí: município que mais produz leite em Goiás”, localizada na página 10, os dados corretos são: Em 2010 Jataí produziu 119,256 milhões de litros de leite e a produção no Estado chegou a mais de três bilhões de litros. As informações podem ser verificadas na matéria “Produção leiteira: Investimento = resultado positivo”, nesta Edição, na página 36.
Envie sua sugestão de matéria para a Revista Agro&negócios: agroenegocios@gmail.com
EDITORIAL Edição 10 - Revista Agro&negócios - Ano 2012 A&F Editora Praça Clodoaldo Resende Q. 18 L.7a N. 20 st. Santa Maria Jataí - Goiás CNPJ: 13.462.780/0001.33
Editor chefe: Peterson Bueno petersonbueno.agro@gmail.com Diretor administrativo: Francis Barros francisbarros@vozpropaganda.com.br Direção de arte: Voz Propaganda Reportagem: Tássia Fernandes (2703/GO) tassiajor@gmail.com Diagramação: Voz Propaganda Fotografia: Peterson Bueno Revisão ortográfica: Vânia Carmem Lima Colunista: João Geraldo Artigos: Universidade Estadual de Goiás/Unidade Mineiros Laercio Domingues Cleverson Luiz Felippi Colaboradores: Ernesto Leighton Allan Paixão Estância São José Voz Propaganda Calila Prado Dayner Costa Rosana Canterle Marília Slywitch Yuri Ribeiro Universidade Federal de Goiás/Campus Jataí Karina Kanashiro Impressão: Poligráfica Tiragem: 5.000 Distribuição dirigida: Jataí, Rio Verde, Mineiros, Chapadão do Céu, Barra do Garças, Água Boa, Canarana e Querência. Contato: (64) 8417 4977 – Francis Barros (64) 9948 7084 – Peterson Bueno e-mail: agroenegocios@gmail.com A Revista Agro&Negócios não se responsabiliza pelos conceitos e opiniões presentes nos encartes publicitários, anúncios, artigos e colunas assinadas.
Um semestre de muitas expectativas
A
Safra 2011/12 deixa bem claro as diferenças climáticas em um país continental como o Brasil. Seca no sul, chuvas em excesso no Centro-Oeste, se bem que a severidade da estiagem foi muito mais prejudicial, ocasionando perdas irreparáveis nas lavouras e diminuição da capacidade da produção de leite e carne, por nós constatado in loco no final de dezembro, e que terá reflexos, pelo menos, durante o primeiro semestre do ano. Em Goiás e no Mato Grosso as chuvas torrenciais e bastante concentradas acendem a luz amarela, alertando para problemas já conhecidos quando do pico da colheita, como aconteceu com o feijão há poucos dias atrás e com a soja precoce, por hora. Nesta edição nós destacamos os benefícios da Brachiaria ruziziensis na integração lavoura pecuária (ILP), tanto como alimento para o gado, quanto sua eficácia na cobertura de solos e no combate ao mofo-branco. A forrageira é comercializada pela Agropecuária Lima, de Jataí. A transferência de embriões no aprimoramento genético de equinos dá um salto na multiplicação de plantel, proporcionando o aproveitamento máximo do potencial reprodutivo de éguas que, normalmente, gerariam um potro por ano. O trabalho de “esquilador”, que para muitos pode ser novidade, mas já está praticamente extinto, ganha notoriedade pelas mãos do senhor José Daniel, gaúcho de Uruguaiana, que de passagem por Jataí tosquiou ovelhas “a martelo” e foi por nós homenageado. Nas pequenas propriedades, frutas como o maracujá incrementam a renda familiar com mercado garantido e lucro certo. Querência recebeu o Rally Ceagro/Expedição Safra 2011/12, que ainda deve percorrer Goiás, Tocantins e Maranhão, num contato direto com o produtor na difusão de tendências para o setor. Por sinal, a Caramuru, através da Abrange e do programa soja livre, quer tornar o cultivo de soja convencional uma tendência para a safra 2012/13, enumerando vantagens como o prêmio que poderá chegar até R$ 3,00 (três reais) por saca na próxima temporada. Temos ainda o aumento na produção de leite em Jataí, a coluna do professor João Geraldo e o café com o produtor, evidenciando o trabalho da Volmaq, na pessoa do empresário João Miguel. Ficaremos devendo o prometido artigo do secretário estadual de meio ambiente de Goiás. Leonardo Vilela preferiu aguardar a finalização das votações do código florestal. Espero que apreciem nosso trabalho que é feito para vocês produtores, que são os grandes responsáveis pela grandeza desse país.
Peterson Bueno
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Agenda
Janeiro / Fevereiro 15º Show Tecnológico de Verão – ABC Acontecerá em Ponta Grossa-PR o 15º Show Tecnológico de Verão. O evento será realizado na Estação Demonstrativa e Experimental do município, nos dias 15 e 16 de fevereiro. O propósito do Show é difundir tecnologias agropecuárias voltadas para o segmento de produção de alimentos e forragens, por meio da apresentação de alternativas para incrementar a produção. Mais informações pelo telefone: (42) 3232- 2662.
Festa da Uva 2012 Com o tema “Uva, cor, ação: a safra da vida na magia das cores”, a Festa da Uva terá início no dia 16 de fevereiro. O evento acontecerá no Parque Mário Bernardino Gomes, em Caxias do Sul-RS, e vai até o dia 04 de março. Junto com a Festa acontecerá a Feira Agroindustrial, com participação de expositores de diversas áreas do comércio da região. O evento também terá atrações musicais, dentre elas, apresentação das bandas: Sorriso Maroto, Capital Inicial, Calcinha preta e da dupla Milionário e José Rico. Mais informações pelo telefone: (54) 3021-2137.
22ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz A 22ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz acontecerá de 23 a 25 de fevereiro, em Restinga Seca - RS. Durante a abertura serão realizados eventos simultâneos, voltados para a cultura do arroz, como, por exemplo, a Vitrine Tecnológica, em que serão apresentadas novidades de insumos, máquinas, equipamentos agrícolas, produtos, serviços e tecnologias. 6
3º Encontro de Produtores de Amendoim Organizado pela Tropical Genética, o Fest Leite Tropical 2012 acontecerá em Uberlândia-MG, entre os dias 10 e 12 de fevereiro. O evento terá três leilões, shopping de animais, debates, palestras e seminários. Mais de mil animais das raças Gir Leiteiro e Girolando serão ofertados durante o Fest Leite, entre touros, bezerras, novilhas, doadoras e prenhezes. Mais informações pelos telefones: (34) 3211-5259 ou (66) 34686600.
Também acontecerão dias de campo, reuniões setoriais, palestras e jantar de homenagem ao “Homem e Mulher do Arroz”. Mais informações pelos telefones: (53) 3243-6002, (53) 32432562, (53) 9976-9115, ou pelos e-mails: federarroz@federarroz. com.br, ou abertura@colheitadoarroz.com.br.
Expoinel Minas 2012 A Associação Mineira dos Criadores de Nelore promoverá, entre os dias 03 e 13 de fevereiro, a Expoinel Minas 2012, em Uberaba-MG. A Expoinel é considerada uma das maiores feiras de exposição da raça nelore no Brasil. A entrada dos animais está prevista para acontecer entre os dias 01 e 04 de fevereiro e os julgamentos serão entre os dias 06 e 12 de fevereiro. Mais informações pelo telefone: (31) 3286-5347, ou pelo e-mail: nelore@neloreminas.org.br.
Programa Mais Leite O Programa Mais Leite está promovendo um ciclo de palestras sobre a produção de leite. O evento visa abordar as exigências de mercado, a capacitação de mão-de-obra, além de técnicas para a produção lucrativa e de qualidade. Uma
das palestras está sendo organizada pelo Serviço Nacional de Aprendizagem de Mato Grosso do Sul e acontecerá em Camapuã-MS, no dia 02 de fevereiro, no auditório da Câmara Municipal. O evento é voltado para produtores rurais, técnicos, estudantes, empresários e comerciantes que estejam ligados à cadeia produtiva do leite. As inscrições para participação são gratuitas. Mais informações pelo telefone: (67) 3586-1168 ou pelo e-mail: sindicatoruraldecamapua@hotmail.com.
Inseminação artificial em éguas Acontecerá, entre 02 e 05 de fevereiro, em Viçosa-MG, o curso de inseminação artificial em éguas, juntamente com o curso de coleta, avaliação e criopreservação de sêmen em garanhão. O evento é voltado para estudantes de medicina veterinária e profissionais formados. O objetivo do curso é capacitar os participantes, por meio de conhecimento teórico e treinamento prático, para a realização das técnicas a campo, de acordo com as exigências do mercado, com a finalidade de maximizar os resultados. Mais informações pelo telefone: (31) 3899-8300 ou pelo e-mail: cpt@cursospresenciais.com.br.
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Portal do Campo
Soja livre de transgênicos é opção rentável para o agricultor Trabalhos de difusão das variedades são capitaneados pela Abrange
A
s sementes transgênicas ocupam, atualmente, a maior parcela do mercado. Preocupados em utilizar variedades resistentes a pragas e doenças, os agricultores deixaram de lado o cultivo da soja convencional e experimentam a cada safra novas variedades geneticamente modificadas que são lançadas. Mas, deixando a lavoura e partindo para o mercado consumidor, é possível encontrar muitas pessoas que ainda apresentam resistência aos produtos transgênicos, principalmente no exterior, como em países da Europa e da Ásia, que chegam a pagar um valor mais alto pelos produtos livres da transgenia. Pensando em atender este nicho de mercado, as empresas que originam, esmagam e exportam produtos convencionais se organizaram e criaram, há três anos, a Associação Brasileira dos Produtores de Grãos Não Geneticamente Modificados (Abrange). “A necessidade de ter uma entidade capaz de organizar este mercado e coordenar as atividades, principalmente as pesquisas com sementes de soja livre de transgênicos, levou à criação da Associação”, explica Ivan Paghi, diretor técnico da Abrange. Ivan garante que a Associação não é contra os produtos transgênicos, mas acredita que é possível existir um equilíbrio entre as tecnologias, para que o produtor tenha mais alternativas no momento de escolher. “A Abrange veio para fomentar este mercado, para que no futuro o produtor não se arrependa de ficar nas mãos das empresas que dominam a tecnologia da transgenia”. Segundo Ivan, a tendência é de que o produtor fique cada vez
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Por Tássia Fernandes mais dependente, econômica e tecnologicamente, das empresas que trabalham com produtos transgênicos. Ele também afirma que os preços destes produtos vão aumentar, principalmente devido aos royalties, taxa paga às empresas que desenvolveram as tecnologias. O diretor da Abrange acredita que a soja transgênica tem um papel importante na agricultura, que é eliminar as pragas e doenças presentes na área cultivada. Porém, ele destaca que depois de alguns anos utilizando as cultivares transgênicas, os agricultores podem voltar a utilizar soja convencional, que obterão resultados positivos. “Em uma área de mil hectares de soja convencional o agricultor deixa de pagar em torno de R$ 24 mil de royalties para as empresas que detém a tecnologia e ainda pode ganhar R$ 2,00 de bonificação para cada saca de soja convencional produzida. Então, se ele produzir 55 mil sacas de soja, só de bonificação poderá ganhar R$ 110 mil reais, mais os R$ 24 mil que economizou nos royalties. Portanto, ele terá uma lucratividade extra por volta de R$ 134 mil a cada mil hectares”, calcula Ivan. De acordo com ele, a razão dos agricultores começarem a optar pela soja convencional é, justamente, a possibilidade de aumentarem a receita. “Hoje, um dos estados que mais planta soja convencional é o Mato Grosso”. Em Goiás alguns produtores já aderiram à ideia. No município de Jataí, a Caramuru é uma das empresas que trabalha com o recebimento da soja convencional, que é destinada, principalmente, para o mercado europeu. Para divulgar o cultivo de soja convencional foi desenvolvido o Programa Soja Livre, que conta com diversos parceiros, entre eles a Em-
brapa. A empresa realiza diversas pesquisas com a finalidade de obter variedades de soja convencional produtivas, precoces e resistentes a pragas e doenças. “Deixar morrer as variedades convencionais desenvolvidas pela Embrapa é uma questão de segurança nacional, pois estaremos perdendo um patrimônio do país”, alerta Ivan. Marcos Antônio Mello, engenheiro agrônomo e coordenador do departamento de insumos da Caramuru, explica que a pretensão da empresa é implantar uma política de recuperação em regiões onde o percentual de cultivo de transgênicos é elevado e adotar uma política de manutenção nas áreas onde o cultivo de soja convencional é satisfatório. “No caso de municípios como Jataí, onde há uma preferência muito grande por transgênicos, temos que adotar uma política diferenciada, para mostrar ao produtor as vantagens de cultivar soja convencional e as oportunidades de negócio que ele vai ter com esta prática”, esclarece. Segundo Marcos, atualmente, a Caramuru está oferecendo uma bonificação em torno de R$ 2,50 por saca de soja convencional. Mas afirma que a pretensão é de aumentar este valor na próxima safra. “Divulgaremos um plano no qual, possivelmente, este valor irá aumentar, podendo chegar a R$ 3,00 por saca”. Para Ivan Paghi, o agricultor brasileiro precisa entender que ele tem nas mãos o poder de não deixar que as sementes convencionais acabem. O diretor da Abrange discutiu a importância da soja convencional durante evento promovido pela Caramuru, no dia 11 de janeiro, em Jataí.
A arte de adubar com qualidade A preocupação com a adubação das culturas é cada vez maior e visa o aumento de produtividade. Mas, na maioria das vezes, os resultados esperados não são obtidos, devido a algumas falhas no manejo. Tratando-se do milho, o nitrogênio (N) é o nutriente exigido em maior quantidade pela cultura, sendo necessário de 18 a 20 kg de N para cada tonelada de grãos produzida. O N possui papel fundamental no metabolismo vegetal, por participar diretamente da síntese de proteínas e de clorofila. Geralmente, a adubação nitrogenada é realizada no momento da semeadura e, posteriormente, também é realizada uma adubação de cobertura no estágio V6, momento em que a cultura define o potencial produtivo e o tamanho de espiga. O N é um nutriente bastante instável no solo, podendo ser perdi-
Equipe Campo Bom ao lado de palestrantes
do por volatilização, lixiviação ou nitrificação, sendo assim, grande parte do N não é absorvida pela planta. Para mostrar os benefícios da utilização do Nitrogênio de Liberação Lenta (NITAMIN) na cultura do milho em pré-pendoamento, esteve em Jataí o professor Dr. Césio Humberto de Brito, da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Durante a palestra, foram apresentados resultados bastante satisfatórios da utilização de NITAMIN, além de vários trabalhos científicos, que mostraram a importância de se adubar
bem, ao invés de se adubar muito e de maneira inadequada, como tem sido feito. A importância do Molibdênio (Mo) para o melhor aproveitamento do N pela planta, uma vez que o Mo faz parte de reações para absorção do N pela planta, também foi discutida. O evento aconteceu no dia 07 de dezembro de 2011 e foi promovido pela Campo Bom Insumos Agrícolas. Na ocasião estiveram presentes vários produtores e consultores de Jataí e região.
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Café com o Empresário
Volmaq 15 anos de história
Consolidação de um trabalho que passa de pai para filho
A
Volmaq está no mercado há 15 anos. A história teve início quando Veriano de Oliveira Lima e Laurita Gomes de Lima vieram para o município de Jataí. O Transporte de madeiras e a comercialização de mercadorias foram as primeiras atividades desempenhadas até que Veriano abriu a empresa Açucareira Lima e Cia Ltda, que empacotava e distribuía açúcar nos estados de Goiás, Mato Grosso e Rondônia. Desde então, trabalham com ele os filhos Veriano Júnior e João Miguel e, mais recentemente, sua neta, Juliana Vilela Lima Guerini, dando forma à empresa familiar. Atualmente, a Volmaq possui seis lojas de revenda Massey Ferguson, em Goiás e no Mato Grosso. Para João Miguel, o sucesso do empreendimento familiar vem do compartilhamento de objetivos e do trabalho em conjunto. Revista Agro&Negócios: Quando decidiram entrar para o ramo de comercialização de máquinas e de onde surgiu a ideia de representar a Massey Ferguson? João Miguel: Iniciamos neste ramo de máquinas agrícolas no final de 1996, quando a revenda da Massey Ferguson nos foi oferecida, nas cidades de Jataí e Mineiros. Conhecendo a idoneidade da marca, a qualidade dos produtos disponibilizados pela fábrica e acreditando no potencial agropecuário da região resolvemos investir no negócio. Revista Agro&Negócios: Qual atividade era desempenhada anteriormente? João Miguel: Eu e meu irmão, Veriano Júnior, começamos a trabalhar com meu pai, Veriano de Oliveira Lima, na Açucareira Lima. A empresa, que permaneceu no mercado até 1998, empacotava açúcar vindo de São Paulo e distribuía em Goiás, Mato Grosso e Rondônia. Antes disso, meu pai já havia desenvolvido diversas outras atividades, como
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transporte de madeiras, revenda de mercadorias e comercialização de secos e molhados. De maneira geral, sempre tivemos ligação com o agronegócio e, além do açúcar, também trabalhávamos com o comércio de bebidas e com a pecuária. Revista Agro&Negócios: A Volmaq é uma empresa familiar. Qual a vantagem disto? João Miguel: Observando a Volmaq hoje é possível afirmar que a principal vantagem de trabalhar em família é que todos têm os mesmos objetivos e trabalham em conjunto para alcançá-los. Revista Agro&Negócios: A Volmaq está expandindo os negócios para Mato Grosso. Porque optou pelo Estado? João Miguel: Já trabalhávamos com a venda de peças na região de Mato Grosso e, por já termos estabelecido uma boa relação com os clientes, nos foi oferecida a oportunidade de adquirir a área de atendimento na região, onde começamos a atuar em março de 2011.
Revista Agro&Negócios: Quais são as perspectivas de mercado no Mato Grosso? João Miguel: O Estado vem se mostrando um grande potencial agrícola e tem se mantido como um dos maiores produtores do país. Com isso, o mercado fica aquecido e gera novas oportunidades de negócio. Portanto, as perspectivas são de obter resultados positivos na região. Revista Agro&Negócios: Quantas revendas Massey Ferguson que a Volmaq possui? João Miguel: A Volmaq conta com seis lojas, sendo duas em Goiás – em Jataí e Mineiros - e quatro no Mato Grosso - Alto Taquari, Tangará da Serra, Nova Mutum e Campo Novo. Hoje a nossa participação na área de atuação é de mais de 30% de Share. Revista Agro&Negócios: Como define a situação do mercado de máquinas atualmente? João Miguel: Os produtores estão sempre buscando inovações tecnológicas que agreguem soluções efi-
cientes à lavoura. Isto faz com que a Massey Ferguson busque tais soluções, para que possamos atendê-los de forma eficiente e segura, já que é uma das fábricas que mais emprega tecnologia em seus equipamentos. Revista Agro&Negócios: Como analisa a competitividade no mercado de máquinas? João Miguel: A concorrência atualmente é acirrada, uma vez que a grande maioria dos produtos disponíveis no mercado apresenta altas tecnologias. O diferencial da Volmaq é que a empresa preza pelos clientes, prestando excelência na assistência pós-venda. Outra vantagem da empresa é a parceria com o Consórcio Nacional Massey Ferguson, que é uma excelente ferramenta de aquisição de máquinas agrícolas. Revista Agro&Negócios: Quais as novidades da Volmaq para 2012? João Miguel: Os planos para 2012
“Estamos com o produtor rural há 15 anos. Este convívio faz com que a Volmaq preze bastante o profissional do campo. A empresa está sempre apoiando as lutas e atitudes da classe produtora”. são de abrir mais duas lojas no Mato Grosso. Também pretendemos inovar e qualificar cada vez mais o nosso atendimento pós-venda, para melhor atendermos os nossos clientes. Revista Agro&Negócios: Quais as principais dificuldades enfrentadas no ramo? João Miguel: A carga tributária, não só no nosso ramo de atividade, mas para todos os empresários, é muito alta. As burocracias de financiamento também são um entrave para o nosso negócio. Muitas vezes, algumas operações levam mais de 90 dias para serem concretizadas. Outro fator que gera desconforto é a
instabilidade das commodities, pois ora estão em alta, ora estão em baixa, sem existir uma política segura para o produtor. Revista Agro&Negócios: Como é a relação da Volmaq com o produtor rural? João Miguel: Estamos juntos há 15 anos, vendo a alegria do produtor em ter lucratividade nas suas atividades e vendo, também, seus anseios durante as instabilidades e inseguranças que enfrenta. Este convívio faz com que a Volmaq preze bastante o produtor rural, a empresa está sempre apoiando as lutas e atitudes da classe produtora.
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2012
Ano internacional das cooperativas
Sistemas cooperativistas possuem mais de nove milhões de associados em todo Brasil Por Tássia Fernandes
O
sistema cooperativista está presente na agropecuária, na educação, na saúde, no transporte, no turismo e em diversas outras áreas. Com o propósito de focar nas necessidades do grupo e não exclusivamente na obtenção de lucros, as cooperativas são caracterizadas por não concentrarem a renda na mão de um único dono. Todos que aderem ao sistema tornam-se associados e,
independente do produto ou serviço que a cooperativa oferece, os sócios possuem vantagens no momento de adquiri-los, além de que o lucro final obtido pela empresa é dividido entre todos, de acordo com o regimento interno pré-estabelecido. No Brasil existem mais de seis mil cooperativas, de acordo com o levantamento realizado pela Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), em 2010. Já o número de associados ultrapassa os nove milhões
e o de empregados é de quase 300 mil. Avaliando a relevância do sistema no desenvolvimento econômico e social do país, a Organização das Nações Unidas (ONU) reconheceu 2012 como o Ano Internacional das Cooperativas. A declaração foi proferida durante a 64ª Assembleia Geral da ONU, realizada em dezembro de 2011.
• Cooperativismo no agronegócio Antônio Chavaglia, presidente da Cooperativa Agroindustrial dos Produtores Rurais do Sudoeste Goiano (Comigo), acredita que o reconhecimento da ONU é positivo para as cooperativas, pois vai contribuir com a divulgação dos benefícios que o sistema oferece para o associado. “É importante, não só para o cooperativismo, mas também para os associados e para a sociedade. Atualmente, existem 13 ramos de
cooperativismo que atendem a sociedade como um todo, portanto, estamos todos envolvidos e o sistema traz bons resultados para a renda das pessoas”, garante. Para Chavaglia, as cooperativas podem ser consideradas como distribuidoras de renda. “Os resultados obtidos são sempre investidos em prol dos associados, no caso da Comigo, por exemplo, aplicamos na melhoria dos armazéns de recebimento de grãos, em indústrias,
NÚMEROS DO COOPERATIVISMO POR RAMO DE ATIVIDADE (31/DEZ/2010)
Ramo de Atividade
Cooperativas 1.548
Associados 943.054
123
2.297.218
9.892
1.064
4.019.528
56.178
302
57.547
3.349
12
397
14
Habitacional
242
101.071
1.676
Infra-estrutura
141
778.813
5.775
63
20.792
144
235
11.454
3.669 56.776
Agropecuário Consumo Crédito Educacional Especial
Mineral Produção
146.011
852
246.265
Trabalho
1.024
217.127
3.879
Transporte
1.015
321.893
10.787
Saúde
Turismo e Lazer TOTAIS Fonte: Organizações estaduais e OCB Elaboração: OCB/Gemerc
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Empregados
31
1.368
32
6.652
9.016.527
298.182
equipamentos e outros. A Cooperativa deixa a renda na região, além de atrair investimentos, este é o seu diferencial”, destaca. Alceu Ayres de Moraes é associado da Comigo. Para ele, uma das grandes vantagens da Cooperativa é o retorno que o produtor recebe, com base nos investimentos realizados ao longo dos anos. “A partir dos produtos vendidos para a Cooperativa e das compras realizadas, o produtor rural vai estabelecendo sua cota capital, que é como uma poupança futura. Depois de certo tempo como cooperado, a porcentagem de lucro acumulada retorna para ele”, explica. Antônio Chavaglia concorda que compartilhar os lucros obtidos, por meio da cota capital, é um dos maiores benefícios que a Cooperativa fornece. “As empresas comuns estão cada vez mais concentrando a renda nas mãos de poucos proprietários e na Cooperativa acontece o contrário. A Comigo não tem apenas um dono, são mais de cinco mil, e os resultados são distribuídos entre eles”. Dentre outras vantagens destacas por Chavaglia, está o fato de que a Cooperativa facilita o acesso às linhas de crédito, paga um preço mais elevado no momento de
comprar os produtos ofertados pelos cooperados e oferece preços mais atrativos nos produtos que vende. “A Cooperativa apresenta os preços reais para os associados, evitando que o produtor rural seja explorado”. Ainda segundo dados da OCB, o ramo agropecuário é o que possui maior número de cooperativas, sendo 1.548. Também é o que possui o maior número de empregados, 146.011, o que corresponde a quase metade do total de empregados do sistema cooperativista. Já o ramo com maior número de associados é o das cooperativas de crédito, são mais de quatro milhões de sócios. Com o reconhecimento das cooperativas, a ONU pretende, dentre outros objetivos, evidenciar o sistema cooperativista como um meio alternativo de fazer negócios e promover o desenvolvimento socioeconômico. Com o este propósito, o lema escolhido para representar o Ano é “Empresas cooperativas constroem um mundo melhor”.
“Os resultados obtidos são sempre investidos em prol dos associados. A Cooperativa deixa a renda na região, além de atrair investimentos, este é o diferencial” Antônio Chavaglia, presidente da Comigo
“O produtor rural que é cooperado vai estabelecendo sua cota capital, que é como uma poupança futura. Depois de certo tempo como cooperado, a porcentagem de lucro acumulada retorna para ele” Alceu Ayres de Moraes, cooperado da Comigo
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BOTULISMO em bovinos
Doença está entre as três principais causas de mortalidade dos animais
F
alta de coordenação, andar cambaleante e paralisia progressiva dos membros, do tórax, do pescoço e da cabeça. Estes são os sinais do botulismo, doença que é considerada por pesquisadores como uma das três principais causas de mortalidade em bovinos, no Brasil. Isto, porque, depois de contaminados, dificilmente, os animais conseguem se recuperar. Dados mostram que no Mato Grosso do Sul, entre 1996 e 1998, a
Por Tássia Fernandes doença tenha causado a morte de, aproximadamente, 195 mil vacas. Informações mais recentes, divulgadas em 2009, apontam que, entre 1999 e 2008, foram confirmados 41 casos de botulismo no Brasil. A maioria, 20, ocorreu na região Sudeste. A quantidade é referente aos casos com diagnóstico laboratorial e representa uma porcentagem mínima dos casos reais em campo. Em relação aos casos mais recentes, no Centro-Oeste, foram
confirmados oito casos, sendo quatro em Goiás, registrados em 2001, e quatro no Mato Grosso, registrados em 2002. Os dados foram divulgados pela Coordenação de Vigilância das Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar (COVEH), pelo Departamento de Vigilância Epidemiológica (DEVEP) e pela Secretaria de Vigilância em Saúde do Mato Grosso do Sul (SVS/MS).
• Como acontece a contaminação? O botulismo é causado pela ingestão da toxina botulínica, produzida pela bactéria Clostridium botulinum, que pode ser encontrada em diversos locais, como na água e no solo, sob a forma de esporos. No entanto, a simples ingestão da bactéria não causa nenhum dano ao animal, pois a toxina só é produzida quando os esporos entram em contato com alguma matéria orgânica em decomposição. O problema pode surgir quando, por exemplo, morre algum animal que tenha ingerido a bactéria, fornecendo, assim, condições propícias para a proliferação dos esporos. Bovinos com deficiências alimentares, principalmente, de fósforo, podem desenvolver o hábito de roer ou chupar ossos e, ao consumirem a carcaça contaminada com a toxina botulínica, poderão desenvolver a doença. Como explica Fabiano Sant’Ana, médico veterinário e professor da UFG/Campus Jataí, a ingestão de carcaças de animais em decomposição no pasto é a principal via de contaminação do gado no Brasil. Mas, também pode haver 14
contaminação por meio da ingestão de alimentos deteriorados, ou de águas paradas, que estejam contaminadas por carcaças de pequenos animais, como roedores, aves, ou animais silvestres. “Antes da proibição do uso da cama de frango na alimentação de ruminantes, pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) em 2002, essa alimentação também era uma importante fornecedora de toxinas para os bovinos, uma vez que, junto com a cama de frango, muitas vezes, carcaças de frangos mortos em decomposição eram encontradas. No Mato Grosso do Sul também foram observados alguns casos de botulismo associados ao consumo de palhadas de milho”, acrescenta Fabiano. De acordo com o professor, a contaminação tem sido observada mais frequentemente em criações extensivas. “Onde determina maiores perdas econômicas, pois, nesta categoria, os animais se locomovem mais nos pastos e, caso ocorram condições predisponentes na propriedade, o risco de contaminação é maior”.
Entretanto, também podem ocorrer casos da doença nos sistemas de confinamento. “Caso sejam fornecidas rações contaminadas com as toxinas da bactéria, o problema também pode surgir”. Isto acontece quando os alimentos, como silagem, feno ou ração, não são armazenados em condições adequadas, facilitando a presença de matéria orgânica em decomposição ou de carcaças de pequenos animais. Segundo Fabiano, em áreas com carência de fósforo nas pastagens, o problema surge com maior frequência na época chuvosa, em função do crescimento abundante das pastagens.
• Como identificar se o animal contraiu a doença? Alguns animais podem começar a apresentar os sinais da doença um dia após a ingestão do alimento contaminado, já outros, podem desenvolver a doença até 30 dias depois. “Quanto maior a quantidade de toxinas ingeridas, mais rápido e mais grave será o quadro clínico apresentado”, esclarece Fabiano. O sinal inicial é a dificuldade de locomoção, devido à paralisia dos membros pélvicos. A paralisia pode atingir os membros torácicos e o bovino passará a maior parte do tempo deitado, até não conseguir mais se levantar. “Os sinais clínicos de alteração da locomoção são indicativos do botulismo, mas, os mesmos podem surgir em muitas outras doenças. Por isso, o produtor deve, o mais breve possível, chamar um médico
veterinário, para realizar um diagnóstico preciso”, enfatiza o professor. Para certificar de que se trata do botulismo, Fabiano aconselha a realização do diagnóstico diferencial com outras enfermidades que apresentam sinais clínicos semelhantes, como é o caso da raiva. Para ele, o diagnóstico é fundamental, pois vai indicar, de forma eficaz, quais as medidas terapêuticas e profiláticas que devem ser adotadas no plantel. “A necropsia dos animais que morrerem com suspeita da doença também deve ser realizada por médicos veterinários habilitados. Várias amostras devem ser coletadas na necropsia, para diagnóstico laboratorial (histopatológico e identificação de toxinas) e para a confirmação da doença”. Com a evolução da doença, os músculos da cabeça são afetados,
impedindo a mastigação e deglutição de alimentos. No estágio mais avançado, ocorre a paralisia flácida progressiva dos músculos esqueléticos, dificultando a respiração do animal, que poderá morrer por insuficiência e parada respiratória. Fabiano destaca que, dependendo da quantidade de toxina ingerida e da precocidade no tratamento dos bovinos contaminados, existe a possibilidade de sobrevivência. Segundo o professor, o tratamento fornecido aos animais é apenas de suporte e o profissional que atendê-los deverá optar pelo manejo mais adequado, levando em consideração o quadro geral do animal e a quantidade de toxinas ingeridas. “De fundamental importância é a preconização de medidas profiláticas na propriedade, para evitar o surgimento de novos casos”, afirma.
ência nesse mineral e, consequentemente, a prática de ingestão de ossos”. Também é preciso armazenar a alimentação dos bovinos de maneira adequada, evitando que materiais em decomposição estejam presentes na mesma. “O produtor rural não deve fornecer cama de frango para os ruminantes; deve evitar que os bovinos tenham acesso a águas paradas de má qualidade, evitar colocar lotes de bovinos em palhadas de milho e, em propriedades onde ocorram surtos da doença frequentemente, a vacinação é recomendada”, complementa Fabiano. A vacina contra botulismo
não faz parte do calendário de vacinas obrigatórias e também não existe uma época específica para realizar a imunização. “Nenhuma vacina é 100% eficaz, por diversos motivos. Mas, espera-se que um bovino adequadamente vacinado esteja mais bem protegido contra a doença”. O professor Fabiano acrescenta que a UFG/Campus Jataí está à disposição dos produtores rurais, para auxiliá-los no diagnóstico e controle da enfermidade e para dirimir quaisquer dúvidas. Os interessados podem ir ao Laboratório de Patologia Veterinária da universidade, na Unidade Jatobá.
• Como prevenir? Para evitar que os animais sejam contaminados com a toxina botulínica, é preciso adotar algumas medidas preventivas. A primeira é eliminar as fontes de contaminação, como cadáveres em decomposição. “O pecuarista deve enterrar e incinerar completamente as carcaças de animais mortos na propriedade, de preferência, após a necropsia dos mesmos”. A necropsia deve ser realizada para identificar a causa da morte dos animais. Realizar a suplementação de fósforo do rebanho é outra medida que pode contribuir com a prevenção da doença. “A mineralização do rebanho com fósforo evitará a defici-
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Artigo
Universidade Estadual de Goiás – Unidade de Mineiros
Alternativas da
produção de etanol
A
temática sobre geração de energias alternativas vem ganhando espaço na discussão sobre a reestruturação da matriz energética nos últimos anos, principalmente tendo em vista o esgotamento das reservas de combustíveis fósseis (petróleo, carvão e gás natural). O Brasil vem se destacando no cenário econômico mundial como o principal produtor de álcool combustível (etanol), que é considerado fonte de energia limpa, renovável e economicamente viável. O crescente interesse internacional sobre o desenvolvimento e a utilização dos biocombustíveis em substituição aos combustíveis fósseis, dada a pressão da sociedade por combustíveis renováveis e menos poluentes, tem feito com que a atividade canavieira, principal matéria-prima do etanol brasileiro, apresente uma forte tendência de crescimento. No Brasil, os dados mostram que a produção de cana-de-açúcar aumentou mais de 150% entre 1990 e 2009 e que a produção de etanol ultrapassou os 27 bilhões de litros em 2009 (aumento de mais de 138% em relação a 1990). Entretanto, o objetivo deste artigo foi mostrar as fontes alternativas da produção de etanol, bem como a importância que o etanol vem assumindo no mundo e as perspectivas das novas tecnologias da biomassa, com vistas ao desenvolvimento de uma indústria de etanol competitiva.
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Dentro do contexto de discussão sobre fontes de energia renováveis, é cada vez maior o interesse pelos chamados biocombustíveis, dentre eles o etanol. Sua produção é considerada “limpa”, no sentido de que ela é de origem não fóssil e feita a partir de plantas, as quais também têm o potencial de retirada de carbono da atmosfera através da fotossíntese. Acredita-se que a produção de biocombustíveis possa amenizar as pressões sobre os combustíveis fósseis ao reduzir o ritmo de sua utilização, preservando suas fontes (já que estes são considerados não-renováveis, pelo menos na escala temporal humana) e diminuindo a quantidade de poluentes emitidos pela sua queima. O etanol brasileiro, produzido a partir de cana-de-açúcar, tem sido apontado como um biocombustível promissor. O Brasil possui grandes vantagens em sua produção, o que justifica o atual momento de grande dinamismo de sua produção. O etanol já é hoje um grande sucesso no Brasil como substituto da gasolina e seu futuro é promissor com o advento das tecnologias de segunda geração. O biodiesel ainda tem um árduo caminho pela frente com as tecnologias de primeira geração e o futuro dependente de
outras matérias-primas para as tecnologias de segunda geração; não devemos desanimar, mas não há razões para ufanismo quando se trata de biodiesel. O uso do álcool combustível é um tema em constante debate. Trinta anos depois do início do Proálcool, o Brasil vive agora um novo desafio, a expansão de novas culturas com o objetivo de oferecer, em grande escala, um combustível alternativo. O desenvolvimento das tecnologias dos processos de produção e de usos do etanol e seus subprodutos devem estar acompanhados de demonstração da viabilidade econômica e sócio-ambiental, da competitividade e promoção da aceitação pelo mercado consumidor, sendo que o esforço governamental deverá estar concentrado em fomentar a tecnologia ampliando a competência local para produzir biocombustíveis competitíveis, garantindo o preço e as condições de uso. Autores: BORGES, Valdirene Oliveira; CARVALHO, Vinícius Vilela; OLIVEIRA, Lucas Costa; PEREIRA, Hutson Syllas Machado; SANTOS, Evânia Silva; SOUZA, Glauceny Pereira; MARTINS, Wesley Alves.
Acredita-se que a produção de biocombustíveis possa amenizar as pressões sobre os combustíveis fósseis ao reduzir o ritmo de sua utilização, preservando suas fontes e diminuindo a quantidade de poluentes emitidos pela sua queima.
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Mais do melhor Transferência de embriões garante melhoramento genético e aumento do plantel em curto espaço de tempo Por Tássia Fernandes
A
umentar o plantel. Não importa a espécie ou a raça, este é um dos principais objetivos de quem trabalha com a criação de animais, seja com finalidades comerciais, esportivas, ou, até mesmo, por lazer. Junto com o apreço pela quantidade, vem o interesse pela qualidade e, quando algum animal se destaca em meio à criação, surge também o desejo de multiplicá-lo, ou seja, de obter outros animais com carga genética semelhante e que sejam tão bons quanto aquele em questão. Até certo tempo, a reprodução natural era a única alternativa para garantir a realização do desejo de ter mais animais da melhor qualidade. Mas, o desenvolvimento constante da ciência trouxe novos meios de reprodução, como a transferência de embriões e a fertilização in vitro.
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As duas técnicas vêm de encontro ao objetivo de vários produtores rurais, que é aumentar a criação, e ainda permite que isto aconteça em um curto espaço de tempo, pelo menos se comparado à reprodução natural. “Comecei a procurar pelos serviços de reprodução em 2009”, conta João Lindolfo, produtor rural e criador de equinos, da raça Quarto de Milha. A fertilização in vitro (FIV), na qual todo o procedimento de geração do embrião é realizado em laboratório, é a técnica desenvolvida mais recentemente. A FIV pode ser utilizada na reprodução de bovinos, mas, no caso da reprodução de equinos, pretensão de João, a alternativa tecnológica indicada é a transferência de embriões. Ao permitir que a égua fique prenha por meio da reprodução natural, o criador precisará esperar cer-
ca de dois anos para que o animal volte às atividades rotineiras. No caso de éguas competidoras, elas precisaram ficar afastadas das competições durante todo o período. Evitar o afastamento dos animais é uma das vantagens da transferência, já que em, aproximadamente, seis meses, o animal estará apto a competir novamente. Outro benefício é que pela transferência de embriões o criador pode obter de quatro a cinco produtos de uma égua por estação de monta. “Se a égua ciclar durante o ano todo é possível conseguir mais animais, porém, os equinos ciclam apenas durante a primavera e o verão, que são períodos de alta luminosidade. A melhor época para realizar a transferência é entre outubro e fevereiro”, explica Karen Leão, médica veterinária e professora do Instituto Federal Goiano - Campus Rio Verde.
Por meio da transferência de embriões o criador pode obter de quatro a cinco produtos de uma égua por estação de monta e as matrizes que participam de competições não precisam ficar afastadas das atividades cotidianas por períodos longos.
• Procedimento Karen esclarece que a característica básica da transferência é o fato de que o embrião não será gerado no útero da égua mãe. Para isto, o criador precisa escolher as doadoras, éguas que fornecerão os óvulos para fecundação; e as receptoras, éguas que irão gerar os embriões já concebidos. O procedimento começa a partir do momento em que a égua doadora entra no cio e ovula. A prenhez pode acontecer por meio da monta natural, se o criador tiver um garanhão adequado na propriedade, ou por meio de inseminação, com sêmen adquirido de qualquer localidade do país.
No oitavo dia após a ovulação é realizada a coleta para identificar se houve fecundação e formação de embrião. “Se o resultado for positivo, o embrião será lavado, em meio próprio, para que seja retirada qualquer sujidade presente nele, e depois será transferido para a receptora que vai gerá-lo”. No entanto, Karen pontua que a transferência não é garantia de prenhez. “A transferência deve ser realizada no oitavo dia e é possível diagnosticar uma prenhez com 12 dias, utilizando o ultrassom. Portanto, quatro dias após a transferência é possível identificar se a receptora está prenhe ou não”.
• Manejo Reprodutivo O sucesso do procedimento depende de diversos fatores, sendo que um dos principais é a saúde dos animais, tanto das doadoras, quanto das receptoras. “O maior entrave é que, na maioria das vezes, o criador se preocupa com a doadora e acaba deixando as receptoras mais descuidadas”, lamenta a médica veterinária. Karen enfatiza que apesar da carga genética do embrião ser proveniente da doadora, a receptora também precisa estar saudável, afinal, é ela quem vai sustentar o feto durante toda a gestação. A égua também precisa ser boa produtora de leite, para garantir a alimentação do potro após o nascimento. “Para garantir a saúde e o bom score corporal do rebanho, o melhor remédio
é um bom manejo nutricional”, afirma. O acompanhamento dos animais, antes e depois da transferência, também é necessário. Karen explica que a observação permite que haja compreensão do ciclo da égua e, assim, será possível identificar quando o animal entra no cio, acompanhar o crescimento folicular e a ovulação. “É recomendado que a receptora também seja monitorada, pois o aconselhável é que no dia da transferência ela esteja com seis dias de ovulada, ou seja, que esteja no cio junto com a doadora, de preferência, dois dias atrasada”. A transferência também pode ser realizada entre o 4º e o 8º dia após a ovulação da receptora.
A partir do momento em que a égua começa a ciclar já é possível inseminá-la e obter embriões. Porém, a médica veterinária explica que para emprenhar um animal é preciso esperar até que o mesmo já esteja desenvolvido e apto para gerar um potro, porque, do contrário, a gestação poderá atrapalhar o desenvolvimento da égua. Em relação à vida útil para realizar a coleta de embriões, Karen esclarece que não existe um período estabelecido. “A partir de 15 anos o equino é considerado senil, porém, esta questão é relativa. Éguas com 18 anos podem ser boas para reproduzirem, bem como éguas com 11 anos podem ser ruins, depende muito de cada animal”, pontua.
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• Resultados Como em qualquer gestação, o resultado final é imprevisível. Mas, no caso dos equinos a incerteza é ainda maior e passa por duas fases. A primeira, em relação à expectativa se houve ou não fecundação e se o embrião foi formado, cujo percentual de resultado é denominado taxa de recuperação embrionária. O segundo momento de dúvida é depois de realizada a transferência, quando a expectativa passa a ser se a receptora conseguirá manter o embrião no útero e gerá-lo até o nascimento, nesta fase o percentual do resultado é denominado taxa de prenhez.
“Em 2011 obtive oito prenhezes, sendo seis com equinos e duas com jumento nacional. Agora pretendo testar algo inédito e utilizar a mulas como receptoras” João Lindolfo, criador de equinos da raça Quarto de Milha
Diversos fatores podem influenciar no resultado final, como o dia em que é realizada a coleta, o técnico que realiza o procedimento, o tipo de sêmen utilizado (se é monta natural, sêmen refrigerado ou congelado), as condições das éguas,
tanto das doadoras, como das receptoras, entre outros. “Em condições favoráveis, a taxa de recuperação embrionária fica em torno de 70% a 80%. O cavalo estando ao lado da égua é a melhor maneira de obter resultados positivos”, afirma Karen.
poucos profissionais que realizavam o trabalho e o índice de aproveitamento aqui era muito baixo”, esclarece. Porém, a médica veterinária Karen destaca que transportá-los não é a melhor alternativa, tanto no sentido econômico, quanto no sentido de garantir o bem-estar dos animais. “É mais viável que o criador mantenha o animal em casa
sob seus cuidados, pois, ao serem colocados em caminhões, eles acabam se machucando, principalmente quando são éguas paridas. Além disso, existem gastos com o transporte de ida e volta e a relação custo benefício acaba ficando alta. Antes gastar para o sêmen vir, do que gastar com o transporte da égua”, afirma.
• Vantagens de casa Atualmente, muitos pecuaristas transportam os animais para outras cidades ou estados com o intuito de efetuar a transferência de embriões. Quando decidiu partir para a realização do procedimento, a primeira experiência do criador João Lindolfo foi transportando a égua para ser inseminada em São Paulo. “Isto foi em 2009. Procurei o estado porque em Goiás ainda existiam 20
• Quarto de milha Os equinos de João Lindolfo são da raça Quarto de Milha e o criador participa constantemente de competições da raça. “Trabalho com os animais há muitos anos e já tenho um plantel bastante razoável. Já participei de diversas provas e fomos felizes em muitas delas, em 2011, inclusive, fomos premiados na competição Potro Futuro, com o Trovão Hobby Gray”, conta João. Segundo ele, a competição Potro Futuro, específica do Quarto de Milha e realizada no mês de agosto, é uma prova que influencia no procedimento de transferência de embriões. Participam da prova cavalos que tenham até 04 anos de
idade. Se o criador seguir a risca o calendário e realizar a transferência no segundo semestre do ano, quando os animais estiverem aptos para competirem, serão seis meses mais velhos do que aqueles que foram concebidos no primeiro semestre do ano, e, como explica o criador, seis meses de treinamento para um equino faz toda a diferença durante a competição. “Encerramos nossa temporada de inseminação em dezembro, pois, assim, ficamos dentro do calendário e teremos animais considerados bem nascidos. Pode acontecer de o criador estender os procedimentos até a segunda quinzena de
janeiro, mas, o aconselhável é que eles sejam encerrados no dia 31 de dezembro, pelo menos, no caso da geração de animais Quarto de Milha que irão participar do Potro Futuro”, explica João. O mercado para a comercialização de equinos ainda é pequeno e participar de competições é uma das maneiras de ganhar visibilidade e fechar bons negócios. “As premiações recebidas valorizam muito os animais e nos abrem portas. Hoje já consigo vender para Goiânia e, até mesmo, para São Paulo, mas ainda assim em pequena escala”, destaca João.
• Novas experiências 2011 foi um ano positivo para João Lindolfo. Por meio da transferência, o criador conseguiu obter oito prenhezes, sendo seis com equinos e duas com jumento nacional. Ele também tem investido na criação de muares e, para este ano, o objetivo é de seguir por um caminho novo e utilizar as mulas como
Potro fruto de transferência de embriões
receptoras. “Estou com vontade de testar algo inédito. Já havia lido sobre isto e, agora, pretendo experimentar. Dizem que as mulas são excelentes mães. Neste ano tenho a pretensão de realizar esta experiência”, planeja. As mulas são animais híbri-
dos e, por isso, elas não têm a capacidade de emprenhar. No entanto, o aparelho reprodutivo dos animais apresenta condições para gerar um embrião e é pensando nisto que João Lindolfo pretende colocar em prática a ideia, utilizando a transferência de embriões.
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Esquilador: profissão quase extinta Modernização dos equipamentos dispensa a presença do profissional
A
s evoluções e revoluções que aconteceram ao longo dos séculos trouxeram diversos benefícios para a sociedade e, de certa forma, facilitaram a vida humana, afinal, inúmeras atividades, antes desempenhadas manualmente, passaram a ser realizadas por máquinas. A mecanização dos sistemas de produção teve início no século 18, na Inglaterra, durante a Revolução Industrial e, aos poucos, tomou conta de todo o mundo e de, praticamente, todas as atividades que, até então, eram artesanais. Junto com o lado positivo, o das facilidades, veio também o lado negativo, a poluição, o êxodo rural e, talvez, o maior dos problemas: o desemprego. A substituição da mão-de-obra humana pelas máquinas resultou na extinção de inúmeras profissões. A de esquilador é uma delas. A tosquia ou esquila consiste na retirada da lã das ovelhas e deve ser realizada, pelo menos, uma vez por ano. O procedimento tem a finalidade comercial da venda de lã, mas também é necessário para que os animais suportem melhor os dias quentes do verão, por isso, deve ser realizado entre os meses de outubro e dezembro. Em alguns locais do país a esquila ainda é realizada, principalmente, na região Sul, onde muitas pessoas criam ovelhas e a lã tem um valor comercial atrativo. O que
José Daniel Barbosa Darde, esquilador
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Por Tássia Fernandes praticamente foi extinto é o ofício de esquilador, já que, atualmente, a lã é retirada com a máquina de esquila, como conta José Daniel Barbosa Darde, que é gaúcho, natural de Uruguaiana, e desempenha a atividade há anos. “A esquila manual, realizada com a tesoura, nós chamamos de esquila a martelo, mas ela está acabando, porque todas as fazendas já têm energia elétrica, então eles estão utilizando a máquina tocada a motor”. José Daniel garante que o procedimento é fácil de ser realizado, só é preciso ter técnica para não se machucar, nem ferir o animal. “A gente puxa a pele da ovelha com a mão esquerda e com a direita cortamos a lã. A tesoura tem que acompanhar o movimento e é preciso puxar a pele direito, porque se não corta tudo, a lã e o couro das ovelhas”, alerta o profissional. A tosquia é realizada em etapas. Primeiramente, o animal é capturado e imobilizado. A tosa começa pelas laterais e pela parte de cima, denominadas velos. A parte de baixo, que compreende a região da barriga e das patas, é retirada por último. Em cerca de quinze minutos José Daniel termina de esquilar uma ovelha e, apesar da experiência, não nega as pequenas falhas cometidas. “Claro que sempre tem algum cortezinho, é normal. Mas se afrouxar a mão e passar a tesoura, ai corta
tudo”, afirma. Segundo ele, ao utilizar a máquina de esquilar, o profissional precisa ter ainda mais cuidado, já que o instrumento é elétrico. Outro fator também exige atenção quando o equipamento é utilizado. Os animais esquilados na máquina ficam mais descobertos e, consequentemente, mais susceptíveis a doenças no caso do clima esfriar, especialmente na região Sul. “Se os animais ficarem soltos, vier uma invernada grande e eles tomarem chuva, o risco é fatal, pois eles ficam com pneumonia. Já quando a esquila é a martelo não tem este problema, pois os animais ainda ficam com cerca de dois a três centímetros de lã, que vai protegê-los do frio”, explica. Apesar de ter aprendido a profissão manualmente, com o surgimento da máquina de esquilar, José Daniel logo descobriu como utilizá-la. “Aprendi a realizar o serviço utilizando a esquila a martelo. Meu pai trabalhou mais de 40 anos em uma fazenda, então me criei desde pequeno lá e aprendi toda a lida de campo com ele. Quando tive que passar da tesoura para a máquina não achei difícil, porque a técnica é praticamente a mesma, só precisa ter mais cuidado”. José Daniel também afirma que o equipamento tem vantagens. O tempo gasto para finalizar o serviço é a principal delas. “Na esquila a martelo eu finalizo em torno de 30 ovelhas por dia, já com a máquina, consigo esquilar mais de cem animais diariamente”. Atualmente, o profissional reside na Bahia, mas, frequentemente, vem até Goiás, para esquilar as ovelhas disponíveis na região. O preço pago pelo serviço fica em torno de R$ 5 por ovelha. A remuneração é baixa e ele afirma que em Goiás não é possível sobreviver da profissão. Já na região Sul ele acredita que ainda é possível apostar na atividade como fonte de renda. “Lá tem a época certa de esquilar e, além de receber pelo serviço, também é possível vender a lã, que deve estar em torno de R$ 30 a peça”, conclui.
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Brachiaria ruziziensis faz a diferença na
Integração Lavoura-Pecuária (ILP)
O
nome é bastante conhecido, os benefícios, porém, nem tanto, pelo menos, em algumas regiões do país, à exceção de Mato Grosso, onde a Integração Lavoura Pecuária (ILP) já é implantada em larga escala e com resultados satisfatórios. No Mato Grosso do Sul o sistema também tem destaque e, na modalidade de rotação, o estado é um dos pioneiros em ILP, principalmente, devido ao incentivo de entidades como a Fundação – MS, a Embrapa Dourados e a Embrapa Gado de Corte. A integração do plantio de culturas anuais com o plantio de forrageiras, para a exploração da pecuária de corte ou de leite, também pode ser uma opção para os produtores que atuam nas áreas do cerrado, como em Goiás, por exemplo. Como explica Matheus Lima, engenheiro agrônomo, o plantio da Brachiaria ruziziensis, em áreas onde são cultivadas outras culturas, como soja e milho, pode ser realizado
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Por Tássia Fernandes em duas situações. A primeira delas é quando o produtor não vai realizar a segunda safra. “Neste caso, será feita uma sobressemeadura na área de soja e as sementes de braquiária devem ser lançadas quando a soja começar a amarelar”, pontua. Mesmo que o produtor opte por realizar a segunda safra, cultivando milho, não precisa abrir mão da braquiária. Nesta situação, o plantio da forrageira pode ser no momento de realizar a adubação, ou seja, as sementes podem ser misturadas no adubo. O produtor também pode colocar uma linha de milho e outra de sementes de braquiária ou, ainda, jogar as sementes antes e, depois, plantar o milho por cima. “Várias pesquisas realizadas pela Embrapa avaliaram se o cultivo de braquiária junto com o milho pode resultar na queda de produtividade do grão, mas, pelo contrário, os resultados mostraram que as produções aumentaram quando há o cultivo da forrageira”, garante Matheus. Segundo o engenheiro agrô-
nomo, no consórcio do milho com a braquiária, o produtor terá um custo de, aproximadamente, R$ 35 por hectare. Já quando o produtor substitui a segunda safra pelo cultivo da forrageira, o custo será maior, em virtude da necessidade de uma quantidade maior de sementes para ocupar a área, ficando em torno de R$ 70 por hectare. As vantagens do sistema de ILP com a utilização da Brachiaria ruziziensis são inúmeras. A primeira delas é que o produtor vai garantir uma alimentação de qualidade para o gado no período da seca, resultando no ganho de peso real. “Como é um pasto que vem de uma área de soja, ele é rico em nitrogênio e possui alto teor de proteína, sem contar a redução de custos, já que a criação de gado a pasto é mais barata do que em confinamento, reduzindo, também, a necessidade de máquinas e de mão de obra”, pontua Matheus. A formação de palhada de qualidade é outro benefício da for-
rageira e vai garantir a proteção do solo em áreas onde a segunda safra não será cultivada. A braquiária também impede o surgimento de plantas daninhas, além de reter maior umidade no solo, diminuindo os efeitos do estresse hídrico, benefício que poderá ser notado na cultura seguinte, ou seja, na soja que será plantada sobre a palhada. É neste momento que a eficiência da Brachiaria ruziziensis é notada, por possuir um sistema radicular agressivo, superando a profundidade de dois metros, na maioria dos casos. O fato de a planta apresentar um contínuo crescimento radicular também contribui com a descompactação do solo e com a recuperação do potássio lixiviado. Além disso, ao ser dessecada, a forrageira possui alta capacidade de produção de matéria orgânica, fator positivo para o solo. Porém, Matheus destaca que é importante dessecar a braquiária, no mínimo, 25 dias antes do plantio da cultura subsequente, para evitar quaisquer problemas com Nematóides ou Aleloplatia. “A braquiária apresenta todos esses benefícios secundários e ainda produz dinheiro no sistema de pastagem, engordando o boi no pasto”, enfatiza Matheus. Há anos o empresário e agropecuarista Antônio Roberto de Lima segue à risca as recomendações técnicas para utilização da Brachiaria ruziziensis. O resultado foi positivo e hoje ele comercializa sementes de alto padrão para produtores rurais que buscam resultados verdadeiros, tanto no sistema de consórcio com o milho, quanto na sobressemeadura
na cultura da soja. De acordo com Matheus, os custos para investir no cultivo da forrageira são baixos e se tornam ainda menores quando as sementes são adquiridas de produtores registrados junto ao Ministério de Agricultura e Pecuária, ficando cerca de 30% mais baratas. “As sementes provenientes de produtores registrados também são mais puras e analisadas antes da comercialização”, afirma. Devido aos benefícios do plantio da Brachiaria ruziziensis, a procura pela forrageira vem aquecendo a cada temporada, inclusive, despertando a curiosidade de sojicultores que visam o controle do mofo-branco (Sclerotinia sclerotiorum) e que utilizam a gramínea, junto com o fungo Tricoderma, como elemento supressor do patógeno, combatendo de maneira natural o aparecimento da doença. “Se observarmos o custo por hectare, a utilização da forrageira fica em conta. Com custo baixo e diversos benefícios, investir no plantio da ruziziensis é apostar na lucratividade”, relata Matheus Lima, que divide com o pai e o irmão, a administração da agropecuária, onde as sementes de braquiária podem ser encontradas. A utilização da Brachiaria ruziziensis no sistema de integração lavoura-pecuária é eficaz, barata e lucrativa, além de beneficiar ambas as atividades, seguindo os pilares da diversificação, rotação, consorciação ou sucessão das atividades agropecuárias.
Braquiária também é eficiente no controle do
MOFO-BRANCO
E
studo publicado pela Embrapa, no ano de 2009, em uma Circular Técnica da instituição, mostrou que o plantio de Brachiaria ruziziensis, sobre a palhada de soja, é uma prática cultural adequada ao manejo do mofo-branco (Sclerotinia sclerotiorum). A doença ataca culturas como soja, feijão e algodão e é considerada altamente destrutiva. O estudo foi realizado por pesquisadores da Universidade Federal de Goiás/Campus Jataí, em parceria com pesquisadores da Embrapa. A contaminação com mofo-branco se dá, principalmente, por sementes infectadas e a doença pode permanecer no solo por tempo indeterminado, por meio de estruturas denominadas escleródios, que aumentam a cada plantio de culturas hospedeiras. No ensaio realizado pelos pesquisadores, foi identificado que no manejo de controle utilizando a braquiária 80,1% dos escleródios estavam mortos, já no tratamento sem a forrageira, esta porcentagem cai para 41,91%. De acordo com o estudo, a dessecação da forrageira forma uma palhada de volume adequado e decomposição mais lenta, em comparação com outras espécies. A mesma vai agir como uma barreira física, reduzido a formação das estruturas responsáveis pela produção dos esporos causadores do mofo-branco, denominadas apotéticos do Sclerotinia sclerotiorum. 25
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Artigo
Laercio Domingues Gerente Técnico Nitral Urbana Laboratórios Ltda.
Cleverson Luiz Felippi Gerente Regional de Vendas Nitral Urbana Laboratórios Ltda.
Inoculante Gelfix Gramíneas Tecnologia biológica de fornecer nitrogênio para o milho A capacidade de fixação biológica de nitrogênio do Azospirillum brasilense (bactéria que está presente no Inoculante Gelfix Gramíneas) se deve a presença da enzima nitrogenase que atua na reação da redução de N2 atmosférico (não assimilado pela planta) em NH4+ que é uma das formas absorvida pelas plantas. Estas bactérias são organismos endofíticos facultativos que colonizam tanto o interior quanto a superfície das raízes (não formam nódulos). Apresentam boa compatibilidade com fungicidas e inseticidas comumente usados no tratamento de sementes de milho e não sofrem inibição significativa com adubação acentuada de N na base (até 40 kg/ha de N) como ocorre com bactérias fixadoras de nitrogênio em leguminosas. Quanto à forma de uso, tanto a aplicação nas sementes como no sulco de semeadura (utilizar o dobro da dose) se mostraram eficientes. (Sandini e Novakowiski, 2011). Também temos resultados preliminares indicando que a aplicação foliar também é uma alternativa
tecnicamente viável. Em experimentos realizados em Primavera do Leste – MT observou-se que a inoculação do milho com Gelfix Gramíneas (Azospirillum brasilense, Estirpe BR – 11005, sp 245) resultou em um incremento total de 10% no teor de N no tecido vegetal – somando o aumento na folha e na raiz (Pelotto, 2010). Em experimentos de produtividade realizados pela Embrapa Dourados (Figura 1) pode-se observar que a cultura respondeu ao Gelfix Gramíneas mesmo utilizando adubação nitrogenada mineral, comprovando que houve aporte de N durante o ciclo da cultura fornecido pela Fixação Biológica. Já na Safrinha de 2011, em experimento realizado pela Fundação Mato Grosso (Figura 2), observou-se que o uso de Gelfix Gramíneas sem adubação de cobertura (Tratamento 3), resultou em acréscimo de 3,2 sacas ha-1 em relação a testemunha. Já o tratamento com Gelfix Gramíneas + 30 kg ha-1 de N em cobertura (Tratamento 4) produziu 1 saco ha-1 a mais que o tra-
tamento onde somente foi aplicado 60 kg ha-1 de N em cobertura. Isso mostra a eficiência do Azospirillum brasilense Estirpe BR – 11005, sp 245 (bactéria presente no Gelfix Gramíneas) em fixar N, com capacidade de suplementar o fornecimento deste elemento para a cultura ou, até mesmo, um potencial experimental de substituir em até 50% o fornecimento de fertilizantes nitrogenados, dependendo do potencial produtivo almejado. O tratamento 5 foi o que apresentou maior produtividade e eficiência econômica, com incremento de 16,7% em relação a testemunha. Neste estavam combinados o Gelfix Gramíneas no Tratamento de Sementes + 30 kg ha-1 de N em cobertura + 3 litros ha-1 de NFix (fertilizante líquido com 39% de nitrogênio na formulação). Além dos efeitos de FBN, outras características apresentadas pelas plantas principalmente fisiológicas são atribuídas à inoculação com bactérias desse gênero. Na inoculação das sementes de milho e de outras gramíneas, com Azospirillum
Eficiência Agronômica da Inoculação de Azospirillum brasilense na cultura do Milho 86,8
88,8
92,5
Sacas/ha
67,7
Testemunha
100 kg de N
Azos + 50 kg N
Figura 1: Eficiência agronômica da Inoculação de Azospirillum brasilense no rendimento da Cultura do Milho. Safrinha 2009 – Dourados – MS (Adaptado Embrapa Dourados, 2009).
Azos + Fung + Ins
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“Com a utilização do inoculante Gelfix Gramíneas, teremos um aporte de Nitrogênio para a cultura durante todo o ciclo e promoveremos um maior desenvolvimento radicular” brasiliense tem-se observado um maior desenvolvimento da cultura, um aumento no volume e na matéria seca de raízes, no peso seco da parte aérea e, consequentemente, um aumento na taxa de acúmulo de matéria seca. Esses efeitos adicionais do
Azospirillum brasiliense nas plantas são atribuídos à produção, pela bactéria, de substâncias promotoras de crescimento ou fitormônios. Logo podemos concluir que com a utilização do inoculante Gelfix Gramíneas, teremos um
aporte de Nitrogênio para a cultura durante todo o ciclo e promoveremos um maior desenvolvimento radicular, aumentando a densidade dos pelos absorventes, o número e o volume das raízes laterais, o que resultará em uma maior absorção de nutrientes e uma maior resistência das plantas ao estresse hídrico. Em Jataí, o inoculante Gelfix Gramíneas pode ser encontrado na revenda Safra Forte.
Tratamentos 1- Testemunha (sem inoculante + 0 Kg ha-1 de N em cobertura); 2- Sem Inoculante + 60 kg ha-1 de N em cobertura 3- Com Inoculante + 0 kg ha-1 de N em cobertura 4- Com Inoculante + 30 kg ha-1 de N em cobertura 5- Com Inoculante + 30 kg ha-1 de N em cobertura + 3L NFix via foliar (V4) Figura 2: Produtividade de Milho Safrinha com Inoculante Gelfix Gramíneas (Azospirillum brasilense). Híbrido DOW 2B688. Estação Experimental Cachoeira, Itiquira - MT- Safrinha 2011 (Adaptado Fundação Mato Grosso, 2011).
Revenda Nitral Urbana
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RALLY
no cerrado matogrossense Municípios de Querência e Canarana, no Vale do Araguaia, são cenários de rally técnico que busca levar ao produtor informações qualificadas e de tendências do setor. Goiás, Tocantins e Maranhão também vão receber etapas do projeto
Por Karina Kanashiro
•Querência Em Querência, o Rally foi realizado no dia 09 de dezembro e reuniu cerca de 50 produtores. Um comboio de 25 caminhonetes quebrou o clima de tranquilidade das estradas rurais que cortam propriedades de soja e milho do município. Alguns participantes viajaram mais de horas para integrar o comboio. Foi o caso de produtor de soja Arlindo Osalen, do município de Gaúcha do Norte. O catarinense vive no Vale do Araguaia há mais de duas décadas e, junto com os dois filhos, cuida de uma área de mil hectares. “Quase não temos eventos desse tipo por aqui, que trazem novidades para o produtor. Precisamos nos atualizar”, afirmou.
Sustentabilidade – A etapa de Querência teve início com uma palestra de Marco Antônio Conejero, professor do Ibmec e consultor da Price Water House Coopers. A temática principal do evento, “Soluções sustentáveis e integradas para o agronegócio”, pautou as discussões. O professor explicou que o mercado está exigindo cada vez mais que o agricultor produza de forma adequada e afirmou que o campo deve estar preparado mesmo antes que a sustentabilidade seja exigida por lei. Ele afirma que para isso são necessárias parcerias entre produtores, empresas e cooperativas. “É preciso disseminar informações do que está acontecendo no campo, investir em infraestrutura, preparar o produtor
1 ª etapa do Rally Ceagro/Expedição Safra 2011/12, em Querência-MT
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por meio de treinamento e identificar a as necessidades de cada região produtiva”, explica Conejero. Na estrada – Acompanhados de técnicos, parceiros, fornecedores e jornalistas, os produtores visitaram também campos experimentais em propriedades da região, onde conheceram seis unidades demonstrativas com novas tecnologias e acompanharam in loco o que está sendo desenvolvido. Ao final do dia, o comboio havia percorrido mais de 100 km entre os municípios de Querência e Canarana. “Foi um dia muito produtivo. Os participantes tiveram acesso a muitas informações novas e a propriedades que eles não conheceriam sozinhos”, disse o CEO da Ceagro, Paulo Fachin. Milho Verão – Com pouca tradição na região, o milho de verão foi um dos destaques da programação. Entre as vantagens do plantio do cereal na primeira safra, segundo os técnicos, estão a descompactação do solo e o equilíbrio químico com o aumento da matéria orgânica. Os produtores conheceram ainda uma área degradada, que era voltada à pastagem e hoje está sendo restaurada para com o cultivo de soja e milho. “A recuperação desse tipo de área é um investimento em longo prazo. Já estamos pensando
A
ventura, informação e troca de experiências. Esses são os ingredientes principais do Rally Ceagro/Expedição Safra 2011/12, que teve início em dezembro do ano passado no município de Querência, no Mato Grosso. O evento técnico foi o primeiro de uma série de cinco que serão realizados até o início do mês de março, movimentando a rotina de produtores de grãos dos estados do Mato Grosso, Goiás, Tocantins e Maranhão.
nos nossos filhos. Para mim, isso é sustentabilidade”, disse o jovem produtor rural Fabiano Brunetta. Canarana - Durante o desenvolvimento da safra, até o mês de março, o Rally Ceagro/Expedição Safra 2011/12 vai realizar cinco eventos de campo. A próxima etapa será em Canarana, Mato Grosso, no dia 26 de janeiro. O dia de campo itinerante promete ser bem dinâmico, com a realização de uma palestra e seis visitas de campo em propriedades localizadas nos municípios de Canarana, Água Boa e Xavantina. Em cada uma delas será montado um estande para receber os participantes e serão discutidos assuntos relevantes à região. “Vamos levar palestras e assuntos que realmente
interessem ao produtor, que possam ser aplicados em suas propriedades”, afirma Cassiano Prado, gerente comercial da Ceagro. A palestra de abertura será com a economista Vanessa Nardy, do Centro de Inteligência do Agronegócio da Price Water House Coopers, sobre a sustentabilidade do agronegócio brasileiro. Durante o dia os produtores rurais vão conhecer cultivares super precoces, com maior adaptação para o sistema soja/safrinha; variedades resistentes aos principais tipos de lagartas; cultivares que prometem mais ramos produtivos; entre outros assuntos relacionados. A programação terá início às 8 horas, em Canarana, e o encerramento está previsto para as 18 horas, em Nova Xavantina.
Município / Estado
Data
Querência (MT) (Realizado)
09/12/2011
Canarana (MT)
26/01/2012
Goiatuba (GO)
09/02/2012
Guaraí (TO)
01/03/2012
Balsas (MA)
08/03/2012
• Rally Ceagro/Expedição Safra 2011/12 Os cinco eventos técnicos de campo são resultado de uma aliança estratégica entre a Ceagro Grupo Losgrobo e o Agronegócio Gazeta do Povo, que somam esforços de know-how e expertise com foco no desenvolvimento tecnológico e sustentável do agronegócio brasileiro. A iniciativa conjunta tem como área de abrangência as regiões Centro-Oeste e Centro-Norte do país, onde estão as grandes fronteiras agrícolas do Brasil, mas especificamente os estados do Mato Grosso, Goiás,
Piauí, Tocantins e Maranhão. Entre técnicos, produtores e representantes das empresas parceiras dos dois projetos, a expectativa é impactar diretamente mais de 400 pessoas somando todas as etapas. Em sua maioria, multiplicadores das ações e informações que serão desenvolvidas nas palestras e na programação de campo. “A intenção dos grupos é aliar conhecimento e experiência na promoção de ações com conteúdo diferenciado”, explica o gerente
de agronegócio da Gazeta do Povo e coordenador da Expedição Safra, Giovani Ferreira. Segundo ele, a pretensão é orientar e auxiliar o produtor na tomada de decisão, falar de tendências e propiciar o contato com novas tecnologias de cultivo. Ao lado da maior capilaridade no campo e do reforço no relacionamento com a cadeia produtiva, a transferência de tecnologia está entre os principais ganhos da parceria.
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Maracujá conquista agricultura familiar
“Pode ter o problema que for, mas eu não paro de plantar maracujá”
O
consumo de maracujá traz diversos benéficos para saúde. De acordo com a nutricionista Juliana Guimarães Gouveia, a parte branca da casca da fruta é rica em substâncias como pectina, niacina (vitamina B3), ferro, cálcio e fósforo. “A niacina atua no crescimento e na produção de hormônios, previne problemas gastrointestinais, melhora a ansiedade, ajuda no crescimento das crianças, protege as paredes do estômago e ajuda a diminuir a taxa de açúcar no sangue”, enumera. As fibras encontradas na fruta também podem prevenir doenças cardiovasculares, câncer de colón, diabetes e obesidade. “Já a pectina, quando ingerida, se transforma numa espécie de gel não digerível, que provoca sensação de saciedade e é responsável por inibir a absorção de gorduras encontradas em alguns
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Por Tássia Fernandes alimentos, sendo eficaz em dietas alimentares restritivas de calorias”, acrescenta. Mas, entre tantos benefícios, a principal característica atribuída à fruta pelo senso comum é de que o maracujá é um calmante natural. Segundo a nutricionista, a sabedoria popular tem fundamento e a fruta realmente possui propriedades calmantes em sua composição. “O maracujá possui algumas vitaminas e sais minerais que atuam diminuindo o estresse e a ansiedade nos seres humanos”, explica. No entanto, as propriedades calmantes do maracujá vão além dos benefícios para o organismo, pelo menos no caso dos agricultores da Associação São Domingos, em Jataí, que a partir do cultivo da fruta conseguiram, também, acalmar a situação financeira ao complementarem o orçamento com mais uma fonte de renda: a comercialização da fruta, in natura e em polpa. O cultivo começou há cerca de dois anos, impulsionado pelo desejo da agricultora Margarett Aparecida Rabelo. “Vi uma reportagem sobre a fruta e, desde então, decidi que era no cultivo do maracujá que
eu queria investir”, afirma. Ela conta que, no início, houve resistência por parte dos demais produtores da Associação, inclusive do esposo, que acreditava que apostar na cultura não seria uma boa alternativa. “Mas, fomos em frente com o projeto e as pessoas perceberam que era uma boa ideia e logo começaram a plantar também”. Margarett cultiva a fruta em um dos nove hectares que possui. A área abriga cerca de 800 pés de maracujá. A comercialização da fruta in natura é feita, principalmente, por meio do Programa de Aquisição de Alimentos, do governo federal, que compra a produção de agricultores familiares. Já a polpa é vendida por encomenda e preparada horas antes de chegar às mãos do consumidor, que recebe o produto fresquinho, como garante Margarett. Apesar de existir a preocupação com a qualidade da mercadoria, a polpa é transportada fresca porque Margarett não possui energia elétrica na propriedade, evitando que o produto possa ser preparado com antecedência e armazenado no freezer, o que garantiria a conservação. “O que mais falta para podermos trabalhar melhor é a energia”, reclama. Márcio Ferreira Batista também decidiu investir na fruta e, atualmente, cultiva 600 pés de maracujá. O produtor garante que o investimento já está trazendo retorno. “Na última colheita consegui 50 quilos da fruta em cada pé”, comemora. Assim como Margarett, o produtor comercializa a fruta in natura e em polpa. A venda é realizada na Feira Municipal. “No dia da feira consigo vender de 10 a 15 sacos de maracujá. A polpa sai por cerca de
R$ 2, na embalagem com 350 gramas, e a fruta eu vendo em torno de sete unidades por R$ 2”. O produtor está certo de que o cultivo da fruta é promissor. “Pesquisamos e percebemos que o interesse pelo maracujá tem crescido e, por isso, resolvi aumentar a área cultivada. A fruta é rústica, o que me faz acreditar que seja uma atividade segura”. Márcio destaca que o segredo do cultivo é estar sempre de
“Estou com 600 pés de maracujá e na última colheita consegui 50 quilos da fruta em cada pé. O interesse pelo maracujá tem crescido e, por isso, pretendo aumentar a área cultivada” Márcio Ferreira Batista, produtor rural olho nas plantas, para identificar, o quanto antes, qualquer alteração que possa surgir. Margarett concorda e afirma que a cultura requer atenção. “O
cultivo do maracujá é como se fosse um casamento, você não pode plantar e abandonar, é preciso ter muito cuidado. Mas é muito bom lidar com a fruta”.
consideradas as mais eficientes. Onde não há presença de insetos, é preciso realizar a polinização artificial, pois, de acordo com a Embrapa, a polinização realizada pelo vento não traz bons resultados quando se trata do maracujá, já que os grãos de pólen da fruta são grandes e viscosos. “Aqui na Associação somos beneficiados com a presença das mamangavas, então não precisamos nos preocupar com esta questão”, pontua Márcio. Para aprender a lidar com o maracujá e também com as demais variedades cultivadas na propriedade, Márcio, Margarett e os demais moradores da Associação São Domingos realizam, constantemente,
cursos profissionalizantes disponibilizados, principalmente, pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar). O sistema de irrigação, a adubação, o controle de pragas e doenças e outros detalhes foram planejados com base nos conhecimentos obtidos nos cursos. Em relação à irrigação, por exemplo, Márcio esclarece que a cultura não necessita de muita água e, por meio de gotejamento, ele molha a área duas vezes por semana, durante cerca de uma hora. “No curso aprendemos a calcular a quantidade de água que cai em um determinado espaço de tempo. Durante uma hora cai em torno de nove litros de água”, afirma.
• Manejo da cultura O maracujá pertence ao gênero Passiflora, que é formado por 24 subgêneros e 465 espécies. De acordo com recomendações da Embrapa, o plantio da fruta deve ser realizado na época das chuvas, mas, em condições de irrigação, pode ser realizado em qualquer época do ano. Já a colheita poderá acontecer de seis a nove meses após o plantio, dependendo da região e das condições climáticas. Para a obtenção de uma boa produtividade, a polinização é uma prática importante na cultura do maracujá. Os insetos polinizadores são aqueles que realizam a transferência de pólen entre as flores e, para esta atividade, as mamangavas são
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Agricultores decidem investir na fruta que tem trazido bons rendimentos e pretendem partir para a industrialização de polpas, a partir da aquisição de uma despolpadeira. A expectativa é de que dentro de um ano a fábrica já esteja instalada. Mas, nem tudo o que é aprendido é realizado ao pé da letra. Márcio conta que durante um dos cursos ministrados foi ensinado que era preciso podar os ramos ladrões, aqueles que apresentam crescimento vertical superior aos demais. No entanto, com o tempo, o produtor observou que a atitude prejudicava a cultura, já que as frutas ficavam descobertas. “O excesso de sol é um dos fatores que pode resultar na perda de produção, por isso, decidi não retirar os ramos ladrões. No meu caso eles têm a finalidade de proteger o maracujá do sol”, esclarece. O que foi ensinado com outras finalidades também é colocado em prática no cultivo do maracujá.
Para isso, a observação e a experiência são parceiras dos produtores. “Você aprende um tipo de coisa e vai aprimorando, por exemplo, fiz o curso de horta orgânica e o que eu aprendi utilizei no maracujá”. Márcio se refere à utilização de adubos e defensivos preparados na propriedade com substâncias que não são prejudiciais à saúde e ao meio ambiente. Dentre eles estão os biofertilizantes, como os estercos; a calda bordalesa, produzida com sulfato de cobre e cal virgem; e calda sulfocálcica, preparada com cálcio e enxofre dissolvidos na água, que age como fungicida e também combate insetos sugadores e brocas. Ainda assim, Márcio afir-
ma que alguns produtos químicos precisam ser adquiridos para complementar o tratamento da cultura e, segundo Margarett, aqueles específicos não são encontrados no município, o que acaba sendo uma dificuldade para os agricultores. “Quando precisamos comprar algo, nos reunimos, compramos uma quantidade maior e depois dividimos o produto, já que é muito caro”, pontua. Em relação às doenças e pragas, existem várias que atacam o maracujazeiro, mas, na Associação São Domingos, as mais evidentes são aquelas causadas por fungos, como a antracnose (Colletotrichum gloesporioides Penz) e a verrugose (Cladosporium spp). Entre as pragas, a abelha é uma das principais. Apesar dos problemas que surgem, os agricultores seguem firme no cultivo da fruta. “Pode ter doença, o problema que for, mas eu não paro de plantar maracujá. Sou apaixonado pelo maracujá”, afirma Márcio.
de produção na cidade”, explica Márcio. A expectativa é de que dentro de um ano a pequena fábrica já esteja instalada. “Precisamos melhorar, não podemos viver sempre da mesma maneira. A pretensão é continuar investindo no maracujá, porque até hoje tem dado lucro”, destaca o agricultor. Apesar de querer melhorar, Márcio garante que não vai aban-
donar as origens e vai continuar comercializando a fruta in natura, na Feira Municipal. “Quando você começa a ser feirante, nunca mais quer deixar a profissão. No domingo que eu não vou à feira, fico sempre com a sensação de que está faltando alguma coisa. E, além de tudo, eu não posso deixar de ir porque eu sou o homem do maracujá, todo mundo que me conhece me chama assim”, afirma satisfeito.
• Futuro A paixão pela fruta é tamanha que os agricultores já estão planejando dar um novo passo. Como a maioria dos moradores da Associação cultiva maracujá, a pretensão agora é reunir a produção para dar início à industrialização de polpas. “A Associação São Domingos é a terra do maracujá, ao todo temos sete hectares cultivados com a fruta. Pretendemos adquirir uma despolpadeira e montar uma estrutura 34
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PRODUÇÃO LEIT Investimento = resul Produção diária de Jataí supera os 326 mil litros Por Tássia Fernandes
J
ataí está no topo do Ranking de Produção de Leite do Estado de Goiás, segundo a Pesquisa Pecuária Municipal, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O primeiro lugar foi garantido devido à produção de 119,256 milhões de litros de leite em 2010, o que dá uma produção média diária superior a 326 mil litros. Já na listagem de vacas ordenhadas, o município ocupa o quarto lugar, com 47.040 mil cabeças, ficando atrás de Morrinhos (90.500), Piracanjuba (77.500) e Orizona (50.000), respectivamente, sendo o total de 2.479.869 milhões de cabeças em Goiás. A produção no Estado chegou a mais de três bilhões de litros em 2010. O investimento em tecnologias e a qualidade dos rebanhos são alguns dos motivos que levaram o município a ocupar o primeiro lugar no Ranking, segundo Carlos Henrique Miranda, secretário municipal de agricultura e pecuária de Jataí. Para o presidente da Comissão de Pecuária de Leite da Federação de Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), Antônio da Silva Pinto, a melhoria genética do rebanho e o trabalho de assistência que é desempenhado na região contribuíram
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com a classificação. Ambos também destacam o fato do município ser um dos maiores produtores de grãos do Estado, matéria-prima utilizada na alimentação dos bovinos, o que facilita e reduz os custos da atividade. “Cinco produtores de Jataí representam 40% da produção de leite do município e todos eles são empresários e produtores de grãos. A tendência em algumas regiões do Estado é de que a atividade fique concentrada nas mãos de produtores de grãos”, afirma Antônio da Silva Pinto. A classificação é relevante para a economia de Jataí, já que tudo o que é produzido no município contribui com o aumento da receita. Segundo o presidente da Comissão, 90% do lucro da comercialização do leite é investido no próprio município. Fernando Baraldi Lopes, produtor rural e médico veterinário, consultor em pecuária leiteira concorda. “A colocação é muito importante e acaba estimulando os próprios produtores de Jataí a produzirem mais. Também atrairá investimentos de novas empresas que atuam no mercado de leite. Acredito que a tendência seja de crescimento da produção”, afirma.
Segundo Fernando, o número de produtores de leite diminui a cada ano, mas os produtores tradicionais estão sempre realizando investimentos e aqueles que estão entrando na atividade agora têm uma visão diferente a respeito do negócio. “O objetivo tem sido produzir com tecnologia e em alta escala. Dos dez maiores produtores do município, em torno da metade está trabalhando com leite há menos de seis ou oito anos. Quem entra na atividade, entra para produzir. O “tirador de leite” está deixando de existir e aqueles com baixa escala de produção só permanecerão na atividade no caso da agricultura familiar”, destaca. Fernando trabalha com a pecuária leiteira há cerca de 18 anos, junto com o pai Ubiraci Pedro Lopes. “Desde que iniciamos com a produção de leite nossa propriedade recebe investimentos constantes, nos últimos anos os principais foram em equipamentos de ordenha e refrigeração, pastagem, cochos, máquinas, galpões, em animais e sêmen de melhor qualidade”, enumera. O rebanho de Fernando é formado por Girolandos, com grau sanguíneo 7/8 e 15/16, poucos Girolandos 3/4 e alguns animais da raça Jersey.
EIRA tado positivo • Produção De acordo com Fernando Baraldi, a média de produção da propriedade não é o que determina o sucesso da atividade. “A média é importante dentro do sistema, mas não é tudo. Atualmente estamos com a média de 18 kg por vaca/dia, porém, com um DEL (Dias Em Lactação) em torno de 220 dias”. Segundo ele, isso acontece devido à concentração de partos no início do período da seca. “Em torno de 80% das matrizes tem o parto concentrado em três meses, iniciando no final de abril”. O produtor afirma que o rebanho tem potencial para médias de produção entre 25 e 30 kg por vaca/dia, mas destaca que a falta de chuvas prejudicou a atividade, com a redução de crescimento dos pastos. “Hoje estamos produzindo 2.200 litros de leite/dia. A previsão para 2012 é de que no meio do ano a produção seja de 3.500 litros e no final do terceiro trimestre seja de, aproximadamente, 4.000 litros”. Para o produtor Antônio Ademar dos Santos, alta produção também não é sinônimo de bons rendimentos. “O lucro depende do manejo”. Segundo ele, vacas que produzem 50 kg de leite/dia podem trazer prejuízos para o produtor se os custos com a alimentação do animal forem elevados. “Às vezes você tem uma vaca que produz 15 kg por dia e te dá lucro, principalmente, se for criada a pasto, já que o custo de produção será menor”. A média de produção de Antônio é de 5.000 kg de leite/dia, mas a meta do produtor é atingir 10.000 kg/dia. “É uma questão estratégica, pensando em investimentos futuros. A minha estrutura física já permite atingir a meta e já tenho 70% do rebanho para isto, porém, não pretendo adquirir mais animais e sim trabalhar a genética do gado”.
Antônio Ademar dos Santos, produtor rural e empresário
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• Ingresso na atividade Fernando Baraldi pontua que quem deseja entrar para o ramo precisa de três pré-requisitos. “O primeiro é a dedicação, o segundo é o planejamento e o terceiro é a capacidade de investimento. O restante são detalhes dentro do sistema de produção”. Para ele, caso a atividade seja desempenhada com dedicação e profissionalismo pode ser uma opção positiva para o produtor rural. “Do contrário, ele só irá acumular prejuízos, como ocorre com várias pessoas”. No momento de dar início à atividade, o produtor tem duas opções de manejo, ou trabalha com o gado confinado, ou a pasto. Segundo Antônio Ademar dos Santos, não existe uma opção mais viável para ser indicada. “O melhor manejo é aquele que dá mais lucro. De repente um produtor tem lucro no cocho e outro na pastagem, vai depender da
“O primeiro pré-requisito para quem deseja entrar para a atividade é a dedicação, o segundo é o planejamento e o terceiro é a capacidade de investimento. Se for desempenhada com profissionalismo, a pecuária leiteira pode ser uma boa opção”, Fernando Baraldi, produtor rural e médico veterinário estrutura que ele possui. Cada um deve adequar o manejo de acordo com suas possibilidades”, explica. O produtor sempre trabalhou com o gado confinado, mas, agora, pretende passar para o semiconfinamento. “Às vezes você precisa readequar a estrutura e o manejo em virtude das intempéries que a natureza te oferece. Meu problema com o cocho é o barro e a lama, que na época das chuvas dificulta a atividade”. A partir deste ano, o gado ficará no pasto durante as chuvas e,
na época da seca, volta para o confinamento. Para levar o gado para o campo, o produtor precisou investir nas reformas de pastagem, com o propósito de garantir alimentação de qualidade e em abundância para o gado. “Estamos investindo na pastagem com Tifton e ampliando a área cultivada com a variedade, que é tão boa quanto o Mombaça e ainda é menos exigente, de fácil manejo e de resposta rápida”.
cruzamento do Jersey com o Holandês. “O resultado é um animal de porte médio, com a rusticidade e os sólidos do Jersey e a capacidade produtiva do Girolando”. Segundo o produtor, o mercado remunera melhor o leite que possui mais sólido, ou seja, mais proteínas e gorduras e, por isso, o Jersolando é uma boa opção. “Já o Girolando, é o gado que o mercado mais absorve, por isso, estou investindo na produção de matrizes da raça”, afirma. A classificação no Ranking
de Produção de Leite do Estado de Goiás motivou as Secretarias de Agricultura e Pecuária e de Indústria e Comércio a procurarem por empresas que trabalham com a industrialização do leite e que tenham interesse em investir no município. De acordo com o secretário, Carlos Henrique Miranda, o objetivo agora é divulgar o potencial produtivo de Jataí, visando atrair novos investimentos que possam impulsionar a economia municipal.
• Novos rumos Além de comercializar a matéria-prima, Antônio também pretende disponibilizar matrizes para o mercado. “Quando a produção de leite está em alta, muitos produtores decidem investir na atividade, a procura por matrizes aumenta e é nessa hora que eu quero ter o produto para oferecer. Temos que aproveitar as oportunidades, porque a atividade é oscilante”. Jersolando e Girolando são as raças que Antônio deseja comercializar. O Jersolando é o produto do 38
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Mais áreas cultivadas,
menos produção Clima é responsável pela redução dos grãos produzidos na safra 2011/12
C
om o início da colheita da safra de verão, novos índices de produção e produtividade começam a ser traçados. Para algumas regiões do país, as previsões são preocupantes, devido à situação climática desfavorável que segue desde novembro de 2011. É o caso do Sul, onde a falta de chuva prejudicou o desenvolvimento de algumas culturas. No Rio Grande do Sul, a soja, por exemplo, poderá ter uma redução de produtividade de 15,6% em relação à safra passada. No Paraná a queda de produtividade da cultura poderá chegar a 10,7% e em Santa
Por Tássia Fernandes Catarina a 7,7%. Os dados são do quarto levantamento de grãos, divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Porém, consultores e analistas de mercado locais consideram que as perdas poderão ser superiores aos números da Conab. Na região Centro-Oeste, a estiagem em alguns pontos foi responsável por perdas e replantios, mas, de um modo geral, a Conab classifica a situação climática para os estados de Goiás e Mato Grosso como favorável. A previsão é de que as lavouras goianas produzam 16,10 milhões de toneladas de grãos, co-
locando Goiás em segundo lugar no índice de produção do Centro-Oeste. A primeira posição é do Mato Grosso, para o qual a estimativa é de que sejam produzidas 31,53 milhões de toneladas de grãos. A produção total da região deverá ficar em torno de 57,86 milhões de toneladas, o que corresponde ao aumento de 1,8% em relação à safra passada. Já a produção nacional poderá ter uma queda de cerca de 2,8%. A estimativa é de que sejam produzidas 158,45 milhões de toneladas de grãos, 4,51 milhões de toneladas a menos do que na safra 2010/11.
Céu, por exemplo, a situação climática foi mais prejudicial e chegou a faltar chuva por mais de 20 dias em algumas localidades, o que vai comprometer a produção”, explica. Já no próprio município, apesar de Jataí ter enfrentado alguns problemas pontuais no início do plantio, o clima tem sido favorável. “A falta de chuva em alguns momentos fez com que os stands de soja não ficassem muito bons. Portanto, acredito que a produtividade da cultura não será igual a do ano passado, que foi muito boa, mas deverá ficar dentro da média histórica da região, em torno de 53 sacas
por hectare”. Isso, se o excesso de chuvas no momento da colheita não comprometer a produção. De acordo com o engenheiro agrônomo Antônio Carlos Bernardes, em Rio Verde a falta de chuva também prejudicou o desenvolvimento da cultura em algumas áreas onde, normalmente, o problema não acontecia. Ainda assim, a expectativa é de que a média de produtividade seja a mesma da safra passada, que ficou acima de 55 sacas por hectare na região de chapadão e em torno de 52 sacas por hectare nas demais regiões.
• Goiás Para Mozart Carvalho, sojicultor e vice-presidente da Federação de Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), o município de Jataí é o ponto limite para classificar a situação da safra no Estado. “De Jataí para cima, ou seja, para o norte, não foram percebidos tantos problemas com veranico. Mas, se observamos os municípios que ficam ao sul de Jataí, como Chapadão do
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Mozart Carvalho, produtor rural e vice-presidente da Faeg
• Área cultivada Em relação à área cultivada, houve uma expansão de 742,3 mil hectares em todo o país. O total deverá ficar em torno de 50,66 milhões de hectares cultivados, o que corresponde ao aumento de 1,5%. O milho verão é a cultura que apresenta maior acréscimo em termos percentuais, 9,1%, o que, segundo a Conab, representa uma área recorde de plantio de 8,63 milhões de hectares. Os estados onde os aumentos foram mais significativos são Paraná, Goiás, Mato Grosso e Rio Grande do Sul. No entanto, assim como a soja, a cultura também foi prejudicada na região Sul, devido à
falta de chuva em fases importantes como floração e frutificação. Os investimentos maiores no cultivo de milho são decorrentes dos bons preços oferecidos pelo mercado e da expectativa dos produtores de que o grão fique em alta, como ocorreu na safra passada, quando a saca chegou a ser comercializada por R$ 23 em algumas regiões. Segundo o vice-presidente da Faeg, visando uma remuneração satisfatória, além de aumentar a área cultivada com a cultura, os produtores também investiram mais em adubação e realizaram os tratos culturais corretamente.
Comparativo de área Área (Em mil ha)
Safra 2010/11
Safra 2011/12
Goiás
4.173,4
4.255,4
Mato Grosso
9.638,8
9.947,1
Brasil
49.919,0
50.661,3
Comparativo de produção Produção (Em mil t)
Safra 2010/11
Safra 2011/12
Goiás
16.126,0
16.103,2
Mato Grosso
30.949,1
31.535,2
Brasil
162.958,1
158.446,5
Produtores apostam em soja superprecoce para viabilizar safrinha de milho
E
Por Karina Kanashiro
ncurtar o ciclo da soja tem sido o objetivo dos produtores do nordeste mato grossense para aumentar a renda. Com variedades superprecoces, que podem ser colhidas em até 90 dias, será possível garantir uma segunda safra sem grandes riscos climáticos na região. Ao contrário do que ocorre em outras áreas do Mato Grosso, no Vale do Araguaia, onde estão localizados os municípios de Querência, Canarana, Nova Xavantina e Água Boa, a safra de soja é realizada apenas uma vez por ano. Mas a região é a que apresenta o maior potencial de crescimento da agricultura no estado; e com a recuperação de áreas degradas e o investimento dos produtores em variedades de soja de ciclo mais curto, a tendência é que a região cresça consideravelmente nas próximas temporadas. De acordo com o IMEA – Instituto Mato Grossense de Economia Agropecuária, na última safra na região, a área de soja aumentou 26%, passando de 72 mil hectares para 90,8 mil hectares. “Com cultivares tardios, com ciclos de 110 dias em média, era quase impossível viabilizar uma segunda safra”, explica o produtor Eloir Brunetta, do município de Querência. Porém, com a variedade superprecoce, de no máximo três meses, o agricultor passou a cultivar o milho safrinha e no próximo inverno deve plantar 3,5 mil hectares. O investimento no milho como alternativa para complementar a renda é uma tendência geral na região. De acordo com fontes locais, a área de milho segunda safra, só no município de Querência, deve ocupar entre 50 mil e 54 mil hectares em 2012, contra 35 mil hectares na safra passada. O nordeste do Mato Grosso responde hoje por 13% da produção de soja, estimada pela Expedição Safra Gazeta do Povo em 21, 4 milhões de toneladas. Estimativas regionais projetam uma área de 1,5 milhões de hectares com potencial para agricultura no Vale do Araguaia. 41
º 2 Dia de Campo Tec Agro/Osvino Sandri
S
ucesso! Assim podemos definir o 2 º Dia-de-Campo realizado em Jataí pela TEC AGRO, em parceria com o agricultor Osvino Sandri. Novamente, o evento foi palco do que há de mais moderno em tecnologias voltadas para a agricultura. O evento foi realizado no dia 13 de janeiro de 2012, contando com a presença de cerca de 230 convida-
Roberson, Jederson e Miguel
dos, entre agricultores e consultores técnicos. Foi feito em parceria com a Sementes Goiás, Bayer Cropscience, Monsanto, Sementes Agroceres e Biosoja, que enriqueceram o evento com informações e novidades, inclusive com o que há de mais recente em biotecnologia, o Milho PRO2. Ainda nesta edição do evento, os convidados puderam acompanhar em tempo real o Tratamento Industrial de Sementes no stand da
Dirceu, Arcides, Fernando e Celso
Lauro, Glenio, Fernando e Wilson
Sementes Goiás, através da máquina de Tratamento Industrial disponibilizada pela Bayer. O evento, que vem se tornando tradicional, recebeu ilustres convidados, o que é motivo de grande orgulho e demonstra a credibilidade que a TEC AGRO vem conquistando em Jataí. É a TEC AGRO mais uma vez acreditando na força do campo!
Dirceu, Gustavo, Lauro e Werther
Fernando, Lauro, Alan e Valmir
Renato, Alexandre, Fernando e Reginaldo
Vilson, Fernando, Wilson e Píndaro Ortiz
Equipe Comercial Grupo Tec Agro Magnos, Roberson e Plínio
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“A Tec Agro está de parabéns pela iniciativa, foi um evento muito completo. Acredito que os Dias de Campo são importantes, porque, além de apresentarem novas tecnologias, também dão ao produtor a oportunidade de questionar com os técnicos das empresas fabricantes sobre os produtos que estão oferecendo. Esta é a chance que a empresa tem de cativar e fidelizar a clientela” Vitor Gaiardo, produtor rural
Vitor Gaiardo, Fernando, Wilson, Antônio e Onildo
Dejair e Renata
Dirceu, André e Fernando
Antônio, Dirceu e José Manoel
Dirceu, Clodoaldo e Tiago
Lauro e Mauro
Antônio Gazarini e Antônio Pimenta
Diogo e Lauro
José Luiz e Fernando
Elen, Fernando e Erlan
Márcio, Osvino, Toninho, Dirceu, Ivone e Everaldo
Alleoni e Dirceu
Gislaine, Roberson, Elvardo e Josiane
www.grupotecagro.com.br 43
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Coluna
João Geraldo
Mestrando em Economia pela UNB, professor de economia no Cesut e analista econômico
Feliz ano velho...
Perspectiva para o
agronegócio em 2012
O
ano de 2011, na opinião dos dirigentes da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), chega ao fim com números alvissareiros e grandes conquistas para o setor agropecuário. Foi um ano de muitos debates e discussões, produtividade recorde, consumo interno e exportações crescentes, que exigiram do setor agropecuário não somente a força e a competitividade, mas o dinamismo e a competência necessários para continuar produzindo alimentos de qualidade e a baixo custo. Apesar do baixo dinamismo do cenário internacional em 2011, o Brasil está em boas condições para enfrentar os efeitos da crise mundial. As reservas internacionais estão em patamares historicamente elevados, o que possibilita contrapor uma fuga de capitais, que favorece uma valorização cambial. A economia nacional, segundo relatório da CNA, passa por um período de desaceleração e deverá crescer cerca de 3,1% no ano que se finda, enquanto o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio brasileiro chegará a R$ 822,9 bilhões, apresentando crescimento de 6,12%. Análises econômicas projetam para este ano um crescimento da economia mundial de 4%. Esta previsão de desempenho não parece tão ruim para um mundo em crise, onde as nuvens negras da recessão estão estacionadas sobre o velho continente. É nítida a demonstração de preocupação do setor do agronegócio com os reflexos na economia brasileira da crise econômica que
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atinge a Europa, principalmente quanto ao risco de diminuição da oferta de crédito para financiar a próxima safra, pois a safra brasileira depende de financiamentos das tradings e de bancos com sede na Europa. Outra preocupação exposta pelo setor foi com a desaceleração da economia da China, país destino de 19% das exportações brasileiras. Mesmo diante desse cenário, a CNA estima que as exportações do agronegócio somarão US$ 92,9 bilhões, em 2012, com crescimento de 2,22% em relação ao resultado de US$ 90,3 bilhões, de 2011. Entretanto, o ano de 2012 inicia com preocupações no setor agrícola brasileiro. A seca de dois meses no Sul do país já afeta a produção. Fala-se em quebra de safra de alguns produtos importantes. A região Sul é responsável por 20% da produção do país. Esta semana, a Conab divulgou nova previsão de safra, dizendo que ela será 2,8% menor do que a de 2011, mas o número não registrou ainda todo o impacto dos extremos climáticos, ou seja, seca no Sul e chuvas excessivas na Região Sudeste. A preocupação no meio econômico é que está aumentando a demanda global por alimentos, como também o consumo nacional. Se houver quebra de safra significativa nessas regiões produtoras, os preços podem ser afetados. No ano passado, vivemos esse cenário, que pode voltar a ocorrer. Isso pode ter impacto na exportação, na inflação e na capacidade produtiva de regiões importantes com vocação agrícola, trazendo reflexos aos demais ramos da economia local. A economia goiana teve um
grande destaque em 2011, crescendo acima da média brasileira e com boas promessas para 2012. De acordo com dados oficiais, o PIB do estado fecha o ano em torno dos R$ 100 bilhões, com o setor agropecuário contribuindo de forma significativa para esse crescimento. A estes resultados, atribuem-se a conjuntura de preços das commodities favoráveis no início do ano, somada à produção recorde de grãos na safra 2010/2011, de 15,2 milhões de toneladas de grãos. No acumulado do ano, até novembro de 2011, o Valor Bruto da Produção (VBP) do setor agropecuário de Goiás somou R$ 24 bilhões, 26% maior do que em 2010. A agricultura teve maior peso com R$ 14 bilhões; a pecuária contribuiu com R$ 10 bilhões. O setor também voltou a garantir o saldo positivo na balança comercial de Goiás. O agronegócio exportou mais de US$ 3,8 bilhões, 73% de tudo que foi exportado durante o ano, com um crescimento 35% superior ao mesmo período de 2010. Esse bom desempenho também se refletiu na criação de postos de trabalho. No ano de 2011, o setor abriu quase 73 mil vagas, índice superior as 65 mil geradas em 2010, 12,3% de crescimento. Especialistas do agronegócio afirmam que, muitos foram os desafios e conquistas nos últimos anos e não será diferente em 2012. O avanço no preço dos insumos, que eleva os custos de produção, o clima que tem se mostrado adverso e as tendências econômicas internacionais pedem cautela ao produtor de grãos. Prudência é a palavra chave para este ano!
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