Expointer 2012 - A vitrine do agronegócio latino americano Ano II - Nº 05 - 17ª Edição - Setembro 2012 - Distribuição Dirigida - R$5,00
Algodão adensado
Empresa No Campo Jr. apresenta ensaio experimental
Pimenta
Café com o produtor A trajetória de John Lee Ferguson
Alternativa rentável para a pequena propriedade rural
Eleições 2012
Candidatos a prefeito por Jataí/GO apresentam propostas para o setor rural
Segunda safra
IBGE divulga números finais da produção em Jataí/GO
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SUMÁRIO 26
Café com o produtor
Cultivo de pimenta
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Campeira 2012
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Reportagem Especial Eleições 2012
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Alimentação bovina na seca
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Colheita do algodão
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Dia do Campo Limpo em Jataí/GO
Leve essa ideia com você:
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Capa
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Editorial Agenda Portal do Campo Portal UFG Coluna Lorena Ragagnin
Envie sua sugestão de matéria para a Revista Agro&negócios: agroenegocios@gmail.com
Edição 17ª - Revista Agro&negócios Ano 2012 A&F Editora Rua Napoleão Laureano, Nº 622 St. Samuel Graham - Jataí - Goiás CNPJ: 13.462.780/0001.33
Editor chefe: Peterson Bueno petersonbueno.agro@gmail.com Diretor administrativo: Francis Barros francisbarros@vozpropaganda.com.br Direção de arte: Voz Propaganda Auxiliar administrativo: Niane Oliveira financeiro@agroenegocios.com.br Reportagem / Edição: Tássia Fernandes (2703/GO) tassiajor@gmail.com Luana Loose Pereira (15679/RS) luana@agroenegocios.com.br Diagramação / Tratamento de Imagens: Voz Propaganda (Ernesto Leighton) Fotografia: Peterson Bueno Colunistas: Lorena Ragagnin Artigo: Glauber Silveira Universidade Federal de Santa Maria/ RS Universidade Federal de Goiás (UFG)z Revisão ortográfica: Niane Oliveira Colaboradores: Allan Paixão Voz Propaganda Calila Prado Mônica Gonçalves Dayner Costa Alessandro Luz Reginaldo Pires - Comigo Unidade Jataí/GO Impressão: Poligráfica Tiragem: 3.000 Distribuição dirigida: Jataí, Rio Verde, Mineiros, Chapadão do Céu, Barra do Garças, Água Boa, Canarana, Primavera do Leste e Querência. Contato: (64) 8417-4977 – Francis Barros (64) 9948-7084 – Peterson Bueno
EDITORIAL O que vem por aí... Produtores brasileiros alvoroçados, tradings de orelhas quentes e produtores norte-americanos com as barbas de molho. Apesar da conotação metafórica este é o cenário que estampa o ano safra 2012/2013. Cotações históricas e a sede de aproveitar o teto máximo na fixação antecipada suscitam dúvidas quanto ao percentual a ser comprometido antes do plantio. Porém, o produtor tem uma certeza: é hora de ganhar e muito, mesmo com os custos pegando carona no aclive de preços das commodities. Creio que os “gringos” nunca avistaram tantos brasileiros rondando suas lavouras. É verdade, uma invasão de tupiniquins ocorreu no Corn Belt, o cinturão de produção dos Estados Unidos, tão castigado pela estiagem e pelos olhares de secar pé de arruda dos brasileiros que foram conferir a quebra dos agricultores do Tio Sam e, como São Tomé, puderam constatar, in loco, a veracidade do que foi propalado pela mídia. E vem ai o El Niño, que segundo previsões pode ser benevolente com o ano safra brasileiro e poderá ser fator determinante nas dimensões numéricas de nossa safra de grãos. Bom, falando um pouco de nossa edição de setembro, temos em nossa capa a Dab Fertilizantes, empresa com forte atuação no agronegócio nacional com uma linha de produtos que vem conquistando a confiança do homem do campo. A colheita de algodão em Jataí/GO, mesmo que pequena se comparada às demais regiões, ocupa nossas páginas juntamente com o dia de campo de algodão de segunda safra, idealizado pela empresa No Campo Júnior da Universidade Federal de Goiás (UFG), gerida em parceria com o curso de agronomia. Estivemos em Rio Verde no café com o produtor, conhecendo um pouco da história de John Lee Ferguson, de família norte-americana, radicado há décadas na região do sudoeste goiano, onde foi um dos precursores do agronegócio e um dos fundadores da Comigo. Glauber Silveira, assim como a associação que preside, tem colaborado sobremaneira com nosso trabalho, escrevendo sobre a atuação da Aprosoja em defesa dos interesses do produtor rural. Abrimos, nesta edição, um caderno especial para que os candidatos a prefeito por Jataí/GO pudessem expor sua visão e apresentar suas propostas para o setor produtivo no município. O Canacentro, que aconteceu em Goiânia, e a Expointer, no Rio Grande do Sul, entre outras matérias e artigos, complementam nosso trabalho deste mês. Espero que a edição atenda a sua expectativa e que você seja leitor assíduo da Agro&Negócios. Boa leitura!
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Peterson Bueno
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REPRESENTANTES COMERCIAIS Sudoeste Goiano: Peterson Bueno (64) 9948-7084 Primavera do Leste/MT: Eder Antônio F. da Silva (66) 9617-4504 Barra do Garças/MT: Zenaide Brito: (66) 9651-0478
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Agenda
Setembro/Outubro 5º Simpósio Internacional de Reprodução Animal Aplicada Acontece de 04 a 06 de outubro de 2012, no Teatro Marista, em Londrina/PR, o 5º Simpósio Internacional de Reprodução Animal Aplicada. O evento focará em temas como inseminação artificial em tempo fixo e transferência de embriões. Mais informações: (43) 3523-3903
Curso – Introdução à Análise para a Comercialização de Soja Acontece nos dias 19 e 20 de setembro de 2012, em Goiânia-GO, o Curso de Introdução à Análise Fundamental e Técnica, de Futuros e Opções voltadas para a Comercialização de Soj. O objetivo do evento é dar subsídios introdutórios, através da analise fundamentalista, ao entendimento do processo de comercialização da soja no Brasil. As inscrições são realizadas na página do curso na internet ou por atendimento telefônico. Mais informações: (51) 3224-7039 e (51) 3224-9170
8ª Ffatia será realizada em Goiânia/GO A capital goiana vai sediar, entre os dias 16 e 19 de outubro, a 8ª Feira de Fornecedores e Atualização Tecnológica da Indústria de Alimentação (Ffatia). O evento será realizado no Centro de Convenções de Goiânia e será uma vitrine para que as empresas da região possam mostrar seus produtos e serviços. De acordo com o Índice de Atividade Econômica do Banco Central,
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a região Centro-Oeste é a que mais cresce no país, tendo alcançado 5,9% de crescimento nos últimos 12 meses, um dos fatores que motivou a realização da Feira em Goiás.
6º Leilão Virtual VPJ e Cabanha Interlagos Será realizado no dia 27 de setembro, a partir das nove horas da noite, o 6º Leilão Virtual VPJ e Cabanha Interlagos. O Leilão será transmitido ao vivo pela televisão. Serão ofertados 50 lotes Dorper e White Dorper. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (19) 3365-3650 ou (19) 9822-5685, pelo e-mail adriano@vpjpecuaria.com.br ou pelo site: www. vpjpecuaria.com.br.
PorkExpo 2012 & 6º Fórum Internacional de Suinocultura Em 2012 a PorkExpo completa 10 anos e se consolida como o maior evento da suinocultura mundial. O congresso será realizado de 26 a 28 de setembro em Curitiba/PR. A PorkExpo é o único evento que envolve técnica, mercado e gestão e será realizado juntamente com o 6º
Fórum Internacional de Suinocultura que, neste ano, vai reunir os maiores especialistas brasileiros no comitê científico para valorizar ainda mais o programa de palestras. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (19) 3709-1100 ou pelo e-mail: info@ porkexpo.com.br.
22º Congresso Brasileiro de Fruticultura Realizado desde 1971, o Congresso Brasileiro de Fruticultura é considerado o principal fórum nacional de intercâmbio técnico-científico sobre o tema. O evento é realizado pela Sociedade Brasileira de Fruticultura e promovido pela Embrapa, por meio da unidade Uva e Vinho. O Congresso será realizado em Bento Gonçalves/RS entre os dias 22 e 26 de outubro. Entre o público alvo estão as instituições de ensino, pesquisa e extensão; órgãos governamentais; produtores; empresários; fabricantes e comerciantes de máquinas, implementos e insumos agrícolas e demais profissionais vinculados à produção de frutas.
Mercoagro 2012 Começa a partir do dia 18 de setembro a Feira Internacional de Negócios, Processamento e Industrialização a Carne. O evento será realizado no município de Chapecó/SC e vai até 21 de setembro. A Mercoagro é considerada o ponto de encontro do setor e oferece uma interação completa entre toda a cadeia produtiva, proporcionando excelentes negócios que movimentam a economia mundial. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (11) 3598-7800. ou pelo e-mail visitante.ma@btsmedia. biz.
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Fotos: Peterson Bueno
EVOLUÇÃO / DIGI-STAR Inovação e tecnologia em prol do agronegócio
Treinamento técnico com representantes norte-americanos consolida parceria entre Digi-star e Evolução
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ocada no desenvolvimento do setor agropecuário, a Evolução Implementos e Peças, prima em oferecer a seus clientes o que há de mais moderno no mercado em termos de tecnologia voltada para o agronegócio. Visando o melhoramento da qualidade da produção e o aumento da rentabilidade, tanto nas propriedades agrícolas como pecuárias, a empresa investe constantemente na difusão de novas tecnologias que
capacitem e dinamizem o trabalho do homem no campo. Cumprindo com este propósito, no início deste ano, a Evolução consolidou uma parceira com a Digi-Star e passou a ser representante técnica e comercial da empresa no Brasil. A Digi-Star é uma empresa norte-americana, pioneira no desenvolvimento de soluções em pesagens. Segundo Marcelo Souza, sócio-diretor, a Evolução é hoje uma das três representantes técnicas Di-
Equipe técnica Evolução durante treinamento.
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Por Luana Loose Pereira gi-Star no Brasil, a única autorizada a realizar também a comercialização dos produtos. “Hoje no país existem três centros de assistência técnica Digi-Star, além de estar presente na região centro-oeste, através da Evolução, a empresa norte americana possui representantes no sul e sudeste do país, porém, a única representante técnica autorizada a importar e comercializar os produtos da marca no Brasil é a Evolução”. Buscando ampliar cada vez mais sua atuação neste mercado e garantir a seus clientes o melhor aproveitamento no uso das novas tecnologias Digi-Star, a Evolução vem investindo principalmente na capacitação e na qualificação técnica de seus colaboradores. Em março deste ano, Marcelo Souza e Rodrigo Monteiro, técnico responsável pelo laboratório de tecnologia da Evolução, estiveram nos Estados Unidos na sede da empresa Digi-Star, localizada em Fort Atkinson. Rodrigo passou por um treinamento específico no laboratório da empresa norte-americana. Agora, foi a vez da equipe comercial e técnica da empresa adquirir um conhecimento maior a respeito da operação
dos equipamentos. O treinamento aconteceu em Jataí/GO, nos dias 9 e 10 de agosto e foi ministrado por Ronan Ferreira e Fábio Luiz, técnicos norte americanos especialistas nas áreas de operação e comercialização dos produtos Digi-Star. “Desta vez realizamos um curso voltado para a nossa equipe técnica que irá trabalhar no campo, com os produtos Digi-Star. O treinamento foi direcio-
nado para a parte de operação dos equipamentos, abordando assuntos como montagem, regulagens entre outros procedimentos técnicos específicos”, salienta Marcelo. O objetivo do treinamento foi atingindo e hoje a equipe Evolução está apta a operar as novas tecnologias Digi-Star. Segundo Marcelo a preocupação com a qualidade dos serviços técnicos e comerciais
prestados aos clientes é um grande diferencial da Evolução. “As tecnologias, quando bem implantadas, diminuem custos e dão resultados, neste sentido, é fundamental que os produtores rurais busquem parcerias com empresas que ofereçam serviços técnicos com eficácia e segurança”.
em sua propriedade, do plantio até a colheita, da mistura de insumos até a pesagem do produto final, seja ele grão, carne ou leite”. No segmento pecuário, o sistema Data Link é uma das grandes inovações tecnológicas apresenta-
das recentemente pela Digi-Star. De acordo com Ronan, o Data Link é um sistema via rádio que possibilita a comunicação entre um computador central com cada misturador de ração dentro da propriedade. “Com essa tecnologia, desde que a pro-
• Tecnologia Digi-star Há mais de 30 anos no mercado, a empresa Digi-Star é pioneira e atual líder mundial no desenvolvimento de soluções em pesagens. Atendendo aos mais diversos segmentos do agronegócio, a empresa já é destaque nos Estados Unidos, na Europa e na Ásia. Ronan Ferreira, gerente técnico da empresa, ressalta que um dos principais diferenciais, responsáveis também pelo reconhecimento mundial dos produtos da marca, é o foco no desenvolvimento de soluções voltadas para as necessidades específicas de cada mercado. “Nós temos um grupo de engenharia especializado, tecnicamente treinado, para trabalhar com o produtor local. Não visamos transplantar inovações e características dos produtos de um mercado para outro. Por sermos fabricantes originais dos produtos que oferecemos, temos condições de desenvolver tecnologias especialmente voltadas para as necessidades dos mercados locais em que atuamos”. No Brasil, no segmento de pesagens, os produtos Digi-Star são uma grande inovação. Segundo Ronan, no mercado agropecuário brasileiro a Digi-Star trabalha com cinco linhas verticais. No mercado de misturadores, a empresa trabalha com a linha EZ. No segmento de grãos, oferece a linha GT. Já na gestão de nutrientes a linha utilizada é a NT e no mercado de gestão de peso de animais, a linha é a SW. Além disso, a empresa desenvolve também softwares que possibilitam o gerenciamento de todos estes sistemas. “Com as tecnologias desenvolvidas pela Digi-Star o produtor rural possui condições de ter um gerenciamento completo de toda a atividade agropecuária desenvolvida
Equipamentos Digi-star
Equipamentos Digi-star
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Sócios proprietários da Evolução com Ronan Ferreira, representante técnico da Digi-star.
priedade tenha acesso à internet, o produtor ou o nutricionista responsável tem condições de ter a gestão completa da atividade diária de alimentação da propriedade, até mesmo remotamente”. Já no mercado de grãos, a novidade é o sistema de gerenciamento Grain Tracker, Touch Screen SLT7600. “Com esta tecnologia o produtor tem condições de criar um banco de dados para facilitar a gestão de grãos em todas as suas propriedades, seja no plantio ou na colheita. Através do banco de dados o produtor pode, dentre outros recursos, armazenar informações sobre a marca, a variedade e outras características das sementes utilizadas em cada safra e pode também gerenciar o transporte e a armazenagem de grãos”, explica Ronan. As soluções desenvolvidas pela Digi-Star, tanto para o setor agrícola como pecuário, se preocupam em garantir principalmente segurança e precisão no momento da pesagem da produção. Um dos benefícios das balanças e dos gerenciadores Digi-Star é que os mesmos possibilitam que a pesagem da produção seja realizada dentro da propriedade e não nas balanças de cooperativas ou armazéns. Segundo Ronan, no Brasil os produtores ainda não possuem um controle eficiente sobre o gerenciamento da pesagem de seus produtos. “No Brasil, depois da colheita, o produ10
“O sistema Digi-Star garante ao produtor saber a produção por hectare conforme ela sai do campo, não necessita esperar que esse grão seja pesado, em armazéns ou em cooperativas” Ronan Ferreira, gerente técnico da empresa Digi-Star tor tem que transportar a produção para uma cooperativa que às vezes fica horas de distância. A produtividade por hectare é o ganha pão do produtor rural, então, como ele, sem a garantia de uma pesagem eficaz, carrega o trabalho do ano inteiro em um caminhão que vai sumir de vista. O sistema Digi-Star garante ao produtor saber a produção por hectare conforme ela sai do campo, não necessita esperar que esse grão seja pesado, em armazéns ou em cooperativas”. Outro benefício dos produtos Digi-Star é que as células de carga do sistema de pesagem são calibradas na fábrica, seguindo rigorosamente os padrões internacionais deste segmento. Ronan destaca que este procedimento facilita o trabalho a campo, tanto do produtor como da assistência técnica e garante também a precisão e a segurança na pesagem. “O sistema Digi-Star é todo interligado, o único trabalho que o técnico necessita realizar, é conectar o sistema, ligar o indicador e di-
gitar um código que já vem de fábrica, informando ao indicador qual o número e o tipo de células de carga que ele vai trabalhar. Devido à calibragem já vir de fábrica, o indicador reconhece o número e já faz toda a transferência de informação, auto-calibrando todo o sistema. Feito isso, o sistema Digi-Star nunca mais precisa ser calibrado, sendo essa a grande vantagem do uso deste tipo de equipamento”. A preocupação da Digi-Star é com o rendimento e com a valorização do trabalho diário realizado nas propriedades rurais. A empresa busca estar sempre ao lado de seus clientes, estando presente não só na aquisição dos produtos, mas principalmente na pós-venda. Para os próximos anos, a meta é abrir uma filial da empresa aqui no Brasil, garantindo um suporte ainda maior aos produtores e parceiros que, desde já, apostam na qualidade e na seriedade do trabalho desenvolvido pela Digi-Star.
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Portal do Campo
Produtores e indústria discutem
SETOR SUCROENERGÉTICO
Fotos: Jana Tomazelli
Faeg, em parceria com o Sindicato das Indústrias Fabricantes de Etanol e Açúcar do Estado de Goiás, realiza 1º Congresso do Setor Sucroenergético do Brasil Central
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Por Leydiane Alves, Francila Calica Avelar de Castro e Cleiber di Ribeiro Barbosa (Federação de Agricultura e Pecuária de Goiás – Faeg) do Estado e de seu desenvolvimento econômico. Graças a ações do governador, Goiás tem se destacado no cenário nacional.” André Rocha explica que o setor sucroenergético cresceu duas vezes mais no Brasil, sendo que em Goiás o crescimento foi de sete vezes mais. Segundo Marconi Perillo, a realização do Canacentro 2012 inscreve-se como um verdadeiro marco na trajetória da atividade, cada vez mais estratégica para a economia verde no mundo. “Isso vai apontar Autoridades envolvidas com o agronegócio marcam para uma nova retomada da produpresença no Canacentro 2012 ção em alta escala em nosso país, uma exigência e uma imposição para a continuidade do crescimento cultura da cana, devido à autoridades. relevância que vem ocuO presidente do Sistema nacional.” O governador destacou, pando na produção de Faeg/Senar, José Mário Schreiner, foi etanol, constitui hoje uma o responsável pela abertura do even- ainda, que considera altamente reimportante opção de diversificação to. Ele ressaltou que a realização do levante os objetivos traçados por da produção nas principais regiões Canacentro não é apenas do Siste- este congresso ao estabelecer o produtoras do Brasil. O Estado de ma, mas sim de todo o Centro-Oeste, imprescindível debate a respeito da Goiás produz mais de 3 bilhões de que trabalha para o desenvolvimen- sustentabilidade da cultura da canalitros do combustível. Isso é mais de to da região. “O Centro-Oeste tem -de-açúcar no Brasil. “Já passou da 53% da produção da região Centro- ocupado papel de protagonista no hora de discutir abertamente com -Oeste. O Estado possui a segunda desenvolvimento do Brasil. Cerca de todos os segmentos, à exaustão, até maior área do país e é classificado 40% da produção do agronegócio sai chegar a um denominador comum no que diz respeito à implantação como o terceiro maior produtor de dessa região.” cana e segundo de etanol. Para dar José Mário ressaltou ainda de políticas públicas claras e objetiênfase ao cenário da cadeia produ- que mais de 20% da cana-de-açú- vas para alcançar um novo estágio tiva da cana, o Sistema Faeg/Senar, car é produzida no Centro-Oeste. de desenvolvimento do setor sucroem parceria com o Sindicato das “Sem dúvidas esse é o momento de energético, o que inclui renovar o Indústrias Fabricantes de Etanol e discutir o setor sucroalcooleiro.” O maquinário das usinas e formalizar Açúcar do Estado de Goiás (Sifaeg/ presidente lembrou que o setor ne- um marco regulatório que proporSifaçúcar) promoveu, em agosto, o 1º cessita de políticas públicas que se- cione absoluta segurança em todos Congresso do Setor Sucroenergético jam eficazes. “Enfrentamos grandes os elos da cadeia”. Marconi ressaltou que Goiás do Brasil Central (Canacentro 2012). problemas na produção. Acredito O evento foi realizado na sede da que o álcool tem que ser discutido e persistirá no incentivo à produção Faeg, em Goiânia/GO e contou com isso faz parte da nossa missão.” José de cana-de-açúcar como um dos a participação do governador Mar- Mário acrescentou que o Sistema grandes sustentáculos do agroneconi Perillo; dos deputados estadu- Faeg/Senar confia nas instituições gócio brasileiro. “Recentemente, ais, Daniel Messac, Francisco Júnior, do Estado que dizem respeito aos retomamos as ações com o objetivo José Vitti e Valcenor Braz; do depu- três poderes. “Nós estamos juntos de recuperar a competitividade do tado federal, Roberto Balestra, além com o Governo de Goiás e com os setor sucroalcooleiro goiano. Assinamos o decreto que amplia, paulado secretário da agricultura, pecuá- goianos.” ria e irrigação, Antônio Flávio CamiPara o presidente do Sifaeg/ tinamente, no prazo de seis meses, lo, da secretária de meio ambiente e Sifaçúcar, André Rocha, a realização o benefício do crédito outorgado de recursos hídricos em exercício, Ja- do Canacentro é um grande passo ICMS de 30% para 60%.” queline Vieira da Silva, entre outras para Goiás. “Temos muito orgulho
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• Cenário macro econômico do setor sucroenergético O primeiro painel discutido durante o Canacentro 2012 foi o Cenário Macro Econômico do Setor Sucroenergético, que teve como temas o Mercado Global e o Setor Sucroenergético no Brasil, e o Zoneamento Agroecológico da Cana para o Brasil Central. Doutor em Administração e pós-graduado em Agribusiness e Marketing de Alimentos na França, o professor Marcos Fava Neves foi o responsável por ministrar a primeira palestra. Marcos Fava fez uma análise do Brasil nos últimos 20 anos. Segundo ele, o Brasil era desrespeitado em outros países pela sua falta de organização. “Hoje, somos os principais em fóruns de agronegócio, somos os mais respeitados. E isso se dá pelo grande crescimento que o país teve desde 1992.” Marcos destacou que no ano de 2000 as exportações eram de U$ 20 bilhões, no último ano, esse número passou para quase U$ 100 bilhões, um crescimento gigantesco em um curto espaço de tempo. “Para se ter ideia, em 2010 exportamos U$ 76 bilhões. Em 2011 fechamos esse número em U$95 bilhões. Esse crescimento se deve ao agronegócio. São as atividades ligadas ao setor que ajudam o país a crescer em ritmos tão acelerados”, explica. De acordo com o professor, a crise que atinge os países da Europa e outras regiões, não afeta diretamente o Brasil, já que o país vem se desenvolvendo cada vez mais no agronegócio. “O fato é que mesmo com esse cenário de crise, o setor agrobrasileiro está 4% maior que no ano passado. Sem dúvidas, nesse ano vamos passar de U$ 100 bilhões de exportações.” Fava lembrou também do risco que o país pode sofrer, caso os brasileiros passem a consumir mais etanol. “Em 2010 foi feito um trabalho projetado no consumo de hidratado no Brasil até 2020. Considerando o aumento de dois milhões
Deputado Federal e presidente da Frente Parlamentar da Agricultura, Homero Pereira, ministra palestra durante Canacentro 2012
Plínio Nastari, especialista em mercado sucroenergético, destaca que o segmento ainda é alvissareiro
de carros novos ao ano, se o indivíduo usar três litros de etanol por dia, isso vai demandar um aumento de 240 toneladas de cana, e nós não teremos essa demanda.” Ele acrescenta, ainda, que caso o brasileiro passe a consumir quatro litros de etanol, o número de toneladas salta para 382 milhões de toneladas, que o Brasil não terá em seus estoques. Ele defende que há pouca
sensibilidade do Governo Federal em enxergar o problema que o país tem pela frente, em relação ao etanol. “Estávamos crescendo bem até 2009, depois desse ano o etanol começou a cair e a gasolina a subir. Nós perdemos participação no mercado, simplesmente, por questões estruturais”, avalia.
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Portal do Campo • Zoneamento agroecológico da cana para o Brasil Central O deputado federal e presidente da Frente Parlamentar da Agricultura, Homero Pererira, ministrou o segundo tema do primeiro dia do Canacentro 2012. Ele lembrou a atual situação do novo Código Florestal brasileiro e destacou que o Brasil precisa de programas consistentes para recuperar as áreas degradas no país. “Tem que haver subsídio para o produtor rural, não pode
deixar somente a questão do ônus.” Ele acrescenta que os dois estados que mais cresceram no Brasil foram Goiás e Mato Grosso. “Temos espaço para crescer na região Centro-Oeste, mas dependemos de apoio para atender a demanda que está reprimida. A nossa saída é transformar o etanol em commoditie, estimulando o consumo, para ter aumento na demanda”, enfatiza.
• Desenvolvimento e mercado da cana-de-açúcar
Fotos: Jana Tomazelli
Apesar do momento de crise que vive o setor sucroalcooleiro no Brasil, o segmento ainda é alvissareiro. A defesa foi feita pelo presidente da Consultoria Datagro, especialista em mercado sucroenergético, Plínio Nastari, em palestra durante o CanaCentro 2012, em Goiânia. Para o especialista, cana, açúcar e etanol são motores econômicos para o país. “A cada real investido no setor, são gerados R$ 13 reais nas atividades relacionadas à cadeia”, diz. O setor gerou na safra 2011/12 943 mil empregos diretos e 2,1 milhões indiretos em todo o Brasil. Nastari, que assessorou produtores, bancos, tradings e governos nos primórdios do programa Proálcool no Brasil, em 1978, fez um histórico da evolução do setor de etanol e açúcar durante essas últimas décadas. Segundo ele uma série de fatores que envolve problemas regu-
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latórios e de clima conspiraram para a atual crise do setor. Dentre eles, as chuvas acima do normal na safra de 2009/10, a seca no ciclo 2010/2012 que causou baixa produtividade, a competitividade do setor afetada pelo câmbio e o aumento nos custos de produção com a mecanização da colheita. O especialista explicou, ao público de cerca de 500 produtores e industriais presentes no evento, que o Brasil, desde 1975, substituiu por etanol - combustível renovável 2,2 bilhões de barris de gasolina. A cada ano o país economiza 120 milhões de barris do combustível fóssil usando etanol. Ainda assim, o setor sucroenergético não é contemplado com incentivos públicos específicos para o segmento, como ocorre com os derivados de petróleo. O impacto dessa falta de apoio se reflete na competitividade do produto nacional.
José Mário Schreiner, presidente Sistema Faeg/Senar
Nos Estados Unidos, por exemplo, o etanol representa 9,5% do complexo de combustíveis fósseis. O país tem a meta de ampliar essa representação do etanol para 20% nos próximos anos. “E não conseguirão”, diz enfático Plínio Nastari. “A meta deles é menos da metade do que o Brasil conseguiu fazer por aqui”. Mesmo com essa vantagem o setor sofre no Brasil, na última safra 26 usinas não operaram no Centro-sul. O que tem auxiliado o setor no Brasil é a diversificação da produção com etanol, açúcar, cogeração de energia com palha e bagaço. Essa diversificação fez com que o Brasil expandisse suas exportações de açúcar, hoje 33% da cana produzida no país são destinados ao açúcar de exportação.
Ricardo Peres, presidente do Sindicato Rural de Jataí/ GO e Guilherme Badauy, gerente do pólo administrativo na Raízen, participam do Canacentro 2012
• Consecana – Conceito, metodologia e inovações Para permitir que mesmo em momentos de crise o setor seja viável para todos os elos nele envolvidos, o Conselho dos Produtores de Cana-de-açúcar e Etanol (Consecana) estabelece a cada safra os preços médios de nove subprodutos da cana. De acordo com o coordenador da Câmara Técnica e Econômica do Consecana São Paulo, Geraldo Magela, o balizamento dos preços
médios é essencial e é a maneira mais justa que o setor encontrou para remunerar seus elos. Em sua palestra durante o CanaCentro, Magela explicou que o modelo Consecana tem obtido resultados positivos e vem sendo copiado por outros segmentos como a pecuária de leite e a pecuária de corte. Goiás pretende intensificar a discussão para a criação de seu próprio Consecana.
• Relação entre fornecedor e indústria encerra Canacentro 2012 A relação entre o fornecedor e indústria para a produção de derivados da cana-de-açúcar foi o tema do painel ‘Institucionalidade’ que encerrou o 1º Congresso do Setor Sucroenergético do Brasil Central (Canacentro 2012). O diretor técnico da ÚNICA, Antônio de Pádua Rodrigues, foi o palestrante do painel que utilizou o Conselho dos Produtores de Cana, Açúcar e Etanol de São Paulo (Consecana) como uma “referência” para negócios e bom relacionamento da cadeia sucroenergética. “O segredo do Consecana é o bom senso, a confiabilidade e a transparência entre as partes”, explica. Pádua traçou um histórico desde a discussão do conselho em 1993, passando pela sua criação em 1999 e explicando o que trouxe de melhoria na relação entre o produtor rural fornecedor de cana-de-açúcar e as indústria de açúcar e etanol do País. O Consecana é constituído por 10 representantes divididos igualmente entre produtores de açúcar e etanol (Única) e plantadores de cana (Orplana). Ele falou ainda que o preço da cana não é baseado no mercado, mas através do preço do quilo de Açúcar Total Recuperável (ATR). “Preço levantado entre nove diferentes produtos da cana pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”Esalq/USP, uma instituição sem fins lucrativos e sem vínculos com fornecedores ou indústria”.
Ele apresentou o Sistema de Acompanhamento da Produção Canavieira (Sapcana), que é utilizado para saber o preço de venda do açúcar e do etanol e regula a quantidade de etanol na gasolina. Ainda comentou sobre a maior participação de fornecedores na moagem. “O Consecana é responsável pelo aumento de 29% para 41% de fornecedores de cana na moagem total da Região Centro-Sul do País.” Antônio de Pádua mostrou que hoje há falta de combustível no Brasil. “O País está com déficit de 100 mil barris/dia de combustível e em 2020 será de 350 a 400 barris/dia, caso a Petrobras não invista em refinaria ou maior produção de etanol”. Após a palestra, houve um debate moderado pelo presidente da Comissão de Agroenergia da Federação da Agricultura e Pecuária do Mato Grosso do Sul (Famasul), Luis Alberto Moraes Novaes. Ele comentou sobre as quatro edições do Canasul que, segundo ele, inspirou o Canacentro. Falou também de como a Famasul fica satisfeita em ser parceira do evento nos debates que trazem conhecimento e fundamentos no assunto sucroenergético. O presidente da Comissão de Cana-de-Açúcar e Bioenergia da Faeg, Ênio Fernandes, comentou da diferenciação do produtor rural goiano em relação ao paulista devido à falta de concorrência das indústrias como ocorre naquele estado. “Em Goiás essa relação entre o fornecedor e a indústria é quase
Governador do estado de Goiás, Marconi Perillo, faz abertura do Canacentro 2012
umbilical”, ressalta. Ele propôs a realização de premiação voltada ao bom relacionamento da usina e do produtor com ranking e entrega de prêmios, além de prêmio voltado à imprensa sobre matérias voltadas ao setor sucroenergético. Fernandes; o presidente da Sulcanas, Paulo Junqueira; o presidente da Biosul, Roberto Holanda Filho e o presidente do Sifaeg/Sifaçúcar, André Rocha, foram os debatedores do último painel do evento. Eles puderam falar sobre o tema e ainda responderam perguntas da plateia sobre inadimplência de pagamento, maior produtividade de cana do produtor independente sobre a indústria, entre outras. Ao final do evento, foi anunciado que a próxima edição do Canacentro será realizada em Mato Grosso do Sul, pela Federação de Agricultura e Pecuária daquele estado, com a parceria das federações de Goiás, Mato Grosso e Distrito Federal, da mesma forma como ocorreu em Goiás.
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Portal do Campo
EXPOINTER 2012 Números da 35ª edição consagram evento como a maior feira agropecuária latino americana
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35ª Expointer, realizada de 25 de agosto a 2 de setembro, no Parque Estadual de Exposições Assis Brasil, localizado no município de Esteio/RS, consolidou o evento como a maior feira da agropecuária da América Latina e uma das maiores do mundo. Os números finais da comercialização, que totalizaram R$ 2.036.286.825,60, se constituem em novo recorde para o evento. Entre máquinas e implementos agrícolas, comércio, agricultura familiar, artesanato e animais, foram 2.228 expositores neste ano. Somente a comercialização de animais em leilões realizados na feira
Fonte: Impresa/Expointer Alterações: Luana Loose Pereira somou R$ 13.735.105,00. A venda de máquinas e implementos agrícolas atingiu a cifra histórica de R$ 2.020.292.267,55. Isso representou um aumento de 142% na comparação com o ano anterior, quando o setor comercializou R$ 834,7 milhões. O público nos nove dias de Expointer, mais uma vez, chegou próximo a meio milhão de pessoas (478 mil e 317 visitantes), o que deve gerar uma arrecadação próxima dos R$ 3 milhões. O pavilhão da Agricultura Familiar que, neste ano foi ampliado, totalizou R$ 1.254.396,80 em vendas. O setor do artesanato comercializou R$ 1.005.056,25, resultantes da venda de 41.607 peças.
Uma quadra inteira dentro do setor de máquinas e implementos agrícolas especialmente dedicada ao tema Irrigação foi o destaque da 35ª Expointer. O espaço foi usado para demonstrações de novas tecnologias e para o fornecimento de informações, de diversas instituições financeiras e da própria Secretaria da Agricultura, Pecuária e Agronegócio, sobre procedimentos para a compra destes equipamentos. Os resultados superaram as expectativas: foram vendidos 297 equipamentos, totalizando R$ 56,7 milhões.
• Abertura oficial do evento
Foto: Claudio Fachel Palácio Piratini
A cerimônia que deu início as atividades da 35ª edição da Expointer aconteceu no dia 25 de agosto, no stand do Governo do Estado no Pavilhão Internacional. Estiveram presentes o governador Tarso Genro, o ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho, o secretário de Agricultura, Pecuária, e Agronegócio, Luiz Fernando Mainardi, e o secretário do Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo, Ivar Pavan. Na oportunidade, Tarso Genro, governador do estado do Rio Grande do Sul declarou que “para o Governo do Estado, a Expointer tem um grande significado. Primeiro, queremos superar o ano interior, que já foi muito boa. Segundo, queremos
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Cerimônia de Abertura oficial Expointer 2012
fortalecer as políticas públicas voltadas para agricultura familiar, ovinocultura, e outros setores”. O governador também destacou que a seca que o Rio Grande do Sul enfrentou em 2012 não foi uma “catástrofe”, e que a Feira é mais uma forma de ajudar os produtores a recuperarem os prejuízos. “É uma Expointer de um quadro de grande reversão”, disse Tarso. Já o ministro Mendes Ribeiro lembrou das respostas do Governo Federal aos produtores após a estiagem, em parceria com o estado, e ressaltou o debate de soluções no evento. “Essa é uma Expointer que aponta para o amanhã”, concluiu. A três dias do encerramento do evento a 35ª Expointer já era
considerada a maior edição de todos os tempos e com este clima foi realizada na sexta-feira (31), na Tribuna de Honra a cerimônia de abertura oficial da feira. A solenidade este ano começou com a apresentação artística de jovens empunhando bandeiras azuis e música de Vitor Ramil, simbolizando a água e a irrigação e contou com a presença dos ministros do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas, da Agricultura, Mendes Ribeiro, e do presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia, todos nascidos no Estado. Com uma manifestação destacando o fortalecimento da agropecuária brasileira, Mendes Ribeiro, que representava a presidente Dilma Rousseff no ato, trouxe uma mensagem positiva e de esperança a todos. “Hoje temos uma presidente da República que gosta e prioriza a agricultura e que tem dito que não faltarão recursos. Se for necessário, mais recursos serão disponibilizados”, disse. O ministro destacou os programas e ações que o Governo Federal vem implementando para atender o campo e lembrou que o Plano Safra deste ano prevê R$ 115,2 bilhões.
O governador Tarso Genro disse que a Expointer e os resultados até agora obtidos são frutos de um trabalho voltado ao reordenamento da economia produtiva do Estado, da afinidade com a União, bem como a revanche gaúcha contra as intempéries e a paralisia. “O Rio Grande do Sul tem lugar para todos que querem produzir, trabalhar e evoluir, seja micro, pequeno, médio ou grande produtor, e isso só pode ser conseguido com dois instrumentos: a lei e o diálogo”, afirmou. Durante a cerimônia, houve a entrega da Medalha Assis Brasil para quatro personalidades que se destacaram por serviços de excepcional mérito no setor da agricultura e da pecuária: Vânia Regina Zuchetto, Pedro Luiz Herter, Roberto Sidney Devis Júnior e Mário Altamirano Belleza. Após a solenidade de abertura, foi dado início ao desfile dos grandes campeões da edição deste ano.
Parque Assis Brasil, Esteio/RS, Expointer2012
Foto: Tárlis Schneider / Especial Expointer
• Revanche do RS
• Sananduva do Salton e Balaqueiro do Nonoai levam Freio de Ouro 2012 Os animais Sananduva do Salton, com ginete Marcio Maciel, e Balaqueiro do Nonoai, com o ginete Cézar Augusto Schell Freire, foram os vencedores do Freio de Ouro 2012 na categoria fêmea e macho, respectivamente. O governador Tarso Genro e o secretário da agricultura, Luiz Fernando Mainardi, entregaram as premiações. Freire conseguiu 21.236 pontos e Maciel alcançou 21.976. A final contou com 104 cavalos crioulos selecionados em 12 classificatórias e 65 credenciadoras. Essa é a 31ª edição do prêmio, que iniciou suas provas em 1983. A surpresa deste ano é que seis animais finalistas foram desclassificados por doping. Pela primeira vez foram feitos exames em animais da raça crioula que participam da competição. O Chile, pela primeira vez, foi representado. O Freio de Ouro é promovido pela Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulo. O
Banrisul é um dos patrocinadores do evento junto com Massey Ferguson, Ipiranga, Ford Caminhões e Vivo.
Final do Freio de Ouro – fêmea
Foto: Camila Domingues / Palácio Piratini
A abertura do Concurso Freio de Ouro, a mais importante competição da raça crioula no continente, aconteceu no domingo (26). A cerimônia teve inicio com o hasteamento das bandeiras do Brasil, do Rio Grande do Sul, de Esteio, da Federação Internacional de Criadores de Cavalos Crioulos (FICCC) e da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos (ABCCC). Logo depois, foi realizado o desfile de abertura da final da 31ª edição do Freio de Ouro, comemorativo aos 80 anos da ABCCC. Logo em seguida, teve início a competição. Para o secretário-adjunto da Agricultura, Pecuária e Agronegócio, Claudio Fioreze, “a raça cavalo crioulo é um retrato da cultura gaúcha e a Associação é um exemplo a ser seguido, pois enxerga o futuro ao investir com garantia de retorno e reconhecimento público”. Segundo ele, o faturamento anual da raça gira em torno de 1,2 bilhão de reais.
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Portal do Campo • Expointer 2012 é marcada por investimento em Irrigação
Foto: Alina Souza/Especial Palácio Piratini
Foto: Cláudio Fachel / Especial Palácio Piratini
O tema principal da expointer este ano foi a Irrigação. A 35° Expointer lançou diversas novidades e proporcionou auxílio aos produtores para que invistam na tecnologia. A Quadra da Irrigação foi uma delas. O objetivo do espaço, ligado ao programa Mais Água, Mais Renda, da Secretaria da Agricultura, Agropecuária e Agronegócio, foi incentivar produtores rurais a adotar sistemas para enfrentar períodos de seca, além de aumentar o volume de produção. No local, nove empresas comercializam maquinário com va-
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Comércio de máquinas para irrigação
lores a partir de R$ 5 mil reais, que podem ser financiados, além de recursos para construção ou ampliação de açudes. Entre as iniciativas lançadas na feira está a assinatura do protocolo de intenções e acordo de cooperação técnica para o Programa Mais Água, Mais Renda, da Seapa com o Banco do Brasil, Simers e Fetag. O convênio com o BB é para financiamento de equipamentos de irrigação para os produtores que se enquadram em linhas de crédito como Pronaf, Pranamp, Moderinfra, Finami e PSI. O secretário da Agricultura, Pecuária e Agronegócio do Estado, Luiz Fernando Mainardi, assinou convênio de cooperação com entidades gaúchas ligadas ao agronegócio para fortalecer a cultura da irrigação. O secretário também assinou contrato com Banrisul, Badesul e BRDE para promoção do programa. O Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) firmou convênio com a Corsan, o Ministério Público Estadual e a Fepam para a realização da segunda etapa do projeto de reutilização da água para a irrigação do arroz. O projeto, iniciado este ano, visa utilizar o efluente proveniente da Estação de Tratamento de Esgoto da Corsan de Cachoeirinha em área disponibilizada pelo IRGA. A assinatura marca o próximo passo da
proposta, com a realização de testes com as plantas no solo. A expectativa é de que os 30 mil m³ de água produzidos diariamente na estação da Corsan de Cachoeirinha possam ser reutilizados para irrigar 270 hectares de arroz. O secretário de Obras Públicas, Irrigação e Desenvolvimento Urbano, Luiz Carlos Busato, anunciou, durante a Expointer, projeto-piloto que deve beneficiar dez produtores do Rio Grande do Sul com equipamento de irrigação por gotejamento. Os beneficiados devem ser pequenos agricultores de municípios que estiveram em situação de emergência por conta da estiagem deste ano, e também devem ter participado do programa Pró-Irrigação, que construiu açudes no estado. O investimento será de R$ 500 mil. A empresa que fornecerá o equipamento é a Netafim, de Israel, que é reconhecida internacionalmente e fiscalizará o programa. A parceria é consequência da missão oficial a Israel realizada pelo Rio Grande do Sul em maio deste ano. Nos últimos 25 anos, 600 produtores adotaram métodos de irrigação no Estado. A meta do governo é dobrar a área irrigada no Estado até 2014. As técnicas de armazenamento de água e irrigação também podem aumentar significativamente a produção rural em diversas culturas.
• Agricultura familiar qualidade dos produtos oferecidos: “A apresentação e a qualidade dos produtos melhora a cada ano. A parte das cozinhas típicas também teve avanço, mas deixa a expectativa de mais espaço e conforto para a estrutura que será montada na próxima edição da Expointer”. Para o diretor do Departamento de Agroindústria Familiar da SDR, Ricardo Fritsch, o balanço poderia ser ainda melhor se não fossem os dias de chuva: “Os resultados se
devem à qualidade e à qualificação dos expositores. Comercializamos o máximo que o espaço e o clima permitiram”. Responsável pela organização do Setor do Cooperativismo, uma das novidades do Pavilhão, o diretor GervásioPlucinski comemorou a iniciativa: “A criação deste espaço foi muito positiva. Reunir as cooperativas contribui para a visibilidade destas organizações”.
Pavilhão da agricultura familiar
Foto: Tárlis Schneider / Especial Expointer
No Pavilhão da Agricultura Familiar (PAF) também sobraram motivos para comemoração. Do primeiro dia da Expointer (25) até o encerramento da Feira (02), as agroindústrias e cooperativas expositoras comercializaram R$ 1,25 milhão – superando a marca de R$ 1,05 milhão registrada no ano passado. Para o secretário de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo (SDR), Ivar Pavan, as novidades presentes nesta edição, como o aumento do Pavilhão em mais mil metros quadrados, o acréscimo de 22 estandes e a criação das Praças da Cachaça e dos Orgânicos, contribuíram para o avanço. “O Pavilhão da Agricultura Familiar foi o mais visitado da Expointer. Neste ano, a grande maioria dos estandes superou a venda feita na Feira passada. Para a próxima edição, contando com o novo pavilhão que medirá sete mil metros quadrados, o dobro desse já existente, os indicadores com certeza serão maiores ainda”, afirma o secretário. O diretor do Departamento de Agricultura Familiar da SDR, José Batista, também destacou o salto de
• Encerramento Na entrevista coletiva que apresentou o balanço da 35ª Expointer, o secretário da Agricultura, Pecuária e Agronegócio, Luiz Fernando Mainardi comemorou os números “fantásticos” da Feira. “Todos estão sorrindo. É a maior Expointer já realizada”, comemorou o secretário. Mainardi revelou que, ao todo, 1.405 pessoas trabalham na Feira, entre funcionários da Secretaria estadual da Agricultura e profissionais terceirizados de diversas áreas. “Nós cumprimos objetivos”, afirmou. O presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas (Simers), Cláudio Bier, disse que parte significativa das compras foram de produtores gaúchos que vivem no Centro-oeste do país, mas que são atraídos de volta pelo “charme da Expointer”. “Nossos cavalos crioulos e outras
coisas atraem os produtores a virem ao estado.” O vice-presidente da Farsul, Gedeão Pereira, elogiou as políticas de crédito do governo federal e de irrigação do governo estadual. “Um dos problemas que ainda temos é a falta de seguros, mas o seguro do produtor também está na sua água. E quando o governo federal baixou os juros de 5,5% para 2,5%, o Brasil transmitiu a mensagem que acredi-
ta no produtor”, defendeu Pereira. O público do último dia de Feira foi de 97.500, acumulando 478.500 desde o sábado passado, quando iniciou. Ao ser cumprimentado por diversos representantes de entidades por conta da boa organização da feira, o diretor do Parque de Exposições Assis Brasil, Telmo Motta, agradeceu com modéstia: “Não fizemos mais que nossa obrigação”.
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Foto: Fabélia Oliveira
DIAAlgodão DEsafrinha CAMPO 2012 Empresa No campo Júnior da UFG apresenta ensaio experimental da cultura do algodoeiro safrinha Por Luana Loose Pereira
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om o objetivo de difundir a cultura do algodão safrinha adensado na região do município de Jataí/GO, a empresa No Campo Júnior, em parceria com o curso de agronomia da UFG, realizou no dia 15 de Agosto, no Núcleo de Pesquisas Agronômicas da Universidade Federal de Goiás, campus Jataí, unidade Jatobá, o dia de campo do algodão safrinha 2012. Durante o evento os participantes, além de observarem o desenvolvimento das cultivares, puderam também conhecer um pouco mais sobre as características específicas do cultivo de algodão adensado na região. De acordo com Werley, acadêmico do curso de agronomia e gerente da divisão algodão da empresa No campo Junior, a ideia foi testar quais são as condições mais favoráveis para o desenvolvimento do algodão adensado nesta região. “A pesquisa partiu do zero, estamos testando qual a melhor época de plantio, qual a população de planta adequada e também qual a adubação de solo necessária para o melhor desenvolvimento das plantas na re-
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gião de Jataí/GO”. Werley Soares Silva destaca que a opção pelo algodão adensado se deu principalmente em relação a pouca exploração desta variedade nesta região. “Nós resolvemos fixar o espaçamento de 45 cm e pesquisar o algodão adensado, quando em visita aos municípios de Chapadão do Céu e Mineiros percebemos uma tendência positiva no cultivo desta variedade, como na região de Jataí os produtores que cultivam algodão não costumam fazer o uso deste sistema, resolvemos então experimentar e verificar quais os resultados que podem ser obtidos”. O ensaio realizado contou com dois experimentos, um com variações de adubação e outro com diferentes índices de população de plantas por hectare. Segundo Werley na realização da pesquisa foram utilizadas três cultivares com ciclos de desenvolvimento e épocas de semeadura diferentes. “Os ciclos de desenvolvimento variaram em precoce, médio, tardio, sendo a primeira semeadura feita no dia 3 de fevereiro e a segunda no dia 10 de fevereiro”. Em relação ao experimento
com diferentes populações, o número de plantas variou em 4,6,8,10 e 12 plantas por metro e a adubação foi fixada para que não interferisse nos resultados. Já no experimento com adubação, foram feitos quatro tratamentos de adubações com população de planta padrão. A aplicação de produtos para o controle químico de pragas foi diferente apenas na cultivar de desenvolvimento tardio, por ser uma variedade BT (transgênica) a mesma é resistente a incidência de pragas. Durante o ciclo das plantas foi necessário ainda a utilização de reguladores de crescimento, compostos sintéticos que atuam no metabolismo da planta inibindo a síntese dos hormônios de crescimento. Este ano o clima atípico, ocasionou um período de chuva mais prolongado, sendo o algodão uma cultura de ciclo maior, de 150 a 180 dias, o experimento adquiriu mais umidade que aliada às altas temperaturas resultou em um índice de desenvolvimento das plantas maior do que o esperado. De acordo com Werley, ainda não se pode afirmar que a chuva
chegou a atrapalhar a cultura. “Um ponto relevante é que o período de chuva prolongado se deu quando a maçã ainda não estava aberta, então acreditamos que a umidade não chegou a causar a diminuição na qualidade da pluma. Porém, tivemos dificuldades no controle do porte das plantas, o algodão é uma cultura que tem característica de ser arbórea, porém para garantir mais eficiência na colheita, temos que dominar o desenvolvimento e mantê-la herbácea, fazemos isso com aplicações de regulador de crescimento. Com o excesso de chuva, nestes experimentos chegamos a fazer de seis a sete aplicações de reguladores de crescimento e mesmo assim não conseguimos controlar o porte ideal da planta que é de 70 a 80 centímetros no sistema adensado. A plataforma de colheita do algodão adensado é diferente e se passar desse porte acabamos perdendo rendimento de colheita”. Visando uma nova ocorrência de períodos de chuva mais pro-
Foto: Fabélia Oliveira
Portal UFG
longados, para o próximo ano a ideia é experimentar épocas de plantio mais tardias. “Isso tudo é pesquisa, estamos apenas no início, ano que vem já temos planos de testar outros fatores. Talvez uma medida que nos ajude a controlar o porte da cultura é mudar a data de plantio. Neste experimento nós realizamos a semeadura no início e meados de fevereiro, no próximo ensaio, podemos testar o plantio no final do mês, talvez com isso, poderemos ter um controle maior do porte da planta e diminuir o número de aplicação de reguladores”, ressalta Werley. Até a data da realização do evento os resultados obtidos com os experimentos não haviam sido finalizados. Segundo os organizadores o processo de colheita ainda não
foi concluído e para a tabulação dos resultados de pluma, as fibras precisam ainda passar por uma análise física realizada em laboratório. Porém, com os resultados adquiridos até o momento já se conclui que é possível investir e obter uma boa produtividade com o plantio da cultura do algodão adensado na região de Jataí/GO. “Nós temos potencial para investir na cultura e alcançar altos índices de produtividade. Com estes experimentos podemos ver na prática que o algodão adensado pode ser fonte de renda e uma opção a mais na rotação de culturas. Se bem conduzida a cultura pode chegar a ser até mais rentável que o milho safrinha”, conclui Werley.
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Portal UFG
Desvendando os mitos sobre o
EUCALIPTO O
Eucalipto é uma espécie nativa da Austrália e de outras ilhas da Oceania com mais de 600 espécies pertencentes ao gênero Eucalyptus. No Brasil, é a árvore mais plantada ocupando uma área de 4.873.952 ha, sendo suas florestas destinadas para diversos fins, dentre eles estão a indústria de papel e celulose (71,2%), a siderurgia a carvão vegetal (18,4%), produção de painéis de madeira industrializado (6,8%) e produtos independentes (3,6%). A maior parte dos plantios estão concentrados na região sudeste (54%), enquanto que a região centro-oeste possui 12,2% do total das florestas plantadas com Eucalipto, segundo o relatório da Associação Brasileira de Produtores de Florestas Plantadas (ABRAF) de 2012. Dados indicam que, no estado de Goiás, em 2009 os plantios com Eucalipto ocupavam 57.940 ha, e, no ano seguinte, a área passou para 58.519 ha. Apesar da crescente demanda do mercado para expansão dos plantios com Eucalipto, existe ainda muita polêmica em relação ao plantio desta espécie, mitos presentes na sociedade que podem influenciar na aceitação desta cultura. Os mitos mais conhecidos são: o eucalipto funciona como uma “máquina de sugar água”, cria o chamado deserto verde, reduz empregos para o homem no campo, destrói as florestas nativas para sua implantação e, que as raízes do eucalipto crescem na mesma proporção que a copa. Segundo o livro O Eucalipto, um século no Brasil, escrito por Luiz Roberto de Souza Queiroz e Luiz Ernesto George Barrichelo, o consumo de água da espécie é moderado, quando comparado a outras árvores. Estudos feitos para comparar o consumo de água das espécies nativas e exóticas, revelaram que o euca-
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lipto não é uma “máquina de sugar água”. Estes autores informam que o cedro brasileiro consome 37.500 litros de água anualmente, ao passo que cada eucalipto suga 19.600, praticamente a metade. Ao contrário das árvores nativas testadas, de acordo com o trabalho, o eucalipto consome mais água no verão, justamente no período das chuvas. O mito de que as raízes do eucalipto crescem na mesma proporção que a copa, e também sugam a água disponível no lençol freático devido a sua profundidade foi estudado por Sérgio Luis de Miranda Mello em 2004. Os levantamentos indicam que, em média, as raízes de eucalipto atingem profundidades de 1,5 m a 2,5 m. Além disso, a maioria das raízes finas, responsáveis pela absorção da água e nutrientes, encontram-se nos primeiros 20 cm de profundidade do solo. Em relação ao mito da redução de empregos, os dados de 2011, apontam que o segmento industrial do setor florestal brasileiro, o que inclui postos de emprego nas áreas de silvicultura, siderurgia a carvão vegetal, produtos de madeira, móveis, papel e celulose, manteve 4,7 milhões de postos de empregos, incluindo empregos diretos (0,6 milhões), empregos indiretos (1,5 milhões) e empregos resultantes do efeito-renda (2,61 milhões). Outro fator que desmistifica que a eucaliptocultura é responsável pela redução de empregos é o Índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal (IFDM), elaborado pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (FIRJAN). Este índice monitora anualmente o desenvolvimento econômico, social e humano dos municípios sob a ótica de indicadores considerados essenciais, como emprego, renda, educação e saúde, organizados com base em dados do
IBGE, Ministério da Educação e o Ministério do Trabalho e Emprego. Foi analisado o IFDM de capitais e municípios de Minas Gerais, Bahia e Paraná, onde a atividade florestal, baseada em florestas plantadas, destaca-se no cenário socioeconômico local. Tal análise permite observar o efeito da atividade florestal sobre o desenvolvimento local. No período entre 2000 a 2009, todos os municípios acima considerados apresentaram evolução positiva do indicador de desenvolvimento econômico em relação à renda, à saúde e à educação. Os pequenos recuos verificados, principalmente em relação ao indicador de emprego/renda, podem ser justificados como reflexo do efeito da crise internacional na economia brasileira, que se intensificou em 2009, afetando negativamente o setor, no mesmo ano. Cabe ainda, salientar uma particularidade: o emprego gerado ocorre no campo (trabalho florestal) e na cidade (trabalho na indústria florestal), reduzindo, assim, o êxodo rural. Outro mito, sobre a substituição das florestas nativas pelas plantações de Eucalipto, atualmente, caiu por terra. O plantio de eucalipto é visto como uma solução para diminuir a pressão sobre as florestas nativas, pois viabiliza a produção de madeira para atender às necessidades da sociedade em bases sustentáveis, sem que haja remoção das áreas nativas. No caso do eucalipto, vários são os meios adotados para integrar as plantações ao ambiente natural. Procura-se manter ou aumentar a biodiversidade dentro das áreas plantadas, através do planejamento técnico (seleção de solos aptos para o plantio, preservação de mananciais e matas ciliares), do estabelecimento de corredores de vegetação natural para a movimentação da fauna, do plantio de
PLANTA
QUANTO GASTA DE ÁGUA
Batata 1 kg de batata/ 2000 litros de água
Milho 1 kg de milho/ 1000 litros de água
Cana-de-açúcar 1 Kg de açúcar/ 500 litros de água
Cerrado 1 Kg de madeira/ 2500 litros de água
Eucalipto 1 Kg de madeira/ 350 litros de água
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enriquecimento nas áreas de preservação e da adoção de práticas que garantam a sustentabilidade do sistema. Além disso, muitas vezes a eucaliptocultura ocupa áreas degradadas, abandonadas ou impróprias para o cultivo agrícola.
Para a economia brasileira e o desenvolvimento regional, o setor florestal pode contribuir com uma parcela importante da geração de produtos, impostos, divisas, empregos e renda. Portanto, a implantação de monoculturas, como as florestas
plantadas com Eucalipto, é, sem dúvida, um dos pontos que merecem a atenção da sociedade, desde que os critérios ambientais sejam seguidos, tal atividade traz benefícios ao meio ambiente e ao homem.
Autoras: Daniela Pereira Dias - Professora do Curso de Engenharia Florestal - UFG/CAJ Laura Rezende Souza e Paula Assis Lopes- Acadêmica do Curso de Engenharia Florestal - UFG/CAJ
Consumo de água por florestas (mm/ano)
Floresta de eucalipto
Mata atlântica
Floresta amazônica
900mm/ano
1.200mm/ano
1.500mm/ano
1mm corresponde a 1 litro por metro quadrado
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Café com o Produtor
John Lee Ferguson A trajetória de um desbravador
Fotos: Peterson Bueno
Desbravador da terra do futuro. Assim pode ser considerado John Lee Ferguson. O agricultor, que em 2012 completou 70 anos, chegou a Goiás há mais de 40. Aqui se deparou com um cerrado até então improdutivo, investiu em tecnologia, apostou no cooperativismo e está entre os nomes de quem contribuiu para que a região se tornasse um dos destaques do país no que diz respeito à produção de grãos. Em uma conversa guiada pelo saudosismo de uma época em que a esperança de progredir era a única certeza, o paulista relembra como foi a trajetória no município de Rio Verde. Por Tássia Fernandes Revista Agro&Negócios: Como surgiu o interesse em trabalhar com a agropecuária em Goiás? John Lee Ferguson: Tradicionalmente minha família sempre foi envolvida com o agronegócio. Somos do município de Laranjal Paulista, estado de São Paulo, onde trabalhávamos com as culturas de milho, algodão, cana-de-açúcar e, também, com a pecuária. Além dessas atividades, trabalhei muito tempo com terraplanagem, abrindo áreas para o cultivo de lavouras; atividade que hoje não é mais permitida, devido às novas regras que regem o Código Florestal. Quando surgiu a oportunidade de vir para Goiás, visávamos, principalmente, o investimento na pecuária de corte. Chegamos a Rio Verde no ano de 1971. O objetivo era dar sequência às atividades que já eram realizadas em São Paulo, desta vez em um estado que começava a ser descoberto. Meu pai dizia que aqui era a terra do futuro. Com este pensamento decidimos trabalhar e investir na região. E foi o fato de ter 26
acreditado nas palavras do meu pai que fez com que progredíssemos e chegássemos até aqui. Revista Agro&Negócios: Quando chegaram ao município de Rio Verde outros produtores já investiam na região? John Lee Ferguson: Naquela época quem tinha terra apostava na pecuária de corte, mas em pequena escala. A região era dominada pelo mato; o cerrado tomava conta e não havia lavouras de grãos pelas redondezas. Podemos afirmar que quando chegamos a Rio Verde as terras do município ainda eram improdutivas. Hoje a realidade é outra. Aos poucos os produtores foram percebendo o valor das áreas da região e agora se produz de tudo por aqui. Revista Agro&Negócios: E desde que chegou a Rio Verde a família Ferguson tem investido em quais áreas? John Lee Ferguson: Até hoje continuamos investindo na pecuá-
ria de corte, primeira atividade que desempenhamos nas terras goianas. Inclusive, temos uma fazenda destinada exclusivamente a pecuária, que é a propriedade Santa Maria. Aos poucos também passamos a trabalhar com a agricultura, na Fazenda Santa Cândida, mantendo a tradição de cultivar soja na safra de verão e milho ou sorgo na segunda safra. Além disso, decidimos investir em uma atividade que tem crescido muito Goiás a fora, que é o plantio de florestas. Sempre tivemos o hábito de plantar eucalipto nas nossas fazendas, mas, há aproximadamente dois anos, a decisão foi de investir comercialmente na cultura. Hoje temos cerca de 70 hectares cultivados com a árvore. Nos lugares onde não dá para cultivar lavoura por um motivo ou outro, plantamos eucalipto. Revista Agro&Negócios: Atualmente, a pecuária não tem alcançado bons índices de preço, no que diz respeito aos valores da arroba do boi, no estado de
“Meu pai dizia que esta era a terra do futuro. Com este pensamento decidimos trabalhar e investir na região, o que fez com que progredíssemos e chegássemos até aqui” Goiás. Mesmo assim tem compensado manter a atividade? John Lee Ferguson: Eu sou pecuarista de coração, por isso decidi continuar com a atividade. A lavoura veio como uma opção para aumentar a rentabilidade. Mas a pecuária é uma paixão. Não posso dizer que compensa, pois já faz muito tempo que a arroba do boi não sobe, acredito que seja por conta do monopólio de frigoríficos que existem no Brasil. O que posso afirmar é que mantenho os animais pelo gosto. Já teve uma época em que trabalhamos até com gado de leite, mas, atualmente, focamos apenas no de corte. Revista Agro&Negócios: Em relação à pecuária, qual o sistema de produção adotado? John Lee Ferguson: Trabalhamos com o semiconfinamento. Há quatro anos começamos a adotar um procedimento diferenciado que tem apresentado bons resultados. Os bezerros são desmamados mais cedo, entre cinco e sete meses de vida, e vão direto para o confinamento. Os animais ficam confinados por cerca de três meses, até que os pastos estejam adequados para que eles sejam liberados. A grande vantagem do sistema é que o bezerro não sente tanto a falta do leite da mãe, já que é bem alimentado. Toda a alimentação dos bovinos é produzida na própria fazenda.
região. Na safra de verão conseguimos médias em torno de 59 sacas de soja por hectare e na segunda safra as médias ficaram em 125 sacas de milho por hectare. Revista Agro&Negócios: Além da boa produção, os preços também estiveram atrativos. Como é realizada a comercialização dos grãos na Fazenda Santa Cândida? John Lee Ferguson: Concordo que os preços de comercialização foram bons, mas é importante ressaltar que nós também tivemos que enfrentar os preços elevados dos insumos, afinal, os produtos sobem de acordo com a valorização das commodities. Aumenta a rentabilidade, mas aumenta também o custo de produção. Em relação à comercialização, aqui na Fazenda Santa Cândida nós vendemos grande parte da produção antecipadamente, por meio da cooperativa. Inclusive, já estamos com 60% da safra de soja 2012/13 vendida. Acredito que o travamento de preço é uma ferramenta que o agricultor tem para garantir,
pelo menos, o pagamento dos custos da atividade. Vender por meio da bolsa de valores, é outra alternativa interessante, mas ainda não começamos a trabalhar com esta ferramenta. Revista Agro&Negócios: Travar os preços é uma maneira de evitar surpresas na hora da colheita. Mas e quando a surpresa é positiva, como foi neste ano durante a segunda safra, bate um arrependimento em não ter deixado maior parte da produção para vender a preço de balcão? John Lee Ferguson: Realmente, o preço que a saca de milho atingiu com a chegada do final da colheita foi surpreendente, ficando acima de R$ 30 em algumas regiões. Mas, é importante lembrar que a alta no preço foi em virtude da situação climática desfavorável nos Estados Unidos, que resultou em uma queda na produção e, consequentemente, no aumento dos valores de comercialização. E como o EUA, assim como a China, tem grande influência sobre o resto do mundo, acabamos
Revista Agro&Negócios: Como avalia o excelente momento por que passa a produção de grãos no Centro-Oeste brasileiro? John Lee Ferguson: Antigamente dizia-se que tínhamos sete anos de vaca magra e sete de vaca gorda. Acredito que estamos entrando no segundo ano da vaca gorda no que diz respeito à produção agrícola em Goiás. Nesta safra, por exemplo, a produção foi excepcional aqui na 27
Fotos: Peterson Bueno
Café com o Produtor
sendo beneficiados com a valorização do nosso produto. Porém, foi uma situação atípica e o agricultor não deve ficar esperando para ver se o momento será favorável ou não. É importante garantir, pelo menos, parte da venda antecipadamente. Revista Agro&Negócios: Ao decidir pela comercialização antecipada dos grãos a opção foi a cooperativa. O cooperativismo é um sistema bem visto pela maioria dos agricultores e o senhor, além de ser um dos pioneiros na expansão da atividade agropecuária no município de Rio Verde, foi, também, um dos fundadores da Cooperativa Agroindustrial dos Produtores Rurais do Sudoeste Goiano (Comigo). De onde surgiu a ideia de trabalhar com o cooperativismo? John Lee Ferguson: Na época em que começamos a trabalhar com a agropecuária em Rio Verde enfrentávamos dificuldades muito grandes. Não era fácil comprar os produtos necessários para a lavoura, os insumos não eram encontrados na região e para chegar até o município também era complicado, já que as estradas eram todas de chão. Além disso, não conseguíamos bons preços no momento de realizar a venda do produto, que até então era comercializado ensacado e não a granel, como é hoje. Quando nós agricultores nos encontrávamos, um dos assuntos acabava sendo as dificuldades da produção. E foi durante uma conversa entre amigos, no antigo Posto Horizonte, que discutimos a possibilidade de implan28
tar uma cooperativa no município. Entres esses amigos estavam Dudu Guerra, Paulo Roberto Cunha, Antônio Chavaglia e José Chavaglia. Ao todo éramos uns 12 produtores. A ideia era formar um grupo de pessoas para fazermos um volume maior de compra e venda e, consequentemente, termos maior poder de barganha. Em São Paulo, meu pai havia sido presidente de uma cooperativa, então tínhamos ideia de como deveria funcionar o negócio. Aos poucos o grupo de 12 amigos foi crescendo e logo já eram 30, 40 pessoas interessadas em fazer parte da cooperativa. A Comigo, portanto, nasceu com o objetivo de buscar soluções para uma série de necessidades do produtor rural e hoje tem destaque internacional. Eu fui vice-presidente da Comigo duas vezes e hoje faço parte do conselho de administração. Tenho uma satisfação muito grande em ver os resultados que a cooperativa proporciona hoje e saber que faço parte desta história. Revista Agro&Negócios: Além do cooperativismo, outra maneira de o produtor rural obter apoio é por meio da representação política. O senhor acredita que a classe está bem representada atualmente? John Lee Ferguson: Não. Temos poucos políticos que defendem os interesses do agropecuarista, seja a nível municipal, estadual e até mesmo nacional. Mas, acredito que o principal representante do agropecuarista deve ser o Sindicato Rural. É a entidade classista que deve estar atenta aos anseios do produtor e marcar presença em todos os
eventos que tenham o propósito de discutir assuntos relacionados à atividade, para apresentar os questionamentos e necessidades de cada município e defender os interesses dos trabalhadores rurais. Revista Agro&Negócios: Além das atividades tradicionais do agronegócio, que são as lavouras de soja e milho e a pecuária de corte, na Fazenda Santa Cândida também é realizado o plantio de eucaliptos, visando o aumento da rentabilidade e a diversificação da produção. Neste sentido, como vê a entrada da cana-de-açúcar na região, que também surge com o propósito de diversificação e rentabilidade para o produtor rural? John Lee Ferguson: Assim como a cana-de-açúcar, o eucalipto vem ganhado espaço aos poucos. Decidimos investir na árvore para ter o que cultivar em áreas onde não era possível lidar com lavouras. Já em relação à cana-de-açúcar, ainda não temos pretensões de investir na cultura, apesar de termos 30 hectares cultivados da fazenda. Vemos que muitos produtores têm optado por arrendar suas terras para a cana devido aos preços que são oferecidos. Se eu for arrendar um alqueire para a cana eu vou ganhar muito mais do que cultivando soja ou milho. Então, é uma situação realmente complicada. A cana-de-açúcar chegou e teremos que conviver com ela, afinal, também precisamos de etanol e outros produtos que são fabricados a partir desta matéria-prima. O produtor só deve ter cuidado e evitar trabalhar com a monocultura, por-
que isto sim seria prejudicial para a atividade agropecuária. Revista Agro&Negócios: São mais de 40 anos trabalhando com a agropecuária e ao longo deste período novas tecnologias voltadas para a atividade surgiram. Como tem sido a adesão às novas ferramentas disponibilizadas pelo mercado? John Lee Ferguson: Estamos em uma região onde os produtores rurais são considerados um dos mais tecnificados do Brasil. Investir em tecnologia é extremamente importante para garantir bons resultados no campo e nós tentamos acompanhar as novidades, mas tem que ser aos poucos, porque os custos são elevados. Ainda não começamos a trabalhar com agricultura de precisão, por exemplo, mas temos pretensões e sabemos que é o caminho para aprimorar a produção. A utilização de pivôs é outra opção para produzir mais, seria uma boa alternativa, mas ainda não visualizamos o investimento na propriedade. O que estamos fazendo, por enquanto, é tentar aproveitar o máximo a área disponível, realizando duas safras de grãos e, depois, utilizando a palhada para o gado até chegar o momento de começar o preparo da terra para o próximo plantio. Mas, o produtor rural precisa ter consciência de que tecnologia não é apenas maquinário e equipamento. As diversas pesquisas realizadas com foco na agricultura e na pecuária também são de grande relevância para as atividades, e grande parte delas é desenvolvida pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. O mundo precisa dar valor na Embrapa, que pode ser considerada um tesouro brasileiro. Revista Agro&Negócios: A mão de obra também é um detalhe importante. Na Fazenda Santa Cândida como é a relação com os funcionários? John Lee Ferguson: Temos uma preocupação muito grande com a nossa equipe de colaboradores.
“A satisfação é grande quando olho para trás e vejo o que foi construído ao longo de 40 anos. É muito gratificante saber que nós contribuímos com o progresso de uma região”. Recentemente, por exemplo, foram realizados alguns investimentos na infraestrutura da Fazenda, visando melhorar a qualidade de vida dos profissionais. Antigamente os funcionários não queriam morar na fazenda por conta das dificuldades que enfrentavam; não tinha energia elétrica, água aquecida, mobilidade para se deslocar até a cidade, entre outros detalhes. Hoje, a situação é bem diferente. As instalações na propriedade oferecem bem mais conforto e comodidade aos colaboradores. Construímos três novas casas para os funcionários, onde eles têm energia elétrica, como opção de lazer agora eles podem assistir televisão, no refeitório, as refeições são sempre servidas na hora certa, além disso, o ônibus escolar passa todos os dias para levar as crianças para o colégio e todos os trabalhadores são bem remunerados. O que eu acho que ainda falta é uma atenção especial aos profissionais por parte das autoridades competentes, no que diz respeito à realização de cursos profissionalizantes ou de capacitação profissional. Esta é uma grande necessidade, principalmente, em uma época em que as máquinas e implementos agrícolas mudam constantemente e os funcionários precisam estar aptos a manusearem aquilo que envolve as novas tecnologias. Revista Agro&Negócios: Estando tantos anos a frente dos negócios da família, já pensou em como será a questão da sucessão na administração das propriedades?
John Lee Ferguson: A sucessão familiar sempre foi um assunto muito discutido em todas as esferas e, agora, com o fato da propriedade rural ter se tornado uma empresa, surge a necessidade de discuti-lo, também, no meio do agronegócio. Este é um questionamento que faço todos os dias, de como será a sucessão aqui na Fazenda. De certa forma, toda família já está envolvida nas atividades e é preciso que as próximas gerações dêem sequência ao trabalho que já foi desenvolvido ao longo de 40 anos, para que o nosso empenho não tenha sido em vão. Revista Agro&Negócios: Apesar das dificuldades enfrentadas ao longo do percurso é possível afirmar que há satisfação com a atividade agropecuária? John Lee Ferguson: Com certeza há satisfação, principalmente, quando olho para trás e vejo o que foi construído ao longo de 40 anos. É muito gratificante saber que nós contribuímos com o progresso de uma região. Que de um cerrado onde nada era cultivado, hoje extraímos alimentos que são comercializados para o mundo todo. Que nós transformamos as dificuldades encontradas no início em uma ferramenta chamada cooperativa, que hoje auxilia milhares de produtores. Realmente, não dá para fazer um balanço sem afirmar que a atividade agropecuária traz grande satisfação para este produtor rural que na década de 70 chegou a Goiás, em Rio Verde, e ajudou a escrever a história deste município.
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Capa Conhecer o produto e exigir comprovação de eficácia são atitudes de que o produtor deve se valer para se defender de produtos de má qualidade, na hora da compra. A informação é aliada do consumidor em qualquer esfera social, no campo ou na cidade. Apesar de as empresas não confiáveis serem as mais lembradas (pelos incômodos que geram), existem aquelas que não só trabalham com transparência, como também auxiliam o produtor a fazer escolhas acertadas, mostrando verdades que muitos gostariam de esconder. Assim, a equipe da Dab, empresa de fer tilizantes foliares, tem auxiliado o produtor – mostrando a ação da nutrição vegetal em todas as etapas da produção. As tecnologias hoje têm um ritmo acelerado de desenvolvimento e, a cada dia, surgem inovações que podem trazer ao campo maior produtividade. Por isso, em meio a esse “turbilhão” de informações novas, muitas vezes o agricultor recorre a duas alternativas: se mantém completamente desconfiado ou adere a alguma novidade sem a devida precaução. Para o leitor que tem o perfil mais desconfiado pode parecer imprudência optar pelo que é novo. Entretanto, não se trata de mero descuido, e sim consequência da atuação ardilosa de vendedores que,
sabendo previamente como manipular argumentos, escondem fatos decisivos sobre aquilo que vendem. O que resta ao produtor, nesses casos, é buscar informações sobre a empresa e os resultados na lavoura por meio a amigos, vizinhos e até junto aos órgãos de defesa do consumidor. É válido lembrar que inovar é tão bom quanto necessário, mas exige cautela. Características de bom proceder com o agricultor são baseadas em comprovação – ou seja: mostrar com atitudes e não apenas com palavras aquilo que é passado ao produtor. É direito do consumidor ser bem informado sobre aquilo que está adquirindo. Desconfie se a empresa se recusar a tal comprovação. Alguns dirão que esse modelo ideal de empresa não existe, que não é possível agir com atenção a tantos detalhes. Felizmente, esse pensamento não condiz com a realidade. Em Goiás, um exemplo de trabalho que dá apoio ao agricultor é feito pela Dab Fer tilizantes, que oferece suporte técnico ao produtor, esperando que ele entenda a ação dos fertilizantes foliares, da maneira mais completa possível. Em todas as etapas da produção, sempre que há necessidade, os técnicos são chamados e dão
A DAB Fertilizantes traz em toda a sua linha de compostos nutricionais a tecnologia NUSTA, sinônimo de nutrição, sanidade e alta eficiência em tecnologia de aplicação.
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orientações, sempre com a base de pesquisa científica e experimentação. Tudo é documentado e está disponível a quem se interessar. Estudiosos de vários países comprovaram e continuam pesquisando sobre a ação dos produtos, encontrando continuamente novas características funcionais à lavoura. Além disso, o respaldo de pesquisadores e o contato com a ciência incentiva ao crescimento constante. Essa mudança é, de fato, evolução – não pela data em que foi criada (se é mais nova do que outros produtos e técnicas), mas pela melhoria que trazem. Quando assunto é respeito pelo consumidor, outro ponto importante é pensar globalmente. Isso quer dizer, do ponto de vista empresarial, planejar e agir de acordo com as demandas de fornecedores, clientes e todos os outros elos da cadeia produtiva. Em outras palavras, é a preocupação com o alimento que abastece as famílias, cuidando desde a germinação da planta até a entrega do produto final (já embalado e etiquetado no mercado), auxiliando o produtor a servir seu próximo – mesmo aqueles que desconhecem a existência de tanto trabalho feito em todo o processo de plantio, colheita e abastecimento.
Inovando em tecnologia. Mais uma vez, pode parecer irreal a simples menção desse tipo de ação, que é necessária para que o respeito ao trabalho de todos se dissemine entre os trabalhadores envolvidos na agricultura – que feito dessa forma se tornaria mais sério, mais correto e (até mesmo) mais barato, gerando benefício a quem vende, quem transporta e quem compra. Aqui cabe uma correção: não só se tornaria, como já se tornou; e esse resultado se deve ao desenvolvimento de embalagens feitas de maneira diferenciada – uma mudança que pode parecer pequena, mas desencadeia benefícios de grandes proporções. A essa mudança se dá o nome de “design inteligente”. Basicamente, design significa “desenho”, mas vai muito além do ato de ilustrar um objeto. A criação do design requer pesquisa, investimentos e muitas horas de trabalho com a imaginação voltada às dificuldades e necessidades de produtores, técnicos, pessoal encarregado pela logística e preocupação ambiental. É importante ressaltar que a pesquisa é feita de modo integral, contemplando todos os setores – da produção química ao projeto das embalagens. Assim, se tornou possível economizar recursos de modo consciente: a formulação permite o uso doses 10 vezes menores e a planta leva um tempo 20 vezes menor para absorvê-la; os envases ocupam até 10 vezes menos espaço no transporte e armazenamento.
A Dab Fertilizantes atua em todo o Brasil, com uma ampla gama de fertilizantes de última geração para uso agrícola. Sediada em Maringá no estado do Paraná, trabalha com formulações modernas, inovadoras no mercado brasileiro, que foram desenvolvidas pela empresa essencialmente voltadas ao segmento de tecnologia de aplicação e fertilização foliar, as quais se mantêm na vanguarda de seu setor de atuação. Para isso, a DAB Ferilizantes investe em modernização e aumento de produtividade, buscando custos competitivos. A DAB entende que a tecnologia de aplicação é o encontro de três ciências: a química (qualidade do produto), a física (qualidade da aplicação) e a biologica (momento da aplicação). É a interação dinâmica entre essas três áreas que torna as aplicações agrícolas eficazes. Isto é importante para que o produtor obtenha maior rentabilidade em seu negócio, haja vista o grande investimento feito nas aplicações de defensivos agrícolas. Os investimentos em pesquisa, aquisição de modernos equipamentos e treinamento de capacitação profissional diferenciam essas empresas, como a DAB , das demais encontradas no mercado. Para ela, o ambiente de
trabalho é muito valorizado e mantido por programas de segurança e qualificação profissional em todos os níveis. A expansão das atividades da empresa pode ser atribuída ao trabalho sério de toda a equipe, disponibilizando produtos e serviços para o campo, atentos às necessidades do produtor rural. Além da variedade de produtos e grandes parceiros comerciais, a empresa promove palestras, direcionadas a técnicos e produtores e conta com uma ampla estrutura de vendas altamente especializada, composta por engenheiros agrônomos e técnicos agrícolas, que se interagem com o objetivo de levar a solução mais viável, visando o melhor custo-benefício ao cliente. A DAB tem como missão inovar, desenvolver, produzir e comercializar fer tilizantes de qualidade superior tecnicamente garantida e de alto valor agregado; com suporte, boa rentabilidade, maior praticidade e produtividade para todos os i n t e g r a n t e s d o agronegócio,pensando sempre em diminuir o impacto ambiental. A DAB visa ser referência no ramo de atuação como empresa mais lucrativa, profissional, organizada e autônoma.
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Fotos: Luana Loose Pereira
19ª RODEIO CRIOULO INTERESTADUAL
E 14ª EXPOAGRI A consagração da cultura gaúcha no Centro-Oeste brasileiro
Por Luana Loose Pereira / Tássia Fernandes alizam, anualmente, o Rodeio Criou- em parceria com o Centro de Tradilo Interestadual. No município de ções Gaúchas do município. “O CTG Jataí/GO, o evento acontece no mês Querência Goiana, junto com a direde julho e conta com a participação toria da sede campeira, tem se emde tradicionalistas de várias regiões penhado ao máximo para promover do país. um evento melhor a cada ano. Nos “Quem participa, percebe a enche de orgulho saber que estamos estrutura e a organização da Festa no Centro-Oeste do país cultivando e se torna um visitante frequente”, aquilo que nossos pais e avós ensiressalta o diretor campeiro, Joari naram, é isso que queremos passar Bertoldi. Segundo ele, os próprios para as crianças de hoje. É imporvisitantes contribuem com a divul- tante trazer mais gente nova para gação do evento, que a cada edição participar, garantindo a sobrevivênrecebe um público maior e mais di- cia da tradição”. Durante o Rodeio Crioulo ferenciado. O diretor campeiro também são praticadas atividades caracdestaca a relevância do Rodeio e do terísticas da lida no campo no Rio trabalho realizado ao longo dos anos Grande do Sul, com destaque para o tiro de laço. Apesar de ser um evento tradicionalista gaúcho, o mesmo já faz parte do calendário jataiense, hoje competidores goianos e de outros estados da região centro-oeste também participam das disputas realizadas durante os seis dias de evento. “Um dos principais laçadores desta temporada é goiano, além de algumas moças que laçam e também são goianas. Apesar de ser uma tradição gaúcha, está aberta a todos que queiram aprender”, salienta JoHasteamento dos pavilhões durante abertura oficial do evento ari Bertoldi.
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mpulsionado em grande parte por empreendedores oriundos da região sul do país, o agronegócio goiano tem a marca da tradição gaúcha. Os sulistas que investiram na expansão das fronteiras agrícolas brasileiras e, no final da década de 70 chegaram à região centro-oeste, mesmo distante da terra de origem, cultivam até hoje hábitos e costumes, perpetuando seu legado cultural. Buscando difundir a tradição em solo goiano, relembrando atividades tipicamente realizadas pelos nativos da região sul, os empreendedores gaúchos hoje estabelecidos no sudoeste do estado de Goiás re-
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• Principais competições O início das competições de laço foi marcado pela prova da Vaca Gorda. “Na verdade, vaca gorda é a premiação destinada ao vencedor da modalidade”, explica o diretor campeiro. Como a maioria dos participantes é de fora o prêmio ficou estipulado na quantia de R$ 1.500. “Mas, se o campeão quiser levar uma vaca gorda para casa a gente dá um jeito”, brinca Bertoldi. Dando sequência às atividades, a segunda competição foi a Taça Cidade de Jataí. Assim como na Vaca Gorda, qualquer pessoa pode se inscrever para participar, independente de sexo ou idade. Como pontua o diretor campeiro, a única exigência para entrar na disputa é estar pilchado, ou seja, utilizando a vestimenta campeira tradicionalmente empregada por peões, no estado do Rio Grande do Sul. Na sexta-feira à noite (27/07) começou uma das competições mais aguardadas pelos peões, o Imperador do Laço. Nesta modalidade, criada em Jataí/GO, não há categorias, o competidor tem direito a laçar dez bois buscando acertar o maior número de armadas. Os melhores
lançadores são classificados para as etapas finais da competição, segundo Joari, na maioria das vezes os três últimos finalistas acabam decidindo por dividir o prêmio. “No final todo mundo quer ganhar, mas também tem o risco de errar e perder tudo, então como o prêmio é bom, em torno de 20 mil reais para esta modalidade, eles fazem um acordo e dividem a premiação”. O Rodeio Oficial começou na manhã de sábado (28/07). A competição segue as normas da Federação Tradicionalista Gaúcha do Planalto Central (FTGPC) e, por isso, tem tempo de duração e horário regulamentados. As categorias de competição também seguem o padrão oficial da federação, sendo divididas de acordo com a idade. Entre os peões as categorias são “Piá”, “Guri”, “Veterano” e “Patrão”, onde competem laçadores responsáveis pela patronagem dos CTG’s participantes do evento. Nas categorias “Piá” e “Guri” a regra exige que a laçada seja de seis metros, já na categoria veterano o competidor laça com sete metros e na categoria, de laço adulto, a laçada é fixada em oito metros.
A competição oficial também abre espaço para as prendas, que assim como os peões disputam os prêmios do Rodeio Crioulo Interestadual. As categorias das prendas se subdividem em prenda, prenda mirim e prenda adulta. De acordo com Joari, além das modalidades de laço individual, existem ainda as categorias de laço em dupla. “Os laçadores podem competir também nas categorias de dupla de irmãos, de pai e filho, mãe e filho, cada uma delas corresponde a uma modalidade diferente com premiações diversas.”
• Tradicionalismo como herança A tradição do laço é repassada de pai para filho e, assim, vai permeando as diversas gerações gaúchas. O esporte acaba sendo, também, uma maneira de unir a família. Na época do Rodeio Crioulo, de malas prontas, todos seguem com destino a Jataí/ GO. E é na própria sede Campeira do CTG Querência Goiana que os visitantes ficam alojados. Além da grande quantidade de animais, que lotam o espaço, outro detalhe que desperta a atenção são as barracas que tomam conta de cada área vaga. Com os acampamentos montados os peões itinerantes sentem-se mais a vontade, como destaca Rudiney Martins, que veio com a família de Chapada/RS. “É bom sair um pouco da rotina. Os amigos sempre ofe-
recem para ficarmos na casa deles, mas acampados ficamos mais a vontade. Compensa deixar o conforto de casa para vir passar uns dias aqui e
aproveitar a festa”, enfatiza. Este já é o sexto ano que os gaúchos vêm para o interior de Goiás participar das competições e toda a família
Rudiney Martins veio com a família de Chapada/RS
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Fotos: Luana Loose Pereira
se envolve na disputa. O gosto pelo esporte é influencia de Rudiney que também levou para o laço a esposa, Rosilei Muller, e o filho de 15 anos, Maicon Muller. “Comecei a laçar porque queria acompanha-lo nas viagens e, além disso, é um esporte muito bonito e muito bom de praticar. Além de ser um exercício é uma atividade que contribui para aliviar o estresse do dia-a-dia. Nos finais de semana aproveitamos para treinar o laço e relaxar”, ressalta Rosilei.
Campeões do Rodeio Crioulo Interestadual IMPERADOR FORÇA A Felipe Zanim - RS Nego Pereira - BA IMPERADOR FORÇA B Antônio Ademar - GO Tainara Presotto - GO IMPERADOR FORÇA C Antônio Filho - GO Luiz Soares - RS BRAÇO DE OURO Antônio Filho - GO Fonte: Diretoria Campeira
“Nos enche de orgulho saber que estamos no Centro-Oeste do país cultivando aquilo que nossos pais e avós ensinaram, é isso que queremos passar para as crianças de hoje” Joari Bertoldi, diretor campeiro A gaúcha também acredita que o esporte pode contribuir na educação de crianças e jovens. “O laço é uma das formas de cultivarmos a tradição e é, também, a melhor maneira de estar em um lugar agradável e amigo, evitando, assim, o contato com as drogas, um dos grandes problemas a que os jovens estão sujeitos hoje em dia”. Maicon Muller, que é filho do casal, começou a laçar ainda criança. Segundo ele, o que o motivou a praticar o esporte foi o incentivo do pai que já laçava. “Laçar é uma das melhores coisas que tem. Depois vem o futebol, mas eu prefiro o laço”, afirma o adolescente, que pela segunda vez acompanha os pais na Festa Campeira de Jataí/GO. Mesmo jovem Maicon já compreende um dos propósitos do encontro. “A integração entre os participantes é muito bacana. Não importa o lugar de onde as pessoas vêm, o que importa é o
momento, a prática do esporte e o convívio com os laçadores”, pontua. Responsável por influenciar a família na prática do esporte, Rudiney conta que também aprendeu a laçar quando era criança. Ele concorda com o fato de que levar os filhos para o esporte é uma maneira de contribuir para que tenham uma vida saudável, longe de más companhias e de problemas, como, por exemplo, o envolvimento com as drogas. “Eu tentei mostrar isso a eles. Além de seguir o tradicionalismo, o laço leva para um caminho sadio”, complementa. Rudiney também enfatiza a receptividade dos integrantes do CTG Querência Goiana. “Somos muito bem recebidos aqui em Jataí/GO, por isso, já são seis anos participando da festa. Sem contar o fato de que o rodeio aqui é muito bom e a premiação é satisfatória, o que nos incentiva ainda mais”, ressalta.
los. O evento, que já é tradicional em Jataí/GO, contou com a presença de inúmeras empresas do setor agropecuário e automobilístico que expuseram seus produtos a fim de
demonstrar e comprovar as potencialidades industriais e comerciais do município e da região.
• Exposição de máquinas Além das atrações do 19ª Rodeio Crioulo Interestadual, também foi realizada durante o evento a 14ª Expoagri, exposição de máquinas, implementos agrícolas e veícu34
Artigo
Glauber Silveira
Produtor rural, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil) E-mail: glauber@aprosoja.com.br / Twitter: @GlauberAprosoja
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O setor produtivo precisa se fortalecer politicamente
m todos os fóruns de discussão do setor produtivo escutamos a velha ladainha: o que nos falta é representatividade política. E isto é notório, pois um setor que tem tamanha importância no Brasil ter tão pouca força política, falta de envolvimento e individualismo tem nos custado muito caro, e vai se agravar ainda mais se de uma vez por todas não nos envolvermos politicamente. A nossa falta de representação não é só no Congresso Nacional, começa nas Câmaras de Vereadores, nas Prefeituras, nas Assembleias Legislativas e assim por diante. A falta de articulação política por parte dos produtores, mesmo nos municípios, faz com que venhamos a colher frutos amargos. O produtor acha que apenas produzindo muito bem e se dedicando à sua produção a sociedade tem por obrigação reconhecer sua importância para o desenvolvimento. Ledo engano, se você não se faz representar alguém tomará decisões por você e isto, sem dúvida, impacta no seu negócio. Exemplo disso são os frutos que temos colhido: fruto ambiental, trabalhista, tributário, etc. O presente e o futuro da produção brasileira já poderiam estar diferentes, mas têm nos faltado organização e também conscientização de que as mudanças e as conquistas vêm através da política. Se todo produtor tivesse a mesma eficiência política fora da porteira como tem tido dentro não há dúvidas de que nós estaríamos tendo a representação que merecemos. Um exemplo do que pode dar certo e que deve ser seguido e fortalecido é o apoio dado à Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), onde as instituições ligadas à produção têm dado apoio aos parlamentares e
isto tem gerado frutos e criado respeitabilidade frente ao governo. Mas poderíamos ter uma FPA muito mais fortalecida se os produtores apoiassem e cobrassem dos parlamentares de seu estado. Tenho ouvido inúmeras reclamações dos parlamentares cobrando apoio da base. Sempre que nos aproximamos de uma nova eleição a política passa a ser o principal tema de discussão em todas as rodas de bate papo. Interessante é que toda vez que escuto alguém mais cético dizer que não suporta política e que ela não serve para nada me recordo imediatamente da história que um ex-sócio contou-me a respeito da importância da política em nossa vida, quando em um bate papo na fazenda eu disse a ele que não gostava de política. Lembro-me perfeitamente do dia que ele passou para mim a lição que recebera de seu pai. Ele levantou sua mão esquerda em minha direção e me explicou a importância dos cinco dedos: que eles representam em nossa vida as cinco metas a serem perseguidas. O primeiro deles, o mindinho, representa o dinheiro, que todos sabemos seu valor. O segundo é esse que tem a aliança - o anelar - representa a vida em família, os amigos e a vida social, pois um homem sem família não tem valor e não é nada se não for respeitado pela sociedade. O do meio, o dedo médio, representa o patrimônio. Um homem
é respeitado pelo tamanho de seu patrimônio, é ele que dá condições de educar os filhos, dar conforto à família. O patrimônio deve ser bem maior e mais importante que o dinheiro, poupando dinheiro acumulará patrimônio que dará segurança a você e a sua família. O indicador, este que usamos para apontar, representa o estudo, o conhecimento a cultura do ser humano, é ele que te aponta o caminho a seguir, vai te ajudar a ganhar dinheiro a acumular patrimônio, a educar seus filhos e ser respeitado pela sociedade. Por fim o polegar, que é mais grosso e forte, comanda os outros quatro. Ele representa a política em nossa vida, por isso temos que participar da política, é ela que não deixa que sejamos injustiçados, é ela que define nosso futuro e o de nosso país, por isso participe da política e ajude a escolher gente justa e competente. Estamos em um processo eleitoral importante onde escolhemos os gestores de nossa cidade, portanto nosso voto tem reflexo direto no que queremos para nossa família, para nossos vizinhos, para nossa comunidade, ou seja, nossa responsabilidade é muito grande, não podemos ser omissos, é fundamental nos posicionarmos. São inúmeros candidatos, produtores ou não, que colocaram seu nome para nos representar, e o mínimo que deveríamos fazer é dar nosso apoio. Pense nisso.
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• REPORTAGEM ESPECIAL •
ELEIÇÕES 2012 Candidatos a prefeito do município de Jataí/GO apresentam propostas para o setor do agronegócio Por Tássia Fernandes 2012 é ano de eleições municipais. No dia 07 de outubro, os eleitores dos mais de cinco mil municípios brasileiros deverão comparecer às urnas para elegerem prefeitos, vice-prefeitos e vereadores. O voto é obrigatório para quem tem entre 18 e 70 anos de idade. Entretanto, o ato de votar não é visto apenas como uma obrigação e sim como exercício máximo da democracia e, também, da cidadania. Afinal, é nesta época que os cidadãos têm a oportunidade de participarem da escolha de quem vai administrar o município pelos próximos quatros anos. Mas, nem sempre foi assim. No Brasil as primeiras eleições diretas, quando os políticos são escolhidos diretamente pelo povo e não por um colégio eleitoral, só foram estabelecidas no ano de 1881, por meio da Lei Saraiva, sendo que os candidatos precisavam ser previamente aprovados pelos governadores e coronéis aliados, que controlavam o voto aberto e a apuração. Ou seja, o povo participava, mas na verdade não era a opinião da população que prevalecia. A situação só começou a ser regularizada por volta de 1932, com a criação do primeiro Código Eleitoral e com a instauração da Justiça Eleitoral. Também foi nesta época que o 36
voto passou a ser secreto e as mulheres puderam participar, pela primeira vez, da escolha dos gestores. Entretanto, o período democrático não durou muito tempo. Durante a ditadura do Estado Novo, que vigorou entre os anos de 1937 e 1945, as eleições livres foram suspensas e foi estabelecida a eleição indireta para presidente da República. Além disso, a Justiça Eleitoral foi extinta e os partidos políticos abolidos. Insatisfeita, a sociedade deixou clara a oposição ao sistema e, aos poucos, a democracia começou a ser restabelecida por meio de um decreto, conhecido como Lei Agamenon. Contribuindo com a complexidade da trajetória das eleições no Brasil, o Regime Militar tomou conta do país entre os anos de 1964 e 1985. Nesta época os diversos atos institucionais decretados guiavam a legislação eleitoral de acordo com os interesses do regime. Considerado o mais grave de todos, o Ato Institucional Nº 5, popularmente conhecido como AI-5, ampliou os poderes do presidente da República, resultando no fechamento do Congresso Nacional e na suspensão da Constituição de 1967, que até então estava em vigor. Além disso, a propaganda eleitoral foi restringida e o debate político na mídia foi proibido.
Mais uma vez a população mostrou sua insatisfação. Manifestações realizadas pelas ruas do país reivindicaram a volta do sistema democrático. A voz do povo foi ouvida e com a nova Constituição Federal, de 1988, as regras mudaram novamente. Ficou então definido que o presidente, governadores e prefeitos fossem eleitos pela maioria absoluta ou em dois turnos. Com o passar dos anos, emendas constitucionais foram adequando as determinações referentes às eleições, até chegarmos às normas válidas nos dias de hoje, em que o voto é direto, secreto e prevalece o sufrágio universal, ou seja, todos podem votar, sejam pobres ou ricos, homens ou mulheres, jovens ou adultos, analfabetos ou alfabetizados. Toda essa trajetória do processo eleitoral no Brasil foi marcada por manifestações populares e reivindicações das diversas classes que almejavam participar da escolha dos gestores, mas não tinham permissão. Portanto, o direito ao voto é uma conquista que merece ser reconhecida e valorizada. O voto é a ferramenta que o cidadão brasileiro tem para tentar aprimorar as instituições políticas. Lembrando, é claro, que o sistema político ainda não pode ser considerado perfeito
Dados Eleições 2012 e necessita da constante participação do cidadão para se tornar ideal. Um exemplo recente da manifestação popular que deu certo foi a aprovação da Lei da Ficha Limpa, que já está valendo para as eleições de 2012, quase dois anos depois de ter entrado em vigor. O projeto impossibilita a candidatura de políticos condenados em órgãos colegiados, caçados pela Justiça Eleitoral, ou que renunciaram o cargo eletivo para evitar o processo de cassação. De acordo com o Supremo Tribunal Federal, a Ficha Limpa se aplica a fatos que ocorreram antes de a lei entrar vigor. Ainda segundo o STF, a Lei não viola os princípios da Constituição e, por isso, pode ser aplicada, o que já está acontecendo e, inclusive, culminando na impossibilidade do registro de diversas candidaturas em todo o país. Portanto, escolher os novos gestores é uma grande responsabilidade e é uma decisão que precisa ser tomada com cautela. Pesquisar a vida dos candidatos antes de definir para quem será direcionado o voto é a maneira mais segura de evitar uma opção errada e que poderá trazer prejuízos para o município. Com o intuito de auxiliar o leitor da Agro&Negócios a definir o seu voto, a Revista preparou uma entrevista com os dois candidatos a prefeito do município de Jataí/GO. Como não poderia ser diferente, o assunto abordado foi o agronegócio. As perguntas, que questionam sobre possíveis ações para solucionar os problemas enfrentados no meio rural, foram elaboradas pela equipe da Revista com a participação de entidades de classe que representam o setor.
De acordo com o último levantamento realizado pelo Tribunal Superior Eleitoral, referente ao mês de julho deste ano, são contabilizados
mais de
140 milhões de brasileiros aptos a votarem nas eleições municipais de 2012. O número representa um
acréscimo de
7,6%
se comparado às últimas eleições municipais, de 2008, quando estavam registrados 130,6 milhões de eleitores. Em relação aos candidatos, o Tribunal recebeu
mais de
15 mil
registros de candidatura para o cargo de prefeito
quase
450 mil
registros de candidatura para o cargo de vereador
Em Jataí,
além dos dois candidatos a prefeito, estão na disputa pelas 10 vagas disponíveis para vereadores
129 candidatos
segundo levantamento divulgado no dia 28 de agosto. O primeiro turno das eleições será no dia 07 de outubro e o segundo no dia 28 de outubro. Apenas cidades com mais de 200 mil eleitores terão segundo turno, o que não é o caso do município de Jataí.
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• ENTREVISTA •
VICTOR PRIORI Associação dos Engenheiros Agrônomos de Jataí (AEAJA): Em relação à segurança rural, como seria possível aprimorá-la, principalmente nas divisas de municípios onde se cria uma zona de interferência nas ações dos patrulhamentos municipais, tendo em vista que os agricultores e pecuaristas são vítimas frequentes de ataques às suas propriedades? Victor Priori: Vejo este como sendo um problema grave, mas que havendo vontade e determinação política há solução. É necessário, portanto, se buscar junto ao Governo do Estado uma parceria mais sólida, para que haja o patrulhamento rural permanente. É fundamental, também, pedir a atuação da inteligência da polícia para monitorar e prender as quadrilhas que são organizadas e que atuam na nossa região. Cooperativa Agroindustrial dos Produtores Rurais do Sudoeste Goiano (Comigo): Os candidatos têm algum projeto ou pla38
no para formar parcerias com o governo estadual e federal e, assim, realizar a pavimentação das estradas rurais que cortam o município, sanando um dos grandes problemas que o produtor rural enfrenta hoje e que diz respeito ao escoamento da produção? Victor Priori: Grande parte da malha viária rural do nosso município é de rodovias estaduais e federais. É necessário melhorar a malha federal - as BRs 158, 364 e 060, que cortam a nossa região, a exemplo da BR 060, que já está sendo duplicada em nossa região e também em nosso município. Em relação às rodovias estaduais - como tem sido anunciado pelo Governo de Goiás – já existe um pedido nosso ao governador para que seja asfaltada a estrada velha para Caiapônia e Montividiu. E com os recursos oriundos da assinatura do contrato que será firmado nos próximos dias com o BNDES, no valor de R$ 1,5 bilhão, as obras iniciarão imediatamente, pois parte dessa verba é destinada para essa
obra. Além disso, não iremos medir esforços para cobrar a Agetop para que seja feita a recuperação e a manutenção da malha viária estadual dentro do nosso município. Associação dos Produtores de Grãos de Jataí (APGJ): A energia elétrica é outro problema enfrentado pelos produtores rurais. O setor vem sofrendo com os baixos investimentos da companhia de energia elétrica do Estado na manutenção e expansão das redes condutoras de energia. Ressaltando que a falta de planejamento e recursos tem atrapalhado o setor em diversos pontos como, por exemplo, na expansão de unidades armazenadoras e do sistema de irrigação. Existe alguma proposta voltada para a elaboração de projetos que visem aprimorar as necessidades do setor, ampliando as suas potencialidades? Victor Priori: Sim. Com o saneamento da Celg, agora haverá investimentos nas áreas de energia elétrica
por todo o Estado de Goiás. Não iremos perder tempo e iremos cobrar firme para que Jataí seja contemplada com maiores investimentos. Revista Agro&Negócios: O setor agropecuário, assim como os demais, tem aderido cada dia mais ao processo de informatização, seja em maquinários agrícolas, emissão de notas fiscais eletrônicas, moderno sistema de irrigação controlado via internet, entre outros. Entretanto, em alguns locais não é possível realizar investimentos neste sentido devido à falta de torres de transmissão. Existe a pretensão de realizar investimentos nesta área, a fim de disponibilizar torres de transmissão para regiões que ainda não possuem esta ferramenta de comunicação? Victor Priori: Existem hoje linhas de financiamento do governo federal para nossa região, para a instalação de torres de transmissão para a informatização de todas as necessidades do agronegócio. Sabe-se que já há investimentos em fazendas do nosso município, onde as torres são instaladas e o sinal é distribuído num raio de 20 km da base da torre, com isto, beneficiando ao mesmo tempo vários produtores da mesma região. Temos pleno conhecimento desse assunto e iremos buscar essas linhas de crédito federais para que o setor produtivo rural de Jataí possa integrar as exigências do mercado moderno, através da informatização e da comunicação virtual. Revista Agro&Negócios: Quais são as propostas de investimento para as escolas rurais do município, levando em consideração a melhoria do ambiente escolar, das metodologias de
ensino e das estradas que dão acesso a essas escolas, tendo em vista a importância da educação na formação de cidadãos? Victor Priori: A melhoria das estradas que dão acesso às escolas municipais é primordial e isto nós iremos fazer. Vamos rever as condições do transporte escolar; ampliar as linhas, rever contratos de concessões, para garantir que nossos alunos sejam transportados em condições dignas, em veículos de boa para ótima qualidade, e em perfeito estado de conservação. Assim como faremos na zona urbana, nas escolas rurais vamos cobrir todas as quadras de esporte; não ficará uma só no município sem cobertura. Outra prioridade nossa será garantir o acesso à educação a toda criança até 06 anos de idade. Sabemos da importância fundamental dos profissionais da educação, por isso, vamos dar formação continuada aos professores e pagar melhores salários a todos os servidores da educação. É através dessa valorização dos profissionais, sejam eles da área pedagógica ou administrativa, que iremos elevar e garantir melhoria na qualidade da educação dos nossos educandos. Revista Agro&Negócios: Jataí é um grande produtor de grãos e o maior produtor de leite do estado de Goiás. As propriedades rurais são, atualmente, administradas como empresas e investem pesado em tecnologia, mão de obra, entre outros detalhes, visando o aumento da produção e, consequentemente, do lucro. Mas, nem todos têm condições de realizarem tais investimentos e, ainda assim, dependem da atividade agropecuária para sobreviverem, como é o caso dos agricultores familiares. Existe alguma proposta
de investimento voltada para a agricultura familiar? Victor Priori: Sim, claro. Uma das nossas metas será unir os pequenos produtores e familiares, montando pequenas cooperativas ou associações, para que se consiga preço melhor para o que eles produzem. Precisamos agregar valor ao produto bruto. Já existe apoio do governo federal, no caso da soja, como também para outras cultivares que têm a garantia do apoio da União, onde o pequeno produtor vende seu produto às usinas de biodiesel, por exemplo, com preço diferenciado e superior. Esse apoio facilita e se estende, também, ao acesso a linhas de créditos específicas e a novas tecnologias. Vamos dar total apoio para se criar mecanismos que auxiliem a essa categoria produtiva para que tenha esse acesso. Sindicato Rural de Jataí: Em sendo eleito, gostaria que pontuasse quais serão as prioridades do candidato em relação às ações voltadas para o melhoramento do setor agropecuário do município de Jataí? Victor Priori: Primeiro, vamos melhorar a infraestrutura das nossas estradas e fazer a restauração e manutenção da malha viária municipal – inclusive, as que são da competência do Estado e da União - que deixam muito a desejar. Segundo, vamos atrair as indústrias do agronegócio que não investem em Jataí há muito tempo, como também em novas indústrias de outros setores, para melhorar o emprego e renda para nossa população, demandando assim maior consumo dos nossos produtos agrícolas. É com a diversificação do setor agroindustrial que conseguiremos agregar valor à nossa produção, com isto, gerar renda, ampliar a oferta de empregos.
A Revista Agro&Negócios destaca que a ordem de disposição das entrevistas foi definida durante sorteio realizado na sede da Revista, do qual participaram representantes dos dois partidos. A solicitação para publicação da entrevista foi registrada no Tribunal Regional Eleitoral. Foi concedido o mesmo espaço para os dois candidatos (duas páginas da Revista), mas ficou a critério dos candidatos o tamanho de cada resposta.
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• ENTREVISTA •
HUMBERTO MACHADO Associação dos Engenheiros Agrônomos de Jataí (AEAJA): Em relação à segurança rural, como seria possível aprimorá-la, principalmente nas divisas de municípios onde se cria uma zona de interferência nas ações dos patrulhamentos municipais, tendo em vista que os agricultores e pecuaristas são vítimas frequentes de ataques às suas propriedades? Humberto Machado: Essa Segurança é de obrigação do Governo do Estado e só pode ser realizada com policiais militares. O município já tem contribuído através de parcerias na aquisição e manutenção de viaturas; se a polícia militar ou os produtores rurais criarem um novo plano de segurança mais eficiente que o atual, estaremos prontos para contribuir.
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Cooperativa Agroindustrial dos Produtores Rurais do Sudoeste Goiano (Comigo): Os candidatos têm algum projeto ou plano para formar parcerias com o governo estadual e federal e, assim, realizar a pavimentação das estradas rurais que cortam o município, sanando um dos grandes problemas que o produtor rural enfrenta hoje e que diz respeito ao escoamento da produção? Humberto Machado: Este é um assunto que nos interessa muito, tentamos neste mandato asfaltar em parceria com os produtores o primeiro trecho de estrada municipal, ação esta que foi realizada na região das estradas do Grão e da Emgopa, porém, devido à falta de adesão somente o município asfaltou um pequeno trecho na subida da ariranha, mas recentemente recebi informa-
ções que os produtores estão querendo retomar a discussão deste assunto para o ano que vem, liderados pelos Pazinatos e Gazarinis. Como forma de apoiar o asfaltamento de rodovias doamos ao Governo de Goiás projeto de pavimentação de parte da Estrada Velha de Caiapônia ao custo de cerca de R$150 mil reais, estamos aguardando que a obra aconteça. Associação dos Produtores de Grãos de Jataí (APGJ): A energia elétrica é outro problema enfrentado pelos produtores rurais. O setor vem sofrendo com os baixos investimentos da companhia de energia elétrica do Estado na manutenção e expansão das redes condutoras de energia. Ressaltando que a falta de planejamento e recursos tem atrapalhado o setor em diversos
pontos como, por exemplo, na expansão de unidades armazenadoras e do sistema de irrigação. Existe alguma proposta voltada para a elaboração de projetos que visem aprimorar as necessidades do setor, ampliando as suas potencialidades? Humberto Machado: As obras de extensão de redes de energia elétrica são de valores de grande monta e o município não tem condições para isso, que na realidade são de obrigação da CELG, que pode buscar parcerias em programas dos Governos: Estadual e Federal. Com a venda da CELG para a Eletrobrás é possível que a mesma volte a investir. Estaremos atentos e faremos as devidas cobranças juntamente com entidades representativas do agronegócio de Jataí para que tais investimentos sejam devidamente realizados. Revista Agro&Negócios: O setor agropecuário, assim como os demais, tem aderido cada dia mais ao processo de informatização, seja em maquinários agrícolas, emissão de notas fiscais eletrônicas, moderno sistema de irrigação controlado via internet, entre outros. Entretanto, em alguns locais não é possível realizar investimentos neste sentido devido à falta de torres de transmissão. Existe a pretensão de realizar investimentos nesta área, a fim de disponibilizar torres de transmissão para regiões que ainda não possuem esta ferramenta de comunicação? Humberto Machado: Tentamos implantar nesta gestão um sistema de internet que atendesse todo o município, segundo técnicos da área isso só seria possível de duas maneiras. 1- Via satélite ao custo mensal de R$3.000,00 por ponto de uso. 2- Através de um sistema de torres que irradia um sinal de até 07 km ao seu redor e ao custo aproximado de
R$35.000,00 cada torre, que mesmo assim demandaria um alto valor. Já estamos implantando este sistema para atender nossas escolas rurais, inclusive já está em funcionamento nas seguintes regiões: Estância, Naveslândia, Assentamento Rio Paraíso, Professor Chiquinho, Boa Vista e Bom Jardim. É uma meta nossa continuar esse sistema, pelo município. Revista Agro&Negócios: Quais são as propostas de investimento para as escolas rurais do município, levando em consideração a melhoria do ambiente escolar, das metodologias de ensino e das estradas que dão acesso a essas escolas, tendo em vista a importância da educação na formação de cidadãos? Humberto Machado: A melhoria na qualidade do ensino é uma preocupação nossa, não só nas escolas da Zona Rural como nas urbanas. Como forma de valorização dos professores, adotamos a remuneração premiando a qualificação; implantamos laboratório de informática em todas as escolas rurais, com internet; melhoramos os prédios com reformas, ampliações e construindo quadras de esportes e criamos um importante programa que é a substituição de colchetes por mata-burros para agilizar o transporte escolar. Revista Agro&Negócios: Jataí é um grande produtor de grãos e o maior produtor de leite do estado de Goiás. As propriedades rurais são, atualmente, administradas como empresas e investem pesado em tecnologia, mão de obra, entre outros detalhes, visando o aumento da produção e, consequentemente, do lucro. Mas, nem todos têm condições de realizarem tais investimentos e, ainda assim, dependem da atividade agropecuária para sobreviverem, como é o caso dos agricultores fami-
liares. Existe alguma proposta de investimento voltada para a agricultura familiar? Humberto Machado: Conseguimos que Jataí fosse incluído no PAA; atualmente é o único município de Goiás que faz parte deste programa, onde a prefeitura faz a aquisição de produtos oriundos da agricultura familiar para atender a demanda de diversos órgãos municipais como Escolas, creches, hospital, entre outros. É nossa meta incrementar ainda mais este programa, continuar apoiando os produtores em estradas e em sua cooperativa de credito, CREDITAG, e criar o SIM (Sistema de Inspeção Municipal) que irá inspecionar os produtos oriundos da agricultura familiar dando agilidade e garantia de qualidade para que os mesmos possam ser comercializados. Sindicato Rural de Jataí: Em sendo eleito, gostaria que pontuasse quais serão as prioridades do candidato em relação às ações voltadas para o melhoramento do setor agropecuário do município de jataí? Humberto Machado: Como forma de continuar melhorando a logística de estradas do município vamos investir na aquisição de mais máquinas para as frotas de construção e manutenção de estradas. Construir as sedes regionais de cada frota, ampliar o número de frotas de 05 para, no mínimo, 06. Continuar atraindo empresas consumidoras de matéria prima do agronegócio; como a Granja Jataí e Jataí Milho, como forma de aumentar o valor de venda de nossos grãos com a ampliação da concorrência entre os compradores de nossa matéria prima. Dar apoio ao sistema “S” (SENAR, SENAC, SESC, SENAI, SESI) para que promova a qualificação da nossa mão de obra voltada para o agronegócio com cursos escolhidos pelo sindicato rural e produtores.
A Revista Agro&Negócios destaca que a ordem de disposição das entrevistas foi definida durante sorteio realizado na sede da Revista, do qual participaram representantes dos dois partidos. A solicitação para publicação da entrevista foi registrada no Tribunal Regional Eleitoral. Foi concedido o mesmo espaço para os dois candidatos (duas páginas da Revista), mas ficou a critério dos candidatos o tamanho de cada resposta.
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IBGE divulga dados da
SEGUNDA SAFRA em Jataí/GO
Resultados foram divulgados no dia 15 de agosto, com 100% da área de segunda safra colhida
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esponsável pelos levantamentos sistemáticos mensais de dados das safras agrícolas brasileiras, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apresentou no dia 15 de agosto, em reunião realizada na sede do Instituto em Jataí/ GO, os resultados do mais recente levantamento de dados da segunda safra no município, já com 100% da área colhida. Foram divulgados os índices das cinco principais variedades cultivadas, sendo eles produtividade média esperada (sacas/ha), área plantada (ha) e porcentagem
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de plantio e colheita, que para todas as culturas avaliadas correspondeu a 100%. Introduzida no calendário de plantio como uma alternativa a mais de renda, a safrinha passou nos últimos anos por inúmeras transformações. Com investimentos no uso de novas tecnologias de plantio e manejo, índices de produtividade, antes somente vislumbrados na safra verão, estão sendo alcançados também com o plantio nesta época do ano. Considerada hoje uma segunda safra, a safrinha deixou de ser uma alternativa e, na maioria das propriedades rurais, passou a ser uma fonte significativa de incremento da rentabilidade. De acordo com os dados divulgados pelo IBGE, nesta segunda safra no município, o milho totalizou 160 mil hectares de área plantada e alcançou produtividade média de 110 sacas/ha. O sorgo com área plantada de 20 mil hectares alcançou produtividade média de 60 sacas por hectare. Já a soja e o feijão 2ª safra, atingiram média de produtividade de 35 sacas por hectare, plantados em 3 mil hectares e 4 mil hectares, respectivamente. A cultura do Girassol, por sua vez, com área plantada de 2.674 hectares teve média de produtividade fixada em 20 sacas por hectare. Em nível nacional, o IBGE divulgou o último levantamento sistemático da safra agrícola (LSPA) no mês de Julho. Segundo os dados do referido levantamento a respeito da cultura do milho, a estimativa de produção nacional é de 71,45 milhões de toneladas, somada a 1ª e a 2º safras. Em relação à média de produção atingida em 2011 espera-se um aumento de 27%. Este aumento de produção em relação ao ano anterior, de acordo com o IBGE, é devi-
Por Luana Loose Pereira do ao grande aumento de produção da 2ª safra, uma vez que a produção do milho 1ª safra diminuiu 2,0% em 2012. Informações das unidades federativas indicam um aumento de 71,8% na produção na 2ª Safra, estimada em 37.978.139 toneladas. A região Centro Oeste deve contribuir com cerca de 25 milhões distribuídos por Mato Grosso (60%), Mato Grosso do Sul (20%), Goiás (19%) e o Distrito Federal (1%). Sobre o cultivo da soja, o levantamento nacional realizado pelo IBGE em Julho, expõe a confirmação dos efeitos da seca na produção deste grão. Apesar de a soja ter apresentado crescimento na área, o regime de chuvas inadequado afetou o rendimento médio, que decresceu 15,3%, resultando na redução de 12,2% na produção nacional deste grão. Em relação à safra de sorgo, a previsão feita pelo IBGE através do levantamento é que a mesma seja em 2012, de 1.896.945 toneladas, 0,6% menor que a safra do ano passado. Contudo, segundo os dados divulgados, a produção deve crescer no Sudeste (2,1%) e no Centro Oeste (6,4%). Em Goiás, maior produtor nacional com participação de 38,4%, os dados apresentados apontam que houve queda da área a ser colhida (10,7%), refletindo negativamente na produção, que caiu acompanhando o mesmo índice. Quanto às previsões para o feijão 2ª safra, houve, segundo levantamento, diminuição de 19,6% na área plantada e aumento de 6,5% na produção proporcionado pelo aumento de 18,5% no rendimento médio em comparação aos resultados de 2011. Os estados que mais aumentaram a área plantada foram Goiás (67,2%), Paraná (30,7%) e Minas Gerais (14,2%).
Safras & Mercado estima aumento de 7% na produção de grãos 12/13 Fonte: Agência Safras & Mercado A produção brasileira de cereais e oleaginosas deverá totalizar 176,243 milhões de toneladas na temporada 2012/13, com aumento de 7% sobre o total colhido em 2011/12: 164,4 milhões de toneladas. A projeção faz parte do mais recente levantamento de Safras & Mercado. Safras projeta uma redução de 4% na produção de cereais, somando 91,228 milhões de toneladas, contra 95,006 milhões da temporada anterior. Destaque para o crescimento de 17% na safra de trigo. A safra de arroz deverá recuar 4% e a de milho, 6%.
Para as oleaginosas, há a previsão de um aumento de 23%, com a produção passando de 69,394 milhões para 85,015 milhões de toneladas. O destaque é a alta de 24% na safra de soja, que totalizaria 82,245 milhões de toneladas. Segundo o analista de Safras & Mercado, Flávio França Júnior, grande parte dessa melhor sinalização para a safra nova vem pela combinação de preços médios parciais melhores em algumas culturas principais, como o trigo, o feijão e, especialmente, a soja. Os recuos nos preços do milho e do algodão devem limitar
esse avanço. E no arroz, mesmo com preços melhores. “No lado da produtividade o sentimento é também positivo, acompanhando o aumento esperado na utilização de insumos na temporada, notadamente fertilizantes, calcário, defensivos e sementes, com avanços que devem oscilar de 5 a 10%. E mesmo pelo lado do clima, apesar de todas as incertezas inerentes ao processo, o sentimento é mais positivo neste novo ano, pela possibilidade da safra ser cultivada e desenvolvida sob o impacto do fenômeno El Nino”, completa o analista.
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SUPLEMENTAÇÃO ALIMENTAR é indicada
durante a seca
Complemento nutricional garante o bom desempenho dos bovinos no período Por Tássia Fernandes que a quantidade e a qualidade das pastagens acabam sendo reduzidas. Para evitar que o desempenho do rebanho seja comprometido, os pecuaristas precisam estar atentos às técnicas de suplementação animal. Com o valor nutricional do capim reduzido, os bovinos ficam sujeitos a perda de peso, diminuição da produção de leite, diminuição da taxa de fertilidade e elevação da taxa de mortalidade, além da maior
predisposição a doenças. “Por isso, durante a seca a alimentação dos animais deve ser diferenciada. É preciso ter pasto vedado, para que a oferta de pastagem seja suficiente, garantindo desempenho satisfatório no período. Também é importante fornecer suplementação com uma fonte de Nitrogênio, para melhor aproveitamento do pasto”, esclarece a zootecnista Verônica Alves. Para Verônica, a alimentação adequada dos animais é fundamental para garantir bons resultados, sendo responsável por mais de 50% do desempenho final. “Quando o rebanho é alimentado adequadamente, aumenta o número de arrobas produzidas por ano na propriedade e, consequentemente, os números da fazenda melhoram; o tempo de engorda do gado diminui e há um giro maior do capital investido, entre outros benefícios. Mas, isso só vai acontecer se forem utilizados os produtos adequados para cada objetivo pretendido”, explica a zootecnista.
arrobas comercializadas ao longo do ano. “Fator que resultada no aumento da capitalização do pecuarista para compras estratégicas de animais mais leves”, conclui Verônica. Já o sistema de criação a pasto também pode trazer bons resultados para o pecuarista na fase de terminação. Mas, neste caso, vai depender do peso do gado, do tipo de suplementação usada para antecipar o abate e da qualidade e quantidade de pasto disponível. Outro detalhe que deve ser observado no momento de escolher o pasto ou o confinamento é qual seria a melhor estratégia econômica para a propriedade. Como explica Verônica, muitas fazendas apenas recriam e vendem os animais para engorda. Mas, com o aumento do
preço da arroba do boi magro, a tendência é de que os próprios confinadores, quando tem disponibilidade de área, recriem grande parte dos bois que serão destinados ao confinamento, com o objetivo de reduzir o custo de produção. “O preço do boi magro é o indicador que mais pesa no custo da arroba produzida, diferente do que pensam muitos pecuaristas, que acreditam que a alimentação seja a grande responsável pela definição dos custos. De acordo com valores divulgados em 2011, o boi magro é responsável por 68% do custo de produção, ao passo que a alimentação corresponde a 26% do total”, argumenta Verônica.
Fotos: Arquivo Paraíso Nutrição Animal
Em meados de setembro o clima seco ainda é predominante no sudoeste goiano. Nesta época do ano a média da umidade do ar registrada fica tem torno de 20%, chegando a ser mais baixa em alguns momentos. As chuvas, que ainda não fazem parte das previsões, devem começar no final do mês. Durante a época da estiagem, entre os grandes prejudicados estão os bovinos criados a pasto, já
• Pasto X confinamento De acordo com a zootecnista, não existe um sistema de criação mais adequado para ser adotado no período de estiagem. Para optar pelo pasto ou confinamento, o pecuarista deve avaliar a categoria dos animais que possui e o objetivo final em relação aos bovinos. “O confinamento pode ser estratégico em caso de animais que tenham de 10 arrobas acima. Ao escolher o sistema o gado poderá ser abatido, em média, com dois anos e meio, o que corresponde ao encurtamento do ciclo de produção”. Além da rotatividade mais acelerada na propriedade, outra vantagem do sistema é a liberação dos pastos durante o período seco e o aumento da taxa de desfrute da fazenda, ou seja, maior quantidade de 46
“Durante a seca a alimentação dos animais deve ser diferenciada. É preciso ter pasto vedado, para que a oferta de pastagem seja suficiente. Também é importante fornecer suplementação com uma fonte de Nitrogênio, para melhor aproveitamento do pasto”.
• Manejo correto do sistema Em relação à facilidade do manejo ao optar por um sistema ou outro, no caso da criação a pasto, por exemplo, o pecuarista deve se certificar de que o produto seja colocado no cocho, pelo menos, a cada dois dias. Já no sistema de confinamento o trato é diário e múltiplo. “O alimento deve ser fornecido aos animais em torno de quatro a seis vezes ao dia”. A zootecnista alerta que ao adotar o sistema de confinamento, o pecuarista deve se preocupar em fazer uma boa adaptação nos primeiros dias de cocho, preparando o trato digestivo dos animais para que haja melhor aproveitamento da dieta e máximo consumo de matéria seca na fase inicial. “O cuidado também é importante para prevenir distúrbios alimentares que podem surgir, como, por exemplo, a acidose”. De acordo com Verônica, a fase inicial do confinamento é considerada crítica, mas, fazendo a adaptação de maneira correta, o pecuarista tem chances de obter bons ganhos de peso durante o período.
Verônica Alves, zootecnista “Antigamente observávamos a perda de peso nos primeiros dias de cocho, hoje já é comum conseguir ganhos, desde que seja feita uma dieta equilibrada, de acordo com a exigência de cada categoria animal”. Outro detalhe importante é manter, pelo menos, os quatro tratos diários, respeitando os horários de fornecimento do alimento. “Boi gosta de rotina, quanto menos variação de manejo, melhor. O objetivo é ter alimento fresco sempre disponível no cocho para que o consumo seja à vontade, porém, com o mínimo de desperdício”, afirma a zootecnista. Atualmente, muitos produtores rurais decidem investir na pecuária com a finalidade de aproveitarem as matérias-primas produzidas
nas lavouras da propriedade, que podem ser fornecidas como alimentação para os bovinos. Entre elas estão o milho, o sorgo, soja e resíduos do algodão. Um dos principais alimentos na dieta de bovinos na região é a silagem de milho. “A silagem é uma excelente opção, mas se avaliarmos apenas pelo seu teor de proteína, que é em torno de 7%, só o produto não seria suficiente para fornecer a quantidade adequada de proteína bruta de uma dieta de engorda, que é de aproximadamente 13% de PB. Portanto, é necessária a combinação de fontes proteicas, energéticas e minerais para uma dieta equilibrada”, explica Verônica.
• Cuidados com a alimentação O fornecimento adequado dos nutrientes necessários ao desenvolvimento dos bovinos é de grande importância para que o pecuarista tenha bons resultados no final do processo. Mas, além de disponibilizar a alimentação é importante, também, ter o controle do que é fornecido ao rebanho, o que pode ser realizado por meio da análise bromatológica, ou seja, por meio da análise dos nutrientes presentes no alimento. Identificar as substâncias nutritivas presentes nos alimentos é um dos principais pontos que devem ser observados no contexto da nutrição animal. A análise pode contribuir com o trabalho de zootecnistas, agrônomos e médicos veterinários que lidam com a área. “É relevante fazer a análise bromatológica dos principais constituintes da dieta, já que saber o valor da Matéria Seca (MS), da Pro-
teína Bruta (PB) e da Fibra em Detergente Neutro (FDN), entre outros elementos, é muito importante para o profissional formular a dieta dos bovinos e realizar ajustes quando necessário. A quantidade de fibras
(FDN), por exemplo, tem relação direta com o consumo diário de matéria seca e, portanto, com o desempenho dos animais. Ajustes feitos no momento correto são preciosos para resultados de desempenho favorá-
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veis”, esclarece a zootecnista. De acordo com Verônica, um animal bem alimentado, em confinamento, consegue adquirir em torno
de 1,6 quilos por dia. Entretanto, valores acima desta média podem ser observados. “O ganho de peso diário depende, entre outros fatores, do
nível energético da dieta, da relação concentrado/volumoso, do consumo de matéria seca, do manejo, dias de cocho e, também, da genética dos animais”, ressalta. Já no sistema de criação a pasto, ao longo de todo período seco, se os animais conseguirem ganhar em média 500 gramas por dia já é um resultado positivo e pode ser obtido facilmente se houver disponibilidade de pastagem e de suplementação. Com estas médias, um animal criado a pasto demora em torno de 3,5 a 04 anos para estar apto para o abate, ao passo que no confinamento este período varia de 14 meses a três anos.
• Período seco requer atenção redobrada
Período de transição O clima no sudoeste goiano é marcado, praticamente, por duas estações: a seca e a chuvosa. Independente do sistema adotado na propriedade, criação a pasto ou em confinamento, o pecuarista deve estar atento aos períodos de transição de uma estação para a outra, pois o organismo animal requer uma atenção especial para que haja adaptação à época do ano, sem maiores prejuízos para o pecuarista. “Nos períodos de transição, final das águas e início da seca ou final da seca e início das águas, a suplementação proteica garante excelentes resultados de ganho de peso a pasto, para animais na fase de terminação”.
Tanto no sistema de criação a pasto, quanto no sistema de confinamento, é importante que a suplementação alimentar seja realizada durante a seca, para evitar que os animas percam peso, prejudicando a rentabilidade da propriedade. No pasto, por exemplo, a quantidade de proteína e a digestibilidade ficam reduzidas durante o período, abaixo de 07% e de 50%, respectivamente, o que interfere na capacidade digestiva do animal. “Dessa forma, o consumo de nutrientes acaba sendo insuficiente para que haja o ganho de peso, daí a importância da suplementação para a manutenção da capacidade digestiva e, consequentemente, do consumo de matéria seca suficiente para o ganho de peso”. Verônica ressalta que a suplementação proteica tem a finalidade de fornecer nutrientes para a microbiota (principalmente bactérias ruminantes responsáveis pela digestão de alimento pelos
A Paraíso Nutrição Animal dispõe de uma linha completa de produtos, mais suporte técnico especializado para orientação nutricional, buscando atender às necessidades dos pecuaristas: aliando desempenho animal e retorno econômico. Desde 2010 a Paraíso Nutrição Animal conta com um programa de assistência técnica em confinamentos – PROCONFI, por meio do qual auxilia no planejamento, implantação de protocolos de dietas e na coleta de informações técnicas e econômicas. Na Paraíso o produtor rural é sempre bem orientado!
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bovinos), e não diretamente para o gado. “Quanto melhor a digestão do animal, maior a ingestão de matéria seca, com isso, os bovinos conseguem ganho de peso moderado ou conseguem manter o peso vivo durante o período seco. A suplementação é importante, pois o pecuarista não deve correr o risco de perder as arrobas adquiridas em períodos anteriores”, destaca a zootecnista. Para que o gado apresente alto desempenho em pastagens durante o ano inteiro é importante que seja realizada a suplementação alimentar, principalmente, durante o período seco. “É importante destacar que o tipo de suplementação adotado vai depender do objetivo e da capacidade de investimento do pecuarista”. Verônica lembra, ainda, que os resultados da suplementação serão determinados pela quantidade e qualidade da forragem disponível na propriedade rural.
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ALGODÃO SAFRINHA Conicultores do município de Jataí/GO realizam colheita do algodão Por Luana Loose Pereira radicionalmente cultivado na safra verão, o algodão vem se destacando cada vez mais como uma boa opção para a rotação de culturas na segunda safra. Sucedendo cultivares como feijão ou soja, o algodão safrinha possui um custo menor de produção e possibilita o aumento da rentabilidade das áreas cultivadas. Atualmente, estima-se que cerca de 60% a 70% das áreas de segunda safra estejam ocupadas com o plantio desta cultura. No município de Jataí/GO, o Grupo Maggioni é um exemplo de quem investe anualmente no plantio do algodão safrinha e hoje alcança resultados positivos. Nesta segunda safra, 500 hectares foram destinados pelo Grupo para o plantio do algodão com espaçamento de 76 centímetros. Segundo Ricardo Antônio Sartori Maggioni, técnico agrícola responsável pelas lavouras do Grupo Maggioni, na propriedade a distribuição de sementes é um dos principais diferenciais no plantio desta cultura. “Buscando evitar a
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ocorrência de remonte e eliminar o máximo possível de falhas, plantas duplas, que podem acarretar redução da produtividade das plantas, utilizamos durante o processo de semeadura a tecnologia do piloto automático que garante um plantio mais eficiente e uniforme”. Diferente de outras variedades, a cultura do algodão exige cuidados durante todo o seu ciclo de desenvolvimento. De acordo com Ricardo Maggioni, diferente da soja e do milho, o algodão exige um acompanhamento maior desde o plantio até a colheita. “Esta cultura é mais vulnerável em relação ao manejo, tem que ter uma pessoa que vai cuidar especificamente da área. O algodão exige que o produtor faça um levantamento a cada três dias, analisando a incidência de pragas, doenças e principalmente verificando as variáveis de crescimento. Esta cultura tem característica arbórea, neste sentido, o produtor tem que estar atento à necessidade de aplicação dos reguladores de crescimento, além disso, ao final do ciclo de desenvolvimento a preocupação
se volta também para a manutenção da qualidade das plumas já abertas. É um pouco mais complicado, mas tendo pessoal capacitado isso não se torna um problema”. Em relação às máquinas utilizadas, somente na colheita é que o produtor esbarra com a necessidade de utilização de maquinário específico para a captação da produção da lavoura. “No sistema de plantio e pulverização, podemos utilizar os mesmos implementos de outras culturas, apenas adequando as máquinas ao espaçamento de 76 centímetros entre linhas. O diferencial esta na colheita, nesta etapa é preciso utilizar um maquinário específico, não temos como adaptar uma máquina de outras culturas de grãos, ou seja, trocar a plataforma de colheita como é feito no milho e na soja.”, explica Ricardo. A perspectiva de colheita do algodão este ano é considerada boa. A ocorrência de chuva aliada à incidência de temperaturas altas resultou em um bom desempenho em produtividade. Segundo Ricardo, no início do mês de agosto já haviam
Fotos: Peterson Bueno
sido colhidos na propriedade 10 hectares de lavoura e a estimativa de produção girava em torno de 250 arrobas por hectare. De acordo com informações do décimo primeiro levantamento de dados da safra brasileira de grãos, realizado em agosto de 2012, pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), os números finais da produção nacional de algodão em pluma indicam que em relação à safra 2010/11, a mesma será inferior em 4,7%, devendo totalizar cerca de 1.868,1 mil toneladas. Já a produção nacional de algodão em caroço deve ter redução de 4,4%, totalizando 4.961,3 mil toneladas. Em Goiás, a média de produção, sofreu variação negativa de 17% em relação à safra passada, ficam em 356,2 mil toneladas de algodão em caroço e 135 mil toneladas de algodão em pluma. A área plantada com algodão, em nível nacional, ficou definida em 1.395,9 mil hectares, 0,3% inferior à área cultivada na safra anterior. Em Goiás, houve redução na área plantada em 17,3%, ficando a área de plantio estimada em 89,6 mil hectares na safra 11/12. Nas principais regiões produtoras, os trabalhos de colheita do algodão primeira safra já ultrapassam os 40,2%, enquanto o algodão segunda safra encontra-se em fase inicial de colheita. Ponderando a produtividade de algodão em caroço primeira e segunda safras, obteve-se uma média de 3.554 kg/ha contra 3.705 kg/ha verificados na safra 2010/11. Por sua vez, a produtividade de pluma reduziu cerca de 4,7%, passando de 1.959,8 kg/ha para os atuais 1.868,1 kg/ha. Em Goiás, a produtividade média do algodão em caroço e em pluma sofreu aumento de 0,4% em relação à safra passada, ficando a produtividade em caroço estipulada em 3.975 kg/ha e em de pluma, 1.507 kg/ha. Ricardo Maggioni afirma que
Máquina que realiza a colheita do algodão é de uso específico desta cultura.
Ricardo Antônio Sartori Maggioni, técnico agrícola responsável pelas lavouras do Grupo Maggioni.
o preço pago por arroba de algodão este ano está a baixo do ideal, mas ainda assim o plantio da cultura se mantém mais rentável economicamente do que o milho safrinha. Segundo ele, a produção do algodão safrinha é direcionada para a indústria têxtil e é então direcionada para exportação. “Encaminhamos a produção para a algodoeira, onde são feitos testes de controle de qualidade e o beneficiamento, a pluma de melhor qualidade é direcionada para o comércio exterior”. Segundo dados do Comitê Internacional Consultivo do Algodão (ICAC), divulgadas pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA), em 2011/2012, a China importou 55% do algodão comercializado no mundo, o que corresponde a 5,2 milhões de toneladas.
Para o próximo ciclo as importações devem cair para 35,0%, alcançando 2,6 milhões de toneladas, por conta das amplas reservas do país asiático, da desaceleração econômica global de migração para fibras alternativas. Com este cenário, os preços do algodão sofreram grande impacto. No ciclo 2011/12, pressionado pelos crescentes estoques globais, o índice Cotlook A, que monitora os preços da commodity no mercado internacional, ficou a US$ 1 por libra-peso, em média, recuo de 39% sobre 2010/11. Os estoques mundiais de algodão subiram para 13,6 milhões de toneladas em 2011/12, ante 9,3 milhões de toneladas em 2010/11. Na safra 2012/13, segundo prevê o ICAC, esse volume provavelmente vai aumentar ainda mais, chegando a 15,19 milhões de toneladas. 51
Artigo UFSM - Universidade Federal de Santa Maria
CULTIVOS HIDROPÔNICOS Um negócio sustentável
A
Fotos: Renes Rossi Pinheiro
pesar de o cultivo hidropônico de plantas em escala comercial existir a pouco mais de 70 anos, o cultivo nesse sistema vem ganhando cada vez mais espaço no mercado e já é visto como o futuro da horticultura. A cada ano que passa, o consumidor brasileiro tem buscado cada vez mais os produtos cultivados através desse sistema, fazendo com que sua oferta aumente, e consequentemente, aqueça o mercado da produção hidropônica. Com isso, os produtos hidropônicos estão conquistando seu espaço devido aos inúmeros benefícios e vantagens desse sistema de cultivo, não apenas ao produtor como também aos consumidores. Inicialmente tratando de aspectos ambientais, a hidroponia é considerada a horticultura do futuro, pois a utilização de água e nutrientes é feita de forma inteligente. Por se tratar de um sistema de irrigação e fertilização fechado, não agride o meio ambiente, diferentemente do cultivo tradicional feito diretamente no solo, onde a água e os nutrien-
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tes muitas vezes contaminam rios e lençóis freáticos. Além disso, toda a água utilizada na produção hidropônica pode ser reutilizada, podendo ser reaproveitada para diferentes fins. Entre as vantagens da produção hidropônica podemos citar a produção de plantas limpas e livres de contaminação, esse é um aspecto muito abordado entre profissionais e pesquisadores da área, uma vez que na hidroponia, a planta não entra em contato com o solo e, consequentemente, não existe a contaminação pela raiz. Não há o uso de terra nem de compostos orgânicos como aplicação de dejetos, caso da produção orgânica, reduzindo a incidência de microorganismos indesejáveis, entre os quais estão os coliformes fecais. A higiene dos produtos hidropônicos também gera benefícios ao consumidor e ao meio ambiente. Em sistemas onde a planta tem contato com o solo, é preciso muita água para fazer sua higienização, diferentemente do produto hidropônico, que por ser um produto limpo, sem contato com o solo, necessita uma
Muda de alface (Lactuca sativa) em ponto de transplante
menor quantidade de água para deixá-lo limpo. No cultivo hidropônico, as plantas crescem recebendo todos os nutrientes essenciais de que necessita para seu desenvolvimento, a nutrição acontece em tempo integral e de forma balanceada, diferentemente do cultivo no solo onde temos excessos e deficiências de certos minerais. Por serem conduzidas em ambientes protegidos (casas de vegetações e estufas), as condições climáticas são melhores manejadas, ou seja, fatores como temperatura, umidade, radiação, são de certa forma controlados, adequando a necessidade de cada cultura. Somando estes fatores benéficos temos uma redução do tempo de cultivo, promovendo uma maior frequência de produção, um exemplo disso é o cultivo da alface, que em seu cultivo tradicional é colhida em 60 a 65 dias e no cultivo hidropônico tem esse tempo reduzido para 35 a 40 dias. O espaço necessário para cultivar hidropônicos também é menor, otimizando a área a ser utilizada. A produtividade muitas vezes chega a ser dez vezes maior do que no cultivo em solo, a produção pode ser realizada em pequenas áreas, possibilitando o produtor chegar mais perto dos grandes centros ou até mesmo dentro das cidades, realidade cada vez mais frequente, com cultivos em pequenos terrenos ou até mesmo sobre edificações. Embora o investimento inicial seja maior do que os demais sistemas de cultivo, girando em torno de R$ 40,00 até R$ 200,00 por metro quadrado, o retorno é garantido e os custos iniciais diluem-se rapidamente, principalmente pelo volume de produção e frequência de cultivo.
Por resultar em produtos de qualidade superior, muitas vezes o produtor consegue comercializar seus produtos com preço diferenciado. Além disso, por ser conduzida em cultivo protegido, a produção segue o ano todo com o mínimo de perda. A hidroponia não é uma “ciência” estática, está sempre em transformação. A cada ano aparecem inovações, soluções renováveis e sustentáveis, onde a busca por tecnologia é constante. Para iniciar no ramo da hidroponia, os produtores precisam dispor de um conhecimento técnico considerável, fazendo com que as pesquisas nessa área sejam constantes. O produtor hidropônico deve ser mais qualificado em função da tecnologia envolvida nesse sistema. A hidroponia exige conhecimento elevado, por isso sua gestão demanda profissionais qualificados que busquem sempre desenvolver novas tecnologias. Assim, a produção hidropônica exige muito mais técnica do que a produção em solo. Outra questão que torna a hidroponia uma boa opção de investimento é o baixo custo de manutenção. Ao contrário do sistema de cultivo em solo, que necessita investimentos periódicos, como o levantamento de canteiros e sistemas de irrigação, na hidroponia apenas é necessário a realização de limpezas periódicas no sistema. Porém, apesar de ser uma técnica lucrativa, é muito trabalhosa, exigindo cuidados muito maiores com a produção para preservar a qualidade do produto oferecido ao consumidor. Usa-se água em vez de solo, e não se exige grande espaço para a produção, uma vez que pode ser cultivada em diversos lugares. A preocupação com a qualidade do produto é primordial na hidroponia, o que resulta em produtos com sabor mais aguçado e com maior durabilidade. Os cuidados com esse cultivo são muitos e visam manter as plantas saudáveis e livres de pragas e doenças. As vantagens são inúmeras para o consumidor, além de o preço ser semelhante aos produtos cultivados em solo, apresenta excelente qualidade. Seu aspecto microbiológico sofre menor
Produção hidropônica de alface (Lactuca sativa) em ponto de colheita
perigo de contaminação, o sabor é melhor e o consumidor leva para casa a planta inteira, com raiz, resultando em um produto com maior durabilidade na geladeira, já que o consumidor leva para casa uma planta viva. Seus valores nutricionais são superiores, pois a planta recebe todos os nutrientes em quantidades ideais para sua necessidade, e consequentemente, plantas bem nutridas, resultam em plantas mais nutritivas ao consumo. Além das vantagens já mencionadas podemos citar ainda o mínimo uso de defensivos, visto que o ambiente e plantas são melhores manejados. Na hidroponia há uma grande preocupação com o bem estar e saúde dos trabalhadores, dando atenção especial para a ergonomia, aonde as bancadas de cultivos já são projetadas e posicionadas a uma altura considerável e confortável, para que o produtor possa trabalhar em pé. As unidades de produção hidropônicas podem ser instaladas perto dos grandes centros, facilitando o contato entre produtor, comércio e consumidor, gerando menos gastos com logística. A hidroponia possui também algumas desvantagens, primeiramente mencionamos o alto investimento inicial, pela demanda maior em tecnologia e estrutura diferenciada, esse tipo de cultivo requer custos iniciais maiores para a montagem da estufa, bancadas de produção, sistema de bombeamento, consultorias, entre outros. Outro entrave que podemos citar na hidroponia é a dependência de energia elétrica, por necessitar uma constante movimentação da solução nutritiva, necessita de um conjunto moto-bomba, ficando na
dependência de uma fonte de energia para movimentar o sistema, uma alternativa seria acoplar ao sistema um gerador de energia não elétrico, tendo um gerador alternativo no caso de falha na energia elétrica. Por fim, podemos concluir que a hidroponia não é a solução da agricultura, mas com certeza uma das soluções para muitos problemas que hoje encontramos e que no futuro próximo se agravarão. Para o maior crescimento da hidroponia no Brasil, seria necessária a criação de uma certificação de produtores hidropônicos, certificação acompanhada de fiscalização, pois a hidroponia como qualquer outro sistema de cultivo está sujeito a aplicações excessivas e errôneas de fertilizantes e agrotóxicos, por parte de produtores, o que não vem ao encontro do propósito da hidroponia, que é produzir mais em pouco espaço, plantas limpas e saudáveis. Autores: Renes Rossi Pinheiroe Vilson José Gabriel - Mestrandos em Agronomia: Agricultura e Ambiente Universidade Federal de Santa Maria, Campus Frederico Westphalen-RS. Denise Schmidt e Bráulio Otomar Caron - Professores Associados, Universidade Federal de Santa Maria, Campus Frederico Westphalen/RS. Velci Queiróz de Souza - Professor Adjunto, Universidade Federal de Santa Maria, Campus Frederico Westphalen/RS. Ivan Ricardo Carvalho, Ricardo Boscaini, Ricardo Bertin - Acadêmico do curso de Agronomia Universidade Federal de Santa Maria, Campus Frederico Westphalen/RS. 53
PIMENTA O tempero do cerrado
Cultura se destaca como alternativa de renda nas pequenas propriedades rurais
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radicionalmente empregada na culinária da região centro-oeste do país, a pimenta vem se destacando cada vez mais como fonte alternativa de renda para os pequenos produtores. Com mercado garantido, a produção desta especiaria, além de viabilizar a diversificação da produção possibilita também um incremento significativo nos lucros obtidos nas pequenas propriedades rurais. Pertencente à família Solanaceae, a pimenta pode ser cultivada em regiões de clima tropical com precipitação pluviométrica variável de 600 a 1.200 mm e uma temperatura média em torno de 25ºC. De acordo com dados do núcleo Hortaliças, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), hoje são cultivados anualmente no Brasil dois mil hectares de pimenta, sendo Minas Gerais, Goiás, São Paulo, Ceará e Rio Grande do Sul os principais estados produtores. “A produ-
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Por Luana Loose Pereira tividade média depende do tipo de pimenta cultivada, variando de 10 a 30 t/ha. A crescente demanda do mercado, estimado em 80 milhões de reais ao ano, tem impulsionado o aumento da área cultivada e o estabelecimento de agroindústrias. Além do mercado interno, parte da produção brasileira de pimentas é exportada em diferentes formas, como páprica, pasta, desidratada e conservas ornamentais”. Para o plantio desta variedade, o solo deve apresentar boa profundidade e textura leve com pH entre 5,5 a 6,0 e bom escoamento de água. Do ponto de vista sanitário, segundo pesquisadores da Embrapa, recomenda-se que sejam evitadas áreas que nos últimos quatro anos tenham sido utilizadas para o plantio de outras culturas da família das Solanáceas, como batata, tomate, berinjela, jiló, etc., ou Cucurbitáceas, como abóbora, moranga, pepino, melão e melancia. “Áreas com cultivos anteriores de gramíne-
as, como milho, sorgo, arroz, trigo e aveia, ou leguminosas como feijão e soja ou ainda aliáceas como cebola e alho, são as mais indicadas para a rotação com o plantio de pimenta”. Com variado número de espécies, a pimenta pode ter cor, formato, tamanho e intensidade de sabor diferente, podendo ser encontrada nas formas alongada, arredondada, triangular ou quadrada. No Brasil, as variedades de pimenta mais cultivadas são a pimenta malagueta, fruto que chega a 2 cm de comprimento e em média 0,5 cm de largura e possui cor vermelho forte. A pimenta comari que possui fruto esférico e coloração vermelho-escuro. A pimenta de cheiro, com fruto também no formato esférico, porém de cor amarela e a pimenta chifre de veado, com cor vermelha ou amarela e frutos com 5 a 7 cm de comprimento e 1,5 de largura que apresentam ainda curvas na extremidade. Por ser exigente em calor e sensível ao frio, o cultivo da pimenta deve ser preferencialmente realizado nos meses com maior incidência de altas temperaturas, fator que impulsiona a germinação, o desenvolvimento e a frutificação, favorecendo o rendimento de produção das plantas. De acordo com dados fornecidos pela Embrapa, as temperaturas médias mensais ideais para o melhor desenvolvimento das plantas situam-se entre 21ºC a 30 ºC, sendo a média das mínimas ideal 18ºC, e das máximas em torno de 35ºC. “A germinação é favorecida por temperaturas de solo entre 25ºC e 30 ºC, sendo 30ºC a temperatura
em que ocorre o menor intervalo de dias entre semeio e germinação, e temperaturas do solo iguais ou inferiores a 10ºC inibem a germinação. Para as mudas, o melhor crescimento é alcançado com temperaturas entre 26ºC e 30ºC, sendo a temperatura de 27ºC considerada como a ideal para favorecer o desenvolvimento das plantas”. Durante todo o ciclo da pimenta, uma das fases que mais exige atenção por parte dos produtores da especiaria é o momento de colheita. A colheita da pimenta é realizada manualmente, podendo os frutos das plantas serem arrancados com ou sem os pedúnculos. O rendimento médio por hectare varia de acordo com a espécie cultivada e também com as condições climáticas enfrentadas durante as demais etapas do ciclo de desenvolvimento. Segundo pesquisadores da Embrapa, as condições climáticas e os tratos culturais, como adubação, irriga-
Com mercado garantido, a produção desta especiaria, além de viabilizar a diversificação da produção possibilita também um incremento significativo nos lucros obtidos nas pequenas propriedades rurais. ção, incidência de pragas e doenças, e a adoção de medidas de controle fitossanitário afetam diretamente o ciclo da cultura, alterando também o período de colheita. “O ponto de colheita ideal das pimentas é determinado visualmente, quando os frutos atingem o tamanho máximo de crescimento e o formato típico de cada espécie, com a cor específica demandada pelo mercado”. Para a comercialização, as pimentas menores, como a Malagueta, são embaladas em garrafas, em conservas com vinagre, sal, ou óleos comestíveis. Na maioria das vezes, a venda destes produtos quando não direcionada diretamen-
te para a indústria é realizada em feiras livres. Para os pesquisadores da Embrapa, o mercado das pimentas é muito mais relevante do que se imagina. “Este tipo de agronegócio envolve diferentes segmentos, desde as pequenas fábricas artesanais caseiras de conservas até a exportação de páprica por empresas multinacionais que competem no mercado de exportação de especiarias e temperos. Nos últimos anos, as pimentas têm ganhado um espaço cada vez maior na mídia por sua versatilidade culinária e industrial e também por suas propriedades medicinais”.
• Cultivo em pequenas propriedades rurais zamos buscam auxiliar o desenvolvimento das pequenas propriedades rurais. Trabalhamos na área de assistência técnica, elaboração e desenvolvimento de projetos e trazemos também informações para os pequenos produtores com cursos e palestras, conhecimento que aumenta as chances de prosperidade nos negócios”.
Nos assentamentos do município de Jataí/GO, a produção foi fixada com a distribuição de 200 pés de pimenta através de um investimento de R$ 70,00 por família. A variedade implantada nas propriedades foi a pimenta malagueta. Francisco Antônio de Freitas Furtado, produtor rural assentado, é um exemplo de quem há aproxi-
Plantação de pimenta no assentamento Terra Liberdade em Jataí/GO
Foto: Divulgação SEBRAE/GO
Incentivado pelo “Projeto Pimenta”, desenvolvido pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) em parceria com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), o cultivo da pimenta vem conquistando pequenos produtores de várias regiões do estado de Goiás. Em Jataí/GO, o baixo custo de implantação da cultura aliado as facilidades de comercialização tornou a pimenta uma alternativa rentável para o sistema de produção agrícola familiar de parte dos assentamentos do Governo Federal atendidos pelo convênio INCRA/ SEBRAE. Segundo Bruno e Jader, técnicos do SEBRAE/GO, responsáveis pelo acompanhamento das atividades realizadas através do convênio em alguns assentamentos da região, o objetivo do projeto é levar aos produtores conhecimento e informações técnicas para viabilizar a implantação de novas alternativas de renda. “As atividades que reali-
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Já no primeiro ano a venda deu para cobrir os gastos e conseguimos ainda uma boa margem de lucro” Marino Ferreira de Paula, produtor rural assentado madamente um ano e meio passou a cultivar pimenta malagueta no assentamento Nossa Senhora de Guadalupe, em Jataí/GO. Ele destaca que a ideia de começar a investir na cultura foi difundida na comunidade assentada pelos técnicos do SEBRAE/GO, que semanalmente realizam visitas nas propriedades. “Nós participamos de uma reunião na sede do assentamento, onde os representantes do SEBRAE/GO falaram a respeito da produção da pimenta. Eles nos incentivaram a investir na produção desta cultura, trouxeram as mudas e também viabilizaram a comercialização, então nós resolvemos apostar”. Hoje na propriedade de Francisco a produção dos 200 pés de pimenta é uma opção de renda viável que já rende lucros para a família. O planejamento inicial era que 56
todos os assentados realizassem a comercialização da produção através do projeto, direcionando a produção para determinada empresa do ramo, porém, segundo Francisco, a proximidade do assentamento com a zona urbana do município viabilizou a venda particular das pimentas, o que possibilitou um ganho maior e consequentemente maior lucratividade para os produtores do Nossa Senhora de Guadalupe. “Os técnicos do SEBRAE/GO se disponibilizaram a recolher a pimenta nas propriedades e entregar para comercialização, porém, eu encontrei um preço melhor através da venda na cidade. O lucro que obtive assim foi maior do que se entregasse através do projeto, uma coisa eu posso garantir com a produção de pimenta com certeza dá para ter boa lucratividade”. Marino Ferreira de Paula e
sua mulher Onilda Fernandes de Paula, produtores rurais do assentamento Nossa Senhora de Guadalupe, assim como Francisco, também apostaram na lucratividade da produção de pimenta. “Na época que trouxeram as mudas de pimenta para nós, plantamos e foi muito bom, optamos pela venda individual e vendemos bastante. Já no primeiro ano a venda deu para cobrir os gastos e conseguimos ainda uma boa margem de lucro”, salienta Marino. De acordo com os técnicos do SEBRAE/GO, a decisão pela venda individual não é encarada como um desligamento e sim como um fator positivo. “Nós incentivamos o plantio da pimenta, auxiliamos durante todo o ciclo, do plantio a colheita, e viabilizamos também a venda diretamente para as indústrias, porém, é um grande reconhecimento para nós saber que a produção já se tornou independente, que os produtores já conseguem viabilizar a comercialização individualmente. Quando eles mesmos buscam um nicho de mercado com um valor agregado maior é um sinal de que o produtor pegou a ideia e levou adiante”.
Foto: Luana Loose Pereira
Marino Ferreira de Paula e sua mulher Onilda Fernandes de Paula, produtores rurais do assentamento Nossa Senhora de Guadalupe
Um dos grandes desafios nas pequenas propriedades onde se propõem o plantio da pimenta é a colheita. A pimenta malagueta chega a produzir uma média de 10 toneladas por hectare. Marino explica que o alto índice de produtividade aumenta as possibilidades de lucro, porém nas pequenas propriedades, onde a mão de obra é restritamente familiar, a colheita da produção torna-se um grande obstáculo. “Ela não é uma cultura que exige muito do produtor, porém na época da colheita o produtor tem que estar disponível para
apanhar as pimentas senão o fruto passa da hora. Em nossa propriedade a pimenta até produziu bastante, mas nós não tínhamos tempo para nos dedicarmos exclusivamente à colheita da pimenta”. Francisco salienta que em sua propriedade, a pimenta foi uma aposta que deu certo, sendo que o principal diferencial da cultura é a possibilidade de obtenção de bons índices de produtividade mesmo em áreas de plantio menores. “A pimenta se tornou outra fonte de renda para a minha propriedade, porém,
• Cuidados com a plantação Como qualquer outra cultura, a pimenta também exige um manejo específico desde o plantio até as etapas finais de colheita. Cuidados com irrigação, adubação e eliminação de plantas daninhas são fundamentais para o desempenho satisfatório das plantas. Francisco destaca que durante todo ciclo de desenvolvimento das plantas teve o acompanhamento dos técnicos do SEBRAE/ GO, trabalho que foi essencial para o sucesso da implantação do projeto em sua propriedade. “Eu tenho uma apostila que os técnicos me deram que utilizo até hoje, além disso, eles trouxeram remédio para combatermos as pragas”. De acordo com Bruno e Jader, técnicos do SEBRAE/GO, na plantação de pimenta, as ervas daninhas podem ser eliminadas através de capinas regulares. Já em relação à adubação, pode ser feito um trabalho de cobertura com formulação NPK 20-00-20. Além disso, a forma mais eficiente de prevenir a incidência de pragas e doenças que podem vir a causar danos econômicos a cultura é através do monitoramento periódico da plantação. Na propriedade de Marino, a opção foi pela adubação orgânica e em relação a pragas e doenças a preocupação sempre foi em realizar
um trabalho preventivo. “Para a adubação nós utilizamos esterco e combatemos pragas e doenças com um monitoramento preventivo”. A realização do projeto nos assentamentos auxiliou o desenvolvimento e a implantação do plantio de pimenta nas propriedades, porém, uma grande barreira ainda precisa ser enfrentada diariamente pelos produtores, a escassez de água é um fator que principalmente nas épocas de seca, comuns na região centro-oeste, dificulta a manutenção da cultura. Segundo os técnicos do SEBRAE, a carência de água é um fator recorrente nos assentamentos. “A escassez de água em alguns lotes, na maioria das vezes, é devido à própria característica da área dividida que segrega as fontes naturais de água”. Francisco declara que a falta de água dificulta a produção e em alguns locais chega a inviabilizar o cultivo. “A água que eu utilizo aqui é de uma mina, porém é muito pouca água para abastecer toda a propriedade, então nas épocas de seca fica difícil manter a pimenta porque esta cultura necessita de muita água. Se tivéssemos um local com água abundante seria ainda melhor para mantermos a produção”.
é um serviço que carece tempo, na colheita trabalhamos somente eu e minha esposa, geralmente os pés de pimenta carregam e maduram rápido, e nesta fase temos que estar disponíveis para trabalhar com a cultura. Não sendo uma área muito grande conseguimos manter o investimento, eu pretendo continuar apostando na cultura, talvez eu até aumente um pouco o número de plantas, a minha experiência com a pimenta foi positiva e não tenho do que reclamar.”
Convênio INCRA/SEBRAE O convênio firmado entre o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae Goiás) visa prestar assistência técnica, social e ambiental às famílias de assentados da reforma agrária. Através desta parceria são desenvolvidas ações de incentivo à agroindustrialização, associativismo e preservação do meio ambiente, buscando incentivar o associativismo, a geração de emprego e renda para as famílias beneficiadas, a melhoria da qualidade de vida e a autoestima dos assentados, valorizar a mulher e jovens e fixar o homem no campo. Em Jataí/GO, cinco assentamentos são assessorados. De acordo com dados do convênio Incra/Sebrae CRT/ SR-04/nº 07/08 no assentamento Nossa Senhora de Guadalupe e no Rômulo Souza Pereira são 61 famílias atendidas, no assentamento Rio Claro somam se 17 famílias, no Santa Rita são 23 e já no assentamento Terra Liberdade são 85 famílias atendidas. Celebrado em 2008, o convênio entre INCRA/SEBRAE seguem as orientações do Programa de Assessoria Técnica, Social e Ambiental (Ates), criado em 2003 pelo Governo Federal. Fonte: Jornal INCRA/SEBRAE
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Marca presença no Dia Nacional do Campo Limpo em Jataí/GO
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roporcionar a reflexão e a conscientização da comunidade sobre a importância de preservação do meio ambiente, evidenciando a necessidade de realizar corretamente o descarte das embalagens de defensivos agrícolas, visando o desenvolvimento de uma agricultura sustentável.
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Por Tássia Fernandes Este é o objetivo do Dia Nacional do Campo Limpo, criado pelo Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (inpEV). Presente no calendário desde 2008, a data procura mobilizar todos os envolvidos no Sistema Campo Limpo, programa de logística reversa das embalagens, entre eles,
agricultores, distribuidores, cooperativas, indústria fabricante e poder público. Neste ano, ações para celebrar o Dia Nacional do Campo Limpo, comemorado 18 de agosto, foram realizadas em 110 municípios brasileiros. Em Jataí/GO a ação foi promovida pela Associação Jataiense dos Distribuidores de Defensivos (Ajade) na sexta-feira que antecipou a data, na sede da Associação. O encontro foi voltado para os alunos da rede pública de ensino, que durante o dia aprenderam, de forma divertida, como cuidar do lixo que é produzido em casa; como fazer a separação entre lixo orgânico e lixo reciclável; como lidar com as embalagens vazias de agrotóxico e, desta forma, como preservar o meio ambiente. De acordo com a responsável técnica da Ajade, Kelly Farina, a ação foi voltada para as crianças porque elas repassam com maior facilidade o conhecimento que absorvem. Por tanto, ensiná-las e instruí-
“Como a base da economia de Jataí é a agropecuária, a maioria das crianças do município tem algum envolvimento com o homem do campo, daí a importância de realizar a conscientização e orientação sobre o uso correto dos defensivos agrícolas” Philemon Martins Costa Neto, Representante Técnico Comercial da FMC na região. participar de programas como o Dia Nacional do Campo Limpo também desenvolveu uma ação própria, o Programa Atuando com Responsabilidade. “O objetivo do Programa, criado pela FMC, uma das maiores empresas do segmento de defensivos agrícolas, é disseminar para a comunidade rural, de forma simples e didática, uma mensagem sobre os hábitos da atuação responsável”, explica Philemon. No total são sete hábitos que precisam ser seguidos: Aquisição de Produtos por meio de Receituário Agronômico; Transporte Seguro; Armazenamento; Preparo de Calda; Utilização Adequada de
Equipamentos de Proteção Individual (EPI); Tecnologia de Aplicação e Destinação e Sobras de Embalagens. “Os produtos fitossanitários existem para proteger o campo e aumentar a produtividade e a rentabilidade nas lavouras. Seguindo os sete hábitos de atuação responsável, todos nós podemos alimentar o mundo com mais segurança, qualidade e sustentabilidade”, esclarece Philemon. Segundo ele, a FMC investe em ações como estas e em novas tecnologias, pois acredita no crescimento do país por meio da agricultura sustentável.
Fotos: Tássia Fernandes
-las é de fundamental importância. “Na maioria das vezes é por meio das crianças que as mensagens chegam aos pais, adultos, familiares e amigos. Depois que aprendem as ações que podem contribuir com a preservação do meio ambiente, elas começam a cobrar dos pais, e daqueles com quem convivem, para que façam tudo da maneira correta”, enfatiza. Além da equipe da Ajade, que organizou um teatro educativo para conscientizar a meninada e preparou um lanche especial para o encerramento, também participaram da ação algumas empresas que trabalham com a fabricação e comercialização de defensivos agrícolas; entre elas, a FMC marcou presença. “Como a base da economia de Jataí é a agropecuária, a maioria das crianças do município tem algum envolvimento, direto ou indireto, com o homem do campo, daí a importância de realizar esse trabalho com elas, para a conscientização e orientação do uso correto e seguro dos defensivos agrícolas”, destaca Philemon Martins Costa Neto, Representante Técnico Comercial da FMC na região. A FMC reconhece a importância de ações voltadas para a conscientização da preservação ambiental e é por isso que além de
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07 ATUAÇÃO RESPONSÁVEL hábitos de
no campo para alimentar o mundo
Por Maria de Lourdes Setten Fustaino - diretora de registro da FMC Agricultural Products O agronegócio brasileiro ganha cada vez mais relevância dentro do cenário econômico mundial. Diante disso, a proteção dos cultivos, da saúde humana e do meio ambiente para produção de alimentos de qualidade é imprescindível para alimentar o mundo de maneira sustentável e responsável. Nesse panorama, profissionais que trabalham diretamente com a agricultura têm o compromisso e dever de desenvolver diversas formas de educar, conscientizar e levar o conceito de boas práticas agrícolas aos campos brasileiros, de maneira eficaz e inovadora, rumo a uma agricultura forte e responsável. Com objetivo de atender esse cenário, a FMC Agricultural Products, uma das maiores empresas no segmento de defensivos agrícolas, criou o Programa Atuando com Responsabilidade, que tem como proposta transmitir à comunidade rural de forma simples e didática a mensagem sobre os 7 hábitos da atuação responsável, que são eles: Aquisição de Produtos através de Receituário Agronômico; Transporte Seguro; Armazenamento; Preparo de Calda; Utilização Adequada de Equipamentos de Proteção individual (EPI); Tecnologia de Aplicação e Destinação e Sobras de Embalagens. Siga os sete hábitos de atuação responsável no campo e alimente o mundo de maneira mais sustentável: O 1° hábito é “Aquisição de Produto por meio de Receituário Agronômico”. Antes de comprar um produto fitossanitário, é fundamental consultar um engenheiro agrônomo para fazer uma avaliação correta dos problemas da lavoura, como o ataque de pragas, doenças e plantas daninhas. Após a avaliação, compre o produto com a receita agronômica 60
e guarde uma via. Exija e guarde a nota fiscal, que é a garantia perante o Código de Defesa do Consumidor. Certifique-se, ainda, de que a quantidade do produto comprado será suficiente para tratar a área desejada, evitando adquiri-lo em excesso, e examine o prazo de validade, além de não aceitar embalagens danificadas e rótulos e bulas ilegíveis. Para executar o primeiro hábito, a FMC disponibiliza o site www.pragasagricolas.com.br e também o aplicativo “FMC Agrícola do Brasil” para baixar na App Store ou no Android Market que poderá consultar todos os manuais de plantas infestantes, pragas e insetos de qualquer lugar, nas pontas dos dedos. O 2° hábito é o “Transporte Seguro”. Transportar produtos fitossanitários é uma tarefa de alta responsabilidade e exige que sejam tomadas várias medidas de prevenção, para diminuir o risco de acidentes em vias públicas e aumentar as chances de sucesso em atendimentos de emergências. São medidas que visam proteger a integridade física das pessoas, conservar o patrimônio público e preservar o meio ambiente. As exigências e dicas para transporte correto são: avalie as condições do veículo utilitário (caminhonete); organize adequadamente a carga; não transporte os produtos junto com alimentos e rações, medicamentos, pessoas e animais; mantenha sempre em ordem o kit de emergência, kit de equipamentos individuais e documentos (Nota Fiscal, Envelope de Emergência, Ficha de Emergência). O 3° hábito é o “Armazenamento”. As normas para armazenar produtos fitossanitários no Brasil foram revistas e tornaram-se mais rigorosas a partir da publicação do Decreto 4.074, de 04 de janeiro de
2002. Além da exigência do Licenciamento Ambiental, as implicações legais num caso de acidente podem ser agravadas, se comprovada a não observância das normas vigentes, pois os infratores poderão ser punidos de acordo com a Lei de Crimes Ambientais. Para operar um armazém comercial com produtos fitossanitários, é necessário obter todos os documentos exigidos junto aos órgãos estaduais e municipais. Entre os mais importantes estão: alvará de funcionamento expedido pela prefeitura; certificado de vistoria do Corpo de Bombeiros; licença de operação expedida pelo órgão de meio ambiente e laudo de para-raios. Todos esses documentos são baseados na edificação, pavimentação, drenagem, ventilação, iluminação, medidas de proteção contra incêndio, proteção coletiva e sistema de contenção de resíduos, além da sinalização, organização do armazém e empilhamento dos produtos. O 4° hábito é o “Preparo da Calda”, que exige muita atenção, pois é neste momento em que o trabalhador manuseia o produto concentrado. Por isso, a embalagem deve ser aberta com cuidado para evitar o derramamento. A utilização de balanças, copos graduados, baldes e funis específicos tornam-se necessárias. Outras regras importantes são: nunca utilizar esses equipamentos para outras atividades, fazer a lavagem da embalagem vazia logo após o seu esvaziamento e também lavar os utensílios e secá-los ao sol logo após o preparo da calda. Além disso, use apenas o agitador do pulverizador para misturar a calda, utilize sempre água limpa para prepará-la e evite o entupimento dos bicos do pulverizador, verifique se todas as embalagens usadas estão fechadas e guarde-as
Os produtos fitossanitários existem para proteger o campo e aumentar a produtividade e a rentabilidade nas lavouras. Com os sete hábitos de atuação responsável, todos nós podemos alimentar o mundo com mais segurança, qualidade e sustentabilidade. no depósito. Por último, porém não menos importante, manuseie os produtos longe de crianças, animais e pessoas desprotegidas. “Utilização Adequada de Equipamentos de Proteção individual (EPI)” é o 5° hábito. Nas lavouras, a função básica do EPI é proteger o organismo de exposições ao produto tóxico, minimizando todo e qualquer risco de intoxicação durante o manuseio ou a aplicação de produtos fitossanitários. Por isso, é responsabilidade do empregador o fornecimento dos EPIs adequados ao trabalho, devidamente higienizados, além da instrução e do treinamento dos trabalhadores quanto à utilização correta. Fiscalizar e exigir o uso dos EPIs também faz parte de suas obrigações, além de repor os equipamentos danificados. Já a obrigação do trabalhador é usar e conservar o EPI. Entre os mais importantes estão luvas, respiradores, viseira facial, jaleco e calça hidrorrepelente, jaleco e calça em não tecido, boné árabe, capuz ou touca, avental e botas. Já o 6° hábito é a “Tecnologia de Aplicação”. Toda vez que realizar um tratamento fitossanitário com a utilização de produtos químicos, é necessário responder, no mínimo, três perguntas para garantir bons resultados agronômicos: Qual é o alvo biológico que precisa ser controlado? Qual o tratamento mais adequado? Como realizar uma aplicação eficaz? Isso porque a aplicação errada de produtos químicos é sinônimo de prejuízo, pois além de gerar desperdício, aumenta consideravelmente os riscos de contaminação das pessoas e do ambiente. A Tecnologia de Aplicação de Produtos Fitossanitários consiste na aplicação dos conhecimentos cien-
tíficos a um determinado processo produtivo. É preciso se atentar a alguns fatores, como a agitação da calda, a utilização dos filtros corretos, o volume de pulverização a ser utilizado, o tamanho das gotas, as condições climáticas e a escolha dos equipamentos de pulverização. O último e 7° hábito é “Destinação e Sobra de Embalagens”. O principal motivo para realizarmos a destinação final correta às embalagens vazias dos agrotóxicos é diminuir o risco para a saúde das pessoas e de contaminação do meio ambiente. Porém, trata-se de um procedimento complexo que requer a participação efetiva de todos os agentes envolvidos na fabricação, comercialização, utilização, armazenamento e processamento das embalagens. Neste processo, os usuários devem preparar os recipientes vazios e manter suas respectivas tampas e rótulos; armazená-los em local apropriado, até a sua devolução; transportá-los e devolvê-los à unidade de recebimento indicada pelo canal de distribuição na nota fiscal, dentro do prazo de validade; manter em seu poder, para fins de fiscalização, os comprovantes de entrega das embalagens (pelo período de um ano), a receita agronômica (por dois anos) e a nota fiscal do produto. Os produtos fitossanitários existem para proteger o campo e aumentar a produtividade e a rentabilidade nas lavouras. Com os sete hábitos de atuação responsável, todos nós podemos alimentar o mundo com mais segurança, qualidade e sustentabilidade. A FMC investe nessas ações e em novas tecnologias, pois acredita no crescimento do País por meio da agricultura sustentável. 61
COOPERAR para crescer
Por Tássia Fernandes Empresa organizada e dirigida pelos usuários de seus serviços, visando o benefício destes e não o lucro. Esta é a definição de cooperativa, de acordo com o dicionário Aurélio. Para a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), o cooperativismo é “um movimento, filosofia de vida e modelo socioeconômico capaz de unir desenvolvimento econômico e bem-estar social”, sistema baseado na reunião de pessoas e não no capital, cujos referenciais são participação democrática, solidariedade, independência e autonomia. Não foi pesquisando e estudando tais definições que surgiu a Cooperativa Mista dos Produtores Rurais do Sudoeste Goiano, mas, é baseada nesta filosofia que a Comigo se mantém em destaque no mercado por 37 anos. A primeira cooperativa do Sudoeste Goiano, que hoje tem a segunda maior receita líquida do
estado de Goiás no setor de indústria de soja e óleos, de acordo com pesquisa divulgada, começou a dar seus primeiros passos a partir de uma conversa entre produtores rurais, que discutiam as dificuldades enfrentadas na atividade agropecuária, na década de 70. Com o objetivo de fortalecer os agropecuaristas da região, conseguindo preços mais baixos na compra de insumos e mais altos na comercialização dos produtos, surgiu a ideia de constituir uma cooperativa. A ideia tomou forma e, aos poucos, a cooperativa que teve a primeira loja de revenda de bens de consumo inaugurada no município de Rio Verde foi se estruturando e ganhando espaço Goiás a
fora. Atualmente, a Comigo conta com um moderno complexo industrial, com fábrica de rações, fábrica de sabão, indústria de laticínio, fábrica de suplemento mineral, entre outros. Em relação aos serviços prestados, oferece aos cooperados assistência técnica agronômica e veterinária e possui laboratórios equipados para a realização de diversas análises. Além disso, desenvolve inúmeras pesquisas relacionadas à agropecuária e direcionadas às necessidades dos cooperados. A Cooperativa Mista dos Produtores Rurais do Sudoeste Goiano (Comigo) está hoje entre as dez maiores cooperativas agropecuárias do Brasil.
maior complexo armazenador de grãos da região. Em seguida, no ano de 1987, deu início à construção da loja de revenda no municí-
pio e, desde então, vem conquistando mais cooperados a cada ano. O presidente do Sindicato Rural de Jataí, Ricardo Peres, destaca a relevância que a Cooperativa tem no município. “A Comigo vem desempenhando um trabalho muito importante em Jataí. O mais interessante é que à medida que ela cresce, o produtor cresce junto. Este é o grande diferencial do cooperativismo”, pontua. Ricardo ressalta ainda que a Cooperativa tem um papel significativo perante as multinacionais. “A Comigo vem para somar e acaba se tornando uma balizadora de preços. Se não tivéssemos ela em Jataí, estaríamos à mercê das multinacionais e os preços seriam ditados por estas empresas”. Para o diretor da Cooperativa, Aguilar Mota, o grande papel da Comigo é, real-
• Comigo em Jataí
Foto: Samir Machado
No município de Jataí a Comigo começou a marcar presença no ano de 1984, com a inauguração da unidade armazenadora, sendo o
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Foto: Samir Machado
mente, somar os interesses dos cooperados. “Juntos nós somos mais fortes e a força do cooperativismo é o grande diferencial do sistema. Cooperativismo é isso, é a defesa do interesse comum”, enfatiza. Dourivan Cruvinel, também diretor da Comigo, destaca que o cooperativismo é a base da produção. “Sem o sistema na região, tudo seria diferente. Seria mais caro para o produtor rural comprar e mais barato para vender. A cooperativa, de fato, baliza o mercado”. Atualmente, a Comigo conta com mais de cinco mil cooperados e possui instalações em Rio Verde, Jataí, Santa Helena, Acreúna, Indiara, Paraúna, Jandaia, Serranópolis, Montividiu, Montes Claros, Iporá, Caiapônia e Palmeiras de Goiás, estando entre as principais cooperativas brasileiras. E é trilhando o caminho em prol de benefícios aos produtores rurais, que a Comigo chega aos 37 anos de existência. Mais um aniversário que não poderia passar em branco, primeiramente, em virtude da importância que a Cooperativa
tem para os municípios goianos e para o agronegócio como um todo. E, depois, levando-se em consideração o fato de que 2012 foi considerado pela Organização das Nações Unidas (ONU) como o Ano Internacional das Cooperativas. Para celebrar a data, além das festividades organizadas em todos os municípios que abrigam um pedacinho da cooperativa, a Comigo está realizando uma série de obras e investimentos em toda a rede armazenadora. Em Jataí, por exemplo, o Armazém Estrela D’alva teve a
capacidade aumentada em 300 mil sacas. Passando da capacidade de recepção de 950 mil para 01 milhão 250 mil sacas. De acordo com o presidente, Antônio Chavaglia, a Comigo investe constantemente em armazéns e nos últimos anos aumentou a capacidade instalada em quase 50%. Até o final de 2013 outros empreendimentos serão inaugurados. O montante de investimentos da Cooperativa, programado para o plano de ações 2010-2013, deverá ser superior a R$ 200 milhões.
tomotivo e sem fogos de artifício, evitando o estresse dos equinos e muares dos cooperados”, esclarece. Em Jataí a tropa saiu da Fa-
zenda Paraíso, propriedade de João Luiz do Prado, que fica às margens da BR 158, saída para Caiapônia. Recepcionados por um café da ma-
Para deixar marcada a comemoração dos 37 anos da Comigo, a cooperativa promoveu três cavalgadas, com a participação dos cooperados. A primeira foi no município de Acreúna, no dia 28 de julho; seguida por Jataí, no dia 18 de agosto, e finalizando em Rio Verde, no dia 01º de setembro. Já é o segundo ano da Cavalgada da Comigo. De acordo com o gerente da unidade da Cooperativa em Jataí, Reginaldo Pires, entre os objetivos da cavalgada está promover a interação entre os cooperados e resgatar a tradição do percurso realizado a cavalo, comemorando o aniversário de uma forma diferenciada. “Só é possível concluir o trajeto estando montado em um animal. É uma comemoração sadia e realmente resgata a tradição. A Cavalgada é totalmente ecológica e não traz prejuízos para os animais, já que nós seguimos sem som au-
Foto: Tássia Fernandes
• Comigo em festa
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Fotos: Tássia Fernandes
nhã para reforçar as energias, antes da partida os tropeiros foram abençoados pelo padre José Mendonça Del’Acqua, da paróquia Divino Espírito Santo. A primeira parada foi na Fazenda Bom Sucesso, propriedade de João Ferreira Guimarães, passando, também, pela propriedade de Wander Jesus de Souza. O percurso, de 18 quilômetros, foi concluído com a chegada da tropa ao Parque de Exposições de Jataí. Em torno de 200 pessoas participaram da segunda edição da Cavalgada da Comigo, entre homens, mulheres e crianças, que surpreenderam mostrando a disposição e o gosto pela atividade realizada. “Depois que organizamos a primeira cavalgada os cooperados já ficaram cobrando a próxima. Acredito que agora não tem mais como voltar atrás. A Cavalgada vai ser marca registrada da comemoração do aniversário da Cooperativa”, ressalta Reginaldo. No Parque de Exposições um almoço aguardava os tropeiros e suas famílias, para celebrarem junto com a diretoria e com os colaboradores da Comigo, mais um aniversário da Cooperativa. O presidente, Antônio Chavaglia, deixa claro que dentro do cooperativismo a união não existe apenas no momento de trabalho, mas também em situações de con-
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fraternização. “A Cooperativa está ao lado do produtor até nos momentos de lazer, buscando somar tudo isso para o fortalecimento, única e exclusivamente, dos associados, que são os agricultores e pecua-
ristas. A união com a sociedade e com a família é extremamente importante e organizar um evento como este, gratifica, não apenas os diretores, mas, sem dúvida nenhuma, todo o sistema cooperativo”.
Reginaldo Pires, o presidente da Comigo, Antônio Chavaglia e João Luis do Prado, proprietário da fazenda
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Coluna
Lorena Ragagnin Advogada
COOPERATIVAS DE TRABALHO A primeira cooperativa surgiu no século XIX (em 1.844) na Inglaterra, na cidade de Rochdale (importante pólo têxtil da época, próximo a Manchester, Inglaterra), fundada por 28 tecelões que se associaram para evitar as ameaças de miséria. Guardadas as devidas proporções, os fundamentos e princípios cooperativistas são mantidos até os dias atuais, tendo como exemplo maior a igualitária distribuição de seus rendimentos. No Brasil, o cooperativismo não é recente, com manifestações já no final do séc. XIX, por intermédio dos imigrantes europeus, através das cooperativas agrícolas no campo e foi reconhecido em 1.932, através do Decreto-Lei n.º 22.232. Mas somente em 1.971 (Lei n.º 5.764/91), é que foi reconhecida e dada personalidade jurídica às cooperativas, tema também pontuado na Constituição Federal (de 1.988) e Código Civil (de 2.002). E porque não houve a difusão, na época da promulgação da Lei das Cooperativas, das cooperativas de trabalho? Fatores econômicos (estagnação da economia) e políticos (sucessivos governos militares) limitaram o desenvolvimento do setor produtivo do país. Só a partir da segunda metade da década de 80 é que as cooperativas começaram a se estruturar e ganhar força. As cooperativas acabaram por tirar muitos trabalhadores da informalidade, representando instrumento social de combate ao desemprego, proporcionando maior colocação do trabalhador no mercado de trabalho. Na verdade criouse um instrumento legal para validar o “monstro da terceirização”, tão combatido pela Justiça do Trabalho, a qual alega que se trata de falsas cooperativas, usadas para burlar a legislação trabalhista e reduzir os custos da produção. Procurando minimizar essa distorção, foi promulgada a Lei 8.949/94, que acres66
centou o parágrafo único ao art. 442 da CLT – Consolidação das Leis do Trabalho –, ficando expressamente consignado que, qualquer que seja o ramo de atividade da sociedade cooperativa, não haverá vínculo de emprego entre essa e seus associados, nem entre estes e seus tomadores de serviços. Surgiram então novas cooperativas de trabalho a partir de 2002, quando a OIT – Organização Internacional do Trabalho –, publicou a Recomendação 193, nomeada como Recomendação sobre a Promoção de Cooperativas. Recentemente, ao participarmos do 15º Congresso Brasileiro de Direito do Trabalho Rural, realizado na cidade de Presidente Prudente – SP tivemos a oportunidade de ver a preocupação de profissionais atuantes no Direito do Trabalho (auditores fiscais do trabalho, advogados, juízes e promotores do trabalho), no tocante as fraudes por meio de cooperativas, muito comum naquela região e na região Sul do país. Ficou claro que as cooperativas de trabalho, em geral, são estigmatizadas. No atual sistema, as boas cooperativas acabam pagando pela fama das “más”. Sem previsão expressa, no último dia dezenove (19) de julho foi publicada a Lei 12.690/12, que regulamenta a organização e funcionamento das cooperativas de trabalho, podendo ser de produção ou serviços, residindo nesta última espécie o ponto que sempre gerou tantas discussões. Se antes eram criadas com base no art. 10 da Lei 5.764/71, agora, estão às cooperativas de trabalho consolidadas em norma específica. Sem dúvida, um avanço para o cooperativismo como um todo. O que teria toda essa explanação a ver com o nosso meio rural? Tudo, leitores! Quem não conhece alguém que tenha passado pela desagradável experiência de ser autuado pelo Ministério do Trabalho e
Emprego ao se valer da terceirização, mesmo sem intenção de infringir a lei? Seria essa uma das saídas para a solução dos problemas trabalhistas? Atualmente, não há como prever o destino dessas cooperativas. Mas como qualquer lei que entra em vigor, somente com o tempo é que sua aplicação será moldada e que veremos o que pode ou não funcionar. Uma questão que certamente será decidida na Justiça do Trabalho é a coexistência do parágrafo único do art. 442 da CLT, citado acima, com essa lei. Mesmo constando na ementa da Lei 12.690/12 que esse parágrafo estaria revogado, a presidenta Dilma VETOU essa revogação, continuando o parágrafo em vigor juntamente com a lei, que já nasce com um problema: como fica a questão de vínculo empregatício? Existe ou não esse vínculo? Se sim, em relação a quem? Sócio e cooperativa ou sócio e tomador? Da leitura da Lei, fica claro o entrave que se coloca para a sua aplicação e efetivo funcionamento dessas cooperativas de trabalho, mostrando necessária a instituição de norma regulamentar a ditar a sua prática. Inúmeros outros pontos poderiam aqui ser abordados, como a forma de contratação dessas cooperativas, de forma que não resulte em obrigação subsidiária do tomador do serviço. A intenção em trazer ao conhecimento dos senhores esta Lei, é para que fiquemos atentos aos desdobramentos, pois vejo como promissora a consolidação das cooperativas de trabalho no sistema econômico. Certamente as fraudes não deixarão de existir, como o uso de “gatos” para contratação indireta de mão-de-obra, mas essas modalidades de contratação regulamentadas em cooperativas e bem utilizada, pode vir a beneficiar tanto os trabalhadores quanto os empregadores, cumprindo a sua função social e atendendo aos anseios de todos os partícipes da cadeia produtiva.
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