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MAUAL
mostra de audiovisual universitário e independente da américa latina
sUMÁRIO apresentação
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o papel transformador da extensão
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a coordenação de cultura e vivência e a maual
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memórias cineclubistas
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comissão de seleção
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
comissão julgadora
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Paiva, Carlos Eduardo Amaral de 20ª Maual : mostra de audiovisual universitário e independente da América Latina / Carlos Eduardo Amaral de Paiva, Letícia Capanema, Thelma Saddi. --São Paulo : Paruna Editorial, 2022.
programação
troféu 32 — modalidade universitário
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— modalidade independente
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Bibliografia. ISBN 978-65-990256-8-6
oficinas
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1. Artes - Exposições - Catálogos 2. Mostra audiovisual 3. Cinema independente 4. Povos indígenas I. Capanema, Letícia. II. Saddi, Thelma. III. Título.
coletivos
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in memorian therezinha arruda
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ficha técnica
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agradecimentos
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22-101720 CDD-709.54 Aline Graziele Benitez - Bibliotecária - CRB-1/3129
CInECLUBE COXIPOnÉs
Apresentação A Maual é uma mostra vigorosa que chega a sua vigésima edição tematizando a vocação da arte audiovisual universitária e independente, qual seja, Memória e resistência.
Por Professor Carlos Eduardo Amaral de Paiva Supervisor do Cineclube Coxiponés Organizar a 20ª Maual foi um desafio nos muitos sentidos que a palavra carrega. Em meio a uma pandemia global que nos trouxe sentimentos de solidão, perdas e medo, a organização teve que lidar com as imensas dificuldades de isolamento, angústia e imprevisibilidade que marcaram o ano de 2021.
É verdade que resistência já se tornou um clichê quando falamos em arte, mas isso não nos desautoriza a usá-la. Afinal, se a palavra se tornou um jargão, é porque não há outra opção para a arte senão resistir.
Soma-se a isso o constante ataque que as instituições de cultura do país vêm sofrendo. O desmonte da área cinematográfica afetou profundamente os produtores de audiovisual, trazendo o tema da crise para o centro do debate da Mostra.
Insistimos também na memória – não se faz resistência sem lembrança e o ato de lembrar já em si mesmo uma resistência. Em tempos de avanço do conservadorismo, violência e múltiplos ataques, podemos nos lembrar que já fomos menos retrógrados, mais independentes e solidários. Assim, a memória também aponta para construção de mundos possíveis.
Se a crise é inconteste, por outro lado ela fez reverberar o fenômeno coletivo das práticas artísticas. Talvez por efeito do isolamento, nunca tivemos uma percepção tão nítida da força da comunidade e foi nesse espírito de coletividade que construímos a vigésima Maual. Estreitando laços, ainda que de maneira remota, criamos redes que não se resumem ao cinema. A 20ª Maual buscou integrar fotografia, artes plásticas, performances, música e conteúdos digitais a fim de construir uma mostra audiovisual no sentido lato da palavra.
É com esse espírito que apresentamos o catálogo da vigésima Maual. Partindo de uma experiência visual e performativa local, buscamos construir um manifesto de resistência e memória do audiovisual do Cerrado e do Pantanal. Trata-se de um catálogo que tem a pretensão de um dia também fazer parte da memória coletiva do cinema digoreste mato-grossense. Saudações Cineclubistas. ■
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o papel transformador da extensão O trabalho de pesquisa no ensino superior pode ser articulado em dois pontos: tanto pelo pesquisador atuando em sua linha de conhecimento, quanto congregado a grupos, da mesma ou de outras instituições brasileiras e internacionais.
Por Renilson Rosa Ribeiro Parte estruturante do ensino superior, associada e indissociável ao ensino e à pesquisa, a extensão é o processo acadêmico no qual as ações desenvolvidas no âmbito universitário impactam diretamente a sociedade de modo transformador, sendo instrumento de mudança em busca de melhoria na qualidade de vida.
Na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), todas as ações extensionistas são articuladas no âmbito da Coordenação de Extensão (Codex), vinculada à Pró-reitoria de Cultura, Extensão e Vivência (Procev). As propostas podem ser desenvolvidas por qualquer servidor e contar com o apoio dos discentes da Instituição e, atualmente, são submetidas a partir do Sistema de Extensão (SIEx), obedecendo calendário anual definido pela Coordenação. ■
Neste mesmo sentido, a extensão cumpre papel fundamental ao proporcionar ao estudante o contato com os problemas contemporâneos, preparando-o tanto para o mercado do trabalho, quanto abrindo novas possibilidades ao desenvolvimento de pesquisas na graduação ou pós-graduação. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB) estipula que uma das finalidades da educação superior é “promover a extensão, aberta à participação da população, visando à difusão das conquistas e benefícios resultantes da criação cultural e da pesquisa científica e tecnológica geradas na instituição”.
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a coordenação de cultura e vivência e a MAUAL
Latina (MAUAL 2021), vem contribuir positivamente para o desenvolvimento de atividades artístico-culturais de formação e capacitação da comunidade interna e externa da Universidade, através do conhecimento da arte, da cultura e da produção audiovisual e cinematográfica, no âmbito internacional, envolvendo os diferentes estados do Brasil e da América Latina. Para realizar esse importante evento cultural de Mato Grosso, o Cineclube Coxiponés da UFMT, em parceria com os Cursos de Radialismo e de Cinema & Audiovisual da UFMT, ComunicArte UFMT, Associação Mato-Grossense de Audiovisual (MTCINE) e Rede Cineclubista de Mato Grosso (REC-MT), desenvolverão em conjunto as ações propostas neste projeto, com o intuito de formar e ampliar plateias para o audiovisual universitário e independente.
Por Cristiane Thais do Amaral Cerzosimo Gomes A Universidade Federal de Mato Grosso, através da Coordenação de Cultura e Vivência e do Cineclube Coxiponés – PROCEV/UFMT, realizará a 20ª Mostra Audiovisual Universitário e Independente da América Latina / CINECLUBE COXIPONÉS DA UFMT – MAUAL 2021, no período de 6 a 10 de dezembro de 2021. Neste ano, o Cineclube Coxiponés da UFMT, apresenta como proposta, além da sua tradicional programação voltada para a arte, cinema e produção audiovisual, a edição do presente catálogo e uma exposição fotográfica comemorativa dos 20 anos da MAUAL, com o intuito de preservar a memória histórica desta Mostra. Mais um evento desafiador com diversificadas atividades culturais e novas experiências de produções de eventos virtuais e audiovisuais.
Não podemos deixar de destacar o significado deste evento para a UFMT e para cultura mato-grossense, que, desde o ano de 2001, tem realizado importante trabalho de valorização e divulgação da arte e cultura audiovisual de Mato Grosso e das novas tecnologias de comunicação nos ambientes virtuais, fortalecendo o intercâmbio de informações e novos conhecimentos e competências entre profissionais da área, através da pesquisa, extensão e ensino. A Coordenação de Cultura e Vivência/ PROCEV/UFMT reconhece a importância desse evento, que, historicamente, tem impactado a comunidade acadêmica e sociedade em geral, com a riqueza do seu trabalho no âmbito da arte e da cultura de Mato Grosso. ■
Assim como nos anos anteriores, 20ª Mostra Audiovisual Universitário e Independente da América
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Memórias cineclubistas
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—Um breve relato da Memória do Cineclube Coxiponés Epaminondas Carvalho e Benê. Eram o momento em que a jovem plateia entrava em contato com as imagens e som de diversificadas cinematografias do mundo e do país, exceto os da região. Importante se registrar que àa época era imaginável pensar a existência de filmes produzidos nesse estado. Assentos lotados, pessoas sentadas nas escadarias daquele auditório; as disputadas sessões, depois de encerradas, se seguiam de calorosos debates sobre os filmes, regadas pelo gelado malte do antigo bar do Money Money, situado na esquina da Avenida Fernando Corrêa com a Rua 2 do bairro Boa Esperança.
Por Luiz Carlos de Oliveira Borges – Supervisor do Cineclube Coxiponés de 1992 a 1999
—Cinema e resistência Por Clovis Matos – Supervisor do Cineclube Coxiponés de 1982 a 1992
idealizarmos e realizarmos ações que não ficaram só nos projetores e na telas fixas. Sabíamos que não estávamos inventando, mas aqui ninguém as realizava e partimos para as itinerâncias cinematográficas pelos caminhos mato-grossenses, levando a magia dos filmes para comunidades e cidades do interior.
O ano era 1977. Por coincidência, ano de minha chegada à Mato Grosso direto para a UFMT e nascimento do Cineclube Coxiponés. Esse rapidamente se tornou o símbolo da resistência cinematográfica e política, pois era ponto de encontro de estudantes combativos, intelectuais, professores e até mesmo de quem só gostava de bons filmes de arte que não eram vistos nas redes de cinema comercial. Em 1979, passamos, eu e Epaminondas Carvalho, a bolsistas do Departamento de Artes e tocadores do Coxiponés. Não sabíamos o que nos aguardava, nossa garra e vontade de realizar era tão grande que passamos, eu a partir de 1981, e o Epaminondas, a partir de 1982, a funcionários da UFMT, apesar de todas as “brigas” que travávamos com as Administrações – ainda eram tempos de chumbo.
Com o suporte de, à época, nossa “chefe” Marília Beatriz de Figueiredo Leite (nunca soube quem era mais louco nessa história, nós ou ela por nos apoiar e enfrentar os poderosos mandantes externos à UFMT) realizamos, em plena ditadura militar, mostras com filmes censurados e de cartazes de diversos países, tornando o Coxiponés um polo da resistência ao regime autoritário. Assim, entre altos e baixos, criamos trincheiras, construímos pontes e resistimos para que o Cineclube Coxiponés chegasse aos 45 anos ainda muito vivo e sendo uma referência na história do cinema em Mato Grosso. ■
No entanto, de 1979 até hoje, nunca fomos censurados pela instituição e tínhamos total liberdade para
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No momento em que se celebra mais uma edição da resistente Mostra de Audiovisual Universitário e Independente da América Latina – Maual – é também tempo de se recordar do papel desempenhado pelo Cineclube Coxiponés, obra visionária do jornalista Gabriel Papazian, em sua longa jornada. Nesse sentido, sirvo-me de minhas memórias para o exame de tal questão. No início dos anos 1980, quando retornei da graduação em Minas Gerais, e logo, através de um concurso, tornei-me servidor da Universidade Federal de Mato Grosso, a cidade de Cuiabá vivia uma alvissareira agitação cultural. Os ventos que sopravam da reabertura democrática do país chegavam à região nos mais diversos locais da cultura. Dentre esses, as sessões de cinema do cineclube Coxiponés, aos domingos à tarde no CCET (Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas), eram espaço dileto desse movimento e agenda obrigatória dos deslocados e modernos do período. Através de um projetor 16mm, elas eram promovidas estoicamente por Clovis Resende Matos,
Numa dessas sessões o filme “Solaris”, do russo Andrei Tarkovisky, foi projetado de forma invertida. O cinegrafista se atrapalhou na montagem dos rolos da película. O erro foi observado pelos projecionistas que decidiram prosseguir com a exibição – uma vez que o fato não fora notado pela plateia, entretida nessa fantástica obra. Ao final da sessão, o filme foi aplaudido. Foi nesse período que coloquei meus pés na produção de filmes. Minha estreia como ator e roteirista se deu quando participei da realização do curta metragem “O Universitário Otário”, conclusão de uma oficina de cinema Super 8 promovida pelo
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cineclube, tendo o cineasta Nilo Oliveira como instrutor. Lamentavelmente, o filme se perdeu em meio aos anos que se sucederam para obtenção de recursos para sua finalização.
Coxinponés, em 1993. Nesse contexto, tornou-se imperativa a reformulação do modelo de sua atuação. Determinante neste sentido foram os resultados da minha pesquisa de pós-graduação, ainda não publicada (Memória e Mito do Cinema em Mato Grosso), desenvolvida no mestrado da Escola de Comunicação e Artes de São Paulo. Através dessa, tomei conhecimento de que, desde os primórdios do século XX, um vigoroso conjunto de filmes foi produzido no estado, grande parte descartada da memória social da região.
No início dos anos 1990 o cineclube sofreu um duro golpe com o governo de Collor de Mello extinguiu a Embrafilme. Como consequência desse desmonte, as embaixadas que forneciam os filmes estrangeiros ao cineclube retiraram suas cópias do Brasil, retornandoas aos seus países de origens.
Minha primeira ação frente àquela supervisão foi a realização de uma Mostra Retrospectiva do Cinema Mato-grossense, em parceria com Joel Pizzini, Tata Amaral, Francisco Cezar Filho. Esses jovens cineastas estavam à frente de uma importante mostra do cinema cultural paulista. Um projetor 35mm foi trazido de São Paulo para Cuiabá, uma vez que o cineclube não dispunha desse maquinário. O encarregado da projeção foi o projecionista José Luiz Almeida.
As coloridas sessões do cineclube, recheadas de filmes franceses, italianos, japoneses, soviéticos e brasileiros, dentre outros, tornaram-se monocromáticas com a exibição somente de filmes alemães. O Instituto Goethe foi o único que manteve seu acervo disponível, à época, e a Polifilmes, uma distribuidora privada de filmes brasileiros que praticava preços exorbitantes para a histórica parca dotação orçamentária desse cineclube. Era o fim do filme 16mm e do Super 8!
Mais de 800 pessoas lotaram o auditório da Escola Técnica Federal de Mato Grosso para assistir o filme “Alma do Brasil” de Libero Luxardo e Alexandre Wulfes, da década de 1930, o primeiro filme sonoro no sistema vitaphone e de reconstituição histórica. O debate que se sucedeu foi mediado pelos historiadores professores
As disputas econômicas pelas novas tecnologias homogeneizaram a difusão de filmes no Brasil e no mundo, tornando o mercado internacional refém do caro e complexo formato 35mm. Foi nessa transição tecnológica em que assumi a supervisão do Cineclube
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da UFMT Carlos Bertolini e Lilian Galetti. A partir dessa mostra, o cineclube assumiu um novo papel que culminou com as 10 primeiras edições do Festival de Cinema e Vídeo de Cuiabá, hoje em sua 21ª edição.
e fundamental espaço de difusão e diálogo para a produção audiovisual universitária do continente foi aberto em Mato Grosso. Produção essa que, com a criação do primeiro curso de cinema do estado, na UFMT, torna-se bastante promissora.
Através desse festival, o público mato-grossense pode se atualizar com a produção de filmes do país e do mundo que não chegavam às salas comerciais da cidade – e estimulou a retomada da produção de filmes na região. Dentre esses, destaco: “A Cilada com 5 Morenos”, de minha autoria; “Pobre é quem não tem Jipe”, de Amauri Tangará; e de alunos do recém-criado curso de comunicação social da UFMT: “Saringagá”, de Marcio Moreira e “Baseado em Fatos Reais”, de Bruno Binni. O festival também atraiu para Mato Grosso a produção de filmes de outras regiões e, para suas realizações, o cineclube realizou oficinas para preparação dos novos diretores e técnicos do audiovisual em Mato Grosso. Desses, destaco: “Latitude Zero” de Toni Venturi; “Mario”, de Hermano Pena; e “Cronicamente Inviável”, de Sergio Bianchi.
Ao final deste breve exame penso que o papel do cineclube Coxiponés na promoção no desenvolvimento da cultura precisa ser cada vez mais reconhecido e valorizado, principalmente através de mais investimento para suas ações. Não poderia encerrar ensejando: vida longa ao Cineclube Coxiponés e a Maual. ■
Num momento seguinte, sob nova supervisão, a discreta produção universitária da região presente nesse festival tornou-se crescente e adquiriu seu próprio local quando o Cineclube criou a Mostra Audiovisual Universitária, hoje Maual. Um importante
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Um breve relato da Memória do Cineclube Coxiponés
Um breve relato da Memória do Cineclube Coxiponés
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—Uma cortina azul na janela Dentro dessa perspectiva, apresentamos ao público intrauniversidades não só exibições e debates sobre obras nacionais e internacionais no auditório do Centro Cultural como, também, para aqueles que não dispunham de tempo livre naqueles dias e horário, o projeto “Jantar a Meia Luz”, que consistia em apresentar curta metragem nacional no saguão externo do Restaurante Universitário.
Por Professor José Amilcar Bertholini de Castro – Supervisor do Cineclube Coxiponés entre 1999 e 2005 As universidades têm como tripé a pesquisa, o ensino e a extensão. Todas se complementam, mas é com a terceira que buscam a aproximação, levando o conhecimento produzido em seu interior, para a sociedade que está além dos seus limites territoriais. O Cineclube Coxiponés desde a sua criação em 1977, é um órgão predominantemente extensionista.
Ainda dentro dessa diretriz extensionista, percorremos vários municípios mato-grossenses – sempre em parceria com as prefeituras e suas respectivas secretarias de educação e cultura – ora exibindo filmes em praça pública, ora os exibindo e promovendo debates em salas de aula e/ou salões comunitários, bem como em quilombos, assentamentos agrícolas, áreas ameríndias, hospitais, orfanatos, etc.
Entre os anos de 1999 e 2005 nos foi concedida a honra de planejar, elaborar, produzir, realizar e supervisionar as atividades do Coxiponés. Dentre as ações realizadas naquele período, tais como a mostra de vídeo universitário, com cursos de aperfeiçoamento nas áreas específicas; as mostras temáticas, como a realizada em parceria com o Museu de Arte e Cultura Popular, tendo fotos e filmes anarquistas sobre a guerra civil espanhola; a catalogação das fitas em VHS e posterior reprodução do acervo imagético em suporte digital; o acervo bibliográfico referente ao audiovisual, para suporte aos pesquisadores; etc. Retomamos a há tempos inativa e, em nosso entendimento, a essência cineclubista, e em especial Coxiponés: a exibição de filmes em curta, média e longa metragem em espaços públicos, fechados ou não.
Uma atividade extensionista destacou-se posto que, se não houvesse outra, já teria bastado para superar todas as adversidades acarretadas na itinerância do projeto de levar o contato com a sétima arte às comunidades excluídas, devido ao distanciamento dos grandes centros urbanos. Ageo Villanova, Sebastião Palma e eu estávamos em um município distante aproximadamente 100km
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Uma cortina azul na janela
—O Programa Cinematografando e a Formação de Público da Capital. A tarde entrava na sua segunda metade e iniciamos a montagem do equipamento de audiovisual. Após erguer a tela de retroprojeção, conectar os cabos de imagem e som, partimos para os testes; para tanto tomei distância à medida necessária para a avaliação, objetivando oferecer ao público que viria na praça assistir “O Auto da Compadecida”, o melhor do nosso trabalho. Em um determinado momento, ouvi o abrir de uma janela. Ao me virar, meus olhos encontraram com o olhar de uma senhora que trazia na face os sulcos que o tempo impõe àqueles que labutam cotidianamente no campo. Seus cabelos, bem escovados e presos com uma fita vermelha, ficaram mais alvos com o contraste da cortina azul. Debruçada na janela, com os braços a apoiar o corpo, ela perguntou: O senhor é o moço da universidade que veio trazer o cinema? Respondi: Sim, sou eu e meus camaradas! Ela então disse: Muito obrigado! Sempre tive o sonho de ir ao cinema e nunca tive a oportunidade e hoje, quase no fim da minha vida, realizarei meu sonho assistindo um filme, sentada na minha cadeira, na porta da minha casa. ■
a comunidade acadêmica como a comunidade externa puderam expressar sua criatividade, transformando imaginação em filmes.
Por Professor Moacir Francisco – Supervisor do Cineclube Coxiponés de 2006 a 2016 Uma das experiências de grande impacto na formação complementar de estudantes universitários e comunidade externa interessada em cinema e audiovisual foi o programa de extensão denominado CineMATOgrafando. A proposta foi desenvolvida pelo Cineclube Coxiponés entre os anos de 2011 e 2016. A ideia partiu da parceria com a então Associação Mato-grossense de Audiovisual (AMAV/ ABD-MT – hoje MTCine), principalmente pela iniciativa da diretora Caroline Araújo; com o curso de Radialismo e a Coordenação de Cultura da UFMT. O CineMATOgrafando incentivou a formação, o fomento, a difusão e a circulação de obras audiovisuais no meio universitário e, evidentemente, na Maual. E teve impacto também na criação do curso de Cinema e Audiovisual da UFMT, em 2018.
No primeiro ano do CineMATOgrafando, a ideia era que os participantes vivenciassem as etapas da produção audiovisual até chegar ao produto final e, daí, criar meios para a sua circulação. E assim foi desenvolvido o programa. Num primeiro momento, a construção de uma proposta de audiovisual. Em seguida, a discussão da sua viabilidade, pensando a produção do filme. Os participantes conheceram como operar uma câmera em possibilidades além dos formatos tradicionais; conheceram como trabalhar a iluminação, o som, a importância da direção de arte; e, ainda, puderam vivenciar uma rica experiência sobre storyboard e HQs. No final, vivenciaram a junção dos elementos, conhecendo a função do diretor e como trabalhar a montagem de uma obra audiovisual. Vieram depois outras oficinas como animação, interpretação para câmera, som direto, e algumas direcionadas especificamente ao público feminino. A riqueza desse aprendizado resultou em uma série de curtas metragens incorporados ao acervo do Coxiponés.
A força do programa estava nas oficinas e cursos de formação com a participação de profissionais de várias partes do Brasil e do estado. Foram ricos momentos de trocas de experiências que proporcionaram a difusão do conhecimento do fazer audiovisual. Nas oficinas tanto
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O Programa Cinematografando e a Formação de Público
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Mas o CineMATOgrafando também ofereceu aos participantes outras experiências que resultaram em aprendizado de produção. Nesse período, o Cineclube Coxiponés participou da produção festas temáticas, como o Rock Day, o Cine Rock e a Virada Cultural junto com a Coordenação de Cultura da UFMT. E a galera do CineMATOgrafando tinha o desafio de produzir os eventos.
O CineMATOgrafando mostrou resultados positivos nos seus cinco anos de atividades, capacitando jovens, estimulando a produção regional e despertando o interesse de centenas de estudantes e profissionais para as possibilidades do fazer audiovisual. Houve impacto também na presença de público nas ações cineclubistas, o que estimulou a continuidade dos trabalhos de formação e difusão do audiovisual.
Outra proposta do programa foi convocar os participantes das atividades a oferecer, eles mesmos, oficinas de introdução ao audiovisual, fotografia e outras modalidades criativas que envolvessem a troca de experiência e a construção do conhecimento no contato com adolescentes de escolas públicas.
Em 2014, o sucesso se repetiu com as atividades da 13ª Mostra Universitária, que passou a ser latinoamericana. A presença de dois profissionais renomados estimulou as atividades de capacitação dos estudantes: David Pennington (UNB) e Guillermo Medrano (Universidad San Pablo – Bolívia), tendo como resultado a produção de um curta chamado “Ladrão de Almas”. Em 2015, iniciaram-se as atividades de exibição em ciclos, estimulando a participação da comunidade universitária na programação das sessões do Cineclube Coxiponés.
Nos períodos em que aconteciam a Mostra Universitária, a programação do CineMATOgrafando envolvia também a produção de seminários com profissionais mato-grossenses e convidados nacionais para, por exemplo, discutir mercado, o audiovisual científico, as novas fronteiras de produção, entre outros temas. Outra rica experiência permitiu a discussão sobre o que realmente produzimos de audiovisual do ponto de vista da memória e das possibilidades poéticas em Mato Grosso.
O CineMATOgrafando foi importante também porque permitiu o trabalho do Cineclube na digitalização e organização do acervo do Coxiponés. Essa foi uma demanda inerente à atualização das tecnologias de exibição, gerando o trabalho de
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O Programa Cinematografando e a Formação de Público
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digitalização dos formatos analógicos e também de atualização do acervo (doações e compras de DVDs). Esse trabalho permitiu colocar o acervo à disposição da comunidade acadêmica para exibição e para pesquisa pela internet. As atividades culminaram na produção da 14ª Mostra de Audiovisual Universitário com um aumento da participação de filmes oriundos de outros países como Argentina, Colômbia, Equador, Chile e México. O Coxiponés fez ainda uma importante parceria com a Universidade Federal da Integração latinoamericana (UNILA), com a vinda da professora Fran Rebelatto e de alunos dessa instituição para uma rica troca de experiência com os alunos da UFMT e com a
comunidade externa. Foram realizados um minicurso de som em documentário e duas oficinas: uma de desenho de som e outra de audiovisual em comunidade. Isso levou os universitários a comunidade do Coxipó do Ouro, com a participação também dos convidados da Unila. O resultado das iniciativas do CineMATOgrafando reforçou o compromisso do Cineclube Coxiponés com o objetivo cineclubista de formação de público. Em 44 anos de atividades, o Coxiponés vem realizando inúmeras iniciativas acadêmicas e sociais que buscam não só a discussão do cinema, mas reforçar seu caráter de espaço democrático, político e educativo. ■
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—Minha experiência na supervisão do cineclube Outra coisa que me marcou bastante foi ver o crescimento e consolidação da Maual como uma vitrine importante da produção contemporânea para realizadores universitários e amadores. Com o boom da produção permitida pelo barateamento dos meios de produção e por conta de toda a cultura audiovisual que vivemos hoje, vemos na Maual toda a efervescência desse momento. Como meu antecessor na supervisão do Coxiponés, o professor Moacir Francisco, sempre dizia: é na universidade e no amadorismo que temos a chance de experimentar, errar, abusar, testar e assim descobrir. Por várias vezes presenciei momentos muito felizes dessas experiências nos curtas que exibimos pela Maual.
Por Luzo Reis – Supervisor do Cineclube Coxiponés de 2016 a 2017 Olá! Fui supervisor do cineclube durante o final de 2016 e ao longo de 2017. Apesar do curto período, realizamos ações importantes como a manutenção e ampliação das sessões, melhoria da projeção através da aquisição de dois projetores de cinema, mostras itinerantes, organização da Maual e, ainda, a exposição comemorativa de 40 do cineclube realizada no Museu de Arte e de Cultura Popular (MACP) em 2017. Organizar essa exposição foi muito bom para revermos antigos documentos, projeções, cartazes e filmes que já passaram na nossa programação. Pude ter uma dimensão da importância do Cineclube para a cultura de Cuiabá, especialmente nos anos 1970/80 quando a UFMT era uma das poucas instituições que possuíam equipamentos culturais organizados. As sessões do Cineclube eram uma das poucas oportunidades de as pessoas terem acesso a filmes que, de outro modo, jamais chegariam por aqui, inclusive por conta da censura do governo militar que ainda vigorava.
Por tudo isso, posso dizer que trabalhar e ter a oportunidade de ser supervisor do cineclube foi muito gratificante para mim! Viva o Coxiponés! ■
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—Memórias/histórias sobre o Cineclube Coxiponés e sobre a MAUAL Por Professor Diego Baraldi – Supervisor do Cinecoxiponés de 2018 a 2020
Sobre as primeiras edições da Maual, o que recordo mais facilmente é o clima descontraído e irreverente que contagiava as pessoas que participavam das sessões, especialmente as realizadas no Auditório do Centro Cultural da UFMT. Hoje percebo que, desde seu início, em 2002, no bojo das comemorações pelos 25 anos de fundação do Cineclube Coxiponés, a Mostra se configurou como uma nova e permanente janela para o audiovisual de curta-duração produzido no país. Audiovisual, é preciso destacar, não era um termo tão em voga no início desse século.Falar em “vídeo” apontava para uma liberdade e para possibilidades expressivas que nem sempre eram desfrutadas por quem produzia cinema – dado o alto custo do material sensível, dos equipamentos de filmagem e da carência de equipes especializadas no trabalho com película. A Mostra passou a ser a janela mais democrática, em Cuiabá, para difusão da produção universitária, principalmente a realizada em outros estados brasileiros e que tinha presença mais tímida (em quantidade de títulos) no Festival de Cinema e Vídeo de Cuiabá – projeto também nascido no Cineclube Coxiponés e que, em 2002, já estava consolidado e em sua nona edição.
Meu primeiro lampejo de memória associado ao Cineclube Coxiponés da UFMT remonta à virada do milênio quando, logo após ingressar no Curso de Comunicação Social da UFMT, vindo do interior de Mato Grosso, fui selecionado para uma oficina de animação com Ana Rita Nemer (Funarte), promovida pelo 7º Festival de Cinema e Vídeo de Cuiabá. A oficina aconteceu nas dependências do Cineclube e reuniu um grupo heterogêneo de pessoas, incluindo crianças. Durante algumas tardes de outubro passamos momentos de descoberta e de trabalho com princípios básicos de animação em nanquim diretamente sobre película 35mm. O encantamento maior veio ao final do processo quando, na última noite daquela edição do Festival, subimos ao palco do Teatro da UFMT para apresentar o resultado da oficina, o curta “Jimi”, nomeado em alusão ao participante mais jovem do laboratório. Ver o filme que confeccionamos manualmente nas dependências do Cineclube ser projetado na tela desse Festival que foi e continua a ser tão importante para nós que estamos em Mato Grosso é uma lembrança que gosto de cultivar.
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M e m ó r i a s / h i s t ó r i a s s o b r e o C i n e c l u b e C o x i p o n é s e s o b r e a M A U A L
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Desde sua aparição, a Maual possibilitou que a comunidade acadêmica da UFMT e de outras universidades da região metropolitana de Cuiabá pudesse não apenas apreciar audiovisuais realizados por estudantes, técnicos e professores de diferentes instituições de ensino superior do país, mas também almejar ter seus audiovisuais exibidos na Mostra. Foram muitos os momentos instigantes, divertidos e reveladores que vivemos ao assistir a curtas de colegas, amig@s e estudantes. Esses eram projetados entre o Teatro Universitário, a Sala Névio Lotufo e, principalmente, o Auditório do Centro Cultural da UFMT – espaço que abrigou o maior número de edições da Mostra, inicialmente projetado para abrigar as instalações e a sala de cinema do Cineclube da UFMT.
desenvolvidas no âmbito universitário (contempladas pela ideia de audiovisual independente). Acredito que essa é a grande característica e também o constante desafio que a Mostra do Cineclube Coxiponés mantém: reinventar-se, sempre buscando a interlocução com o presente e com as transformações que se manifestam no audiovisual nas últimas décadas. Cabe ainda ressaltar a importância do Cineclube Coxiponés como um lugar de preservação do acervo dos curtas que passaram pela Maual. Um rico acervo que expressa inclinações artísticas e histórico-críticas das configurações sociopolíticas em que seus curtas foram produzidos. Mais recentemente, entre 2018 e 2020, tive a oportunidade e privilégio de supervisionar as atividades realizadas pelo Cineclube Coxiponés. Mesmo com equipe minimalista, foi um período em que compusemos uma programação em parceria com ações desenvolvidas por professor@s, estudantes e ex-estudantes dos Cursos de Comunicação Social da UFMT e também com outras instituições da sociedade civil organizada, como o Coletivo de Audiovisual Negro Quaritê, Festival Tudo Sobre Mulheres, CineCaos, Cine Caramelo Itinerante, CineMato, Cine Teatro Cuiabá, Sesc Mato Grosso, entre outras. Esse diálogo se fortaleceu com a criação, junto com vári@s ativistas do cineclubismo em Mato Grosso, durante a programação da MAUAL 2018, da Rede Cineclubista de Mato Grosso
Entre os altos e baixos que caracterizam as políticas de incentivo às iniciativas de circulação audiovisual em Mato Grosso, a Maual detém o mérito de ser o único projeto audiovisual no estado a manter sua regularidade anual nas duas últimas décadas. Com o passar de suas edições, o nome da Mostra foi se modificando para acolher designações que não só refletem mutações e atravessamentos dos campos do cinema e do vídeo, como também um desejo de se abrir para diálogos com outras nacionalidades e outras tendências de produção – para além daquelas
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(a REC-MT). Ano passado, já no contexto da pandemia de COVID-19, com o empenho de muit@s aliad@s, conseguimos assegurar a continuidade da Mostra em sua primeira edição realizada integralmente online, com excelente adesão de realizador@s e das pessoas que sempre acompanharam e torceram pela Maual. Que a Mostra do Cineclube Coxiponés continue sendo testemunha das ousadias e transgressões possíveis para a produção de curta-duração, bem como esse espaço fundamental para a circulação e discussão, a partir da UFMT, do audiovisual universitário e independente. Vida longa à Maual e ao Cineclube Coxiponés! ■
CATÁLOGO XX MAUAL 2021
Comissão de seleção Diego Baraldi
Juliana Segóvia
É programador audiovisual, membro da Rede Cineclubista de Mato Grosso (REC-MT) e da Associação Mato-grossense de Cinema e Audiovisual (MTCINE). Professor do curso de Cinema & Audiovisual da UFMT, é o idealizador e editor da série “Cine Comentário Sonoro”, onde cineastas relembram bastidores de produção através de uma faixa de comentário sonoro sobreposta aos filmes. ■
É cuiabana, cineasta, arte educadora, graduada em comunicação e mestre em Estudos de Cultura Contemporânea pela UFMT. Atua há 8 anos no audiovisual. É uma das integrantes fundadoras e atuantes do Coletivo Audiovisual Negro Quariterê - MT. Realizadora do audiovisual e proprietária da Moiré Filmes, atende o segmento artístico/cultural da cidade de Cuiabá. ■
Moacir Barros
Emília Top’Tiro
É professor do curso de Cinema e Audiovisual da UFMT. Durante 10 anos coordenou a Mostra de Audiovisual Universitário - América Latina UFMT e foi supervisor do Cineclube Coxiponés. Atuou como profissional de televisão em Mato Grosso principalmente jornalismo e publicidade. Atualmente desenvolve trabalhos independentes em audiovisual. ■
É estudante de cinema e audiovisual na UFMT. Desde de 2019, tem se envolvido com produções audiovisuais atuando como estagiária em produção, comunicação e divulgação de filmes e eventos. Em filmes independentes, participa fazendo efeitos especiais e maquiagem. Tem foco em se envolver com produtos indígenas e voltados aos povos originários. ■
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CATÁLOGO XX MAUAL 2021
Comissão julgadora Anna Maria
Comissão de seleção
É artista à margem, que desenvolve pesquisas a respeito da literatura e audiovisual negro, seu campo de estudos é a poesia marginal (SLAM), culturas de periferia (Batalhas de Rima) e demais intervenções artísticas Urbanas. ■
Ana Maria de Souza É mestre em História da Cultura, atua como pesquisadora de cinema e curadora de ações cineclubistas, como a sessão “Encontros com Cinema”. ■
Caroline de Oliveira Santos Araújo
Leonardo Esteves
Formada em Comunicação Social - Rádio e TV, pela Universidade Federal de Mato Grosso, é especialista em Planejamento e Gestão Cultural e em Cinema pela Universidade de Cuiabá. Mestre em Estudos de Cultura do Contemporâneo pelo Programa de Pós - Graduação do Instituto de Linguagens - I.LECCO\UFMT e atualmente desenvolve projeto de pesquisa de doutoramento em Estudos de Cultura do contemporâneo. Trabalha com audiovisual e produção cultural há 20 anos como documentarista, produção executiva, direção de produção, direção e direção de arte. ■
É professor do curso de Cinema da UFMT. Doutor em Comunicacao Social pela Puc-RIo com sanduíche na Université Sobornne. Mestre em Artes Visuais pela escola de Belas Artes da UFRJ. é realizador e produtor de curtas- metragens premiados como “Emprego Temporário”(2007, “Alguem tem que honrar sua derrota”(2009 ) e “Crepúsculo do Grão”é coordenador do projeto de extensão Pequi com câmera, produtora experimental do curso de Cinema e Audiovisual da UFMT. ■
Celso Luiz Prudente Doutor em Cultura pela Universidade de São Paulo. Pós-Doutor em Linguística pelo Instituto de Estudos da Linguagem – IEL/UNICAMP. Professor Associado da Universidade Federal do Mato Grosso. Antropólogo, Cineasta. Curador da Mostra Internacional do Cinema Negro. Apresentador e Diretor do Programa “Quilombo Academia” na Rádio USP/SP. Pesquisador do CELACC/ USP. ■
Luzo Reis É produtor cultural da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Graduado em Comunicação Social e Mestre em Estudos de Cultura Contemporânea pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e doutorando em Comunicação Social na linha de pesquisa “Imagem, Estética e Cultura Contemporânea” na Universidade de Brasília (PPGCOM/FAC-UnB). Atua também como cineasta e fotógrafo documentarista. ■ 29
CInECLUBE COXIPOnÉs
Ana Graciela
Marcia Oliveira
Doutora em Comunicação Social pela Universidade Metodista de São Paulo e graduada em Radialismo pela UFMT. Docente do Programa de Pós-Graduação em Ensino (UNIC/IFMT) e nos cursos de graduação de Jornalismo e Publicidade. Foi professora substituta do Departamento de Comunicação Social da UFMT nos cursos de Radialismo e Cinema e Audiovisual. Atua na área de Comunicação e Educação, com destaque para temas que abordam Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) para o ensinoaprendizagem; mídias digitais; audiovisual e educação; multiletramentos e educação midiática. Faz parte da equipe de multiplicadores do projeto Educamídia, programa de Educação Midiática para educadores do Instituto Palavra Aberta com apoio do Google.org. Vicelíder do Grupo de Estudos em Cinemas e Audiovisuais - GECAS (UFMT) e Coordenadora do projeto CinEdu Cinema, Audiovisual e Educação. ■
Graduada em Publicidade e Propaganda (UFMT), discente de Cinema e Audiovisual (UFMT). Fundou em 1998 a produtora independente de shows e turnês Art Underground. Dirigiu e roteirizou o vídeo documentário do evento Art Underground (1999 a 2003). Coordena desde 2008 o grupo de financiamento coletivo de eventos S. Soldiers Syndicate. Produziu a 1ª Mostra Sul-americana de Fanzines em Cuiabá e a 4ª edição da Mostra de Cinema e Audiovisual Cinecaos. Montou a exposição do artista visual Mihell Abyssal - MIS/Cuiabá. ■
Michael Esquer Michael Esquer é repórter na Agência Focando e estagiário de jornalismo no site Olhar Direto com interesse na temática socioambiental, povos indígenas e direitos humanos. Estudante de Comunicação Social e Jornalismo pela Universidade Federal de Mato Grosso, com período de mobilidade na Facultad de Ciencias y Educación (FCE) da Universidad Distrital Francisco José de Caldas, em Bogotá, na Colômbia, já colaborou com o Jornalistas Livres, Bolívia Cultural, Brasil de Fato, entre outros. Em 2021, foi um dos vencedores do 13° Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão do Instituto Vladimir Herzog e do 10° Prêmio Patrícia Acioli de Direitos Humanos da Associação dos Magistrados do Rio de Janeiro. ■
Igor Matos É estudante de Cinema e Audiovisual na UFMT. Atua no mercado como editor e é integrante da produtora Limiar Filmes, formada majoritariamente por alunos de graduação dos cursos de cinema, radialismo e jornalismo da UFMT. Na produtora, exerce as funções de produtor e roteirista. ■ 30
CInECLUBE COXIPOnÉs
CATÁLOGO XX MAUAL 2021
Troféu Por Douglas Peron, 2021 Reconhecimento, proeza, mérito, extraordinário Propor um novo olhar àquilo que já existe. O troféu da 20º edição da Mostra Universitária de Audiovisual da América Latina, em 2021, evidencia aquilo que já foi descartado, já usado e ainda não reutilizado e busca a transformação de seu sentido em algo a ser enaltecido. Pelo que realmente devemos ser recompensados? Os lixões e ferro velhos estão cada vez mais cheios e nossa perspectiva de um futuro possível está cada vez mais vazia. A proposta é buscar em nosso mérito uma verdadeira motivação para sermos reconhecidos. ■
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CATÁLOGO XX MAUAL 2021
Programação —Modalidade
Universitária e
experimental
d
documentário
f
ficção 35
CInECLUBE COXIPOnÉs
A sentença
Cronotopo
e
Laura Coggiola SP 17’
Drácula Veste Dior
e
Diogo D’Melo MG 5’
ser Feliz no Vão
e
Gabriel Green Fusari SP 30’
36
Lucas H. Rossi dos Santos RJ 13’
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programação | Modalidade Universitária
programação | Modalidade Universitária
e
CATÁLOGO XX MAUAL 2021
CInECLUBE COXIPOnÉs
programação | Modalidade Universitária
Meu coração é um pouco mais vazio na cheia
d
Lucas H. Rossi dos Santos, Henrique Amud RJ 16’
Meu nome É saudade
d
Sabrina Trentim TO/PR 11’
Remanescente
d
Ana Graziela Aguiar DF/Cuba 4’
38
Gustavo Ramiro SP 24’
39
programação | Modalidade Universitária
Atordoado, Eu Permaneço Atento
d
CATÁLOGO XX MAUAL 2021
CInECLUBE COXIPOnÉs
Cacicus
Obscura
f
Bruno Cabral, Gabriela Dullius RS 15’
EGUM
f
Matheus Maltempi SP 25’
Ditadura Roxa
f
Yuri Costa RJ 23’
40
Matheus Moura MG 24’
41
programação | Modalidade Universitária
programação | Modalidade Universitária
f
CATÁLOGO XX MAUAL 2021
CInECLUBE COXIPOnÉs
Grand Canyon
programação | Modalidade Universitária
f
Pedro Estrada MG 12’
VÓ
f
Felipe Coelho RJ 09’
42
CATÁLOGO XX MAUAL 2021
Programação —Modalidade
Independente e
experimental
d
documentário
f
ficção 45
CInECLUBE COXIPOnÉs
Besouro
Cynema Commercialle: Glauber Rocha no País da Distopia
e
Bernardo Stumpf PR 13’
Com Amor,
e
Gabriel Green Fusari SP 19’
Ensaios Com Ela
e
João Pedro Régis MT 6’
46
Douglas Peron MT 11’
47
programação | Modalidade independente
programação | Modalidade independente
e
CATÁLOGO XX MAUAL 2021
CInECLUBE COXIPOnÉs
programação | Modalidade independente
Memórias e Cantos Para o Amanhã
e
Santian MT 12’
Erick Cindra RJ 12’
Depois de Domingo, Vem segunda
e
TRAnsMUTÁVEIs The Chanel’s
e
João Pedro Régis MT 5’
48
Amilton Martins MT 5’
49
programação | Modalidade independente
Onde o Homem Vira o Bicho e o Bicho Vira o Homem
e
CATÁLOGO XX MAUAL 2021
CInECLUBE COXIPOnÉs
programação | Modalidade independente
Eu Temo Que não Amanheça
d
Davi Mello, Deborah Perrotta MG/SP 15’
107
d
Cainã Siqueira MS 12’
O Rosto do Mascarado
d
Pedro Ladeira DF 14’
50
Ângela Coradini, Duflair Barradas, Felippy Damian MT 27’
51
programação | Modalidade independente
Todos Os Rostos Que Amo se Parecem
e
CATÁLOGO XX MAUAL 2021
CInECLUBE COXIPOnÉs
programação | Modalidade independente
ALÊ - Resistir Pela Existência
d
Vincent Gielen GO 14’
Tati Medes MT 17’
silêncio e sons: As coisas não ditas na música barra-garcense
d
Cinemas de Rua de Aracaju
d
Eudaldo Monção Jr, Juliana Vila Nova SE 13’
Júlia Tinan MT 26’
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programação | Modalidade independente
REDEIRAs - Tecendo Cultura com Artes e Tradição
d
CATÁLOGO XX MAUAL 2021
CInECLUBE COXIPOnÉs
Lindos de Morrer
Antes do Mundo Acabar
f
Catarina Felix RJ 15’
se Essa Rua Fosse nunes
d
Lucas Lemos MT 19’
As Memórias Que Eu não Queria Ter
f
Felippy Damian MT 18’
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Íris Alves Lacerda, Cassyo Ander, Camila Pinho, Marcos Leque MT 14’
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programação | Modalidade independente
programação | Modalidade independente
d
CATÁLOGO XX MAUAL 2021
CInECLUBE COXIPOnÉs
Castigo
Quarentelado
f
Iago Kieling DF 17’
Inês
f
Rodrigo PS RJ 7’
síndrome da Morte
f
Ricardo Martins RJ 4’
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Edem Ortegal RJ 28’
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programação | Modalidade independente
programação | Modalidade independente
f
CATÁLOGO XX MAUAL 2021
CInECLUBE COXIPOnÉs
Onde há pranto há mar
Frequência Tardia
f
Luciana Baseggio; Emma Smith SP 15’
Gustavo Koncht MG 16’
Desperte!
f
Dê Jota MG 24’
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programação | Modalidade independente
programação | Modalidade independente
f
CATÁLOGO XX MAUAL 2021
CATÁLOGO XX MAUAL 2021
Oficinas Juliana Capilé tem experiência na área de Teatro e Cinema. Graduada em Direção Teatral pela UFOP - Universidade Federal de Ouro Preto. Cursou cinema no Instituto Dragão do Mar – Casa Amarela, em Fortaleza / CE, na Fundação de Cultura de Curitiba e na Academia Internacional de Cinema (AIC).
—O trabalho do ator/atriz no cinema e audiovisual A atuação no cinema não deve ser entendida como um trabalho do ator/atriz somente, mas diz respeito a toda engrenagem cinematográfica; o trabalho é com a câmera e não para ela. Para atuar no cinema ou audiovisual, o ator/atriz deve estar atento a essa peculiaridade.
Integrante fundadora da Cia Pessoal de Teatro como atriz, diretora e dramaturga, participando de diversos Festivais de Teatro em MT, em todos os estados do território nacional, e ainda Dinamarca, Espanha e Cabo Verde. Artista-Residente do Nordisk TeaterLaboratorium (Odin Teatret – Dinamarca). Mestra e doutora em Estudos de Cultura Contemporânea / ECCO - UFMT. Como preparadora de elenco para cinema já trabalhou em diversos curtas metragens, dois longas e uma minissérie.
Esta oficina pretende tratar da atuação no cinema e audiovisual abordando vários estilos cinematográficos, a preparação para o papel, as táticas para manter o personagem no set e a relação com a câmera, utilizando explanação e experimentações práticas em encontros virtuais. A oficina é voltada para atores e atrizes interessados em aprimorar sua técnica e também, diretores que desejam aperfeiçoar sua relação com atores. ■
Recentemente estreou no cinema assinando roteiro e direção do curta-metragem “O Menino e o Ovo” (2019), vencedor de vários prêmios. Em 2021, dirigiu o curta “Cotidiano” (em fase de finalização) e o documentário “Filhote desse Lugar”. ■
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CATÁLOGO XX MAUAL 2021
—Processos de edição de som e a narratividade no audiovisual
—Vídeo Arte Mato-grossense e algumas outras abordagens
A oficina pretende abordar práticas de pós-produção de som relacionadas aos processos de criação para audiovisual, com o objetivo de refletir sobre as histórias contadas pelas relações entre sons e imagens.
As obras de arte, em imagem em movimento, apresentadas no 26º Salão Jovem Arte de Mato Grosso demonstram como o vídeo evoluiu e se tornou arte contemporânea.
Serão apresentadas ideias e metodologias de edição de diálogos e efeitos que exploram a narratividade do elemento sonoro. ■
Débora Opolski é Doutora em Comunicação e Linguagens pela UTP, com a tese “A fragmentação da performance vocal do personagem no cinema a partir da perspectiva da edição de diálogos” (2017). Pesquisa processos de criação e produção sonora, captação e edição de som para cinema e artes do vídeo.
Luís Bourscheidt é formado em Educação Musical (2006) e em Produção Sonora (2008) pela Universidade Federal do Paraná e é Mestre em Música - Cognição e Filosofia da Música (2008), também pela UFPR.
O cuiabano Luiz Marchetti é cineasta, diretor de TV, videoartista e pesquisador teatral. É Mestre pela University of Westminster de Londres em ARTES. Graduado em Belas Artes na Central Saint Martins em Londres.
Artistas e coletivos prosperaram, inspirados pelo flexível caráter da mídia. A oficina propõe apreciar as obras selecionadas e conhecer outros artistas do vídeo arte contemporâneo. Conteúdo: vídeo-arte, instalação, performance, e arquivo arte para download. ■
Coordena o CALMCENTRO AUDIO VISUAL LUIZ MARCHETTI, no centro-norte em Cuiabá. Nos últimos dois anos, dirige o Salão Jovem Arte de Mato Grosso e participa na equipe curatorial.
Como instrumentista, já participou de diversas produções musicais com diferentes artistas, é percussionista de diversos grupos musicais de Curitiba e do grupo “A Banda Mais Bonita da Cidade”. Atua também na área de música e desenho de som para cinema e teatro. Desde 2009, é professor do Campus Curitiba do IFPR, atuando principalmente com Artes, Música e Educação Musical, e também nos Cursos Técnicos de Produção de Áudio e Vídeo e Programação de Jogos Digitais, nas áreas de Produção de Som e Música, Sound Design e Game Audio. ■
Autora do livro “Introdução ao desenho de som” (2013), publicado pela editora da UFPB. Professora do curso de Licenciatura em artes da UFPR e do PPGCINEAV, e da Pós graduação em cinema e artes do vídeo, da UNESPAR. Trabalhou na pós-produção sonora de filmes como “Ensaio sobre a Cegueira”(2008), “O cheiro do ralo”(2006), “Tropa de Elite”(2007), “À Deriva”(2009), “Condado Macabro” (2015), “A mesma parte de um homem” (2021), entre outros. ■ 62
Marchetti atua também como produtor, mediador e ensaísta crítico em eventos e publicações voltados para a arte contemporânea. ■
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oficinas
oficinas
CInECLUBE COXIPOnÉs
CATÁLOGO XX MAUAL 2021
Coletivos —Coletivo Audiovisual negro Quariterê O Coletivo de Audiovisual Negro Quariterê é formado por afrodescendentes que atuam como produtores e entusiastas do audiovisual do Estado de Mato Grosso, com o objetivo de discutir temáticas relacionadas às questões raciais e suas interseccionalidades, que agravam preconceitos de gênero, sexualidade, geracional, estratificação social e econômica. Nesse sentido, o Coletivo de Audiovisual Negro Quariterê realiza, incentiva e apoia ações voltadas para a promoção da equidade de raça e gênero no segmento audiovisual.
foram inspirações para a criação desse lugar de aquilombamento para os profissionais do audiovisual mato-grossense, esse lugar onde podem chegar e se reconhecer entre pares. O encontro de profissionais negros da cultura e do audiovisual que daria origem ao Coletivo Quariterê aconteceu em 19 de setembro de 2017, dias após participarem da Oficina de Cinema Negro ministrada pelo Prof. Dr. Celso Prudente na Universidade Federal de Mato Grosso, entre 11 e 14 de setembro do mesmo ano.
O Coletivo Quariterê tem a missão de propor, debater, influenciar e monitorar políticas públicas nos âmbitos municipal e estadual que convergem em ações afirmativas para inclusão dos profissionais negros e negras em toda a cadeia produtiva do segmento audiovisual.
Cerca de um ano antes, em 2016, uma ação da Secretaria de Estado de Cultura de Mato Grosso chamou a atenção desses mesmos profissionais afrodescendentes atuantes na produção cultural e audiovisual, como também de vários/as ativistas dos movimentos sociais negros do estado, ao propor a realização da I Mostra de Cinema Negro de Mato Grosso marcada para acontecer no mês da Consciência Negra, em novembro de 2016.
O Quariterê, homenageado no nome do coletivo, foi o Quilombo do Quariterê, localizado na região de Vila Bela, primeira capital do estado. A história do quilombo, é a história de Teresa de Benguela, rainha do Quariterê. Sua resistência heróica e seu espírito democrático
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A questão que chamou a atenção naquela época foi a organização da I Mostra de Cinema Negro do Estado ter sido pensada, planejada e protagonizada por uma produtora local onde todas as pessoas envolvidas no processo eram brancas. Tal fato não surpreende vindo de um setor hegemonicamente branco, cis, heteronormativo e elitizado. Mas como agravante da situação, os convidados para compor as mesas e palestras eram majoritariamente pessoas brancas, que se propunham a discutir narrativas e experiências negras, em filmes repletos de representações estereotipadas, objetificadas e subalternizadas. As atividades “formativas” formuladas com o título: “Deu Branco”, assim como toda a produção da Mostra, teve como justificativa ter sido desenvolvida dessa forma o argumento de que não havia no Estado de Mato Grosso profissionais negros no setor audiovisual aptos para debater os temas.
Diante da situação, a I Mostra de Cinema Negro foi suspensa, houveram muitas reuniões e por fim, ocorreu uma reorganização após muitos debates. Naquele momento a SEC-MT acatou que era necessário tratar das temáticas e pautas raciais contando com a experiência de profissionais e os argumentos de pessoas que vivenciam na pele estas questões, por isso, possuem propriedade argumentativa. Diante disso, foram convidados profissionais negros para compor a equipe organizadora da I Mostra de Cinema Negro de Mato Grosso que foi realizada cerca de 20 dias após o Dia Nacional da Consciência Negra. Em seus 3 anos de existência, de 2017 a 2019 o Coletivo Quariterê já organizou três (03) Mostras de Cinema Negro. Foram exibidas sessenta e nove (69) obras audiovisuais selecionadas na soma dessas edições, tendo sido inscritas mais de 300 obras oriundas de todo o Brasil, com um público espectador de aproximadamente mil (1000) pessoas ao longo das três mostras.
A soma desses fatos despertou a indignação, gerou protestos nas redes sociais que contaram com apoio de diversas lideranças do movimento negro, especialmente impulsionadas por profissionais negros do setor cultural da cidade de Cuiabá, que exigiram da Secretaria de Cultura do Estado retratação e providências para solucionar a questão.
O Coletivo possui também ações diretamente ligadas ao debate e à luta pela implementação de políticas públicas afirmativas, bem como a discussão sobre a inserção da pessoa negra no mercado (contemplando do
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CATÁLOGO XX MAUAL 2021
mesmo modo outras “minorias”), como a reivindicação da estruturação do edital da cultura do município no ano de 2018, para que o valor destinado de 100 mil ao segmento audiovisual fosse subdividido em 4 valores para os concorrentes: uma parcela de 50 mil para diretores não estreantes e duas parcelas de 25 mil para diretores estreantes, visando com isso a participação de indivíduos com dificuldades estruturais e acesso para a elaboração de carreira e currículo.
Em 2019 produzimos de maneira independente o primeiro filme do Coletivo: “A Velhice Ilumina o Vento” (ainda sem data de estreia), com apoio das produtoras Latitude Filmes e Plano B Filmes e com o patrocínio da Agro Serra nos custos básicos da produção (alimentação, deslocamento, aluguel de Van). O filme tem como protagonista Valda (interpretada por Benedita Silveira), mulher preta, periférica, trabalhadora e que tem como descontração a ida à Bailes da Terceira Idade. O filme foi planejado todo de forma colaborativa e envolveu na realização mais de 24 pessoas negras, desde a préprodução à pós-produção, com o intuito não só de que o coletivo tivesse uma uma obra audiovisual com temática negra, agregando as conquistas do grupo um produto realizado pelo Quariterê, como de formação de todos os participantes, refletindo assim sobre a constituição da equipe e dos bastidores de um filme.
Reivindicamos também a inclusão de políticas afirmativas, na formatação do edital do estado, direcionado ao segmento, no ano de 2018, como vagas destinadas a afrodescendentes, indígenas e LGBTQIA+ e vaga para direção estreante; neste caso, a conquista foi em relação a vaga para direção estreante, inclusa no edital. O Quariterê se posicionou de maneira obstinada em relação a decisão de utilização do recurso público, previamente pensado para a formação, no valor de 600 mil reais, investimento que seria realizado pela SecelMT no setor audiovisual (ano 2019/2020), para que fosse definitivamente destinado à contratação de uma instituição de respaldo nacional para a formação de novos profissionais.
Atualmente, dois membros do Coletivo Quariterê compõem a diretoria e o conselho fiscal, respectivamente, da associação MTCine, visando pautar a equidade racial e fomentar a representatividade, fazendo valer o debate sobre a inclusão das pessoas afrodescendentes no cenário audiovisual. ■
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Coletivo Audiovisual Negro Quariterê
Coletivo Audiovisual Negro Quariterê
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CInECLUBE COXIPOnÉs
—Rede Cineclubista de Mato Grosso
—sessão Belo Belo
O Encontro promove aproximação e compartilhamento de experiências de ativistas culturais que têm desenvolvido atividades cineclubistas em diferentes espaços e localidades Mato Grosso. Além do intercâmbio de idéias e de táticas de atuação relacionadas à prática cineclubista efetuadas pelos participantes (envolvendo atividades de difusão, debate, crítica, pesquisa e realização audiovisual) o III Encontro da Rede Cineclubista de Mato Grosso pretende atualizar os apontamentos publicados na Carta da Reunião da Rede Cineclubista de Mato Grosso de 2018 e propor novas linhas de ação para o trabalho integrado da RECMT.
A Sessão Belo Belo, configura-se em um projeto de extensão, realizado por discentes de Cinema e Audiovisual da Universidade Federal de Mato Grosso. As atividades são realizadas em conjunto visando um trabalho de recomendações e análises cinematográficas. Há três anos a Sessão Belo Belo busca comunicarse com todos os públicos, sejam cinéfilos ou apenas amantes do cinema, através de reflexões e discussões que são realizadas na página. Foi por meio do trabalho cineclubista que os integrantes do projeto de extensão obtiveram experiência frente a projeção fílmica. Ainda assim, a Sessão Belo Belo possui uma conexão com a MAUAL, divulgando obras cinematográficas na América Latina e auxiliando na formulação de debates em torno dos filmes premiados da amostra. ■
Pequi com Câmera; CinePense; Sala de Cinema Geraldo Moraes; Núcleo de Produção Digital de Barra do Garças; Cine Sesc Arsenal; Curta BLV; MT CINE; CineECCO; A Escola vai ao Centro Cultural da UFMT; Encontros com Cinema; Temporada de Filmes do Cine Teatro Cuiabá; Cine Comentário Sonoro; Belo Belo de Cinema; Dias de Cinefilia; : doc; KinoMundo; Coletivo Círculos Anônimos da Palavra; Cinema Aqui do Mato; CineCOS; Costream; Encontros Ranema; GECAS; CinEdu; Projeções Urbanas; representantes de iniciativas cineclubistas realizadas em escolas e em instituições de ensino superior da rede pública e privada de ensino de Mato Grosso. ■
Algumas iniciativas participantes: Cineclube Coxiponés; Cineclube Roncador; Cineclube Zumbis; Cineclube Guaporé; Cineclube Peskaria de Cinema; Cineclube Inquietação; Cineclube Serra de São Vicente; Circuito Exibidor do Araguaia; Coletivo Audiovisual Negro Quariterê; MTQueer; MAUAL - Mostra de Audiovisual Universitário e Independente da América Latina; CINEMATO - Festival de Cinema e Vídeo de Cuiabá; Mostra de Cinema Negro; Festival TSM - Tudo Sobre Mulheres; CineCaos; Cine Caramelo Itinerante Mato Grosso; Festival Olhares do Pantanal;
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CATÁLOGO XX MAUAL 2021
In Memorian
Therezinha arruda, presente!
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Assembleia social
Instituto InCA
A Assembleia Social é o braço social da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) e foi criada em 2005, por meio da Resolução nº 452, com o nome de Sala da Mulher, com a finalidade de promover políticas públicas de proteção às pessoas em condição de vulnerabilidade social, como mulheres, crianças, idosos, pessoas LGTQIA+, comunidades periféricas e populações tradicionais, como quilombolas, ribeirinhas e indígenas.
Por Cybele Bussiki – presidente do Instituto INCA – Inclusão Cidadania e Ação O Instituto INCA começou com a magia da sétima arte. Foi com o Festival de Cinema e Vídeo de Cuiabá, há 16 anos, no comando do visionário cineasta Luiz Carlos de Oliveira Borges que o INCA tomou corpo e hoje tem caráter, não somente Cultural e Artístico, mas Ambiental, Turístico, Social, Científico e Esportivo, visando a Inclusão Social, Digital, de Emprego e Renda, Cidadania Participativa, Empoderamento, Organização Popular, Planejamento Participativo, Direitos Humanos, Saúde, Assistência Social e projeto de Educação.
Desde 2017, promove a gestão do Teatro do Cerrado Zulmira Canavarros, podendo congregar a promoção cultural – especialmente as expressões artísticas regionais – com a arrecadação de donativos, colocandose mediadora entre doadores e associações ou comunidades carentes.
O Instituto INCA realizou o Festival de Cinema e Vídeo de Cuiabá, o Cinemato, de 2005 a 2012 e o último em 2014. A partir do Cinemato nasceram os projetos Adecines (2006 a 2009), Cinema Vai à Escola (2004 a 2014), Mostra Vídeos do Mato (2004 a 2014), Cinema nos Bairros (2008 a 2014), Exposição Fotográfica (UFMT) “Construindo um Olhar” (2008), Mostra 100 Anos de Cinema em MT (2009) e Cinema Paradiso (2004 a 2014).
Dessa forma, a Assembleia Social cumpre os papeis de valorização da cultura mato-grossense e de incentivo do consumo das expressões artísticas nacionais e locais, por meio do maior e mais imponente equipamento cultural do Estado; e de acolhimento das demandas sociais. ■
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CATÁLOGO XX MAUAL 2021
Toda essa experiência, em contato com a comunidade, percorrendo os bairros e escolas, por meio do Cinema, contribuiu para que o Instituto Cultural América (INCA), primeiro nome do INCA, torna-se o Instituto INCA – Inclusão, Cidadania e Ação.
de Desenvolvimento Sustentável, pactuados pelo Brasil, em que apresentam planos de ação para as pessoas, ao planeta e à prosperidade. Caminhando junto com o Festival de Cinema e Vídeo, o Maual é sinônimo de resistência, resiliência, força, profissionalismo e amor pelo Cinema. Parabéns a todos os envolvidos por este lindo evento, em que temos a honra de fazer parte! Viva! ■
E apoiar por uma continuidade da Mostra de Audiovisual Universitário e Independente da América Latina (Maual), que já está em sua vigésima edição, realizada pelo Cineclube Coxiponés, é fundamental e necessária, por uma sociedade criativa, com pensamento crítico e democrático. O INCA traz o Empreendedorismo Social como premissa. Utiliza técnicas de gestão, inovação e criatividade para incentivar e valorizar o chamado Capital Social de uma comunidade, bairros e cidades. Nossa finalidade é transformar a vida das pessoas e agregar valor à comunidade, trazendo soluções para os problemas sociais, com projetos em conformidade com o que preconiza a Agenda 2030, e os 17 Objetivos
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CInECLUBE COXIPOnÉs
FICHA TÉCnICA
CATÁLOGO XX MAUAL 2021
Agradecimentos
Comissão Organizadora
Catálogo e Diagramação
Carlos Eduardo Amaral de Paiva Thelma Saddi Letícia Capanema Ana Cristina Sampaio Gabriella Nascimento Ritterbusch Luisa Guimarães Gratão Caio Augusto Ribeiro Maria Fernanda Matos da Silva Marlon Henrique Leite Bruno
Milton de Paulo Arostegui Nunes Carlos Eduardo Amaral de Paiva Mídia Social Lucas Lemos Gabriella Nascimento Ritterbusch
Identidade Visual do site e logo
À UFMT; à PROCEV (Pró-Reitoria de Cultura e Vivência);
ao Cine Belo Belo;
à Coordenação de Cultura;
ao Quariterê;
ao INCA;
ao Pequi com Câmera;
à Assembleia Social;
ao ComunicArte;
à Seu Sete Produções;
à REC Rede Cineclubista;
à LIGA Social Media;
e ao Curso de Cinema e Audiovisual/UFMT.
Gabriella Nascimento Ritterbusch Daiane Marafon Série fotográfica e vídeo arte “Identidade Visual” Henrique Santian/ SEU 7 - Produções Artísticas Caio Augusto Ribeiro - Performer
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