Periodicidade: Mensal • Distribuição Gratuita • Ano VI Nº 67 maio 2020
SCONTO ERS DERIDE VOUCHNO INTE OR
Cancelar as festas foi pesaroso
CONSULTÓRIO JURÍDICO COM CARLOS MELO BENTO CONSULTÓRIO DA SAÚDE COM JOÃO BICUDO MELO
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OPINIÃO LIVROS DA MINHA ESTANTE
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OLHAR CRIATIVO TEMA: “VAMOS TODOS FICAR BEM”
RUBRICAS
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SAÚDE ÓTICA COM: INSTITUTOPTICO
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SAÚDE AUDITIVA COM: AUDIÇÃO PORTUGAL
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DESPORTO AUTOMÓVEL AS EQUIPAS E O…. VÍRUS
Propriedade:
Rua do Espírito Santo, 77 - r/c Esq. 9500-465 Ponta Delgada NIF: 513 281 070 Email: criativa.azores@gmail.com
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REPORTAGEM “MIMINHOS DA SUZIE” PÕE AÇORIANOS A USAR MÁSCARAS SOCIAIS COLORIDAS
ENTREVISTA “A CULTURA FOI A PRIMEIRA A FECHAR E SERÁ O ÚLTIMO SECTOR A ABRIR”
ENTREVISTA A DIFICULDADE DE ESTARMOS A SÓS CONNOSCO PRÓPRIOS
ENTREVISTA “A COVID-19 VEIO ALTERAR RAPIDAMENTE AS NOSSAS ROTINAS”
Diretora: Natacha Alexandra Pastor Editor: Carlos Costa Direção Comercial: Eduardo Andrade Sede da Redação/Editor: Rua Espírito Santo, nº 77 R/chão Esqº 9500-465 Ponta Delgada Sócio-gerente com mais de 5% do Capital: Carlos Costa Periodicidade: Mensal Tiragem: 5.000 exemplares Impressão: Coingra - Companhia Gráfica dos Açores Parque Industrial da Ribeira Grande - Lote 33 - 9600-499 Ribeira Grande
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GRANDE ENTREVISTA
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REPORTAGEM UMA GRAVIDEZ EM TEMPO DE COVID-19
Design Gráfico e paginação: Melissa Canhoto Fotografia: António Bettencourt, Carlos Costa e Pedro Couto Colaboradores: Carlos Melo Bento, Luís Moniz, João Bicudo Melo, José Andrade, José F. Andrade, Paulino Pavão/AFAA e Renato Carvalho. O uso e reprodução parcial ou total de qualquer conteúdo existente nesta revista é expressamente proibido. Os anúncios existentes nesta revista são da inteira responsabilidade dos anunciantes.
ESTATUTO EDITORIAL - CRIATIVA Magazine A Criativa Magazine é uma revista mensal de informação geral que oferece, quer através de textos quer de imagens, a mais ampla cobertura de assuntos, em todos os domínios de interesse, de maior relevância que ocorram no mercado açoriano, com especial enfoque no mercado da ilha de São Miguel; A Criativa Magazine é independente de qualquer poder político e económico; A Criativa Magazine pauta a sua ação em total cumprimento das normas éticas e deontológicas do Jornalismo português; A Criativa Magazine defende o pluralismo de opinião, respeita as crenças, ideologias políticas e religiosas, diferenças sociais e culturais, sem prejuízo de poder assumir as suas próprias posições; A Criativa Magazine identifica-se, como tal, com os valores da Democracia; A Criativa Magazine quer contribuir para o desenvolvimento de cidadãos ativos e conscientes, bem como assim para o desenvolvimento da sociedade na qual se insere.
GRANDE ENTREVISTA FESTAS DO SENHOR SANTO CRISTO DOS MILAGRES
“A NOSSA DECISÃO FOI MUITO DIFÍCIL E PESAROSA” “Não podia ser de outra forma”. A suspensão das festas do Senhor Santo Cristo dos Milagres, em São Miguel, foi uma decisão ponderada e unânime. O Reitor do Santuário diz que está a ser pensada a forma de fazer a comemoração ao Senhor Santo Cristo. O modelo e a data ainda estão em estudo.
Natacha Alexandra Pastor Criativa Magazine - Estão suspensas as festividades em Honra do Senhor Santo Cristo dos Milagres 2020. Para a decisão (quase rara na história) quem foi ouvido/ envolvido na matéria? Cónego Adriano Borges (Reitor do Santuário do Senhor Santo Cristo dos Milagres) - Em primeiro lugar tivemos em atenção à situação atual no mundo, no nosso país e Região e às diretrizes emanadas pelas autoridades locais e também da Conferência Episcopal Portuguesa. Em segundo lugar e, depois de bem ponderado, a Equipa de Reitores deste Santuário conversou com o Senhor Bispo Dom João Lavrador e com o Provedor da Irmandade e todos fomos unânimes que esta era a decisão mais prudente. Apesar da compreensível sensibilidade e preocupação ao momento atual, foi pesaroso o anúncio desta decisão? Muito pesaroso, como todos devem calcular. A devoção ao Senhor Santo Cristo dos Milagres não é apenas local, mas salta as fronteiras do nosso país. Penso sobretudo na quantidade de emigrantes que viriam às nossas Festas e que é a única vez por ano que têm a oportunidade de estarem mais
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DR e Carlos Costa perto do Senhor através da veneração à Sua Imagem na figura do Ecce Homo. Penso também na quantidade de devotos das nossas ilhas, sobretudo de São Miguel, que anualmente se deslocam a este Santuário para pagarem as suas promessas e que este ano também não poderão fazer. Tudo isto, e não só, tornou esta decisão muito mais difícil. Mas não podia ser de outra forma. Estaremos juntos pelos Meios de Comunicação e sobretudo estaremos unidos em oração pelo coração. Este é um momento único na história da celebração desta festa! Uma Festa em honra do Senhor Santo Cristo dos Milagres nunca foi suspensa. Em duas circunstâncias foi adiada: a primeira aquando da visita do Rei Dom Carlos e Dona Amélia a esta Ilha de São Miguel, em 1901 (a festa realizouse em Julho); e aquando da morte do Marechal Carmona, então Presidente da República, que foi adiada uma semana. Um outro dado excecional foi pela passagem do Santo Padre João Paulo II, agora Santo, em que a imagem saiu para a rua sem ser dia de Festa (1991). Foram situações excecionais e que mereceram tais decisões pelos responsáveis de então. Agora, que é também uma situação excecional, a decisão foi esta. O Santuário tem recebido manifestações de
quando for possível realizaremos um ato público em honra e ação de Graças ao Senhor Santo Cristo dos Milagres. O modo como será feito ainda está em análise...”. desalento, ou perguntas/dúvida, perante esta decisão? Recebemos muitas manifestações sim. A quase totalidade a apoiar tão difícil decisão, apesar do desalento ser geral. Mas também continuamos a receber por vários meios perguntas e também dúvidas e até sugestões de como se poderia fazer a Festa na mesma. Todas as sugestões foram e serão sempre bem vindas e serão tomadas em conta, mas relativamente à Festa nos moldes tradicionais e mesmo em alguns propostos,
não será possível para este ano. Estão a ser naturalmente acompanhadas todas as noticias e as possíveis previsões para os próximos meses, face à crise sanitária. À luz das considerações e advertências atuais (foco por exemplo que foram canceladas viagens inter-ilhas via marítima; que a SATA suspendeu vários voos internacionais até aos primeiros dias de junho, etc) está muito complicado fazer uma comemoração – mesmo que simbólica – em honra ao Senhor Santo Cristo dos Milagres? Há ou não há uma intenção de promover alguma comemoração? Se sim, ela será assente em que modelo? Por enquanto teremos de ver a evolução da situação atual e quando for possível realizaremos um ato público em honra e ação de Graças ao Senhor Santo Cristo dos Milagres. O modo como será feito ainda está em análise, sendo demasiado prematuro acrescentar seja o que for. Mas faremos de certeza uma comemoração. Sendo o digital nos tempos atuais, uma ferramenta para algum contacto com o
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Mundo, o Santuário estuda a possibilidade de colocar a população mais próxima do Ecce Homo? Desde há três anos a esta parte já era possível ver online a Imagem do Senhor Santo Cristo dos Milagres, 24 horas por dia, acedendo ao Site do Santuário do Senhor Santo Cristo. E continua a ser possível ainda hoje. Também já tínhamos diariamente, no mesmo lapso temporal, a transmissão diária da Eucaristia a partir do Santuário, sempre pelo Site do Santuário. Estão interrompidas as Eucaristias diárias porque estamos em Obras no interior da Igreja desde Janeiro. Portanto, não foi necessário esta Pandemia para que o Santuário utilizasse as ferramentas digitais. Não menos importante será também o impacto económico que a não realização da festividade terá para o Santuário e para a sua
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ação social! Está avaliado o impacto? Como será possível de contornar as dificuldades acrescidas? É muito difícil avaliar o impacto, porque não é mesurável como o é nas Empresas. Mas o impacto será grande e daí que estamos a repensar o que eram projetos para serem concretizados e agora terão de ser postos em standby. A única forma de contornar as dificuldades é na redução máxima de gastos e esperar por melhores tempos para todos. Toda a igreja está a enfrentar, como os demais setores de atividade, grandes dificuldades. Preocupa-o toda a instabilidade já gerada? Acho que é uma preocupação para todas as pessoas e Entidades. Mas preocupa-me sobretudo aqueles que estão a ser as maiores vítimas de tudo isto, os mais desfavorecidos. A nível da igreja, a preocupação maior deverá ser as Paróquias mais pobres e as de menor dimensão. Há despesas fixas que não se podem alterar de maneira nenhuma e haverá paróquias que precisarão de ajuda. Que Mensagem deixa a quem o lê? A Imagem do Senhor Santo Cristo dos Milagres está sediada no Convento da Esperança desta Cidade de Ponta Delgada. Neste tempo tão difícil, a mensagem mais importante a passar será mesmo a da ESPERANÇA: por tempos melhores, por podermos voltar todos à vida normal, por podermos estar juntos novamente, por podermos abrir os nossos templos às Celebrações. E uma mensagem de CONFIANÇA no Senhor Jesus, nosso Pastor, o Senhor Santo Cristo dos Milagres. Que Ele a todos abençoe e proteja “neste vale tenebroso” que agora vivemos.
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SERVIÇO DE URGÊNCIA
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SERVIÇO DE HEMATOLOGIA, PROJETO + SEGURANÇA
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OBRIGADO AOS NOSSOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE!
ATÓRIO UNIDADE DE GENÉTICA E PATOLOGIA MOLECULAR
SERVIÇO DE PNEUMOLOGIA
REPORTAGEM
UMA GRAVIDEZ EM TEMPO DE COVID-19 Grávida de 28 semanas, isolada em casa desde meados de março, Esther Amaral tem data prevista para o seu parto nos primeiros dias de agosto próximo. Confiante, espera que daqui até lá possa ser possível ao marido acompanhá-la no momento do nascimento do filho. Natacha Alexandra Pastor Uma das grandes incógnitas de Esther prende-se com a possibilidade ou não de o marido assistir ao parto do filho de ambos. Não é um assunto que tenha abordado com o seu médico assistente, até à data, diz que o vai fazer em breve, apesar de estar a par das noticias que para já dão conta dessa impossibilidade. Esther Amaral refere ainda à nossa reportagem que, ainda assim, tentou obter algumas informações junto de uma pessoa amiga que é também profissional de saúde. Enquanto espera, Esther vai mantendo-se a par das notícias diárias, através da comunicação social. “Eu tenho-me mantido o mais atualizada possível através da comunicação social. Segundo consta, atualmente não há acompanhante no parto nem visitas o que se tornou num fator um pouco preocupante para mim e causa-me algum transtorno pensar que não terei o apoio do meu marido numa situação tão difícil emocionalmente como o parto. Uma vez que o parto ainda está a algumas semanas de distância, ainda não questionei o meu obstetra sobre os procedimentos do HDES tendo em conta que até lá, muito pode mudar mas penso fazê-lo muito em breve. Eu procurei obter esta informação junto de uma conhecida que é profissional de saúde dado que muitos hospitais em
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território nacional já o praticam. Não posso alegar ter sido uma surpresa nem posso dizer que é incompreensível porque naturalmente que não o é mas é muito difícil para uma mãe passar pelo parto sozinha. Sou da opinião que deveriam testar mãe e pai antes da admissão e caso o teste seja negativo para ambos, o pai ter autorização para assistir, pelo menos, ao parto e conhecer o filho. Quanto a visitas já sou de pleno acordo de não existirem.” Em casa há já várias semanas, as preocupações com as regras de higiene não são assim tão colossais, ainda para mais porque estas (regras) já eram um hábito normal. O único elemento da família que está a trabalhar fora de casa é o marido e é sobre ele que recaem maiores preocupações para redobrar os cuidados assim que regressa a casa. “Nós aqui em casa temos regras de higiene bastante usuais por natureza. Claro que passamos a lavar as mãos com muito mais frequência e também a desinfetá-las por causa do vírus. Já temos em nossa posse algumas máscaras e desinfetante, mas uma vez que eu e as minhas filhas já estamos em quarentena desde o dia 14 de Março, são poucas as necessidades de grandes precauções. O meu marido é o único que continua a sair para trabalhar, visto ser bancário,
portanto ele é quem tem tido maiores necessidades de tomar maiores e mais acentuadas precauções!”. Suficientemente serena, Esther Amaral aguarda pelo processo natural do seu parto, confiando, em pleno, na resposta que o hospital de Ponta Delgada dá aos seus utentes. E é deste modo que termina, deixando uma nota muito positiva dos profissionais de saúde ao serviço deste hospital. “Eu tenho muita confiança na nossa autoridade de saúde e tenho assistido diariamente aos pontos de situação que são comunicados. Apesar de a nossa ilha ser a mais atingida, tenho procurado confiar nas medidas que são impostas e tenho plena noção que não há medidas perfeitas nem previsões concretas uma vez que perante uma situação tão imprevisível como uma pandemia, é muito difícil prever todos os pormenores ou todos os lapsos que possam vir a ocorrer. Quanto à minha futura admissão no HDES, estou bastante tranquila. Valorizo muito o nosso sistema de saúde e o seu funcionamento. Não digo que não haja qualquer lapso, pode acontecer em qualquer situação que envolva o ser humano, mas na generalidade, e já falando com base em experiências do passado, o HDES tem procedimentos que funcionam com bastante eficácia.”
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REPORTAGEM ENTREVISTA
“MIMINHOS DA SUZIE” PÕE AÇORIANOS A USAR MÁSCARAS SOCIAIS COLORIDAS
Há padrões e cores para todos os gostos. Suzie Vasconcelos agarrou na sua máquina de costura – habituada a outras tarefas – e começou a produzir máscaras sociais. Primeiro para si e para a família e depois para pessoas amigas. Rapidamente começou a enviar para várias ilhas açorianas e até para Portugal continental. Um trabalho cuidadoso que a Criativa lhe mostra.
Natacha Alexandra Pastor Os primeiros passos de Suzie Vasconcelos no mundo da costura recuam a 2010, altura em que nasceu a filha. Depois disso, começou a frequentar alguns cursos de costura. Os seus primeiros trabalhos despertaram a curiosidade de amigos, e quando deu por isso tinha criado os “Miminhos da Suzie”. “Dei os primeiros alinhavos quando a minha filha nasceu, em 2010, na forra para a cesta dos cremes e no protetor de berço. Quando ela já estava na creche, alinhavei as suas fantasias para o Carnaval. Mais tarde, comecei a ver a publicidade sobre cursos de costura. Contudo, era necessário ter máquina e, na altura, não tinha. Por isso, fui algumas vezes a aulas particulares, com uma amiga, que também adora a costura. O tempo passou e, em 2019, frequentei os cursos de costura na Retrosaria Pano Pra’Mangas. Esta foi uma experiência enriquecedora, quer pela técnica quer pelos laços de afetividade “costurados”. Aliás, deveras gratificante! Os meus trabalhos de costura passavam, pela roupa, era o que queria fazer. Para ser sincera, no início, nem conseguia tirar o molde da revista Burda. No entanto, e depois de muitas horas na companhia da minha Singer, posso dizer que já costurei vestidos, calças,
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blusas, kimonos e, tudo isso, através de moldes! Para além disso, tive o gosto de costurar quatro fatos para a minha filha utilizar na patinagem. Ora, o resultado deste trabalho foi felicidade no seu estado mais puro, pois fiquei imensamente feliz ao vê-la, no treino de aquecimento para o Torneio Regional, com o seu fato de patinagem costurado por mim vestido. Mas, também tenho feito outras coisas, como por exemplo, no verão passado em que elaborei uma mala com tecido de resguardo, uma vez que precisava de uma XL que levasse tudo e mais alguma coisa, tal como as mulheres gostam! Foi então, que aconteceu algo giríssimo! As pessoas com quem tinha contacto no meu dia-a-dia, achavam que era diferente, e começaram a solicitar para si também. Então, pedi acumulação de funções na minha entidade patronal, efetuei a devida inscrição na Autoridade Tributária e, como por magia, criei os Miminhos da Suzie.” Ora, no mundo dos “Miminhos da Suzie” não faziam parte máscaras protetoras ou sociais, mas perante todo o cenário em torno da Covid-19, Suzie colocou mãos à obra e já a meados do mês de março acabou por produzir mais de meia centena de máscaras. Em
REPORTAGEM
cerca de duas semanas, por entre os tempos livres, os pedidos de encomenda foram chegando de todo o lado. “As máscaras sociais não faziam, de todo, parte do meu projeto. Por isso, pesquisei modelos de costureiras e aprendizes, tal como eu, tendo concluído que o modelo que selecionei é o que melhor se ajusta ao rosto das pessoas. Esta história das máscaras é mais recente, começou este mês, mais concretamente no dia 15, dia em que fiz as primeiras. E, até ao momento já fiz 54. Alinhavo-as e costuro-as sozinha e nos meus tempos livres. As primeiras máscaras que costurei foram para a minha filha e para a minha prima. Mas, a verdade é que tenho muitos pedidos de São Miguel, ilha onde se regista o maior número de casos positivos, apesar de ser da ilha das Flores, onde não existem casos positivos. Mas, e muito engraçado, também já tive pedidos de outras ilhas, como do Pico, da Madeira e até do Continente Português.” Para esta produção caseira, Suzie está a utilizar panos de algodão, pois o acesso ao TNT não se figurou fácil. Suzie está bem consciente de que o seu trabalho é
apenas uma resposta a juntar a outras que foram surgindo, no intervalo de tempo anterior à decisão do Governo dos Açores em distribuir máscaras ao domicilio. “Estou a utilizar dois panos de algodão nas máscaras que elaboro, sendo que estes são laváveis. Relativamente ao TNT, há quem diga que é o melhor, mas como esteve esgotado, comecei a laborar com o algodão, que, por acaso, tinha em casa e, material este que não é desaconselhado, pode não ser o melhor, mas foi, realmente, o possível.” Enquanto não chegam as máscaras sociais do Governo Regional, Suzie vai respondendo aos pedidos, e tentando criar máscaras para todos os gostos e em diferentes padrões. “Por enquanto, estou a conseguir dar resposta aos meus pedidos e, entretanto, o Governo Regional dos Açores distribuirá máscaras sociais. Para além disso, há muitas pessoas, tal como eu, a realizar este tipo de trabalho, tal como também há materiais, modelos e padrões para todas as necessidades e gostos. Com tudo isto, o melhor continua a ser mesmo #Ficar em casa!”
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ENTREVISTA
“A CULTURA FOI A PRIMEIRA A FECHAR E SERÁ O ÚLTIMO SECTOR A ABRIR”
É uma crise sem precedentes que afeta a todos. Há setores que se estão a sentir o parente mais pobre de toda esta revolução económica. É o caso da Cultura, tida, segundo Ricardo Cabral, como sempre o parente pobre.
Natacha Alexandra Pastor Criativa Magazine - Foi desde o início desta pandemia – e após conhecidas as medidas do Governo – notório que para os Artistas os apoios disponíveis eram mínimos. Nos Açores o cenário é idêntico ao de Portugal Continental, isto é há de facto um apoio escasso para esta classe? Ricardo Cabral (Promotor Cultural/Gerente da Ricardo Cabral Eventos) - Antes de responder à sua pergunta, é importante perceber que a Cultura foi a primeira a fechar e será certamente o último sector a abrir, os apoios são insuficientes para as empresas pois a produção de um evento leva normalmente um ano de preparação. O cenário é igual ao do Continente, a diferença é que um artista em Portugal Continental ganha mais que um artista nos Açores, mas as contribuições são idênticas. Dos apoios que conhece (e no qual se podem enquadrar os artistas), o que é que estes apoios ‘oferecem’? Os únicos apoios do governo são os gerais para recibos verdes, não existem específicos para artistas. Para artistas existe apenas um fundo criado pela Fundação Calouste Gulbenkian, que promoveu uma candidatura, mas pelo meu conhecimento todos os artistas que se candidataram nos Açores tiveram
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respostas negativas. De algum modo – como promotor cultural – o que lhe parece que falhou? Falha sempre tudo, a cultura será sempre o parente pobre de uma governação. Os cancelamentos dos eventos ou festivais promovidos pelas autarquias, o promotor do mesmo, não tem direito a indemnização, até à data. Foi aprovado no dia 26 de março um Decreto-Lei a obrigar eventos contratados, anunciados ou com o processo iniciado a sinalizar 50% do valor pelo reagendamento para o próximo ano, poderá com este valor pagar artistas, empresas de som, alugueres e afins, distribuindo o dinheiro por todos os intervenientes, ajudando a todos nesta fase sem trabalho. Agora esperamos que possa ser uma realidade nos Açores, visto que esta lei é apenas nacional. Conhecendo bem este mercado, tem noção de quantos artistas que vivendo em exclusivo da música (ou outras artes), podem estar numa situação mais complexa? São largas dezenas para não dizer mais, sabemos de várias pessoas que já começam a passar por sérias dificuldades. Haverá casos que, por vergonha, possam não chegar a ser conhecidos?
Como em todas as profissões, hoje temos muita pobreza escondida e com vergonha. Conhece casos já verdadeiramente graves? Sim, estamos a tentar perceber e acompanhar estes casos para entre os colegas ir arranjando maneira de nos ajudarmos mutuamente. Há alguma tentativa de – de modo organizado – apelarem ao Governo por uma política direcionada aos artistas? Não, só os artistas e promotores que se têm organizado em grupos nas redes sociais, mas sem sucesso. Antes de março, como estava, por exemplo a sua a agenda? E o futuro? A nossa agenda para este ano era muito boa, porque logo a seguir ao carnaval tínhamos o festival Tremor que não aconteceu e todos os eventos até final de julho foram cancelados, ainda não temos confirmações de cancelamentos a partir de agosto, mas tenho muitas dúvidas se os grandes eventos vão acontecer. Como tínhamos muito trabalho confirmado, investimos em equipamentos e de um momento para o outro, os cancelamentos vieram arruinar as empresas que tal como a RCE fizeram o mesmo e estão na mesma situação. A cultura é o ADN de um povo e é sempre a parte mais fraca de uma sociedade.
Segundo notícia recente, todos os artistas que pediram apoio à Segurança Social vão apenas receber entre 130 a 160 euros, quando aquilo que tinha sido comunicado seria que o apoio iria até 400 euros, ou seja a Segurança Social recebe mais do que paga.
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REPORTAGEM ENTREVISTA
RIBEIRA GRANDE ATIVA FUNDO EMERGÊNCIA ABEM COVID-19 O municipio da Ribeira Grande é o primeiro município dos Açores a integrar o grupo de autarquias e IPSS que ativaram o Fundo Emergência Abem COVID-19.
Natacha Alexandra Pastor
O Programa abem: Rede Solidária do Medicamento é um projeto lançado pela Associação Dignitude, e tem como objetivo permitir o acesso, de forma digna, aos medicamentos prescritos a quem não tem capacidade financeira para os adquirir, cobrindo, no receituário, o valor não comparticipado pelo Estado. Em tempo de pandemia e antecipando as dificuldades específicas de muitas famílias portuguesas, o Fundo Emergência Abem COVID-19 já está a ajudar famílias que se viram privadas do acesso aos medicamentos. As entidades de terreno estão a identificar cidadãos que devido à pandemia do novo coronavírus apresentem necessidades específicas para serem apoiados no acesso a
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medicamentos, produtos e serviços de saúde. Este movimento solidário abre portas a todas entidades que se queiram juntar e apoiar os mais vulneráveis. A distribuição dos medicamentos hospitalares, entregues por mais de 20 hospitais, é assegurada pelo Fundo Emergência abem COVID-19, que permite duas hipóteses de receber a medicação: ou em casa ou numa farmácia local, garantindo deste modo que são mínimas as deslocações daqueles que mais precisam desta ajuda. Desde maio de 2016, altura em que foi criado, o Programa já apoiou 13.981 beneficiários de 7.674 famílias, dos quais 12% são crianças. Já foram adquiridas, ao abrigo do abem: 508.288 embalagens de medicamentos.
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ENTREVISTA
A DIFICULDADE DE ESTARMOS A SÓS CONNOSCO PRÓPRIOS
Não somos, por natureza, eremitas. O distanciamento social dos últimos tempos é um desafio, a começar pelas crianças mais pequenas que foram privadas de sair à rua. Há bons conselhos para os pais, as dicas são do psicólogo Paulo do Nascimento Cabral.
Natacha Alexandra Pastor Criativa Magazine - Algum conselho particular para quem tem crianças mais novas? Paulo do Nascimento Cabral - A Ordem dos Psicólogos tem divulgado uma série de conteúdos bastante interessantes sobre a actual pandemia, em que uma das primeiras publicações se debruça exactamente sobre a questão das crianças. Aqui importa perceber que o que acontece com o adulto é exponenciado nas crianças. Obviamente que depende das idades, mas primeiro que tudo, importa fazer com que percebam a situação que estamos a passar, os riscos que correm e quais os factores de proteção. Assim, podem começar a perceber a alteração das suas próprias rotinas (que deverá ser a mínima possível), bem como o facto de não irem à escola ou a casa de outros familiares (avós, p. ex.), como era hábito. Deveremos evitar também que assistam à repetição das más notícias, como as indicações dos números de mortos e infectados. Sentimentos como a irritabilidade, a ansiedade, as chamadas birras, os medos, entre outras, poderão surgir. Nestes casos, os cuidadores têm de ser capazes de
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os enquadrar na situação que estamos a atravessar e serem ainda mais compreensivos e pacientes. Importa responder a todas as questões das crianças, numa comunicação adequada à sua idade, para que não restem dúvidas e não cresça a incerteza nas mesmas. É importante criar espaços/ momentos de reflexão emocional, para que se possam expressar e tranquilizar. Se há conteúdos escolares, estes não devem ser descurados, mas também é importante que se criem momentos lúdicos, aproveitando para realizarem tarefas partilhadas, desde a culinária, às tarefas domésticas, passando por jogos ou outras actividades. Muitas vezes, quando temos muito trabalho, sentimo-nos culpados por não estarmos a dar a atenção devida às nossas crianças. Agora é o momento que podemos aproveitar para compensar um pouco estas ausências. Insisto na importância de se realizar uma planificação semanal das actividades, mas que não seja extremamente rigoroso, pois não há necessidade de interromper abruptamente actividades que estejam a ser prazerosas, mas também não devemos estar muito tempo desocupados, pois a irritabilidade, as birras e os conflitos vão aumentar, bem como diminuir a
paciência dos cuidadores. Basta imaginarmos as crianças constantemente a perguntar “o que vamos fazer agora”, ou “podemos fazer isto”, ou “porque é que…” entre outras questões próprias do nível de desenvolvimento. Por último, é muito importante que percebamos que durante alguns anos partilhamos apenas algumas horas do dia com as crianças e de repente passamos a estar as vinte e quatro horas. Assim, se houver mais que um cuidador, algumas destas tarefas deverão ser feitas de uma forma alternada, para não saturar quer a criança, quer o cuidador. O medo do desconhecido; o medo provocado pelo acumular de tanta informação que circula neste momento, as fake news; os debates acesos nas redes sociais, poderá nesta altura ser um grande embaraço? Que cuidados devemos ter (especialmente pessoas mais frágeis) perante este turbilhão de informações? É muito importante saber filtrar? e saber ficar ausente de algumas paranoias? Sem dúvida. O medo é catalisador de diversos comportamentos e pensamentos irracionais, exacerbando, muitas vezes, algumas características já existentes nas nossas personalidades. Isto associado a uma baixa literacia académica e digital, e a níveis baixos de cidadania, ficamos perante uma situação deveras complexa. É, portanto, fundamental que as pessoas avaliem a situação actual pelos factos que conhecemos e que nos são facultados pelas entidades oficiais. Neste momento em que as pessoas estão em isolamento social, temos duas vias para conseguir fazer passar a
(notoriedade), económicos (venda de produtos e curas milagrosas), políticos (concentrar apoios na crítica ou tirar dividendos das ações desenvolvidas) ou mesmo espirituais (garantir mais apoiantes para as suas confissões), por vezes utilizando meios discutíveis. Além de tudo o que referi, sugiro que dediquemos apenas dois a três momentos diários para saber o ponto de situação da evolução da pandemia da Covid-19 e utilizar as redes sociais para socializar. Antes de emitir uma opinião, temos de perceber se esta será útil de alguma forma. Caso contrário, devemos evitar acrescentar ruído ao que já existe. Vejo já muita agressividade e conflitos nas redes sociais que são um espelho da nossa sociedade, por isto, usem-nas para estarem ligados socialmente e não para acrescentar ansiedade, raiva, stress ou frustração às nossas/vossas vidas que estão a atravessar um momento difícil. Em relação às opiniões dos outros, volto a referir: o importante é termos os factos da situação. Cada um terá uma opinião consoante os seus objectivos. É importante que percebamos isto. Do teu conhecimento profissional há pessoas que desenvolvem problemas mais preocupantes provocados pelo afastamento social? quarentena? Que exemplos podes dar? Tudo depende do tipo de personalidade. Se as pessoas são mais introvertidas, tímidas, ansiosas com o contacto social, este momento não lhes traz grande desconforto. O inverso sim. Pessoas com estilos de vida acelerados, extrovertidas, socialmente confiantes,
mensagem: os órgãos de comunicação social convencionais (informação fidedigna) e as redes sociais (opiniões). Neste sentido, julgo que a autoridade de saúde deveria também criar nas redes sociais um perfil para que possa não só transmitir a informação concreta e factual, sem juízos de valor ou ruído desnecessário, mas também interagir com as pessoas. As linhas telefónicas de apoio são importantes, mas acredito que chegaria a muitas mais pessoas através das redes sociais. Há que compreender que como em tudo na vida, há boas e más pessoas. Aqui também há quem aproveite o momento para tirar benefícios pessoais/sociais
poderão sentir mais dificuldades nesta fase. Da mesma maneira que há um aspecto comum a todos e que começa a ser cada vez mais visível: a dificuldade de estarmos a sós connosco próprios e em silêncio. Achamos que os silêncios têm de ser constantemente preenchidos. Isto é errado. Devemos saber dar valor ao silêncio e sermos capazes de conviver com ele. Temos medo do silêncio, porque vai obrigar-nos a estar a sós com a nossa voz interior e temos por vezes receio do que ela nos dirá. Nada mais errado. Precisamos de paz interior, tranquilidade para que possamos estar completos na plenitude do nosso ser. Nós não nos definimos só pelos outros, apesar de também não nos definirmos sem o outro. Em última análise, somos nós. Identificar o nosso “EU” é muito importante e talvez seja o momento certo para o redescobrir. Na sequência do que
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ENTREVISTA acabei de referir, não posso deixar também de referir que esta situação de confinamento pode potenciar os consumos e comportamentos adictivos. Álcool, tabaco, drogas, jogos e apostas online, são apenas alguns exemplos de produtos e acções que poderão levar a uma maior dependência química e comportamental, com todos os problemas e riscos que daqui decorrem. Gostaria também aqui de reflectir sobre o que o isolamento poderá trazer de negativo no seio de uma família ou relação. Como disse antes, as nossas relações são ajustadas à quantidade de tempo que passamos juntos, ou seja, encontramos um equilíbrio óptimo entre o tempo em que estamos ou não estamos juntos. O envolvimento emocional e afectivo é equilibrado desta forma. Quando alteramos este equilíbrio, temos de reaprender e reajustar este mesmo envolvimento. Se em alguns casos, pode ser uma experiência positiva, porque permite aprofundar os sentimentos, a união entre estas pessoas, por outro lado, poderá igualmente ser negativo, pois ao passarmos ainda mais tempo com estas pessoas, podemos chegar a conclusões menos boas sobre estas relações. Ou porque descobrimos uma faceta da personalidade que não conhecíamos, ou porque a intolerância à frustração se instala, ou porque simplesmente vemos a nossa liberdade limitada por outra pessoa. Também aqui, temos de ter atenção ao estado emocional e psicológico, quer ao nosso, quer ao dos outros que nos rodeiam. Acrescento ainda a importância de contactarmos com aqueles familiares ou conhecidos que possam estar infectados ou sujeitos a quarentena. É fundamental que sintam o nosso apoio e afecto. Não os podemos ostracizar ou excluir, até porque o vírus não se propaga através do telefone ou do computador. Destaco ainda o facto de sabermos distinguir os nossos desejos das nossas necessidades. Os desejos não são necessidades que têm de ser satisfeitas imediatamente. Há que estabelecer uma ordem de prioridades e distingui-las claramente. Uma última palavra sobre aqueles que sofrem de ansiedade crónica ou de ataques de pânico, mas também de depressão. Nestes casos, a situação pode ser ainda mais difícil. No caso das perturbações da ansiedade, a falta de controlo dos estímulos exteriores, da situação, poderá levar ao aumento desta perturbação. No caso das pessoas que sofrem de depressão, este momento é o reforço positivo que valida os seus comportamentos e pensamentos. É óbvio que é um desafio maior, mas quer uns quer outros, devem continuar a ser acompanhados, procurar ajuda profissional ou junto do seu próprio núcleo familiar. As novas tecnologias permitem já o acompanhamento à distância, pelo que não há razões para continuarem a sofrer, agora, isolados. Muitas vezes não pensamos neles mas os profissionais de saúde, que são quem mais lida com a doença e potenciais
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mortes, também podem ser afetados por alguma angústia/desespero/sentimento de incapacidade? Que palavras e/ ou conselhos ficam para estes todos? Uma primeira palavra de agradecimento. É óbvio que foi esta a profissão que escolheram, para o bem ou para o mal, mas sabemos que na maior parte dos casos vão muito além do que lhes é pedido, muitas vezes sem todas as condições necessárias para a realização do seu trabalho, e neste caso concreto, podendo pôr em risco as suas próprias famílias. Por tudo isto e por muito mais: Obrigado. Em segundo lugar, são profissionais que estão preparados para lidar com a doença e com a morte. A questão que aqui se coloca é a dimensão (muitas pessoas doentes e muitas mortes em simultâneo), e algum desconhecimento sobre o próprio vírus, pois diariamente sai informação científica com recomendações por vezes opostas. Recordo o exemplo do uso das máscaras em que inicialmente nos foi dito que aumentavam o risco de contágio e que só deveriam ser usadas pelas pessoas infectadas, e agora referem que devido à descoberta de novas formas de transmissão, as máscaras devem ser utilizadas por todos. Voltando aos profissionais de saúde, chocou-me ler a notícia de uma enfermeira que se suicidou com 34 anos depois de saber que tinha contraído o vírus. Aquilo que viu e tratou deve ter sido tão esmagador, que a levou a não querer passar pelo mesmo. É aqui que temos de intervir. Prevenir estas situações, a desmotivação, o desânimo, o burnout, o sentimento de incapacidade ou de impotência. É bom que os profissionais de saúde percebam que não são máquinas, que se cansam, que têm sentimentos e emoções e que também têm família. À medida que os dias passam, vão-lhes ser pedidos sacrifícios e disponibilidade enormes e nós todos dependemos deles. Têm sobre os ombros, uma incomensurável responsabilidade e esta pressão poderá acelerar os sentimentos negativos que acima referi. O meu conselho, se me é permitido, é que elejam uma pessoa, de preferência um profissional ou alguém com quem se sintam muito à vontade, fora do círculo familiar, e desabafem sempre que necessário. Se tiverem de rir, que riam, se tiverem de chorar, que chorem até secarem as lágrimas, e que o façam com regularidade. Não se sintam culpados pelas eventuais mortes que possam assistir. Sintam-se responsáveis apenas por aquilo que conseguem controlar totalmente. E vivam também. Tirem algum tempo para poderem recuperar energias físicas, mentais e emocionais. Não se esqueçam que o cansaço e a rotina é um dos principais factores desencadeadores do erro humano, pelo que importa dosear o voluntarismo. Não se esqueçam: podem dar dez ou quinze más notícias por dia, mas quem as ouve, será pela primeira vez. Saber comunicar é uma competência fundamental e é complementar ao tratamento físico. De resto, têm todo o nosso apoio e confiança.
REPORTAGEM
SINDICATO PEDE ASSISTÊNCIA A FILHOS PARA OS DOCENTES
Em teletrabalho, e a dar aulas à distância, as últimas duas semanas da introdução deste conceito foram já analisadas pelo SPRA que aponta várias falhas ao sistema implementado. Entre as medidas urgentes consta a necessidade dos docentes poderem recorrer à assistência a filhos decorrente do encerramento dos estabelecimentos de ensino, creches e ATL, adaptando a legislação que os impede de aceder a essa possibilidade, pelo facto de estarem em teletrabalho.
Natacha Alexandra Pastor O sindicato esteve a analisar as duas primeiras semanas do ensino à distância, e numa primeira abordagem, diz que os professores estão a viver um “esforço suplementar, que, em inúmeros casos, tem levado a um estado muito próximo da exaustão, não só decorrente das dificuldades acima referidas, mas também pela multiplicação de tarefas e pelas solicitações que vão muito para além do horário de trabalho. Pelas informações recolhidas, os Diretores e Titulares de Turma estão ainda mais sobrecarregados, até pelo facto de serem estes docentes que têm contactos mais privilegiados com as famílias e de fazerem as pontes com os outros docentes da turma. O serviço exigido aos docentes está, assim, a obrigá-los a cumprir horários muito acima do legalmente estabelecido, com uma pressão e um ritmo muitas vezes desumano, para conseguirem dar resposta à necessária adaptação à nova realidade, tendo, para o efeito, também de gerir as orientações da DRE, que chegam a toda a hora.” Acresce, refere o mesmo sindicato, que muitos agregados familiares de docentes estão a tentar conciliar a vida pro-
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fissional com a vida familiar, o que provoca um desgaste acrescido nos casos em que existem crianças. Nos problemas apontados também se incluem os recursos de trabalho, já que a tutela não ouviu os professores quanto à capacidade de trabalharem em teletrabalho, e, se para o efeito tinham os recursos necessários, nomeadamente equipamento informático. No formulário que foi produzido para o efeito, a secretaria regional da Educação apenas teve em conta os alunos e os pais destes e esqueceu-se dos docentes, aponta o SPRA. E até mesmo neste aspeto, frisa António Lucas, já se percebeu que o inquérito “não permitiu um conhecimento objetivo das situações, uma vez que o referido inquérito não permitia saber quantos utilizadores existiam para o mesmo equipamento, nem se havia pais ou encarregados de educação em teletrabalho. Ressalvamos, no entanto, o esforço da tutela e de outras instituições para que a totalidade das famílias pudesse ter um equipamento em casa – apesar de esse objetivo não estar, à data, cumprido.”
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ENTREVISTA
“A COVID-19 VEIO ALTERAR RAPIDAMENTE AS NOSSAS ROTINAS”
Marta Ávila Fraga é natural dos Açores, mas está a trabalhar num hospital em Lisboa, e tem experienciado uma nova realidade nos últimos tempos. Passou a sair de casa somente para trabalhar, o que agora faz a pé, e para fazer as compras necessárias. No hospital muitas ações mudaram.
Natacha Alexandra Pastor Criativa Magazine- A Marta trabalha num grande hospital. O que é que mudou mais na sua rotina diária? Seja no local de trabalho ou em casa? Marta Ávila Fraga (Médica Interna do 2º Ano de Patologia Clínica) - Esta pandemia veio, sem dúvida, alterar a rotina de todos nós. E, no meu caso, a minha rotina diária também sofreu alterações. Desde a 2.ª semana do mês de março, passei a sair de casa somente para trabalhar, e ir ao supermercado, padaria ou farmácia, quando necessário. Atualmente, vou para o Hospital, e venho, a pé. Antes usava o Metropolitano de Lisboa. No trabalho, tivemos de nos acostumar a utilizar máscara, diariamente. Aliás, em todo o Hospital, é mandatório que todas as pessoas usem máscara. Habituamo-nos a ter de lavar e desinfetar as mãos com muito maior frequência; as superfícies passaram a ser desinfetadas muito mais vezes do que anteriormente ocorria; usamos luvas sempre que se justifique, além de todas as situações em que já as usávamos antes da pandemia; aprendemos a ter de respeitar o distanciamento social exigido e a não realizar aglomerações. E, além disto, tivemos de aprender a reinventar os cumprimentos e estratégias de comunicação verbal e não verbal entre todos nós: passámos a sorrir de uma forma mais evidente, para que as máscaras não tapem o aconchego de um sorriso, a ter que exprimir por palavras o que antes transmitíamos num cumprimento de mão e a acenar e gesticular muito mais do que outrora o fazíamos. Sabemos que será temporário, mas conhecemos perfeitamente a importância da empatia numa profissão como a nossa. E essa não pode, nem deve, ser esquecida mesmo em tempos de
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pandemia. Em casa, a minha rotina também mudou. Passei a ter uma zona que designo “infetada”, logo no hall de entrada. Sempre que venho da rua, descalço-me à porta, desinfeto as mãos e tudo o que trago. A seguir, tomo banho e lavo toda a roupa usada desse dia. A lavagem e desinfeção das mãos, bem como das superfícies mais utilizadas, também passou a ser feita com muito maior frequência. A nível alimentar, sempre que posso, opto pelos alimentos cozinhados em detrimento dos alimentos crus. No âmbito social, para comunicar tanto com a minha família (cuja maioria se encontra a mais de 1800 kms de distância), como com os meus amigos, comecei a utilizar muito mais as plataformas digitais. Os jantares em família passaram a ser virtuais. Os convívios entre amigos adquiriram uma nova dimensão. Os aniversários também passaram a ser comemorados através destes meios. Os tempos exigem que nos adaptemos, diariamente, e se há algo que nos ajuda nisso é, sem dúvida, a tecnologia. É também curioso que, com esta pandemia, até a comunicação entre vizinhos do prédio onde moro se tornou diferente. Cá em Lisboa, nos tempos em que vivemos, os vizinhos passaram a não dizer apenas “olá, bom dia” ou “boa tarde, como está?”, mas isso foi substituído por um “olá bom dia, espero que esteja tudo bem consigo e com a sua família” ou “boa tarde, como tem passado toda esta fase?”. A COVID-19 veio alterar, e de forma muita rápida, as nossas rotinas. É muito importante que possamos aprender com as dificuldades, superá-las a cada dia e viver sempre com um sorriso e esperança no dia de amanhã. E dentro disto o que é que foi difícil de encaixar
ou de aprender? Somos seres humanos. E a verdade é que temos de nos adaptar às circunstâncias. Considero que, no meu caso, tem sido uma adaptação contínua e evolutiva, conforme é exigido. Tenho tentado dar sempre o meu melhor, a mim e aos outros. Não poder conviver pessoalmente com as pessoas, dando-lhes aquele abraço, cumprimento ou beijinho que antes dava, bem como ter de permanecer em casa mais tempo do que outrora acontecia, tem sido o mais desafiante. Mas nem tudo é mau. Toda esta época também nos desafia a nós próprios: faz-nos refletir e ter ainda mais amor pela vida, ajuda-nos a ser mais tolerantes connosco e com os outros e ensina-nos, sem dúvida, a dar mais valor ao que temos. A maioria dos portugueses estará bem consciente da gravidade deste vírus e isso nota-se pela forma responsável como evitam sair à rua, e, saindo, cumprindo regras de higiene e de distanciamento. Nota isso onde vive e trabalha? Sim, na zona em que trabalho, nota-se isso, até pelos exemplos que já referi anteriormente. Na zona onde vivo, noto que o distanciamento social, quando as pessoas saem à rua, de uma forma geral, tem sido bastante cumprido por todos, desde cedo. Sobre as regras de higienização e proteção individual, tenho-me apercebido que a sua evolução tem sido mais em crescendo e não tanto em exponencial. A cada semana vou-me deparando com uma maior adesão por parte das pessoas. Como profissional de saúde, sempre que me é possível, zelo por isso. São pequenos gestos, mas que, de alguma forma, poderão fazer a diferença. Estando longe de casa, tinha férias ou viagem pendente para vir a casa? Vai fazêlo? Ou vai evitar viagens este ano? Sendo açoriana e vivendo em Lisboa, tento aproveitar a maioria das férias para ir aos Açores. Há poucas coisas nesta vida, além da fé, da paz e do amor, que sejam tão gratificantes como voltar às nossas origens. Rever as pessoas e os locais que nos ensinaram e viram crescer é, no mínimo, incrível. Quando estava na Faculdade conseguia ir pelo menos 3 vezes por ano à ilha das Flores. Desde que comecei a trabalhar, tenho conseguido ir apenas 2 vezes. A terceira ida nem sempre se consegue concretizar. Este ano já fui uma vez. A semana em
que lá estive deu para matar saudades dos 5 meses em que não estive lá. E hoje reconheço que toda a força e energia açoriana que de lá trouxe, estão, sem dúvida, a ser muito importantes para viver cada dia dos tempos atuais. Antes da presente situação de pandemia, ponderava voltar de férias aos Açores em setembro. Agora tudo está em aberto. Dependerá do evoluir da situação em cada um dos próximos meses. Se não for permitido, ou se os riscos não compensarem os benefícios, apesar de custar muito, não irei fazê-lo, para o meu bem e dos açorianos. É importante começar a assimilar e não deixar cair estas regras que vimos tomando nestas semanas, porque vamos ter de regressar a uma atividade diária. Como profissional de saúde, que mensagem deixa para os próximos tempos? O que pode fazer? O que tem de tomar cuidado ao fazer? O que não deve/pode fazer? Estamos a viver a primeira pandemia do século XXI. Para a maioria, a primeira pandemia das nossas vidas. Portugal teve de se adaptar. O mundo teve de se adaptar. Tivemos todos de nos adaptar. Temos todos de continuar a fazer o nosso melhor, todos os dias. Não podemos, de forma alguma, nesta fase, deitar a perder tudo o que já construímos até este momento. Os próximos tempos serão desafiantes. A superação desta situação, quer agora no combate à infeção provocada por este vírus, quer nas próximas semanas e meses, com as consequências derivadas do mesmo, DEPENDERÁ DE TODOS NÓS. É essencial continuarmos a realizar todos os cuidados e medidas de higienização, proteção individual e distanciamento social que já nos têm vindo a ser ensinados. É essencial continuarmos a evitar aglomerações e só sairmos de casa quando se justificar. É essencial continuarmos a fazer um esforço para pôr em prática todas as recomendações dadas pelas Autoridades do nosso país e do mundo. É essencial aprendermos a ser cada vez mais tolerantes uns com os outros; ajudarmo-nos, cada vez mais, uns aos outros. É essencial termos fé, paz e amor. Porque o essencial, mesmo, é que nunca nos esqueçamos, em circunstância alguma, de que “JUNTOS SOMOS MAIS FORTES”.
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REPORTAGEM ENTREVISTA
FESTAS E FESTIVAIS CANCELADOS
No início do ano de 2020, já quase toda a agenda cultural e festiva para o presente ano estava definida. Em abril, a maioria das atividades foram suspensas em alguns casos, noutros canceladas. Até ao verão, pouco ou nada vai de facto ter lugar.
Natacha Alexandra Pastor As festas de verão, as festividades culturais, as maiores festas religiosas, praticamente todas elas, foram canceladas ou, em poucos casos, estão suspensas, a aguardar por melhores definições do que pode vir a ter lugar por daqui a poucos meses. Para já, o Governo dos Açores e o Governo da República, recomendam muitas cautelas para eventos em espaços fechados, e mesmo nos espaços ao ar livre, que não garantam o distanciamento social exigido. Em São Miguel contam-se já dezenas de eventos totalmente cancelados. Por concelho, e por ordem de maior destaque, por exemplo, Ponta Delgada decidiu cancelar, até ao momento, todos os eventos de verão programados, estudando, porém, novas formas de pôr de pé algumas iniciativas que se possam enquadrar na época atualmente vivida. Na cidade da Ribeira Grande, o cenário é praticamente
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idêntico, em especial no que respeita aos eventos da responsabilidade da autarquia, que faz saber à nossa redação que a Festa da Flor; a Feira do Chocolate; a Feira do Livro; as festas em honra do Espírito Santo; as históricas Marchas e Cavalhadas de São Pedro assim como a Feira Quinhentista estão oficialmente canceladas em 2020. A decisão de cancelar os eventos de verão, diz a autarquia, fica a dever-se a toda a situação atual em torno da pandemia, e que estão, por ora, até melhor análise, programados apenas os eventos já agendados para o último trimestre do ano, mas a seu tempo, até estes podem vir a ser suprimidos. A decisão da Câmara da Ribeira Grande permitiu, por outro lado, canalizar todo o dinheiro destas festas, num montante de 500 mil euros, para respostas imediatas de apoio social. No que respeita a outros eventos que estão agendados
REPORTAGEM
para ter lugar no concelho, mas cuja responsabilidade é de terceiros, a mesma autarquia refere que não conhece ainda qualquer decisão por parte dos promotores dos mesmos, nomeadamente, no que se refere ao RFM Beach Power (julho); Festival Monte Verde (agosto); Festival Azores Burning Summer (agosto); Festival Internacional de Folclore do Porto Formoso (agosto); Wine in Azores (outubro) e Exposição canina (novembro). O município de Lagoa seguiu a mesma linha e deu nota da não realização de vários concertos e festas que já estavam delineados para o verão. A saber disse que não vai organizar nem o Festival Lagoa Bom Porto, nem o Império de São Pedro, nem o IN Lagoa, nem o Caloura Blues. Em Vila Franca do Campo, até à data, a decisão tomada vai no sentido de cancelar toda a programação cultural até ao dia 24 de junho, incluindo o cancelamento
das festas de São João, um dos momentos mais importantes do concelho. Desta data em diante, segundo nos informa a autarquia, a suspensão ou cancelamento de outros eventos será analisada caso a caso, e sempre tendo em conta as orientações que vão sendo emanadas pelas autoridades de saúde e governativas. Já no Nordeste, e num comunicado entretanto tornado público, o município informou do cancelamento de todas as atividades e espetáculos programados para assinalar as festas do Nordeste que decorrem no mês de julho. Na Povoação, e apesar da nossa tentativa junto da autarquia, não foi possível auscultar qual a orientação para os próximos tempos, porém foi tornado público que um dos festivais mais mediáticos do concelho, a Festa do Chicharro só vai ter lugar em 2021, tendo a organização anunciado que não era possível levar a efeito este mega festival de verão.
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REPORTAGEM ENTREVISTA
AÇORES CANDIDATAM 22 ITENS CULTURAIS ÀS 7 MARAVILHAS DE PORTUGAL
Vários concelhos açorianos submeteram a concurso várias festas, entidades e adereços regionais à edição deste ano. Lajes do Pico é o concelho com maior número de elementos submetidos.
Natacha Alexandra Pastor
A Organização das 7 Maravilhas de Portugal® recebeu 504 candidaturas ao seu concurso de 2020, dedicado à Cultura Popular. Estas candidaturas foram avaliadas pelo Conselho Científico, que acabou por atribuir o selo de Nomeado a 471. Os resultados da avaliação pelo Painel de Especialistas, a 3ª fase do concurso, serão conhecidos a 7 de Junho, com atraso de 1 mês, em virtude dos constrangimentos causados pela covid-19. Nessa fase, o Painel de Especialistas composto por 7 elementos de cada um dos 18 distritos e 2 regiões autónomas, elege 7 patrimónios de cada região, num total de 140 finalistas regionais, que participarão nas respetivas eliminatórias regionais. A 7 de Junho serão igualmente divulgadas as próximas etapas do concurso, que estão neste momento condicionadas à evolução da pandemia causada pela covid-19.
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Lista das candidaturas açorianas Calheta: Festas em honra do Divino Espírito Santo; Romaria do Senhor Santo Cristo da Fajã da Caldeira. Lagoa: Arte Bonecreira e Festival de Cantorias ao Desafio. Lajes do Pico: Artesanato Baleeiro; Bandas Filarmónicas do concelho das Lajes do Pico; Bote Baleeiro; Espírito Santo; Procissão em honra de Nª Sra de Lourdes; Regatas de Botes Baleeiros; Semana dos Baleeiros. Madalena do Pico: Chamarrita do Pico e Festas do Divino Espírito Santo. Nordeste: Traje Regional de São Miguel. Ponta Delgada: Escamas de Peixes; Procissão do Senhor Santo Cristo dos Milagres; Lenda das Sete Cidades e Presépio de Lapinha. Ribeira Grande: Cavalhadas de São Pedro. Vila Franca do Campo: Apito da Vila Nova; Eh! Louça da Vila e Pezinho da Vila.
REPORTAGEM
PSP DESENVOLVER OPERAÇÃO PLANETA AZUL A Polícia de Segurança Pública (PSP) vai continuar a desenvolver diversas ações de informação, mas também de fiscalização, incidindo o seu foco em algumas regras que devem ser acauteladas.
Natacha Alexandra Pastor Numa nota informativa, a PSP recorda que, no novo contexto de calamidade pública, os cidadãos em geral deverão utilizar máscaras ou viseira para poderem aceder a serviços públicos, transportes públicos ou espaços comerciais. Estas e outros equipamentos de proteção, como fatos ou luvas, terão de ser tratados como resíduos perigosos e descartados, recolhidos, transportados e tratados apropriadamente. “Em termos operacionais, durante esta operação a PSP procederá à fiscalização sucessiva e aconselhamento sobre as normas aplicáveis tanto junto dos cidadãos e espaços produtores de resíduos (comércio, unidades de saúde e ou-
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tros) como, primordialmente, junto de pontos de recolha, transportadores e operadores/gestores de resíduos perigosos. Por intermédio das redes sociais, a PSP continuará a difundir conselhos práticos sobre a gestão do equipamento de proteção individual essencial a todos os cidadãos no presente contexto de contenção pandémica. Para os cidadãos em geral, o principal conselho será a absoluta necessidade de as máscaras, viseiras e luvas já utilizadas serem sempre depositadas no lixo comum (e nunca na reciclagem), em recipientes de tampa fechada.”
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CONSULTÓRIO JURÍDICO
com:
Carlos Melo Bento ADVOGADO
Tem conhecimento ou é real que numa fase de crise sanitária como a atual a execução de testamentos ou de procurações cresce e é mais justificável para quem tem uma preocupação superior? Para as procurações não existe qualquer previsão legal para uma situação dessas. Para os testamentos sim. Vejamos: Um testamento é a declaração de última vontade dum cidadão de maior idade ou emancipado, no uso de todas as suas faculdades mentais, sobre os seus bens, para valer para depois da morte. Pode-se fazer e desfazer testamentos quantas vezes se quiser, enquanto o testador estiver bom da cabeça, ou seja, enquanto estiver no uso de todas as suas capacidades mentais. Há vários tipos de testamento mas todos têm que ser feitos ou aprovados por notários, ou por certas entidades que a lei prevê, por exemplo, comandantes de navios, aeronaves, juízes, sacerdotes, etc. Para o nosso caso, teremos que ver as particularidades determinadas por lei para o caso de calamidade pública, guerras, epidemias, etc. O Código Civil é a lei que regulamente a parte mais importante desta matéria e vou transcrever aqui 3 artigos para poderem compreender esta questão: Artigo 2220.º (Testamento feito em caso de calamidade pública) 1. Se qualquer pessoa estiver inibida de socorrer-se das formas comuns de testamento, por se encontrar em lugar onde grasse epidemia ou por outro motivo de calamidade pública, pode testar perante algum notário, juiz ou sacerdote, com observância das formalidades prescritas nos artigos 2211.º ou 2212.º 2. O testamento será depositado, logo que seja possível, na repartição notarial ou em alguma das repartições notariais do lugar onde foi feito. NOTE BEM: estes pequenos conselhos não dispensam a consulta a um advogado. Pois, cada caso é um caso e, para se dar um conselho, é preciso saber muitos detalhes que não cabem nas perguntas que me são feitas.
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CONSULTÓRIO JURÍDICO Portanto, logo que acabe a epidemia, o testador tem de promover a entrega do testamento a um notário que se torna assim, o princípio ou o fim da questão do testamento. Para completar este cenário temos que ver os dois artigos ali citados: Artigo 2210.º (Testamento de militares e pessoas equiparadas) Os militares, bem como os civis ao serviço das forças armadas, podem testar pela forma declarada nos artigos seguintes, quando se encontrem em campanha ou aquartelados fora do País, ou ainda dentro do País mas em lugares com os quais estejam interrompidas as comunicações e onde não exista notário, e também quando se encontrem prisioneiros do inimigo. Para ver como ele faz isso temos que ler o que diz o Artigo 2211.º (Testamento militar público) 1. O militar, ou o civil a ele equiparado, declarará a sua vontade na presença do comandante da respectiva unidade independente ou força isolada e de duas testemunhas. 2. Se o comandante quiser fazer testamento, tomará o seu lugar quem deva substituí-lo. 3. O testamento, depois de escrito, datado e lido em voz alta pelo comandante, será assinado pelo testador, pelas testemunhas e pelo mesmo comandante; se o testador ou as testemunhas não puderem assinar, declarar-se-á o motivo por que o não fazem. Bem como o Artigo 2212.º (Testamento militar cerrado) 1. Se o militar, ou o civil a ele equiparado, souber e puder escrever, pode fazer o testamento por seu próprio punho. 2. Escrito e assinado o testamento pelo testador, este apresentá-lo-á ao comandante, na presença de duas testemunhas, declarando que exprime a sua última vontade; o comandante, sem o ler, escreverá no testamento a declaração datada de que ele lhe foi apresentado, sendo essa declaração assinada tanto pelas testemunhas como pelo comandante. 3. Se o testador o solicitar, o comandante, ainda na presença das testemunhas, coserá e lacrará o testamento, exarando na face exterior da folha que servir de invólucro uma nota com a designação da pessoa a quem pertence o testamento ali contido. 4. É aplicável a esta espécie de testamento o que fica disposto no n.º 2 do artigo antecedente. Acabada a epidemia ou qualquer das outras calamidades o testador, se não tiver morrido, tem dois meses para ir ao notário legalizar o testamento ou revoga-lo ou substituí-lo conforme for de sua vontade. Isto não responde à questão que nos foi colocada mas nestas situações, é natural que haja casos em que as pessoas com receio duma morte que parece eminente, queiram dispor para depois da morte, sobre o destino dos seus bens. Em casos de união de facto, filhos ilegítimos não reconhecidos, crianças criadas como filhos sem serem adotadas, dívidas de consciência, gratidão por atos de coragem que salvaram a vida, etc. Mas, concretamente, não tive nenhum caso. Ao advogado compete preparar o testamento conforme a vontade do seu cliente e corrigir alguma ilegalidade (por exemplo, deserdar filhos, o que é ilegal com exceções muito raras, etc). Tanto quanto julgo saber, os notários, apesar de estarem fechados para atos notariais normais, mantêm os serviços abertos para os testamentos, considerados, quase sempre, urgentes. Saúde para todos!
Tem alguma questão jurídica que gostaria de ver respondida? Envie-nos por email: criativa.azores@gmail.com
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CONSULTÓRIO DA SAÚDE
Coloque uma questão dirigida ao Consultório da Saúde utilizando o e-mail: consultoriodasaude@hotmail.com
QUANDO O MEDO TOMOU CONTA DE NÓS… João Bicudo Melo Médico e Psicólogo Clínico
Vivemos um tempo diferente! De um dia para o outro fomos todos confrontados com uma realidade difícil e desafiante. Um novo vírus, desconhecido da comunidade científica, sem antecedentes na história da Medicina recente, veio transformar por completo as nossas vidas e as nossas formas de viver em comunidade. Instalou-se o medo… O medo da doença, do contágio descontrolado, da necessidade da paralisação em massa como forma de contenção da sua disseminação, das repercussões económicas, da degradação das condições de vida, a separação de famílias… Sofremos todos, até com o isolamento que nos foi imposto. Elemento fundamental para a nossa própria proteção, mas que não deixa de acarretar sacrifício. Porém, num mundo global, tecnologicamente avançado, com novas formas de comunicação digital que permitem conexões sem precedentes na história da humanidade, percebemos que o estarmos fisicamente uns com os outros é fundamental. Afinal, dependemos muito mais uns dos outros do que talvez tenhamos imaginado. Talvez, a nossa presença física e concreta, mesmo que em encontros por nós banalizados como, por exemplo um jantar de família ou de amigos, seja muito mais importante. Quem sabe, tenhamos todos subvalorizado as banalidades da vida! Aprendi nos meus tempos de estudante da licenciatura em Psicologia Clínica no Porto que “só somos na relação”. Aprendi também que a dimensão física do toque também é uma forma de linguagem. Aprendi que o “humanismo implica estar com”. No entanto, não tinha aprendido nada, pois a verdadeira aprendizagem implica sentir e só agora sinto como são verdadeiros estes conceitos teóricos, até então tidos por adquiridos.
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Igualmente como médico, fui treinado a acreditar que a Medicina se aproximava do conhecimento total de um grande número de fenómenos biopatológicos. Afinal, enganei-me. Sinto que pouco sabemos… Um novo vírus, uma mísera partícula, que mata sem piedade, para o qual são escassas as respostas medicamentosas e que obrigou, num piscar de olhos, a uma reestruturação completa de organizações e instituições de saúde. Num ápice, tudo mudou… Alteramos a trajetória do certo e entramos no caminho do incerto, esperançosos, porém, que a genialidade humana, à semelhança do verificado para outras doenças, possa solucionar este problema e encontrar respostas profiláticas e terapêuticas num curto espaço de tempo. Numa sociedade tecnicamente diferenciada, culturalmente avançada e globalizada, experimentamos todos viver num mundo paralisado. Percebemos todos que, afinal, somos muito mais vulneráveis do que talvez tenhamos algum dia pensado. Passamos a sentir a falta que nos fazem os outros. Encarnamos a experiência da dependência que temos uns dos outros. Passamos a valorizar mesmo aqueles que anteriormente tínhamos como não necessários. Não nego que foi, pelo menos para mim, uma aprendizagem violenta e cruel, mas fundamental na forma de viver e experimentar a vida. Amanhã, quando tudo regressar à normalidade, é bom que não nos esqueçamos deste período. Tê-lo presente na nossa memória abonará contra o individualismo e auto-centrismo. Talvez, depois de tudo isto passar, nós vamos ser todos melhores e juntos conquistar uma sociedade mais justa. Até lá, cumpra com as recomendações da autoridade de saúde. Seja responsável. O sacrifício de hoje dará os seus frutos amanhã.
José Andrade
AÇORIANIDADE Açores no Mundo é um livro sobre as 15 Casas dos Açores existentes em Portugal, Brasil, Estados Unidos da América, Canadá, Uruguai e Bermudas. Foi editado pela Letras Lavadas, em 2017. O seu lançamento nacional ocorreu em Lisboa, no mês de março, comemorando os 90 anos da nossa primeira Casa dos Açores. O seu lançamento regional ocorreu em Ponta Delgada, no mês de maio, integrando as Festas do Senhor Santo Cristo dos Milagres. O seu lançamento internacional ocorreu em Toronto, no mês de setembro, complementando a assembleia geral do 20º aniversário do Conselho Mundial das Casas dos Açores. Este livro tem prefácio do Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, e inclui mensagens institucionais do Presidente do Governo da Região Autónoma dos Açores, Vasco Cordeiro, e do então Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro. Os antigos presidentes do Governo dos Açores, Mota Amaral e Carlos César, escrevem também nesta obra dedicada à diáspora açoriana, que inclui ainda depoimentos inéditos dos Embaixadores dos Estados Unidos da América, do Canadá, do Brasil, do Uruguai e do Reino Unido acreditados em Lisboa. A obra encontra-se estruturada em três partes distintas, sobre a Emigração Açoriana, as Casas dos Açores e o Conselho Mundial das Casas dos Açores. Na sua componente central, aborda o passado e o presente das Casas dos Açores atualmente existentes em Lisboa, Rio de Janeiro, Hilmar (Califórnia), Quebeque, Norte, São Paulo, Bahia, Nova Inglaterra, Ontário, Winnipeg, Algarve, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Uruguai e Bermuda. Para cada uma das 15 “embaixadas” das 9 ilhas no mundo, o
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livro apresenta um retrato da comunidade envolvente, o historial da Casa dos Açores, a galeria dos sucessivos dirigentes e uma mensagem do seu atual presidente. Vale a pena partilhar aqui o honroso prefácio do Presidente da República: “A presente obra apresenta três méritos inquestionáveis. O primeiro é ajudar a conhecer melhor a projeção no mundo desse verdadeiro paraíso terreno que são os Açores. O segundo é homenagear a saga dos Açorianos por todo o mundo, embaixadores notáveis que são da sua terra amada e de Portugal. O terceiro é a própria personalidade do autor, reconhecida, pelos mais variados quadrantes açorianos, como um homem probo, dedicado à causa pública, servidor dedicado do interesse coletivo. Por tudo isso, bem-haja José Andrade e auspicioso seja o 90º aniversário da primeira Casa dos Açores em Lisboa, e primeira de muitas outras, que honram os Açores e enobrecem a nossa Pátria Comum. Lisboa, março de 2017, Marcelo Rebelo de Sousa”
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DESPORTO MOTORIZADO
DESPORTO AUTOMÓVEL
AS EQUIPAS E O…. VÍRUS O futuro do desporto automóvel continua a estar indefinido. A actividade desportiva mantém-se suspensa até ao próximo dia 31 de Maio, salvo se houver indicações ao contrário. Neste momento, apesar das dúvidas, a vontade das equipas é regressar à estrada.
Renato Carvalho
Pedro Carreiro e Silva/FamilyPic
PAULO GOULART, DIRECTOR DO TEAM ALÉM MAR “A MODALIDADE ENCONTRA-SE NUMA ENCRUZILHADA, SENDO NECESSÁRIO DELIBERAR SOBRE O FUTURO” Criativa Magazine - Que apreciação faz do que se está a passar actualmente nos ralis da região? Paulo Goulart - Antes de efetuar uma apreciação sobre o que se está a passar actualmente nos ralis da região, gostaria de frisar que é muito mais importante e dramático, o efeito sobre a nossa sociedade, a nossa economia e o nosso modo de vida. Estes temas, a par da salvaguarda das condições da nossa saúde pública, deverão constituir a base da nossa atenção para a recuperação e estabilidade da sociedade açoriana. Sem dúvida alguma que, também, o impacto sobre os ralis é grande. E, por sua vez, também contribui para o adensar da já evidente crise económica que iremos atravessar.
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É sabido que esta modalidade implica avultados investimentos por parte dos praticantes e por parte dos clubes. No entanto, como resultado da sua atividade, gera receitas para toda a cadeia de valor, em cada concelho/ilha onde se realizam as provas do campeonato regional. É por este motivo que a ausência de competição coloca em causa a sustentabilidade do modelo actual para todos, obrigando a planear o futuro de todas as partes envolvidas, garantindo a sua continuidade e proporcionando longevidade de competição aos fãs. O impacto desportivo é imensuravelmente negativo para os pilotos, mas também para os clubes, para os patrocinadores e para os adeptos da modalidade que não podem usufruir da mesma. Que deliberações seriam necessárias para os ralis voltarem a estrada? Diria que a modalidade encontra-se numa encruzilhada,
sendo necessário deliberar sobre o futuro a médio/longo prazo. É de extrema importância que os clubes, a nível regional, e a Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting encontrem o equilíbrio necessário que garanta a todos os stakeholders a sustentabilidade da modalidade. Só assim, se poderão encontrar as condições necessárias que possibilitem o regresso dos ralis. Porém, realisticamente equacionando o futuro a breve prazo, tenho dúvidas que seja possível fazê-lo em 2020. Nos Açores, devido à sua natureza geográfica, disputa-se um campeonato que implica custos acrescidos ao nível das deslocações e estadias para todas as equipas. No entanto, isto só era possível devido à existência e disponibilidade de meios de transporte marítimo e aéreo que possibilitavam a participação num campeonato em cinco ilhas diferentes. Custos à parte, a calendarização era benéfica em termos de
tempo entre provas, possibilitando os trânsitos e as intervenções nas viaturas alterando os seus set up’s entre terra e asfalto. Considerando o actual cenário e limitações para a realização de eventos desportivos, será muito complicado encontrar uma configuração de calendário que permita a realização do Campeonato dos Açores de Ralis em 2020. O Team Além Mar e o apoio às organizações é para continuar? Este é um momento de pensar nos apoios necessários e nas soluções que se devem adoptar para sairmos da crise onde nos encontramos como sociedade. O apoio aos clubes e ao Team Além Mar, em particular, será para continuar. Naturalmente a Fábrica de Tabaco Estrela avaliará as condições mediante as quais será possível retomar a realização de provas e a realização do respetivo Campeonato dos Açores de Ralis.
GONÇALO MOTA, DIRECTOR DA PLAY/AUTOAÇOREANA RACING “DINAMIZAR UMA ECONOMIA QUE PRECISA DE IMPULSOS POSITIVOS COM URGÊNCIA” Criativa Magazine - Que opinião sobre o momento presente dos ralis na região? Gonçalo Mota - Vivem-se momentos de grande incerteza e de alguma desilusão, uma vez que, naturalmente, todos ansiávamos poder estar a testemunhar as provas, a competição e a emoção associada. Esta interrupção na competição que não provém apenas da paragem devido à pandemia Covid-19, mas também pelo normal defeso, dura já desde de Outubro de 2019. São seis longos meses sem ralis, que nada de bom trazem. Esperemos que tanto pilotos, como patrocinadores, clubes, federação e as autoridades possam em conjunto encontrar vias de manter o desporto vivo e activo. Que decisões deveriam ser tomadas para manter a actividade? Falo meramente na qualidade de membro de uma equipa e nessa posição temos apenas de assegurar que estaremos preparados para participar ao mais alto nível competitivo, numa qualquer prova que seja possível realizar do Campeonato dos Açores de Ralis de 2020. A preparação para essa eventualidade, passa por manter oleada uma “máquina” que compreende não só as máquinas, como os pilotos e toda uma estrutura de apoio que tem que estar em estado de prontidão, bem como o plano de comunicação. Neste momento de pausa criámos uma competição online na página de Facebook da equipa para os nossos fãs que tem vindo a ter grande adesão. Resta esperar que as condições sanitárias melhorem o suficiente para que seja possível disputar o maior número de provas possível, e que tanto os pilotos, como os clubes organizadores, o Governo Regional
dos Açores e as autarquias estejam capazes para organizar e apoiar estes eventos que, seguramente, contribuirão para dinamizar uma economia que necessita de impulsos positivos com urgência. A equipa de ralis e o Play/AutoAçoreana Trophy são para continuar? A equipa, como já foi anunciado várias vezes termina um
ciclo em 2020. Se vai prosseguir activa ou não no futuro depende de um conjunto de factores que estão ainda por se confirmar, portanto, seria prematuro avançar com uma resposta para essa questão. O Troféu é uma situação parecida, contudo, não está necessariamente dependente da continuidade ou não da nossa equipa de competição. Naturalmente, este momento difícil que atravessamos não contribui para que possamos avançar com decisões a breve trecho.
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OLHAR CRIATIVO DESAFIO MENSAL DO MÊS TRANSATO
COM O TEMA:
“VAMOS TODOS FICAR BEM”
1º Lugar - S/ Título - Osvaldo Janeiro “ESTAS PÁGINAS SÃO DEDICADAS AOS ENTUSIASTAS, QUE DE UMA FORMA APAIXONADA PARTILHAM O SEU OLHAR, POTENCIANDO A ARTE E O GOSTO PELA FOTOGRAFIA.”
Coordenação: Paulino Pavão
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Edição:
2ยบ Lugar - Vamos recomeรงar juntos - Sissa Madruga
3ยบ Lugar - Hรก sempre uma Luz! - Francisco Carreiro
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SAÚDE ÓTICA
Usar óculos e máscara de proteção: Dicas essenciais Quem usa óculos e necessita de usar uma máscara de proteção enfrenta um desafio: o que fazer para que as lentes não embaciem? Deixamos algumas dicas que podem ajudar no seu dia-a-dia. - colocar um lenço de papel dobrado entre o nariz e a parte superior da máscara para criar uma barreira que trave a humidade e o ar quente que veem do nariz e boca; - dobrar um pouco da parte superior da máscara para baixo; - ajustar bem a máscara de forma a evitar aberturas laterais; - lavar os óculos com água e sabão antes de colocar a máscara.
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Artigo elaborado com suporte em: INSTITUTOPTICO www.institutoptico.pt
SAÚDE AUDITIVA
Quais são as causas de perda de audição? Existem muitas causas diferentes de perda auditiva. Algumas são provocadas pelo mundo que nos rodeia: maquinaria barulhenta, música alta, tiros, explosões, rugido de motos e aviões, etc. Algumas outras causam podem vir de ‘dentro de nós’, incluindo a perda auditiva causada pelos efeitos colaterais de medicação ou infeções no ouvido. Porém, as causas mais comuns de perda auditiva têm que ver com o envelhecimento normal. Faça um rastreio auditivo e saiba como está a sua saúde auditiva.
A perda de audição pode afetar os seus relacionamentos? Os sintomas de perda auditiva podem ser mal interpretados pelos seus colegas de trabalho e entes queridos. Quando você não responde imediatamente ao que eles estão dizendo, eles podem pensar que você não está prestando atenção ou que não está apenas interessado no seu ponto de vista. Os eventos sociais tornam-se menos agradáveis quando se vive com perda auditiva. Pode ser difícil entender o que está sendo dito quando há muito ruído em segundo plano.
1 em 6 adultos possuem algum grau de perda auditiva! Imagine estar a jantar num restaurante movimentado. No fundo, existe barulho de pratos, cadeiras arrastadas, pessoas falando e rindo. Você está esforçando-se para acompanhar o que está acontecendo na sua mesa, e o esforço de fazer isso está começando a fazer-se sentir mais e mais cansado. Eventualmente, você começa a fingir que pode ouvir. Acena com a cabeça, parece interessado e ri com a multidão, mesmo que não tenha entendido as brincadeiras. Começa a sentir-se deixado de fora. Quando sai do restaurante tem uma dor de cabeça palpitante, desapontamento e não pretende repetir a experiência tão cedo. Pense sobre essas situações diárias e sobre como elas o afetam, faça um rastreio auditivo gratuito e previna estas situações.
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ACONTECEU RIBEIRA GRANDE DISTRIBUI POR TÁTEIS A Câmara da Ribeira Grande deu início à distribuição dos 125 computadores portáteis e 50 equipamentos de internet junto das escolas básicas do concelho – Ribeira Grande,
Rabo de Peixe e Maia – para fazer face às necessidades identificadas pelos estabelecimentos de ensino para poderem dar resposta ao ensino à distância. Os equipamentos funcionarão na modalidade de empréstimo, pelo que no final do ano letivo deverão ser devolvidos às escolas que farão a sua gestão de utilização. PRÉMIO NACIONAL “EU PARTICIPO – SEM SAIR DE CASA” A Rede de Autarquias Participa-
tivas (RAP), da qual pertence a Câmara Municipal de Lagoa, lança uma iniciativa a nível nacional intitulada “Eu Participo – Sem Sair de Casa”, dirigida a jovens dos 14 aos 30 anos. A iniciativa visa a mobilização da comunidade jovem para uma forma diferente de participação, no atual contexto de confinamento, para iniciativas de cidadania ativa que ajudem a prevenir a covid-19. A participação é gratuita e simplificada, sendo apenas necessário apresentar iniciativas que tenham, comprovadamente, sido desenvolvidas durante o período de emergência e recolhimento social. Para o efeito basta proceder ao preenchimento de for-
mulário próprio disponível em https://www.oficina.org.pt/premio-eu-participo.html . A data limite para a receção de candidaturas é o dia 15 de maio de 2020.
GOVERNO ANULA CON CURSO PARA CONSTRU ÇÃO DE NAVIO O Conselho do Governo dos Açores anulou o concurso público internacional para a conceção e construção de um navio de transporte de passageiros e viaturas e decidiu direcionar o respetivo montante para o reforço do financiamento da saúde e das medidas de apoio ao emprego e à dinamização da economia na Região. A decisão vai permitir, ao abrigo da abertura manifestada pela Comissão Europeia, direcionar 41 milhões de euros de fundos comunitários, bem como os restantes 7,2 milhões de euros de comparticipação regional referente a este investimento, para as medidas implementadas pelo Governo destinadas a reforçar o investimento na saúde, assim como para apoiar o emprego e as empresas e para a dinamização da economia regional, face à situação que se vive na Região derivada da pandemia de COVID-19.
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ACONTECEU MUSEUS ASSINA LAM DIA INTERNA CIONAL COM INI CIATIVAS ONLINE A Secretaria Regional da Educação e Cultura, através da Direção Regional da Cultura, assinalou o Dia Internacional dos Monumentos e Sítios com diversas iniciativas promovidas pelos museus da Região através das plataformas de comunicação digital. Este ano tendo como tema “Património Partilhado - culturas partilhadas, património partilhado, responsabilidade partilhada”, a rede de museus dos Açores respondeu ao apelo para assinalar a data com iniciativas online, devido ao atual encerramento ao público destas instituições. LAGOA PROMOVE 24ª EDI ÇÃO DO CONCURSO DE MAIOS Este ano, e, pela primeira vez em 24 anos, o tradicional concurso dos Maios, organizado pela Câmara Municipal de Lagoa, no dia 1 de maio, teve um conceito diferente. Desde a inscrição até à avaliação, os proce-
de duas semanas, e ao abrigo do prolongamento do estado de emergência decorrente da pandemia Covid-19, que vigorou até ao dia 2 de maio.
dimentos foram efetuados via online sem necessidade dos participantes saírem de casa. GOVERNO ENTREGA TRÊS MÁSCARAS POR DOMICÍLIO NOS AÇORES O Governo dos Açores avançou com a produção, local, de 270 mil máscaras sociais, as quais vai distribuir por todos os domicílios da Região. Na prática, serão distribuídas nesta fase três máscaras reutilizáveis por cada família, acompanhadas das instruções de utilização e de lavagem, segundo as especificações técnicas da Direção Geral de Saúde e do Infarmed - Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde. PARQUÍMETROS EM PONTA DELGADA DESATIVADOS Foi decidida a suspensão temporária dos parquímetros da cidade de Ponta Delgada, por cerca
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477 ESTUDANTES DESLO CADOS CONTATARAM O GOVERNO 240 estudantes deslocados das suas ilhas de residência receberam um apoio complementar e pontual. Até ao fim do mês de abril, tinham sido apresentadas 286 candidaturas a este apoio extraordinário criadao apoiar os estudantes deslocados que tenham de permanecer mais tempo onde se encontram devido à pandemia de COVID-19, não podendo deslocar-se para a sua ilha de residência devido aos condicionalismos impostos à mobilidade. Os apoios variam entre 100 e 250 euros mensais para despesas de alojamento e alimentação, entre os meses de abril e junho, sendo definidos tendo por base o rendimento do agregado familiar.
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OPINIÃO
A COVID-19 E AS DOENÇAS CARDIOVASCULARES
Prof. Manuel Oliveira Carrageta Os estudos disponíveis apontam para uma mortalidade global da COVID-19 de um pouco mais de 2%, que aumenta muito significativamente com a idade, sendo inferior a 0,5% nos doentes com menos de 50 anos e superior a 15% nos doentes com mais de 80 anos. Os doentes com patologia cardíaca, qualquer que seja a sua idade, têm maior risco de morrer no caso de contraírem a infeção. Mais de 80% dos infetados com o vírus têm sintomas ligeiros que não exigem internamento e um número indeterminado ainda mais alto, é assintomático. Os principais sintomas desta infeção são a febre e o cansaço, de início, a que se segue a tosse seca, que pode evoluir para falta de ar. A dor de garganta e a rinorreia não são sintomas muito habituais na COVID-19. Se o doente tiver aqueles sintomas, deve ficar em casa e contactar a Saúde 24 ou o seu médico telefonicamente, evitando ir de imediato ao consultório médico ou ao hospital. As queixas de falta de ar e de cansaço podem ser sintomas de COVID-19, mas também podem ser devidas, por exemplo, a insuficiência cardíaca, o que levanta dificuldades diagnósticas. Alguns doentes idosos ou mais frágeis, podem não ter febre e manifestar sintomas atípicos bastante pouco específicos, tais como confusão mental, quedas, etc., que, por si só, não levantam a suspeita da presença da infeção. Para além da existência de doença cardiovascular se associar a maior risco de morte nos infetados com o vírus SARS – CoV-2, também a COVID-19 causa com frequência várias complicações cardiovasculares, nomeadamente, miocardites, arritmias, trombo-embolismo e até enfartes do miocárdio. Por outro lado, alguns dos fármacos que estão a ser utilizados no tratamento da Covid-19 podem ter efeitos secundários cardiovasculares, tais como, provocar ou agravar a insuficiência cardíaca, prolongar o intervalo QT, causar arritmias, etc. Portanto, pelo facto de ser doente do coração, no caso de contrair a COVID.19,
DR
está em risco de ter uma infeção mais grave. Se o doente estiver a tomar medicamentos para a sua doença cardiovascular, não deve, em caso algum, parar a medicação sem consultar o seu médico, pois caso contrário a sua situação clinica pode agravar-se. Os fármacos cardiovasculares nomeadamente para a insuficiência cardíaca, patologia cada vez mais frequente, são muito importantes, pois reduzem significativamente a mortalidade e melhoram a qualidade de vida. Estes doentes devem ter cuidados redobrados em evitar a ingestão excessiva de líquidos e não tomar fármacos anti-inflamatórios não esteroides, sobretudo se forem hipertensos. Lembramos que os doentes com insuficiência cardíaca são dos mais vulneráveis ao vírus pelo que para minimizar o risco de infeção, devem fazer cuidadosa higiene das mãos, praticar distância social, usar a máscara em ambientes fechados e ficar em casa, o mais tempo que puderem. Embora seja normal que os doentes se sintam ansiosos com o risco desta infeção, é da maior importância, como já dissemos, manter um bom estilo de vida. Fazer uma alimentação saudável, praticar exercício diário, não fumar, dormir o suficiente e procurar reduzir o stress, aumenta a resistência ao vírus e é fundamental também para reduzir o risco de um conjunto de doenças, nomeadamente as cardiovasculares, que são responsáveis por um número de mortes muito superior à COVID -19. Não é demais insistir que, no caso de contrair a infeção, estar o mais saudável e controlado possível da sua doença cardiovascular, ajuda a resistir melhor ao vírus, pelo que deve continuar a tomar a medicação e visitar o médico com a mesma regularidade que faziam antes da pandemia surgir. Para terminar, lembre-se que, pelo facto de haver uma pandemia de COVID-19, não vão deixar de continuar a ocorrer enfartes do miocárdio e acidentes vasculares cerebrais. cria ti va magazine - maio 2020 • 47
HORÓSCOPO ASTRÓLOGO LUÍS MONIZ
SIGNO DO MÊS
rikinho-astro@hotmail.com www.meiodoceu-com-sapo-pt.webnode.pt
CARNEIRO 21/03 A 20/04
A vida afetiva recebe boas influências do seu regente Marte, que lhe concede a energia certa para promover novas conquistas bastante estimulantes. A nível profissional, provavelmente, sente maior clareza de pensamento e poderá ver agora esclarecidas algumas dúvidas que pairavam na sua mente.
BALANÇA 23/09 A 22/10 A vida afetiva, o lar e as questões mais íntimas são fatores determinantes para a sua harmonia, mas procure manifestar as suas qualidades humanas. A nível profissional, tente modificar o seu comportamento no sentido de adotar uma postura adequada que lhe permita alcançar muita estabilidade.
TOURO 21/04 A 20/05 A vida afetiva marca um período ótimo para fazer uma análise, que lhe permita arrumar de vez os problemas antigos, de forma a expandir a relação. A nível profissional, seguramente, encontrará métodos mais eficazes de organização e de tomadas de iniciativa que lhe proporcionarão crescimento.
ESCORPIÃO 23/10 A 21/11 A vida afetiva revela que uma das suas características mais evidentes seja servir de abrigo, de âncora e de proteção para as pessoas carenciadas. A nível profissional, percorre um longo ciclo de crescimento e de melhorias em termos financeiros. Tome decisões arrojadas e avance com coragem.
GÊMEOS 21/05 A 20/06 A vida afetiva beneficia imenso da sua capacidade de comunicação oral e escrita, que favorece a inevitável reestruturação da sua relação amorosa. A nível profissional, a conjuntura proporciona-lhe o momento propício para a resolução de tarefas diárias. É tempo de concluir serviços pendentes.
SAGITÁRIO 22/11 A 21/12
CARANGUEJO 21/06 A 22/07 A vida afetiva decorre muito tranquilamente e dá-lhe a segurança indispensável para poder manifestar os seus sentimentos de proteção pela família. A nível profissional, haverá uma maior compreensão da forma como o seu passado condiciona a sua atitude presente. Liberte-se de receios e avance.
CAPRICÓRNIO 22/12 A 19/01 A vida afetiva enfrenta uma dualidade em que sentirá uma divisão entre a necessidade de manter a cautela e a vontade de lutar pela sua felicidade. A nível profissional, aproveite esta nova etapa mais positiva. No trabalho, prevê-se novos contactos e acordos que lhe vão trazer bons proveitos.
LEÃO 23/07 A 22/08
AQUÁRIO 20/01 A 18/02
VIRGEM 23/08 A 22/09 A vida afetiva atravessa uma longa época de crescimento sentimental, que cria harmonia conjugal, mas não esconda os seus verdadeiros sentimentos. A nível profissional, está na altura de desenvolver a sua capacidade de aperfeiçoar as suas qualidades para conseguir alargar os seus horizontes.
PEIXES 19/02 A 20/03 A vida afetiva concede-lhe a harmonia essencial que beneficia o seu dia-a-dia, dando-lhe a hipótese de experienciar um romance muito encantador. A nível profissional, aproveite esta fase mais esclarecida para conduzir as suas atividades com alegria e devoção. A fé é a sua principal aliada.
A vida afetiva permite-lhe libertar-se de pequenos atritos e de certos mal-entendidos familiares. A sua intuição indicará o melhor rumo a seguir. A nível profissional, decerto estão protegidas todas as ações relacionadas com eficiência e produtividade que lhe poderão trazer bons resultados.
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A vida afetiva passa por uma fase propícia para cuidar do seu aspeto físico. Se puder, faça exercício físico e estabeleça contatos com a natureza. A nível profissional, neste período verá aumentada a sua capacidade de apresentar ideias para melhorar nitidamente as suas condições de trabalho.
A vida afetiva acusa a tendência para estar vulnerável à crise social e económica que afeta a humanidade. Contribua para alterar as mentalidades. A nível profissional, mantenha-se firme nas suas convicções visionárias e progressistas para poder contrariar quaisquer sistemas conservadores.
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