Periodicidade: Mensal • Distribuição Gratuita • Ano VIII Nº 90 abril 2022
ENTREVISTA SÓNIA BORGES DE SOUSA
“vamos todos ter de pagar um pouco por esta guerra”
Pedro do Nascimento Cabral
“Ponta Delgada está a mudar objetivamente para melhor”
08 12
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Grande entrevista
Entrevista “Ponta Delgada está a mudar objetivamente para melhor”
entreviista o regresso do tremor
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megafone com José F. Andrade
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consultório jurídico Com Carlos Melo Bento
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Saúde ótica com INSTITUTOPTICO
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Exercício Físico pela sua Saúde com celso Tavares
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consultório da saúde Com João Bicudo Melo
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Saúde Auditiva Com Audição Portugal
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Olhar criativo TEMA: “Água, Fonte de Vida”
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PRINCÍPIO AO FIM
entrevista Primeira Creche de Inclusão e Intervenção Precoce dos Açores
reportagem Livro “Comer Vegetariano Durante Uma Semana” nomeado nos ‘Óscares da Culinária’
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Explorando... lugares encantados na ilha de são Miguel
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RUBRICAS
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Desporto: RICARDO MOURA DO
Propriedade:
Rua do Espírito Santo, 77 - r/c Esq. 9500-465 Ponta Delgada NIF: 513 281 070 Email: criativa.azores@gmail.com
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Design Gráfico e paginação: Melissa Canhoto Fotografia: António Bettencourt, Carlos Costa Colaboradores: Carlos Melo Bento, Luís Moniz, João Bicudo Melo, José F. Andrade, Paulino Pavão/AFAA e Renato Carvalho. O uso e reprodução parcial ou total de qualquer conteúdo existente nesta revista é expressamente proibido. Os anúncios existentes nesta revista são da inteira responsabilidade dos anunciantes.
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grande entrevista
“Vamos todos ter de pagar um pouco por esta guerra” Natacha Alexandra Pastor
Carlos Costa
Um dos mais intensos impactos provocado pela guerra entre a Rússia e a Ucrânia, nos Açores, foi o aumento do preço de venda dos combustíveis. As perspetivas ditam que os aumentos podem suceder-se, por tempo indeterminado, segundo a empresária Sónia Borges de Sousa.
Este é o primeiro momento do grande aumento do preço dos combustíveis nos Açores, depois de ter sido iniciada a guerra da Rússia contra a Ucrânia. O que podemos esperar para os próximos meses? Sónia Borges de Sousa (Empresária/ Administradora A.C. Cymbron) - Nos próximos três meses é de esperar aumentos dos preços dos combustíveis nos Açores, sendo que a estabilização do preço, que se aponta venham a ser os preços de janeiro último, estará muito dependente daquelas que sejam as negociações com a OPEP, que se sabe tem a capacidade para fornecer a Europa, mas, ao mesmo tempo, não irá querer baixar os preços até um determinado limite. Assim, creio que não é no setor daquilo a que chamamos de combustíveis líquidos que haverá um maior impacto. O grande impacto e as incertezas do momento estão relacionadas com o gás. É certo que nós aqui não dependemos, nem Portugal depende, muito, do gás natural da Rússia, mas as fontes são limitadas e da mesma forma que nós fomos buscar
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a outros mercados, a Europa também o está a fazer e já se fala muito em voltar ao mercado do butano e aí sim o preço poderá disparar. Nós - Associação de Revendedores de Combustível dos Açores - sempre dissemos que havia um imposto ‘encapotado’ no gás. Aquilo que é chamado na fómula como o factor de uniformização e que o Fundo de Coesão deveria pagar às companhias de modo a manter os preços iguais em todas as ilhas, foi sempre feito ao contrário. Ou seja, o preço que eles estabeleceram permitia que depois pedissem e solicitassem às companhias o pagamento do factor de uniformização. Tal levou, inclusivamente, a uma ação em tribunal, porque uma das companhias se recusou a pagar. Em tribunal civil foi dada razão à companhia. Os Açores não podem criar impostos, pelo que a ação deveria ter passado para o tribunal administrativo, mas na verdade não tenho conhecimento do ponto de situação deste caso. Continuamos sem aumentos no preço do gás, porque o governo passou a compensar as companhias para manterem o preço. Durante quanto tempo isso será
“... nós não podemos só dizer que apoiamos a Ucrânia e ficarmos à espera que não nos aconteça nada. Vai ter os seus reflexos, porque se trata de uma guerra que acontece muito próximo de nós, que envolve dois países que são fornecedores de muitos bens essenciais à Europa...”.
assim, não consigo responder. Em termos de consequências, tal terá impacto, por exemplo, no que respeita è entrega do gás ao domicílio, sei que há muitos pontos de venda que já se recusam a ir levar o gás ao cliente/domicílio, e é um risco que se corre, porque efetivamente as empresas não podem ter um serviço para perderem dinheiro. Mas há mecanismos que o governo pode adotar para minimizar os efeitos na economia de empresas e das famílias perante os aumentos que estarão para acontecer? O Governo tem alguns mecanismos ao seu dispor para mitigar efeitos. Não creio que vá mexer no ISP, porque temos estado a trabalhar com duodécimos, o que significa que tal cria constrangimentos de tesouraria, por outro lado um impacto muito grande em termos de Orçamento, não sei se não obrigaria a uma Orçamento Retificativo, que deve ser a última coisa que este governo deseja. O Governo dos Açores poderá utilizar algo muito precido ao AutoVoucher; poderá ser criado um
subsídio, aguardemos! Esta é uma decisão do Governo que, no momento, está focado na situação na ilha de São Jorge, fazendo transparecer que todo o resto desapareceu. Estranha algum silêncio sobre uma matéria tão importante? A nossa associação teve uma reunião com o Secretário Regional das Finanças, durante a qual nos foram colocadas algumas questões, perguntando-nos se seria possível aplicar algumas medidas. Nós explicamos que algumas dessas medidas eram possíveis de aplicar, mas as mesmas precisavam de algumas correções. Se serão de fácil aplicação ou não, isso não sabemos responder. Houve questões e enquadramentos legais que nós deixamos como referência nessa reunião, e, após a mesma, não recebemos ainda qualquer tipo de informação. Portanto, um AutoVoucher nos Açores, além do que existe já no continente, ou algo muito similar? Sim, muito similar, aliás até seria algo mais ágil para o consumidor final. Porém, as ideias às vezes são muito
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grande entrevista
boas, mas em termos legais nem tudo é possível. Fizemos a chamada de atenção para essas questões, e o secretário ficou de as estudar. Portanto, que impacto é de esperar? Nós estivemos nos últimos tempos com taxas de juro praticamente a zero e com uma quase inexistente inflação. Neste momento, ao surgir uma inflação, a taxa de juro vai subir de forma a retirar dinheiro de circulação. Por outro lado, a subida dos ordenados foi calculada com base num panorama estável, o que significa que este ano os portugueses vão perder poder de compra, e com isto é preciso dizer que nós não podemos só dizer que apoiamos a Ucrânia e ficarmos à espera que não nos aconteça nada. Vai ter os seus reflexos, porque se trata de uma guerra que acontece muito próximo de nós, que envolve dois países que são fornecedores de muitos bens essenciais à Europa, e se não dependemos grandemente do gás, o contrário acontecia com a produção dos cereais, por exemplo, pelo que vamos todos ter de pagar um pouco por esta guerra. Esperamos que se pese os aumentos e a taxa de inflação versus os apoios que podem vir a ser concedidos. Parece-me que as verbas da “bazuca” e o que lhe estava à partida predestinado vão ter de sofrer uma reformulação, mas vamos aguardar. Uma das questões que é fortemente falada e que acontece em Portugal Continental, é a grande diferença de
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preços nos combustíveis entre Portugal e a vizinha Espanha que conduz a uma procura em território espanhol por parte dos portugueses no que respeita aos combustíveis. Essa diferença é explicada por que fatores? É tão simples quanto isso: verifique-se qual a taxa de impostos num país e no outro. Aqui sabemos que 62% do preço dos combustíveis está indexado a impostos. Quanto maior é o preço base, mais é arrecadado com o IVA. Mesmo que o Estado baixe o ISP, com aumento do preço o valor total dos impostos é idêntico. A verdade é que os combustíveis em Portugal são obrigados a ter 3% de biocombustível (que é mais caro do que o combustível normal) e em Espanha esse valor é de apenas 1%. Logo aí há uma justificação para a diferença de preços. Depois, salvo erro meu, Espanha tem dois impostos associados, em Portugal são quatro os impostos. O que é que este cenário pode provocar na vida dos portugueses e açorianos? Empurrá-los com mais rapidez na procura de alternativas, por exemplo, apostar na compra de veículos elétricos/hibrídos? Quanto a mim, o veículo elétrico ainda não tem uma rede de suporte – pontos de carregamento – muito grande. Quando se refere a essa inexistência, fala nos Açores.
No continente presumo que seja melhor nas grandes cidades, o mesmo não acontecerá no interior que tenho dúvidas de ser muito melhor do que aquilo que temos por cá. O preço do veículo elétrico ainda está muito elevado e o preço da eletricidade também, quando feitas as contas, não compensa. Não vejo que vá haver uma grande procura, exceto se os preços dos veículos baixarem. Julgo que o que poderá acontecer agora quando houver melhores condições do tempo, é as pessoas andarem mais de bicicleta, andarem a pé, evitarem saídas de fim-de-semana... É de esperar um impacto e uma reação diretas? Sim, vai haver contenção por parte das pessoas. Haverá algum momento em que seja possível voltar a valores antes da guerra? A regra diz que não! Não estou vendo a Europa, mesmo considerando o fim da guerra, depender da Rússia como dependia até aqui. Creio que se irá condicionar e muito a aquisição de combustíveis e gás à Rússia. É certo que os Estados Unidos têm gás, agora o seu transporte até à Europa tem um custo muito alto, além de que o preço do gás dos EUA versus o da Rússia é substancialmente mais alto, portanto, voltar aos preços que tínhamos antes disso acontecer, não sei se acontecerá. Portugal até estava bem posicionado no que diz
respeito às energias alternativas, mas outros países da Europa nem tanto, portanto ou voltamos à energia nuclear, ainda que com os seus riscos e aí sim conseguimos baixar drasticamente os custos, ou não vejo, num prazo de dois anos, que se consiga reduzir preços. Este novo cenário, é também um alerta para deixarmos de ser tão dependentes de determinados países/produtos? Esta é uma opinião muito pessoal, mas há anos que dizia fazer-me confusão existir uma luta tão grande no setor leiteiro face ao preço que era pago, quando se calhar era muito mais fácil revertermos grande parte das nossas pastagens em campos de cultivo, e dizia-o porque nós já fomos o ‘celeiro’ de Portugal. Portanto, considero que os Açores têm a capacidade de serem muito mais autosuficientes do que têm sido até agora, ao invés de estamos a basear a nossa economia em monoculturas. Isto é também um alerta para o Turismo, que não sendo uma monocultura, é neste momento o único vetor de desenvolvimento, e por sinal alvo de grandes apoios, quando nós temos de ter um desenvolvimento harmónico em diferentes setores. Temos capacidade para produzir! Queiramos nós fazê-lo! Tenho por hábito dizer que se não podemos ter o último software ou as últimas tendências de moda, devemos de ter em nossas casas comida, água e algum bem-estar, que me parece ser o fundamental!
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Entrevista
“Ponta Delgada está a mudar objetivamente para melhor” Natacha Alexandra Pastor
Carlos Costa / DR
É um dos objetivos da liderança do autarca Pedro do Nascimento Cabral: “fomentar padrões de vida ativos e saudáveis, através da promoção da mobilidade sustentável e da criação de um ambiente urbano qualificado, acessível, verdadeiramente inclusivo, absolutamente centrado na melhoria da qualidade de vida dos cidadãos.” Ao promover alterações ao trânsito no centro histórico, Pedro do Nascimento Cabral sabe que não poderá agradar a todos. Criativa Magazine - Há uma marca (pessoal) a deixar na cidade de Ponta Delgada!? Pedro do Nascimento Cabral (Presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada - Antes de mais, agradeço a realização desta entrevista e cumprimento todos os públicos da revista Criativa, em especial os seus leitores, os seus colaboradores e a sua direção. Não se trata de uma “marca”, mas acima de tudo uma preocupação para que Ponta Delgada não perca o caminho do progresso que está definido para a próxima década. Desafios como a sustentabilidade ambiental, a mobilidade inteligente, a cidadania inclusiva e a transição digital são essenciais ultrapassar para que a nossa cidade atinja novos e melhores
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índices de qualidade de vida não só para os seus cidadãos, como também para o nosso comércio tradicional e empresas que trabalham a partir de Ponta Delgada. Naturalmente, queremos servir cada uma das nossas 24 freguesias para assegurar um verdadeiro desenvolvimento harmónico do concelho e fazer da cidade de Ponta Delgada um símbolo de excelência em todas as dimensões que a identificam. Quando se refere, em diferentes ocasiões, a “uma nova Ponta Delgada”, quais são as suas visões para esta nova cidade? Sabendo que algumas medidas/opções/estratégias/ decisões podem ser contestadas – aqui
coloca-se a ainda hoje falada questão do fecho de artérias dentro do centro histórico – está decidido a avançar com outras medidas mesmo que isso implique algum desconforto? Queremos ir ao encontro de uma cidade verdadeiramente sustentável do ponto de vista ambiental, social e económico. Temos a ambição de promover uma cidade amiga do ambiente, que ofereça qualidade de vida e bem-estar aos seus cidadãos, com elevados padrões de atratividade do centro histórico, que inclui a preservação do seu património, para todos aqueles que optem por viver, trabalhar ou simplesmente visitar Ponta Delgada. Urge fomentar padrões de vida ativos e saudáveis, através da promoção da mobilidade sustentável e da criação de um ambiente urbano qualificado, acessível, verdadeiramente inclusivo, absolutamente centrado na melhoria da qualidade de vida dos cidadãos. Estamos sempre abertos ao diálogo e na questão das alterações ao trânsito no centro histórico não abrimos exceção, preferindo obviamente que esta medida tivesse sido implementada de modo mais consensual. Mas há que salientar que existe, em nossa opinião, uma “maioria silenciosa” que está ao lado da decisão da Câmara Municipal de retirar o trânsito do centro histórico da cidade. Mas, reitero, esta foi uma decisão sustentada na convicção de que este é o caminho
que temos de seguir para não perdermos o desafio que a próxima década nos impõe, que passa por devolver a cidade às pessoas e promover o nosso comércio tradicional. No âmbito do processo de requalificação urbana e dinamização económica do centro histórico, estamos a promover determinadas intervenções no centro da cidade. O objetivo é potenciar a vivência no espaço público pelas pessoas e pelos comerciantes enquanto decorre o procedimento do concurso de ideias destinado à requalificação do espaço urbano, a desenvolver em parceria com a Secção Regional dos Açores da Ordem dos Arquitectos. Após a conclusão das intervenções na rede viária e na melhoria das acessibilidades viárias, nomeadamente no início e fim da rua da Misericórdia e rua Dr. José Bruno Tavares Carreiro, estamos a melhorar o espaço público de forma a eliminar os constrangimentos à circulação e vivência das pessoas nas áreas, agora, conquistadas aos automóveis para que as pessoas e os empresários da restauração e do comércio local possam desfrutar do mesmo, nomeadamente criando melhores condições para a criação de esplanadas e de expositores de produtos. Também vai ser instalada uma estrutura de lazer amovível. Estão previstas outras intervenções para o Largo do Aljube e rua dos Mercadores. Para além das alterações ao trânsito, temos em vigor o
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entrevista
Fomos eleitos para tomar decisões difíceis e não para nos sentarmos no conforto dos nossos gabinetes e fazer somente a “gestão do poder”.” programa municipal de apoio à reabilitação urbana REVIVA e vamos apostar num plano estratégico para garantir o desenvolvimento de Ponta Delgada, sobretudo na área do apoio à habitação e ao comércio. Queremos estimular a abertura de inúmeros espaços que se encontram encerrados ou devolutos com o intuito de dinamizar o comércio na cidade. Paralelamente, vamos reforçar o programa de reabilitação urbana, adaptando-a às finalidades dos promotores, com maior pendor para a habitação e comércio, sem descurar a requalificação da frente marítima de Ponta Delgada, proporcionando novas áreas de comércio e lazer que tragam conforto e funcionalidade aos cidadãos elevando, assim, os nossos padrões de qualidade do espaço público. Quanto ao “desconforto”, é impossível em qualquer transformação agradar a todos e colher todas as opiniões de todas as pessoas envolvidas. Mudar dá trabalho, consome energias, mas quando se muda pretende-se, sempre, melhorar. Fomos eleitos para tomar decisões difíceis e não para nos sentarmos no conforto dos nossos gabinetes e fazer somente a “gestão do poder”. Estou certo que no final do mandato os cidadãos de Ponta Delgada renovarão a confiança depositada no nosso projeto político. A adoção da opção de encerrar o centro histórico pretende ser a primeira fase de um projeto de intervenção e requalificação do centro histórico? É um projeto para avançar em quanto tempo? Como referido anteriormente, temos em curso, em parceria com a Secção Regional dos Açores da Ordem dos Arquitectos, um concurso de ideias destinado à requalificação do espaço urbano, para além de várias iniciativas de dinamização do centro histórico que temos programadas. Se tudo correr como o previsto, no início do próximo ano
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avançamos com a construção do projeto vencedor do concurso de ideias. Agora, como sabe, deu entrada na Assembleia Municipal de Ponta Delgada uma petição subscrita por vários cidadãos para reabrir o centro histórico da cidade à circulação automóvel. É uma petição que vai ser discutida e votada pelos partidos políticos representados neste órgão. Pela nossa parte, temos a convicção de que a Câmara Municipal já demonstrou qual o caminho que pretende seguir para o desenvolvimento de Ponta Delgada, mas aceitaremos de forma integral e sem quaisquer reservas, com a absoluta serenidade e respeito democrático, a decisão da Assembleia Municipal. Faço, assim, um apelo para que todos os partidos políticos ali representados não se desresponsabilizem desta decisão mediante o confortável voto de abstenção, mas antes assumam uma posição concreta quanto ao presente e o futuro de Ponta Delgada. Quando se foca atenção no centro histórico, mas se encontra, no mesmo espaço, uma série de situações frágeis – sem-abrigo; lojas comerciais/edifícios privados fechados e/ou verdadeiramente abandonados; acesso dificultado por quem tem mobilidade reduzida; dificuldade de habitar centro histórico, o plano da ação torna-se muito complexo. Nem tudo depende da intervenção autárquica e carece de uma abordagem multissetorial? Nesse sentido, que entidades urge combinar para ajudar a reavivar Ponta Delgada? Ponta Delgada está a mudar. A mudar objetivamente para melhor. A mudar para ser o que sempre foi: precursora do nosso desenvolvimento coletivo! Reportando-me aos aspetos que refere, a Câmara Municipal de Ponta Delgada está a trabalhar com todo o vigor na implementação de uma Estratégia Local Integrada de combate à pobreza, respeitando o primeiro objetivo que deve presidir às opções políticas de uma administração verdadeiramente ao serviço dos seus concidadãos. Temos em vigor o programa municipal de apoio à reabilitação urbana REVIVA e vamos apostar num plano estratégico para garantir o desenvolvimento de Ponta Delgada, sobretudo na área do apoio à habitação e ao comércio. Temos vindo a trabalhar para eliminar as barreiras para quem tem mobilidade reduzida, sendo certo que, neste âmbito aumentamos o número de estacionamento no centro histórico da cidade. Toda uma ação que tem sido concertada com as entidades que têm uma palavra a dizer sobre os assuntos, com base nos pareceres dos técnicos da autarquia e, e em muitos casos, nos estudos e pareceres de entidades externas.
Em que áreas quer focar os esforços da autarquia neste primeiro mandato? Estamos afincadamente empenhados em trazer qualidade de vida a qualquer cidadão do concelho de Ponta Delgada, independentemente da freguesia onde resida, uma vez que o nosso princípio é o do desenvolvimento harmónico das 24 freguesias do concelho e o bem estar social dos nossos munícipes. Para isso, queremos combater a pobreza e promover a inclusão, promovendo uma verdadeira coesão social em Ponta Delgada. Neste sentido, no plano e orçamento em vigor no corrente ano, tivemos o cuidado de baixar o IRS dos nossos cidadãos, a derrama das empresas e mantemos no mínimo legalmente admitido o IMI, dando um sinal claro que estamos ao lado dos nossos munícipes e empresários, sobretudo em tempos tão difíceis marcados por uma pandemia de Covid-19 que se tem mantido presente nos últimos dois anos. Mas queremos mais para a coesão territorial de Ponta Delgada como maior concelho dos Açores, insistindo na necessidade de se criar ou requalificar uma via, naturalmente adaptada às condições morfológicas em causa, entre a freguesia dos Mosteiros e a zona urbana da cidade, para melhorar os acessos às freguesias do lado ocidental de Ponta Delgada e da ilha de São Miguel. De salientar também o facto de termos sido selecionados
por um júri internacional uma das quatro cidades finalistas, entre as 12 candidaturas portuguesas, a Capital Europeia da Cultura 2027. Um projeto único, com um movimento cívico que integra mais de 800 cidadãos em todas as ilhas, que poderá transformar Ponta Delgada e os Açores numa referência cultural no Atlântico Norte, com impactos significativos no desenvolvimento socioeconómico de todo o Arquipélago. Bem se sabe que um mandato apenas não é suficiente para cumprir os desígnios de um concelho como o de Ponta Delgada, pelo que se questiona, o quanto pretende fazer em 4 anos e o quanto pretende preparar para o período que se seguirá? O nosso projeto para Ponta Delgada, é um projeto de uma década. Abraçamos esta missão com muito empenho e absolutamente convictos de que o nosso projeto político vai elevar Ponta Delgada para os mais modernos padrões de qualidade de vida, enaltecendo o que de melhor fazemos e o que nos distingue como povo. Assim nos primeiros quatro anos procuramos implementar as bases essenciais ao nosso desenvolvimento para nos anos seguintes consolidarmos a nossa posição como uma das cidades de referência no plano nacional e europeu.
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entrevista
o regresso do Tremor Natacha Alexandra Pastor
Carlos Brum Melo
“As propostas musicais e a beleza natural e patrimonial de São Miguel são o grande ponto de atração” O Tremor regressou este mês à ilha de São Miguel, recuperando alguma da programação que havia ficado adiada do ano de 2020. Criativa Magazine - De regresso a São Miguel, este ano o Tremor acumula algumas novidades? Joaquim Durães (TREMOR) - Este ano regressamos com uma edição do Tremor com o formato pré-pandemia, onde voltamos a propor o conceito multi-venue e um programa de actividades mais denso, já com a inclusão de mais artistas vindos de fora de Portugal. Em termos de novidades, destacamos a alteração do formato do Tremor Todoo-Terreno, que este ano será composto por um trilho urbano a ser percorrido em bicicleta. Fruto da parceria que desenvolvemos com o projecto Terra Incógnita, este Tremor terá ainda mais propostas de caminhas sonorizadas. No total serão três momentos distintos, com três propostas artísticas também elas diferentes. Importante também de referir que, para esta edição, o Tremor agarra em muita da programação que havia
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ficado adiada do ano de 2020, nomeadamente no que toca aos projectos com a comunidade. Levaremos a palco o Atlas - São Miguel, com a participação de 100 açorianos, e as tradicionais residências de criação com a Escola de Música de Rabo de Peixe e a Associação de Surdos de São Miguel. Nota final para as atividades gastronómicas que vamos criar com a VidaAçor, na vila de Rabo de Peixe, que adicionam ao cartaz também a oportunidade de os festivaleiros conhecerem as tradições locais e interagirem diretamente com a comunidade residente no local. Será uma edição em moldes mais ‘livres’ agora que há já menos restrições COVID-19? Será sem dúvida uma edição em moldes mais livres, mas acompanhando naturalmente aquelas que são as indicações das entidades competentes. Temos como exemplo a edição 2021 do festival onde assistimos
aquele que foi o comportamento exemplar do nosso público, que permitiu que o festival ocorresse com a maior normalidade e sem focos de infecção. Em que dinâmicas do festival é que o Tremor tem maior sucesso? Do feedback que nos vai sendo passado pelas pessoas que visitam o festival, acreditamos que o grande elemento diferenciador do Tremor passa por esta relação especial que estabeleceu com o território. Esse diálogo constante entre aquelas que são as nossas propostas musicais e a beleza natural e patrimonial da ilha de São Miguel tem sido o grande ponto de atração e destaque para quem nos visita. Qual tem sido o impacto, por força de vinda de alguns artistas nacionais e internacionais, na divulgação fora de portas do Tremor? O festival tem conseguido comunicar-se de forma interessante fora de portas sobretudo pela vinda de
alguns meios de comunicação internacionais ao longo das últimas 4 edições. Um trabalho que acreditamos também valoriza a ilha como destino turístico que, a par da natureza, pode ser também cultural. No que toca à integração de artistas de diferentes paragens, o que nos move é mais a criação de espaços de diversidade e não tanto a divulgação. Interessa-nos ter, a cada ano, uma proposta de cartaz que seja vasta, atual, desafiante e criadora de novos espaços de fruição artística para os habitantes de São Miguel. Que balanço há a fazer do Tremor após as várias edições? O Tremor tem vindo a crescer de forma sustentada, conseguindo solidificar-se no calendário de festivais do país e segurando um público fiel dentro e fora da ilha. É importante para nós que esse crescimento do festival aconteça dessa forma, porque o Tremor quer ser um festival, antes de tudo, para os micaelenses e açorianos.
c ria ti va magazine - abril 2022 • 15
Reza a história que o seu nome surgiu, lá atrás no tempo, quando os povoadores encontraram uma lagoa no lugar onde floresceu, hoje, a mais recente cidade dos Açores. A geografia foi determinante na sua construção e desenvolvimento, beneficiando de um olhar privilegiado para o horizonte. A perspetiva de mar sobre este território é impressionante onde casas, solares, e igrejas pincelam a paisagem verdejante e, ao mesmo tempo, negra do basalto, transformando-o num lugar inspirador. Texto | Sandra de Sousa Bairos Fotografia | Manuel Fragoso
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cria ti va magazine - abril 2022 • 17
entrevista reportagem
Primeira Creche de Inclusão e Intervenção Precoce dos Açores
Natacha Alexandra Pastor
DR
A Olhar Poente e a Associação Nacional de Intervenção Precoce (ANIP) celebraram um protocolo de cooperação no âmbito da implementação de Práticas Recomendadas em Intervenção Precoce na Infância e de Práticas Pedagógicas em contexto de Creche e de Centro de Atividades de Tempos Livres. Criativa Magazine - Como surgiu esta parceria de Olhar Poente e a Associação Nacional de Intervenção Precoce (ANIP)? Sérgio Nascimento (Olhar Poente) - Esta parceria surgiu 11 anos após a abertura da primeira creche e CATL na Vila Nova, município da Praia da Vitória, estando hoje a Olhar Poente presente em 5 freguesias. De forma natural fomos ficando lotados e nos últimos 3 anos o número de crianças com necessidades especiais ou atrasos no desenvolvimento foi aumentando, muitas encaminhadas por pediatras. Esta realidade pôs a descoberto uma lacuna formativa e de metodologia do nosso trabalho,
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que necessitou imediatamente ser revertida. Contactámos os Conselhos de Administração do Hospital e Unidade de Saúde de Ilha Terceira com o objectivo de criar sinergias para uma resposta integrada. Também estabelecemos contacto com a Associação Nacional de Intervenção Precoce (ANIP), organização de referência nacional, que encontrou na Olhar Poente pontos de convergência. Felizmente a nível nacional fomos bem acolhidos para melhor intervir a nível regional. Trata-se de um projeto pioneiro. Em que pontos é que esta iniciativa é diferente e o que é que tal representa para as crianças e famílias envolvidas?
Há muitos bons exemplos de creches, todos inclusivos quando bem desenvolvidos. O mesmo se passa com a Intervenção Precoce na Infância, com modelos de sistemas bem consolidados e integrados. A Olhar Poente ao estabelecer parceria com a ANIP, criou a resposta de Creche de Inclusão e Intervenção Precoce. Investimos numa sala sensorial, gabinetes médicos, materiais específicos e mantivemos o investimento na formação interna e sensibilização junto da comunidade educativa. Também constituímos uma Equipa Multidisciplinar composta por terapeuta da fala, psicomotricista, psicólogo, musicoterapeuta e outros profissionais. Por outro lado, reconhecemos que o brincar e o ar livre são associados a maiores níveis de inclusão, sendo as nossas acções desenvolvidas, preferencialmente, em contexto de grupo. Claro que, as famílias sentem-se mais confiantes ao pertencerem a uma organização que desenvolve um trabalho de proximidade e apoiado nos recursos existentes na comunidade, transdisciplinar e concertado com a ETIP, onde são implementadas práticas recomendadas de intervenção precoce. Também os professores do Pré-escolar
e 1º ciclo estão mais esperançados na nossa intervenção baseada em rotinas, pois acreditam que irá permitir uma melhor integração destas crianças no ensino público. O nosso compromisso é garantir que as crianças tenham respostas imediatas e sem interrupções e os pais vivam com menos ansiedade e totalmente esclarecidos sobre o processo que envolve o seu educando. Importa talvez - para a comunidade perceber o que é a snoezelen (room), já que é um conceito relativamente ‘novo’ nos Açores, ou seja, não predominam muitos espaços desta natureza? De forma muito simplificada, é uma sala equipada com material para estimulação sensorial, onde se conjugam cores, sons, texturas, aromas e com objetos que possam ser tocados e admirados. Na Região existem outros espaços com investimento muito superior. No nosso caso, esta sala é apenas um dos muitos recursos disponíveis na creche, acessível não apenas às crianças que apresentam atrasos no desenvolvimento, mas sim a todas as outras,
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entrevista reportagem
E qual o nosso papel? Apoiá-las em todos os momentos nos seus ritmos de aprendizagens e progressos, possuam ou não necessidades educativas ou de saúde especiais.” num trabalho inclusivo e numa abordagem centrada na família. Estamos motivados para disponibilizar à equipa e famílias, os apoios e recursos necessários para promover positivamente o desenvolvimento das crianças, numa relação próxima e afectiva com a ETIP e outros profissionais de saúde. Daí que, na elaboração do Relatório Técnico-Pedagógico, Programa Educativo Individual, Plano Individual de Transição ou qualquer outro, os encarregados de educação não podem ser tratados como sujeitos passivos para validação destes documentos, mas sim, devem ser convidados a integrar, intervir e decidir. Queremos empoderar as famílias! E vamos fazê-lo. É preciso construir pontes para evitar barreiras no conhecimento.
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O público infanto-juvenil deste novo espaço é um público com necessidades especiais? Quais são elas? São todas as crianças com idades compreendidas entre os 0 e 6 anos. Com as suas características, diferenças, interesses, dificuldades, frustrações. Mas também com os seus medos, anseios e inseguranças. E qual o nosso papel? Apoiá-las em todos os momentos nos seus ritmos de aprendizagens e progressos, possuam ou não necessidades educativas ou de saúde especiais. É assente que os primeiros três anos de vida são uma extraordinária janela de oportunidades e os contextos naturais proporcionam múltiplas aprendizagens. Mais uma razão para trabalhar a parentalidade consciente e positiva. Estudos sobre os efeitos da criança com alguma incapacidade na família apresentava como características predominantes relatadas o stress, a depressão e o isolamento social. As nossas famílias referem-nos isso e muito mais! Daí termos invertido o modelo, em que educadoras, docentes de educação especial e outros profissionais, são os agentes ao serviço da família e não o contrário. Por defendermos este modelo, que vai ao encontro da investigação mais recente, foi feita uma exposição ao Governo dos Açores no sentido de entendermos a visão política sobre a potencialidade do projeto e sua monitorização. Consideramos que a Intervenção Precoce na Infância e a Educação Inclusiva devem partir de um esforço e vontade conjunta de diferentes intervenientes, com estratégias comuns e numa base de partilha de ideias, permitindo assim evitar resultados de sobreposição num território social limitado e a necessitar de ser aperfeiçoado.
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megafone José F. Andrade
João Tavares João Tavares, Michael Gaylord Smith e Filipe Larsen são os principais protagonistas de April21, um trio que faz música, através de sessões de improvisação. A técnica aliada à inspiração, fazem o resto. Fernando Resendes funciona como convidado e Raul Resendes faz a captação e gravação do produto final.
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João Tavares é o principal impulsionador das sessões de improvisação em São Miguel. Desde há alguns anos a esta parte, reúne no seu estúdio, músicos de diferentes quadrantes musicais para, em conjunto, realizar sessões de música improvisada. João Tavares, tem na bateria e no saxofone tenor os seus instrumentos de eleição, como nos explica: “Gosto muito de duetos de sopro e percussões, talvez por ser a forma mais livre de improvisação que existe, pelo menos a meu ver. Como disseste, isso tem feito a diferença, ou seja, explorar sons com outros instrumentos é sempre enriquecedor, explorar novas ideias e conceitos. Ultimamente, tenho reciclado diversas peças em metal que recolho de um sucateiro e que aproveito para criar novos sons, que misturo posteriormente com sons da natureza e outros instrumentos.” O nome de João Tavares já ultrapassou as barreiras da insularidade, ao ser convidado, diversas vezes, por artistas europeus e norte-americanos. Sobre este assunto, diz o seguinte: “A verdade é que, durante o período da pandemia, em que todos nós estávamos fechados em nossas casas, eu passava o dia inteiro no meu local de ensaio, a fazer gravações experimentais, com vários instrumentos, que não a bateria, que como sabes é o meu instrumento inicial, desde os 15 anos de idade. Nessas gravações, praticamente diárias chamei de “Diário dos Sons” e que postava e ainda posto no Youtube e outras plataformas sociais. Daí, comecei a receber contactos para participações em vários projectos de músicos, em países diferentes. Respondendo à segunda parte da pergunta, posso dizer que sim, persistência muita dedicação e paixão na evolução em diferentes instrumentos.” Em relação ao projecto April21 e ao trabalho que acaba de ser lançado, afirmou: “Este projecto nasce depois de uma das gravações em vídeo que costumo postar no Youtube e noutras plataformas sociais e que fazemos, em minha casa com amigos, neste caso com o Michael Gaylord Smith no saxofone e o Filipe Larsen no baixo. Houve uma editora luso japonesa, (MIMI Records) dirigida por Ogata Tetsuo que ouviu e me contactou a propor se estaríamos interessados em gravar algo para a editora dele. Eu e o Michael G. Smith conversamos sobre isso e decidimos produzir a gravação, contando ainda com o Filipe Larsen, que é um exce-
lente baixista e músico. Após termos rodado em sala de ensaio, resolvemos convidar o Fernando Resendes, a participar em algumas faixas, com electrónica e teclados. Entretanto, deu-se a pandemia Covid19, quando estava previsto gravar no Conservatório de Ponta Delgada, espaço que nos foi cedido com toda a boa vontade, através dos membros da sua direcção e que tinha sido proposto pelo Raul Resendes, pessoa responsável pela gravação e mixagem. Com o agravamento da crise pandémica e por ideia de Raul Resendes e de Michael G. Smith decidiu-se fazer se na Casa Grande da Caloura, numa sala espectacular com condições acústicas fabulosas, propriedade do próprio Michael G Smith. Estivemos uma semana em gravações, com espírito aberto, espontâneo, coeso e em total improvisação, entre todos nós. De salientar que não houve repetições, cortes ou colagens na gravação e pós-produção.”
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consultório eventos jurídico
com:
Carlos Melo Bento advogado
De que forma se prova a inimputabilidade de um indivíduo perante o Tribunal? Que critérios são analisados? O que pode resultar quanto à pena a aplicar para esses casos? Há duas formas de inimputabilidade que no fundo é a situação em que o autor do crime não é responsabilizado. A primeira é ser-se menor de 16 anos. Neste caso o que pratica o crime é tratado como uma pessoa incompleta que está a ser criada e ainda não atingiu aquilo que os gregos chamavam a idade divina: 16 anos. Os tribunais especializados em tratar de assuntos criminais dos menores obedecem então a regras diferentes das pessosa com idade maior que aquela. Tenta-se orientar a sua educação no bom sentido como um pai faria, embora possa ser-lhes limitada a liberdade. Sendo a pessoa de 16 anos de idade ou mais, considera-se inimputável, nos termos do artigo 20 do Código Penal quando, “por força de uma anomalia psíquica, for incapaz, no momento da prática do facto, de avaliar a ilicitude deste ou de se determinar de acordo com essa avaliação” ou então quem, por força de uma anomalia psíquica grave, não acidental e cujos efeitos não domina, sem que por isso possa ser censurado, tiver, no momento da prática do facto, a capacidade para avaliar a ilicitude deste ou para se determinar de acordo com essa avaliação sensivelmente diminuída. Claro que essa situação nunca pode ser provocada pelo próprio com intenção de praticar o crime, porque neste caso é imputável, ou seja, é responsabilizado pelo crime e punido. A prova dessas situações é feita essencialmente por peritagem médica, acompanhada de testemunhas que comprovem sem dúvidas razoáveis a prática do crime, ou por vestígios materiais que relacionem o suspeito com o crime: ADN, impressões digitais, etc. etc. que convençam o tribunal da prática do crime por aquele indivíduo. Comprovada a inimputabilidade ou seja a irresponsabilidade do agente por doença mental grave (o que, diga-se, não é nada fácil de provar!) então não são aplicadas penas mas sim medidas de segurança. E lá diz o Código Penal, “quem tiver praticado um facto ilícito típico e for considerado inimputável, nos termos do artigo 20.º, é mandado internar pelo tribunal em estabelecimento de cura, tratamento ou segurança, sempre que, por virtude da anomalia psíquica e da gravidade do facto praticado, houver fundado receio de que venha a cometer outros factos da mesma espécie.” Esse internamento está sujeito a grande vigilância e em princípio não pode ser mais longo que a pena prevista para o crime, mas pode ser aumentado no tempo conforme o perigo que constituir a sua libertação. Note bem: estes pequenos conselhos não dispensam a consulta a um advogado. Pois, cada caso é um caso e, para se dar um conselho, é preciso saber muitos detalhes que não cabem nas perguntas que me são feitas.
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reportagem
Livro “Comer Vegetariano Durante Uma Semana” nomeado nos ‘Óscares da Culinária’
Natacha Alexandra Pastor
DR
O livro “Comer Vegetariano Durante Uma Semana — Desafio de Cozinha de Sentidos”, de Gualter Rainha, é finalista em duas categorias nos prestigiados Gourmand Awards 2021, conhecidos como os Óscares da culinária. O livro de Gualter Rainha, intitulado “Comer Vegetariano Durante Uma Semana” está na “shortlist” de Melhor Livro de Culinária Escrito em Português e ainda concorre ao
prémio de Melhor Livro Vegetariano. Os vencedores dos Goumand Awards 2021 serão anunciados no Umea Food Symposium, que ocorre de 2 a 5 de junho na cidade de Umea, na Suécia. A obra “Comer Vegetariano Durante Uma Semana”, com chanceça Letras Lavadas, pode ser considerado um passo introdutório à dieta 100% vegetal, desafiando os leitores a segui-la por sete dias. Durante o desafio, os leitores terão acesso a bases ligadas à dieta vegetariana, de acordo com as sugestões do autor, permitindo que posteriormente consigam fazer adaptações e seguir a dieta 100 % vegetal de forma autónoma. O livro é composto por um total de 40 receitas: 7 de pequenos-almoços, 7 de lanches, 14 para pratos principais, 2 receitas de substitutos vegetais aos derivados comuns, 6 bebidas sugestivas e 4 sobremesas. Encontrará, ainda, algumas sugestões e curiosidades que o autor tem presentes diariamente quando escolhe os produtos, algumas dicas na preparação das refeições e na hora das refeições. As receitas são simples e todas 100 % vegetais, além de económicas.
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saúde ótica
Tempo excessivo no computador ou no telemóvel?! Um estudo publicado na revista científica The Lancet Digital Health, sugere que demasiado tempo passado em frente ao telemóvel ou tablet está associado a um risco 30% superior de vir a desenvolver miopia. Se acrescentarmos o uso excessivo do computador, o risco aumenta para perto de 80%. Passa muitas horas a trabalhar ao computador? Pela sua saúde e pelos seus olhos: - Faça pausas de 20 em 20 minutos para que os músculos dos seus olhos e das lentes que o compõem possam relaxar; - Olhe para o infinito durante esses intervalos para que os músculos relaxem o mais possível; - Pestaneje várias vezes para ajudar a lubrificar os olhos; - Se sentir muita secura e irritação ocular, use uma lágrima artificial. Artigo elaborado com suporte em: INSTITUTOPTICO www.institutoptico.pt
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desporto motorizado
CAR 2022 56º AZORES RALLYE
RICARDO MOURA DO PRINCÍPIO AO FIM
Renato Carvalho
Carlos Costa
O Campeonato dos Açores de Ralis voltou à estrada com a realização de mais uma edição do Azores Rallye. A prova organizada pelo Grupo Desportivo Comercial foi ganha pela dupla formada por Ricardo Moura e António Costa num Škoda Fabia R5 evo da equipa ARC. A nova temporada começou e os candidatos ao triunfo voltam a ser os mesmos do ano passado. O campeão em título, Rúben Rodrigues continua a apostar no Citroen C3 Rally2 da equipa Auto Açoreana Racing, Luís Miguel Rego volta a pilotar o Škoda Fabia R5 Evo do Team Além Mar e Pedro Câmara em Citroen C3 Rally2 prossegue a sua ligação à Play Racing. Como é habitual, este rali contou com a presença de Ricardo Moura num Škoda Fabia R5 Evo que não deverá marcar presença nas restantes provas do campeonato. A primeira etapa do Azores Rallye foi o figurino da prova inaugural da época de ralis nos Açores. Os concorrentes tinham de percorrer uma dupla passagem pelos troços de terra da Coroa da Mata, Graminhais e Tronqueira, terminando com a Super Especial do Grupo Marques. O alerta amarelo para precipitação antevia um sábado chuvoso, o que veio acontecer. Como consequência a primeira prova de classificação (Coroa da Mata) foi
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anulada. Desta forma, o rali começou nos Graminhais e Ricardo Moura averbou o melhor tempo com uma vantagem de quase 28 segundos sobre Luís Miguel Rego e Rúben Rodrigues que ficam separados por menos de uma décima. Na Tronqueira, o mais rápido foi Rúben Rodrigues, a segunda posição pertenceu a Ricardo Moura com mais 2,7 segundos e Luís Miguel Rego perdeu 23,3 segundos para Rodrigues. Assim, no final desta secção, Ricardo Moura liderava com um avanço de 25,2 segundos sobre Rúben Rodrigues e de 48,4 segundos sobre Luís Miguel Rego. No primeiro troço da tarde, Coroa da Mata, Moura ganhou mais 4 segundos a Rodrigues enquanto Rego perdeu mais 20 segundos. Na segunda passagem pelos Graminhais, Ricardo Moura foi mais veloz que os seus adversários, com a diferença a ser superior a meio minuto. A prova de classificação Tronqueira 2 foi considerada Power Stage, pelo que ao vencedor são atribuídos 3 pontos extras no campeonato, 2 pontos para o
CLASSIFICAÇÃO FINAL DO 56º AZORES RALLYE
1º Ricardo Moura/António Costa (Škoda Fabia Rally2 Evo) 1h24m11,8s; 2º Rúben Rodrigues/Estevão Rodrigues (Citroën C3 Rally2) a 1m02,1s; 3º Luís Miguel Rego/Jorge Henriques (Škoda Fabia Rally2 Evo) a 3m05,1s; 4º Play Racing/Pedro Câmara/João Câmara (Citroën C3 Rally2) a 4m37,0s; 5º Bruno Amaral/ Nuno Cabral (Ford Fiesta R5) a 9m38,6s; 6º Gilberto Ferreira/Manuel Lemos (Ford Escort RS Cosworth) a 17m47,8s; 7º Rui Torres/Sousa Martins (Ford Escort MKII) a 21m21,4s; 8º Luís Mota/Alexandre Ramos (Mitsubishi Lancer Evo IX) a 22m08,2s; 9º Hélder Miranda/Rui Teixeira (Seat Ibiza 6K2) a 25m43,4s; 10º Ricardo Silva/Nelson Dinis (Citroën Saxo Cup) a 28m55,4s; 11º Hélder Pimentel/Filipe Tavares (Toyota Yaris 1.3) a 32m25,1s; 12º José Rodrigues/Ivone Rodrigues (Toyota Yaris 1.3) a 32m44,2s; 13º Francisco Costa/Luís Faria (Peugeot 206 RC) a 41m51,9s.
Rali Ilha Lilás 28/29 Outubro
Picowines Rali 23/24 Setembro
Rali Santa Maria 12/13 Agosto
Além Mar Rali TAC 08/09 Julho
Ricardo Moura
28
28
Rúben Rodrigues
23
23
3º
Luís Miguel Rego
18
18
4º
Pedro Câmara
14
14
5º
Bruno Amaral
12
12
6º
Gilberto Ferreira
10
Pontos Totais
Azores Rallye 26/27 Março
1º 2º
Rali Ilha Azul 22/23 Abril
Concorrente
Além Mar Rali 03/04 Junho
CLASSIFICAÇÃO DO CAMPEONATO RALIS DOS AÇORES - ABSOLUTO* Provisória Posição
segundo e um ponto para o terceiro. Ricardo Moura e Rúben Rodrigues realizaram o mesmo tempo. Luís Miguel Rego ficou na terceira posição. Na Super Especial Grupo Marques, Moura e Rodrigues voltaram a realizar o mesmo tempo, mas foi Luís Miguel Rego o mais rápido. Mais uma vitória da dupla Ricardo Moura e António Costa em Škoda Fabia R5 Evo na principal prova do Campeonato dos Açores de Ralis. Apesar de estar inscrito, Moura não deverá participar nos restantes ralis. Na segunda posição ficou Rúben Rodrigues e Estevão Rodrigues no Citroën C3 Rally2 da Auto Açoreana Racing que venceu as duas passagens pela Tronqueira e somou a pontuação máxima da Power Stage. O último Lugar do pódio pertenceu a Luís Miguel Rego e Jorge Henriques que tripularam o Škoda Fabia R5 Evo do Team Além Mar. Com o objectivo de adquirir mais conhecimentos acerca da viatura, Pedro Câmara e João Câmara, no Citroën C3 Rally2 da Play Racing, rodaram do princípio ao fim na quarta posição. Outra formação que se manteve inalterável na tabela classificativa foi Bruno Amaral e Nuno Cabral no Ford Fiesta R5, começaram e terminaram no quinto posto. Na categoria reservada aos Veículos de 2 Rodas Motrizes, o triunfo coube a Rui Torres acompanhado por Sousa Martins no Ford Escort MKII que concluíram o rali na sétima posição. A próxima prova do campeonato é o Rali Ilha Azul na ilha do Faial, marcado para os dias 22 e 23 de Abril de 2022.
7º
Rui Torres
8
8º
Luís Mota
6
9º
Hélder Miranda
4
10 8 6 4
10º
Ricardo Silva
2
2
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EXERCÍCIO FÍSICO pela sua SAÚDE CELSO TAVARES - TÉCNICO ESPECIALISTA
EM EXERCÍCIO FÍSICO
#saidosofá
Primavera: Tempo de treinar mais vezes ao ar livre Com a chegada da Primavera, tens a oportunidade de aproveitar mais facilmente os espaços ao ar livre, para desenvolveres algumas atividades desportivas. Sugerimos que calces os teus ténis, e faças caminhadas pelos jardins ou avenidas junto à costa; alguns exercícios de ginástica nos diversos pontos de exercício públicos que encontras em diferentes locais da ilha de São Miguel. Se gostas de correr ou de algo mais intenso, poderás optar por trail running; ou por fazer uns passeios de bicicle-
ta, sozinho ou num grupo pequeno; uma ida à piscina; ou praticar alguns outros desportos que podes combinar com os amigos, são outras hipóteses. Sugerimos, sempre, que faças algum aquecimento prévio e alongamentos antes de iniciares qualquer uma das tuas atividades e, quando as fazes ao ar livre, não te esqueças de aplicar um bom protetor solar e de usares, eventualmente, um boné, para ficares mais protegido. Aproveita os primeiros dias da Primavera e diverte-te!
Não vejas o exercício físico como uma moda só porque os demais o fazem. Vê como um medicamento natural para a tua saúde física e mental.
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criativaDESIGN criativaDESIGN
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CONSULTÓRIO DA SAÚDE
Coloque uma questão dirigida ao Consultório da Saúde utilizando o e-mail: consultoriodasaude@hotmail.com
Gripe fora de horas…
João Bicudo Melo Médico e Psicólogo Clínico
Nos últimos dias temos assistido à mediatização da frequência aumentada de casos de gripe em Portugal, tendo-se já verificado um aumento da afluência em muitos serviços de urgência do nosso país. Porém, com o verão à vista, parece que a gripe, este ano, vem fora de horas. Sabemos, para já, que o subtipo em circulação em Portugal é o da gripe A H3N2. Este vírus é transmitido de forma semelhante à do vírus responsável pela Covid 19. Ou seja, inalação de gotículas expelidas por um indivíduo infetado, bem como através do manuseio de superfícies e objetos conspurcados. Este quadro clínico tende a ter instalação súbita e a apresentar-se com sensação de calafrios e arrepios. Em muitos casos, os utentes apresentam uma sensação de “fraqueza” e cansaço. Não menos frequente é a apresentação de dores musculares, sendo que muitos doentes utilizam uma expressão recorrente: “oh doutor, parece que levei pancadaria”!. Igualmente entre os sintomas mais frequentes estão as dores de cabeça, por vezes concorrendo com uma intolerância à luminosidade. Nas primeiros 48 horas de doença é frequente a apresentação de febre, podendo alguns adultos apresentar valores de temperatura corporal de 38º ou 39 ºC. Para além desta sintomatologia dita constitucional, os utentes podem apresentar dor de garganta, sensação de peito em queimação ou desconforto torácico, congestão nasal e/ou tosse não produtiva. Em alguns casos, com o evoluir da doença, a tosse pode deixar de ser seca, passando a apresentar-se com expetoração, normalmente de coloração clara. Podem ainda haver queixas do foro gástrico, como náuseas e vómitos, embora esta semiologia seja mais frequente em utentes em idade pediátrica. Numa expressiva maioria dos casos o curso
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da doença prolonga-se por 3 dias, podendo em alguns casos manter-se ativa até ao quinto dia, resolvendo-se favoravelmente e sem necessidade de grandes intervenções médicas. O diagnóstico é clínico na maioria dos casos, embora tenhamos disponíveis estudos moleculares que nos permitem aceder a um diagnóstico de certeza. Perante a existência de sintomas procure descansar, hidratar-se adequadamente bebendo água e chás e adote uma dieta equilibrada. Por vezes, pode ser necessário o recurso a fármacos com ação anti-pirética (baixar a febre) e analgésica (tirar as dores), bem como descongestionantes nasais. Embora a evolução seja benigna numa quantidade representativa de utentes, existem casos que podem complicar. Entre as principais complicações está a Pneumonia. Os principais grupos de risco para complicações são as crianças com idade inferior a 2 anos, os idosos, os diabéticos, os portadores de doenças respiratórias crónicas, os indivíduos com excesso de peso e as grávidas. A melhor estratégia de prevenção da gripe é através do cumprimento da vacinação, felizmente bem estabelecida em Portugal, embora ainda se assista à não adesão por parte de alguns utentes de grupos elegíveis. Se apresentar sintomatologia sugestiva, evite muitos contactos sociais. Proteja os outros! Procure espirrar para o braço. Utilize lenços descartáveis. Lave muito bem as mãos após espirrar ou tossir. Perante sintomatologia leve evite o recurso ao serviço de urgência. Invista em medidas no domicílio e peça aconselhamento ao seu médico de família. Opte por recorrer ao serviço de urgência hospitalar apenas nas situações conotadas com gravidade. Como sempre, prevenir é o melhor remédio!
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saúde auditiva
Quais são as causas de perda de audição? Existem muitas causas diferentes de perda auditiva. Algumas são provocadas pelo mundo que nos rodeia: maquinaria barulhenta, música alta, tiros, explosões, rugido de motos e aviões, etc. Algumas outras causam podem vir de ‘dentro de nós’, incluindo a perda auditiva causada pelos efeitos colaterais de medicação ou infeções no ouvido. Porém, as causas mais comuns de perda auditiva têm que ver com o envelhecimento normal. Faça um rastreio auditivo e saiba como está a sua saúde auditiva.
A perda de audição pode afetar os seus relacionamentos? Os sintomas de perda auditiva podem ser mal interpretados pelos seus colegas de trabalho e entes queridos. Quando você não responde imediatamente ao que eles estão dizendo, eles podem pensar que você não está prestando atenção ou que não está apenas interessado no seu ponto de vista. Os eventos sociais tornam-se menos agradáveis quando se vive com perda auditiva. Pode ser difícil entender o que está sendo dito quando há muito ruído em segundo plano.
1 em 6 adultos possuem algum grau de perda auditiva! Imagine estar a jantar num restaurante movimentado. No fundo, existe barulho de pratos, cadeiras arrastadas, pessoas falando e rindo. Você está esforçando-se para acompanhar o que está acontecendo na sua mesa, e o esforço de fazer isso está começando a fazer-se sentir mais e mais cansado. Eventualmente, você começa a fingir que pode ouvir. Acena com a cabeça, parece interessado e ri com a multidão, mesmo que não tenha entendido as brincadeiras. Começa a sentir-se deixado de fora. Quando sai do restaurante tem uma dor de cabeça palpitante, desapontamento e não pretende repetir a experiência tão cedo. Pense sobre essas situações diárias e sobre como elas o afetam, faça um rastreio auditivo gratuito e previna estas situações.
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confie em quem lhe dá assistência!
Faça como a Alexandra Lencastre
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Olhar Criativo Desafio Mensal com o Tema:
“Água, Fonte de Vida”
1º Lugar - Fonte de vida - Nicolau Wallenstein
Estas páginas são dedicadas ao olhar dos entusiastas que, com a Associação de Fotógrafos Amadores dos Açores, promovem de forma apaixonada a fotografia e a arte de fotografar nos Açores, desde 2007.”
Coordenação: Paulino Pavão
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Edição:
2º Lugar - Aquíferos Subterrâneos - Francisco Carreiro
3º Lugar - A fonte da nossa vida - José Vaz
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eventos
3º Aniversário da OMD de Ponta Delgada Carlos Costa Em dia de aniversário, a OMD de Ponta Delgada assinalou a data de abertura da primeira loja dos Açores, com bolo e champanhe, um momento que foi partilhado entre os diversos colaboradores, em conjunto com alguns utentes.
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c ria ti va magazine - abril 2022 • 39
eventos David Quelhas foi o vencedor do 2º Povoação Trail CM Povoação David Quelhas foi o grande vencedor da 2º edição do Povoação Trail, que decorreu na Vila da Povoação, no dia 13 de março e que contou com figuras públicas como Pedro Fernandes e o Chef Kiko. O atleta vencedor cortou a meta dos 50 kms, no Ultra Trail, com 5 horas e 6 minutos de corrida. Além do Ultra Trail e do Trail Longo, que começaram e terminaram na Vila, o Povoação Trail contou ainda com uma Caminhada de 11 kms que saiu do parque Florestal de Água Retorta em direção à Povoação. A 2º edição contou com participantes a título individual e 49 equipas com atletas Portugueses, Espanhóis, Franceses, Polacos, Luxemburgueses, Alemães, Grecos e da República do Chade.
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eventos
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c ria ti va magazine - abril 2022 • 43
eventos Exposição “Panône” assinala dia da Mulher CM Nordeste Em celebração do Dia Internacional da Mulher, a autarquia do Nordeste inaugurou a exposição Mulheres “Panône”, nome atribuído a um painel têxtil decorativo de suspensão em parede, com 97 rostos, bordados à mão de todas as partes do mundo, é a peça central e dinamizadora da exposição. É a partir das várias personalidades, nacionalidades e épocas nele representadas que se desenvolve a narrativa da exposição, tratando-se de uma peça centenária elaborada pela nordestense Exeolinda Pires Coelho.
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eventos
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eventos El Açor regressa a Ponta Delgada Nuno Gomes | Coliseu Micaelense Seis Tunas participaram no XXI El Açor - Festival Internacional de Tunas, que decorreu no Coliseu Micaelense. As convidadas deste Al Açor foram a Tuna Académica da Faculdade de Direito da Universidade do Porto; Tuna Académica do Politécnico do Porto; Tuna Académica da Universidade de Évora; Tuna Académica do Instituto Superior de Engenharia do Porto; Tuna Universitária da Madeira e Tuna Universitária de Trás-Os-Montes e Alto Douro.
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eventos Povoação na BTL CM Nordeste Patrocinadas pelas próprias prestigiadas unidades hoteleiras e respetivo alojamento local, a Câmara Municipal da Povoação ofereceu, na Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL), estadias no Terra Nostra Garden Hotel, Hotel do Mar, Furnas Lake Villas, Furnas Boutique Hotel, Casa da Cisaltina, Casa da Quinta e Casa da Maria de Deus, a quem a autarquia muito agradece a prestimosa colaboração. O concelho da Povoação promoveu-se com um breve apresentação em vídeo do município onde foi destacada a paisagem, os trilhos e o vasto leque de opções a realizar ao ar livre, tanto terra como no mar, a gastronomia, a cultura e alguns dos mais importantes eventos culturais, profanos e religiosos, que todos os anos atraem, ao concelho, inúmeros visitantes, designadamente o grande Baile de Carnaval Verde e Amarelo; a Exposição de Camélias das Furnas; a Festa do Corpo de Deus; a Festa do Chicharro e o Festival da Povoação.
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agenda
CONCERTO “THE DIRE STRAITS EXPERIENCE”
Agenda sujeita a eventuais alterações.
Coliseu Micaelense
ESPETÁCULO “3 É DEMAIS – SEGUNDA DOSE” Coliseu Micaelense
RECITAL DE CANTO, PIANO E VIOLONCELO - “MODINHAS LUSO-BRASILEIRAS DO SÉC. XIX CANÇÃO SENTIMENTAL”
21H30
21H30
21H30
Teatro Micaelense
Espetáculo Cuca Roseta Convento de Santo António/Lagoa
21H00
Mercadinho de Artesanato da Páscoa
Posto de Turismo do Nordeste
até
Exposição Mulheres Panône Sala de Exposições do Município do Nordeste
Exposição “Transformatório – Themlitz & Companhia”
Centro de Artes Contemporâneas
até
até
16 22 22 23 30 31 31
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abril abril
abril
abril
maio
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aconteceu Ponta Delgada vai lançar PDL ConVida A Câmara Municipal de Ponta Delgada aprovou o lançamento da primeira edição do programa PDL ConVida. Uma medida que conta com a colaboração da Associação de Hotelaria, Restauração e Similares – AHRESP – Delegação dos Açores, a Associação de Hotelaria de Portugal nos Açores e União Audiovisual nos Açores. Os objetivos desta iniciativa são: incentivar o consumo
nos restaurantes, bares e hotéis de Ponta Delgada, criar oportunidades de produção aos artistas e atores culturais, minimizando as fragilidades económicas destes, promover o potencial cultural, artístico e gastronómico do Concelho de Ponta Delgada, apresentar uma experiência cultural envolvendo diferentes setores empresariais, estimular a dinamização de ambientes para a cultura em novos espaços, alavancando e fortalecendo o tecido empresarial local. CAMPANHA DE DOAÇÃO DE LIVROS PARA A GUINÉ-BISSAU A Câmara Municipal da Ribeira Grande colaborou na campanha de angariação de livros e de material escolar, organizada pelo Estado Maior das Forças Armadas Portuguesas, tendo como destino a Guiné-Bissau. No total, foram disponibilizados 1700 livros, que vão desde temáticas infantis à literatura, história, ciências da natureza e enciclopédias.
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CÂMARA DE LAGOA DISTINGUE SENSEI ANTÓNIO MONIZ COM VOTO DE LOUVOR A Presidente da Câmara Municipal de Lagoa, Cristina Calisto, entregou um voto de louvor ao sensei António
José Moniz, treinador do Centro de Karate de Lagoa (CKL). Também os atletas do CKL, Maria João Oliveira Sousa e Francisco Sousa Oliveira, receberam os cinturões negros pelas mãos da edilidade. António José Gaspar Moniz, nascido a 11 de junho de 1962, é treinador do Centro de Karaté de Lagoa desde a sua fundação. Certificado com curso de treinador no Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ) desde 2002, atingiu a marca de 20 anos de treinador, ininterruptamente, na modalidade de karaté. “Ucrânia” árvore da esperança plantada em Rabo de Peixe A Junta de Freguesia de Rabo de Peixe, em parceria com o Lions Clube de Rabo de Peixe, assinalou o Dia Mundial da Árvore através de uma ação de arborização/reflorestação que teve lugar em vários jardins da vila. Num deles, teve lugar uma ação simbólica de solidariedade para com a Ucrânia ao atribuírem a uma das árvores o nome “Ucrânia”. Festa da Primavera, Dia da Árvore e Dia Mundial da Poesia em Ponta Delgada A Câmara Municipal de Ponta Delgada celebrou a Festa da Primavera, o Dia da Árvore e o Dia Mundial da Poesia. O centro histórico da cidade encheu-se de cor e alegria para acolher dezenas de crianças. As mascotes infantis Minnie, Mickey e Panda,
além de dois insufláveis, animaram os mais novos. Na Matriz de Ponta Delgada, as crianças deliciaram-se com um atelier no qual foram promovidas atividades de plantação e sementeira, com regadores, terra, vasos, pás, plantios, sementes e três tabuleiros com terra. Isto além de um atelier onde se realizará modelagem de balões e pinturas faciais.
Novo quartel dos Bombeiros da Povoação inaugurado em maio O novo quartel da Associação de Bombeiros Voluntários da Povoação deverá ser inaugurado em maio deste ano, adiantou o Secretário Regional da Saúde, falando à margem de uma visita ao local. “Esta é uma infraestrutura essencial num concelho marcado por alguns acidentes provocados por causas naturais”, considerou Clélio Meneses. O governante refere ainda que o novo quartel “é um espaço digno e com capacidade para fazer face, com eficácia, àquilo que a natureza, por vezes”, impõe, “para além de outras ocorrências a que os bombeiros são chamados”.
Produtos dos Açores em Porto Alegre O Mercado Municipal de Porto Alegre, no Brasil, receberá até julho a instalação de uma loja de venda de produtos açorianos, no seguimento de um acordo firmado, agora, entre o Prefeito da cidade e o Governo dos Açores. A loja, cedida gratuitamente, será explorada pela Casa dos Açores do Estado do Rio Grande do Sul (CAERGS), receberá numa “primeira fase” produtos oferecidos pelo Governo dos Açores de modo a “fidelizar os consumidores”, anunciou, em visita oficial à cidade, o Secretário Regional da Agricultura e do Desenvolvimento Rural, António Ventura. Governo Regional dos Açores entregou nova viatura à Alternativa O Secretário Regional da Saúde e Desporto, Clélio Meneses, procedeu à entre-
ga, em Ponta Delgada, de uma nova viatura à Alternativa – Associação Contra as Dependências. Clélio Meneses considerou que a instituição “vai conseguir com este novo equipamento prestar um trabalho mais digno e mais adequado”, tendo em conta que grande parte do transporte inerente à atividade da Alternativa era feito com viaturas próprias ou de voluntários.
“AÇORES-EUA” LANÇADO NA BIBLIOTECA DANIEL DE SÁ FOTO O livro “Açores-EUA: de Colombo à I Guerra Mundial”, da autoria de Eduardo Medeiros, foi lançado na Biblioteca Daniel de Sá. Trata-se de uma obra que terá sequência, pelo menos em mais dois volumes dedicados, o primeiro, à relação entre os Açores e os EUA, da 1ª Guerra Mundial à Guerra do Iraque e, o segundo, às associações, artistas e autores açorianos nos EUA. Editado pela Associação de Emigrantes dos Açores, com apoio do Consulado dos EUA nos Açores, a obra em causa pretende tornar acessível, sobretudo para os mais novos, a história e cultura açorianas, especificamente na sua ligação com os EUA. Ao longo dos onze capítulos, dentro do espaço temporal definido, este livro aborda temas como a paragem de Colombo nos Açores, Açorianos e outros portugueses na américa, a baleação ou a emigração para os EUA no séc. XIX e primeiros anos do séc. XX. Dia da Poesia comemorado na Casa João de Melo
A Casa João de Melo foi palco das celebrações do Dia da Poe-
sia, através da dramatização e leitura de poesia pelo Agrupamento de Escuteiros de Santo António de Nordestinho. Este serão cultural vem dar continuidade à programação trimestral que a Câmara do Nordeste tem desenvolvido na Casa João de Melo, após as obras de beneficiação inauguradas em agosto do ano passado com a presença do escritor. Câmara de Ponta Delgada está a preparar “Balcão da Inclusão” A Câmara Municipal de Ponta Delgada já está a preparar o “Balcão da Inclusão” e é pioneira nos Açores ao avançar com um instrumento que tem como missão a informação e mediação especializada e acessível às pessoas com deficiência e/ou incapacidade, suas famílias, organizações e outros que direta ou indiretamente intervêm na área da deficiência. “Aprender a Comer Brincando” A Câmara Municipal de Ponta Delgada, através da Ludoteca Itinerante, está a levar ao longo o presente ano letivo e a todas as escolas do 1º Ciclo o projeto “Aprender a Comer Brincando”. Tem como principal objetivo dar aos alunos do pré escolar e do 1º ano referências que lhes permitam fazer escolhas mais informadas e saudáveis. Pretende ainda promover a associação entre hábitos alimentares saudáveis e a prática da atividade física. O projeto conta com a colaboração dos dois animadores da Ludoteca Itinerante, de uma nutricionista e de um professor de Educação Física.
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horóscopo Astrólogo Luís Moniz
signo do mês
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Carneiro 21/03 a 20/04 Amor: expanda a sua capacidade de tomar iniciativas e adote uma atitude criativa de modo a conseguir aproveitar esta fase de renovação da sua vida. Trabalho: as perspetivas profissionais são ótimas e tudo tende a decorrer de forma auspiciosa. No entanto, cabe a si usar os recursos disponíveis.
Balança 23/09 a 22/10 Amor: o seu poder de discernimento racional encontra-se especialmente aguçado. Examine o modo como resolve as situações difíceis do seu quotidiano. Trabalho: podem surgir propostas que necessitam de uma forte capacidade de decisão. Procure tirar o melhor proveito deste período de crescimento.
touro 21/04 a 20/05 Amor: atravessa um período agradável e harmonioso em termos sentimentais. É possível que pretenda passar mais tempo a conviver no conforto do lar. Trabalho: a conjuntura permite-lhe avançar na carreira, mas não tenha receio de assumir novas responsabilidades. O setor económico está favorecido.
Escorpião 23/10 a 21/11 Amor: as suas qualidades pessoais estão especialmente acentuadas. Nesta perspetiva, não tenha medo de projetar a sua faceta magnética e misteriosa. Trabalho: esta é uma etapa benéfica que lhe possibilita obter resultados muito positivos. Tente tirar o melhor proveito deste ciclo de crescimento.
gêmeos 21/05 a 20/06 Amor: altura ideal para participar em eventos sociais que possam estimular a sua mente versátil. Aliás, as amizades podem ganhar maior importância. Trabalho: momento propício para concretizar todas as suas tarefas. Está bastante eficaz e tudo indica que vai alcançar plenamente os seus objetivos.
sagitário 22/11 a 21/12
Caranguejo 21/06 a 22/07 Amor: talvez tenha de servir de suporte a uma pessoa que lhe está próxima, mas atue com discernimento e não deixe que ninguém abuse da sua bondade. Trabalho: aproxima-se uma etapa decisiva que lhe pode trazer regalias financeiras. Porém, siga a sua intuição e não tenha medo de tomar decisões.
capricórnio 22/12 a 19/01 Amor: analise os fatores que podem ter causado uma transformação na sua vida afetiva. Neste sentido, seja racional e assuma os seus compromissos. Trabalho: provavelmente, agora vai encontrar um novo rumo para a sua carreira. Esperam-se mudanças, mas ouça a opinião dos seus parentes próximos.
leão 23/07 a 22/08
aquário 20/01 a 18/02
virgem 23/08 a 22/09 Amor: o seu relacionamento afetivo revela o amadurecimento de ambos os elementos do par. Contudo, dê mais atenção às opiniões da sua cara-metade. Trabalho: perspetiva-se uma época tranquila que pode ser aproveitada para a aquisição de conhecimentos, essenciais para a sua bagagem intelectual.
peixes 19/02 a 20/03 Amor: sente que tem maior capacidade de expor as suas ideias com discernimento e transparência. Assim, converse com alguém sobre os seus intentos. Trabalho: o seu regente Júpiter concede-lhe proteção. Porém, acredite em si, aumente a sua fé e tire o melhor proveito deste ciclo de crescimento.
Amor: prevêem-se bons progressos no plano amoroso. Mas, desenvolva uma atitude flexível de maneira a afastar rotinas que possam desgastar a relação. Trabalho: privilegie a aquisição de conhecimentos e tente desenvolver projetos inovadores, que lhe possam proporcionar um futuro mais vantajoso.
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Amor: a abertura de horizontes traz-lhe vários benefícios Neste sentido, siga com confiança a sua intuição e acredite nas suas próprias convicções. Trabalho: existe um ambiente de autodisciplina que lhe possibilita concretizar os seus planos e todas as suas ações tendem a obter muitos êxitos.
Amor: esta é uma época em que sente maior vontade de contatar com a maior diversidade de pessoas possível de modo a tirar o máximo proveito da vida. Trabalho: a sua situação financeira e os bens materiais estão em primeiro plano de forma a poder melhorar no futuro as suas condições económicas.
Ser um Guzzista não é sobre a mota que tu escolhes, é sobre quem tu és!
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