CRIATIVA MAGAZINE - AGOSTO DE 2016

Page 1

a vida das irmãs Clarissas

percurso notável no Jet-ski

No

inte u de c rior d es h con e r to s Ano II Nº 22 agosto 2016

Mosteiro de Nª Senhora das Mercês

Gonçalo Rodrigues

vo

Curso de Verão

de Dança com professoras excecionais



14

10

p

p

entrevista

reportagem

04 p 28

p

Grande entrevista

desporto motorizado

ficha técnica Propriedade:

criativaçores, Lda

Rua do Espírito Santo, 77 - r/c Esq. Torres do Loreto 9500-465 Ponta Delgada NIF: 513 281 070 Email: criativa.azores@gmail.com

962 370 110 • 968 691 361

Nº Registo: 126655 Diretora: Natacha Alexandra Pastor Editor: Carlos Costa Periodicidade: Mensal Tiragem: 5.000 exemplares Sede da Redação: Rua Espírito Santo, nº 77 R/chão Esqº 9500-465 Ponta Delgada Impressão: Coingra - Companhia Gráfica dos Açores Parque Industrial da Ribeira Grande - Lote 33 9600-499 Ribeira Grande Colaboradores: Astutos, Carlos Melo Bento, José de Almeida Mello, João Pacheco de Melo, Luís Moniz, Paulino Pavão/AFAA e Renato Carvalho. Direção Comercial: João Carlos Encarnação Design Gráfico, paginação e publicidade: Orlando Medeiros - Criativa Fotografia: Carlos Costa e Orlando Medeiros Depósito Legal: 390939/15 O uso e reprodução parcial ou total de qualquer conteúdo existente nesta revista é expressamente proibido. Os anúncios existentes nesta revista são da inteira responsabilidade dos anunciantes.

e ainda... p p p p p p

12 18 20 30 32 38 Eventos

a Corrida Mais Louca do Mundo “Clarissas” filme de André laranjinha João Gago da Câmara livro Dos Vulcões ao Desterro

um olhar criativo com: Isidro Vieira

saúde

Lentes de contato


grande entrevista

Curso de Dança de Verão pode ser o início de outros projetos futuros É a primeira experiência de A Minha Escolinha de Ballet. Trata-se de um curso de verão de dança que decorre nas cidades da Ribeira Grande e de Ponta Delgada, sendo lecionado por duas grandes profissionais, Michelle de Brouwer e Christy Stoeten. O curso, que a AME gostaria de vir a desenvolver de forma anual ou bianual, é ainda mais uma oportunidade para que os alunos frequentes da Escolinha de Ballet possam ter o máximo de experiências pedagógicas possíveis na área da dança. Natacha Alexandra Pastor

4 • c ria ti va magazine

Pau Storch


Criativa: A minha Escolinha de Ballet promove neste mês de agosto um curso de dança. Como nasce este projeto? Jessica Ferreira (A Minha Escolinha de Ballet) - O projeto deste primeiro Curso de Verão surge na continuidade de outros projetos nos quais a Escolinha de Dança tem estado envolvida. Temos, ao longo do ano, procurado proporcionar aos nossos alunos o máximo de experiências pedagógicas possíveis na área da dança. Temos recebido, pelo menos uma vez por ano, bailarinos e coreógrafos que nos ajudam a melhorar pois acreditamos que o contacto com professores, diversas modalidades, e de outras escolas só pode ser benéfico. Neste caso em concreto, devo salientar que a realização deste Curso nesta altura do ano acontece também graças à saudável persistência do Professor Laurence Haider que tem sido, desde sempre, o meu mentor e a força inspiradora do projeto da Escolinha de Ballet. O professor Laurence Haider, para os que não sabem, foi bailarino de carreira e tem estado sempre ligado, de forma absolutamente apaixonada, ao mundo da dança. Durante mais de vinte anos leccionou Dança Clássica em Ponta Delgada e deixou toda uma geração de alunos que, não só aprenderam com a dança, como passaram a apreciar esta arte para o resto da sua vida. Foi o meu caso. Sempre gostei da dança; daquilo que a dança nos proporciona e ensina. Guardei em mim, e para o resto da minha vida, o sentido de perseverança e de determinação que a dança deixa a quem a pratica. Hoje, felizmente, e graças a um feliz concurso de circunstâncias, tem sido possível transmitir a outros estes ensinamentos e deixar neles este entusiasmo contagiante. Neste contexto, este Curso adicional, que ocorre a meio do Verão, é mais uma forma de reforçar o que procuramos incutir ao longo do ano e de proporcionar aos que gostam de dança, de uma forma transversal e indiscriminada, a possibilidade de aprender com duas professoras credenciadas, que têm experiências profissionais de décadas no mundo da Dança Clássica, Contemporânea e Jazz. Um curso intensivo com estas profissionais é uma oportunidade única para quem gosta de aprender mais, numa tão vasta e tão completa área, como o é, a dança. Há uma parceria importante na concretização desta iniciativa? Há mais do que um parceiro importante. É caso para se dizer que neste projeto, e especialmente neste, sendo o primeiro ano de sua realização, foi necessário sensibilizar alguns parceiros para a qualidade e a importância de encetar connosco este primeiro passo. Desde logo, o projeto da Escolinha de Dança, uma iniciativa de caráter social, tem sido possível graças ao apoio da Fábrica de Licores Ferreira que nos tem apoiado 365 por ano, em todas as nossas horas. Depois, não vamos esquecer o espírito de abertura e a sensibilidade da

Câmara Municipal da Ribeira Grande, que entendeu a importância desta iniciativa para os alunos do concelho da Ribeira Grande e que, neste sentido, comparticipa a inscrição dos alunos eleitos para a frequência deste Curso. Há que agradecer, e que reconhecer, que sem a ajuda do Professor Laurence Haider nada teria sido possível. Foi ele quem estabeleceu o contacto, em Toronto, com estas duas Profissionais que, durante duas semanas, disponibilizaram-se para trabalhar com um conjunto de alunos. Por fim, a Escolinha de Ballet, devemos dizer, não baixou os braços e não desanimou. Comparticipamos com as viagens e a estadia dos formadores. Podemos dizer que, este Curso acontece porque juntamos todos estes esforços. Considerando a duração do Curso - treze dias com treinos intensivos; em três modalidades de dança diferentes - é efetivamente uma ocasião impar para aperfeiçoar, melhorar e para aprender mais. Estou certa que todos beneficiaremos desta oportunidade. Independentemente dos esforços, o retorno será positivo. Qual é a missiva do curso de dança? Que propósitos se prevêem alcançar? A missiva é simples: oferecer mais uma possibilidade de aprendizagem a quem gosta da modalidade. Aprender com professores credenciados que terão, certamente, uma abordagem diferente, fruto de uma experiência adquirida distinta. Gostaríamos de tornar este

cria ti va magazine • 5


Curso de Verão algo constante; que se proporcionasse com frequência na nossa Ilha, a uma cadência anual ou, até, bianual. A possibilidade de frequentes intercâmbios entre Professores de Dança parece-nos muito interessante e profícua. Juntar todos os que gostam e que se dedicam ao ensino da dança, pelo menos uma vez por ano, seria um excelente motivo, por si só. E, por fim, este contacto frequente com Professores que leccionam além-fronteiras, e neste caso em particular que lecionam em Toronto, pode ser um facilitador para os que ambicionam aceder à carreira de bailarino. Julgo que este primeiro Curso de Dança de Verão pode ser o início de outros projetos futuros que podem juntar todos os que gostam desta arte e, desta forma, proporcionar o permanente aperfeiçoamento da dança que já se pratica nos Açores que, sendo impulsionada pelos excelentes professores e profissionais que já temos, pode sempre sair beneficiada com abordagem adicionais. Quantos alunos se inscreveram? É um número que está para além das vossas expetativas? As aulas que terão lugar na Ribeira Grande encontram-se lotadas. Em Ponta Delgada, atingimos cerca de 70% da ocupação da turma. Ao todo, contamos ter cerca de três dezenas de alunos. Considerando que os objetivos traçados à partida eram de turmas de 15 alunos, no máximo, diria que a realidade superou a expectativa. Sabíamos que o mês de Agosto é um mês de férias e de ausência para muitos. Mas era o possível. Por outro lado, para esta primeira experiência, não queríamos turmas muito grandes, pois o objetivo era o de proporcionar uma aprendizagem o mais personalizada possível. Acreditamos que para o próximo ano, e dependendo do grau de satisfação dos alunos, o curso terá mais participação. Caso esta expectativa se concretize, deveremos encontrar espaços de treino com outra capacidade. Com apoios adicionais, mais

6 • c ria ti va magazine

colaboradores para esta causa, faremos certamente mais e melhor. Em que palcos se desenvolve o curso? O curso realiza-se nas instalações da Escolinha de Ballet, na Ribeira Grande, e no Estúdio de Dança do Professor Laurence Haider, na Rua Ernesto do Canto, 23, em Ponta Delgada. Que parcerias e apoios foram conseguidos? O parceiro institucional da Escolinha de Ballet tem sido a Fábrica de Licores Ferreira. É o nosso mecenas, uma empresa que tem colaborado ativamente em tudo o que fazemos. Porém, este Curso, em particular, teve o apoio da Câmara Municipal da Ribeira Grande e da Escolinha de Ballet. Que referências podem ser dadas dos professores convidados? MICHELLE DE BROUWER. DANÇA CLÁSSICA | É Membro do Windsor City Company Ballet. É licenciada em Dança pela Universidade de Waterloo, tendo prosseguido estudos na Escola de Toronto Dance Theatre. Ao longo da sua carreira, teve o gosto de trabalhar com coreógrafos como Pamela Grundy, David Earle, Denise Duric, Janet Johnson, Shannon Cooney, Julia Aplin, Michael Sean Marye, Serge Bennethan e Susie Burpee, entre outros. Professora acreditada pela Royal Academy of Dance, conta hoje com mais de vinte anos no ensino da dança. Detentora de certificação pela Russian Ballet Company e pela American Ballet Theater. Hoje é coreógrafa, bailarina e produtora da Blonde Dance Company. Membro do Departamento da Brown College. É fundadora e diretora da Swansea of Dance, em Toronto. CHRISTY STOETEN. DANÇA CONTEMPORÂNEA E DANÇA JAZZ | É uma bailarina independente, coreógrafa e professora que vive e desenvolve atividade em Toronto, Canadá. Ao longo da sua vida profissional teve o prazer de trabalhar com um conjunto muito di-


voucher pรกg. 51

c ria ti va magazine โ ข 7


versificado de coreógrafos e de companhias de dança, por entre os quais se encontram a Company Blonde Dance Projects; Jennifer Dallas (Kemi Projects); Meryem Alaoui, Bone Gossip Dance Theatre (Krista Posyniak); Missy Morris, Irit Amichi and Eroca Nichols (Lady Janitor). Em 2009, conquista uma bolsa para participar na reedição do bailado Sacra Conversazione, coreografado pelo canadiano David Earle. Recentemente, conquistou uma bolsa de estudo com a companhia Dancemakers, em Toronto. É Membro da Performing Arts Educators of Canadá para as modalidades de Jazz e ensino de Sapateado. É Membro do Corpo Docente da Escola Swansea of Dance, onde ensina dança moderna, sapateado e jazz para crianças e adultos. Ao longo da sua carreira leccionou ainda na Companhia “National Ballet of Canadá” e na YOU Dance. Referindo-nos agora em específico à Minha Escolinha de Ballet, quantos alunos residentes tem a escola? A Escolinha de Ballet tem 70 alunos. Qual é a vossa visão do interesse e da sensibilidade de pais, crianças e jovens para a prática de ballet? Penso que os Pais e Encarregados de Educação entendem a importância de proporcionar aos seus educandos uma formação diversificada. O que acontece é que nem sempre, por razões económicas ou outras, podem proporcionar aos filhos todas estas atividades que enriquecem o seu percurso formativo e o seu crescimento. Os pais dos meus alunos são participativos e mostram-se satisfeitos por ver que os filhos são dedicados à arte da dança. Todos os anos, no final do ano letivo, o Teatro da Ribeira Grande esgota a sua lotação. São pais, avós, famílias inteiras que acorrem e aplaudem com entusiasmo os filhos no palco. Emocionam-se visivelmente. Entendem o quanto esta

8 • c ria ti va magazine

atividade extra-curricular pode ser importante para o equilíbrio da criança. Penso que, no geral, este é o sentimento que predomina nos Pais e Educadores de hoje. E as associações e entidades oficiais? Sabemos que as associações e entidades oficiais não têm recursos inesgotáveis. Há que racionalizar. Acredito, no entanto, que se os agentes culturais concertarem as suas vontades e tiverem a possibilidade de demostrar o quanto a cultura, a arte em geral, pode ser importante para o desenvolvimento das crianças, jovens e para a formação de todos, indiscriminadamente, conseguiremos obter mais apoios do que usufruímos atualmente. É certo que os apoios recebidos são que serão sempre escassos para o tanto que gostaríamos todos de poder fazer. Para além da vertente física, que outras mais-valias podemos encontrar na dança? Responderia a esta pergunta com uma citação: “Quem é bailarino e faz a barra todas as manhãs em posições que são usadas há mais de quatrocentos anos, fazendo este ritual... É um ritual de repetição, de disciplina física. Há que nos concentrarmos unicamente no corpo, no que se passa dentro de nós. E no processo acabamos esquecendo todo o demais ruído dentro da mente, numa espécie de concentração pura. Ela liberta em nós algo muito difícil de descrever, numa espécie de liberdade. Perdemo-nos e sentimos uma experiência transcendental”. In “American Masters”, Jennifer Homans – autora do livro Apollo’s Angels Penso que aqui tem parte das mais-valias. Dos sete aos setenta, é uma arte benéfica. Ajuda-nos a sermos mais saudáveis, mais disciplinados, mais concentrados. Descontrai o corpo e de mente. E neste sentido, é para todos. Qualquer que seja a idade.


criativaDESIGN criativaDESIGN criativaDESIGN

voucher pรกg. 51

cria ti va magazine โ ข 9


entrevista

Projeto Açores pelo Nepal

Partiram para o Nepal com o sentido de ajuda àquele povo. Um apoio que passaria pela fotografia e pela escrita. Carlos Brum Melo e Ana Catarina Silva embarcaram numa viagem que os levaria a organizar uma angariação de fundos para a Assistência Médica Internacional (AMI). Natacha Alexandra Pastor

Direitos Reservados

Criativa - Carlos Brum Melo é um dos rostos da campanha de angariação de fundos Açores pelo Nepal. Como, quando e com que propósito partiu para esta ação? Tinha experienciado algo - anteriormente - parecido? Carlos Brum Melo - A campanha de angariação de fundos Açores pelo Nepal procura apoiar as vítimas dos terramotos de 25 de abril e 12 de maio no Nepal. Começou por ser um pequeno conjunto de iniciativas, que evoluiu para um projeto com expressão regional e nacional. Realizamos atividades ao ar livre, à mesa e ao som de música. Procuramos ainda sensibilizar os açorianos para as boas práticas perante fenómenos sísmicos. O projecto inicialmente centrava-se no Tibete, mas com os terramotos de 7.8 e 7.3 na escala de Richter, em abril e maio de 2015, dias antes de chegarmos a este país, os planos alteraram-se por completo. Porém,

10 • c ria ti va magazine

quatro meses depois, quando a maioria ainda evitava o Nepal, nós abraçamo-lo. Embora nunca tenha atuado em contexto de pós-catástrofe, o facto de ser açoriano, nascido num arquipélago que partilha de semelhantes fragilidades, não me deixou indiferente. O objetivo passava por ajudar o povo nepalês, com base nos instrumentos e capacidades ao nosso dispor (fotografia e escrita). Nesta viagem partimos com o propósito de dignificar a dimensão humana, um aspeto central da minha fotografia. Nunca procuramos explorar a tragédia e o sofrimento, mas antes partilhar a sua generosidade, a resiliência e a criatividade. Fê-lo acompanhado? Apoiado por instituições? Quão difícil foi chegar ao Nepal? Que embaraços sentiu pelo caminho? A viagem ao Nepal realizou-se com a Ana Catarina Silva, a minha incansável companheira de viagem, e que


escreve as narrativas que acompanham cada fotografia da exposição “Nepal, a vida criativa”. Não procuramos nem tivemos apoios institucionais para realizar a viagem. Durante a angariação de fundos, selecionamos a Assistência Médica Internacional (AMI) como beneficiária dos mesmos, uma vez que criou uma missão de emergência naquele país, e dispõe de uma delegação na ilha de São Miguel. Não foi difícil chegar ao Nepal, uma vez que os transportes aéreos são cada vez mais regulares. Contudo, os transportes no interior do país são complexos (para chegarmos a Dolakha de autocarro, a 125 quilómetros de Kathmandu, levamos 12 horas). A maior dificuldade verificou-se ao nível da comunicação, tendo exigido um tradutor, que posteriormente se tornou um entusiasta pelo projeto e um bom amigo. O que mais o impressionou no meio da destruição? A dimensão humana deste povo. Relembrou e comprovou, através dos seus sorrisos e da sua simplicidade, que aquilo que mais necessitamos não tem uma expressão económica ou material. A exposição chegou a Ponta Delgada, mas antes passou por outras paragens. Que reações já despoletaram esta iniciativa? A exposição “Nepal, a vida criativa” foi apresentada no Instituto Camões em Lisboa e na Antiga Capitania do Porto de Aveiro. A exposição obteve uma surpreendente reacção, com excelentes críticas de meios de comunicação nacionais, e contou com largas centenas de visitantes, dos 8 aos 80, nacionais e estrangeiros. Os visitantes mostraram-se, mediante diversas formas, muito sensibilizados pela atitude do povo nepalês, pela causa e pela mensagem.

Na sua chegada a Ponta Delgada, que expetativas depositou no interesse da sociedade em olhar para o seu olhar criativo desta viagem? Com este projeto e através da fotografia, falada e sentida, procuramos implicar o outro e recuperar a vontade de querer intervir de forma local, resgatando a esperança no poder dos pequenos atos numa mudança global. Procurando partilhar diferentes formas de reagir perante a adversidade, esperamos ainda fomentar a esperança num futuro melhor perante todos aqueles que mais perto de nós também enfrentam dificuldades. O que se segue nesta campanha Açores pelo Nepal? Ficará sempre o desejo de regressar. Porém, a exposição fotográfica “Nepal, a vida criativa”, em Ponta Delgada, encerrará a campanha de angariação de fundos, seguindo-se novos desafios. O próximo projeto abordará a dualidade entre as tradições seculares e a fragilidade dos direitos humanos, face às relações políticas no Tibete, com registos que envolveram alguns riscos. Não menos importante, toda a experiência mudou algo em si? Essencialmente em que aspetos? Como olha o Mundo? O Nepal alterou a minha forma de estar perante o mundo, perante a sociedade, e ainda ao nível individual. Colaborando ativamente e procurando dar voz aos que sobrevivem à perda, acabei por ser enriquecido de forma inimaginável. Hoje, a felicidade também se cumpre nos momentos mais simples. As raízes açorianas aliadas à minha veia fotográfica e à minha formação em Direito e em Relações Internacionais procuram atos e mensagens que advogam a dignidade, a liberdade e a tolerância. O Mundo é uno, é nosso e é partilhado. Por isso, importa cada vez mais assumir uma consciência global, e uma acção implicada.

cria ti va magazine • 11


reportagem

Gerigonças a voar na Caloura

Tem entrada gratuita para todas as pessoas que se queiram deslocar à Caloura no dia 20 de agosto. É a Corrida Mais Louca do Mundo, este ano com mais motivos de atração. As gerigonças vão voar para a baía da Caloura. Natacha Alexandra Pastor

Direitos Reservados

Depois de um interregno de um ano, a Associação de Eventos Viva Mais Água de Pau volta a organizar a Corrida Mais Louca do Mundo. Mas este ano tudo está ainda mais excessivo, explica Paulo Melo, responsável pela organização da prova. “Vamos dar asas aos carros! A Caloura vai ser palco de geringonças voadoras e o destino vai ser o mar.. A principal alteração este ano está na construção de uma rampa gigante no porto da Caloura e nas equipas, constituídas no máximo por 4 elementos, que vão colocar os seus protótipos em cima da rampa. Apenas um elemento irá em cima da geringonça e os restantes vão empurrar o carro na rampa o objetivo é planar o mais distante possível na baía da Caloura. Vencerá a equipa que colocar o seu carro a voar o mais distante possível.” O fator segurança é sempre o ponto mais importante do evento, recorda Paulo Melo, pelo quw estão assegurados alguns meios de socorro, para garantir tranquilidade aos participantes. No mar e em terra, esclarece o responsável, “vamos ter polícia marítima, mota de água e mergulhadores, bem como ambulância. É importante salientar que o uso do capacete e colete salva-vidas é obrigatório a todos os “AVOADORES” e aos restantes elementos que se atirarem para a água junto com a geringonça. Também na edição deste ano, face à alteração do conceito da corrida, a Associação de eventos Viva Mais Água de Pau decidiu limitar o número de inscrições a um máximo de 12 equipas.”

12 • c ria ti va magazine

Quanto às regras de participação, ficam todos as equipas obrigadas a divertirem-se! Este ano, a associação tem novos elementos associados. Com a saída de “quatro elementos devido a motivos profissionais, uma vez que se trata de um evento que requer muito tempo dedicado para a preparação do mesmo, a associação aparece com novos elementos: Catarina Tomaz, Luís Tomaz, Tiago Pacheco, Elisa Resendes, Pedro Barbosa e Frederico Valente. Mantém-se na mesma Paulo Melo e João Medeiros.” A associação é desde a primeira edição a principal responsável por toda a animação programada para este dia na Caloura. No oitavo aniversário, Paulo Melo recorda que “fazemos tudo por tudo para manter este divertidíssimo evento. A Caloura neste dia é o palco perfeito para quem quiser soltar umas valentes gargalhadas, e é esta mistura de gargalhadas, boa disposição, divertimento, loucura, que nos dá força e gosto de preparar todo o evento. No meio de tanto trabalho, também nos divertimos muito, tanto na preparação da nossa geringonça, que este ano vai prometer muitas risadas, como na preparação de toda a animação. Depois dos saltos, a animação vai continuar com a atuação da “BANDA MP4”, BANDA THE BROADCASTERS”, e com o “DJ KEVIN PIQUES”.” A associação é também ela responsável pela construção de uma máquina, que segundo Paulo Melo terá o formato de “uma porca, que tantos anos depois está de volta não para “FURAR O PICO” , como diz a lenda, mas para “FURAR ALGO AINDA NÃO IDENTIFICADO” na baía da Caloura.


c ria ti va magazine • 13

criativaDESIGN criativaDESIGN criativaDESIGN


reportagem

Jovem Gonçalo Rodrigues com percurso notável no Jet-ski Aos 16 anos de idade, o jovem açoriano Gonçalo Rodrigues é um desportista de sucesso no Jet-Ski. Tem acumulado títulos, medalhas e troféus nos campeonatos mais exigentes da Europa e do Mundo, sendo um caso raro no panorama açoriano. Natacha Alexandra Pastor 14 • c ria ti va magazine

Orlando Medeiros e Direitos Reservados


2011/2012:

Iniciou a prática de Jet-ski no Clube Naval de Ponta Delgada, tendo participado em todas as provas a nível local e regional. Obteve os títulos de Campeão Local e Vice-campeão Regional, no escalão Iniciados. No campeonato nacional na classe juvenis, o atleta ficou em terceiro lugar na geral, e nesse mesmo ano alcançou o título de Piloto Revelação 2012. Conquistou ainda na 20ª Gala da Federação Portuguesa de Jet-ski o título de Promessa do Ano 2012.

2013: A primeira experiência no mar foi tudo menos perfeita. Gonçalo Rodrigues tomou contato com a mota de água em 2006, à data tinha oito anos e a reação foi de choro. Esteve um ano sem fazer novas tentativas até que em 2007, incentivado pelo pai, fez nova tentativa, desta vez o resultado foi bastante melhor e foi sucessivamente ganhando algum gosto pelo desporto, até que em 2011 o pai decide avançar com a sua inscrição na escola de Jet-Ski do Clube Naval de Ponta Delgada. Nesse mesmo ano, Gonçalo participa no campeonato de São Miguel e no Regional, conquistando algumas provas. Sucede-se então o Nacional, explica-nos o atleta. “Avançamos para o Campeonato Nacional onde entrei logo a conquistar o terceiro lugar.” Com uma estreia tão vitoriosa, e apesar da tenra idade, Gonçalo Rodrigues foi ganhando o sabor pelas vitórias. À Criativa, agora, faz uma sinopse dos últimos anos da sua preenchida vida. “Fui evoluindo no Jet-Ski passo a passo, comecei a conseguir bons resultados e percebia que treinando cada vez mais conseguia ter bons resultados.” A participação em alguns campeonatos obrigou-o a competir em classes superiores – fruto da conquista de vários títulos – o que o levou a um desafio de topo: o Campeonato do Mundo, em 2014, uma primeira participação que ficou aquém da sua ambição. Gonçalo recorda o momento, dizendo que se tratou, no entanto, “de uma aprendizagem”. “Nem sempre é fácil, viajar para tão longe, participar e não correr da forma esperada. Mas é aprendendo com os nossos erros que se fazem os grandes pilotos. Temos de amadurecer e na verdade no ano seguinte tudo correu melhor, fui vice-campeão na classe a que concorria.” Rapidamente chegamos a 2016, altura em que Gonçalo tem um novo patrocinador: a Yamaha Europa, o que deixa antever um progresso muito especial.

Gonçalo Rodrigues participa de novo nos campeonatos local, regional e nacional, conquistando os títulos de Campeão Local, Campeão Regional e Campeão nacional. Fora do Campeonato, vence ainda o primeiro lugar em dius provas do troféu Yamaha Super-Jet. Nessa mesma época, realiza uma prova no Campeonato Europeu ficando no 2º lugar.

2014:

No Campeonato Local e Regional de 2014, Gonçalo Rodrigues voltou a conquistar o título de Campeão em ambos, tendo participado no Campeonato Nacional no escalão juniores GP3, onde se sagrou Campeão Nacional. Concorreu posteriormente numa classe superior à sua – Seniores GP3, tendo alcançado o título de Vice-campeão. Participou ainda no Troféu Yamaha, onde obteve o 2º lugar. A participação no Campeonato Europeu no escalão juniores GP3 valeu-lhe novo título de Campeão Europeu. É nesse ano que Gonçalo participa pela primeira vez no Campeonato do Mundo nos EUA, atingindo o 10º lugar na classe de Ski Junior 13-15 Stock. Na classe principal em que se encontrava não teve sucesso, tendo porém alcançado o 7º lugar na prova de Slalom. Ainda em 2014, recebeu o título de Campeões Europa Individuais 2014 – Campeão da Europa de Ski Junior GP3/ Jet-ski. Em solo açoriano recebeu também, da sua freguesia natal, o Troféu Arrifes Desporto 2014, referente à época de 2013.

2015:

O atleta venceu as 3 mangas de F3 do Campeonato de Andalucia em Espanha, levando-o ao 1º lugar na geral, tendo ainda saído vencedor em slalom. No Campeonato Europeu sagrou-se bicampeão em ski novice lite. Mais tarde, já disputando o Campeonato do Mundo, Gonçalo Rodrigues fez segundo lugar nas duas mangas acabando a prova como vice-campeão do Mundo.

2016:

1º lugar em GP3 na prova do Campeonato Andaluz, em Espanha e 1º lugar no Campeonato Nacional na mesma categoria. Gonçalo participou já no Campeonato da Europa, onde conquistou o 4º lugar em Ski Lites IJSBA Pro-Am e o 5º lugar em Pro-Am Ski Stock. Fez ainda a 2ª prova do Camponato da Europa em Mirandela a contar para o Nacional, tendo sido o melhor português em prova, conquistando o 3º lugar em Ski GP3 no Europeu e o 1º lugar no Campeonato Nacional.

c ria ti va magazine • 15


“Para mim é muito bom ser patrocinado pela Yamaha Europa. Tenho a noção de que não é qualquer piloto que chega aí. Tenho um grande Jet, com enorme potencial. Estou em processo de habituação a estas novas classes, mas naturalmente que vou trabalhar muito e dar o meu melhor no Campeonato do Mundo, marcado para entre 1 e 9 de outubro. O objetivo é naturalmente ganhar. E ganhar significa ficar em 1º. Se isso não for possível, ambiciono ficar no top 3. É para isso que estou a trabalhar. Antes disso, tenho uma prova do campeonato nacional e tenho tudo em aberto para ser campeão.” Em apenas cinco anos, a vida desportiva e até pessoal de Gonçalo Rodrigues alterou-se bastante. A evolução do seu percurso no Jet-Ski é fruto de um enfoque muito grande da sua parte. “É um grande feito, é fruto de muito trabalho, muito treino, às vezes é demasiado cansativo, mas cada etapa ultrapassada é um momento feliz!”. O atleta deixou entretanto a escola do Clube Naval de Ponta Delgada e avançou para o clube de Jet Ski de Portugal, uma aposta que se tem revelado bastante positiva. Já os apoios à sua participação em diferentes campeonatos nem sempre têm correspondido às expetativas de Gonçalo e dos seus treinadores. Além do custo complexo que este desporto obriga a manter anualmente, cada deslocação dos Açores para o exterior é

16 • c ria ti va magazine

sempre árdua. Há um custo financeiro que é suportado pela família de Gonçalo Rodrigues, em grande escala, sendo que os demais apoios são sempre poucos para o muito investimento que tem de ser feito em cada viagem. Há uma entidade, a junta de freguesia dos Arrifes, que tem sido um aliado importante na vida desportiva do jovem atleta. “Os apoios são uma ajuda, mas não chegam para fazer face a um terço dos custos que nós temos nas nossas participações. Penso que merecia um pouco mais de apoio, às vezes não conseguimos embarcar mais cedo para as provas, a fim de nos prepararmos com mais calma, porque não há essa disponibilidade financeira.” Para que o sucesso prova a prova seja possível, Gonçalo dedica entre a 8 a 10 horas de treinos semanais, horas divididas entre o ginásio e o mar, onde exerce o seu treino físico e aperfeiçoa a sua técnica. Lado a lado com o jovem está sempre o pai, António Rodrigues, a pessoa que o levou a andar de mota de água pela primeira vez, e Emanuel Oliveira, também mentor de Gonçalo Rodrigues. “São eles que treinam comigo, é a eles que devo muito do meu sucesso, em especial a meu pai, que é a pessoa que está comigo desde sempre, como treinador, que exige muito de mim, e que naturalmente assim o faz porque é preciso!”.


desde

o seu destino 7 noites

1374€

voucher pág. 51

partidas de maio a outubro

maldivas voos de lisboa

grandes destinos

criativaDESIGN criativaDESIGN criativaDESIGN

férias de sonho

Os melhores destinos à sua escolha! Av. d. João III, 63 • Ponta Delgada • +351 925 668 225

www.azoresviagens.comc ria ti va magazine • 17


reportagem

“Clarissas” conduz-nos ao mundo do Mosteiro de Nossa Senhora das Mercês Dá pelo título “Clarissas”. É um documentário de 25 minutos, durante o qual o espetador poderá conhecer, para além dos portões externos, a vida das irmãs Clarissas e o Mosteiro de Nossa Senhora das Mercês, nas Calhetas de Rabo de Peixe, fundado a 2 de janeiro de 1977 por irmãs Clarissas vindas da ilha da Madeira. Natacha Alexandra Pastor

Direitos Reservados

Trata-se de um documentário com assinatura de André Laranjinha (da Alice’s House) e de Maria Emanuel Albergaria (do Museu Carlos Machado). A estreia decorreu no passado dia 28 de julho, no 9500 Cineclube, em Ponta Delgada. À Criativa Magazine, André Laranjinha conduz-nos numa viagem única. “A ideia do filme é mostrar parte da vida das irmãs Clarissas, não apenas o lado contemplativo e despojado, mas

18 • c ria ti va magazine

também uma parte do seu quotidiano no sentido mais prático (cozinhar, cuidar do jardim e dos animais, etc). Através de depoimentos das próprias irmãs, podemos também perceber melhor a sua vocação e, por conseguinte, a sua opção por uma vida contemplativa, em clausura. A recolha da informação histórica foi feita pela Maria Emanuel Albergaria do Museu Carlos Machado, cabendo-me a mim ler a regra de Santa Clara que é o texto que orienta a vida das irmãs Clarissas.”


criativaDESIGN criativaDESIGN criativaDESIGN

O mosteiro terá sido construído a partir da casa e da ermida de Nossa Senhora das Mercês e dos terrenos que foram doados à Igreja por António Medeiros Frazão e Maria Leonor Frazão. Antes da extinção das ordens religiosas, em 1832, a Ordem de Santa Clara teve um importante papel nos Açores, havendo inúmeros mosteiros e conventos da Ordem Franciscana feminina. Depois de um século e meio de ausência, a ordem voltou com a criação deste mosteiro, que é agora o único de vida contemplativa e de clausura nos Açores. Neste mosteiro vivem atualmente oito irmãs em clausura.

criativaDESIGN criativaDESIGN

O processo da montagem demorou cerca de um ano, as visitas ao local foram limitadas, não se tratasse de um espaço fechado, onde a vida tem um cariz particular. “Foi possível aceder a alguns espaços do convento e partilhar alguns momentos com as irmãs, mas não todos. Sendo um espaço de contemplação e meditação, a nossa presença, apesar de pouco ruidosa e muito bem aceite pelas irmãs, foi sempre um transtorno e por isso teve que ser limitada. Fomos ao convento apenas três vezes para filmar e mais duas ou três para conversar com as irmãs. Teria sido desejável termos ido filmar mais vezes, mas, pelas mesmas razões que menciono acima, não foi possível. A montagem estendeu-se por mais um ano, aproximadamente.”. Da parte do Museu Carlos Machado, o orçamento foi de aproximadamente 1200 euros. “A minha empresa Alice’s House entrou com o equipamento de filmagem e pós-produção.” O mesmo responsável finaliza com a nota de que espera ver a divulgação do filme em todas as ilhas açorianas, uma decisão que estará porém, nas mãos da Direção Regional da Cultura. “Ainda não é possível traçar essa linha com rigor, no entanto, sendo que este filme é também propriedade da Direcção Regional da Cultura, gostava que eles suportassem a exibição do filme pelo menos em todas as ilhas do nosso arquipélago. Por outro lado, a Alice’s House tratará de submeter o filme a festivais de cinema nos quais possa fazer sentido a sua exibição.”

c ria ti va magazine • 19


entrevista

Livro fala sobre a aventureira emigração para Santa Catarina Pela mão de João Gago da Câmara nasceu o livro Dos Vulcões ao Desterro. A obra traz a público detalhes da emigração açoriana para o sul do Brasil, após 1748. Natacha Alexandra Pastor

Direitos Reservados

Um novo registo literário, um tema que nos é familiar. Qual foi o seu pensamento e propósito na escrita desta obra? João Gago da Câmara - O livro “Dos Vulcões ao Desterro” nasce da necessidade de dar a conhecer o que faltava saber sobre a aventureira e corajosa emigração açoriana para Santa Catarina, no sul do Brasil, acontecida a partir de 1748. Até porque, do meu ponto de vista, esta foi, a nível nacional, a emigração das emigrações, pelas penosas viagens de três meses em frágeis embarcações construídas para transporte de carga e não de pessoas, depois pela fixação e povoamento de áreas geográficas absolutamente desconhecidas cercadas de perigos eminentes, como o eram as investidas dos naturais índios tupi-guarani mas também dos espanhóis que ocupavam território logo abaixo do nosso, em terras do Rio Grande do Sul, e que nunca se contentavam apenas com o que era deles. Também pelas dificuldades de sobreviver em terras desconhecidas, de forma que só os mais fortes resistiram… e lá estamos passados que são mais de dois séculos e meio, com os nossos usos, costumes e tradições. Quem ler Dos Vulcões ao Desterro, o que vai concluir? Cada um conclui à sua maneira, mas penso que a generalidade dos leitores acabará o livro com muito mais respeito pela história dos Açores, sobretudo sobre esta emigração açoriana realizada com valentia e determinação. Somos um povo que gosta de passar para além da linha do horizonte à procura de vida melhor mesmo que para tal saiba de antemão que irá encontrar pela frente as maiores adversidades. Ler “Dos Vulcões ao Desterro” é passar a gostar mais dos Açores e da tenacidade dos açorianos emigrantes que um dia disseram adeus à ilha e partiram para o novo mundo.

20 • c ria ti va magazine

Em que registos se apoiou para esta obra? A bibliografia sobre esta matéria, apesar do seu interesse histórico-cultural, não é ainda demasiado extensa, mas já há escritos muito interessantes e, por isso, importantes, para que entendamos melhor este fenómeno emigratório. Não posso deixar esquecido, entre tantos investigadores, nomeadamente das universidades dos Açores e de Santa Catarina, o ex-reitor da Universidade dos Açores, Professor Doutor António Machado Pires, que foi o pioneiro no incentivo ao estudo conjunto entre as duas comunidades promovendo colóquios e seminários que se sagraram êxitos do lado de cá e de lá do mar. Embora tenha consultado alguma bibliografia, “Dos Vulcões ao Desterro” é feito de duas pesquisas que fiz em Santa Catarina enquanto jornalista, conseguindo entrevistas com descendentes dos velhos colonos de meados do século XVIII e de académicos que muito sabem também sobre esta matéria. Alguns deles já faleceram pelo que o livro passa a ter outro valor pois o que me foi dito e está expresso na obra não se voltará a repetir. Pode enquadrar a escolha deste título? O livro teve como título “Dos Vulcões ao Desterro” por terem sido os cataclismos vulcânicos a originarem o nosso pedido ao Rei D. João V que nos permitisse deixar estas ilhas que estavam a deixar de produzir tais eram os estragos que os fenómenos vulcânicos e tectónicos deixaram nas terras de cultivo. E foi só quando o Rei já não precisava de nós, como agricultores produtores do trigo com que ele abastecia as praças em África, que nos deixou emigrar para o sul do Brasil, para a hoje metropolitana cidade de Florianópolis, capital de Santa Catarina, na altura chamada de Vila de Nossa Senhora do Desterro. Daí o titulo, “Dos Vulcões ao

Desterro”, que não quer dizer outra coisa que não seja, dos Açores a Santa Catarina. A emigração tem para si algum significado pessoal ou especial? Sim tem. Caracteriza a nossa história de povo que parte em demanda de outros destinos, de outra melhoria de vida. Começámos pelo Brasil, depois fomos para a América, Canadá e Bermudas. Somos um povo que, embora ame como ninguém as ilhas do nascimento, gosta de procurar outra vida para além do mar, mesmo não sabendo previamente o que irá encontrar no ponto de fixação. Somos assim. É a nossa forma de estar no mundo e, como refiro no meu livro anterior, “Fragmentos entre dois Continentes”, “e o mundo está cheio de bocados de nós.”


FAÇA A SUA RESERVA BOOK YOUR TABLE

Especialidades / Specialties Polvo Assado

Cabrito Assado no forno de lenha

Peixe Grelhado ou Assado no forno de Lenha

Bacalhau

Octopus roasted in a wood oven Roasted or Grilled Fish Ementas Digitais Digital Menus

Latitude: 37,750531

baby goat

Coddsh

Internationally awarded. Come and see Longitude: -25,5866061

CANADA DE SANTA BÁRBARA, 40 ROSÁRIO  9560 141 LAGOA

TF. +351 296 965 306 TM. +351 915 674 428 WEB: www.paladaresdaquinta.pt

c ria ti va magazine • 21


consultório jurídico

Carlos Melo Bento advogado

Em caso de acidente entre veículos, se uma das partes não tiver seguro obrigatório atualizado, nem disponha de meios financeiros para assegurar os estragos causados, além da eventual prova dos agentes da autoridade, que mecanismos pode a parte lesada fazer avançar para fazer valer o seu direito? Existe um Fundo de Garantia Automóvel que protege a pessoa que sofreu um acidente por culpa (total ou parcial) do outro condutor ou peão ou proprietário de um bem causador do acidente (animal, estabelecimento móvel, etc.). Nesses casos tenta-se acordo com esse Fundo e em caso de se não conseguir, move-se ação contra o Fundo, no tribunal.

Um pedido de uma leitora do Consultório Jurídico “A minha mãe faleceu quase há um ano e ainda não se fizeram as partilhas por não estarem todos de acordo. Somos cinco irmãos, dois dos quais devem dinheiro à minha mãe. Temos papéis, no entanto não reconhecidos por lei, e testemunhas do ocorrido. Eles no entanto dizem que agora não devem nada. Como se processa agora? O valor é avultado, dá-se como perdido? Ou o valor tem de ser restituído para ser dividido pelos herdeiros?” Para haver partilha amigável têm de estar todos de acordo, sem exceção. Basta haver um herdeiro que não concorde, têm de recorrer à autoridade notarial e/ou ao tribunal se a coisa se complicar. As dívidas à herança são dívidas que se podem provar por qualquer meio admitido pela lei. E os devedores têm de pagá-las se as provas convencerem o julgador de que são verdadeiras. Às vezes essas dívidas são descontadas na herança do devedor.

PróximaS Edições

Tem alguma questão jurídica que gostaria de ver respondida?

Envie-nos por email: redacaodacriativa@gmail.com

22 • c ria ti va magazine


voucher pág. 63

ID: 123541027-88 Moradia T3 - 269.500€ Construção de um só piso livramento - Ponta Delgada

ID: 123541003-729 MORADIA T4 - 265.000€ Nova a estrear conceição- Ribeira Grande

Excelente Moradia c/ piscina

ID: 123541003-769 Moradia T3 - 190.000€

Possui uma bela vista sobre a costa norte

ID: 123541027-79 Moradia T7 - 280.000€

Junto à Universidade - óptimas áreas, bom investimento;

Capelas - Ponta Delgada

são pedro - ponta delgada

ID: 123541075-15 MORADIA T6 - 155.000€

ID: 123541042-17 MORADIA T5 - 290.000€

Bons acabamentos, estores eléctricos, ar condicionado e lareira.

São roque- ponta delgada

criativaDESIGN criativaDESIGN criativaDESIGN

fenais da luz - ponta delgada

ID: 123541027-86 Moradia T5 - 398.500€

Excelente estado de conservação (como nova).

são josé - ponta delgada

criativaDESIGN criativaDESIGN criativaDESIGN

ID: 123541003-767 Apartamento T2 - 252.000€ Garden Residences - junto à praia livramento - Ponta Delgada

cria ti va magazine • 23


24 • c ria ti va magazine


criativaDESIGN criativaDESIGN criativaDESIGN

voucher pรกg. 51

c ria ti va magazine โ ข 25


saú d e CONSULTÓRIO DA SAÚDE

João Bicudo Melo Médico e Psicólogo Clínico

Uma gravidez tão desejada… E agora?

Todos nós, na nossa vivência quotidiana, já ouvimos que gravidez não é sinónimo de doença. Ainda que não seja uma verdade universal é cientificamente aceite que a gravidez é um processo natural e, como tal, não acarreta alterações no estado de saúde da mulher. No entanto, não podemos escusar-nos ao facto da gravidez implicar ajustamentos orgânicos e psicológicos da futura mãe, assim como na dinâmica do casal. A este propósito, a Direção Geral de Saúde recomenda que os futuros pais (entendidos como unidade) devam, e de forma igual, ser considerados em todas as intervenções necessárias para a adequada vigilância da gravidez. Futuro pai, a gravidez também é sua. Acompanhe a sua companheira! Cada gravidez é uma situação específica. Deste modo, o esquema de vigilância da sua gravidez irá depender da ponderação de diversos fatores biológicos, psicológicos e culturais do casal. Integrados estes diferentes aspectos, será delineado um plano de acompanhamento. Estou pois com isso a afirmar que cada caso é um caso! As consultas da gravidez têm por objetivo avaliar e monitorizar o bem-estar da mãe e da criança. Mas este é apenas um dos muitos objetivos. Afinal, estamos a preparar o futuro de alguém muito especial – o(a) vosso(a) filhote(a). Não se esqueça, até que o(a) vosso(a) filho(a) chegue muito há a fazer. Prepare-se para ser pai/mãe. Siga sempre as indicações do seu médico, aconselhe-se, participe ativamente nas consultas. Levar as dúvidas para casa faz mal à saúde! O Programa Nacional de Vigilância da Gravidez de Baixo Risco (DGS, 2015) recomenda que a primeira consulta de gravidez ocorra o mais precocemente possível (preferencialmente antes das 12 semanas de gravidez). Não adie, procure o seu médico de família.

26 • c ria ti va magazine

Compareça a todas as consultas agendadas. Faça, igualmente, todas as ecografias recomendadas. As ecografias do primeiro, segundo e terceiro trimestres são fundamentais. Cumprir os prazos pode fazer toda a diferença! A suplementação durante a gravidez está recomendada, é gratuita e fornecida em todos os centros de saúde - use esse direito! Durante a gravidez a alimentação é muito importante. Faça uma dieta equilibrada e variada. Comer por dois é um erro! Não fazer exercício físico é somar menos saúde! Se durante a gravidez existirem sentimentos negativos e/ou conviver com violência doméstica procure ajuda junto do seu médico de família. Ele saberá ouvir, aconselhar e proteger. Este é um momento fantástico das vossas vidas. Aproveitem. Usem os vossos direitos e cumpram os vossos deveres. A saúde é uma conquista e o melhor dos investimentos!


c ria ti va magazine • 27

criativaDESIGN criativaDESIGN criativaDESIGN


Desporto motorizado

CAMPEONATO DE RALIS DOS AÇORES de 2016

RALI LOTUS

MAIS UM TRIUNFO PARA RICARDO MOURA Mais uma prova da época concluída. Mais uma vitória de Ricardo Moura obtida. Acompanhado, novamente, por Sancho Eiró e no habitual Ford Fiesta R5, o piloto do Team Além Mar foi o mais rápido no Rali Lotus e amealhou importantes pontos para a revalidação do título. Renato Carvalho

Nuno Alves

A quarta prova do Campeonato de Ralis dos Açores, o Rali Lotus, organizado pelo Grupo Desportivo Comercial, contou com quatro troços em estradas de terra do centro da ilha, percorridos por duas vezes cada. Uma das novidades esteve na ordem de partida, que foi definida de acordo com as regras da Prova de Qualificação. Um sistema utilizado no Azores Airlines Rallye. A outra foi o regresso da caravana dos ralis à cidade da Lagoa. Líder do campeonato, Ricardo Moura comandou a prova do princípio ao fim e venceu todos os troços, conseguindo melhorar os seus tempos nas segundas passagens. Com este resultado, o piloto do Team Além Mar, está mais próximo de arrecadar outra vez o título absoluto. Pela segunda vez aos comandos do Ford Fiesta R5, Luís Miguel Rego acompanhado por José Pedro Silva, prosseguiu o seu programa de adaptação à nova viatura. Em Re-

28 • c ria ti va magazine

médios 2 uma ligeira saída fez perder muito tempo. No entanto, foi o segundo mais rápido em todas as classificativas. A luta pelo último lugar do pódio foi bastante renhida. Utilizando o mesmo tipo de viatura, o Mitsubishi Lancer Evo IX, Hugo Mesquita e o seu navegador Filipe Gouveia travaram um interessante duelo com a dupla formada por Pedro Rodrigues e Pedro Vale como co-piloto. Mesquita subiu ao terceiro lugar no penúltimo troço quando Rodrigues teve problemas no carro e terminou o rali com uma vantagem de somente 1,8 segundos. O campeão em título da categoria das 2 Rodas Motrizes, Henrique Moniz regressou ao campeonato. Na companhia de Diogo Lima e ao volante do habitual Citroen DS3 R3T, Moniz realizou uma prestação tranquila e venceu sem dificuldades o seu escalão. Outra batalha interessante de seguir, foi a que colocou frente a frente Rafael Bote-

lho, que nesta prova teve Fernando Nunes como navegador no Citroen Saxo e a equipa formada por João Faria e Carlos Medeiros no Peugeot 206 RC. Botelho começou por liderar até meio do rali, altura em que João Faria assumiu o comando que perdeu a três troços do fim, novamente, para Rafael Botelho. No oitavo lugar ficou a dupla Bruno Tavares/Carlos Seabra num Peugeot 205 Mi 16 que triunfou no grupo reservado aos Veículos Sem Homologação. Mais uma discussão curiosa de acompanhar foi a que envolveu Marco Medeiros e a sua navegadora Alexandra Pereira e a equipa constituída por Marco Soares e Tomás Vultão, ambos em Citroen Saxo Cup. O primeiro esteve na frente até ao início da quarta prova especial, altura em que o segundo saltou para o nono posto que manteve até final. A próxima prova do campeonato: Rali de Santa Maria.


AS MINHAS NOTAS…

PREPARAR O FUTURO

A temporada do automobilismo está praticamente a meio. Julgo que é a melhor altura para monitorizar a actividade até agora desenvolvida. Considero que este seja o momento para se começar a enumerar ideias e sugestões para um futuro debate tendo por objectivo a época de 2017. Um dos parâmetros que se nota este ano é o reduzido número de equipas que disputam provas fora da sua ilha de residência. O importante é que todos os agentes envolvidos neste desporto, que passa pelos clubes organizadores, equipas, federação e outros se reúnem e encontram as melhores soluções de curto e longo prazo para o desenvolvimento da modalidade nos Açores.

CLASSIFICAÇÃO FINAL DO rali lotus

1º Ricardo Moura/Sancho Eiró (Ford Fiesta R5) 43m36,5s; 2º Luís Miguel Rego/José Pedro Silva (Ford Fiesta R5) a 57,5s; 3º Hugo Mesquita/Filipe Gouveia (Mitsubishi Lancer Evo IX) a 4m23,8s; 4º Pedro Rodrigues/Pedro Vale (Mitsubishi Lancer Evo IX) a 4m25,6s; 5º Henrique Moniz/ Diogo Lima (Citroen DS3R3T) a 5m07,6s; 6º Rafael Botelho/ Fernando Nunes (Citroen Saxo) a 6m51,3s; 7º João Faria/ Carlos Medeiros (Peugeot 206 RC) a 7m32,9s; 8º Bruno Tavares/Carlos Seabra (Peugeot 205 Mi 16) a 7m43,5s; 9º Marco Soares/Tomás Vultão (Citroen Saxo) a 9m21,9s; 10º Marco Medeiros/Alexandra Pereira (Citroen Saxo Cup) a 10m24,0s; 11º Augusto Ponte/José Medeiros (Toyota Corolla T Sport) a 15m35,2s; 12º João Torres/João Reis (Toyota RAV 4) a 17m47,7s; 13º David Paiva/Filipe Tavares (Toyota Starlet) a 27m39,6s.

1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º

8º 9º 10º

Ricardo Moura 25+4 25+4 Hugo Mesquita 17 10

25+3,75

12 Rafael Botelho 14 8 14 Luís Miguel Rego --20+0,25 Ruben Rodrigues -- 20+0,5 17 João Faria 12 6 0 Rui Moniz -14 10 -Tiago Azevedo 20 -0 Pedro Vale -17 0 Pedro Rodrigues -0

25+4

17 10 20 -8 ---14

cria ti va magazine • 29

Pontos Totais

Rali Lotus 23/24 Julho Rali Santa Maria 12/13 Agosto Rali Ilha Lilás 23/24 Setembro Rali Ilha do Pico 21/22 Outubro

Azores Airlines Rallye 02/04 Junho

Rali Ilha Azul 06/07 Maio

Rali Sical 01/02 Abril

Concorrente

Posição

CLASSIFICAÇÃO DO CAMPEONATO RALIS DOS AÇORES - ABSOLUTO

115,75 56 46 40,25 37,5 26

24

20 17 14


Um olhar criativo Isidro Vieira

30 • c ria ti va magazine


“ESTAS PÁGINAS são DEDICADAs AOS ENTUSIASTAS, QUE DE UMA FORMA APAIXONADA PARTILHAM O SEU OLHAR, POTENCIANDO A ARTE E O GOSTO PELA FOTOGRAFIA.”

Coordenação: Paulino Pavão

Edição:

c ria ti va magazine • 31


saú d e LENTES DE CONTATO Saúde

O que deve saber:

Artigo elaborado com suporte em: INSTITUTOPTICO - www.institutoptico.pt

As lentes de contato são lentes oftálmicas de compensação ótica. A sua prescrição e utilização é recomendada para uso terapêutico e em casos de altas graduações ou de diferença acentuada de graduação. Seja por razões estéticas ou por motivo de compensação ótica, só o seu especialista de visão, após examinar os seus olhos, poderá determinar se é um bom candidato ao uso de lentes de contato. A escolha do tipo de lentes de contato deve ter em consideração a natureza dos defeitos visuais, a quantidade e qualidade da lágrima, a sensibilidade e características topográficas da córnea, o ambiente e as atividades do utilizador e a habilidade para a manipulação e manutenção das lentes. Note que existem duas categorias de lentes de contato: as rígidas (RPG) e as hidrófilas (maleáveis). E agora que é tempo de fazer praia ou piscina, é muito importante que tome nota:

Na dúvida procure aconselhamento!

32 • c ria ti va magazine

Nunca use as lentes de contato enquanto estiver na piscina ou no mar. O cloro e outros químicos e até bactérias presentes na água da piscina podem ser muito prejudiciais para a saúde dos seus olhos. Já a água do mar, também pode conter bactérias, areia ou outras substâncias na água que danifiquem os seus olhos.


cria ti va magazine • 33

criativaDESIGN criativaDESIGN criativaDESIGN


criativaDESIGN criativaDESIGN

sAÚDE

Projeto de Avaliação e Intervenção na Dislexia (PAE)

Terapeuta Marisa Henriques

Psicopedagoga Rita Andrade

Hoje, mais do que nunca, percebe-se o quanto as dificuldades de diferentes ordens podem comprometer seriamente o sucesso escolar das crianças e jovens, e que estas constituem motivo para procurar ajuda; é exemplo disso a Perturbação da Aprendizagem Específica (dislexia). Face à possibilidade de dislexia é importante estabelecer-se uma avaliação e uma intervenção encetadas por uma

Psicóloga Anastácia Costa

equipa constituída por profissionais de diferentes áreas. Assim sendo, o Centro Astutos elaborou um Projeto de Avaliação e Intervenção na Dislexia (PAE) com a finalidade de contemplar as necessidades e potencialidades da criança ou jovem nos diferentes contextos de vida, nomeadamente no contexto familiar e escolar. A equipa que irá monitorizar este projeto é constituída por uma Terapeuta

da Fala, uma Psicopedagoga e uma Psicóloga Clínica. O PAE funciona de maneira a contemplar, fundamentalmente, três aspetos: (1) - Avaliação dos casos – onde se recorre a baterias de avaliação e provas específicas com o objetivo de identificar as dificuldades; (2) - Elaboração do plano de intervenção; (3) - Intervenção da Terapia da Fala e/ou Psicopedagogia e/ou Acompanhamento Psicoterapêutico, sempre que justificável. Apesar da prevalência de papéis específicos, os profissionais que constituem esta equipa desenvolvem sobretudo um trabalho que assenta na estreita articulação e no diálogo para desenvolver melhor as capacidades da criança/jovem e superar as suas dificuldades utilizando métodos especializados.

saúde

Mega inquérito de saúde alimentar vai traçar hábitos da população O primeiro Inquérito Alimentar Nacional (IAN) foi realizado em 1980, pelo Centro de Estudos de Nutrição do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), com a colaboração do então Ministério da Agricultura e Pescas. O Inquérito Alimentar Nacional e de Atividade Física (IAN-AF) renasce agora através de um consórcio que envolve investigadores nacionais e internacionais, sendo seu promotor a Faculdade de Medicina da Universidade do Porto. No terreno estão dezenas de nutricionistas que estão a entrevistar a população eleita. Foram selecionados inúmeros cidadãos com residência em Portugal, sendo a

34 • c ria ti va magazine

população estudada composta por elementos de ambos os sexos, com idades compreendidas entre os 3 meses e os 84 anos de idade, sendo que a população inquirida com mais de 64 anos de idade será, adicionalmente, avaliada em articulação com o projeto PEN-3S, um projeto de investigação que visa avaliar o estado nutricional dos idosos portugueses. É objeto deste mega estudo perceber quais os alimentos, nutrientes, suplementos alimentares/nutricionais e outros comportamentos alimentares de risco da população em Portugal; avaliar os níveis de atividade física, e a sua re-

gularidade bem como caracterizar as dimensões alimentares, de atividade física e antropométricas por região, condição socioeconómica dos inquiridos. Os indivíduos selecionados de modo aleatório foram pesquisados de acordo com a sua inscrição nas unidades funcionais de Saúde de cada região. No caso dos Açores houve todavia a necessidade de incluir uma questão extraordinária, relacionada com o tipo de sal utilizado pela população na sua alimentação, nomeadamente o uso ou não de sal iodado, considerando que na região há um défice de iodo associado a uma grande parte da população.


Conhecemos as motas de qualquer ângulo

OFICINA / VENDA DE MOTOCICLOS E ACESSÓRIO AZORES PARK PAV. 3.12 296 20 19 20 COMERCIAL@CYMBRON.PT WWW.ACCMOTAS.COM FACEBOOK.COM/ACCMOTOS


De “Santa Clara” a Clube Desportivo Santa Clara: um longo advento

Antecipando a década do centenário.

1

1924 (Santa Clara: o primeiro

campeão de São Miguel). João Pacheco de Melo

Já com o Dr. Francisco Luís Tavares eleito como Presidente, a época 1923/24 marcou indelevelmente a Associação de Futebol como instituição com o forte cariz republicano e progressista que a haveria de caracterizar até 1931. Em 1924 decorreu o processo de alteração estatutário que, em Novembro daquele ano, legalizou formalmente a Associação de Futebol. Em consequência, foi requerida a sua inscrição na União Portuguesa de Futebol (que mais tarde virá a dar lugar à Federação Portuguesa de Futebol) sendo também por via desta alteração estatutária alargada a possibilidade de inscrição de novos clubes, até ali um privilégio reservado aos quatro fundadores. 1924 foi um ano muito preenchido de actividade futebolística organizada pela Associação de Futebol. Além do segundo “Bronze da Associação”, desta feita ganho pelo Clube União Sportiva, e do primeiro Campeonato de São Miguel, atribuído ao Santa Clara Foot-ball Club, foram ainda disputadas provas para as segundas Categorias (vulgo Reservas) e para uma II Divisão também naquele ano criada. Foi polémica a definição do primeiro título de Campeão de São Miguel. Uma falta de comparência atribuída ao CUS – por, no jogo com o SCFC, não ter acatado a alteração de recinto de jogo determinada à última da hora (do Campo do Liceu para o Campo Açores) – permitiu ao Santa Clara Foot-ball Club ultrapassar na classificação o seu grande rival de então e assim vencer o primeiro campeonato de São Miguel. No próximo número abordaremos os anos de 1925 e 1926, o fim da I Republica e o princípio do fim do primeiro Santa Clara. 1 – Os quatro clubes que no momento da sua formalização subscreveram os documentos constitutivos da Associação de Foot-ball de S. Miguel (já com o Club Atlectico Michaelense substituindo o Instituto de Educação Física); 2 – Recorte da primeira folha dos Estatutos que formalizaram a constituição da Associação de Foot-ball de S. Miguel, o que aconteceu cerca de um ano depois do momento de arranque daquela instituição (Abril 1923: com Rolando de Viveiros ao comando e ainda o Instituto de Educação Física entre os “clubes” associados), documento este cuja versão original (de 30/04/1924) só acabaria finalizada e aprovada a 4/11/1924. 3 – Dr. Francisco Luís Tavares, primeiro presidente eleito da Associação de Foot-ball de S. Miguel, o grande paladino da sua democratização e mentor do forte cariz republicano/progressista que a haveria de caracterizar aquela instituição até 1931; 4 – Foto de uma das medalhas individuais com que eram agraciados os atletas integrantes do clube campeão.

36 • c ria ti va magazine

2

3

4


criativaDESIGN criativaDESIGN

voucher pรกg. 51

c ria ti va magazine โ ข 37


eventos 30 anos dA IROA, SA. Carlos Costa A IROA, SA., celebrou 30 anos de atividade ao serviço da Agricultura com uma cerimónia oficial. Foram descerrados quadros com os rostos dos sucessivos presidentes e atribuídos aos mesmos uma placa comemorativa. Luís Neto Viveiros, Secretário Regional da Agricultura e Ambiente e Ricardo Silva fizeram intervenções adequadas ao momento, a que se seguiu um almoço convívio com dezenas de convidados.

38 • c ria ti va magazine


cria ti va magazine • 39


Fundação Sousa D’Oliveira lança “Diário de Escavações” Carlos Costa O aniversário do nascimento de Manuel de Sousa d’Oliveira foi assinalado pela atual direção da Fundação Sousa D’Oliveira com o lançamento do livro “Diário de Escavações”, obra coordenada por Carlos Melo Bento. A cerimónia contou, ainda, com o descerramento da placa do Auditório Filipe Cordeiro, na sede da fundação e com a entrega de uma Bolsa de Estudo anual à aluna da Universidade dos Açores, Simone Correia Aguiar, licenciada em Biologia – Ramo de Geologia.

40 • c ria ti va magazine


criativaDESIGN criativaDESIGN

voucher pรกg. 51

c ria ti va magazine โ ข 41

criativaDESIGN criativaDESIGN criativaDESIGN


XIII Festas do Divino Espírito Santo Victor Melo / CMPD A 13ª edição das Grandes Festas do Divino Espírito Santo de Ponta Delgada realizou-se entre 7 e 10 de julho. A festa da açorianidade voltou a ser imensamente participada pelas 24 freguesias de Ponta Delgada e pela população da ilha de São Miguel.

42 • c ria ti va magazine


Festival Lagoa ComVida põe Lagoa a mexer CMLagoa Urkestra FilarmoKa, Pollo, The Gift marcaram presença no festival Lagoa ComVida, que teve lugar no Portinho de São Pedro. Nos três dias de festa, houve ainda espaço para aulas de zumba, passeio de bicicleta, passeio pedestre e outras atividades que completaram este festival, assistido por alguns milhares de pessoas.


XXVII edição da Festa do Chicharro Carlos Costa Mariza, D.A.M.A, Starlight, Firebeatz, Sick Individuals, Sandro Silva e DEMO dos Expensive Soul foram os artistas convidados para a XXVII edição da festa do Chicharro, organizada pela Associação Cultural e Desportiva Maré Viva. A edição de 2016 foi de novo bastante procurada pelos festivaleiros.

44 • c ria ti va magazine


criativaDESIGN criativaDESIGN criativaDESIGN

voucher pรกg. 51

voucher pรกg. 51

cria ti va magazine โ ข 45


Feira Quinhentista recebe milhares de visitantes CMRG Ao longo de quatro dias, a cidade da Ribeira Grande recebeu cerca de 25 mil pessoas, que experienciaram as atividades oferecidas pela Feira Quinhentista. A animação de rua, constante, recordando tempos antigos, foi cativando a população.

46 • c ria ti va magazine


criativaDESIGN criativaDESIGN criativaDESIGN

voucher pรกg. 51

c ria ti va magazine โ ข 47


RFM Beach Power recebeu milhares de pessoas Carlos Costa A RFM Beach Power foi de novo um sucesso. Na área do bar Tuká Tulá, na Ribeira Grande, concentraram-se milhares de pessoas num evento único e pioneiro de dance music. Pelo palco passaram Sander van Doorn, Diego Miranda, Dubvision. A noite terminou com a presença em palco dos açorianos André N e AZ Kicker.

48 • c ria ti va magazine


criativaDESIGN criativaDESIGN criativaDESIGN voucher pรกg. 51

voucher pรกg. 51

cria ti va magazine โ ข 49


11a

15 sáb.

13 19e

26 19a

28 sáb.

20

Festival do Monte Verde

Praia do Monte Verde

Atuação Banda Sétima Geração Portas do Mar

Noites de verão Largo Hintze Ribeiro

sáb.

20 dom.

21 25a

27 sáb.

Portas do Mar

27

Festa Branca

até set.

V Clássicos Auto

Convento dos Franciscanos – Lagoa

Festa de verão no Casino

Casino Hotel Terra Nostra

Festa do Linho Lomba da Maia

Agenda sujeita a eventuais alterações.

AGENDA DA AGEN

Festival da Povoação vila da povoação

I Festival de Folclore Largo Hintze Ribeiro

Do desenho à gravura

Centro Municipal de Cultura

ago s to 50 • c ria ti va magazine


c ria ti va magazine • 51


% 20

% 10

% 50

% 10

oferta

% 10

desconto

desconto

em compras no talho IDEAL

em qualquer compra

desconto

desconto

na loja da fábrica

na aquisição do cartão de cliente

desconto

de um aperitivo

sobre o valor da fatura

% 20

oferta

desconto

da sobremesa na sua refeição

em prata/ouro e em jóias

% 10

% 10

desconto

desconto

sobre o valor da fatura

sobre o valor da fatura

2 Frangos Grelhados no Espeto, 2 pão de Alho, 1 Dose de Batata Frita e 1 Dose de Arroz

18,50€ + oferta fanta 1,5lt

oferta

da escritura 52 • c ria ti va magazine

18,50€ + oferta fanta 1,5lt

vale 50 na compra de pacotes turísticos

2 Frangos Grelhados no Espeto, 2 pão de Alho, 1 Dose de Batata Frita e 1 Dose de Arroz

oferta

da sobremesa na sua refeição

% 10

desconto

em todos artigos exceto promoções


cria ti va magazine • 53


agosto

horóscopo Astrólogo Luís Moniz (Rikinho)

rikinho-astro@hotmail.com http://meiodoceu-com-sapo-pt.webnode.pt/

Carneiro 21/03 a 20/04

A vida afetiva anuncia uma grande renovação e poderá alcançar estabilidade se evitar atitudes irrefletidas ou impulsivas. A nível profissional, acreditando e persistindo, tem ao seu alcance os mecanismos necessários para transformar as situações.

Balança 23/09 a 22/10 A vida afetiva reflete a dualidade da sua personalidade, mas, tente manter o equilíbrio entre a sensibilidade e a excessiva racionalidade. A nível profissional, com grande estratégia e magnetismo, vai obter bons resultados e nalguns casos terá de ser mais firme.

touro 21/04 a 20/05 A vida afetiva, embora com alguma lentidão, evolui positivamente a partir de um relacionamento sem rotinas nem posses impróprias. A nível profissional terá de se esforçar muito mais no trabalho para atingir os resultados pretendidos e vivenciar estabilidade.

Escorpião 23/10 a 21/11 A vida afetiva mais agradável afasta dúvidas e receios sentimentais, aliás, atravessa uma fase de grande segurança emocional. A nível profissional não desperdice oportunidades e, com a paciência aliada à dedicação, os resultados globais serão muito positivos.

gêmeos 21/05 a 20/06 A vida afetiva indica alguma instabilidade e para encontrar harmonia precisa afastar ideias superficiais, incoerentes e egocêntricas. A nível profissional estão favorecidas as áreas relativas aos estudos, trabalhos intelectuais e contatos com pessoas “estrangeiradas”.

sagitário 22/11 a 21/12 A vida afetiva apresenta novos contactos que abrem horizontes que poderão trazer-lhe conhecimentos e excitantes experiências. A nível profissional uma postura simultaneamente segura, justa e sábia contribuirá para aprofundar ideias e obter proveitos.

Caranguejo 21/06 a 22/07

capricórnio 22/12 a 19/01 A vida afetiva aponta algumas tensões e certas relações tornam-se dececionantes, contudo, nunca fuja à verdade dos factos. A nível profissional não tente lidar com as situações apenas à sua maneira, a opinião dos outros também é certamente importante.

A vida afetiva em risque de rutura não permite manter desentendimentos nem ocultar emoções, por conseguinte, atue corajosamente. A nível profissional a conjuntura é muito favorável, por conseguinte, preste atenção a todos os acontecimentos e aceite novos projetos.

leão 23/07 a 22/08 A vida afetiva progride com maior fluidez e melhorando as suas qualidades, pode consolidar certas relações desarmonizadas. A nível profissional é crucial agir com calma e semeando a justiça poderá colher justas soluções para as suas complexas questões. virgem 23/08 a 22/09 A vida afetiva marca um período em que alguém especial precisará da sua ajuda e prestará auxílio com elevado sentido de solidariedade. A nível profissional poderá obter ganhos inesperados e solidificar projetos vantajosos, que contribuem para o sucesso na carreira.

54 • c ria ti va magazine

aquário 20/01 a 18/02

A vida afetiva promete excelentes desfechos e novos conhecimentos poderão frutificar de forma bastante surpreendente. A nível profissional os acontecimentos promovem evoluções imprevisíveis, entretanto, aborde as situações com realidade e frontalidade.

peixes 19/02 a 20/03 A vida afetiva algures perturbada poderá impulsionar algumas ruturas que serão dolorosas, mas vão abrir-se boas perspetivas futuras. A nível profissional procure dar passos seguros para o seu futuro. Vai ter a fé necessária para proceder à modificações na carreira.


FOR NATURE LOVERS! Um convite a descobrir o magnífico Arquipélago dos Açores. Junte aventuras emocionantes a um cenário de cortar a respiração e terá um vislumbre do que espera por si no meio do Atlântico.

cria ti va magazine • 55


56 • c ria ti va magazine


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.