Criativa Magazine - maio 2021

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senhor santo cristo dos milagres

Foto: José Maria Sousa

Periodicidade: Mensal • Distribuição Gratuita • Ano VII Nº 79 maio 2021

25 anos de vida dedicados ao

projeto Care for Children Azores

Artistas e técnicos sem faturar há um ano



consultório da saúde Com João Bicudo Melo

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Saúde Auditiva Com: Audição Portugal

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Olhar criativo TEMA: “poemas de primavera”

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Saúde ótica com: INSTITUTOPTICO

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Exercício Físico pela sua Saúde com celso Tavares

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Desporto: Luís Miguel rego no Terras d’Aboboreira

Propriedade:

Rua do Espírito Santo, 77 - r/c Esq. 9500-465 Ponta Delgada NIF: 513 281 070 Email: criativa.azores@gmail.com

962 370 110

Nº Registo: 126655 Depósito Legal: 390939/15

entrevista Artistas e técnicos sem faturar há um ano

entrevista LIFE FIRST, EMERGENCY TRAINING, SU Lda. Formar a sociedade em salvar vidas

entrevista “As nossas funções são de enorme responsabilidade”

reportagem O Walk&Talk regressa em julho

Diretora: Natacha Alexandra Pastor Editor: Carlos Costa Direção Comercial: Eduardo Andrade Sede da Redação/Editor: Rua Espírito Santo, nº 77 R/chão Esqº 9500-465 Ponta Delgada Sócio-gerente com mais de 5% do Capital: Carlos Costa Periodicidade: Mensal Tiragem: 5.000 exemplares Impressão: Coingra - Companhia Gráfica dos Açores Parque Industrial da Ribeira Grande - Lote 33 - 9600-499 Ribeira Grande

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Grande reportagem

RUBRICAS

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entrevista projeto Care for Children Azores, com vânia dilac

Design Gráfico e paginação: Melissa Canhoto Fotografia: António Bettencourt, Carlos Costa Colaboradores: Carlos Melo Bento, Luís Moniz, João Bicudo Melo, José F. Andrade, Paulino Pavão/AFAA e Renato Carvalho. O uso e reprodução parcial ou total de qualquer conteúdo existente nesta revista é expressamente proibido. Os anúncios existentes nesta revista são da inteira responsabilidade dos anunciantes.

ESTATUTO EDITORIAL - CRIATIVA Magazine A Criativa Magazine é uma revista mensal de informação geral que oferece, quer através de textos quer de imagens, a mais ampla cobertura de assuntos, em todos os domínios de interesse, de maior relevância que ocorram no mercado açoriano, com especial enfoque no mercado da ilha de São Miguel; A Criativa Magazine é independente de qualquer poder político e económico; A Criativa Magazine pauta a sua ação em total cumprimento das normas éticas e deontológicas do Jornalismo português; A Criativa Magazine defende o pluralismo de opinião, respeita as crenças, ideologias políticas e religiosas, diferenças sociais e culturais, sem prejuízo de poder assumir as suas próprias posições; A Criativa Magazine identifica-se, como tal, com os valores da Democracia; A Criativa Magazine quer contribuir para o desenvolvimento de cidadãos ativos e conscientes, bem como assim para o desenvolvimento da sociedade na qual se insere.


grande reportagem

25 anos de vida dedicados ao Senhor Santo Cristo

Natacha Alexandra Pastor

José Maria Sousa / José Vaz

Maria Luísa Raposo dedicou 25 anos da sua vida a decorar o Senhor Santo Cristo dos Milagres. São muitas as histórias que tem para contar, algumas vindas de pessoas muito humildes, a quem sempre procurou responder, com a mesma dedicação. Ainda que hoje já não esteja presente, Maria Luísa Raposo confere que foi a honra maior da sua vida ter dedicado o seu tempo ao Senhor. Um quarto de século da vida de Maria Luísa Raposo foi passada das portas para dentro da Igreja do Senhor Santo Cristo dos Milagres, apoiando na decoração do coro baixo onde se encontra a capela com a Imagem do Senhor Santo Cristo, bem como em toda a igreja. Hoje, está ausente destas tarefas que identifica como tendo sido as mais honrosas da sua vida. As paredes do coro baixo estão revestidas por um conjunto de magníficos azulejos azuis sobre fundo branco, do século XVIII (1712), da autoria do ceramista, António de Oliveira Bernardes (1660-1730), restaurandos entre os anos de 2017 a 2018. Formam 12 quadros emoldurados por faixas enramadas e figuras antropomórficas, que retratam passagens da vida de Cristo. Na parte norte, a Anunciação, Visita de Santa Isabel, Nascimento, Adoração dos Magos, e Purificação – na parede sul, Cristo orando, Beijo de Judas, Flagelação, Cristo levando a Cruz e Crucificação.

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Foi por entre estas paredes que Maria Luísa Raposo viu chegar milhares e milhares de flores ao longo dos emocionantes anos em que colaborou com o Santuário. Diz que cada uma destas flores chega com um sentido, um pedido ou em forma de agradecimento, razões mais do que suficientes para que todas as flores, venham de famílias ricas ou de pessoas muito simples e humildes, tenham o mesmo sentido. Fazer com que cada uma dessas flores esteja presente ao longo dos dias de festa não é, de todo, uma tarefa fácil, mas é de forma muito emocionada que Maria Luísa Raposo garante que sempre tratou de respeitar e aceder positivamente a todos os pedidos. Foi pela mão dos pais, ainda bem jovem, que começou a sua adoração ao Senhor. “A devoção ao Senhor Santo Cristo dos Milagres é algo que me foi incutido desde criança, quando ia com os meus pais rezar nas portas da Igreja, ainda que fechadas, onde muita


gente escrevia pedidos e agradecimentos de toda a variedade, uma curiosidade que poucos se lembram ou conhecem. A igreja em si era muito fechada, e só abria às sextas-feiras, daí talvez se explique a razão de aparecer uma enchente de pessoas no fim de semana das festas para as procissões, porque, na realidade, o Senhor Santo Cristo estava longe de todos os micaelenses. Não deixa de ser curioso, que, embora estivesse muito próximo, estava, ao mesmo tempo, longe. Recordo-me, também, como nota curiosa para os mais novos, que há mais de 40 anos, não havendo carros, muitas famílias faziam verdadeiras excursões em autocarros, para passar um dia diferente, diria quase único, e no regresso a casa os autocarros passavam à porta do Senhor Santo Cristo, momento em que as pessoas agradeciam por aquele dia tão especial. Como se percebe, a devoção era muito grande e o agradecimento muito puro... e, na realidade, assim continua, cumprindo as Irmãs do Senhor Santo Cristo um papel muito especial no cumprimento de pedidos diários que lhes chegam dos crentes, que lhes telefonam de toda a parte do Mundo a fazer pedidos. E as Irmãs fazem-no! Ouvindo as muitas histórias por detrás de cada pedido ou agradecimento.” Com a partida das Irmãs do Santuário, prevista para os próximos tempos, Maria Luísa Raposo teme que se possa perder um pouco desta ligação que sempre existiu entre a sociedade com aquele grupo de Irmãs que têm sido as interlocutoras junto do Ecce Homo, a pedido de muitas famílias, incluindo os pedidos de muitos emigrantes que se encontram longe da ilha. “Temo que se possa perder esta ligação, apesar de não querer dizer que um leigo não seja capaz de o fazer ... mas na verdade é preciso que seja uma pessoa que ali esteja totalmente disponível e que dê uma entrega muito grande

a esta missão. Sabemos bem que somos hoje todos muito ocupados com as nossas vidas”. Crê-se que a origem da oferta de flores ao Senhor Santo Cristo venha de há longos anos. Quem ofertava, então, ao Senhor? Por um lado as famílias abastadas, capazes de Lhe entregar ouro, pedras preciosas ou jóias, e os pobres, não tendo poder económico, o pouco que podiam oferecer eram flores, que cresciam em quase todos os quintais da ilha ou nas ruas e pastos. As melhores flores, porém, vinham de famílias ricas, aristocratas, possuidoras de grandes e belos jardins.

Poucas pessoas saberão que é preciso um grande carinho, entrega e desvelo para manter todos os dias o Senhor Santo Cristo dos Milagres bonito.” “Uma das tradições que, entretanto, desapareceu, era a das famílias ricas que davam determinadas jarras de flores para o Senhor Santo Cristo. Quando comecei a colaborar com o Santuário, havia uma relação de casas/ famílias que tinham lugar cativo na capela. Um exemplo desses é o Palácio de Santana, que enviava rosas na semana da festa, aliás, havia um acordo escrito,

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aquando da venda do Palácio ao Governo, em que se refere que as rosas que desabrochassem naquela semana seriam entregues ao Santuário. De todo o lado nos chegavam flores, das mais simples e singelas às mais bonitas. Tenho muitas histórias lindíssimas que guardo destes 25 anos. Foi um quarto de século que ali estive. Recordo-me de um ano, já estavamos em período de oração de sábado para domingo, quando me chegou uma encomenda de flores vinda da ilha da Madeira, e de as utilizar para decoração. Poucas pessoas saberão que é preciso um grande carinho, entrega e desvelo para manter todos os dias o Senhor Santo Cristo dos Milagres bonito. Não é só decorá-lo à sexta-feira ou à quinta-feira, é preciso garantir que se retiram as flores que murcham ou que caem, e ir permitindo que tudo à sua volta esteja sempre num estado irrepreensível.” Maria Luísa Raposo confere que sempre teve muita dificuldade em recusar flores fossem de quem fossem, viessem de onde viessem. No segundo ano em que não se realiza a festa em honra do Senhor Santo Cristo, não deixa de ser com pesar que Maria Luísa Raposo entende as razões de tal decisão, admirando a dedicação das pessoas que em 2020 foram depositar as suas flores no átrio da igreja. Maria Luísa Raposo deixou o Santuário, onde um dia entrou a oferecer a sua ajuda para colaborar no que fosse necessário, longe de imaginar que viria a passar 25 anos de vida dentro daquelas paredes, e hoje dedica-se a colaborar

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na igreja de São José, onde promove a decoração daquele templo religioso que fica ali mesmo ao lado do Santuário do Santo Cristo, de onde guarda muitas histórias, muitas confissões verdadeiras e aflitivas de vários fiéis, e onde o seu coração rejubila.

Capa de 2021 em homenagem à visita de João Paulo II

A Festa do Senhor Santo Cristo dos Milagres, em Ponta Delgada, nos Açores, é celebrada pelo segundo ano consecutivo sem a presença de peregrinos, contando com a transmissão televisiva das celebrações, cumprindo deste modo com orientações emanadas pela Autoridade de Saúde Regional. “Todas as celebrações serão realizadas apenas com a presença das Religiosas de Maria Imaculada e do Coro do Conservatório. Todas terão transmissão televisiva”, destaca uma nota do reitor do Santuário do Senhor Santo Cristo dos Milagres. No dia 11 de maio, as Eucaristias no Santuário são em memória de João Paulo II, marcando os 30 anos da sua deslocação à ilha de São Miguel. O reitor desvendou ainda qual a capa que o Senhor Santo Cristo usará nestes dias de festa, referindo tratar-se “da mesma que usou naquele ano, quando Sua Santidade se ajoelhou para O contemplar, orar, e de onde falou ao coração de todos nós”.


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entrevista

Care for Children Azores Natacha Alexandra Pastor

DR

A conhecida cantora e compositora Vânia Dilac lidera o projeto Care For Children nos Açores, depois de um convite formalizado pela instituição, sob o mesmo nome, com atividade nos Estados Unidos. Numa fase mais difícil para muitas famílias, a ajuda que chega, através desta associação, é essencial. Criativa Magazine - Como surgiu, e a partir de que mãos, este projeto? Quando se efetivou no terreno? Vânia Dilac - Em 2017 conheci o presidente da Care For Children inc., José Gabriel Cabral. Numa comitiva dos EUA que veio a São Miguel. Imediatamente, travamos amizade por partilharmos a mesma visão social. Desta abordagem surgiu um convite para ser a artista convidada numa angariação de fundos que ocorreria em maio deste ano em Massachusetts, que naturalmente aceitei de bom grado. A partir daí surgiu o sonho de desenvolver atividades da Care For Children nis Açores, com o objetivo de criar cá uma estrutura e uma representação local. Em Junho desse mesmo ano iniciamos um trabalho com crianças, abordando temas essenciais ao seu desenvolvimento, bem como distribuindo roupa e cabazes, até fraldas. Desde então apoiamos diversas famílias e causas que nos foram sinalizadas.

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Funciona com uma bolsa de voluntários? É possível ter mais pessoas associadas ao projeto? Onde é que tudo acontece? Em todas as nossas iniciativas tivemos sempre parceiros em regime de voluntariado, que nos contataram e mediante as atividades que estávamos desenvolvendo, fomos alocando. Uns mais em regime pontual, outros foram ficando e neste momento temos um pequeno grupo efetivo. A nossa sede fica localizada na Fajã de Baixo e é onde desenvolvemos todas as atividades correntes da Care for Children Azores, seja a preparação de refeições quentes, seja a organização de cabazes, recolhas de alimentos por doação, entrega de roupas, etc. Em que consiste? Como se processam os pedidos de ajuda? Com que ajudas contam? Como é feita a triagem de casos mais prementes? Conseguem detetar carência alimentar e mais algum tipo de necessidades? Neste momento contamos muito com o público que


acaba por nos contactar de forma periódica, seja na nossa página oficial, seja diretamente à equipa, eu pessoalmente recebo também nas minhas redes sociais por já estar bastante identificada com o projeto e por ser uma cara conhecida. Fazemos sempre uma procura em conhecer mais de perto todas as situações que nos são sinalizadas, eu pessoalmente tenho assumido essa parte, de forma a garantir que realmente estamos a colmatar uma necessidade. Infelizmente posso dizer que não é difícil hoje em São Miguel detetar facilmente situações de pobreza, até extrema, por vezes é mesmo só olhar prara o lado com atenção. Quais foram as adaptações que já tiveram de fazer, depois de arrancar com esta iniciativa? E as razões que motivaram a este(s) ajuste(s)? As adaptações vieram do volume de atividades que começamos a ter em áreas diferenciadas, sentimos necessidade, e ainda está em curso, de renovar o nosso espaço, do mesmo modo a criar uma conta bancária e atualizar algumas questões administrativas na Associação de modo a melhor servirmos a comunidade, pois para nós a credibilidade e a transparência são vectores essenciais nestas atividades. Por outro lado, naturalmente a situação de pandemia, devido ao Covid 19, obrigou-nos a adaptarmo-nos à nova realidade, inclusivamente, durante algum tempo tivemos mesmo que suspender as atividades com maior contato pessoal, situação que estamos agora a reverter com muita cautela. A experiência no terreno tem sido mais surpreendente do que esperavam? É incrível, mas sim!!! Doarmo-nos um pouco tem sido uma das experiências mais adrenalínicas que temos/ tenho vivido. Por outro lado, muitas vezes também surpresos com realidades que jamais pensaríamos serem actuais. Esta fase pandémica agravou as situações? Sem sombra de dúvida que o volume de casos aumentou drasticamente, com a economia em modo “shut down”, encerramento de empresas,

despedimentos, a precariedade sobressaiu de tudo isso e será difícil em muitos casos reverter a situação. Vamos fazendo o que conseguimos à semelhança de várias outras instituições. Como tem sido a reação das pessoas apoiadas? Perfeita!! Antes da gratidão vem sempre a confiança em nós, muitas vezes em mostrar realidades de que se envergonham, há por isso um contributo moral que a Care For Children pretende sempre entregar além dos bens, que não faz mal precisar ou pedir ajuda, temos sempre que reivindicar o direito de podermos acreditar que iremos construir um futuro melhor,

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entrevista

Penso que a sociedade está sem dúvida mais sensibilizada para estas questões, o que talvez falte, e tem sido muitas vezes foco do meu discurso, é a continuidade, a persistência, o não intervir apenas pontualmente.”

mesmo que agora estejamos a receber um cabaz. Qual é o perfil das pessoas apoiadas? É possível traçar um quadro? Neste momento o perfil está mais diversificado, resultado da pandemia, contudo, em traços gerais são: fome, depressão, vergonha e situações familiares e de habitação muito fragilizadas incluindo muitas famílias monoparentais, o que conduz a um quadro

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socioeconómico típico de um certo isolamento social e de carência de aprendizagem. Faltam outras ou mais iniciativas deste género? O que te leva a perceber isso? Irá faltar sempre que existir, nem que seja uma pessoa a passar dificuldades, fome, frio. Penso que a sociedade está sem dúvida mais sensibilizada para estas questões, o que talvez falte e tem sido muitas


vezes foco do meu discurso é a continuidade, a persistência, o não intervir apenas pontualmente. 50 cabazes matam a fome a 50 famílias 1 vez no ano apenas, normalmente no natal. É por isso nosso apanágio ir crescendo aos poucos mas fornecer uma ajuda continuada mediante os recursos

que temos disponíveis e felizmente temos conseguido, até já apadrinhamos mesmo algumas famílias. Mas é só o nosso jeito, no fundo o que importa mesmo é fazer alguma coisa que impacte a vida do “outro”. Daí um dos nossos lemas ser: “A FOME NÃO NOS SERVE, NÓS SERVIMOS A QUEM A TEM”.

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entrevista

Artistas e técnicos sem faturar há um ano

Natacha Alexandra Pastor

DR

12 meses depois e muito pouco mudou no panorama pessoal, familiar e profissional dos artistas e técnicos com atividade profissional nos Açores. A situação é muito complicada, refere a União Audiovisual, que garante: os apoios prometidos pelo governo não chegaram. Criativa Magazine - Um ano depois e a Cultura, de forma quase global, ainda não voltou ao ativo, por força da pandemia. Qual é o cenário nos Açores das dificuldades associadas a este fenómeno? Ricardo Cabral (União Audiovisual) - Faz quase 1 ano que a União Audiovisual foi criada, fez 1 ano, em março, que toda a atividade cultural parou devido à pandemia. As dificuldades agora são enormes. Artistas e técnicos sem receber 1€, empresas sem faturar há 1 ano e sem perspetivas de voltarmos ao normal. É uma situação dramática. Tardaram em chegar na altura apoios

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do Estado para este grupo de cidadãos. À data, como está a questão dos apoios? Ainda existem falhas? Os apoios prometidos pelo Governo, até à data, não foram pagos a ninguém. O único apoio que os artistas estão a receber é o da Segurança Social, que ajuda, mas não dá nem para pagar metade da renda da casa. Houve aqui ajudas importantes de algumas autarquias? Que criaram algumas iniciativas interessantes e importantes. Sim. A primeira foi a Câmara Municipal de Ponta Delgada, que no verão de 2020 criou “A Bolsa de


Artistas” e o “Animar PDL”. Veio a ajudar bastante todos os artistas e técnicos profissionais, voltar a fazer um evento pela cidade, com músicos em camiões. São ajudas importantes, tanto para artistas e técnicos, como para as empresas, mas que por si só não são suficientes. A Câmara Municipal de Vila Franca do Campo e a da Ribeira Grande também fizeram alguns espetáculos on-line para ajudar artistas locais. Quantas pessoas ainda continuam a ser apoiadas regularmente pela União Audiovisual? Que elementos integram a UA? A União Audiovisual é uma associação nacional. No Continente ajuda cerca de 700 famílias e aqui nos Açores são 30. A equipa dos Açores integra três pessoas: eu (Ricardo Cabral), o Diogo Medeiros e o André Benevides. Há quem tenha atingido uma situação crítica? Sim. Quando não se tem dinheiro para tomar 1 café ou para pôr 1 litro de combustível para se movimentar, não se tem nada. Houve muitas situações destas durante este ano. Agora, os artistas começaram a procurar trabalho noutras áreas e já há menos situações destas, mas ainda existem. Tem sido possível colmatar todo o tipo de necessidades? Até agora, a União Audiovisual fez tudo para que ninguém ficasse sem comida, sem dinheiro, e ninguém foi despejado das suas moradias. Realço que apenas damos alimentos. Ajudamos somente os artistas na ligação das juntas de freguesia e arranjamos protocolos para que tenham alguns euros para os seus gastos mínimos. Tem colegas que se forçaram a mudar de vida profissional? Em concreto os que só estavam ligados ao mundo cultural? Sim. Como já havia falado, anteriormente, esta situação vai levar a que muitos artistas se vejam obrigados a mudar de profissão e a Cultura, por consequência, fica mais pobre. Do meu conhecimento, cá, já 3 artistas mudaram. Têm recebido muitos apoios individuais, coletivos e empresariais? Surpreende-vos, pela positiva, estas dádivas? Conseguiu alguns apoios regulares de algumas empresas ou entidades? De início, em todo o país, esta estratégia foi espetacular. As pessoas foram muito solidárias connosco. Depois começamos a fazer protocolos com algumas empresas, que nos foram dando

cabazes mensais. A nível nacional, a União conseguiu protocolos importantíssimos e, agora, cada região pede todos os meses os seus bens essenciais que depois distribuímos. Também continuamos a receber cabazes de pessoas anónimas, de empresas e de juntas de freguesia. Estamos mais organizados e temos a noção que as pessoas têm menos poder económico, daí que se começa a notar menos pessoas a tentar ajudar. Para finalizar, e como estamos a comemorar o primeiro ano, queremos agradecer a todos os que connosco contribuíram para que estes colegas estejam ainda cá, à espera de uma melhoria para voltarem a fazer o que mais gostam.

Ação de Rua - “Velório Pelos Profissionais da cultura, das Artes e dos Eventos”

O Grupo Informal Vigília Cultura e Artes (que organizou a Vigília a 21 de Maio de 2020 em várias cidades do território português) organizou um Velório Pelos Profissionais da Cultura, das Artes e dos Eventos, em abril, volvidos 11 meses depois da Vigília Cultura e Artes. O grupo lançou uma nota explicando os motivos desta organização, recordando que é preciso continuar a insistir em respostas dignas às suas questões. “Mais cansados, mais descrentes, mais desconsiderados, mas ainda menos resignados. O que nos falta em apoio, sobra-nos afortunadamente em combatividade. Continuaremos a fazer perguntas


entrevista

incómodas, a exigir soluções que nos sirvam, a exigir respeito e transparência. Porque consideramos que uma vida em democracia não se faz com menos do que isto e que a linha da dignidade é aquela que não deixaremos nunca ultrapassar-se sem luta. Onze meses depois, nós, os trabalhadores e profissionais da cultura, das artes e dos eventos, continuamos deixados ao abandono, apesar dos anúncios de milhões, dos apoios que servem sempre menos do que aqueles que excluem e das medidas avulsas que chegam sempre com atraso e desadequação. Onze meses depois, muitos de nós continuam sem trabalho e a sobreviver graças à ajuda solidária dos seus pares. A proclamação de que ninguém seja deixado para trás torna-se hoje vazia. A cada dia que passa, muitos de nós são deixados para trás. Muitos preferiram desistir ou foram obrigados a fazê-lo. Pelos que ainda resistem e pelos que tiveram de desistir, voltamos à rua. Voltamos com a luta toda por fazer e com muitas perguntas às quais queremos resposta. Perguntamos, por exemplo, onde andam os milhões que possibilitariam às Câmaras Municipais programarem no verão de 2020 e onde anda o remanescente não usado do financiamento do projeto TV Fest. Perguntamos porque é que a proteção social devida a estes trabalhadores, que foram impedidos de trabalhar em 2020 e no 1º trimestre de 2021, chega, quando chega, com 3 meses de atraso. Perguntamos porque é que o programa Garantir

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Cultura, supostamente um apoio, só prevê apoio de um máximo de 90% do orçamento, no caso das micro empresas, e de 75% para as PME’s. Perguntamos ainda por que motivo este programa exclui novamente os trabalhadores da regiões autónomas. Perguntamos pelo sentido que faz a exigência de prazos de execução a 9 meses nos apoios à criação artística, quando temos os equipamentos culturais com as agendas sobrelotadas no rescaldo dos confinamentos. Perguntamos para quando a resolução da atribuição correta dos CAE’s e CIRC’s no setor da cultura e para quando a regulamentação das atividades profissionais não regulamentadas, nomeadamente aquelas relacionadas à acessibilidade das atividades artísticas. Perguntamos para quando condições laborais dignas para aqueles que nas escolas ensinam a expressão dramática e o teatro, formando, entre outras coisas, o público do futuro. Perguntamos porque é que as ajudas financeiras ao setor da cultura, que deviam ser apoios universais de garantia de sobrevivência, continuam a vir em forma de concurso à criação artística. Perguntamos ainda para quando o reconhecimento de que este é um setor vasto, complexo e interdependente, que compreende muito mais do que meia dúzia de nomes sonantes e de eventos de grande dimensão. Estas perguntas revelam que passados onze meses muito pouco foi resolvido. Continuamos intermitentes, cancelados, desprotegidos e precarizados. Continuamos também, como em maio do ano passado, vigilantes.”


Reportagem

Tapete “Esperança” com 10 mil flores

Natacha Alexandra Pastor

DR

Cinco empresas e 10 colaboradores contribuíram para a realização de um tapete de flores, com 48m² e 10 mil gerberas de várias cores, que esteve exposto em frente aos Paços do Concelho da Ribeira Grande, alusivo à Festa da Flor. No total foram utilizadas 10 mil gerberas de várias cores. Dez mil flores deram cor à ‘Esperança’ num tapete com 48m², símbolo maior da Festa da Flor que a Câmara da Ribeira Grande levou a efeito nos últimos dias, este ano em formato híbrido devido às circunstâncias e às medidas em vigor de combate à pandemia. O tapete de flores, como habitualmente acontece, será instalado em frente ao edifício dos Paços do Concelho, no largo Hintze Ribeiro, e ficará exposto ao longo de duas semanas. A imagem central do tapete será a palavra ‘Esperança’ que remete para o desejo comum de voltarmos à normalidade que conhecíamos antes da pandemia por Covid-19. Tendo em conta o momento atual, a Câmara da Ribeira Grande manterá especial atenção ao cumprimento das medidas em vigor, assegurando o distanciamento social e o controlo de eventuais aglomerados de pessoas que queriam conhecer e apreciar o trabalho

que ficará exposto até 9 de maio próximo. Devido à pandemia, a Festa da Flor deste ano assume, basicamente, um caráter simbólico. “Optamos por realizar o evento com o intuito de passar uma mensagem de esperança às pessoas. É por isso que a temática escolhida é a esperança e é por isso que a festa não se desenrolará nos moldes habituais, cumprindo as recomendações em vigor”, explicou Alexandre Gaudêncio. O presidente da Câmara da Ribeira Grande sustentou que “a realização do evento nos moldes possíveis permite também ajudar a economia local, em particular os empresários ligados à floricultura, setor onde se têm verificado quebras acentuadas de receita devido à pandemia.” Os eventos que constam do programa da festa da Flor foram transmitidos via streaming na página de Facebook da Câmara da Ribeira Grande.

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entrevista LIFE FIRST, EMERGENCY TRAINING, SU Lda.

Formar a sociedade em salvar vidas

João Amaral criou a Life First, EMERGENCY TRAINING, SU Lda. em 2020, com uma missão muito particular: dar formação em primeiros socorros e em suporte básico de vida adulto com desfibrilhação automática externa, garantindo que qualquer pessoa ficará apta a ajudar a salvar vidas.

Natacha Alexandra Pastor Criativa Magazine - Quais são os objetivos principais da Life First? O que norteou à constituição de uma empresa (crendo ser a primeira do género nos Açores)? Quem está à frente do projeto? E que formação específica têm? João Amaral - Sou o João Amaral, 33 anos, natural de Ponta Delgada. Aos 18 anos ingressei simultaneamente na escola de enfermagem de Ponta Delgada e na Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Ponta Delgada, onde ainda hoje me mantenho como bombeiro voluntário. Em 2010 após conclusão do curso de enfermagem, trabalhei inicialmente no Lar da Lagoa, após 6 meses inicio funções no Hospital do Divino Espírito Santo, em Ponta Delgada, e permaneço nesta instituição até 2018. Posto isso, faço um ano como gestor de produto na Farmaçor, SA. Posto isso, não me sentia realizado e rescindi contrato e ingresso 6 meses nas

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DR

Irmãs Hospitaleiras-Casa de Saúde. No final de 2019, fico desempregado e começo a planear a LIFE FIRST, onde começa a dar os primeiros passos enquanto entidade certificada pelo INEM - Instituto Nacional de Emergência Médica - em formação de Suporte Básico de Vida com Desfibrilhação Automática Externa. Como já era formador de entidades formadoras externas e com o “know-how” de 10 anos na área de emergência médica dedico-me a gerir a empresa que quer que os enfermeiros, médicos e população em geral tenham a possibilidade de fazer formação em primeiros socorros e em suporte básico de vida adulto com desfibrilhação automática externa. Em 2020, durante a pandemia, tenho a possibilidade de abrir oficialmente a LIFE FIRST ao mundo. No final desse mesmo ano, inicio funções como enfermeiro na Unidade Básica da Povoação e acumulando funções como enfermeiro SIV (Suporte Imediato de Vida). No início de 2021, surgiu a possibilidade de contratar


o Coordenador Pedagógico – Frederico Borges com Mestrado em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário pela Universidade Lusófona e Humanidades e Licenciado em Treino Desportivo pela Escola Superior de Desporto de Rio Maior. Quem é que nos Açores está autorizado a dar formações ao nível dos primeiros socorros? Suporte básico de vida (SBV)? Desfibrilhação automática externa (DAE)? Que mais-valias advêm da vossa parte perante o que já existe? Nos Açores qualquer formador pode ministrar primeiros-socorros, mas na Life First, todos os formadores são acreditados pelo SRPCBA (Serviço Regional da Proteção Civil e Bombeiros dos Açores) ou pelo INEM pois nós damos formação certificada em SBV Adulto e Pediátrico e em SBV Adulto com DAE. A mais-valia é que a formação tem uma exigência superior e por sua vez a pessoa termina a formação a saber salvar uma vida e sabendo operar com um desfibrilhador automático externo, e que passou por uma avaliação exaustiva de acordo com o que é preconizado pelo INEM. E quem vier ao encontro da Life First sairá com uma formação de qualidade e que fará a diferença ao próximo quando for necessário intervir. Qual é o vosso principal foco de ação? (Empresas, associações desportivas; instituições públicas, etc). É preciso criar caminho para a sensibilização e educação para a importância de deter alguns conhecimentos em matéria de primeiros socorros? A Life First tem-se focado nas empresas e, aqui, nos Açores as indústrias são entidades que necessitam de muita formação em primeiros socorros pela prevenção e segurança que têm que existir nesses espaços laborais. Aqui também faço mote que as entidades hoteleiras têm que ver a formação de primeiros socorros e SBV com DAE como uma segurança maior para os seus clientes e para quem nos visita. Na minha opinião as instituições públicas e locais que recebam público, por exemplo o Teatro Micaelense. Eles foram o nosso último cliente a terem tido a formação de SBV com DAE e foi instalado um DAE nas instalações do mesmo. E as instituições desportivas também têm sido o nosso foco, não fosse o nosso coordenador pedagógico um professor e treinador de desporto e quem tem pautado por demonstrar aos seus pares que a formação em saúde é uma mais-valia. E neste momento temos os clubes do Mira Mar e Vale Formoso do concelho da Povoação a iniciar o projeto de implementação de um programa de

DAE cada e também a equipa de futsal do Livramento. Contudo, ainda sinto que temos que sensibilizar mais para esta matéria de primeiros socorros pois ainda temos pessoas que a chamada para o número europeu de emergência, o 112, ainda se torna complexo para muitos de nós. Ou seja, ainda há muito a percorrer. Qual é a partilha de conhecimentos que acontece nas formações? No caso de SBV Adulto e Pediátrico e com DAE ministramos todos os procedimentos para salvar a vida de uma pessoa em PCR – Paragem Cardiorrespiratória e a utilização de um desfibrilhador automático externo que pode fazer toda a diferença. Também ensinamos as técnicas de posição lateral de segurança e desobstrução de uma via área. No caso de primeiros socorros abordamos os assuntos anteriores e ainda as técnicas de primeiros socorros no caso de uma hemorragia, ferida, etc. e exemplos do quotidiano a nível de emergência médica e que primeiro passo a pessoa pode executar até à chegada da ajuda diferenciada e todas as dúvidas e mitos que existam à volta do primeiro socorro a uma vítima. Há um conjunto de edifícios/serviços públicos que já estão ‘obrigados’ a disponibilizar nas suas instalações desfibriladores automáticos? O panorama regional (do que vos é possível conhecer) cumpre com os requisitos obrigatórios?

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entrevista Reportagem Contudo, ainda sinto que temos que sensibilizar mais para esta matéria de primeiros socorros pois ainda temos pessoas que a chamada para o número europeu de emergência, o 112, ainda se torna complexo para muitos de nós. Ou seja, ainda há muito a percorrer.”

Como sabe a instalação de DAE passa assim a ser obrigatória nos seguintes locais: • Estabelecimentos de comércio a retalho, isoladamente considerados ou inseridos em conjuntos comerciais, que tenham uma área de venda igual ou superior a 2000 m2; • Conjuntos comerciais que tenham uma área bruta locável igual ou superior a 8000 m2; • Aeroportos e Portos Comerciais; • Estações ferroviárias, de metro e de camionagem, com fluxo médio diário superior a 10 000 passageiros; • Recintos desportivos, de lazer e de recreio, com lotação superior a 5000 pessoas E se formos ver ao nível do panorama regional, estamos a acompanhar a lei, mas falta fiscalização pois estamos

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a falar que mais locais possam estar munidos de formação e equipamentos que podem salvar vidas e que alguns estabelecimentos de comércio a retalho deviam ter. Posso dizer que neste momento a Life First juntamente com a Direção Regional dotou 10 pavilhões e complexos desportivos com a formação de 60 operacionais em SBV com DAE e a instalação de 10 DAE nesses mesmos locais. Acredito que virão mais entidades fazer formação e colocar DAE nas suas instalações e acredito também que a lei possa vir a mudar e obrigar a que cada estabelecimento de ensino secundário e pavilhão ou campo tenha um DAE e as autarquias já começam a olhar com bons olhos essa mesma dotação de equipamentos e a formação.


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José F. Andrade

Dionisio Garcia

Um micaelense nos Estados Unidos

Em 2021 Dioniso Garcia comemora 50 anos de carreira, com um disco comemorativo. Os factos e a história por detrás de uma carreira, nas próximas linhas. Nasceu na Calheta (freguesia de São Pedro) mas foi em Santa Clara que cresceu. Dionisio Garcia cedo descobriu ter talento para a música. Em 1970, por influência de Victor Melo, entra como baterista para a Orquestra do grande Maestro Teófilo Frazão no Solar da Graça. Esta ligação durou cerca de 4 anos, o suficiente para

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que a experiência atingisse o nível exigido. Com a extinção da orquestra, houve que procurar outros e novos desafios. Surgem então o Conjunto Bet Calis, o Grupo de Música Popular Estrelas do Monte e logo depois, o Grupo de Folclore de Santa Cecília. Contudo, é no rock que a sua carreira atinge maior expressão. Falamos do grupo Green Band, liderado por Arnaldo Furtado Costa (considerado, um dos maiores vocalistas de sempre de São Miguel). Dionisio Garcia entra como baterista, sendo que, José Francisco Travassos é o teclista, o Vasco Nunes - baixista, o Victor - guitarrista e o João Andrade - percussão.


O seu repertório é baseado nos Deep Purple, Rolling Stones, Nazareth e outras músicas dentro desta vertente musical. A Green Band dura quatro anos, sendo que depois Dionisio Garcia ingressa nos Coriscos, banda com uma sonoridade diferente, menos rockeira e mais “mainstream”. Eric Clapton, Doolbie Brothers, Chicago, The Beatles, Pink Floyd entre outros, são as principais visadas, em termos de covers. Os Coriscos eram compostos por João Severino na guitarra e voz, França Mota no baixo, Luís Travassos nas teclas, Dionisio Garcia na bateria e voz. Como guitarrista convidado, tinham o falecido João Manuel Raposo (também conhecido como o pai dos músicos micaelenses). De salientar que, esta foi a banda do Açorianíssimo, em cerca de 100 espectáculos pela região, América e Canadá. Em 1980 deixa os Açores e vai para os Estados Unidos. É lá, também, que troca a bateria pelo microfone e forma os Capitalistas, banda que dura há 40 anos e que tem percorrido os Estados Unidos de costa a costa, bem como o Canadá. Com esta banda, gravou

dois discos e um terceiro a solo. Desde 1997 que Dionisio Garcia é animador da conhecida rádio luso-americana WJFD, podendo ser escutado entre as 18:00 e as 22:00 (22:00h / 02:00h dos Açores).

Em 2021, Dionisio Garcia comemora 50 anos de carreira, meio século de música entre os Açores e a América. Será um trabalho discográfico com 8 temas, sendo 5 originais e 3 versões de temas de Luís Alberto Bettencourt.

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Entrevista

“As nossas funções são

Enfermeiro há 18 anos, Pedro Carreiro e Silva tem a especialidade em Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiatria desde 2015. No mês em que se assinala o dia dos Enfermeiros, e em tempo de Covid-19, o enfermeiro Pedro Carreiro e Silva fala do papel da enfermagem junto da sociedade, e do muito que ainda falta para dignificar esta profissão.

Natacha Alexandra Pastor Criativa Magazine - É bastante comum dizer-se que quem segue a formação em Enfermagem tem de ter e manter um espírito de empatia, zelo e um cuidado acrescido para cuidar de quem, em determinado momento – muitas vezes intenso –, precisa de cuidados. Portanto, ser-se enfermeiro não deve ser um trabalho qualquer. Tinhas esse espírito? Pedro Carreiro e Silva - Bom, vamos por partes, sem dúvida que a Enfermagem, ser-se Enfermeiro, não é um trabalho qualquer, é uma profissão de grande desgaste tanto físico como psicológico. Os níveis de stress e desgaste são enormes, por diversos motivos, seja por situações emergentes em que a vida

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dos utentes está dependente da nossa atuação, seja por termos um utente do foro psiquiátrico delirante e agressivo que não conseguimos prever como é que vai reagir, seja pela falta de meios humanos que nos obriga a fazer várias vezes 16 horas seguidas, a trabalhar nas folgas e a não conseguir usufruir dos feriados que todos têm direito, mas que no nosso caso se vão acumulando para serem gozados sabe-se lá quando. Em relação ao espírito, sempre me considerei uma pessoa empática, na altura quando entrei para o curso nem conhecia o termo empatia, mas depois de o entender percebi que sempre tive essa capacidade. Ao longo do curso e especialmente ao longo da minha atividade profissional fui cimentando estas


de

enorme

responsabilidade”

características que aliadas a todo o conhecimento científico adquirido fazem com que de dia para dia seja um profissional mais maduro, mais capaz de cuidar o outro. Em que medida esta profissão cresceu nos últimos anos? Houve um acompanhamento em direitos perante as devidas e maiores responsabilidades? Há ou não de facto uma grande responsabilidade/peso na atribuição das funções atuais da Enfermagem? A nossa profissão sem dúvida que cresceu de uma forma fantástica nos últimos anos. Há uns anos atrás eramos vistos como os ajudantes dos médicos, neste momento esta imagem é impensável, somos uma profissão autónoma, capaz de produzir conhecimento científico, com um número cada vez maior de áreas de especialização e de competências acrescidas. Na minha opinião os direitos não acompanharam a evolução da carreira e as responsabilidades que daí advêm, até pelo contrário, por vezes sintome enxovalhado e “gozado” com alguns episódios que têm surgido, tomo com exemplo a carreira de Enfermagem, que tem sofrido algumas alterações mas com situações que deixam qualquer profissional desgastado, dou como exemplo a carreira anterior com 2 pontos caricatos, nessa carreira deixou de existir a “figura” de Enfermeiro Especialista e continha a “figura” de Enfermeiro Principal, contudo, que eu

tenha conhecimento, nenhum Enfermeiro a nível nacional chegou a essa categoria. Na carreira atual, bem não sei se é a atual, porque apesar de existir ainda não transitamos para ela, temos que trabalhar até por volta dos 100 anos de idade se quisermos atingir o topo da carreira. Em relação ao último ponto, sem dúvida que as nossas funções são de enorme responsabilidade, seja por exemplo a nível hospitalar onde somos nós que estamos 24 sobre 24 horas com os utentes, que vamos avaliando o estado destes e aos primeiros sinais de descompensação podemos atuar, seja ao nível dos Cuidados de Saúde Primários onde a atuação ao nível da prevenção primária por exemplo é fundamental quer na qualidade de vida da população quer ao nível económico, prevenindo dispendiosos tratamentos e internamentos. Em matéria de Enfermagem tem sido mais frequente encontrar profissionais muito adeptos da medicina alternativa, o que até a um passado bem recente, era quase impensável. Têm existido grandes mudanças nesta área? Na minha opinião, sim tem havido mudanças nesta área, mas infelizmente não tão grandes como eu gostava que fossem, mas penso que se está a caminhar de forma positiva. A medicina alternativa, ou complementar como prefiro chamar, penso que tem um grande potencial e em conjunto com a medicina

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A nossa profissão sem dúvida que cresceu de uma forma fantástica nos últimos anos. Há uns anos atrás eramos vistos como os ajudantes dos médicos, neste momento esta imagem é impensável, somos uma profissão autónoma...”. tradicional pode trazer grandes benefícios para os utentes. Felizmente na área onde trabalho, Saúde Mental e Psiquiatria, utilizamos algumas técnicas e terapias que vão “beber” às terapias complementares, como por exemplo Mindfulness ou sessões de Relaxamento. Consideras que a enfermagem é uma das poucas profissões da área da saúde que pode mesclar o “humano com o científico”? Penso que é uma das profissões que tem o privilégio de poder fazer isso, principalmente porque temos a oportunidade de estar 24 sobre 24 horas a acompanhar os utentes ao nível hospitalar, mas também porque a nível académico somos formados, educados, ensinados a ver os utentes como um todo, como um ser com várias dimensões, não só biológica, mas também psicológica e social e assim adquirimos competências para intervir em todas estas dimensões. Pode dizer-se que o Enfermeiro é uma espécie de ‘extensão’ da classe médica? Eu não gosto do termo extensão, eu penso que a Enfermagem é mais um complemento à classe médica, por isso é que se fala em equipas multidisciplinares, onde todos têm o seu papel e a sua importância, não só os Médicos e os Enfermeiros, mas também os Assistentes Operacionais, os Psicólogos, os Assistentes Sociais ou os Administrativos. A Enfermagem tem muitas intervenções interdependentes com a classe médica mas também tem muitas intervenções

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autónomas, como por exemplo na área da Saúde Mental e Psiquiatria temos a Relação de Ajuda (para situações de luto, ansiedade ou burnout por exemplo), a Estimulação Cognitiva (para situações de demência ou para défices cognitivos provocados por AVC ou traumatismos cranianos por exemplo), a Modificação de Comportamento (para situações de comportamentos aditivos por exemplo), entre outras que são prescritas, planeadas, executadas e avaliadas por nós Enfermeiros. Gosto sempre de salientar que a principal “arma” que nós temos, principalmente na área onde exerço, é a comunicação. Um Enfermeiro que seja capaz de ter uma comunicação terapêutica terá um impacto muito positivo no utente alvo dos seus cuidados. Tens tido a percepção de que o papel do Enfermeiro tem sido mais ou melhor valorizado, desde o início desta pandemia? Temos tido mais destaque, têm falado mais na Enfermagem, a população, na sua maioria, tem mais consciência da importância da nossa profissão, mas o sentimento que tenho é que foram muitas “pancadinhas nas costas” e valorizarem-nos e tratarem-nos com a dignidade que merecemos penso que ainda está aquém do esperado, chegando ao cúmulo de estarem a despedir Enfermeiros no continente que foram contratados quando a situação estava mais complicada. Existem muitas situações que necessitam ser revistas para nos sentirmos valorizados, desde a questão remuneratória até sermos considerados profissão de desgaste rápido e podermos atingir a idade de reforma mais cedo. O Governo dos Açores indicou recentemente a criação e implementação do Enfermeiro de Família. Qual é a importância máxima para a sociedade desta nova ação a cargo dos enfermeiros? O Enfermeiro de Família já é um projeto com alguns anos, com um programa piloto que agora parece que finalmente vai ser estendido a toda a região com os devidos ajustes e apoio da Secção Regional da Ordem dos Enfermeiros. O Enfermeiro de Família é uma mais-valia não só para os utentes, mas também para o Sistema Regional de Saúde, pois vai permitir aos Enfermeiros intervirem nos vários níveis de prevenção de forma mais eficiente o que se vai traduzir em ganhos de saúde e por consequência económicos. O facto do Enfermeiro de Família prestar cuidados a toda a família vai permitir uma maior proximidade e conhecimento de todos os elementos e dinâmicas, tornando-o muito mais eficiente nos cuidados prestados em todos os processos de mudança inerentes às transições a que as famílias estão sujeitas.


Reportagem

Festival Walk&Talk regressa em julho Natacha Alexandra Pastor

Mariana Lopes

O Walk&Talk – Festival de Artes dos Açores regressa de 15 a 24 de julho, em formato físico e adaptado ao exercício de encontros na nova realidade. Sob a afirmação “Será por onde formos”, o Walk&Talk 10 decorre ao longo de 10 dias, destacando-se o explorar de dimensões de circulação, tempo e encontro e a sua influência na construção de percepções, códigos, movimentos e novas ecologias e comunalidades, com um programa organizado em torno de excursões diárias que se ancoram em exposições, instalações, performances, conversas e comensalidade, para criar caminhos de experiência coletiva da arte. A estrada faz-se com mais de 20 artistas e coletivos que apresentam projetos inéditos, resultado de residências artísticas desenvolvidas nos Açores, entre 2018/2021, e que se ligam e articulam pelas dinâmicas partilhadas ao longo do processo e tempo de trabalho. Esta edição tem como ponto de partida a vaga - espaço de arte e conhecimento, nova sede da Anda&Fala (estrutura organizadora do Festival); passando por vários equipamentos parceiros como o Arquipélago - Centro de Artes Contemporâneas ou o Teatro Micaelense, e estendendo-se a outras zonas da ilha, como os Mosteiros, Ribeira Grande ou Água de Pau. A equipa curatorial é formada por Jesse James e Sofia Carolina Botelho (Direção Artística W&T) e a curadora convidada, Ana Cristina Cachola; e confirmam-se apresentações de Abbas Akhavan, Alex Farrar, Alice dos Reis, Catarina Miranda, Danny Bracken, Diogo Lima, Flávio Rodrigues, Gustavo

Ciríaco, Ilhas, Joana Franco, João Pedro Vale & Nuno Alexandre Ferreira, Luís Senra, Luísa Salvador, Mané Pacheco, Margarida Fragueiro, Miguel Flor, Nadia Belerique, Pedro Maia & Lucy Railton, Sofia Caetano e Tropa Macaca. Mais participações serão futuramente anunciadas. Reafirma-se a continuidade do Programa de Conhecimento enquanto elemento substancial e agregador do festival através da Summer School W&T e outras ações de mediação, e arrancam também as residências artísticas no âmbito da próxima edição, em 2022. O Walk&Talk 10 será um dos primeiros eventos públicos a acontecer nos Açores em 2021 e uma experiência piloto na implementação de procedimentos e normas recomendadas pela Direção Regional de Saúde que possibilitem o regresso à experiência física e presencial de forma segura e controlada. Inevitavelmente, uma edição celebratória de um percurso com 10 anos de caminho, “Será por onde formos” não pretende fixar-se na memória, abraçando a encruzilhada que é o culminar deste momento, na procura do desafio pelo que ainda há a transformar e concretizar. O Walk&Talk conta com o apoio do Ministério da Cultura - DGArtes, Governo dos Açores e Município de Ponta de Delgada.

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desporto motorizado

PARTICIPAÇÃO POSITIVA DE LUÍS MIGUEL REGO NO RALI TERRAS D’ABOBOREIRA Renato Carvalho

GO Agency

Os campeões dos Açores em título, Luís Miguel Rego e Jorge Henriques, a bordo do Skoda Fabia Rally2 EVO, alcançaram o 13º lugar da classificação final do Rali Terras d’Aboboreira, a primeira prova do Campeonato de Portugal de Ralis. O adiamento do Azores Rallye para uma data ainda por definir, possibilitou a Luís Miguel Rego mais uma participação fora dos Açores. Tal como em 2020, a prova escolhida foi o Rali Terras d’Aboboreira, que se disputou no Norte de Portugal mais concretamente nos concelhos de Amarante, Baião e Marco de Canavezes. O rali organizado pelo Clube Automóvel de Amarante desenrolou-se por dois dias e contava com sete provas de classificação disputadas em pisos de terra. A lista de inscritos apresentava os principais candidatos ao título do Campeonato de Portugal de Ralis, assim como vários pilotos estrangeiros, como por exemplo, Chris Ingram, que já participou no Azores Rallye. A prova foi para a estrada na tarde de sexta feira para cumprir uma dupla passagem pelo troço designado Amarante Natureza Criativa com 13,83 Kms de extensão. O piloto do Team Além Mar acompanhado pelo navegador Jorge Henriques e no Skoda Fabia Rally2 EVO que recebeu os cuidados técnicos da equipa ARC realizaram o 16º tempo no troço inaugural com um registo de 9m33,0s. Na segunda prova de classificação, Luís Miguel Rego melhorou o tempo em 3,5 segundos e terminou a etapa no 16º lugar da classificação geral. No primeiro troço de sábado, Marão 1 com 10,08 Kms, a formação com as cores dos Açores aumentou o ritmo e realizou o 10º melhor crono, o que permitiu subir duas posições

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na classificação. A prova especial seguinte Baião Vida Natural foi neutralizada pelos que foi um tempo igual para todos os concorrentes. Depois a caravana voltou ao Marão para a segunda ronda. Um problema com os intercomunicadores e uma falha momentaneamente do motor condicionaram a prestação de Rego, que foi mais lento quase 10 segundos, em relação ao tempo anteriormente realizado no mesmo local. Este percalço obrigou a baixar duas posições e colocando-o no 15º lugar. A última parte do rali, composta por dois troços, teve pouca história para os campeões açorianos. Uma nova neutralização fez com que os tempos da sexta prova especial Aboboreira 1 fossem atribuídos a vários pilotos, incluindo Luís Miguel Rego que mesmo assim subiu uma posição na tabela geral. No último troço, mais um percalço semelhante ao anterior afectou a prestação do piloto açoriano. Um acidente de outro concorrente obrigou que o tempo fosse novamente atribuído e mais uma posição alcançada. No final do rali, Luís Miguel Rego ocupou o 13º lugar da classificação geral e ficou a 6,5 segundos de Pedro Meireles. Entre os concorrentes portugueses, e apesar de não estar inscrito no Campeonato de Portugal de Ralis, foi o 8º mais rápido. A vitória no Rali Terras d’Aboboreira pertenceu ao norueguês Ole Cristhian Velby navegado por Jonas Andersson num Hyundai i20 R5. Na segunda posição ficou a dupla es-


panhola Pepe Lopes e Diego Vallejo aos comandos de um Skoda Fabia Rally 2 EVO. A última posição do pódio coube aos ingleses Chris Ingram e Ross Whittock também num Skoda Fabia Rally2 EVO. A melhor equipa portuguesa foi Ricardo Teodósio e José Teixeira num Skoda Fabia Rally2 EVO que ocuparam a quarta posição. A próxima prova do Campeonato de Portugal de Ralis é o Vodafone Rally de Portugal agendado para 20 a 23 de Maio. CLASSIFICAÇÃO FINAL: 1º Hyundai Motorsport N/ Ola Christian Veiby/Jonas Andersson (Hyundai i20 R5) 1h06m34,1s; 2º Pepe Lopez/Diego Vallejo (Skoda Fabia Rally2) a 2,8s; 3º Chris Ingram/Ross Whittock (Skoda Fabia EVO) a 11,1s; 4º Ricardo Teodósio/José Teixeira (Skoda Fabia R5 EVO) a 11,9s; 5º Team Armindo Araújo/The Racing Factory/Armindo Araújo/Luís Ramalho (Skoda Fabia R5 EVO) a 20,2s; 6º Miguel Correia/António Costa (Skoda Fabia R5 EVO) a 21,4s; 7º Team Hyundai Portugal/Bruno Magalhães/Carlos Magalhães (Hyundai i20 R5) a 39,7s; 8º Bernardo Sousa /Victor Calado (Skoda Fabia) a 50,2s; 9º Alberto Heller/Marc Martin (Citroen C3 Rally2) a 1m01,3s; 10º Citroen Vodafone Team/José Pedro Fontes/Inês Ponte (Citroen C3 R5) a 1m06,4s; 11º Motorsport Ireland Rally Academy/ Joshua Mcerlean/Noel O Sullivan (Hyundai i20 R5) a 1m10,2s; 12º Pedro Meireles/Mário Castro (VW Polo R5) a 1m36,3s; 13º Luís Miguel Rego/Jorge Henriques (Skoda Fabia R5 EVO) a 1m42,8s; 14º Manuel Castro/ Ricardo Cunha (Skoda Fabia R5) a 2,58,6s; 15º Cathan McCourt/Brian Hoy (Ford Fiesta R5 MKII) a 2m59,6s; Classificadas 42 equipas.

Campeonato dos Açores de Ralis

RÚBEN RODRIGUES NA AUTO AÇOREANA RACING A Auto Açoreana, concessionário da Citroen para a ilha de São Miguel, e a Rubestecar - comércio de automóveis, criaram a equipa Auto Açoreana Racing. O piloto escolhido é Rúben Rodrigues que terá como navegador o seu irmão Estevão Rodrigues. A viatura selecionada é o Citroen C3 Rally 2. O objectivo do projecto é a participação no maior número de provas da temporada de 2021 para que a jovem formação recolha experiência pensando no futuro. A Auto Açoreana Racing é constituída por técnicos açorianos que receberam conhecimentos profissionais junto da equipa Sport&You, representante da Citroen Racing em Portugal. Quem também faz parte do conjunto é Paulo Antunes, ex-piloto e elemento da PT Racing.

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consultório jurídico

com:

Carlos Melo Bento advogado

Um particular pode instalar câmaras de vigilância na sua moradia, porém deve respeitar o espaço de terceiros. O que importa destacar quando se monta um sistema desta natureza em casa? A vídeovigilância tem de respeitar os direitos, liberdades e garantias das outras pessoas, ou seja, os direitos à imagem, à liberdade de movimentos e à reserva da vida privada e familiar de cada um, e tem de ser garantido que as restrições se limitam ao estritamente necessário para que fiquem respeitados os interesses do particular que sejam também fundamentais. Por isso, as câmaras de vigilância devem abranger exclusivamente a propriedade do particular, sem poder captar imagens da via pública, das propriedades dos vizinhos e dos caminhos que toda a gente usa mesmo que sejam simples servidões de passagem semiprivadas. Por outro lado, a vídeovigilância deve ser montada por profissionais ou empresas de segurança privada, munidos de licença e alvará válidos para esse efeito, pois todas as condições técnicas legais devem ser cumpridas. Por fim, penso que a vídeovigilância deve constar de aviso visível, para os vigiados. Antigamente diziam os anúncios: - Cuidado com o cão. Agora deve dizer: - Cuidado, estás a ser vigiado…Ou, à moda de São Miguel: - Cuidado. Tou-te maqueando! Note bem: estes pequenos conselhos não dispensam a consulta a um advogado. Pois, cada caso é um caso e, para se dar um conselho, é preciso saber muitos detalhes que não cabem nas perguntas que me são feitas.

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CONSULTÓRIO DA SAÚDE

Coloque uma questão dirigida ao Consultório da Saúde utilizando o e-mail: consultoriodasaude@hotmail.com

Quando recorrer ao serviço de urgência? João Bicudo Melo Médico e Psicólogo Clínico

No nosso país ainda assistimos a frequentes recursos indevidos ao serviço de urgência sobrecarregando com casos não urgentes um serviço vocacionado para a abordagem pronta, imediata e precisa de situações clínicas conotadas com a gravidade e com subsequente prejuízo nos tempos de resposta, bem como na qualidade da assistência prestada a outros utentes verdadeiramenre necessitados de observação médica e de cuidados de enfermagem. De acordo com algumas estatísticas nacionais, cerca de 40% dos utentes que recorrem ao serviço de urgência não são urgentes. Assim sendo, surge a questão: quando devo recorrer a um serviço de urgência? Ainda que a resposta tenha que ter em conta aspectos subjetivos que importam valorizar, é consensual que o recurso imediato ao serviço de urgência está reservado para as situações clínicas que poderão exigir internamento, nas situações com gravidade e nos casos em que o atraso no diagnóstico/tratamento possa condicionar riscos para a vida e sobrevida do utente. Nos serviços de urgência onde está implementado o sistema de triagem de Manchester, os utentes são avaliados inicialmente à admissão, procurando-se objetivar critérios de gravidade de forma sistematizada e que indicam a prioridade clínica com que o utente deve ser atendido, bem como o tempo máximo recomendado para a primeira observação médica. Assim, cada caso será classificado em não urgente (pulseira azul), pouco urgente (pulseira verde), urgente (pulseira amarela), muito urgente (pulseira laranja) ou emergente (pulseira

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vermelha). Nos casos não urgentes ou pouco urgentes, o tempo de resposta pode ir até às quatro horas ou duas horas, respetivamente. Clarificando a importância da triagem de Manchester, importa referir que o serviço de urgência de uma instituição hospitalar está vocacionado para o atendimento de utentes com pulseiras vemelha, laranja ou amarela, todas podendo corresponder a situações com risco para a vida do utente, ainda que em níveis diferentes de gravidade e risco. Têm prioridade de atendimento no serviço de urgência as situações que acarretam um risco iminente para a vida do utente como, por exemplo, quadros de intoxicação aguda ou crises respiratórias, os casos de doença aguda como, por exemplo, os quadros de dor aguda, perdas de sangue e grandes traumatismos ou os utentes referenciados por outros clínicos com a indicação expressa de necessidade de observação no serviço de urgência. Neste sentido, nas situações não descritas anteriormente, opte por recorrer preferencialmente ao seu médico de família. Na impossibilidade de obter um agendamento com o seu médico de família ou com o seu médico assistente, recorra a uma consulta complementar (também designada por consulta aberta) ou, em alterantiva, opte por recorrer ao serviço básico de urgência do seu concelho de residência. Evite sobrecarregar o serviço de urgência! Não pense apenas em si! Lembre-se que pode estar a limitar o acesso a alguém que precisa verdadeiramente de ajuda imediata.


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saúde auditiva

Quais são as causas de perda de audição? Existem muitas causas diferentes de perda auditiva. Algumas são provocadas pelo mundo que nos rodeia: maquinaria barulhenta, música alta, tiros, explosões, rugido de motos e aviões, etc. Algumas outras causam podem vir de ‘dentro de nós’, incluindo a perda auditiva causada pelos efeitos colaterais de medicação ou infeções no ouvido. Porém, as causas mais comuns de perda auditiva têm que ver com o envelhecimento normal. Faça um rastreio auditivo e saiba como está a sua saúde auditiva.

A perda de audição pode afetar os seus relacionamentos? Os sintomas de perda auditiva podem ser mal interpretados pelos seus colegas de trabalho e entes queridos. Quando você não responde imediatamente ao que eles estão dizendo, eles podem pensar que você não está prestando atenção ou que não está apenas interessado no seu ponto de vista. Os eventos sociais tornam-se menos agradáveis ​​quando se vive com perda auditiva. Pode ser difícil entender o que está sendo dito quando há muito ruído em segundo plano.

1 em 6 adultos possuem algum grau de perda auditiva! Imagine estar a jantar num restaurante movimentado. No fundo, existe barulho de pratos, cadeiras arrastadas, pessoas falando e rindo. Você está esforçando-se para acompanhar o que está acontecendo na sua mesa, e o esforço de fazer isso está começando a fazer-se sentir mais e mais cansado. Eventualmente, você começa a fingir que pode ouvir. Acena com a cabeça, parece interessado e ri com a multidão, mesmo que não tenha entendido as brincadeiras. Começa a sentir-se deixado de fora. Quando sai do restaurante tem uma dor de cabeça palpitante, desapontamento e não pretende repetir a experiência tão cedo. Pense sobre essas situações diárias e sobre como elas o afetam, faça um rastreio auditivo gratuito e previna estas situações.

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Olhar Criativo Desafio Mensal com o Tema:

“Poemas de Primavera”

1º Lugar - Um punhado de flores - José Maria Sousa

“Trago nas mãos um punhado de flores e no coração a primavera.” - Edna Frigato

Estas páginas são dedicadas ao olhar dos entusiastas que, com a Associação de Fotógrafos Amadores dos Açores, promovem de forma apaixonada a fotografia e a arte de fotografar nos Açores, desde 2007.”

Coordenação: Paulino Pavão

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Edição:


2º Lugar - Tu pisco ruivo - José Vaz

“Colhe a alegria das flores da primavera e brinca feliz enquanto é tempo. Sempre haverá os dias em que chegará o inverno e não terás o perfume das flores, nem o sol, nem a vivacidade das cores.” - Augusto Branco

3º Lugar - Pink Flowers - Ana Bela Correia

“Grande é o risco que corres Flôr de amendoeira, a primeira, Que com teu amanhecer temporão Anuncias a Primavera.” - Marqués de Los Mojones c ria ti va magazine - maio 2021 • 35


saúde ótica

Quais são os sinais que possam indicar que tenho uma catarata? Vários dos sinais são: diminuição progressiva da visão; dificuldade de ver à noite; alteração frequente de graduação; visão turva ou embaçada; aumento da sensibilidade à luz e redução da sensibilidade às cores e ao contraste. Saiba ainda o que é o cristalino. O cristalino possui um papel importante na formação da imagem na retina. O cristalino é a lente natural do olho, transparente que permite a focagem dos objetos de longe e de perto, denominada de acomodação. Qualquer alteração na constituição do cristalino altera a formação das imagens na retina e consequentemente na visão. No olho com catarata, a visão estará dependente do grau de opacificação do cristalino. Quanto maior for a opacificação do cristalino maiores serão as perturbações na visão, o que em situações extremas poderá conduzir à perda da visão (cegueira). Se sente alguma alteração na sua visão deve fazer um exame com o seu especialista da visão para detetar o problema.

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Artigo elaborado com suporte em: INSTITUTOPTICO www.institutoptico.pt



EXERCÍCIO FÍSICO pela sua SAÚDE CELSO TAVARES - TÉCNICO ESPECIALISTA

EM EXERCÍCIO FÍSICO

#saidosofá

Old School is the new School

A importância da inclusão da fisioterapia no treino desportivo como elemento fundamental na prevenção de lesões. Uma boa dinâmica entre o PT e o fisioterapeuta é uma mais-valia dos praticantes de desporto, especialmente quando envolve treino de força. É preciso não esquecer que o aquecimento é fundamental para preparar o corpo para a atividade e

reduzir o risco de lesão. A sinergia entre fisioterapeuta e PT é importante. Atenção aos limites das amplitudes articulares. Atenção aos maus alinhamentos corporais que podem predispor a lesões. Não exceder os limites de peso aconselhados e não aventurar-se em exercícios em casa que não sejam desenvolvidos por técnicos acreditados, pois pode estar a cometer sérios erros de postura.

Não vejas o exercício físico como uma moda só porque os demais o fazem. Vê como um medicamento natural para a tua saúde física e mental.

Colaboração: Vanessa Neves e Fisioterapeuta Luís Duarte / Cedência de espaço para o trabalho: PDL Physique

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criativaDESIGN criativaDESIGN

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reportagem

Escultura “Deusa do Mar” despositada no fundo do mar Natacha Alexandra Pastor

Pedro Silva e Caspar Geerinck

Está a cerca de 12 metros de profundidade, e representa seis anos de uma boa parceria entre a escultora Helena Amaral e a associação MiratecArts. A “Deusa do Mar”, projeto número 200 da artista, foi colocada na Furna de Santo António, em São Roque do Pico, considerado como um dos melhores locais para mergulho. Com a colocação da “Deusa do Mar”, uma escultura da Sorrisos de Pedra de Helena Amaral, assinalou-se a união de um projeto de parceria entre a artista e a associação MiratecArts. “Esta é a primeira escultura que chega ao fundo do nosso mar dos Açores ou pelo menos a 12 metros de profundidade, colocada pela cidadania”, indicou o diretor artístico Terry Costa durante a apresentação. É no local da Furna de Santo António, em São Roque do Pico, onde a atividade de mergulho é praticada, e onde fazia todo o sentido como local ideal para a colocação desta a escultura, número #200, do projeto do roteiro que dá a volta à ilha do Pico. Esta aventura foi liderada por Pedro Marques, a. Para que o projeto pudesse ter lugar, foi necessário

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concertar autorizações da Secretaria Regional do Mar e Pescas, Direção Regional de Assuntos do Mar, Secretaria Regional do Ambiente e Alterações Climáticas, Parque Natural do Pico, Direção-Geral da Autoridade Marítima / Capitania do Porto da Horta e Câmara Municipal de São Roque do Pico. Coube a uma equipa do Twin Peaks Diving Centre, com sede em São Roque do Pico, a capacidade técnica para transportar e depositar esta escultura no mar. “Foi um longo processo, que envolveu muitos pareceres, mas valeu a pena. Juntos conseguimos mais”, disse Terry Costa na sua intervenção, enquanto Helena Amaral acrescentou que “o sorriso também pode submergir nas águas deste oceano que habita e rodeia a montanha da qual são extraídos os Sorrisos de Pedra.”


Reportagem

Prevalência de anticorpos contra-SARS-CoV-2 com menor expressão nos Açores

Natacha Alexandra Pastor

DR

A prevalência de anticorpos específicos contra-SARS-CoV-2 na população residente em Portugal, com idades entre 1 e 80 anos, foi de 15,5 %, sendo 13,5% conferida por infeção, de acordo com os resultados preliminares da segunda fase do Inquérito Serológico Nacional COVID-19 (ISN COVID-19). As regiões Norte, Lisboa e Vale do Tejo, Centro e Alentejo foram aquelas onde se observou uma maior seroprevalência, o contrário acontece nos Açores e na Madeira (5,8% e 6,2%, respetivamente). Em relação à distribuição por idades, destaca-se a seroprevalência mais elevada na população adulta em idade ativa e mais baixa no grupo entre os 70 e os 79 anos. Os resultados preliminares da segunda fase do ISN COVID-19 revelam ainda que a seroprevalência estimada para os grupos etários abaixo dos 20 anos não é inferior à da população adulta. No grupo de indivíduos vacinados a proporção de pessoas com anticorpos específicos contra SARSCoV-2 foi de 74,9%, valor que aumentou para 98,5% quando consideradas apenas as pessoas vacinadas com duas doses há pelo menos 7 dias. Estas estimativas devem ser interpretadas com cautela, dado o reduzido número de pessoas vacinadas no ISN COVID-19, mas corroboram o efeito esperado de aumento da imunidade populacional contra SARS-CoV-2 à medida que o programa de vacinação for sendo implementado. Os Açores participaram no primeiro Inquérito Serológico Nacional COVID-19, conduzido pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, com uma amostra de 326 análises, de sete ilhas, nomeadamente São Miguel, São Jorge, Pico, Terceira, Faial, Graciosa

e Flores, com o objetivo de determinar a extensão da infeção na população e monitorizar a evolução da imunidade. No primeiro inquéiro que decorreu entre maio e julho de 2020, nota ainda para a presença de sinais ou sintomas relacionados com o estado da doença, destacando-se prevalências mais elevadas nos indivíduos que referiram anosmia (perda total do olfato) ou três ou mais sinais ou sintomas, como febre, arrepios, astenia (fadiga), odinofagia (dor ao engolir), tosse, dispneia (falta de ar), cefaleia, náusea/vómitos e diarreia (6,5%). Nos próximos dias serão divulgados, de forma mais exaustiva, os resultados desta segunda ronda do inquérito nacional, desenvolvido e coordenado pelos departamentos de Epidemiologia e de Doenças Infeciosas do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), em parceria com a Associação Nacional de Laboratórios Clínicos, Associação Portuguesa de Analistas Clínicos e com 33 Unidades do Serviço Nacional de Saúde. Esta segunda fase analisou uma amostra de 8.463 pessoas residentes em Portugal, entre 2 de fevereiro e 31 de março de 2021.

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eventos “As Pegadas são Pontes” Museu Carlos Machado A exposição temporária “As Pegadas são Pontes”, de André Almeida e Sousa, está patente no Núcleo de Arte Sacra, na antiga Igreja do Colégio, em Ponta Delgada. A exposição, que conta com curadoria de João Silvério, vai dar a conhecer 25 obras do artista, criadas entre 2013 e 2019 e pode ser visitada de terça-feira a domingo, entre as 10h00 e as 17h30, até ao dia 31 de agosto. André Almeida e Sousa é natural de São Miguel mas reside em Lisboa, onde vive e trabalha.

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eventos “Renascer” apresenta telas de 11 artistas CMRG Esteve patente na Casa do Arcano a exposição coletiva de pintura “Renascer”, mostra que apresentou telas de 11 artistas açorianos, tendo como temática a figura da mulher enquanto pessoa geradora de vida e a chegada da primavera. A exposição apresentou trabalhos dos artistas Andreia Sousa, Ana Pereira, Armando Moreira, Bernd Kilian, Inês Pastor, Liliana Lopes, Michael Hudec, Martim Cymbron, Olga Pontes, Otília Botelho e Sãozinha Baptista, todos subordinados à temática da mulher e primavera, enquanto fontes inesgotáveis de transformação e de conceção de vida.

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opinião eventos

CAÇAR FANTASMAS NA ASMA Cláudia Chaves Loureiro, MD, PhD Assistente Graduada de Pneumologia, S. Pneumologia Centro Hospitalar Universitário de Coimbra Docente Pneumologia, Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra. DR Por ter uma apresentação heterogénea há que desmistificar alguns fantasmas na asma que teimam em não desaparecer. As asmas são todas iguais. Não! A asma é uma doença com várias caras!1 Porquê? Primeiro porque resulta de uma interação complexa entre cada indivíduo com o ambiente a que se expõe ao longo da vida. Isto significa que as características e especificidades de cada indivíduo (genéticas e adquiridas) vão interagir com as várias exposições que cada um tem ao longo da vida, que incluem não só as exposições ao ambiente natural (como os alérgenos, mas também aos agentes microbianos e às alterações climáticas) como ao ambiente artificial (exposição ocupacional, fumos, etc). Depois, porque os sintomas respiratórios da asma são múltiplos, não se apresentam da mesma forma em todos os doentes, nem incomodam da mesma forma cada um deles. O que para uns pode constituir um fator de dificuldade no controlo nos seus sintomas, para outros pode ser indiferente. Isto resulta numa multiplicidade de variáveis que faz de cada asma uma doença singular que deve ser abordada de forma personalizada. A asma tem cura. Por enquanto não! A asma pode ser controlada na grande maioria dos casos e, felizmente, temos hoje à disposição vários tipos de terapêuticas que podem controlar a doença de forma muito mais eficaz do que o que acontecia há alguns anos. Algumas delas podem modificar o curso da doença, como é o caso da imunoterapia específica, outras são particularmente decisivas nos casos de maior gravidade, como é o caso dos agentes biológicos. No entanto, não podemos ainda dizer que existe uma maneira de curar a asma. Estou bem! Não preciso de fazer o meu inalador (vulgarmente conhecido por “bomba”). Uma pessoa está bem…. até deixar de estar.1 O tratamento da asma não se resume ao inalador, mas, a não ser que tenha sintomas menos

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do que duas vezes por mês - nesse caso pode-o fazer apenas em SOS - o inalador deve fazer parte da medicação habitual, no esquema que tiver combinado com o médico que o acompanha. Para isso há três coisas muito importantes a considerar: a) é imprescindível que saiba reconhecer bem os seus sintomas; b) o inalador deve incluir sempre dois medicamentos: o corticoide inalado, que reduz a inflamação nos brônquios e os sintomas de asma, e o broncodilatador, que alivia os sintomas porque dilata os brônquios, mas não tem qualquer ação na inflamação da asma que é o que causa os sintomas; c) se apenas faz medicação de SOS, ela tem de incluir no mesmo inalador estes dois medica-


mentos. O uso isolado do broncodilatador na asma não está recomendado. 4. Tenho asma, não posso praticar exercício físico. A resposta é: Rosa Mota! O objetivo no tratamento da asma é alcançar o controlo da doença, de forma a que o asmático possa ter um estilo de vida igual a um indivíduo saudável e isso implica fazer exercício físico. Claro que nem todos precisam de treinar para vir a ser como a Rosa Mota, mas fazer exercício físico deve ser um objetivo a alcançar nos asmáticos e é perfeitamente possível na grande maioria dos casos. Por isso mesmo, quando a asma está tratada e controlada, tomando as medidas necessárias (que inclui um aquecimento inicial moderado e, se necessário, medicação prévia ao exercício) o asmático deve promover a atividade física (natação, bicicleta, caminhadas…). Os corticoides inalados engordam. Um el-

egante NÃO! A fobia aos corticoides inalados – que consiste na aversão ao uso desse medicamento - é muitas vezes responsável pela não adesão do asmático ao tratamento fundamental para o controlo da doença. Apesar de não ser perfeito e poder causar alguns efeitos secundários, o aumento de peso certamente não é um deles! A maioria dos efeitos secundários dos corticoides inalados são locais e podem ser ultrapassados com uma correta técnica inalatória ou com a alteração do tipo de inalador. Se precisar de fazer doses elevadas deve esclarecer com o seu médico os potenciais efeitos sistémicos, mas o aumento de peso não se encontra entre esses efeitos. Atenção que o mesmo não se aplica aos corticoides orais e sistémicos que têm muitos efeitos tóxicos e que apenas devem ser utilizados quando a situação clínica o justifica. Também esse é um assunto que deve conversar com o seu médico.

1 - Global Strategy for Asthma Management and Prevention , updated 2020. Global Initiative for Asthma. Disponível em https://ginasthma.org/wp-content/uploads/2020/04/GINA-2020-full-report_-final-_wms.pdf consultado a 17 de abril de 2021

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aconteceu Vila Franca compensa empresários A Câmara Municipal de Vila Franca do Campo vai compensar os estabelecimentos comerciais de restauração, bebidas e similares, que tiveram de encerrar, a partir do dia 13 de abril, devido às medidas restritivas de combate à Covid-19 implementadas no Concelho, no qual foi determinado o nível de Alto Risco de contágio. Como forma de mitigar os efeitos económicos provocados pelo encerramento, o município vai compensar os comerciantes, com a atribuição de uma indemnização, igual a um mês de faturação e é o resultado da média dos últimos três meses. Para o efeito, está disponível uma verba de 50 mil euros direcionados para este apoio extraordinário às empresas de restauração, bebidas e similares. CÂMARA MUNICIPAL DE LAGOA ADQUIRE PIANO DE MEIA CAUDA No âmbito da comemoração do 499.º aniversário da elevação de Lagoa a Vila, a autarquia promoveu um programa que teve no Recital de Canto e Piano um dos seus momen-

tos altos. Nessa audição em que cantou a soprano lagoense Carina Andrade, acompanhada ao piano por Ana Paula Andrade, foram interpretadas peças de vá-

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rios autores. Este foi o primeiro momento em que foi utilizado o piano de meia cauda adquirido pela Câmara Municipal de Lagoa, instrumento que está instalado na igreja do antigo convento franciscano de Santo António. A sua qualidade, associada às características acústicas da igreja conventual, conferem a este espaço condições ideais para a realização de concertos intimistas. Mês da Prevenção dos Maus-Tratos na Infância asssinalado em Vila Franca A Comissão de Proteção de Crianças e Jovens de Vila Franca do Campo, em parceria com a Câmara Municipal de Vila Franca do Campo, empenha-se em sensibilizar o concelho para a necessidade de cuidar e proteger os mais novos, associando-se mais uma vez a Abril - Mês da Prevenção dos Maus-Tratos na Infância. “Olha, acolhe e Ama” é o mote da campanha deste ano, criado pela Comissão de Proteção de Crianças e Jovens de Vila Franca do Campo não só para assinalar, mas principalmente apelar à consciencialização de todos no sentido da prevenção dos maus-tratos na infância. A campanha arrancou, no dia 5 de abril, com a afixação da frase “Olha, acolhe e Ama” no Monte da Ermida da Nossa Senhora da Paz. Além disso, em vários locais do concelho estarão expostos corações, tendo as crianças e jovens utilizado como guia inspiracional o mote da campanha. Açores com 82 águas balneares identificadas em 2021 A lista oficial das águas balneares costeiras da Região para 2021 consta de uma portaria publicada recentemente em Jornal Oficial, contando este ano com 82 águas balneares. Para além da reentrada da Baixa da Areia, no concelho da La-

goa, são identificadas seis novas águas balneares na Região: Poça das Mujas (Freguesia de Calheta de Nesquim) e Pontes (Freguesia de Ribeiras) no Concelho das Lajes do Pico; Arcos (Freguesia de Santa Luzia), Caisinho (Freguesia de Santo Amaro) e Poça Branca (Freguesia da Prainha), no Concelho de São Roque do Pico e ainda Calheta dos Lagadores (Freguesia dos Biscoitos) no Concelho da Praia da Vitória. A ilha de São Miguel, com 24, é a que tem o maior número de águas balneares identificadas, seguida do Pico com 22 e da Terceira com 16. O Faial tem seis águas balneares identificadas, a Graciosa e Santa Maria têm quatro cada, São Jorge tem três, a ilha das Flores tem duas e o Corvo uma. Câmara da Ribeira Grande promove novos testes de despiste à Covid-19 A Câmara da Ribeira Grande, em articulação com a Autoridade de Saúde, desenvolveu mais uma bate-

ria de testes de despiste à covid-19 aos funcionários das lojas que aderiram ao selo covid free e que se inscreveram voluntariamente para o efeito. A testagem abrangeu cerca de 150 funcionários das empresas de diversos ramos de atividade, não tendo sido detetado qualquer caso positivo.


Onésimo Teotónio Almeida preside à Comissão de Honra da candidatura Azores 2027 A Comissão de Honra da candidatura Ponta Delgada|Açores a Capital Europeia da Cultura 2027 (Azores 2027) será presidida por Onésimo Teotónio Almeida, “cidadão dos Açores que personifica a açorianidade sentida, vivida e afirmada para além dos limites territoriais das nove ilhas”, anunciou a Presidente da

Câmara Municipal de Ponta Delgada, Maria José Lemos Duarte, que destaca o “mérito e a relevância pública” do escritor e Professor Catedrático da Universidade de Brown (EUA), natural do Pico da Pedra, em São Miguel. 20 alunos dos Açores premiados pelo Plano Regional de Leitura O Plano Regional de Leitura terminou, premiando 20 alunos de 10 escolas da Região. O concurso, nota a Secretaria da Educação, é uma iniciativa do Plano Nacional de Leitura que pretende promover o gosto pela leitura e um maior contacto entre os alunos e os livros. O Concurso Nacional da Leitura inicia-se na fase de âmbito escolar, seguindo-se a etapa regional, terminando com a fase nacional. Na fase final da sessão regional foram premiados 20 alunos, cinco por cada ciclo de ensino. A biblioteca da escola dos alunos vencedores receberá um vale para a aquisição de livros e o aluno vencedor de

cada nível de ensino representará os Açores no Concurso Nacional de Leitura. Participaram nesta prova alunos da EBI Canto da Maia, ES Antero de Quental e ES das Laranjeiras, em São Miguel; da EBI da Praia da Vitória, EBI dos Biscoitos e EBS Tomás de Borba, na ilha Terceira; da EBS de Velas e da EBI do Topo, em São Jorge e da EBS da Madalena e EBS de São Roque, da ilha do Pico. Inauguradas obras de requalificação do centro histórico de Água d’Alto A cerimónia de inauguração das obras de requalificação do Centro Histórico de Água d’Alto, teve lugar a 25 de abril, naquela freguesia de Vila Franca do Campo.

A intervenção correspondeu a um investimento de 202 mil euros da Câmara Municipal de Vila Franca do Campo e visou melhorar e dignificar o centro histórico da freguesia de Água d’Alto, na sua capacidade de acolher as festividades, religiosas e populares, da comunidade. A intervenção consistiu na criação de estacionamento para 22 viaturas, bem como um espaço de convívio e a promoção de acessibilidades e remoção de dissonâncias materiais no adro norte da Igreja de São Lázaro.

Câmara de Ponta Delgada planta 79 árvores no Paim A Câmara Municipal de Ponta Delgada promoveu à plantação de

79 árvores no Paim, em São José, numa iniciativa que assinalou o Dia da Terra. O município de Ponta Delgada adquiriu, recentemente, um lote de 100 árvores, sendo uma parte de frutos de tipologia tradicional como, por exemplo, o araçaleiro ou nespereira, e outra de árvores ornamentais urbanas. Destas 100 árvores, 79 foram plantadas na Praça da Autonomia e zona envolvente, no Paim, e 21 novas árvores serão plantadas no mês de outubro. Inaugurado Polivalente das Calhetas O presidente da Câmara da Ribeira Grande, Alexandre Gaudêncio, inaugurou o polivalente das Calhetas, infraestrutura construída na escola básica/jardim de infância António Medeiros Frazão que vai “proporcionar novas condições para diversas atividades por par-

te da comunidade escolar.” Orçado em cerca de 60 mil euros, o polivalente beneficiará as atividades letivas daquela escola. Com cerca de 120 m² o polivalente das Calhetas vai proporcionar novas condições para as aulas de educação física, por exemplo, mas também estará ao serviço das atividades culturais e recreativas da freguesia que há muito reivindicavam por um espaço deste género.

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horóscopo Astrólogo Luís Moniz

signo do mês

rikinho-astro@hotmail.com www.meiodoceu-com-sapo-pt.webnode.pt

Carneiro 21/03 a 20/04 A vida afetiva reflete algumas divergências de pensamento entre si e o outro elemento do casal. Procure o diálogo para poder encontrar as soluções. A nível profissional, podem surgir conflitos no seu local de trabalho. Neste sentido, tente ouvir antes de falar e fundamente bem as suas opiniões.

Balança 23/09 a 22/10 A vida afetiva indica que uma relação terá de ser sujeita a algumas mudanças para que possa ter um desenvolvimento bastante positivo e duradouro. A nível profissional, chegou o momento de colocar em prática os projetos que tinha pensado. Está com a sabedoria necessária para alcançar êxitos.

touro 21/04 a 20/05 A vida afetiva está voltada para as suas carências pessoais. Esta fase é ótima para tratar de todas as questões relacionadas com a sua intimidade. A nível profissional, pode obter ganhos provenientes de atividades que tenham a ver com a arte. De qualquer forma, o setor material está protegido.

Escorpião 23/10 a 21/11 A vida afetiva proporciona-lhe estabilidade, tranquilidade e conforto. Agora sente que está efetivamente em consonância com a sua própria natureza. A nível profissional, encontrará soluções práticas e objetivas para conseguir avançar com os seus projetos. No entanto, vai ter de tomar decisões.

gêmeos 21/05 a 20/06 A vida afetiva atravessa uma época benéfica para iniciar um novo relacionamento. Se está de facto disponível, ganhe coragem e avance sem receios. A nível profissional, prevêem-se concretizações importantes em termos da carreira. Encontrará a coragem necessária para concretizar os seus planos.

sagitário 22/11 a 21/12

Caranguejo 21/06 a 22/07 A vida afetiva precisa de alterações objetivas. Acorde para a realidade para conseguir afastar ilusões, que lhe possam trazer deceções mais tarde. A nível profissional, perspetiva-se um período em que poderá materializar os seus sonhos. Contudo, cabe a si tomar iniciativas bastante corajosas.

capricórnio 22/12 a 19/01 A vida afetiva passa por algumas dificuldades. Alguns problemas são previstos em assuntos de ordem sentimental, Mas, não desespere e peça auxílio. A nível profissional, todos os novos projetos estão favorecidos e vai encontrar as soluções para superar obstáculos que pareciam intransponíveis.

leão 23/07 a 22/08

aquário 20/01 a 18/02

virgem 23/08 a 22/09 A vida afetiva está estável e serena. Esperam-se ótimos progressos no seu relacionamento amoroso, mas tente compreender as pessoas circundantes. A nível profissional, tudo indica que vai alcançar os resultados pretendidos. Certamente vai descobrir os apoios indispensáveis para a sua evolução.

peixes 19/02 a 20/03 A vida afetiva vivencia a energia ideal para dar um novo rumo ao seu destino. Se está disponível, possivelmente irá conquistar a pessoa que deseja. A nível profissional, encontra-se numa altura de segurança e de estabilidade. É tempo de defender os seus interesses e de realizar os seus sonhos.

A vida afetiva decorre praticamente de forma rotineira. Nesta perspetiva, evite o marasmo e mostre uma atitude compatível com os seus sentimentos. A nível profissional, as contrariedades devem ser encaradas com frontalidade. Adote uma postura sábia e flexível para poder superar os obstáculos.

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A vida afetiva percorre um ciclo de surpresas imprevisíveis. Mas, por outro lado, um relacionamento irá vivenciar momentos intensos e apaixonados. A nível profissional, sente a tranquilidade indispensável para ter tudo sob controlo. A boa notícia é que vai conseguir alcançar os seus intentos.

A vida afetiva marca um excelente período para apaziguar certos conflitos numa associação amorosa, que deve estar baseada na partilha construtiva. A nível profissional, aproxima-se uma época de novos desafios. Tente aproveitar esse entusiasmo para obter o retorno à medida das suas expirações.


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