Comunicação e Promoção da Biblioteca Escolar
Um Plano de Marketing para a Biblioteca Escolar
Julho de 2016 Cristina Gonçalves
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Comunicação e Promoção da Biblioteca Escolar Sumário 1. 2. 3. 4. 5. 6.
Introdução Enquadramento Missão e objetivos da biblioteca escolar Marketing Marketing de Serviços O Marketing e a biblioteca escolar 6.1 O Marketing em bibliotecas escolares 7. Plano de marketing para a biblioteca escolar 8. Análise situacional 8.1 Ambiente interno 8.2 Ambiente externo 8.3 Análise swot 8.4 Segmentação/público alvo 8.5 Critérios de segmentação 8.6 Posicionamento
3 4 5 9 10 12 13 14 16 17 19 21 25 25
9. Marketing interno 10. Marketing externo 10.1 Marketing mix na biblioteca escolar 10.2 Produto 10.3 Preço 10.4 Orçamento 10.5 Distribuição/ Lugar 10.6 Promoção 10.7 Pessoas
25 27 29 29 29 32 32 33 33
11. Estratégia de comunicação para a biblioteca escolar 12. Conclusão Bibliografia Anexos
34 34 35 38 39
1. INTRODUÇÃO Ouvimos frequentemente dizer que a biblioteca escolar é o espaço central de uma escola e ou agrupamento escolar. Contudo, constatamos que não raramente esta centralidade é mais espacial e nem sempre significa que a biblioteca escolar e o serviço por ela prestado Página 2 de 40
Comunicação e Promoção da Biblioteca Escolar seja condizente com o conceito de importância que a expressão “espaço central” deveria projetar. Antes de mais, consideramos que a biblioteca escolar tem de ser reconhecida por todos como importante e fulcral, deve ser utilizada, comentada, criticada e constantemente (re)construída por todos os públicos-alvo que, tal como refere o documento “Directrizes da IFLA/UNESCO para as Bibliotecas Escolares” (2006), são compostos pelo diretor, órgãos de gestão da escola, coordenadores de departamento, professores, funcionários, alunos, pais e encarregados de educação. Este reconhecimento da biblioteca como polo dinamizador e quase microcosmos da escola e a participação na sua dinâmica nunca pode, no entanto, questionar a sua liderança e gestão. Algumas questões se levantam quando associamos a área do marketing à biblioteca escolar. Empiricamente associamos marketing a publicidade e promoção de algo. Todavia, esta analogia é muito redutora e configura apenas uma noção muito superficial do que é o marketing. Num artigo intitulado “Marketing Library and Information Services”, os autores lembram que a teoria do Marketing: “[marketing] includes important strategic components such as evaluating the needs of the customer; planning the various elements of the mix in order to answer those needs; and periodically evaluating the results.” (Gupta; Savard: 2010, 3553)
Ao entendermos o marketing como uma ferramenta de gestão no contexto das Bibliotecas Escolares, damos um passo fundamental na definição dos objetivos e metas que traçamos e do caminho a percorrer para os atingir. A importância e papel do marketing nas bibliotecas e serviços de informação é um assunto muito debatido. O documento “Diretrizes da IFLA/UNESCO para Bibliotecas Escolares” prevê um capítulo com o título: “Promoção da Biblioteca Escolar”: “todos os serviços e condições proporcionadas pela biblioteca escolar devem ser promovidos de forma ativa de modo a que os públicos-alvo tenham sempre consciência do seu papel essencial como parceiros na aprendizagem” (IFLA: 2006)
O referido documento, aponta ainda para a necessidade de definição de uma política de marketing ao afirmar: “a biblioteca escolar deve dispor de uma política escrita de Página 3 de 40
Comunicação e Promoção da Biblioteca Escolar marketing e de promoção, especificando objetivos e estratégias.” No mesmo sentido a UNESCO publicou, em 1988, um guia intitulado “Guidelines for the teaching of marketing in the training of librarians, documentalists and archivists”, dando conta da imprescindibilidade do marketing na formação de bibliotecários e de profissionais das ciências da informação. Ao longo do nosso trabalho tentamos mostrar como um plano de marketing efetivo de uma biblioteca escolar está além da publicidade e da promoção. Para que o plano de marketing de uma biblioteca escolar seja efetivo é fundamental alicerçá-lo em estudos prévios e planeá-lo com rigor antecipando problemas e possíveis soluções, calculando riscos e monitorizando resultados.
2. ENQUADRAMENTO A biblioteca é considerada o espaço fulcral capaz de promover a qualidade e o sucesso das aprendizagens. No Relatório Síntese Lançar a Rede de Bibliotecas Escolares em Portugal, esta visão está patente quando aquela é assumida como uma estrutura pedagógica central no processo ensino aprendizagem, devendo proporcionar e desenvolver os domínios fundamentais, como: a aprendizagem da leitura e das competências da literacia; da criação e do desenvolvimento do prazer de ler e da aquisição de hábitos de leitura; da capacidade de selecionar e atuar criticamente, segundo métodos de estudo e investigação autónoma, perante a informação; do aprofundar da cultura cívica, científica, tecnológica e artística (RBE, 1996:1). Inserida na Rede de Bibliotecas Escolares, desde 2008, a biblioteca do Agrupamento está situada no edifício da escola do 2.º e 3.º ciclos. A equipa da biblioteca é composta pela professora bibliotecária e uma assistente operacional a tempo inteiro, ambas conscientes da importância do recurso educativo que é uma biblioteca num espaço escolar e comunitário. Os documentos orientadores desse espaço pedagógico: o Regulamento Interno e o Regimento Interno estão incorporados nos documentos orientadores do agrupamento escolar e a professora bibliotecária tem assento no Conselho Pedagógico do agrupamento, medida imprescindível para conhecer as dinâmicas educativas, manter o contacto com os demais departamentos, estabelecer parcerias e divulgar iniciativas. Página 4 de 40
Comunicação e Promoção da Biblioteca Escolar O espaço da biblioteca é um local aprazível e acolhedor, procurado pelos alunos para aceder aos serviços de empréstimo domiciliário, realizarem trabalhos de casa e/ou de grupo, dedicarem-se à leitura e ao convívio informal entre colegas, conhecerem as novidades da coleção do fundo documental, etc. A modernização da biblioteca escolar muito contribuiu para a criação deste ambiente de procura dos serviços e potencialidades da mesma. De facto, além da preocupação da atualização sistemática do fundo documental, os recursos audiovisuais e tecnológicos são um fator de atração dos estudantes. A biblioteca dispõe de uma variada oferta de: DVDs e CD-Roms quer, a nível lúdico, quer a nível de conteúdos de promoção das aprendizagens; de equipamento informático (seis computadores ligados à internet e uma impressora multifunções) destinado à pesquisa e realização de trabalhos; de um blogue e página do Facebook para divulgação de atividades e incentivo à participação em projetos; de jogos pedagógico-didáticos; de revistas especializadas, juvenis e jornais locais e nacionais. Aliada aos recursos e equipamento está a apetência para envolver a Comunidade Educativa nas mais variadas atividades e projetos de iniciativa dos diferentes parceiros educativos.
3. MISSÃO E OBJETIVOS DA BIBLIOTECA ESCOLAR A biblioteca escolar deve proporcionar informação e ideias fundamentais para sermos bem-sucedidos na sociedade atual, baseada na informação e no conhecimento. O serviço da biblioteca escolar pretende desenvolver nos estudantes competências de leitura e de diferentes literacias fundamentais para a aprendizagem ao longo da vida; e pretende desenvolver a imaginação e a criatividade contribuindo assim para formar os alunos para uma cidadania responsável e ativa. O serviço da biblioteca escolar tem como referência os princípios consagrados no Manifesto da UNESCO e da IFLA para as Bibliotecas Escolares e as linhas orientadoras emanadas pela Rede de Bibliotecas Escolares. Com base nestes pressupostos, são objetivos da biblioteca escolar: Página 5 de 40
Comunicação e Promoção da Biblioteca Escolar 1.
Promover a integração da biblioteca escolar no agrupamento, contribuindo
para a prossecução do Projeto Educativo, do Projeto Curricular e do Plano Plurianual e Anual de Atividades. 2.
Proporcionar à comunidade educativa oportunidades de utilização e produção
de informação que possibilitem a aquisição de conhecimentos, a compreensão, o desenvolvimento da imaginação e o lazer. 3.
Permitir a integração dos materiais impressos, audiovisuais e informáticos.
4.
Criar espaços para exposições alusivas a datas comemorativas de relevo,
destaques de livros, notícias de interesse escolar/comunitário e trabalhos elaborados pelos alunos. 5.
Colaborar com os professores na planificação das suas atividades de ensino e
na diversificação de situações de aprendizagem. 6.
Associar a leitura, os livros e a frequência das bibliotecas à ocupação lúdica
dos tempos livres. 7.
Modernizar/atualizar a biblioteca para que se constitua como um Centro de
Recursos de aprendizagem, divulgação de informação de diversa índole e produção de conhecimento, capaz de estimular o trabalho pedagógico. 8.
Promover atividades de animação/formação em articulação com todos os
elementos da comunidade educativa e em condições específicas com outros elementos da sociedade. 9.
Reforçar o intercâmbio de atividades e o trabalho colaborativo com outras
bibliotecas e entidades do concelho. 10.
Organizar atividades que favoreçam a consciência e a sensibilização para
questões de ordem cultural, ambiental e social. 11.
Promover o contacto e a utilização das tecnologias de informação e
comunicação. 12.
Estimular nos alunos o prazer de ler e o interesse pela cultura nacional e
internacional. 13.
Fomentar a criatividade, a curiosidade intelectual e o sentido crítico dos
estudantes, contribuindo para a sua educação, prazer e informação. 14.
Tornar possível a plena utilização dos recursos pedagógicos existentes. Página 6 de 40
Comunicação e Promoção da Biblioteca Escolar 15.
Desenvolver nos alunos competências de literacias e hábitos de trabalho
baseados na consulta, tratamento e produção de conhecimento, tais como: a)
selecionar,
analisar,
criticar
e
utilizar
documentos;
b) desenvolver um trabalho de pesquisa ou estudo, individualmente ou em grupo, por
solicitação
do
professor
ou
por
sua
própria
iniciativa;
c) produzir sínteses informativas em diferentes suportes. A Biblioteca Escolar do Agrupamento de Escolas de Sande (a seguir identificada pela sigla BES) adota os princípios e missão enunciados no Manifesto da Biblioteca Escolar da IFLA/UNESCO, que afirma o papel das bibliotecas escolares no desenvolvimento nos estudantes de competências para a aprendizagem ao longo da vida e no desenvolvimento da imaginação, permitindo-lhes tornarem-se cidadãos responsáveis. A BES assume como sua missão: a. Disponibilizar serviços de aprendizagem, livros e recursos que permitam a todos os membros da comunidade escolar tornarem-se pensadores críticos e utilizadores efetivos da informação em todos os suportes e meios de comunicação; b. Apoiar a utilização de livros e outras fontes de informação, desde obras de ficção a documentários, impressas ou eletrónicas, presenciais ou remotas, complementando e enriquecendo os manuais escolares, materiais e metodologias de ensino; c. Articular a sua ação com os professores, consubstanciando as evidências de que quando os bibliotecários e os professores trabalham em conjunto, os estudantes alcançam níveis mais elevados de literacia, leitura, aprendizagem, resolução de problemas e competências no domínio das tecnologias de informação e comunicação; d. Disponibilizar os seus serviços de igual modo a todos os membros da comunidade escolar, independentemente da idade, raça, sexo, religião, nacionalidade e estatuto profissional ou social. Aos utilizadores que, por qualquer razão, não possam utilizar os serviços e materiais comuns na biblioteca, serão disponibilizados serviços e materiais específicos;
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Comunicação e Promoção da Biblioteca Escolar e. Orientar o acesso aos serviços e coleções pela Declaração Universal dos Direitos e Liberdades do Homem das Nações Unidas, não sujeitando esse acesso a nenhuma forma de censura ideológica, política ou religiosa ou a pressões comerciais. f. Conduzir os alunos para o uso constante das bibliotecas ao longo da vida, para divertimento, informação e educação contínua. A BES/CRE visa alcançar os seguintes objetivos: a. Desenvolver competências e hábitos de trabalho baseados na consulta, no tratamento e na produção de informação, nomeadamente pesquisa, seleção, análise, crítica, produção e utilização de documentos em diferentes suportes; b. Dotar a escola de uma coleção adequada às necessidades curriculares e interesses dos utilizadores; c. Apoiar as atividades de âmbito curricular disciplinar e não disciplinar; d. Promover o gosto pela leitura como instrumento de trabalho, de ocupação de tempos livres e de prazer; e. Criar condições para a fruição da criação literária, científica e artística, proporcionando o desenvolvimento da capacidade crítica do indivíduo; f. Conservar, valorizar, promover e difundir a cultura; g. Criar nos alunos hábitos de frequência das bibliotecas;
4. MARKETING
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Comunicação e Promoção da Biblioteca Escolar O conceito de marketing tem vindo a evoluir ao longo de mais de um século, sobretudo no período pós revolução industrial. De uma forma empírica, podemos mesmo considerar que o marketing existe desde que haja troca de produtos ou serviços. O marketing surge de forma mais sistematizada no final do Séc. XIX, aquando da era industrial com a produção em massa como forma de satisfação das necessidades do crescente número de consumidores. O consumidor passa a ter um papel relevante o que originou a reflexão sobre as suas características e necessidades, centrando-se o marketing também naquele. A partir da II Guerra Mundial, por motivos como a concorrência, o avanço tecnológico, o mercado, foi-se flexibilizando a produção de produtos, especializando-se e estudando o mercado por forma a redefinir estratégias, mantendo-se o consumidor, cada vez mais exigente, como foco da organização. De qualquer forma, enquanto conceito definido e alvo de estudo, a sua evolução foi significativa sobretudo no final do séc. XX, tendo-se diversos autores dedicado ao seu estudo, procurando defini-lo. Quadro I – Definições do conceito de Marketing
Autores
Definição
Jacques Lendrevie,
«o marketing é o conjunto de métodos e dos meios de que uma organização dispõe para promover, nos públicos pelos quais se interessa, os comportamentos favoráveis à realização dos seus próprios objectivos.» “[…] processo social e gerencial através do qual indivíduos e grupos obtêm aquilo que desejam e de que necessitam, criando e trocando valores uns com os outros.” «[…]o marketing é uma actividade humana orientada para a satisfação dos desejos através da troca.»
Philip Kotler
Foyer
Las Casas
“Marketing á a área do conhecimento que engloba todas as actividades concernentes às relações de troca, orientadas para a satisfação dos desejos e necessidades dos consumidores, visando alcançar determinados objetivos e considerando sempre o meio ambiente de atuação e o impacto que estas relações causam no bemestar da sociedade “O Marketing consiste na gestão da relação que qualquer organização tem com o mercado onde actua, no sentido de atingir os objectivos Página 9 de 40
Comunicação e Promoção da Biblioteca Escolar que persegue e satisfazer as necessidades do mercado.“ “O Marketing consiste na gestão da relação que qualquer organização tem com o mercado onde actua, no sentido de atingir os objectivos que persegue e satisfazer as necessidades do mercado.”
Pires
Analisando os conceitos apresentados, podemos verificar que eles se referem ao marketing sobretudo como uma atividade para satisfazer as necessidades dos consumidores, constituindo-se numa prática que tem por finalidade identificar, planear e gerir por forma a atingir os objetivos a que se propõe. Com uma sociedade em acelerada mutação, o marketing foi acompanhando essa mudança, definindo-se hoje como a atividade, conjunto de instituições e processos para criar, comunicar, entregar e trocar ofertas que tenham valor para os clientes, parceiros e sociedade em geral, de acordo com a AMA (American Marketing Association).
5. MARKETING DE SERVIÇOS Até à década de 70, o marketing foi sendo perspetivado como uma área específica das organizações com fins lucrativos. Em 1975, Kotler publica Marketing for non profit organizations, veiculando um conjunto de princípios relativos à aplicação do marketing às organizações sem fins lucrativos. As organizações sem fins lucrativos não deixam por isso de estar inseridas num mercado, pelo que necessitam também de utilizar marketing, sobretudo devido a duas situações principais: a necessidade de garantirem financiamento para o seu funcionamento, mas também para venderem os seus serviços, justificando assim a permanência do financiamento. Aplicam-se os elementos do marketing -mix para os bens (produto, distribuição, preço e comunicação), mas é necessário acrescentar-se mais três variáveis as pessoas, o processo e a evidência física. O acrescentar destas três variáveis prende-se com as características específicas dos serviços, sobretudo quando prestados por instituições de ensino: a intangibilidade dos serviços, uma vez que não podem ser sentidos antes da aquisição; a inseparabilidade, já que são produzidos e consumidos em simultâneo; a Página 10 de 40
Comunicação e Promoção da Biblioteca Escolar heterogeneidade, pois são variáveis dependendo também do consumidor e a perecibilidade, já que se esgotam na produção, não podendo ser armazenados. 6. MARKETING E A BIBLIOTECA ESCOLAR O trabalho a desenvolver pelas Bibliotecas Escolares está perfeitamente
enquadrado
em
três
documentos
internacionais
fundamentais que são “A Declaração Política Sobre Bibliotecas Escolares”, da IASL, de 1998; o Manifesto Escolar da UNESCO, publicado em 2000, e as Diretrizes da IFLA/UNESCO para a bibliotecas escolares de 2002.
No seu conjunto estes três documentos preconizam para a biblioteca não só funções informativas, educativas, culturais e recreativas, como também prevê que ela parte integrante do processo educativo tendo como missão disponibilizar «serviços de aprendizagem, livros e recursos que permitam a todos os membros da comunidade escolar tornarem-se pensadores críticos e utilizadores efetivos da informação em todos os suportes e meios de comunicação.» (Manifesto da Biblioteca Escolar da UNESCO). A biblioteca escolar deve pois desenvolver nos alunos as competências necessárias para que possam aprender ao longo da vida de forma reflexiva, tornando-os cidadãos críticos e interventivos. Já o relatório Lançar a Rede de Bibliotecas Escolares de 1997 veio responder às necessidades que há muito se faziam sentir nas escolas portuguesas relativamente ao serviço prestado pelas bibliotecas escolares que não se encontrava devidamente regulamentado, funcionando muitas vezes apenas como um depósito de documentos, zelados por alguém. A perspetiva com que se encarava a biblioteca estava a mudar, daí que começasse a ser visto como um recurso educativo ao serviço da comunidade escolar plenamente integrado no planeamento global da escola e do seu projeto educativo. As bibliotecas acabam por ser moldadas pela necessidade de existirem enquanto espaço físico que permite a interação entre pessoas e diferentes tipos de suportes de informação. Tendo um fim educacional que preconiza uma filosofia de aprendizagem ao longo da vida, são também promotoras de coesão social, combatendo a infoexclusão Página 11 de 40
Comunicação e Promoção da Biblioteca Escolar sobretudo em momentos difíceis como os que vivemos. Estando ligadas em rede com outras bibliotecas e com o mundo, aproximam o conhecimento de todos. Assim, constituindo-se como um lugar de descoberta, onde também se aprende a aprender. A biblioteca escolar enquanto polo dinamizador da escola tem como objetivos tornar acessíveis os seus recursos e fornecer à escola um fundo documental adequado às exigências das diferentes disciplinas ou cursos, pelo que deve integrar todo o tipo de materiais com vista à constituição de blocos temáticos; deve desenvolver nos alunos as competências necessárias para que possam tratar a informação de forma crítica; deve desenvolver trabalho de pesquisa por iniciativa própria ou solicitação; produzir materiais em diferentes suportes; estimular o interesse pela cultura e pela leitura enquanto atividade de lazer; colaborar na planificação das atividades de ensino, diversificando as situações de aprendizagem. Se está comprovado que o aproveitamento escolar dos alunos está intimamente ligado à utilização dos recursos disponíveis nas escolas, o que fazer para levar a comunidade educativa, no seu todo, a utilizar a biblioteca?
6.1 O Marketing em Bibliotecas Escolares A biblioteca escolar encontra-se há já algum tempo a caminhar em direção a uma rentabilização eficiente e eficaz dos seus recursos no sentido de prestar um serviço cada vez melhor aos seus utilizadores. Neste sentido, o marketing da biblioteca torna-se numa necessidade, sendo encarado como mais uma ferramenta para divulgação de informação, enquanto estratégia para atrair e alcançar maior visibilidade e utilizadores. Assim, marketing da biblioteca significa a maximização da satisfação das necessidades do utilizador e uma maior abertura à comunidade. Nesta lógica, foi criada a figura do professor bibliotecário que, detentor de formação especializada deverá ser um gestor de recursos e de satisfação das expectativas dos
utilizadores
dos
serviços
da
biblioteca.
Ora
vivemos
numa
sociedade
significativamente competitiva na qual todos procuram assegurar a prestação dos seus
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Comunicação e Promoção da Biblioteca Escolar serviços, garantindo a manutenção da prestação dos mesmos, pelo que é necessária a adoção das mais recentes e eficazes estratégias de negócio na área em que se movem. A biblioteca escolar não constitui uma realidade alheada do mundo global em que se encontra implantada. Por esse motivo está também sujeita à concorrência implacável de outros prestadores de serviços culturais e recreativos. Urge pois que a equipa gestora desse espaço saiba enquadrar-se no contexto em que se insere a biblioteca escolar, ciente de que tem concorrência significativa dentro e fora de portas. Se encararmos a educação como um «negócio» em que professores e bibliotecas prestam um serviço, certamente não nos poderemos alhear do facto de que as empresas comerciais se munem de profissionais qualificados que as dotam de medidas que lhes permitem singrar no ambiente complexamente competitivo que as cerca. Para tal, socorrem-se de estudos de marketing para orientarem a sua ação no caminho do sucesso que, no caso da biblioteca escolar, será no sentido da atração de utilizadores que importa cativar e formar para que sejam cidadãos críticos, interventivos, empreendedores. A diferente natureza dos produtos comercializados, das empresas, dos clientes levou a um desenvolvimento sectorial do marketing por forma a dar uma resposta mais dirigida, mais especializada.
7. PLANO DE MARKETING PARA A BIBLIOTECA ESCOLAR Para implementar com eficiência e eficácia um plano de marketing numa biblioteca escolar é essencial transpô-lo para um documento escrito. Caso contrário, a ação do responsável por esse serviço pedagógico será realizada sem saber como aproveitar a maisvalia das oportunidades que surjam, ou seja, sem haver uma coordenação eficiente perante os objetivos que se pretendem atingir. Esse documento escrito ao incluir todas as estratégias e propósitos a atingir pela biblioteca escolar será um ponto de referência para aferir se as estratégias definidas a priori estão a ser corretamente implementadas para se conseguir atingir os objetivos propostos.
Elementos do Plano de Marketing Página 13 de 40
Comunicação e Promoção da Biblioteca Escolar Sumário do Plano de Marketing Objetivos Análise Situacional Plano de Marketing (parte I – Estratégia)
Segmentação do Mercado Posicionamento Marketing Mix Serviços
Plano de Marketing
Distribuição
(parte II – Operacional)
Comunicação Orçamento Implementação e controlo
Tal como os agrupamentos escolares, as bibliotecas escolares necessitam de avaliar o seu serviço perante os inúmeros interesses/necessidades dos diversos utilizadores, só assim é possível compreender os pontos frágeis e fortes desse espaço e delinear práticas e atitudes para melhorar a qualidade do serviço prestado à comunidade educativa. A constante preocupação da prestação de um serviço inovador e de qualidade junto da comunidade educativa do agrupamento de escolas contribui para estabelecer um quadro dos principais objetivos que se pretendem alcançar nesse serviço de qualidade e referência. O estabelecimento desse quadro de objetivos a atingir requer, igualmente, um prévio conhecimento dos principais objetivos inseridos no projeto educativo do agrupamento, como no caso do agrupamento onde se insere a biblioteca em análise: promover o gosto pela leitura, incrementar para o sucesso educativo nas diversas áreas disciplinares, incentivar hábitos de escrita autónoma, maior envolvimento dos Página 14 de 40
Comunicação e Promoção da Biblioteca Escolar encarregados de educação na vida escolar dos educandos, entre outros. Posto isto, considera-se imprescindível conseguir alcançar sucesso nos seguintes objetivos: Parcerias Objetivo s
Promover a biblioteca como estrutura de apoio ao currículo
Comunicação e Imagem Reforçar a comunicação dos serviços e a imagem da biblioteca junto dos utilizadores e potenciais utilizadores
Prestação de serviços Apostar na divulgação mais frequente e assertiva das realizações dos vários serviços através do blogue e do Facebook. (e outros meios?)
Oferta cultural Reforçar a diversidade e qualidade das atividades de oferta cultural disponibilizad as à comunidade
Comunidad e Criar uma comunidade de leitores voluntários
A biblioteca tem como principal objetivo proporcionar serviços que envolvam os diferentes tipos de utilizadores (professores, alunos, assistentes operacionais, pais/encarregados de educação, entidades externas ao agrupamento escolar) de modo a garantir elevados índices de satisfação na comunidade.
8. Análise situacional
Para conhecermos a qualidade e abrangência dos serviços prestados pela biblioteca à comunidade educativa e escolar temos que fazer uma breve análise ao contexto interno e externo do agrupamento.
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Comunicação e Promoção da Biblioteca Escolar 8.1 Ambiente interno Atualmente o sistema de registo referente ao empréstimo domiciliário dos alunos realiza-se através de um ficheiro Excel. Esta foi a opção encontrada para solucionar de modo temporário esse serviço, pois, somente, este ano é que se iniciou o processo de catalogação do acervo documental no sistema informático de catalogação mindPrisma. Todos os registos de presenças/atividades dos utilizadores alunos, empréstimo domiciliário e para sala de aula de professores e educadores, empréstimo de multimédia (DVD, CD, … ), utilização dos computadores é feito com o recurso de suporte de papel. Contudo, o tratamento estatístico é concretizado num ficheiro com várias folhas de Excel que permite recolher e analisar com facilidade, rigor e rapidez aspetos como: a evolução de cada turma a nível da participação das inúmeras atividades autónomas realizadas na biblioteca, comparar a evolução desses itens entre turmas e ciclos de escolaridade; possibilitando a sua eventual correlação com o nível de aproveitamento escolar das diversas turmas nas várias disciplinas. Para melhorar o serviço de empréstimo domiciliário, o apoio ao currículo e atividades extracurriculares, a biblioteca tem uma política efetiva de empréstimo interbibliotecário com a Biblioteca Municipal de Marco de Canaveses e outras bibliotecas escolares desse e outros concelhos. Conta, também, com a parceria do Centro de Saúde de Marco de Canaveses para implementar projetos como o Projeto SOBE e sessões direcionadas para os pais/encarregados de educação. Os recursos humanos resumem-se à professora bibliotecária e a uma assistente operacional com experiência na área das bibliotecas escolares e motivada para implementar novas práticas e conhecimentos. Porém, sempre que é necessário, um professor da área das Artes Visuais auxilia o serviço da biblioteca com a produção de recursos de marketing. Ao nível dos recursos de produção e divulgação da atividade corrente da biblioteca existe um blogue Biblioteca de Sande e uma página do Facebook Biblioteca de Sande. No blogue está, ainda, presente o apoio a conteúdos curriculares com a indicação de sites fidedignos através da ferramenta da web 2.0 Diigo e uma lista de portais institucionais como a Casa das Ciências, o Hypatiamat, …
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Comunicação e Promoção da Biblioteca Escolar A biblioteca promove com pouca regularidade documentos de apoio ao uso correto da informação, apesar de divulgar com frequência a existência de portais onde constam essas informações. Ao nível dos recursos materiais, a biblioteca tem à disposição quatro computadores com ligação à internet destinados aos utilizadores, dois computadores para a equipa, um computador portátil, um projetor, uma máquina fotográfica e outra de filmar, uma televisão, quatro auscultadores sem fio, uma impressora multifunções. Situada no primeiro piso da escola básica 2,3 do agrupamento, a biblioteca é constituída por um espaço com cerca de 128 m2, tendo, devidamente, delineadas as várias zonas/espaços nucleares de lazer e trabalho estipuladas pela Rede de Bibliotecas Escolares:
balcão
de
atendimento,
zona
de
leitura
informal,
zona
de
audiovisuais/multimédia, zona de trabalho de grupo, zona de leitura, zona dos periódicos e novidades. É um local aprazível e acolhedor, procurado pelos alunos para acederem aos serviços de empréstimo domiciliário, realizarem trabalhos de casa e/ou de grupo, dedicarem-se à leitura e ao convívio informal entre colegas, conhecerem as novidades da coleção do fundo documental. Os alunos com deficiências motoras acedem ao espaço da biblioteca pelo elevador que está localizado ao lado da entrada. O fundo documental está distribuído equitativamente, de modo satisfatório, pelas diversas classes da CDU e os documentos impressos (5381) e não impressos (390), respeitando as normas emanadas pela Rede de Bibliotecas Escolares. Todavia, nota-se um acervo significativo na classe 8 (Literatura), pois engloba os exemplares das obras destinadas à Educação Pré-Escolar e 1.º Ciclo, sendo o conjunto total desses alunos de 598. Assim, o número de obras por aluno na biblioteca escolar é no valor de 5 documentos para cada discente.
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Comunicação e Promoção da Biblioteca Escolar
QUADRO DA DISTRIBUIÇÃO DO FUNDO DOCUMENTAL Material Livros
DVD
CDRoms
Jogos
Fotografias
Classes Classe 0 Classe 1 Classe 2 Classe 3 Classe 5 Classe 6 Classe 7 Classe 8 Classe 9 Fundo Local
274 25 57 332 146 71 151 3496 319 7
12 2 1 19 14 5 143 3 33 -
27 17 17 7 7 7 14 -
5 1 1 2 7 4 3 -
39 -
Total
5378
232
96
23
39
313 27 63 369 178 85 308 4010
% da área temática em relação ao FD 5,47% 0,47% 1,9% 6,39% 3,08% 1,47% 5,33% 69,49%
415
7,19%
5768+ 3
147,32%
Outros
Total
3 Periódicos
3
Quanto à questão financeira, a biblioteca dispõe de um orçamento próprio proveniente das receitas da reprografia e do orçamento geral da escola. A orientação do trabalho da biblioteca está definida em consonância com os objetivos educativos do agrupamento: promoção do sucesso educativo e da leitura e recurso aos espaços pedagógicos. A par destes objetivos gerais estão os objetivos específicos do serviço da biblioteca atrás mencionados.
8.2 Ambiente externo Os fatores externos que podem influenciar a biblioteca são fatores políticos, económicos, sociais e tecnológicos. Quanto aos políticos, estes prendem-se com as políticas educativas da tutela que estrutura os programas curriculares, o calendário escolar dos exames nacionais, as principais diretrizes de funcionamento e gestão Página 18 de 40
Comunicação e Promoção da Biblioteca Escolar financeira dos agrupamentos e das bibliotecas escolares através do Gabinete da Rede de Bibliotecas Escolares (GRBE). O GRBE dá ao longo do ano letivo orientações sobre as atividades comuns a desenvolver pelas bibliotecas escolares (Mês das Bibliotecas Escolares e Semana da Leitura). Informa e proporciona ações de formação no âmbito da biblioteconomia, ferramentas digitais da web 2.0, constituição de bibliotecas digitais, promoção de trabalho colaborativo entre professor bibliotecário e professores de turma no âmbito do apoio ao currículo. Apoia e divulga os encontros das diversas redes concelhias (Bibliotecas Escolares e Bibliotecas Municipais) para divulgação de práticas e experiências. O fomento pelo gosto e hábitos de leitura, bem como a promoção da cultura é, também, a pedra basilar do Plano Nacional de Leitura. Este além de divulgar obras de interesse curricular emana orientações para que as diversas comunidades escolares participem nos mais variados concursos e projetos de temáticas transversais ao currículo e à realidade do contexto social, económico, cultural, tecnológico, … do país. A tutela apresenta o espaço da biblioteca escolar como um meio de capaz para reforçar os valores democráticos da sociedade e divulgar os conhecimentos das novas Tecnologias da Informação e Comunicação. A nível económico o agrupamento está enquadrado na tipologia de agrupamento de escolas de Território Educativo de Intervenção Prioritária (TEIP) com contrato de autonomia. Esta realidade prende-se com o facto, do agrupamento estar situado numa comunidade com fracos recursos financeiros que dificultam o acesso à educação e cultura. Consequentemente, os recursos financeiros são satisfatórios contribuindo em larga medida para a obtenção dos recursos materiais indispensáveis à concretização das metas a alcançar. Contudo, relativamente aos equipamentos tecnológicos a oferta poderia ser superior no que diz respeito ao número de computadores disponíveis aos utilizadores e a um acesso mais permanente à internet. O agrupamento está inserido no concelho de Marco de Canaveses, considerado o concelho do distrito do Porto com o índice de abandono escolar mais elevado, onde não é valorizado o papel formativo e pedagógico da escola para o desenvolvimento cívico e Página 19 de 40
Comunicação e Promoção da Biblioteca Escolar pessoal dos jovens. Com altos níveis de despovoamento devido à emigração para a França e Suíça, mas também taxas elevadas de desemprego, aspetos com reflexo no elevado número de alunos abrangidos pelos escalões mais elevados da ação social. As habilitações académicas dos encarregados de educação, em média, são o 2.º ciclo e o capital cultural das famílias é médio-baixo.
8.3 Análise SWOT A análise SWOT é uma ferramenta do planeamento estratégico e da gestão para a qualidade e competitividade, utilizada nas instituições de modo a encontrar estratégias para colmatar problemas, identificar oportunidades e combater debilidades. Apesar de inicialmente pensada para o mundo empresarial, a aplicação deste tipo de instrumento pode ser muito útil na avaliação da gestão de serviços educativos, como a biblioteca escolar. A matriz é composta por duas vertentes: as variáveis internas e as variáveis externas da biblioteca escolar. Cada uma dessas variáveis é, por sua vez, composta por outras duas: os pontos fortes e os pontos fracos da biblioteca; oportunidades e ameaças do meio exterior a essa estrutura. Ao construir a matriz as variáveis são sobrepostas, o que facilita a sua análise e identificação das área(s) de atuação de melhoramento da missão da biblioteca escolar. Torna-se, pois uma
análise proativa que s e
antecipa aos
problemas
organizacionais e ambientais que possam prejudicar a biblioteca, permitindo, também, identificar as forças e os obstáculos a incentivar ou ultrapassar.
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Comunicação e Promoção da Biblioteca Escolar
Análise SWOT
Análise Interna
Forças Localização/estacionamento Infraestruturas
Fraquezas Escassez de recursos humanos na equipa da biblioteca
Formação de utilizadores
Ausência da informatização e de um Catálogo online
Dinamismo, prontidão e conhecimentos de biblioteconomia
Fundo documental envelhecido
Espaço utilizado pelos alunos do 2.º ciclo e 9.º ano.
Desconhecimento dos serviços/atividades prestados pela biblioteca por parte dos pais/ encarregados de educação
Bom ambiente de trabalho e estudo (decoração, Divulgação precária dos recursos/atividades da higiene, tranquilidade e silêncio) biblioteca Atendimento direto e pronto a auxiliar os utilizadores Análise externa Oportunidades
Ameaças
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Comunicação e Promoção da Biblioteca Escolar (In)Formação aos pais/encarregados de educação e comunidade em geral Atribuição de verba (escola, …) Consolidação e expansão de parcerias com outras instituições
Interesses divergentes dos alunos Pouco envolvimento dos pais/encarregados de educação na vida escolar dos seus educandos Perda do estatuto de agrupamento TEIP Demora da criação do catálogo online concelhio
Passamos a apresentar os aspetos registados nessa matriz SWOT. Relativamente à análise interna da biblioteca escolar temos como pontos fortes: a formação especializada na área da Biblioteconomia e das competências TIC pela professora bibliotecária; a boa adesão/frequência dos alunos no uso dos recursos da biblioteca; a existência de recursos de divulgação das atividades/projetos da biblioteca – blogue e Facebook; o apoio/articulação com alguns departamentos de diferentes áreas curriculares, bem como ao Ensino Especial; a disponibilidade para auxiliar/orientar a seleção de informação por parte dos diversos utilizadores; a existência de disponibilidade de recursos informáticos e tecnológicos; a articulação do Plano Anual de Atividades da biblioteca escolar com as finalidades/objetivos do Projeto Educativo, Projeto Curricular e Plano Anual de Atividades do Agrupamento; a consonância entre a gestão do fundo documental, as aprendizagens curriculares, formativas e oferta cultural; a inclusão da coordenadora da biblioteca escolar no Conselho Pedagógico; a leitura e a literacia constam explicitamente no Projeto Educativo do Agrupamento; a apetência dos alunos para o uso das Tecnologias da Informação e Comunicação e o apoio das estruturas diretivas do Agrupamento à ação da biblioteca escolar. Os pontos fracos dessa análise interna dizem respeito aos seguintes aspetos: a inexistência de um catálogo online; o parco conhecimento da Comunidade Educativa acerca do Modelo de Autoavaliação da Biblioteca Escolar; a fraca adesão ao serviço das obras de referência e dos periódicos; o ineficaz conhecimento dos alunos na utilização correta dos recursos impressos e tecnológicos; a deficiente incorporação dos recursos da biblioteca Página 22 de 40
Comunicação e Promoção da Biblioteca Escolar escolar (impressos ou tecnológicos) nas estratégias de ensino por parte dos docentes; o débil conhecimento dos docentes sobre a mais-valia de utilizar os recursos da biblioteca escolar nas estratégias de ensino-aprendizagem e no desenvolvimento das competências da literacia da informação; a ausência da presença no espaço da biblioteca escolar pelos docentes como fator mobilizador de vontades dos alunos e a tendência dos docentes em resistir às mudanças a nível das estratégias e métodos de ensino-aprendizagem. Da análise do meio envolvente ao espaço da biblioteca registou-se como oportunidades: a Portaria 756/2009 de 14 de Julho que regulamenta a função de professor bibliotecário; a integração na Rede de Bibliotecas Escolares; a perspetiva de criação do Catálogo bibliográfico coletivo das instituições escolares do Concelho; as verbas orçamentais atribuídas pela direção do agrupamento; a consolidação e expansão de parcerias com entidades externas (Biblioteca Municipal, Associações Culturais, Rede de Agrupamentos TEIP, Escolas Profissionais, Câmara Municipal, Junta de Freguesia, Jornal local “A Verdade” e Rádio local). Ao nível das ameaças externas foram considerados os seguintes indicadores: a demora na criação do Catálogo bibliográfico coletivo das instituições escolares do concelho, os fracos ou inexistentes hábitos de leitura da comunidade estudantil, o fraco envolvimento dos encarregados de educação nas atividades e vida escolar dos educandos e a perda do estatuto de agrupamento TEIP. Com base nestes indicadores internos e externos apresentamos as estratégias a desenvolver para melhorar a missão da biblioteca escolar. Destacamos as seguintes ações: promover formação na área das TIC aos utilizadores, comunidade educativa e local; estimular o desenvolvimento de competências da Literacia da Informação junto dos alunos; divulgar obras e autores do fundo documental, criar um catálogo online para a biblioteca integrado na Rede de Bibliotecas Escolares; promover junto dos docentes maior articulação/envolvimento dos conteúdos curriculares com os recursos da biblioteca escolar; projetar melhorar as ações de trabalho colaborativo existentes e torná-las como modelos a seguir pela Comunidade Educativa; promover as vantagens do catálogo online como um recurso para a sala de aula e a realização de trabalhos escolares; divulgar com maior insistência serviços, atividades e novidades da biblioteca através do blogue e Facebook; implementar novas parcerias com professores de áreas curriculares distintas e realizar ações Página 23 de 40
Comunicação e Promoção da Biblioteca Escolar de formação do utilizador para promover a biblioteca como um espaço de aprendizagem e aumentar o nível de literacia, obtendo deste modo apoio institucional para promoção da biblioteca no espaço do agrupamento; sensibilizar a Comunidade Educativa a apresentar sugestões de aquisição e atualização do fundo documental, que permita aumentar os níveis e qualidade do aproveitamento escolar; promover um projeto de voluntários da leitura e maior participação dos encarregados de educação nas dinâmicas implementadas na biblioteca e a elaboração de um programa cultural anual em parceria com entidades culturais e educativas a nível local para evidenciar a importância da função mediadora da biblioteca ao nível cultural e de acesso à informação.
8.4 Segmentação/Público alvo O público-alvo principal da biblioteca é a comunidade educativa, em particular os professores, os alunos, os funcionários e, especialmente os encarregados de educação e a comunidade envolvente. Os utilizadores frequentes e os potenciais utilizadores encontram-se, assim, divididos em grupos.
Utilizadores Professores
Alunos
Funcionários
No ativo
1º, 2º, 3º ciclo e Técnicos
Aposentados
secundário Cursos
superiores Assistentes
vocacionais Cursos
técnicos Assistentes
porfissionais 3º ciclo
operacionais
Encarregados
Comunidade
de Educação
Geral
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Comunicação e Promoção da Biblioteca Escolar
8.5 Critérios de segmentação Cada grupo apresenta necessidades/interesses específicos, agrupando-se de acordo com fatores de ordem comportamental, etária e literária. Assim, as principais variáveis da utilização da biblioteca dizem respeito à frequência da utilização da biblioteca e conhecimento das atividades da mesma. Neste momento a biblioteca é frequentada fundamentalmente por alunos do 2.º ciclo e do 9.º ano de escolaridade. Normalmente utilizam os recursos/serviços em pequenos grupos ou sozinhos, trabalham em silêncio, fazendo trabalhos de casa ou pesquisa de informação na internet. O empréstimo é o segundo serviço com maior expressão. Quanto aos professores do 2.º e 3.º ciclo procuram os serviços/recursos da biblioteca com menor regularidade, destacando-se a requisição de materiais multimédia para as aulas e o empréstimo domiciliário. As educadoras e professores do 1.º ciclo recorrem com uma percentagem mais expressiva ao empréstimo de obras como recurso pedagógico-didático. Os funcionários e encarregados de educação apresentam uma quase nula presença no que concerne à utilização desse espaço pedagógico e cultural e conhecimento das diversas atividades promovidas.
8.6 Posicionamento O posicionamento é como se distingue a biblioteca para os utilizadores e potenciais utilizadores dos restantes serviços do agrupamento. É o modo como os utilizadores veem a biblioteca. Por essa razão o posicionamento depende da qualidade e da imagem dessa face ao serviço prestado. Ora isto assume um caráter fundamental na conceção de estratégias para melhorar esse posicionamento junto do público-alvo. A biblioteca define, assim, o posicionamento que quer ter no seio da comunidade educativa e local, oferendo serviços de qualidade que lhe estão associados. Página 25 de 40
Comunicação e Promoção da Biblioteca Escolar Sendo o agrupamento escolar tido como um espaço onde imperam dificuldades ao nível da aquisição da língua e do raciocínio do cálculo mental, a biblioteca tem vindo a envidar esforços no sentido de debelar estas dificuldades de aprendizagem.
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9. MARKETING INTERNO A estratégia de marketing da biblioteca começou este ano letivo pelo chamado marketing interno. Neste sentido, começou-se por difundir a ideia de uma nova imagem da biblioteca junto da assistente operacional, dos novos utilizadores (alunos do 2.º ciclo), dos professores e comunidade escolar em geral. Numa primeira fase reorganizou-se a disposição do fundo documental para permitir o acesso mais direto dos utilizadores ao acervo, desenvolveu-se uma identidade ligada à biblioteca através do recurso da mascote inserida em todos os documentos produzidos e divulgados pelo serviço e a criação de uma sinalética da disposição do acervo e da informação do horário de funcionamento com a mascote. Deste modo, a assistente operacional ficou mais motivada para representar o serviço e difundir a melhoria e qualidade das alterações a outros membros da comunidade escolar. Perante esta perspetiva é importante manter a mesma assistente operacional a trabalhar na biblioteca. Neste último ano, essa tem reconhecido que é também responsável pela imagem que os utilizadores têm da biblioteca. Para isso, tem estado atenta em dar apoio direto e concreto aos utilizadores, contribuindo para melhorar a qualidade do serviço prestado. Este aspeto relaciona-se com a constante preocupação da professora bibliotecária em criar um ambiente de parceria, motivante em que se valoriza o trabalho realizado, se aceitam sugestões e trocam ideias para melhorar as atividades/dinâmicas que vão evoluindo na biblioteca. A par desta questão a equipa tem que mostrar-se simpática, motivadora, positiva e colaborativa com os seus utilizadores. A nível da decoração foram adquiridas várias plantas e carpetes para tornar o ambiente mais acolhedor. Quanto à professora bibliotecária tentou estar atualizada sobre as novidades editoriais sobre as diversas áreas disciplinares, proporcionar intercâmbios de saberes com os docentes e alunos, promover projetos de apoio curricular colaborativo, incentivar o recurso aos meios/serviços da biblioteca, estabelecer relações de harmonia e compreensão com os utilizadores internos da biblioteca. Por conseguinte, tentou desenvolver uma política de gestão da coleção, promover a atualização do acervo documental e disponibilizá-lo para que a instituição atinja os objetivos educativos a que se propôs. Para tal, sugeriu aos vários departamentos a
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indicação de recursos impressos/multimédia ou outros. Os dados fornecidos foram orçamentados e após aprovação pela direção estão em fase de aquisição. A direção da escola é também ela fundamental no apoio, no estímulo à promoção da imagem da biblioteca através, por exemplo do apoio e reconhecimento formal das atividades desenvolvidas nesse espaço pedagógico; bem como, na ajuda financeira para investimento na atualização do acervo documental ou atividades de parcerias com entidades externas ao agrupamento. Neste momento iniciou-se a catalogação do acervo documental para posterior ligação ao catálogo da RBE; a formação de utilizadores para o 2.º ciclo e 7.º ano. Estão previstas ações de formação de utilizadores na área das literacias para todos os ciclos de escolaridade, bem como ações sobre a internet segura e a utilização do recurso do catálogo bibliográfico para complemento na pesquisa de informação. Têm sido promovidos inúmeros concursos de escrita criativa, leitura, divulgação do fundo documental, artes, … e exposições temáticas de apoio ao currículo e à formação cívica dos alunos que têm contado com um número significativo de participantes incluindo alunos do 7.º e 8.º anos e turmas PIEF. Todos os meses é afixada à porta da biblioteca a turma do 2.º e 3.º que mais requisições e presenças autónomas tem na biblioteca. No final do 1.º período os alunos foram informados que todas as participações/apoio que prestam à biblioteca são pontuadas para o Projeto Escola em Ação. Propor a aquisição de um ar condicionado tal como existe na sala de professores e criar no blogue um espaço da biblioteca digital através da ferramenta da web 2.0 Calibre.
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10. MARKETING EXTERNO 10.1 MARKETING MIX NA BIBLIOTECA ESCOLAR A crescente importância e evolução das Tecnologias de Comunicação e de Informação implica que cada vez mais os utilizadores tenham um papel preponderante na criação de valor. Esta realidade, por sua vez, obriga os serviços de uma biblioteca escolar a ajustarem a sua estratégia de Marketing à especificidade dos serviços que prestam. O marketing-mix, ou o marketing dos 4 P’s, é um conjunto de ferramentas de marketing que permite construir uma resposta desejável no público-alvo. Esta definição tem por base os seguintes fatores: preço (price); produto (product); promoção (promotion) e distribuição (placement). Para que o marketing-mix seja eficiente e consistente, cada um dos fatores atrás mencionados, deverá ter em conta as especificidades do público-alvo, nunca perdendo de vista as suas características. A forma como a biblioteca se expõe na escola, deverá assim, ir ao encontro do que pode oferecer, por forma a responder cabalmente às suas necessidades.
10.2 PRODUTO O produto ou serviço é aquilo que a instituição tem para oferecer aos seus utilizadores, estando sujeito à política da instituição relativamente ao posicionamento que quer ter. Para prestar um serviço de qualidade, a biblioteca quer oferecer um conjunto variado de serviços e atividades para além das habituais como a Semana da Leitura, Concurso Nacional de Leitura, Feira do Livro, projetos e âmbito local e nacional.
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Serviços/atividades Visitas guiadas para alunos do 2.º ciclo e 7.º ano com divulgação do guia do utilizador e esclarecimentos sobre o funcionamento e organização do acervo da biblioteca. Mês da Biblioteca
Promoção de concurso sobre esses conhecimentos. Divulgação de obras do acervo através de atividades interativas.
Levantamento Estatístico
Dia da comunidade
Merchandising
Blogue e Facebook
Divulgação mensal da toda a Comunidade Educativa da análise dos dados estatísticos de atividades autónomas e não autónomas na biblioteca escolar. Continuidade dessa prática no Conselho Pedagógico. Abertura da biblioteca a atividades de expressão plástica e literária de trabalhos realizados nos espaços culturais e recreativos, centros de dia, paróquias e instituições que albergam alunos institucionalizados (uma vez por período). Criação de materiais de promoção da Biblioteca Escolar como por exemplo: pastas para as sessões de formação que são realizadas; sacos de pano para o transporte dos recursos materiais aquando do empréstimo inter-escolas e sala de aula, envelopes para embrulhar prémios, canetas, lápis, blocos, réguas, entre outro material de promoção com a mascote da biblioteca. Promoção mais frequente das atividades, projetos e fundo documental. Difusão atempada da programação mensal da biblioteca (afixação da mesma na cantina, bar dos alunos, secretaria e reprografia).
. Enviada por mail aos pais/encarregados de educação de todas as turmas, trimestralmente. Estruturada por assuntos, ou por seções específicas, é fundamental a Newsletter relevância do conteúdo para que haja interesse na sua leitura e na continuidade do serviço, estabelecendo uma comunicação mais eficaz com os destinatários. Filme promocional No início do próximo ano letivo o filme promocional da biblioteca da BE estará disponível no blogue, facebook e será projetado na biblioteca e hall de entrada da escola. Jornal e Rádio Local
Divulgação de iniciativas e incentivo à participação das atividades pela comunidade local.
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Professores sobre ferramentas web 2.0 (Diigo, Slideshare, Prezi, Calàmeo, Weebly, Webnode) e rede social Facebook. Formação de utilizadores
Apoio Curricular Celebração de Efemérides/Temas
Pais/Encarregados de Educação – noções básicas de informática, navegação na internet, preenchimento de documentos e rede sociais. Elaboração de proposta de modelo de Literacia da Informação comum ao agrupamento. Assinalar de datas importantes e temas relacionados com o currículo transversal (dia da alimentação, dias históricos, internet segura, ambiente, …).
Constituição de um grupo de leitores voluntários (avós, pais, antigos Grupo de voluntários professores, …). da Leitura
Atividades de promoção externa
Palestras com elementos da EPAMAC e Escola Profissional de Arqueologia. Organização de atividades como: constrói a tua horta, aprender com os arqueólogos. Intercâmbio de atividades lúdicas com a CERCimac, apoiado pelo grupo de Educação Especial. Parceria educativa com a Rota do Românico. Exposições itinerantes na Biblioteca Municipal e Juntas de Freguesia. Apoio à divulgação das atividades do Desporto Escolar. Continuidade do patrocínio de prémios com a papelaria Noteit e editoras.
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10.3 PREÇO Será evidenciada a utilidade da biblioteca como um espaço de acesso livre, rápido, com estacionamento facilitado e com serviços gratuitos de empréstimo domiciliário, leitura de periódicos e formação digital.
10.4 ORÇAMENTO Como referido anteriormente o orçamento da biblioteca provem da receita da reprografia e do orçamento geral da escola. No final de cada ano letivo é entregue o Plano Anual de Atividades para o próximo ano escolar onde constam os principais encargos financeiros das diversas atividades e serviços. Dada a experiência de preparação de atividades e gastos de manutenção do acervo documental o orçamento que aqui apresentamos é meramente estimativo. Recursos materiais
Tonners
100,00€
Material de papelaria
75,00€
Livros e material multimédia
1000,00€
Prémios
100,00€
Merchandising
200,00€
Os materiais de papelaria existem em stock pelo que não haverá nova despesa.
10.5 DISTRIBUIÇÃO (LUGAR) Página 32 de 40
A distribuição será feita através do blogue e Facebook da biblioteca, assim como através de cartazes junto a locais estratégicos como a cantina, reprografia, secretaria e bar dos alunos. Para atividades que envolvam encarregados de educação serão realizados convites que serão entregues através dos diretores de turma e/ou por correio eletrónico. Como indicado acima serão divulgadas atividades e estimulada a participação da comunidade local e escolar através de entrevistas e anúncios nos meios de comunicação locais (jornal “A Verdade” e rádio), assim como no jornal do agrupamento “SandeLetras”.
10.6 PROMOÇÃO Com a comunicação pretende-se chegar às pessoas certas com a informação certa, através do meio correto, no momento adequado. A promoção é o elemento mais visível de um plano de marketing, tendo por objetivo informar de forma clara e coesa os utilizadores, reais ou potenciais, dos serviços que presta e as características dos mesmos. Não devemos esquecer que a promoção é uma aliada da criação de uma determinada imagem. Os canais a utilizar para a promoção da biblioteca e das atividades e serviços a prestar serão os meios atrás mencionados, a publicidade presencial e direta no momento do atendimento através de folhetos, guia do utilizador, programação mensal, cartazes, newsletters e mails para os utilizadores externo. Por tudo isto, é cada vez mais importante contar com colaboradores empenhados e que vejam o serviço a prestar na biblioteca como algo positivo, de que gostem e não apenas uma maneira de preencher o horário. Daí que, havendo possibilidade de o fazer, os docentes colaboradores serão propostos pela professora bibliotecária à Direção, tendo em vista os interesses dos serviços.
De qualquer modo, deve-se sempre verificar se a comunicação o modelo dos 5W's: Modelo dos 5W's Página 33 de 40
Who? - Quem é o público-alvo?
Haverá
públicos
diferentes,
consoante
a
atividade. What? O que temos que comunicar As atividades para as quais queremos público, How? Como o vamos fazer?
participantes… De acordo com o público-alvo (alunos,
Where? Onde?
professores, pais, comunidade em geral) Cartazes, blogue, rede social, página da
When? Quando?
escola… De acordo com a calendarização das diferentes actividades.
10.7 PESSOAS A presente estratégia de marketing está direcionada para toda a comunidade escolar, educativa e local.
11. ESTRATÉGIA DE COMUNICAÇÃO PARA A BIBLIOTECA ESCOLAR O objetivo de qualquer comunicação é levar o interlocutor a compreender a mensagem que se quer passar. A comunicação numa biblioteca, a nosso ver, será eficaz e efetiva se a sua organização, os seus serviços e os seus produtos forem apelativos para os utilizadores e potenciais utilizadores; se possuir uma boa rede de suporte para ensinar os utilizadores na utilização dos seus produtos/serviços, se mantiver as informações relativas aos serviços prestados e à própria instituição atualizados; e finalmente, se colocar em relevo os benefícios e vantagens na utilização dos serviços disponibilizados pela biblioteca. (Amaral: 2008) As bibliotecas, e em particular as bibliotecas escolares, cada vez mais estão conscientes de que as técnicas de marketing contribuem significativamente para que os seus objetivos e a sua missão sejam mais facilmente atingidos, nunca esquecendo que comunicar melhor, satisfazer melhor as necessidades dos seus utilizadores é o passo mais importante para, no âmbito da biblioteca escolar, se atingir um cada vez maior número de alunos/cidadãos informados e conscientes da sua importância na sociedade.
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O plano de marketing terá de prever a sua monitorização ao longo da sua aplicação. De facto, é necessário avaliar, em diferentes momentos, a consecução do plano na sua totalidade e nas suas partes de modo a que, se necessário, se reformule aquilo que não estiver ajustado ou não estiver a surtir o efeito desejado. Na nossa opinião, só uma monitorização refletida e consciente poderá obviar problemas ou lacunas, ou, pelo contrário, fazer sobressair aspetos mais positivos do plano. Consideramos que os métodos mais ajustados serão: a realização de inquéritos endereçados a toda a comunidade educativa, para que se possa recolher a opinião sobre as atividades realizadas tendo em conta várias perspetivas; dar continuidade ao registo de utilização da biblioteca pelos vários públicos, sejam alunos, professores, funcionários, encarregados de educação, pais; possuir um livro de registo de opiniões, tanto em suporte de papel, como online para que os alunos possam registar as suas sugestões, reclamações e, ao mesmo tempo, possam elogiar o serviço prestado pela biblioteca.
12. CONCLUSÃO “No início, no tempo de Assurbanipal ou de Polícrates, talvez fosse uma função de recolha para não deixar dispersos rolos e volumes. Mais tarde, creio que a sua função tenha sido de entesourar: eram valiosos os rolos. Depois na época beneditina, de transcrever (…) em determinada época, talvez já entre Augusto e Constantino, a função da biblioteca seria também a de fazer com que as pessoas lessem.” (Eco: 1991, 44)
Com a evolução das novas TIC (Tecnologias da Informação e Comunicação) tem-se vindo a assistir à alteração da função da biblioteca, e em particular da biblioteca escolar. A Biblioteca de Umberto Eco representa um paradigma cuja imagem pertence ao passado, embora ainda perdure no nosso imaginário. Como vemos na citação inicial, a biblioteca inicialmente tinha como função a recolha de informação e, com o evoluir dos tempos, dedicou-se à organização e tratamento da mesma, no sentido desta poder ser disponibilizada ao utilizador. Estas funções da biblioteca são importantes todavia, as bibliotecas do presente e do futuro têm uma nova valência: a formação e a educação do utilizador.
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A biblioteca escolar em particular enfrenta novos desafios, um novo contexto e uma nova realidade, e, por conseguinte, depara-se com a necessidade de desenvolver ou criar novos serviços. Temos de considerar como fator de extrema importância o facto de a dispersão, a diversidade de informação e o fácil acesso à mesma, através da Internet, tornar redundante, ou mesmo, inviabilizar a deslocação dos utilizadores a este espaço físico. Não é muito comum associarmos o conceito de marketing à biblioteca escolar. No entanto, uma reflexão objetiva e cuidada leva-nos a concluir que é exatamente um plano de marketing que falta à biblioteca da “nossa” escola. A definição de um plano de marketing constitui-se como elemento fulcral para a renovação do papel das bibliotecas nas escolas e do seu ajustamento à nova realidade tecnológica em que estamos inseridos, caracterizada pela diversificação de públicos e pelos seus novos hábitos e tendências de consumo. Neste sentido, ao delinear um plano de marketing para a biblioteca estamos a construir e mesmo a solidificar a sua imagem, estamos a orientar os nossos serviços para públicos diferenciados, estamos a ajustar a realidade da biblioteca da nossa escola ao meio em que ela se encontra, a assegurar e, em alguns casos, a garantir parcerias que podem contribuir financeiramente para a sua manutenção. Em agosto de 2001 durante uma conferência geral da IFLA, em Boston, nos EUA, foi lançada a Campanha pelas Bibliotecas do Mundo. Esta campanha baseou-se numa projeto que a ALA (American Library Association) havia lançado exclusivamente nos EUA, intitulado @ your library®. Este programa tem como principal intuito desenvolver uma campanha de comunicação que contribua para a implementação de estratégias e políticas de marketing em todas as bibliotecas. O seu desenvolvimento passou pela elaboração de guias orientadores (toolkits) específicos para diversos tipos de bibliotecas, designadamente bibliotecas escolares, e para diferentes públicos-alvo. Este guia orientador apresenta ao bibliotecário diversas formas e estratégias de divulgar, publicitar e dar a conhecer a sua biblioteca. O principal objetivo deste programa é conferir mais visibilidade à biblioteca, divulgar e promover os seus serviços e desenvolver as literacias da informação. Hoje em dia Associações de Bibliotecas em mais de 30 países, incluindo Portugal, utilizam esta marca registada e as ideias associadas a esta campanha. Neste trabalho em que exploramos a importância que um plano de marketing pode ter na promoção e na comunicação de uma biblioteca escolar, não poderíamos deixar de referir um dos mais carismáticos autores nesta área: Philip Kotler. No seu livro, Marketing 3.0, o autor apresenta uma nova perspetiva de marketing, que ele apelida de marketing 3.0 e Página 36 de 40
se centra no Ser Humano e não na venda de serviços ou produtos. Aplicada à biblioteca escolar esta nova “filosofia” de marketing consubstancia-se, em nosso entender pela capacidade de mostrar a missão da biblioteca, afirmando os seus valores e visão, orientando a sua ação em função do seu público adaptando-se a ele e às suas especificidades. “A empresa lucra criando valor superior para os seus clientes e parceiros. Esperamos que a empresa veja os seus clientes como ponto de partida estratégico e queira abordá-los em toda a sua humanidade, atenta às suas necessidades e preocupações.” (Kotler: 2010)
Ressalvamos que a palavra “empresa” deverá ser substituída pelo vocábulo “biblioteca”. Esta visão da biblioteca moderna e a linha de pensamento preconizada em Marketing 3.0 é possível se atendermos à evolução tecnológica que, cada vez mais, permite a colaboração dos nossos públicos no dia a dia da biblioteca que se quer de todos e para todos.
Referências Bibliográficas e Webliografia
Amaral, Sueli Angelica. 2004. Marketing da Informação na Internet: entre a promoção e a comunicação integrada de marketing. http://www.okara.ufpb.br/ojs/index.php/ies/article/view/1636/1637 (acedido em 3 junho 2015) Eco, Umberto. (1991). A Bibloteca. Lisboa. DIFEL. Escarpit, R. (1995), La Revolution du livre. Paris. Unesco. Gupta D.; Savard, R. (2010). “Marketing Library and Information Services. http://mapageweb.umontreal.ca/savardr/pdf/Gupta_Savard_ELISbis.pdf (acedido em 25 de maio de 2015). Página 37 de 40
Kotler, Philip; Kattajava, Hermawan; Setiwan, Iwan (2011). Marketing 3.0: Dos produtos e consumidor ao espírito humano. Actual Editora, Lisboa. Kumar, H Anil, The Librarian at crossroads (1998). “Human resources in the information age in Conference in Congress”, New deli. Apud Tarapanoff (1999). Unesco http://unesdoc.unesco.org/images/0007/000798/079824eo.pdf (acedido em 26 de maio de 2015) IFLA http://www.ifla.org/files/assets/school-libraries-resourcecenters/publications/school-library-guidelines/school-library-guidelines-pt.pdf (acedido em 22 de maio de 2015) http://www.ifla.org/about-the-campaign-for-the-worlds-libraries (acedido em 3 de junho de 2015) http://www.ifla.org/at-your-library (acedido em 3 junho 2015)
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