Cristina Filipe e Lúcia Abdenur curadoras
Alexandra Serpa Pimentel Ana Albuquerque Artur Madeira Carla Castiajo Diana Silva Dulce Ferraz Filomeno Pereira de Sousa Hugo Madureira Inês Nunes Inês Sobreira João Martins Leonor Hipólito Madalena Avellar Manuel Vilhena Manuela de Sousa Margarida Matos Marilia Maria Mira Nininha Guimarães dos Santos Rita Faustino Rita Ruivo Susana Beirão Teresa Milheiro Tereza Seabra vandanuno
Aglaíze Damasceno Ana Videla Antônio Breves Bárbara de Crim V. Bia Saade Cathrine Clarke Dirceu Krepel Dulce Goettems Elizabeth Franco Francisco Garcia Jeanine Geammal Key Letícia Costa Lívia Canuto Mana Bernardes Maura Toshie Marcius Tristão Paula Mourão Regina Boanada Rudolf Ruthner Valéria Tupinambá Vanessa Alcantara Virginia Moraes Willian Farias
13 de Março até 18 de Maio de 2008 Museu Histórico Nacional no Rio de Janeiro 16 de Outubro até 30 de Novembro de 2008 Palácio Nacional da Ajuda em Lisboa
exposições
DEMU – Departamento de Museus e Centros Culturais
apoios e patrocínios
Exposição | Exhibition Curadoras | Curators Cristina Filipe Lúcia Abdenur Assessor | Assistent Arlindo Catóia Varela Consultores Científicos | Scientific Consultants Luisa Penalva (MNAA) Rui Galopim de Carvalho (Gemólogo) Montagem no Brasil | Installation in Brazil Lúcia Abdenur, Cristina Filipe, Willian Farias, Elisabeth Catoia Varela e Lilian Clebicar. Divulgação no Brasil | PR in Brazil Comissão D.João VI, Consulado Geral de Portugal no Rio de Janeiro, Departamento de Comunicação do Museu Histórico Nacional e AJORIO – Associação de Joalheiros e Relojoeiros do Rio de Janeiro. Divulgação em Portugal | PR in Portugal Comissão 200 anos Portugal / Brasil, Instituto Camões, Embaixada do Brasil em Lisboa, IMC – Instituto dos Museus e Conservação, Departamento de Comunicação do Palácio Nacional da Ajuda e PIN – Associação Portuguesa de Joalharia Contemporânea.
Catálogo | Catalogue Coordenação | Coordination Cristina Filipe Lúcia Abdenur Textos | Texts Angela Andrade, Cristina Filipe, Isabel Silveira Godinho, Lúcia Abdenur, Luisa Penalva, Rui Afonso Santos, Rui Galopim de Carvalho e Vera Tostes. Fotografia | Photography C.B. Aragão Assistentes de fotografia | Photography Assistants Brasil – Luiz Miguel Tebyrica de Sá. Portugal – Eduardo Ribeiro, Filipa Peixeiro e Gonçalo Fabião. Pós-produção de fotografia | Photography Post production Martim Neves Design gráfico | Graphic design oficina design: Nuno Vale Cardoso+Nina Barreiros Tradução para inglês | Translation into English Douglas Lee Arnold, Frederica Bastide Duarte e Yuchicom
Seguros | Insurance Lusitânia Seguros
Revisão | Proofreading Português | Portuguese Alexandre Pais | Instituto dos Museus e da Conservação, IP Cristina Filipe Inglês | English Frederica Bastide Duarte e Silvia Steiner
Vídeo | Video
Pré-impressão e Impressão | Prepress and printing Textype-Portugal
Transportes | Transports TAP, FeirExpo e Fink
Coordenação | Coordenation Departamento de Cinema/Imagem em Movimento do Ar.Co. Marcelo Costa e Maria Mire. Realização e edição | Direction and edition Fernando Vieiras, João Garcia, Sílvia das Fadas, Sònia Armengol e Tiago Oliveira. Som | Sound Victor Jorge
1a Edição | 1rst Edition 2008 Tiragem | Printrun 1500 exemplares ISBN 978-989-95205-1-6 Depósito Legal 271 351/08
Agradecimentos | Acknowlegments Alberto da Costa e Silva, Alcindo Costa, Alexandre Bosco Correa, Alexandre Pais, Ana Albuquerque, Ana Assis, Ana Bustorff Martinho, Ana Eloísa Piazza, Ana Lúcia Vieira de Sousa, Ana Luisa Gazineu Abdenur, Angela Andrade, Angela Cardoso Guedes, José António Avilez Romão, Arlindo Catóia Varela, António Almeida Lima, Antônia Therezinha Pontes Gazineu, Beatriz Filipe Conefrey, Beatriz Lopes, Caloca Fernandes, Carla Pinheiro, Carlos Henrique Abdenur, Carlos Veran de Oliveira, Cecy Kremer, Celina de Farias, Celso Marcos Vieira de Souza, Cesar Alves, Chico Aragão, Cidda Siqueira, Cláudia Pinto, Cláudio Abdenur, Cláudio Magalhães, Cláudio Nelson de Oliveira Barbosa, Cristina Caetano, Cristina L. Duarte, Constantino G. Psomopoulos, Daniel Sauer, Débora Klippel, Diana Viana, Dulce Ferraz, Dulce Goettems, Eduardo Neves, Elizabeth Jorge, Elizabeth Varela, Fernando Branco, Flávia Corpas, Frederica Bastide Duarte, Gilberto Torres Gonçalves, Graça Costa Cabral, Graça Leite, Irene Paternot, Isa Baiocchi, Isabel Silveira Godinho, Jorge van Zeller Leitão, Helena Cardoso, Hécliton Santini, Hildegard Angel, Lilian Clebicar, Letícia Costa, Loana Barbosa, Luísa Neves, Luísa Penalva, Luiz Carlos Antonelli, Luiz Miguel Tebyrica de Sá, Luiz Otávio Gazineu Abdenur, Luíz Otávio Machado, Madalena Avellar, Magno Salgueiro, Manuel Castro Caldas, Manuel da Costa Cabral, Marcelo Costa, Maria de Lurdes Parreiras Horta, Maria João Afonso, João Baptista Faustino, Maria Mirre, Maura Toshie, Maurício Vicente Ferreira Júnior, Marcos Pinheiro dos Santos, Nina di Masi, Nininha Guimarães dos Santos, Nuno Vale Cardoso, Núrsia Dantas, Projeto Paládio, Raul Boino Lapa, Rita Faustino, Rita Sá Marques, Rosarinho Fernandez, Rui Afonso Santos, Rui Ferreira da Silva, Rui Galopim de Carvalho, Rui Rasquilho, Rute Beatriz Caldeira de Andrade, Samuel Shoji , Sara Seruya, Sérgio Malta, Susana Van, Talita Tamara de Mello, Teresa Maranhas, Simonetta Luz Afonso, Thatiana Antunes, Vanda Almeida Lima, Vera Sanches, Vera Tostes, Willian Farias e Zelina Tomie Sujikawa. Aos artistas e a todos aqueles que contribuíram para o sucesso desta exposição. To the artists and all those who contributed towards the success of this exhibition.
The House of Leitão & Irmão, Crown Jewellers, whose origin was in Oporto in the 18th century, received the title of Goldsmiths of the Imperial Brazilian House in 1875 by decree of the Emperor Dom Pedro II. It was later appointed by King Dom Luís of Portugal, in 1877, as the Crown Jewellers. Due to this unique dichotomy that lasted until the end of both monarchies Leitão & Irmão, Former Crown Jewellers, has affiliated with the exhibition Real Jewellery – Portuguese and Brazilian Contemporary Jewellery, in the certainty that, with the diversity and richness of the works presented, creators from both countries will be selected, based on the exhibited pieces, to pursue a commercial path in the Casa Leitão thus promoting both their name and work towards a wider public. Hence the challenge remains for all of us.
A Casa Leitão & Irmão, Joalheiros da Coroa, com origem no Porto em finais do séc. XVIII, recebeu o título de Ourives da Casa Imperial Brasileira em 1875 por decreto do Imperador D. Pedro II. Posteriormente, em 1877, foi nomeada, por D. Luís Rei de Portugal, Joalheiros da Coroa. Nesta dicotomia única que perdura até ao fim de ambas as monarquias Leitão & Irmão, Antigos Joalheiros da Coroa, associa-se à exposição «Jóias Reais – Joalharia Contemporânea Luso-Brasileira», na certeza de que, na diversidade e riqueza dos trabalhos apresentados, serão seleccionados criadores de ambos os países para seguirem, com base nas jóias agora apresentadas, um percurso comercial na Casa Leitão divulgando assim a um público mais alargado, tanto a sua obra como o seu nome. Fica, assim, para todos nós, o desafio.
fotos páginas 10, 12 e 14
Inês Sobreira “Homenagem” Relicário pendente Ouro 800, prata 925 e vidro. Corrente – comp. 320 mm | Caixa – 440 x 660 x 13 mm
Índice | Contents 11 Museu Histórico Nacional do Rio de Janeiro 15 Palácio Nacional da Ajuda 18 Diálogo entre Pares 41 D. João VI e D. Carlota Joaquina:
Jóias em Tempos de Mudança 55 Gemas no Tempo de D. João VI no Brasil 60 A Jóia no Brasil 64 A Jóia Contemporânea em Portugal 71 Jóias Reais 217 Notas biográficas 229 Texts in English
A
presença da corte portuguesa no Rio de Janeiro alterou o cotidiano da cidade, uma vez que foi responsável pela expansão do traçado urbano, a introdução de novos estilos arquitetônicos
e, sobretudo, a apresentação à sociedade local de uma maneira cosmopolita de viver. Entre saraus, festas e apresentações teatrais, efervescia a vida política, social e cultural no Brasil, que, entre 1808 e 1821, viu serem recriadas em seu solo as instituições de além mar que permitiriam o perfeito funcionamento do Estado português em terras tropicais. No âmbito das comemorações dos 200 anos da transferência da corte portuguesa para o Brasil, fato que entrelaçou para sempre a história de ambos os países, o Museu Histórico Nacional, o Consulado Geral de Portugal no Rio de Janeiro e a Associação dos Joalheiros e Relojoeiros do Rio de Janeiro uniram-se para desenvolver um projeto cultural e artístico que revelasse na produção contemporânea essas raízes comuns. Inspirados em acervos dos séculos XVIII e XIX existentes em importantes museus brasileiros e portugueses, quarenta e oito artistas (vinte e quatro de cada país) criaram, sempre trabalhando em duplas de nacionalidades diferentes, jóias que demonstram a criatividade, a sofisticação e o alto nível da joalheria desses países irmãos. Ao reinterpretarem as peças de museus, os artistas lançaram, ainda, uma ponte entre passado e presente e sobre o extenso oceano Atlântico, mesclando, mais uma vez, culturas e histórias. Sob a curadoria de Cristina Filipe e Lúcia Abdenur, a realização da exposição «Jóias Reais» no conjunto arquitetônico que abriga o Museu Histórico Nacional é revista também de um significado especial, uma vez que o local foi palco de acontecimentos relevantes quando da chegada da corte portuguesa ao Rio de Janeiro. ···
11 ···
Esse conjunto já abrigava o Arsenal do Rio de Janeiro no início do século XIX, mas seu funcionamento era restrito em comparação aos arsenais europeus. Esse panorama só se modificou com a chegada da Corte, quando passou a ter uma organização semelhante ao de Lisboa. Então denominado Arsenal Real do Exército passou a produzir equipamento militar e atender às necessidades de munição do Reino, uma vez que a Metrópole estava sem condições de suprir as tropas, em conseqüência da guerra Napoleônica. Em 1811, foi instalada na Casa do Trem, outra edificação desse conjunto, a Academia Militar — a primeira escola de engenharia do Brasil. Hoje, o Arsenal Real e a Casa do Trem são importantes marcos históricos da cidade do Rio de Janeiro e o Museu Histórico Nacional, criado em 1922, o maior e mais importante museu de história brasileiro. Vera Tostes Diretora – Museu Histórico Nacional do Rio de Janeiro
E
m boa hora nasceu a ideia de comemorar os 200 Anos da Transferência da Corte Portuguesa para o Brasil com a presente exposição «Jóias Reais — Joalharia Contemporânea
Luso-Brasileira». Solicitado a colaborar, o Palácio Nacional da Ajuda, palácio real que era na época de D. João VI e D. Carlota Joaquina, associou-se com o maior prazer à iniciativa, ao lado do Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa, do Museu Histórico Nacional do Rio de Janeiro e do Museu Imperial de Petrópolis, abrindo as portas para acolher, em 2008, trabalhos de quarenta e oito artistas, vinte e quatro brasileiros e outros tantos portugueses, inspirados, entre outros, em sete objectos-jóia e duas pinturas (precisamente de D. João VI e da Rainha Carlota Joaquina) das nossas colecções. A mostra, que primeiro se apresenta no Museu Histórico Nacional do Rio de Janeiro, num significativo e inovador acto de intercâmbio cultural, vem ilustrar a criatividade e valor das novas gerações de artistas dos nossos dois Países e reforçar os profundos laços que de há muito nos unem. O Palácio Nacional da Ajuda orgulha-se de participar nestas Comemorações com tão relevante iniciativa, pela qual felicita todas as entidades envolvidas, nomeadamente as suas Comissárias, Lúcia Abdenur e Cristina Filipe, fazendo votos para que esta exposição venha a alcançar o sucesso que merece. Isabel Silveira Godinho Directora – Palácio Nacional da Ajuda
···
15 ···
···
16 ···
···
17 ···
Diálogo entre Pares
L
úcia Abdenur no Rio de Janeiro e Cristina Filipe em Lisboa registaram uma das muitas conversas que as ligou durante o ano de 2007 ao projecto | exposição «Jóias Reais –
Joalheria Contemporânea Luso-Brasileira», integrado nas Comemorações dos 200 Anos da Chegada de D. João e da Família Real Portuguesa ao Brasil, em 2008. A Partida Cristina Filipe – Quando a Lúcia me convidou para organizar consigo uma exposição de joalharia luso-brasileira, no âmbito das comemorações dos 200 Anos da Chegada da Família Real Portuguesa ao Rio de Janeiro, acreditei que, mais do que uma exposição documental, deveria ser um projecto que “corresse riscos”, tal como a viagem de D.João e da sua corte para o Brasil na época das invasões napoleónicas. Lúcia Abdenur – Foi um convite que eu não podia descartar. Era o que eu mais queria. Sempre fui bem acolhida por todos em Portugal e era um sonho meu trazer os meus colegas e seus respectivos trabalhos. Tive oportunidade de participar em vários eventos de joalheria contemporânea, e entre idas e vindas lá se vão 10 anos. E agora este sonho está se concretizando! O convite para organizar a exposição surgiu na ocasião que o Rui Galopim de Carvalho esteve aqui no Rio para dar a palestra “200 Anos de História das Gemas Brasileiras na Joalheria”, promovida pela Câmara Portuguesa de Comércio e Indústria no Rio de Janeiro, a convite do Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos. No dia seguinte, a Angela Andrade, diretora executiva da AJORIO (Associação dos Joalheiros e Relojoeiros do Rio de Janeiro), ligou fazendo o convite, que aceitei prontamente. Perceberam que era uma excelente ocasião para inserir algo sobre joalheria contemporânea nas comemorações da ···
18 ···
chegada da Família Real Portuguesa ao Brasil, em 2008. Logo que aceitei vi que teria que ter uma parceira, não daria conta do recado sozinha. Pensei: a melhor parceira seria minha ex-professora no Ar.Co, em Lisboa. Uma pessoa super entendida em joalheria contemporânea e que vem sendo curadora de várias exposições, tanto em Portugal quanto no resto da Europa, e todas com muito sucesso. Não podia ser outra pessoa. Tinha que ser você, para seguir comigo nessa empreitada. Cristina – Foi um prazer. Fiquei muito contente com a sua confiança. O facto da Lúcia conhecer bem Portugal e os joalheiros portugueses ajudava-nos no diálogo. Começámos a trabalhar no projecto em Abril de 2006. Desde aquele momento motivou-me bastante a ideia, embora previsse que iria ser um trabalho enorme, mas aliciante. Lúcia – E está sendo um trabalho enorme. Nós pensávamos que seriam somente quinze artistas de Portugal, e quinze do Brasil. Cristina – Acabaram por ser quarente e oito! Lúcia – Nessa época já pensávamos como seria o catálogo: dividido em duas partes, uma para os joalheiros brasileiros e outra parte para os portugueses, fechadas com um cordão. Cristina – Ainda chegámos a falar que cada par de artistas faria uma peça conjuntamente. E que a peça viajava de Portugal para o Brasil, e do Brasil para Portugal, de modo a ser realizada por ambos. Lúcia – Sim. Achávamos que seria interessante, mas com uma logística complicada. Também pensamos no título. Fizemos uma lista, entre os quais estava “Momentos Partilhados”. Depois, mais tarde, concluímos que seria «Jóias Reais — Joalheria Contemporânea Luso-Brasileira». E a logomarca feita pelo Nuno Vale Cardoso está maravilhosa. Cristina – «Jóias Reais»: gostámos por ser breve e claro. E, porque era interessante esta dualidade: “Reais” por pertencerem à Corte, e serem a referência, e “reais” por serem jóias que se viriam a realizar e a existir. E o título acabou por permanecer. ···
19 ···
A Viagem Cristina – Convidámos dois consultores científicos: uma historiadora de arte, a Luísa Penalva do Museu Nacional de Arte Antiga, que nos ajudou na escolha das peças de referência, e um gemólogo, o Rui Galopim de Carvalho que, juntamente com a Luísa, contextualizou-as na parte histórica, descrevendo as características das pedras bem como dos outros materiais. Com certeza, a forma como eles descreveram as peças e as gemas, como as apresentaram, mesmo que os artistas não tenham aplicado ou se referenciado directamente nessas sinopses, influenciaram, pela sua leitura e interpretação, as escolhas de cada um. Lúcia – Foi um trabalho “brilhante” e vital da parte da Luísa Penalva e do Rui Galopim. Cristina – O facto de estarmos a constituir pares e de sabermos que cada artista iria trabalhar com outro paralelamente, acabou por nos ir dando pistas. Embora uma escolha seja sempre muito subjectiva, a nossa maior preocupação foi fazer uma escolha abrangente, diversificada, de pessoas que tivessem vindo a desenvolver um trabalho com interesse dentro da joalharia contemporânea, tanto cá como no Brasil. Não estávamos a escolher peças existentes e isso modificou um pouco a nossa forma de selecção. Escolhemos pessoas que aceitassem fazer um trabalho enquadrado nestes moldes e não pura e simplesmente que tivessem feito, anteriormente, uma peça ou um trabalho que se inserisse neste espírito e | ou contexto e se articulasse com as peças seleccionadas. Lúcia – Sim, você explicou muito bem. Cristina – Um dos aspectos que nos motivou para a escolha de determinados portugueses foi conhece-los bem como pessoas e como artistas, porque, de facto, neste tipo de trabalho, estarmos a condicionar o artista a trabalhar a partir de determinada peça é uma enorme responsabilidade. Há peças que se “apropriam” mais de determinados artistas ···
20 ···
do que outras, que são mais indicadas para eles, e esse nosso trabalho foi de uma grande delicadeza e foi uma das partes que mais apreciámos fazer. Lúcia – Sim. Aqui no Brasil temos excelentes designers, mas a maioria ligado à moda, ao desenvolvimento de coleções. Esta é uma antiga discussão: joalheiro, artista joalheiro, autor de jóias, designer, o que sou? Por isso, parecia difícil escolher os joalheiros daqui, mas, no fundo, não foi. Tudo fluiu. Cristina – A maior parte dos participantes de Portugal tiveram uma aprendizagem numa escola ou em escolas que têm uma metodologia enquadrada no âmbito das artes plásticas, portanto perto do que é a abordagem da joalharia como forma de expressão plástica. A Lúcia, quando viajou para Portugal à procura também de uma aprendizagem dentro da joalharia, inseriu-se nesse novo contexto de escola, e foi para si uma descoberta e um forte complemento nos seus estudos. Neste momento, a Lúcia, como professora, está a ter um papel fundamental nas escolas no Rio de Janeiro que anteriormente não tinham uma formação em joalharia. Lúcia – Realmente está sendo gratificante dar aulas e poder passar adiante o que aprendi aí em Portugal. Pelo menos lanço uma semente. Geralmente aqui as peças são mais comerciais, ligadas à moda. Não era o que eu queria focar. Por isso, resolvi escolher pessoas que tivessem no currículo artes plásticas. E «Jóias Reais» será a primeira grande exposição, de joalheria contemporânea (como expressão artística), aqui no Brasil. Nunca aconteceu um evento como este no Brasil. Será de grande impacto. E uma surpresa para todos. Cristina – Na realidade, na história da joalharia, ao longo de todos os séculos, começando na Pré-História em que a jóia tinha um valor muito mais simbólico que outro, era o valor amulético, o valor de protecção que prevalecia. Os nossos antepassados começaram por transformar algo numa jóia que os protegesse e que os embelezasse, mas desprovida de um valor material, comercial, total e absoluto. Penso que esse atributo foi sendo adqui···
21 ···
rido ao longo dos séculos, e o valor dos metais preciosos – o mercado das gemas tomou uma dimensão enorme — e todo esse lado de interesse político e financeiro desenvolveu-se e deu um valor económico estrondoso à jóia. Ao interiorizar-se que uma jóia é acima de tudo um valor e um bem de investimento, contribuiu-se para o preconceito de que uma jóia só é jóia se incorporar materiais preciosos. Este modo de ver permaneceu até hoje na nossa sociedade, embora prevalecesse sempre o seu valor simbólico. Com a viragem do século XIX para o século XX, com o desenvolvimento da Ciência, desmistificou-se os atributos e os valores simbólicos, amuléticos e supersticiosos ligados à jóia, passando a jóia a ser mais um objecto de uso decorativo, de valor, mas também de investimento, o que de certa forma despoletou o facto da jóia se conotar a uma certa superficialidade. Mas com a joalharia de autor estamos a lutar pelas suas raízes, pela sua história! Lúcia – Sim, com uma nova proposta, experimentando e inovando, utilizando materiais não usuais na joalheria, buscando uma nova identidade para a jóia. Cristina – Na sua maioria, as jóias que servem de referência no projecto «Jóias Reais» são objectos museológicos, de colecção, que já não se usam no nosso quotidiano. Mas são referências importantíssimas e que não deixam de continuar a ter uma carga muito forte em termos históricos. Acredito no interesse deste projecto, que as acorda e reinterpreta. Acaba por ser um revisitar das jóias, dando-lhes todo um outro sentido ou reafirmando o seu sentido original. E está a tentar-se uma libertação de todo um preconceito que se instituiu após o séc.XIX. E foram as escolas de arte que motivaram isso. A joalharia sai do circuito das oficinas dos mestres e dos aprendizes, indo mais além da ideia prática e única do fazer e da encomenda, e passa também a ser veículo de expressão, embora em grupos muito pequenos, pois a joalharia contemporânea não tem a mesma dimensão que as outras áreas de expressão plástica, já que ela ainda é bastante desconhecida do público em geral. ···
22 ···
Lúcia – Sim, a joalheria como uma multifacetada e vibrante forma de expressão artística ainda é desconhecida por muitos. Cristina – E a Lúcia acredita que, em termos de resultados e da abordagem que foi feita à joalharia através do projecto que nós lançamos, vai gerar alguma surpresa? Que tipo de receptividade, que tipo de impacto é que poderá ter o público ao confrontar-se como uma exposição deste tipo? Lúcia – Realmente, principalmente aqui será uma surpresa. Tenho uma grande expectativa e acho que teremos muita discussão. Aqui, não temos muitas referências. Guardo comigo o pin “Isto é uma jóia”, feito por você, e quando o uso, sempre me perguntam: “Isto é uma Jóia?” Tenho sempre que explicar, o que não gostaria, mas faço. Pelo menos tento. Cristina – Provavelmente vão ser precisos outros “duzentos anos” para entender parte dos trabalhos que vão ser apresentados na exposição. Mas isso não me assusta, pois acho que é natural. Todos os trabalhos que realmente têm expressão ou que acrescentam algo àquilo que já foi feito, demoram tempo a instalarem-se na mente e na alma das pessoas. Há, de facto uma procura constante da parte dos artistas de se exprimirem e encontrarem soluções para o seu trabalho, que ultrapassem as suas próprias expectativas e que vão ao encontro de um sentido. Por vezes não se consegue, mesmo enquanto artista, atingir esse ponto de satisfação e de realização ao apresentar uma determinada solução que, no fundo, é só uma possibilidade para aquele trabalho. Penso que a reacção que vai surgir no público dependerá e necessitará de um certo tempo de compreensão e de conhecimento, não só da História de Portugal e do Brasil, mas também da História da joalharia no geral, mas essencialmente da contemporânea. Lúcia – Sim, como se fosse o redescobrimento da joalheria, sem fazer uma releitura. É por isso que a ação educativa é muito importante na exposição. A maioria das pessoas não entende este modo de ver e perceber a jóia contemporânea. Vai favorecer, assim, a ···
23 ···
formação de um público que venha a compreendê-la. Situará as questões do desenvolvimento da joalheria contemporânea dentro do universo da cultura portuguesa e brasileira, em toda a sua complexidade e riqueza. Cristina – Eu acho que sim. Agora, penso que o facto de cada artista ter trabalhado sobre questões históricas, sobre peças “reais”, entre outras da época que se está a comemorar, no fundo isso vai ser um incentivo e um estímulo à pessoa que desejar entender o que está à sua frente. Porque há um contexto: por vezes, olhar para determinadas coisas sem contexto dificulta ainda mais esse trabalho, digamos, de compreensão da parte do público. O contexto da exposição, toda a inserção deste projecto em algo muito concreto, o próprio local, vai inspirar e motivar o público a interessar-se. O público que vai visitar uma exposição deste tipo é muito abrangente, não específico de artes plásticas, design ou joalharia contemporânea; é um publico que vem de outras áreas e que visita a exposição por se inserir no âmbito das comemorações. Isso é uma mais valia e é muito importante para sensibilizar novos públicos para um trabalho que é de facto da maior importância. Lúcia – Semear, fazer pensar, porque essa jóia foi criada, para quê? Para passar uma idéia. Por isso aposto na ação educativa. Cristina – Concordo, concordo... A didáctica é sempre muito boa. Com este projecto, foi necessário mergulhar na história e entender todo um percurso, neste caso de dois povos que se confrontaram e se influenciaram ao longo dos tempos, mas especialmente a partir desse “encontro” em 1808. Como se estivéssemos a formar um novo corpo, ao juntarmos um artista português com um brasileiro. Nesse momento diria que foi mesmo um parto. Lúcia – Realmente foi um parto: a escolha dos pares e qual a peça que seria dada como inspiração. Escolhi joalheiros que moram no Rio, afinal, foi aqui onde a família Real fixou residência. A partir das imagens de inspiração escolhidas e cada uma com sua lista de joalheiros, íamos fazendo os pares. Tudo fluiu de uma forma maravilhosa. ···
24 ···
Cristina – Quando nos confrontámos com dois grupos e formámos os pares, isso foi ao encontro da raiz do projecto e das próprias comemorações. Mais uma vez confrontou-se Portugal e Brasil, tal como a própria “ida”, em que os dois povos tiveram de se encontrar/ confrontar quase de uma forma impositiva. Sabe-se como reagiram os brasileiros ao ver chegar os portugueses. Por exemplo, a forma como se vestiam: em 1808 as mulheres portuguesas, devido ao calor, às intempéries da viagem e à praga dos piolhos, tiveram de rapar os cabelos e colocar enormes turbantes. À chegada, ao vê-las, as mulheres brasileiras acharam lindo e sentiram uma necessidade de cortarem os cabelos e colocar, igualmente, turbantes nas cabeças. Muitas vezes são essas contrariedades e imposições que determinam novas tendências e influências. Ao darmos uma determinada peça a uma pessoa e não outra, ao colocarmos aquela pessoa e a outra num par, foi todo um jogo. Uma série de pecinhas colocadas num tabuleiro determinou certos resultados e não outros. Isso, nós por vezes não conseguimos explicar. E, essa parte inexplicável, depende da nossa intuição, e sente-se um enorme prazer porque naquele momento flui, e faz sentido. Mesmo o trabalho e a equipa que formámos marcou a diferença e criou toda uma sinergia, uma dinâmica. No final, todas as pessoas incorporaram a sua peça de uma forma extremamente interessante. Lúcia – Lembro muito bem do dia da entrega das imagens aos portugueses. Aconteceu na casa do Chico Aragão, com a presença dos Embaixador do Brasil em Portugal, Celso Marcos Vieira de Souza e senhora Ana Lúcia. Foi show! Os brasileiros receberam as imagens de inspiração depois dos portugueses. Foi no Museu Histórico Nacional no Rio, local que abrigará a exposição. Estavam presentes o Cônsul Geral de Portugal no Rio de Janeiro, António Almeida Lima, e sua senhora Vanda, a Directora do Museu, Vera Tostes, e o Sr. Arlindo Catóia Varela, ex-presidente da Câmara Portuguesa de Comércio e Industria no Rio de Janeiro. À medida que os participantes iam recebendo as imagens, eu percebia satisfação da parte de todos. Aceitaram, a meu ver, com bom grado e ninguém pediu para trocar. ···
25 ···
Cristina – Todos sentiram que aquela peça era a sua e trabalharam para ela com toda a energia. Lúcia – E a maioria dos joalheiros brasileiros não conhecia os joalheiros portugueses. Foi o início do intercâmbio. Cristina – Cada um apreendeu a sua peça, incorporando-a. Ninguém se descaracterizou por querer ir ao encontro da peça, foi muito mais trazer a peça ao encontro do seu objectivo. Lúcia – Sim. Percebi isso aqui também. Alguns dos joalheiros brasileiros já haviam exposto seus trabalhos em Lisboa, mas a maioria não conhecia os trabalhos dos parceiros. Uma coisa que me chamou a atenção foi que, a meu ver, nenhum artista se comunicou ou trocou ideias. Porque será? Cristina – Nós tivemos esperança que fosse estabelecido um intercâmbio, mas acho que foi difícil cumprir com esse objectivo. Porque ninguém sentiu esse impulso. Ou porque teve receio de influenciar, ou ser influenciado, e não sentiu espaço para escrever e questionar: como está a fazer? o que está a fazer? Não por falta de vontade, mas sim por receio de se influenciarem, de interferirem no processo criativo um do outro, penso que foi basicamente isso. Mas acredito que seria interessante motivar a discussão do par, depois de cada um já ter tido conhecimento do que o outro fez e de já estar concluído o trabalho. Lúcia – Acho excelente a idéia. Que tal marcarmos uma reunião on line, pode ser interessante. Agora, com os trabalhos prontos, dá para perceber o resultado, que por sinal está surpreendente. Cristina – A mais valia que fica desta exposição foi a realização do projecto, em vez de uma mera escolha de trabalhos representativos de diferentes autores. A própria exposição vai ser testemunho dessa via da joalharia de autor e da joalharia contemporânea, enquanto expressão plástica e individual. ···
26 ···
Lúcia – Para mim também está sendo super interessante. E ao ver os trabalhos executados pelos joalheiros daqui, percebo quanto foi importante para todos. Cada um interpretando sua proposta de forma original, com excelente resultado, e a interação, da parte deles, na seção fotográfica também retrata isto. Cristina – A ideia de retratar os artistas com as suas jóias foi uma necessidade de documentar fisicamente os dois grupos. Gostamos e aprendemos ao olhar para os retratos da época de D. João VI, de D. Carlota Joaquina e de toda a Corte, ao observarmos o modo como estão vestidos e as jóias que transportam. São de facto documentos históricos que nos dizem muito sobre a época. Com o tempo, o catálogo desta exposição terá o papel de documentar a nossa época, não só através dos trabalhos das peças, mas também das pessoas. As pessoas complementam muito aquilo que é o seu trabalho, seja com o seu olhar, seja na sua pose, seja na forma como incorporam a sua própria jóia. O facto de ter ou não a jóia no corpo, tudo isso exprime uma atitude e é um complemento e um acréscimo neste projecto. A presença do próprio artista e a forma como está retratado fecha com chave de ouro e documenta de uma forma muito rica todo o conceito da exposição. O trabalho do fotógrafo C.B. Aragão e dos artistas que foram retratados humanizou as jóias. E esse aspecto é muito positivo. Lúcia – Não tenha dúvida. Com certeza, foi uma experiência e tanto para todos. Bem diferente do que estão acostumados a fazer aqui. Geralmente nos catálogos aparece apenas uma foto da peça. Cristina – A fotografia do C.B. Aragão cria um diálogo com o artista que ultrapassa o previsto e passa para o campo do inusitado. Cada artista, quase inconscientemente, se dispõe ao fotógrafo e ao que o motiva, o subconsciente na sua jóia, acabando o retrato por acrescentar algo não só de si, mas também do seu trabalho. Lúcia – E assim tudo fica completo. Um trabalho de uma grandeza que nem eu imaginava. ···
27 ···
A Chegada Cristina – No colar da Dulce Ferraz há uma “diluição” dos topázios do colar de referência, uma representação dos seus contornos, do seu brilho, através de uma forma completamente depurada e minimal, com uma dinâmica do jogo de contorno e de transparência. E, de repente, temos uma peça igualmente de uma beleza muito grande, mas que não é ostensiva. A pessoa coloca a jóia e não se repara nela da mesma forma, pois há todo um outro propósito e intenção. Quando lemos a sua sinopse, apercebemo-nos da forma como ela desmonta a peça de inspiração, e em vez de falar do valor, fala-nos neste caso da problemática de quem trabalhava nas minas, da escravatura de toda essa “humanização” que a torna possível. Fala do outro lado, e de quem procurava o diamante e o topázio. Até que ponto é que se poderia fazer um colar que é quase como um esqueleto? Este colar é uma radiografia do colar de referência, que nos remete para a sua história, em termos da sua produção e manufactura. Lúcia – O colar da Ana Videla mostra também uma atitude, uma forma de se expressar. Cristina – E o material que a Videla utiliza é plástico reciclado? Lúcia – Não, é um plástico holográfico. Para mim também foi novidade. Cristina – É um material pobre? Lúcia – Sim, não é um material nobre. Ela cortou o plástico como se fossem gemas facetadas. Cristina – Não é muito diferente da representação do colar da Dulce. Neste par não é contrastante a diferença, e ambas tentam representar o brilho. E é interessante o facto de as duas terem usado o plástico? Lúcia – Sim, e acho que nem trocaram idéias. Cristina – No fundo os materiais são os mesmos, a prata e o plástico. ···
28 ···
Lúcia – Sim. Engraçado, não me lembro como surgiu a ideia da peça ser fotografada na cabeça da Ana. Tem tudo a ver: o refletir, o pensamento, conforme a proposta dela. Ficou parecendo uma aura. Cristina – O Hugo Madureira trabalhou a partir dos trémulos do Museu Nacional de Arte Antiga e estabeleceu uma ponte com a Carlota Joaquina – a partir de uma imagem da rainha com um conjunto de trémulos e adornos na sua cabeça, que fornecemos como ilustração dos Trémulos de referência. Ele cria esses chapéus de papel, um chapéu popular, mas que quando vimos na fotografia passam a ser autênticas gemas lapidadas; é uma presença fortíssima o brilho do contraste que este papel de lustre dá e a forma exímia e rigorosa com que ele a dobrou. Há uma familiaridade, há uma comunhão com a lapidação da pedra que, provavelmente, ele não teve intenção quando a estava a fazer. Ele próprio disse que esteve horas a cortar papelinhos e a fazer chapéus, que tinham como propósito criar um “movimento carlotista”, um acto mais político e próximo da atitude que a Carlota Joaquina sempre demonstrou ter ao desejar impor o seu poder. É este questionar da jóia enquanto arma e detentora de uma força política que, ao ser reproduzido em massa, nos remete, quase, para uma manifestação... Lúcia – Tudo vai fechando... É um trabalho que vai trazer muitos questionamentos. Já o Francisco Garcia usa materiais nobres; a sua peça é um par de brincos, com gemas. Ele muda a localização do trémulo, passa-os para as orelhas (brincos) e as gemas rotacionam; em vez de só tremer, vira também um mobile. Cristina – A peça da Marília Maria Mira chama-se “Neblina”. Ela fez um contentor de pó de talco para as mulheres que chegaram ao Brasil e se ocultaram; ao ser abanado, cria uma nuvem de pó que impede um reconhecimento e uma visão perfeita da cara das suas portadoras, uma vez que às mesmas lhes tinha sido rapado o cabelo em consequência de uma praga de piolhos durante a viagem. Ela interpretou o pó de talco como um make up; não se aplica na cara, mas estende-se para a atmosfera ao ponto de ocultar a cara da sua portadora. ···
29 ···
Lúcia – Como é interessante, a relação entre o par, Marília e Lívia. O contentor de pó de talco e o espelho são trabalhos que se somam. Cristina – A Lívia Canuto fez o espelho. É uma peça fortíssima. Lúcia – Também acho, o retrato está maravilhoso. A Lívia quer que os visitantes da exposição peguem o espelho e, ao se admirarem, tenham o confronto com a imagem “horrível” da D. Carlota Joaquina, impressa em serigrafia, no espelho. Ao mesmo tempo, o outro lado do espelho é lindo. É o confronto do belo e do feio. Cristina – O Filomeno Pereira de Sousa fez a laça. A sua sinopse resume de uma forma muito interessante a memória da peça. E no seu retrato ele também a incorpora completamente, e na sua ausência retrata-a. Lúcia – Observo, agora, que ele tem as mãos cruzadas junto ao peito, como se fosse uma laça, mãos “entre laçadas”. Show! Cristina – A peça do Ruthner é muito interessante... Lúcia – A medalha feita pelo Rudolf é uma homenagem para a mulher. Tem, em uma das faces, uma mulher menina e do outro lado uma foto da Infanta D. Mariana Francisca Josefa que ostenta nesse retrato a grande laça de esmeraldas. A foto pessoal do Rudolf está desfocada, ficou interessante, dá ênfase à mulher, e deixa o homem em segundo plano. Cristina – A Margarida Matos conseguiu fazer um trabalho dentro da linha que ela está a fazer agora. Lá está, no caso da Margarida e da Bia, escolhemos a peça por influência de trabalhos feitos por elas previamente. Tanto a Margarida como a Bia tinham usado cabelos nas suas jóias. A Margarida ultimamente tem vindo a trabalhar muito sobre relíquias e sobre a memória. Nesta peça fez uma combinação do seu trabalho pessoal e da interpretação do trabalho de inspiração. Ao apropriar-se duma jóia antiga semelhante a este medalhão e incorporando cabelos no seu verso, quase que produz uma réplica contemporânea de um clássico – estes relicários guardam uma memória da pessoa amada, típico costume do séc. XVIII e XIX. ···
30 ···
Lúcia – Sim, tanto uma quanto a outra estão usando o cabelo como material. Linda a foto da barriga da Bia, é um perfeito relicário. Agora a peça da Virgínia Moraes. Cristina – Ela cria uma espécie de alvos e a mosca que está no centro do alvo. Lúcia – Sim, os portugueses acertaram na mosca e ela também! Cristina – Mas o seu par, a Diana Silva, interpretou a peça a partir daquilo que ela representa — um relicário da pessoa amada — mas destituindo-lhe o valor romântico puro. “Amoródio”, título da peça, fala-nos do verdadeiro e do falso, de sentimentos opostos, representando esta dualidade através de pedraria sintética, apresentada em estojos plásticos convencionais onde normalmente são colocadas as pedras para comercialização — o valor intrínseco da pedra usada e a incorporação da sua embalagem plástica, dá ênfase e reforça esse sentido do falso. Os cabelos guardados neste colar relicário deixam de estar imaculados e passam a cinzas, são queimados para, também assim, reforçar o sentimento de fim, contrariando o de permanência e eternidade. Lúcia – Já a peça do Antônio Breves é uma escultura, como um farol, sendo que ela é o suporte da jóia, o quadrante. As duas imagens se completam, é como se ele estivesse empurrando o vento para o quadrante se movimentar. Cristina – A Susana Beirão fez uma bússola chinesa, inspirada na ideia do relógio do anel de referência e na necessidade de orientação ao longo dos tempos. Interessante verificar que ambos são trabalhos muito gráficos e dinâmicos. Em que a função jóia não é a primordial, mas sim a funcionalidade intrínseca que representa. Lúcia – A Bárbara de Crim V. fez a “Insígnia de Iemanjá Rainha das Àguas”. Para ela, a água é uma “jóia” a ser preservada. Na exposição, a jóia será colocada num dos pratos de uma balança, que fica mais alto, e, no outro, um “leve” saquinho com água, que fica mais pesado. Uma inversão de valores. Além disto, ela vai colocar dentro da gaveta da balança um lenço bordado com um poema de Fernando Pessoa. A foto pessoal da Bárbara sugere um grito de socorro, como estivesse pedindo água. ···
31 ···
Cristina – O seu par, a Leonor Hipólito, fez igualmente uma reinterpretação da insígnia do Tosão de Ouro focando-se apenas na figura central e espiritual do carneiro, atribuindo-lhe o valor de “pulmões da peça”. É curioso que a Bárbara de Crim V. fala da água e a Leonor Hipólito do ar e do fogo, criando uma estrutura que remete para o sistema respiratório, com veias, veios e canais; é interessante ver como ambas, de formas tão diferentes, remetem para os elementos da natureza. A força e a intenção simbólica desta peça é, tanto pela Leonor como pela de Crim, recriada de um modo actual e contemporâneo, quer em termos formais quer plásticos. Lúcia – Depois temos a insígnia das Três Ordens Militares, que a Tereza Seabra trabalhou com uma referência familiar. Cristina – A Tereza partiu de um estojo de jóias e de uma insígnia existentes, atribuído a alguém, e fez uma nova insígnia em homenagem a essa pessoa e ao conceito de “virtude”; motivou-se pelo lado simbólico da insígnia e o porquê dela existir ou ter sido feita. Estabelecendo uma ponte entre a sua vivência, uma memória e um conjunto de significados inerentes à peça de referência. Lúcia – O Dirceu Krepel apresentará três pregadeiras, já executadas, que agora são para ele insígnias. As coisas vão se casando... Cristina – Porque a Tereza Seabra também se apropriou de objectos pertença de alguém. No fundo, cada um remeteu o seu trabalho para o seu próprio território pessoal. Lúcia – São três as peças do Dirceu, juntas se completam: uma significa, a viagem, outra a expectativa da chegada e a última a troca, mas no catálogo só aparece uma. Cristina – A Alexandra Serpa Pimentel fez uma interpretação monumental e diferente, tentando ir ao encontro daquilo que já era a sua ideia anterior. Porque, quando inicialmente, lhe falámos deste projecto, mesmo sem saber qual iria ser a sua peça de referência, imediatamente ela definiu uma ideia. Só que, mesmo assim, não deixou de se influenciar pelo Passador da Grã-Cruz, e o modo como montou a sua peça foi ao encontro da estrutura formal desta ···
32 ···
peça que lhe indicámos como referencia. O trabalho que a Alexandra desenvolveu, em termos documentais e históricos, o enumerar do conjunto das sementes, das especiarias que foram levadas de cá para aí, aquando da construção do Jardim Botânico por iniciativa de D.João VI, resultaram numa curiosa e preciosa caixa | manual de botânico, criando uma ambiguidade no valor e no atributo das sementes enquanto jóias, e vice versa. Lúcia – Realmente está show! Já Maura Toshie fez um colar para a mulher contemporânea, com vários símbolos do amor, alimento e trabalho. O colar pode virar uma pulseira, seguindo a mesma idéia do Passador que foi transformado em pulseira, mais tarde, mudando de função. Cristina – A Carla Castiajo realizou uma peça formalmente idêntica à peça de referência, seguindo à risca as suas dimensões. Toda forrada com vidros espelhados, é uma estrela reflectora que concentra em si os atributos de uma medalha honorífica, mas que questiona a heroicidade do seu portador ao incorporar um lado kitsch e banal presente na sua manufactura. A crina de cavalo, patente na corrente que a sustem, intensifica o lado heróico e militar. Lúcia – A Dulce Goettems fez também uma jóia honorífica, com as mesmas características da verdadeira, em uma nova linguagem, mais moderna, inclusive usou para fazer o desenho um programa de computação gráfica (Rhinoseros). Cristina – Então isso é muito interessante, pois vai haver um contraste forte. Lúcia – Da Vanessa, são as castanholas. Cristina – Onde se pode ler uma citação de D. Carlota, Minha vida e meu amor porque me perco por ser tua. E porquê umas castanholas? Lúcia – O porquê das castanholas? D. Carlota era espanhola; Vanessa se inspirou nas cartas escritas por ela, daí a frase escrita. Achei interessante o Chico fotografar as castanholas nos olhos. Cristina – Por outro lado, tendo também como referencia a pintura onde a Rainha D. Carlota Joaquina insinua a medalha com o retrato de D.João, “Espelho teu” de Manuel Vilhena ···
33 ···
fala-nos do modo como uma jóia pode intensificar os afectos e servir de veículo de comunicação entre um par. Lúcia – O Willian fez um adorno de cabeça e mais umas pregadeiras para serem usadas junto à peça. Esta proposta tem a ver com a saída do mundo antigo (rendas de bilros – tesouro português) para um mundo de novidades (chapéus de ouro com formas, pedras e lapidações novas) e também com o fato de D. Carlota adorar o exagero. Para a execução do adorno de cabeça Willian contou com a colaboração da rendeira portuguesa Rosa Avelar, em Peniche (Portugal), para fazer as rendas de bilros. Já as pregadeiras foram realizadas em atelier no Rio de Janeiro. Cristina – Penso que os dois trabalhos estão bastante próximos. Ambos se centraram na figura e no carácter de D. Carlota Joaquina. A Rita acaba por dar ênfase ao lado de ostentação e ambos consideraram a Carlota Joaquina como a destinatária das suas peças. Mas utilizam recursos e linguagens bastante diferentes. A Rita usa o nylon e faz questão que seja um material pobre com todos os reflexos de um brilho dos diamantes, no que se aproxima da peça de referência. A peça pretende ser a coroa desejada da Carlota! Irónica a forma como foi retratada com a coroa a tapar o rosto. Mais uma sugestão do fotógrafo, mas que de facto a torna orgânica, quase mutante: uma jóia que emerge do rosto, um rosto que se transforma em jóia!? Lúcia – A peça está linda e a foto tirada pelo Chico, idem. Cristina – No caso do Willian ele tenta mesmo encontrar um material requintado, delicado, é mais um clássico, enquanto a da Rita desmonta mais esse lado tradicional e clássico, é mais ambígua, mas os resultados convergem. Lúcia – E o Artur... Cristina – O Artur apropria-se da barra de ouro e não altera nada. Ou seja, após 200 anos a barra de ouro continua aqui a ter a mesma conotação de valor, a mesma “beleza”. O que muda é o facto de hoje podermos atribuir a um lingote a função e o carácter de jóia e podermos até considerá-la como tal, pois analogamente ele atribui a uma barra de ouro os valores e quali···
34 ···
dades estéticas intrínsecos a uma jóia propriamente dita. A palavra “Aurora” puncionada no lingote remete-nos para Aurum (ouro) e para os primeiros raios de luz ao amanhecer... Como um poema, a peça indica o seu potencial, bem como a sua beleza e destino. Lúcia – O Marcius fez uma escultura que, ao ser desmembrada, as partes viram pendentes! O interessante é que ele nunca havia feito uma jóia! Ele é escultor e para mim os trabalhos dele são verdadeiras jóias. Por isso o convidei para participar, sabia que ele executaria um excelente trabalho. Cristina – A Ana Albuquerque concentrou-se nos valores e nas qualidades do ouro de uma forma muito conceptual, atribuídos neste caso à manipulação do ouro, à sua extracção, aferição e fundição. Traduziu isso de uma forma muito minimal nestes três anéis, que são básicos na sua composição formal, mas extremamente complexos na sua manufactura e que, em tensão, guardam três elementos: o ouro, o diamante e o seixo que lhe dão ênfase. São de uma simplicidade simbólica, de um rigor e de uma beleza muito grande. A forma como ela se retratou foi da sua escolha: inserir–se no elástico e criar esta tensão idêntica à mesma que criou para os seus anéis, individualmente. Lúcia – Tanto a peça da Kate (Cathrine Clarke) quanto a da Ana têm uma composição elegante e as duas usaram as mesmas referências, a extração do ouro. A da Kate possui elementos que balançam quando usada no corpo, e as da Ana são estáticas. Cristina – E temos a peça da Inês Sobreira que vai, mais uma vez, referenciar-se na História. Formalmente, esta corrente que se encerra dentro deste contentor relicário representa todas essas pessoas que deram a vida a trabalhar nas minas de ouro. Um relicário enquanto homenagem: extremamente interessante a realização da peça, a opção dos materiais, ilustrando muito bem a sua referência. Não é uma peça em que eu reveja a Inês, é mais uma peça que ela fez especificamente para o projecto e foi muito influenciada no seu trabalho pela peça de referência. Lúcia – A Valéria Tupinambá também fez um relicário. Dentro deste tem um frasquinho de vidro que contêm areia do mar, do local onde a Família Real Portuguesa desembarcou aqui ···
35 ···
no Rio, em 7 de Março de 1808. E quando a peça for para Portugal, ela acrescentará areia do local de onde eles partiram. Uma idéia brilhante. Cristina – E a Jeanine, quem é o par dela? Lúcia – vandanuno. Cristina – A coroa tem duas interpretações completamente diferentes. Enquanto a da Jeanine é uma recriação formal e figurativa, a de vandanuno é mais simbólica e intimista. É muito interessante falar desses dois lados da coroa. Lúcia – Realmente são interpretações diferentes. Muito forte o colocar da coroa no local do coração. Minha sugestão para as coroas da Jeanine é que sejam colocadas em cima de almofadas, conforme eram colocadas na época de D. João. Os reis de Portugal não usavam nessa época coroa na cabeça, só passaram a usar mais tarde, aqui no Brasil. Cristina – O sinete é de...? Lúcia – Key e João Martins. Cristina – Claro, claro. O João recriou numa só peça as três variações apresentadas nas jóias de referência, sempre do seu modo minucioso e cuidado. As três variações de sinetes apresentadas são aqui agregadas, constituindo uma peça versátil e dinâmica, pronta a ser usada por um potencial proprietário. E o Key? Lúcia – Fez várias pulseiras montadas como uma escultura. Um trabalho primoroso; cada uma ilustra as mudanças e momentos marcantes de nossa História. Cristina – A Rita Ruivo e a Aglaíze complementam-se muitíssimo bem. As duas fizeram o mesmo tipo de interpretação, mas com traduções diferentes. Vendo uma e outra, ambas criaram uma personagem e é muito engraçado que a Rita, que desejava criar aquela personagem meio louca e meio kitsch, quase uma rainha “sem abrigo” — que nós optámos por não eleger como retrato pessoal – vai ao encontro da personagem e da peça da Aglaíze, a tal rainha louca que se enrola num trapo. A Aglaíze, sem saber, ···
36 ···
acaba por fazer a peça que a Rita tanto quis retratar e incorporar. Mas no seu caso sendo mesmo a própria peça. Lúcia – Achei uma loucura de máscara. Cristina – Muito genuína... Lúcia – Sim. Impactante! Cristina – E o broche da Rita Ruivo, sendo completamente kitsch e falso, vai muito bem ao encontro da interpretação da Aglaíze. Formam um par muito uno. As duas, sem saber, estão em perfeita sintonia. Lúcia – Agora a da Beth (Elizabeth Franco). Na foto pessoal ela aparece, para mim, como se fosse uma maga. O objeto de inspiração é a tabaqueira. Foi difícil mostrar na foto a funcionalidade do seu objeto. Ela questiona os prazeres e sentidos. É uma caixinha com compartimentos, como para pílulas, e quando a tampa rotaciona, uma hora mostra qual o sentido que te aprisiona e outra o esconde... Cristina – O seu par, a Madalena Avellar, fez três peças para D. Pedro e a sua mulher, D. Leopoldina, retratados numa miniatura na tampa da tabaqueira de inspiração. Uma das peças, o colar, remete para as plantações de grão de café, planta acabada de chegar ao “Novo Mundo” e que inspirou um dos símbolos da primeira bandeira do Brasil. A prata representa as folhinhas das plantações e as coralinas os próprios grãos. Depois fez um anel com as letras da palavra PEDRO, em que cada letra é representada por uma pedra, cujo nome se inicia por essa mesma letra. Há uma terceira peça, que é uma Chatelaine, que ela fez para a D. Leopoldina, pois uma das suas paixões era a jardinagem, e com esta Chatelaine ela poderia cuidar do seu jardim e das suas plantas. Lúcia – Sobre a escrita com as gemas, utilizada na peça da Madalena, a Luísa Penalva e o Rui Galopim comentaram a forma de escrever com gemas quando estivemos numa reunião no Museu Nacional de Arte Antiga. Muito interessante. ···
37 ···
Cristina – A Manuela de Sousa e a Paula Mourão trabalharam a partir do colar que D. Pedro ofereceu à sua amante, D. Domitila. Uma gaiola e uma cama, ambos símbolos nostálgicos e românticos de quem está aprisionado nos seus amores. A gaiola | pendente da Manuela, enquanto guardadora de um coração que tem escrito na corrente que a sustem a palavra “AMOR”. Lúcia – A Paula fez um porta-jóias em formato de leito; no colchão está estampada uma carta de D. Pedro para Domitila. A foto pessoal da Paula representa o sonho de Domitila não concretizado. Cristina – “Penso” como verbo e o objecto “penso-rápido”: a Inês Nunes tentou reflectir sobre o “desaparecimento das jóias”, a ausência, a ferida que ficou. Mas por outro lado, o trabalho tem uma leitura muito lúdica e ambígua, pois refere o jogo, a brincadeira, o falso e o efémero da jóia que se cola ao corpo, mas também remete para o mais profundo e mais sério através da metáfora da cicatriz. A jóia que já não existe e que sob a forma de adesivo cirúrgico cobre a ferida. É um lado mais poético e nostálgico. É importante que este dois pólos fiquem implícitos, subtilmente implícitos. Lúcia – Letícia se inspirou nos lustres da época. Executou um colar que é composto de uma série de elementos florais que podem ser desmembrados e usados de acordo com a vontade do usuário, resultando numa composição de grande impacto. Em vez de crisoberilos ela usou vidro de garrafa e copos em tons de verde. Cristina – É interessante a sua versatilidade, o modo como está construída e a forma como insere o vidro de garrafa, sugerindo a cor dos crisoberilos. Qual é a peça da Regina Boanada? Lúcia – Um colar, usa como referência as ferramentas do Tiradentes. Também fez um suporte de madeira, muito lindo, e que foi todo esculpido por ela. Não aparece na foto, só na exposição. Cristina – E quem teve esta ideia de ela enrolar-se na corda? ···
38 ···
Lúcia – Ela havia trazido a corda, mas ao ficar esperando a hora para ser fotografada, ficamos brincando de enrolá-la com a corda. Ficou super engraçado e ela acabou sendo fotografada assim. Cristina – E os frasquinhos ? Lúcia – São gemas, green gold e ametista e jarina ou marfim vegetal, semente de uma palmeira da floresta amazônica que possui as propriedades do marfim de origem animal. Cristina – A caixa relicário que guarda os dentes que o Tiradentes arrancava, mais os dentes em ouro, as coroas que as pessoas iam inserindo na sua substituição, é assim algo bem soturno, bem ao gosto e na linha da Teresa Milheiro. Lúcia – Adoro os trabalhos dela, são sempre impactantes. Chocam e por isso mexem conosco e nos fazem pensar, questionam. Cristina – E por fim, temos os leques da aclamação, em que o par Mana Bernardes e Nininha Guimarães dos Santos fizeram uma leitura e interpretação da História muito idêntica, embora formalmente sejam bastante diferentes. Lúcia – Nininha tráz em seus trabalhos sempre uma surpresa, ela é múltipla, ousada, e neste trabalho ultrapassou minhas expectativas. Mana também tem atitude! Seu trabalho é meticuloso e, como ela comentou, “elaborado com total liberdade de criação”. Cristina – Ambas encerram este projecto com um tributo aos dois povos, às pessoas que se encontraram, se misturaram e se multiplicaram. E se o leque da Nininha incorpora o homem e as diferentes culturas, o “arco-íris da Mana” é como um pano de fundo representando o universo! Lúcia – Os dois são leques poéticos e metafóricos. Cada uma com sua própria forma de expressão, ao aclamar a história. Muitas conversas se sucederam e sucederão... Lúcia Abdenur e Cristina Filipe continuam esta viagem, ficando ainda um oceano inteiro para nadar. ···
39 ···
···
40 ···
D. João VI e D. Carlota Joaquina: Jóias em Tempos de Mudança
A
partida da Corte portuguesa para o Brasil a 29 de Novembro de 1807, encerra uma aura de mistério e de polémica, tanto nas suas verdadeiras intenções, bem como, e sobretudo,
nas suas consequências. D. João VI e sua mulher, D. Carlota Joaquina, foram protagonistas de um dos momentos mais dramáticos da História de Portugal, história essa que começa anos antes com o casamento de um príncipe português com uma princesa espanhola, reforçando política e diplomaticamente o destino destas duas potências Europeias. Este casamento real surge na sequência de uma politica de casamentos seguida pelas famílias reinantes e que tendia a reforçar alianças por laços matrimoniais, bem como garantir a sucessão de descendência comum. As trocas de príncipes e de princesas por casamentos entre os descendentes das famílias reinantes foram sempre acompanhadas por intensos e complicados cerimoniais e festividades, sempre seguindo um protocolo no qual se incluía a troca de presentes entre os noivos e as comitivas que os acompanhavam, tornando-se estes veículos de transmissão de gostos, costumes e modas. O ambiente de corte, regulado por um minucioso protocolo, destinava-se a projectar a imagem dos soberanos e de todos os que os rodeavam como figuras de poder, pelo que as jóias se tornaram instrumentos fundamentais para esse fim. Ao debruçarmo-nos sobre o período que decorre entre o momento da partida da corte portuguesa, rumo ao Rio de Janeiro, até ao seu regresso a Portugal, já em 1821, conseguimos constatar enormes mudanças políticas e sociais, de mentalidade e de gostos. Ventos de mudança percorriam a Europa, o novo gosto neoclássico
Retrato D.Carlota Joaquina Portugal, séc. XVIII Palácio Nacional de Queluz foto: Paulo Cintra/Laura Castro Caldas
rebelava-se contra as frivolidades do rococó. São, talvez, os viajantes estrangeiros, que visitavam Portugal no dealbar do século XIX, que melhor observaram os aspectos diacrónicos e ···
41 ···
o desfasamento em relação às modas prevalecentes no resto das cortes europeias. As descrições, muitas vezes de crítica à corte portuguesa, aos seus costumes e, sobretudo, aos seus soberanos, deixam-nos antever um retrato, por vezes, pouco favorável, se atendermos ao que seria considerado “à la mode” nos inícios do Oitocentos. São mordazes os comentários que a famosa Marquesa de Abrantes, embaixatriz em Portugal antes da invasão e casada com o General Junot, íntima de Napoleão, nos faz seu diário escrito muitos anos depois de ter estado em Portugal. Por vezes muito ácida, mas também cirúrgica, Laura Junot, a Marquesa de Abrantes, na obra que publicou sob o título “Le Portugal il y a cent ans: souvenirs d’une ambas1 Le Portugal il y a cent ans: souvenirs d’une ambassadrice annotés d’après les Documents d’Archives et les Mémoires / [ed. lit.] Albert Savine por Abrantes, Duquesa de, 1784-1838; Savine, Albert, 1859-1927, ed. Lit, p. 160.
2
Tradução da autora
sadrice” 1, anota com cupidez referências às jóias que D. Carlota Joaquina e as suas damas de companhia ostentavam nas poucas vezes que se encontrou na presença da soberana. Laura Junot, que nutria uma verdadeira e acirrada antipatia pelos soberanos portugueses, descreve a Rainha com comentários muito pouco lisonjeiros, não deixando contudo de chamar a atenção para as extraordinárias jóias que D. Carlota Joaquina ostentava. Assim, comentando uma
ida ao Palácio de Queluz aponta: “…os seus cabelos semi frisados estavam penteados à grega, ornados de uma profusão das mais admiráveis jóias em pérolas e em pedras preciosas que eu vi até então…”2. Essa profusão e a apetência por ricas jóias são bem patentes nos múltiplos retratos de D. Carlota Joaquina que chegaram até aos nossos dias. Mas neste comentário tão depreciativo da embaixatriz apercebemo-nos da prevalência de um gosto ainda muito pesado, muito trabalhado e, sobretudo, excessivo, que se prolongava ainda em finais do século XVIII e no qual a ostentação e o excesso se sobrepunham à leveza, elegância e sobriedade que Laura Junot trazia da corte imperial francesa. Quando as comissárias desta exposição, Cristina Filipe e Lúcia Abdenur, solicitaram que seleccionássemos da colecção de joalharia do Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA), peças ···
42 ···
que, de alguma forma, testemunhassem o espírito e o gosto deste período, na nossa pesquisa constatou-se um facto que nos parece muito interessante: o gosto ou a moda à data da ida da Corte Portuguesa para o Rio de Janeiro não era o mesmo aquando do seu regresso a Lisboa. Mas não era apenas uma alteração de modas, pois seria natural que nesse período de tempo muita coisa mudasse, era sim o espírito e todo um conceito de vida que se tinha alterado. Assim, tomámos a decisão de tentar, de alguma forma, que essa escolha fosse um reflexo dessa mudança, dessa evolução e, no fundo, um espelho das alterações políticas e sociais do conturbado início do século XIX. É por este motivo que optámos por seleccionar não apenas peças do MNAA, mas também do acervo de outros museus e Palácios para mais claramente, mostrar o que D. Carlota Joaquina e seu rei, D. João VI, usaram ou poderiam ter usado durante aquele período. São peças que percorrem um período mais lato do que propriamente a ida e volta da corte ao Brasil, mas são também peças que, de alguma forma, pelo seu simbolismo se relacionam com este período. Como testemunhos desta primeira fase e reminiscências do século anterior, de um gosto rococó já tardio, segundo a evolução da moda europeia, foram seleccionadas jóias do acervo do MNAA para inspiração dos joalheiros contemporâneos portugueses e brasileiros. O colar (MNAA inv. 6 Joa), de dupla volta cravejado com grandes e vistosos topázios é um importante testemunho da grande apetência das damas de corte por este tipo de gema, de cor saturada e imperial. Também os pequenos trémulos em forma de borboletas (MNAA inv. 318 Joa, MNAA inv. 440 Joa, MNAA inv. 213 Joa), cravejados com pedras coloridas e destinados a ornar as elaboradas cabeleiras das senhoras da corte misturando-se com outras jóias em forma de flor, comporiam, assim, um jardim colorido que brilharia à luz quer natural, quer das velas. Este sentido feminino é bem patente numa pequena caixa de pó de arroz (PNA inv. 52172), em ouro elegantemente moldado, e que ostenta no topo uma pequena miniatura com o retrato de uma senhora no toucador. Também foi seleccionado o retrato da Infanta D. Mariana Francisca ···
43 ···
···
44 ···
Josefa, segunda filha do rei D. José I e de sua mulher, D. Mariana Vitória e uma grande laça de esmeraldas (PNA inv. 4779), memória dos enormes ornamentos de peito tão ao gosto de Setecentos. A Infanta D. Mariana Francisca Josefa partiu para o Brasil aquando da deslocação da corte portuguesa. Da sua memória resta-nos este seu retrato no qual se destaca a representação da uma desmesurada laça em esmeraldas e diamantes. Esta jóia teve uma história e um destino atribulado pois D. Mariana Francisca Josefa, dama muito piedosa, ordenou a sua venda para custear a fundação de um convento. No entanto, por intervenção do rei, a jóia não chegou a ser vendida, tendo integrado o Tesouro da Patriarcal, em Lisboa, após a vinda do Brasil da Corte portuguesa. Terá sido apenas em meados do século XIX que voltou a ser recuperada para o Tesouro da Casa Real. Já no reinado do rei D. Luís, sua mulher, a rainha D. Maria Pia, grande apreciadora de jóias, pediu ao ourives da Coroa, Estêvão de Sousa, que transformasse esta laça num adereço mais ao seu gosto, adereço esse composto por colar ou diadema, brincos, alfinete de peito, pulseira e travessa. Em meados do século XX, o ourives José Rosas Júnior, recuperou definitivamente a forma quase original da laça, permanecendo hoje como memória dos grandes ornamentos de peito elaborados durante o período de Setecentos. Mas, definitivamente, o gosto mais suave, mais elegante e requintado de um neoclássico ditado pela corte francesa começou a chegar a Portugal e, desta nova leveza, são reflexo algumas peças do acervo de miniaturas e de joalharia do MNAA. O sentido de memória, de recordação de alguém querido, já na linha da sentimental jewellery que se desenvolveu ao longo do século XIX, é bem patente no anel (MNAA inv. 929 Joa), no qual observamos uma elegante senhora D. João VI – Retrato miniatura Portugal, séc. XIX (1801–1810) Marfim ø 57 mm Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa, inv. 223 Min foto: José Pessoa (DDF/IMC)
com traje de linhas Império que, num primeiro olhar aparenta um desenho algo ingénuo no seu sépia sobre fundo muito branco. Mas se atendermos à legenda que contorna o perímetro da mesa do anel, todos os enganos e desenganos se esclarecem de imediato. Ficamos, não apenas elucidados de que se trata ···
45 ···
···
46 ···
da “Figura do meu bem formada pelos seus cabelos”, mas espantados, pois somos esclarecidos que se trata de um anel masculino. Este anel, datado dos finais do século XVIII, forma conjunto com uma miniatura (MNAA inv. 91 Min), no qual a retratada nos devolve um olhar melancólico. A miniatura representa uma jovem senhora, cujo traje e penteado remete para o início do século XIX, tendo no verso deste medalhão uma bela mecha de cabelo artisticamente disposta. Esta atmosfera privada e intimista é também reconhecível num pingente (PNA inv. 52210), em forma de esfera de cristal de rocha, que ostenta numa das faces uma mosca colorida por uma série de gemas, mas da qual se distingue, na sua transparência, uma mecha de cabelo muito loira. Sendo uma peça de fabrico mais tardio, não deixa de relembrar uma época em que as memórias faziam-se de pequenos apontamentos muito pessoais, guardados junto ao peito. Mas, ainda com o mote comum de peça para uso masculino, sugerimos um pequeno, mas interessantíssimo anel da colecção de joalharia do MNAA (MNAA inv. 883 Joa), no qual um pequeno relógio com seu mecanismo e chave fazem as delicias de quem o observa no museu. São jóias que reflectem um mundo masculino mais discreto, mas não menos refinado que o feminino. Também não é possível ficar alheio ao património das jóias reais que o Palácio Nacional da Ajuda possui e que são bem reflexo da grandeza e glória da corte portuguesa. Algumas destas peças foram seleccionadas, pois são significativas das riquezas que nos chegaram das minas brasileiras, bem como símbolos de um poder absoluto. O Tosão de Ouro (PNA inv. 4774), fabricado pelo grande ourives Ambrósio Gotlieb Pollet, em 1790, é uma das mais extraordinárias peças da colecção não só pela sua riqueza e dimensão Retrato de D. João VI Domingos António Sequeira (atr.) Portugal, séc. XIX [1818-1826] 131,5 x 111,5 x 8 cm Palácio Nacional da Ajuda, Lisboa, inv. 4115 foto: Manuel Silveira Ramos
das gemas, mas também pela sua própria dimensão. A Ordem do Tosão de Ouro foi criada em 1429-1430 por ocasião do casamento de Filipe o Bom da Casa de Borgonha, com a Infanta D. Isabel de Portugal, filha de D. João I. Desde o início foi uma ···
47 ···
ordem de distinção para dignitários de casas reais e da alta nobreza europeia. Nesta peça encontramos não apenas o simbolismo do poder político e de uma elite de poder, mas também está bem patente as possibilidades de acesso aos mais belos diamantes. D. João VI, na pintura de Domingos António de Sequeira, surge como paradigma dos “senhores dos diamantes”, tal como os portugueses são referidos nos documentos da época. Sobre o seu traje de grande aparato sobrepõem-se as extraordinárias insígnias das Ordens Militares, minuciosamente representadas, das quais se destaca o Tosão de Ouro, não deixando dúvidas quanto a serem as que integram o acervo do Palácio Nacional da Ajuda. Interessa também, chamar a atenção para uma pequena miniatura, um retrato de D. Pedro (MNAA inv. 190 Min), menino, de grandes olhos sonhadores, quase adivinhando o que o destino lhe reservava. O seu uniforme engalanado, as múltiplas insígnias que pesam no seu peito, a pose adulta, tudo evidência o seu berço, o seu destino e o peso da sua responsabilidade. Para além do Tosão de Ouro sobressai, nesta pequena miniatura, a Insíginia das Três Ordens, cravejada com um grande numero de rubis, esmeraldas e diamantes destacando-se, entre estes alguns de dimensão e qualidade excepcionais. Mas outras insígnias foram seleccionadas, tais como um Passador de ombro de Grã-Cruz (PNA, inv. 4795), criado no Brasil, mais precisamente no Rio de Janeiro, em 1811, tudo levando a crer pela mão de António Gomes da Silva. Uma peça deste tipo pode ser observada no ombro de D. João VI, numa pintura que se encontra no Museu Nacional dos Coches. Por fim, não seria possível deixar de mencionar a Ordem da Torre Espada. O conjunto que se guarda no PNA, (PNA inv. 4783 e 4783/A), é composto por um colar, uma placa, a insígnia e a Banda da Ordem, todas encomendadas em 1813 ao ourives António Gomes da Silva, estabelecido no Rio de Janeiro (nota rodapé, TR p. 147). No que diz respeito ao universo feminino, num retrato, da rainha D. Carlota Joaquina, esta ostenta com soberba uma ···
48 ···
Retrato do Príncipe D. Pedro (futuro D. Pedro IV) Tempera e marfim Portugal, séc. XIX (1801–1810) ø 61 mm Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa, inv. 190 Min
···
49 ···
miniatura na qual surge retratado o seu marido, o rei D. João VI, (PNA inv. 41367). Esta atitude não é inocente, já que o retrato do rei funcionava como uma insígnia que justificava o seu destino como rainha, de Portugal e de todo um Império. Não se pode deixar de observar o gesto de colocar a jóia sobre o coração, quase como uma ironia, dadas as terríveis notícias que temos das relações desavindas deste casal. Tal como referimos, é sobre esta personagem real que Laura Junot escreveu, relatando as extraordinárias jóias em diamantes e pérolas que caracterizavam o gosto da rainha. Essas jóias ainda foram muito usadas durante a estadia da Corte Portuguesa no Rio de Janeiro, sendo retratadas em várias gravuras de Debret nas quais podemos observar toucados de várias senhoras cujos penteados chamam a atenção pela quantidade e dimensão das jóias neles aplicados. São jóias ricas, cravejadas de belos diamantes, tais como o ornamento de cabelo do acervo do Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA inv. 1197 Joa), cuja composição formada por três plumas sobre uma armação rendilhada, conferelhe uma leveza apenas contrariada pelos grandes diamantes. É neste ponto que nos compete debruçarmo-nos sobre as peças tomadas como referência no acervo do Museu Histórico do Rio de Janeiro e no Museu Imperial, em Petrópolis. As peças a que tivemos acesso não apresentavam uma coerência que permitisse uma selecção com os mesmos critérios aplicados à escolha em Portugal. Não que o património destes museus não seja vasto e rico, mas foi precisamente essa riqueza que nos levou a considerar a variedade e a diversidade como opção alternativa, que, pensamos, só enriqueceu este projecto. Assim, seleccionámos não apenas jóias que de uma forma ou de outra se relacionassem com a época dos acontecimentos, mas também uma série de objectos que, quer pela sua tipologia quer pelo seu simbolismo, nos transportassem novamente para este período tão tumultuoso e, simultaneamente, tão interessante. O nosso percurso inicia-se com o ouro. O ouro, uma das maiores fontes de riqueza do solo brasileiro, que em tão grandes quantidades afluiu ao nosso país, surge assim numa barra ···
50 ···
(MHN, SIGA 0410 e SIGA 002) , numa forma quase em bruto, quase pura. Apenas com as punções que lhe conferem a garantia de autenticidade, de pureza e de propriedade do Estado Português. As Armas Reais Portuguesas e as punções tornam-se aqui como que o adorno de uma massa em bruto, cujo simbolismo se pode interligar estreitamente com outro conjunto seleccionado no Museu Histórico do Rio de Janeiro, instrumentos de garimpeiro (MHN, SIGA 315, SIGA 352, SIGA 402 e SIGA 155) que nos remetem de imediato para as minas de extracção deste minério. É com este ouro que foram elaboradas algumas das mais belas peças de joalharia realizadas no Brasil, conjunto como o de dois relicários ou breves (MHN, SIGA 000.429 e SIGA 000.439), de trabalho tão elaborado e simbolismo tão profundo, que testemunham o culto às relíquias dos santos e mártires da Igreja. Uma vez mais, o simbólico do poder religioso e do profano tornam-se de fundamental importância, na comunhão das armas reais a uma figura de Jesus Menino ou num conjunto de sinetes (MHN, SIGA 087, SIGA 097, SIGA 081, SIGA 089, SIGA 086 e SIGA 101), cujo cunho pessoal surge-nos, também, como marca de convicção, e de personalização fundamental. O interessante conjunto de sinetes do acervo do Museu Histórico do Rio de Janeiro, é um excelente testemunho, não apenas pela diversidade, mas também pela qualidade do trabalho de alguns deles e da memória de cada indivíduo. Mas é como um espelho ou reflexo do que encontramos na selecção das peças dos museus e palácios portugueses, que também neste conjunto observamos alguns retratos reais, neste caso já indiciando uma diferente realidade político-geográfica. É disto exemplo um retrato de D. Maria I (MHN inv. 470), pintado por José Leandro de Carvalho em 1808, no qual a rainha surge com um magnífico corpete que se destaca pela aplicação de pérolas e rubis, bem como pela coroa, (MI RG 081.241), da qual o Museu Imperial de Petrópolis possui uma réplica, distinta afirmação do seu poder real. Destacamos ainda uma pequena caixa de tartaruga com incrustações em ouro, (MI RG 002.170), ···
51 ···
sobre a qual foi aplicada uma miniatura representando o retrato de D. Pedro e D. Maria Leopoldina, miniatura essa pintada por Manuel Dias de Oliveira, o Brasileiro. Este retrato oficial contrasta com uma realidade bem diferente, evidenciada pelo magnífico colar de ametistas, (MI RG 005.904), cujo fecho trabalhado em camafeu retrata o busto de D. Pedro e testemunha o seu amor proibido pela famosa D. Domitila de Castro e Melo, Marquesa de Santos. Este colar, já completamente adequado ao gosto da moda do séc. XIX, tanto pela leveza da montagem que destaca totalmente as belas ametistas, uma das gemas de eleição do Oitocentos, contrasta em absoluto com o rico conjunto de jóias de senhora, surpreendente pela diversidade de tipologias e cujos crisoberilos se mantêm cravejados em pesadas montagens do século anterior (MI RG 004.015, MI RG 003.764, MI RG 003.767 and MI RG 003.819). Deixámos deliberadamente para o final duas opções que, pelo seu simbolismo, devem ser, sem a mais pequena dúvida, encerrar este périplo. Por um lado, um leque (MHN inv. 000.463), do acervo do Museu Histórico cujos magníficos laivos dourados comemoram a aclamação de D. João VI, a 6 de Fevereiro de 1818, como Soberano do Reino Unido de Portugal, Brasil e dos Algarves, dois anos após a morte de sua mãe, D. Maria I. Esta peça testemunha o hábito frequente de comemorar datas e eventos importantes com edições de leques, encomendados na China e vendidos na Rua do Ouvidor, no Rio de Janeiro. Por fim, um interessante conjunto de instrumentos odontológicos (MHN SIGA 6.036, SIGA 6.037, SIGA 6.040, SIGA 6.038 and SIGA 6.039) que, segundo a tradição, terão pertencido a uma figura da História brasileira, o alferes Joaquim José da Silva Xavier, mais conhecido por Tiradentes, líder da Inconfidência Mineira, movimento independentista de Setecentos, em Minas Gerais. Este conjunto de instrumentos com um aspecto algo assustador remetenos, finalmente, para a sala do Museu Histórico do Rio de Janeiro, no qual estará patente a primeira das duas exposições deste projecto. Conhecida como sala do Tiradentes, segundo a ···
52 ···
tradição, terá sido nesse espaço que esta personagem terá permanecido antes de subir ao cadafalso, terminando assim um sonho que surgiu antes do tempo. Com esta selecção de peças, esperamos ter conseguido demonstrar não apenas, um destino e uma história comum, testemunhada nos mais variados objectos, fruto de circunstâncias históricas, de sentimentos religiosos, de amores e desamores, riquezas e tragédia, que também uniram de uma forma indelével dois grandes países: Portugal e Brasil. Luísa Penalva Museu Nacional de Arte Antiga
···
53 ···
···
54 ···
Gemas no Tempo de D. João VI no Brasil
O
final do séc. XVIII e princípios de XIX foi um período verdadeiramente revolucionário para a joalharia portuguesa e, por inerência, para a brasileira. Se, por um lado, a chegada da
corte de D. João VI trouxe novos hábitos e novas exigências de consumo de luxo, por outro, de forma mais contundente, os novos materiais, ora metais ora gemas, que brotavam de solo brasileiro constituíram matéria prima diversa e abundante para os ourives de então. A selecção de peças que foi apresentada aos criadores portugueses e brasileiros para este desafio não podia ser mais representativa desta nova realidade. Não obstante parecer que o rol de materiais gemológicos aqui desenvolvidos é aparentemente limitado e pouco diversificado para os parâmetros actuais, há que salientar que, à altura, o número de materiais gemológicos usados em joalharia era ainda mais reduzido na sua diversidade. Além das tradicionais esmeraldas colombianas, rubis e safiras orientais, pérolas e diamantes indianos ou indonésios, pouco mais havia a adornar a joalharia, contando-se, entre outros, granadas, espinelas (os famosos “rubis balaios” ou “balas”), raras ametistas, sem falar nas abundantes pedras duras procedentes do Médio e Próximo Oriente, entre as quais se destacariam as ágatas, jaspes, turquesas e lápis lazúli. Com efeito, o Brasil é hoje um dos maiores produtores mundiais de pedras preciosas, sendo daí sobejamente conhecidas as esmeraldas, turmalinas, águas-marinhas, múltiplas variedades de quartzo (incluindo ametistas, citrinos), topázios, espodumenas, entre outras não tão conhecidas do público em geral. Recuando, porém, um pouco mais de 200 anos situamo-nos na Lote de topázios imperiais de Ouro Preto em Minas Gerais. Estas gemas foram uma sensação na joalharia portuguesa a partir de meados do séc. XVIII. Imagem gentilmente de cedida por Museu Amsterdam Sauer, Rio de Janeiro.
época em que, quase do nada, se iniciou este, diria, glorioso caminho gemológico de terras de Vera Cruz. As múltiplas campanhas de bandeirantes que, designadamente de S. Paulo, partiram pelo interior desconhecido em busca, por exemplo, do tão procurado ouro e pedras preciosas, foram ···
55 ···
instrumentais para esta empresa. Todavia, os resultados preciosos destas árduas campanhas apenas se fizeram sentir em finais de Seiscentos, com a descoberta do ouro após uma das campanhas do famoso Fernão Dias Paes Leme. Certo é que, logo de seguida, se avolumaram os aventureiros e demais exploradores na sua pesquisa, quase ao jeito das corridas ao ouro de Novecentos nos EUA e na África do Sul. Não só se localizaram mais jazidas produtivas do metal amarelo como também se abriu o caminho à descoberta de uma das gemas que tornou o período de Setecentos um dos mais ricos de sempre tanto dos cofres do reino como da produção de coeva joalharia: o diamante. Foi nos primeiros anos da década de 1720, em Serro Frio, Minas Gerais, que se apercebeu da sua abundância nas aluviões locais, situação que apenas se oficializou em 1729 por decreto de Governador de Minas Gerais, D. Lourenço de Almeida. Uma vez mais, pelas mesmas garimpeiras razões, toda aquela região em torno da actual Diamantina se encheu de exploradores na procura de diamantes. Dado o carácter aluvionar dos depósitos, o que obrigava à lavagem e processamento das areias e cascalheiras dos ribeiros, ou chapadas como eram chamados localmente, muitas foram sendo as pedrarias recuperadas pelo processo de extracção, o que veio a potenciar a descoberta de outras gemas. Não terá sido por acaso que, em meados de Setecentos, se descobriam topázios amarelos e laranja na região circundante de Ouro Preto, no Estado de Minas Gerais. Estas gemas, hoje conhecidas como topázios imperiais, eram então apelidadas de rubis brasileiros, quando surgiam com os raros tons avermelhados. Na mesma linha foram sendo descobertos outros materiais gemológicos que, tal como foi referido, enriqueceram a joalharia deste período final de Setecentos e princípios de Oitocentos. A saber: topázio incolor, cristal-de-rocha (quartzo hialino), ametista, granada (almandina), crisoberilo e água-marinha, para referir os mais significativos. De notar que tanto as esmeraldas como as turmalinas, hoje tão significativas no quadro gemológico brasileiro, apenas começaram a ter verdadeiro significado comercial no séc. XX, até porque as primeiras apenas foram descobertas na década de 1960. ···
56 ···
Na maioria das peças seleccionadas para os trabalhos criativos dos joalheiros brasileiros e portugueses, estas pedrarias estão, de facto, em grande evidência. Excepção será feita às insígnias das ordens militares e outras que eram usadas pela realeza. Nestas, além dos “grossos” diamantes em abundância, a evidenciar a grande riqueza das possessões mineiras, encontram-se também, e fundamentalmente, esmeraldas e rubis, havendo pontualmente safiras azuis. De não excluir as pérolas, bem representadas na iconografia, mas cujos exemplares não terão chegado até aos nossos dias. Estes cinco materiais gemológicos: diamante, esmeralda, rubi, safira e pérola, foram, de facto, e durante muito tempo, os mais cotados e estimados em joalharia, daí que se compreenda a sua forte presença nas insígnias aqui referidas e noutras jóias desta selecção, tal como, por exemplo, nos adornos de cabelo (MNAA 318 Joa) e no berloque em cristal-de-rocha de fabrico françês com relíquia de cabelo (PNA inv. 52210). Nota-se uma especial profusão de diamantes, o que será certamente decorrente da sua maior disponibilidade no mercado, em virtude da produção mineira brasileira à altura e até 1867 ser a mais produtiva do Mundo. De resto, as jóias e demais objectos aqui em discussão estão enriquecidos pelas outras gemas brasileiras, anteriormente referidas e das quais se fará uma breve alusão. Menção não pode deixar de ser feita ao ouro, metal que do Brasil chegou em abundância neste período e que está bem ostentado, tanto na barra de ouro aqui mencionada como nos aparatos de garimpo e transporte do ouro (MHN SIGA 315, SIGA 352, SIGA 402 e SIGA155) A coroa real portuguesa e ceptro em ouro cinzelado serão também disso um exemplo bem significativo. Não obstante os reis portugueses não usarem coroa desde D. João IV, que reinou em Portugal logo após a Restauração da independência da dinastia Filipina em 1640, esta pesada coroa em ouro foi sendo simbolicamente representada na iconografia Real em Portugal. Curioso é o facto da maioria das jóias aqui representadas neste contexto expositivo serem maioritariamente de prata, muito ao gosto da época, havendo apenas alguns aponta···
57 ···
mentos de ouro, designadamente nas cravações das pedras de cor já que para os diamantes era, para o efeito, usada a prata. De todo este conjunto, porém, o que será porventura mais significativo no contexto do presente projecto é o uso das pedras de cor brasileiras. O colar de topázios imperiais do Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA 6 Joa) é um belo representante do uso deste material gemológico em finais de Setecentos, salientando-se a utilização das folhetas reflectoras coloridas para, por um lado, intensificar a cor aparente das pedras e, por outro, para conferir uma homogeneidade cromática ao conjunto das pedras. Num registo diferente, surge o colar de quartzos ametistas que termina num grande camafeu do Imperador D. Pedro I (MI RG 005.904), peça de fabrico brasileiro de Oitocentos. Nesta peça está patente uma excelente amostra da qualidade das ametistas que, desde finais do séc. XVIII, começaram a ser localizadas um pouco pelo país, desde Minas Gerais a Rio Grande do Sul, acabando com a escassez desta pedra até então procedente de pálidos jazigos na Europa e no Oriente. De notar aqui a cravação aberta das pedras, permitindo a passagem da luz, não havendo, portanto, qualquer folheta reflectora a influenciar o seu brilho, num estilo bem diferente do que tinha vindo a ser usado pelos joalheiros da centúria anterior, onde cravações fechadas e folhetas eram prática comum. Uma outra gema bem característica da produção luso-brasileira deste período é o crisoberilo, na sua variedade amarela-esverdeada. Conhecida na gíria como crisólita, tanto no Brasil como em Portugal, esta gema brilhante, até então apenas conhecida no Oriente, conquistou verdadeiramente um lugar na joalharia, sendo amplamente usada ora em conjuntos monocromáticos ora associada a outras gemas, principalmente a ametista. Na selecção aqui proposta destaca-se um magnífico conjunto de jóias em prata, profusamente decoradas com crisoberilos, notando-se no caso em concreto um curioso subterfúgio bem recorrente nesta época, tanto nesta variedade gemológica como noutras de tom igualmente claro, tais como os quartzos hialinos, topázios incolores e goshenites (berilos incolores). Fala-se ···
58 ···
da colocação de uma pinta de tinta preta na culatra da pedra, ou seja, na pequena faceta do vértice traseiro. Pretender-se-ia com esta intervenção uma maior aproximação de aparência com os diamantes, da época, lapidados em talhe brilhante, já que nestes o percurso da luz fazia com que as culatras parecessem escuras. Em conclusão, é muito interessante esta abordagem às peças da época em causa na perspectiva dos materiais utilizados, designadamente as gemas e os metais nobres, pois constitui uma contribuição para a história da joalharia portuguesa e brasileira. A produção de joalharia está forçosamente ligada aos materiais que utiliza e, no caso das pedrarias no eixo Portugal-Brasil, este período foi de grande profusão de novas soluções e cores, tanto nas próprias pedras como na forma de as lapidar, engastar e misturar entre si, constituindo, como parece ser unânime entre os historiadores destas matérias, o mais rico período da joalharia neste contexto geográfico. Rui Galopim de Carvalho Gemólogo
···
59 ···
A Jóia no Brasil
D
esde o descobrimento, o Brasil teve a sua história e a sua geografia marcadas pela busca das pedras preciosas, do ouro e da prata.
Pero Vaz de Caminha, escrivão da armada de Cabral, na primeira e magistral descrição da
terra brasileira e de seus habitantes originais, datada de 1 de maio de 1500, já mencionava em sua carta a El Rey Dom Manuel, que grande era a esperança dos oficiais e marinheiros,de encontrar ouro e prata em abundância. Mas Pedro Álvares Cabral voltaria a Portugal sem provas de que os anseios de sua expedição pudessem ser realizados. A carta escrita por Americo Vespucio, em Lisboa, para o amigo de infância Piero Soderini, um dos principais mandatários de Florença, referindo-se à sua primeira viagem ao Brasil, realizada entre maio de 1501 e julho de 1502, dizia: “nessa costa não vimos coisa de proveito, exceto uma infinidade de árvores de pau-brasil (...) e já tendo estado na viagem bem dez meses, e visto que nessa terra não encontrávamos coisa de metal algum, acordamos nos despedirmos dela” Esse diagnóstico de Vespucio selaria o destino do Brasil pelas duas décadas seguintes, pois Dom Manuel concentraria, então, todos os esforços da Coroa portuguesa na busca das riquezas do Oriente. No entanto, após esse hiato inicial a prospecção tomou vulto: ao longo dos dois séculos seguintes ao descobrimento, em especial no século XVII, inúmeras entradas e bandeiras iriam embrenhar-se no sertão em busca da mão-de-obra indígena e das riquezas minerais do Eldorado brasileiro, nesse deslocamento empurrando para oeste a linha de Tordesilhas. Uma das expedições mais estruturadas foi a de Fernão Dias Paes, que perambulou pelo interior de São Paulo e Minas Gerais por quase oito anos. Ao final, em 1681, um ···
60 ···
exausto Fernão viria a morrer iludido e apegado a suas “esmeraldas” que, na verdade, eram turmalinas... As primeiras descobertas de ouro no Brasil, mais precisamente na Capitania de São Vicente, encheriam os portugueses de contentamento e esperança. Pequenas amostras iam surgindo e o governo central passou a estimular mais ativamente as buscas de minas de prata, ouro e esmeraldas, buscas essas que tinham sido feitas pela Coroa, intermitentemente, desde meados do século XVI. Apesar disso, nossos colonizadores teriam que esperar mais um século para que pudessem, finalmente, mergulhar num ambiente de enorme euforia e confiança generalizada nessa fonte quase inesgotável de riqueza. De 1700 a 1720 a mineração de ouro atingiu valores sempre crescentes, com 25.000 quilos anuais, tendo alcançado o auge da produção entre os anos de 1735-1736. Além do ouro abundante, a partir de 1729 a extração de diamantes transportaria para Lisboa, nos 78 anos seguintes, algo em torno de 3.054.770 quilates da cobiçada gema. Nos dias de hoje, o Brasil é um dos maiores produtores de ouro do planeta e somos considerados um dos principais produtores mundiais de gemas – seja pela variedade, seja pela quantidade em que são encontradas em vários pontos do nosso território. É de estranhar, portanto, que o Brasil não se tenha destacado, desde há muito, no tocante à criação e produção de jóias e que somente nas últimas décadas a identidade brasileira venha-se manifestando mais nitidamente na produção artística e industrial desses objetos, que tão bem se impregnam de nossa herança histórica e cultural. A exemplo do que ocorre com outras manifestações do talento humano, a jóia brasileira começa a delinear-se como elemento integrante da cultura de nosso país, não somente enquanto obra de arte, mas também como produto de mais amplo consumo. O Brasil vive uma fase de plena expansão do setor joalheiro e de valorização do design de jóias, movimentando internamente cerca de US$1,3 bilhão por ano e gerando 354 mil empregos ···
61 ···
diretos. Cerca de 1.250 indústrias produzem peças que são comercializadas por mais de 16.000 estabelecimentos varejistas e exportadas para 52 países, segundo dados do IBGM – Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos. Revistas especializadas em joalheria e em produção cultural, nacionais e estrangeiras, frequentemente fazem da jóia brasileira um tema para suas matérias: somente nos últimos doze meses, dezenas e dezenas de páginas com fotos, biografias e artigos, mostraram ao mundo nossas jóias, nossos joalheiros e nossos designers. Na busca dos valores culturais, dos desejos e aspirações mais recônditos do consumidor empenham-se artistas, designers e fabricantes de jóias. O seu sucesso será maior na medida em que consigam traduzir e incorporar na jóia – obra de arte ou produto industrial – esses valores, desejos e aspirações, de forma perceptível para o potencial usuário. O talento e a ousadia – fruto da capacitação – dos designers brasileiros levaram o país a oferecer suas jóias à análise externa, daí saindo vencedor. Em poucos anos, passamos de copiadores a criadores e estamos sendo reconhecidos mundialmente, pelo design diferenciado, legitimamente made in Brazil. O brasileiro gosta de se ornar, não há dúvidas quanto a isso. Affonso Romano de Sant’Anna, no livro Barroco: do quadrado à elipse, nos relata, em passagem deliciosa, que, em 1728, freiras baianas foram censuradas por seus superiores porque prendiam fitas coloridas nos seus hábitos e ostentavam vaidade nas suas lingeries. Algumas – segundo a censura episcopal – “vestem por baixo de seus hábitos camisas bordadas com mangas compridas e saias finíssimas, e calçam meias de seda ligando-as comumente com fivelas de ouro cravadas de diamantes”! Embora o desenvolvimento de nosso setor joalheiro tenha-se atrasado em função de vários fatores, é reconfortante saber que ele mostra-se dotado de grande potencial de crescimento, em função da habilidade que vem demonstrando em queimar etapas e emular países em que a atividade joalheira já existe há séculos em grande escala. ···
62 ···
E o movimento do design de jóias no Brasil, conquanto tenha-se organizado apenas recentemente, já começa a mostrar que houve grande progresso quanto à capacitação dos designers, fruto da criação e da consolidação das escolas de joalheria e design do país e da atuação coerente e contínua das instituições interessadas. Como nada acontece por acaso, houve muito trabalho e pesquisa nos bastidores desse processo cuja face glamurosa é a única que aparece ao grande público. A exposição «Jóias Reais» bem retrata esse amadurecimento da produção joalheira no Brasil ao ressaltar uma das características mais nobres da jóia: a expressão artística, reflexo da cultura e da história de dois povos irmãos. Angela Andrade GG(HRD e GIA) Diretora Executiva da AJORIO
···
63 ···
A Jóia Contemporânea em Portugal
O
nascimento da joalharia contemporânea em Portugal foi tardio. Não poderia ser de outro modo, na medida em que, apesar da sua proverbial qualidade, diversos factores concor-
reram para esta eclosão morosa1. Pontualmente acertada, por via da moda ou de algum mecenato escasso (tal como sucedeu, entre os anos de 1900 e 1910, com a produção Arte Nova, de qualidade Laliquiana, do escultor João da Silva, ou com a produção Art Déco dos anos de 1920-40, bebida em modelos franceses), a origem da joalharia verdadeiramente contemporânea em Portugal remonta aos anos 50: à semelhança da génese do design, deveu-se inicialmente ao esforço dos artistas plásticos esse parto delicado2. O mais importante dos escultores portugueses da década, sensível às propostas de Picasso, Henry Moore, Reg Butler e Lynn Chadwick3, Jorge Vieira (1922-1998) terá sido o primeiro a ser sensível à jolharia contemporânea: para um grupo restrito de familiares e amigos criou, nos anos 50, escultóricas peças, previamente desenhadas, quer de formas abstractas, em ferro e prata, como antropomórficas criaturas híbridas, em terracota e prata, que se estenderam dos pendentes aos braceletes, anéis e alfinetes de peito. Estas jóias permanecem como um documento raro de uma década que, apenas na produção experimental do Estúdio de Cerâmica Secla, nas Caldas da Rainha, encontra paralelo. Aí a ceramista e pintora Maria Antónia Parâmos
Rui Afonso Santos, “A jóia em Portugal no Século XX”, Separata das Actas do I Colóquio Português de Ourivesaria, Porto, Círculo Dr. José de Figueiredo, 1999.
1
2 Rui Afonso Santos, “A Cadeira Contemporânea em Portugal” in Cadeiras Portuguesas Contemporâneas / Contemporary Portuguese Chairs, Lisboa, Edições ASA, 2003.
LAPA, Pedro, Jorge Vieira, Lisboa, Instituto Português de Museus, 1995.
3
4 HENRIQUES, Paulo, Estúdio Secla, uma renovação na cerâmica portuguesa, Lisboa, Instituto Português de Museus, 1999.
(1922-1976) ensaiou, c. de 1955, a produção de joalharia em cerâmica esmaltada e vidrada (par de brincos), numa via prosseguida pelo escultor José Aurélio (n. 1938) que, em 1959‑60, executou pendentes e alfinetes cerâmicos com cercaduras em prata4. ···
64 ···
Tal modernização desenvolvia-se sem prejuízo do apreço generalizado pela repetição de modelos historicistas e, particularmente, pela filigrana, cuja ideologia nacionalista oficial de mitificação da ruralidade e da vida popular promoveu. O mercado escassamente informado estimulou a aceitação desta produção morosa, embora se assinalasse, sobretudo durante a década rígida de 50, a proliferação de jóias fantasiosa e ricamente guarnecidas de gemas, novamente bebidas em modelos internacionalizados e nos padrões impostos pela moda. Um teor ecléctico barroquizante, embora modernizado, informou esta produção algo pesada que mereceu o epíteto crítico de “pudins de pedras”, numa opulência justificada pelas matérias primas e receitas astronómicas provenientes das colónias africanas e, também, por uma nova classe de encomendantes. Contudo, o começo da viragem surgira já em 1963, através das exposições individuais que Gordillo e Kukas (n. 1928) então promoveram, ambos enveredando por uma via criativa que fez deles os pioneiros da joalharia moderna portuguesa e abriu novas possibilidades a um panorama rotineiro. Gordillo cria jóias marcadas por uma vertente escultórica cuja ornamentação abstracta e estilização modernista assume matizes de excessos decorativos barrocos, realçados pelos contrastes cromáticos e de materiais, enveredando também, a partir de 1965, pela via industrial ao executar modelos para fábricas de ourivesaria, o que traduziu a sua aceitação pelo mercado. Distinta foi a proposta de Kukas, caracterizada pela crescente depuração formal e por um gosto atento às propostas funcionais do design, patente em jóias e também em objectos decorativos e funcionais cuja clareza estrutural inaugurou uma nova vertente na nossa ourivesaria, numa preocupação constante com a linearidade e a monocromia que serão dominantes na continuidade do seu discurso. Figuras pioneiras, tanto Gordillo como Kukas permaneceram relativamente isolados e, apesar das suas propostas continuadas e da receptividade do público, o seu impulso inicial ···
65 ···
não conseguiu motivar um arranque significativo da joalharia nem formar escolas num meio proverbialmente adverso, para o que terão contribuído, além de certa cristalização formal e cariz crescentemente comercial, o alheamento em relação às propostas mais vanguardistas da ourivesaria contemporânea internacional. Não foi assim possível quebrar o meio oficinal fechado que continuou a marcar o gosto, permanecendo a jóia como um artefacto de elite, associado tradicionalmente ao consumo do precioso e indissociável do estatuto social e poder económico e social do seu utente. Em 1977, e já no quadro de uma III República democrática, o regresso a Portugal das joalheiras Tereza Seabra e Alexandra Serpa Pimentel, respectivamente dos EUA e de Inglaterra, onde haviam recebido formação no âmbito do Movimento Internacional da Moderna Joalharia, permitiu afinar a joalharia portuguesa com as propostas mais vanguardistas da ourivesaria contemporânea. O repúdio da vertente comercial e a dignificação e afirmação plástica da jóia, agora receptiva a propostas de áreas artísticas diversificadas, caracterizou a produção destas joalheiras, reforçada com a fundação por Tereza Seabra e Alexandra Serpa Pimentel, em 1978, do Departamento de Joalharia do Centro de Arte e Comunicação Visual (Ar.Co) em Lisboa, o qual veio preencher a lacuna do ensino da joalharia nas Escolas de Belas Artes portuguesas, numa alternativa à aprendizagem oficinal corrente. Desta escola nasceria, doravante, uma primeira geração de ourivesaria “de autor”, subvertendo o entendimento tradicional da jóia pela inovação ao nível dos materiais (alumínio anodizado, titânio e outros metais não preciosos, acrílico, materiais orgânicos), das técnicas (trazidas de outras artes decorativas e aplicadas à joalharia: gravação, folha de ouro, pinturas industriais, Mokumé, Marriage of Metals) e das formas (pela associação da criatividade e experimentalismo às técnicas básicas da joalharia). A evolução do sector de joalharia do Ar.Co foi-se efectivando através de convites a artistas estrangeiros e estágios de alunos noutros países, alargando‑se o corpo de alunos e professores e destacando-se, entre estes, Filomeno Pereira de Sousa ···
66 ···
(entre 1982 e 1988) e os antigos alunos Marília Maria Mira (a partir de 1986), Paula Crespo (1987) e Cristina Filipe (desde 1988). A lentidão da adesão do público a estas propostas, apesar da proliferação urbana de novos hábitos de representação e espaços de sociabilidade, justificou-se pela falta de apoios ao sector, da necessária divulgação e pela ausência de uma galeria especializada exclusivamente na nova joalharia, lacuna finalmente preenchida com a abertura, em Outubro de 1984, da galeria/oficina Artefacto 3, em Lisboa, por iniciativa de Tereza Seabra, Alexandra Serpa Pimentel e do discípulo Pedro Cruz (n. 1960). Também os museus começaram a dedicar-se à nova ourivesaria através da realização de exposições, como o Museu Nacional de Arte Antiga (“Nova Ourivesaria”, 1985), o Palácio Nacional da Ajuda (“A Linguagem dos Novos Materiais”, 1988) e sobretudo o Museu Nacional do Traje que, no início dos anos oitenta, lançou uma verdadeira política de divulgação oficial com exposições regulares e significativas de obras nacionais e estrangeiras (“A Jóia do Mês”, 1989). Entre Julho de 1988 e Fevereiro de 1989 o panorama foi enriquecido com a inauguração, por Filomeno Pereira de Sousa (n. 1949), da galeria e escola de formação de joalheiros Contacto Directo, em Lisboa, na qual se procurou que os alunos exprimissem pela joalharia o seu próprio campo emocional, crítico ou estético, o que originou orientações múltiplas, sendo igualmente promovidas exposições e seminários-workshops de artistas nacionais e estrangeiros. Paralelamente à proposta da ourivesaria “de Autor” desenvolveu-se outra, diversa, comercial e mundana em maior ou menor grau, que estreitou a ligação entre os joalheiros e os criadores de moda, sendo a jóia entendida como parte integrante da moda e das suas colecções anuais. A jóia adquiriu então uma inusitada efemeridade e decorativismo, numa proposta elástica de diluição das fronteiras entre a jóia e os acessórios iniciada (1983) pela escultora e joalheira Ana Silva e Sousa (n. 1953), prosseguida por Pedro Cruz (que a estendeu a objectos como malas de mão, mochilas, bengalas, chapéus de chuva, óculos) e por, entre ···
67 ···
outros, Luís Moreira, Margarida Bermudes e também pela consagrada escultora e joalheira portuense Ana Fernandes. O interesse dos próprios artístas plásticos pela jóia manifestou-se na exposição Ilegítimos (1993), comissariada por Paula Crespo, na qual 10 artistas plásticos contemporâneos, oriundos da pintura e da escultura (Pedro Cabrita Reis, José Pedro Croft, Pedro Calapez, Rui Chafes, Ana Jotta, Pedro Portugal, Pedro Proença, Xana, Rui Sanches e Miguel Branco) abordaram a criação específica de joalharia. Actualmente susceptível de entendimentos múltiplos, mas geralmente de enorme riqueza conceptual, a jóia em Portugal foi-se inevitavelmente apropriando de outras áreas artísticas, num quadro de eficaz interdisciplinaridade e diluição de fronteiras criativas. A qualidade do ensino específico, sobretudo no Ar.Co, a omnipresença dos media, a crescente mobilidade de artistas e joalheiros, as acções de formação no estrangeiro, os workshops internacionais e intercâmbios promovidos nas escolas, a proliferação de novos espaços dedicados à joalharia (com o exemplo mais notório da abertura da Galeria Reverso em 1999, dirigida por Paula Crespo), a vinda de reputados joalheiros estrangeiros a Portugal, a sofisticação dos hábitos de sociabilidade e consumo e, sobretudo, a crescente visibilidade internacional da criação portuguesa contemporânea — do cinema à arquitectura, passando pelas artes visuais e pelo design —, convertem a joalharia numa das expressões de maior vitalidade no país. Em 2004 a constituição da PIN – Associação Portuguesa de Joalharia Contemporânea, por impulso de Cristina Filipe, Marília Maria Mira e Paula Paour veio dar novo alento de afirmação a esta importante vertente de criação contemporãnea. Tendo como primeiro evento a realização do X Simpósio Internacional de Joalharia-Ars Ornata Europeana. Poucos países podem, de facto, orgulhar-se de possuir joalharia contemporânea de grande qualidade – e Portugal é, seguramente, um deles como, aliás, a exposição de âmbito interna···
68 ···
cional “Mais Perto”, promovida em 2005 no Museu Nacional de Arte Antiga (Conceito de Cristina Filipe, Marília Maria Mira e Paula Paour), sobejamente o demonstrou. A presente Exposição «Jóias Reais» vem novamente demonstrar a ancestral qualidade da joalharia portuguesa bem como a vitalidade criativa da produção contemporânea, quer lusa quer brasileira. Rui Afonso Santos Historiador de Arte e de Design
···
69 ···
···
70 ···
···
71 ···
Dulce Ferraz “Desclavage” Colar Prata, polipropileno, aço e têxtil. ø 230 mm | comp. 320 mm
O desafio de contextualização no universo contemporâneo da jóia “esclavage levou-me por caminhos de reflexão sobre as profundas alterações ocorridas nas sociedades ocidentais desde o séc. XVIII até hoje. A denominação “esclavage” deste tipo de adorno que nos remonta ab initio à cultura Africana, onde começou por ser um sinal exterior de sujeição exibido pelos escravos, já perdera o seu significado original à data da feitura desta jóia. É facto que os topázios imperiais que a compõem ainda evocam a época esclavagista da grande exploração mineira, mas já é clara a transposição do sujeito portante: o escravo deu lugar ao poderoso, de objecto estigmatizante o colar passou a sinal de ostentação. Interessou-me dar continuidade a esta evolução, particularmente no que respeita à sua estrutura formal. Com materiais “pobres”, translúcidos e mais leves, pretendo interpretar uma memória, reflectir sobre as condições actuais dos objectos de adorno, sobre o “gosto” e a necessidade de “ostentação” da riqueza.
Ana Videla “Reflexivo” Colar Prata 950 e plástico holográfico. 300 x 350 mm
Reflexão, foi o ponto de partida. A utilização das folhetas reflectoras coloridas para, por um lado intensificar a cor aparente das pedras e, por outro, para conferir uma homogeneidade cromática ao conjunto das pedras. Outro aspecto levantado foi a reflexão como ato de refletir — Reflexão, pensamento e observação que resultam de intensa ponderação e exercício, aqui, apropriado por ocasião das Comemorações da vinda de D. João e da Família Real Portuguesa para o Brasil em 2008. Porém, uma questão permanece e nos faz refletir: Qual foi o nosso legado com a chegada da Família Real?
Colar Portugal, séc. XVIII (2a metade) Prata e topázios imperiais. 134 x 200 mm Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa, inv. 6 Joa Foto: José Pessoa (DDF/IMC) ···
72 ···
···
73 ···
···
74 ···
Dulce Ferraz
···
75 ···
···
76 ···
Ana Videla
···
77 ···
Hugo Madureira “Arma Carlotista” Adornos de cabelo Papel de lustre rosa fluo. 1500 x 750 X 250 mm
mujer horrenda, ossuda, con una espalda desnivelada, tenia una pierna más curta que la otra, de mirada miúda, de boca de rictus cruel y desdeñosa, roxa, buço, con un cutis áspero y afeado por las marcas de bexiga y una proeminente nariz encarnado, dentes desiguais como a flauta de Pã, pequeña, anã y claudicante.
Francisco Garcia “Balanço e giros” Brinco Ouro 750 e ametistas, citrinos e topázios. 80 x 40 mm
As jóias satisfazem fisicamente e psicologicamente as necessidades e desejos dos usuários, transportando-os do passado ao presente. Da antiga ourivesaria portuguesa à arte da joalheria contemporânea, a criação sempre foi imprescindível ao ser humano. Portugal soube aproveitar o colorido das gemas brasileiras e ouro, que vinha do Brasil, e uniu estes dois universos separados geograficamente pelo mar, mas unidos pela história. Baseado nos detalhes da peça de referência, sem perder o foco na história, foi concebido o par de brincos e o uso da animação – trêmulo – deu espaço ao movimento giratório e pendular.
Trémulo de cabelo Portugal, séc. XVIII (2a metade) Prata, topázio e rubis. 30 x 51 mm Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa, inv. 213 Joa Foto: José Pessoa (DDF/IMC) Trémulo de cabelo Portugal, séc. XVIII (1a metade) Prata, diamantes e vidros coloridos. 24 x 12 mm Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa, inv. 317 Joa Foto: José Pessoa (DDF/IMC) ···
78 ···
···
79 ···
···
80 ···
Hugo Madureira
···
81 ···
···
82 ···
Francisco Garcia
···
83 ···
Marília Maria Mira “Neblina” Pendente | contentor “... nuvem de pó que oculte a face do portador.” Prata 925, flanela, pó de talco e imagem esmaltada. 110 x 85 x 55 mm
“As mulheres, muitas praticamente calvas depois das provações do Atlântico, desfilavam pelo Rio de Janeiro como curiosidades. Numa olhadela rápida ao espectáculo fantástico de uma trupe de damas de honor carecas, dava-se a devida atenção aos seus trajes parisienses, das cinturas altas e intricados bordados do estilo Império às longas luvas de seda.” Império à deriva de Patrick Wilken.
Lívia Canuto “Espelho Carlota” Espelho de mão Prata 950, madeira e espelho. 260 x 120 x 0,9 mm
O Espelho, objeto escolhido para simbolizar o choque entre duas culturas ocasionado pela vinda de D. João para o Brasil. Tanto o colonizador quanto o colonizado espelhavam-se um no outro, vendo-se simultaneamente como estrangeiros e como donos da terra. O usuário tem esta experiência ao ver sua imagem refletida no espelho confrontando com a imagem de D. Carlota Joaquina, misturando-se a ela.
Este trabalho pretende acompanhar a imagem transcrita em cima e consiste num pendente / caixa de pó de talco que permitirá provocar uma nuvem de pó, de modo a ocultar ou esconder a face do portador sempre que este o desejar. Contentor fechado, com um “punho” saliente, possível de movimentar dentro do espaço deste, que ao bater no fundo da caixa provoca um fumo de pó que sairá pelos orifícios superiores da mesma.
Caixa de pó de arroz miniatura Portugal, séc. XIX Ouro, prata, marfim, vidro e penas. Alt. 23 mm x ø 39 mm Palácio Nacional da Ajuda, Lisboa, inv. 52172 Foto: José Pessoa (DDF/IMC) ···
84 ···
···
85 ···
···
86 ···
Marília Maria Mira
···
87 ···
···
88 ···
Lívia Canuto
···
89 ···
Filomeno Pereira de Sousa Sem Título Broche Ouro 800, prata 925 e esmeralda sintética. 75 x 70 x 4 mm
O casamento entre os estilos barroco e contemporâneo desde sempre me agradou, daí que a proposta para este projecto, mais que um desafio seja um prazer. As formas básicas da geometria e o casamento de metais são temas que tenho utilizado desde os anos 80. Depurar o barroco é como dissolver na boca a magnifica cobertura de um bolo da noiva.
Rudolf Ruthner “Mulher” Pendente Ouro 750, acrílico e papel. ø 40 x 20 mm
A medalha é desde a Antiguidade um objeto representativo da comemoração de um evento, significativo e marcante. A vinda da Família Real Portuguesa junto com a Corte para o Brasil, em 1808, merece portanto uma peça que represente essa comemoração bicentenária. Minha intenção é, além de prestar uma homenagem à data, também prestigiar a figura feminina de antes e atual, em um pendente que, sendo uma medalha, homenageia em uma de suas faces a rea leza feminina portuguesa do séc. XVIII–XIX e na outra, a atual beleza feminina brasileira. Assim, os dois lados se complementam na intenção, na representação e na sua beleza final.
Laça Portugal, séc. XVIII (1a metade) Esmeraldas, diamantes, ouro e prata. 124 x 185 x 41 mm Palácio Nacional da Ajuda, Lisboa, inv. 4779 Foto: PH3 ···
90 ···
···
91 ···
···
92 ···
Filomeno Pereira de Sousa
···
93 ···
···
94 ···
Rudolf Ruthner
···
95 ···
Margarida Matos Se a não vejo, imagino-a e sou forte como as árvores altas.* Alfinete Objectos encontrados, cabelos e plástico. 100 x 60 mm * Alberto Caeiro, Amor é uma Companhia.
Relíquias e imagens que provocam nostalgia do momento original, uma possessão da beleza perdida. O coleccionador é o guardião do tesouro. A recusa que assume a forma do objecto que contém mensagens que reclamam ser invisíveis, o memento de um passado desaparecido. The loved body is immortalized by the mediation of a precious metal, silver (monument and luxury); to which we might add the notion that is metal, like all metals of Alchemy, is alive.
Bia Saade “Memórias desconhecidas” Pulseira Prata 950 e cabelo. ø 80 x 350 mm
Minha proposta é desconstruir os relicários, libertando as lembranças, fazendo com que elas se transfigurem de tal forma que não sejam mais reconhecidas, transformando cada memória em algo novo. Essa reciclagem tem o intuito de tirar o peso de lembranças antigas, que nos prendem ao passado, e permitir novas possibilidades, voltadas para o presente e para o futuro.
Roland Barthes Anel Portugal, séc. XIX (1o quartel) Prata, marfim e cabelos naturais. 23 x 32 mm Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa, inv. 929 Joa Foto: José Pessoa (DDF/IMC) Miniatura de jovem rapariga Portugal, séc. XIX (1o quartel) Têmpera, marfim, cobre e cabelo. 8,5 x 5,5 cm Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa, inv. 91 Min Foto: José Pessoa (DDF/IMC) ···
96 ···
···
97 ···
···
98 ···
Margarida Matos
···
99 ···
···
100 ···
Bia Saade
···
101 ···
Diana Silva “Amoródio” Colar Vidro, acrílico, ouro, papel de seda, fotografia, fio de seda e cinzas de cabelos. 240 x 160 mm
O rubi está ligado ao simbolismo do sangue e do coração, logo ao amor. O cristal de rocha é uma pedra preciosa transparente e cristalina, simbolizando assim a verdade e a justiça. A esmeralda simboliza a esperança no amor fiel. As pérolas são símbolo de virgindade. O diamante tem uma ligação muito forte com o amor eterno. Mas neste colar eu apenas uso pedras “falsas”, o que mudou completamente o significado das pedras, de um amor puro, fiel e virginal para um ódio visceral. O ouro tem um significado físico, o da beleza e o do martírio, por outro lado o da sabedoria e, por fim, o da riqueza espiritual, o amor verdadeiro. Mas ainda nos pode conduzir para o contrário do amor, a ganância e esta leva-nos para a mais horrível faceta humana. Quanto à madeixa de cabelo passa a um punhado de cinzas depois da cremação, com pedaços de ouro que lembram as boas memórias.
Virginia Moraes “Na Mosca” Pendentes Prata 925 e titânio. 40 mm e 60 mm Caixa: 370 x 370 x 30 mm
Os portugueses acertaram na mosca!
Berloque França, Paris, séc. XIX Cristal de rocha, ouro, pérolas (naturais), rubis, esmeraldas e cabelo. Alt. 32 mm x ø 21 mm Palácio Nacional da Ajuda, Lisboa, inv. 52210 Foto: José Pessoa (DDF/IMC) ···
102 ···
···
103 ···
···
104 ···
[Diana Silva]
···
105 ···
···
106 ···
Virginia Moraes
···
107 ···
Susana Beirão
Antônio Breves
Bússula Bronze e magnetite. Tabuleiro 190 x 190 x 5 mm Colher 105 x 23 x 15 mm
“Atlântico” e “Quadrante” Escultura | Pendente Ferro, louça de rede elétrica e lente de cristal | Prata 950 e cristal. 700 x 620 mm | 210,5 x 142 mm
O trabalho foi baseado no sentido de orientação para o qual a peça de referência seria certamente uma preciosa ajuda. A Bússola é, sem dúvida, o instrumento mais conhecido dos Descobrimentos e foi, provavelmente, o mais importante. Atribui-se aos chineses a sua invenção que, por volta do ano 2000 a.C., fizeram uso da propriedade da magnetite para procurar os pontos cardeais. A Bússola Chinesa era composta por um prato de bronze quadrangular, representando a terra, com um círculo no centro, que representava o céu, onde uma colher de magnetite indicava o sul. É esta Bússola milenar que é aqui recriada, indicando a orientação rumo a terras de Vera Cruz.
Tendo como desafio uma síntese da idéia de tempo e espaço contidos na jóia do século dezanove, composta por um relógio e uma bússola, interpretei o principal instrumento que possibilitou o domínio dos mares e oceanos, o quadrante. Em prata, com um pêndulo e duas alças de mira de cristal e tendo como suporte uma ventoinha de ferro, uma lente de cristal e uma louça da rede elétrica, a peça é iluminada por um feixe de luz como um farol. O quadrante é sustentado por uma haste de metal em forma de onda, preso ao suporte. Atualmente trabalho com a transposição do design industrial para a arte e o design; a escolha dos materiais é, portanto, coerente com essa proposta, além de estar direcionada a resolver os desafios já citados: tempo, espaço, direção e valor histórico. O cristal de quartzo, por exemplo, possibilitou às indústrias modernas realizarem o sonho humano de ter com precisão a contagem do tempo, e a ventoinha está relacionada a produção de vento, fator preponderante para o içamento das velas. Anel com relógio miniatura Portugal, séc. XIX (inícios) Ouro, pérolas e esmalte. 38 x 29 mm Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa, inv. 883 Joa Foto: José Pessoa (DDF/IMC)
···
108 ···
···
109 ···
···
110 ···
Susana Beirão
···
111 ···
···
112 ···
Antônio Breves
···
113 ···
Leonor Hipólito “Jóia Real” Pendente Prata dourada, polyester e seda. 93 x 79 x 28 mm
A Insígnia do século XVIII que pende ao peito de D. João VI remete-nos para a Ordem do Tosão de Ouro, instituída em 1430 pelo Duque de Borgonha, Filipe, O Bom, com o propósito de reunir um grupo de membros, fiéis seguidores de seus ideais políticos e espirituais. A Insígnia da Ordem, um carneiro de ouro, pende sobre o peito da nobreza do reino, vinculando a sua soberania. Conta a lenda que o pêlo de ouro, pendendo de uma árvore, era ferozmente guardado pelas garras aguçadas e o sopro flamejante de um Dragão e que só quem reunisse muita determinação, força e perícia poderia vir a alcançá-lo. Desde logo o carneiro, figura delicada e misteriosa, despertou o meu interesse e durante todo o processo de pesquisa tornou-se cada vez mais dominante, até me aperceber que ele é toda a essência da peça. Ele sobrepõe-se a todas as outras formas que o emolduram. Ele é o centro, parecendo um pulmão por onde toda a força se condensa e projecta. Para o meu trabalho sintetizei ao máximo todos os elementos simbólicos e reuni-os numa única forma, depurada e minimal. Um pendente que num rendilhado de veios/veias/pêlos/labaredas pretende recriar, numa versão contemporânea, o Tosão de Ouro. ···
Bárbara de Crim V. “Insígnia de Iemanjá – Rainha das Águas” Broche Água-marinha, metal e plástico. Suporte: balança, sachê contendo água e lenço bordado com poema de Fernando Pessoa. 90 x 180 mm | Balança: 310 x 150 x 355 mm Apoio: Any Carro Atelier e STM Gemas
Se, na época do Rei D. João VI, a riqueza era medida com ouro e gemas, hoje, a água do planeta é a real jóia a ser preservada, revelando que valores mudam e mesmo se invertem. Como influências destacamse: “Mar Português”, de Fernando Pessoa; Arcos da Casa do Trem, no Museu Histórico Nacional, resultado de aterros sucessivos; Tempo transcorrido – 365 dias do ano; Arcos da Lapa, antigo aqueduto; Praias do Rio. O pendente apresenta marcações e perfurações, retratando os 12 meses do ano, com deslocamento da água-marinha lapidada em forma de sachê, ao longo da haste, de acordo com a mudança do mês. Quando localizada em Dezembro, a pedra muda de eixo, para a vertical, indicando a importância da passagem do tempo. Para reafirmar a inversão de valores, a jóia ficará pousada num dos pratos de uma balança, e, no outro, mais pesado, haverá um sachê com água. Também faz parte da instalação um lenço bordado com o poema de Fernando Pessoa, por Nilce, da Associação das Bordadeiras de Taguatinga-DF. Insígnia da Ordem do Tosão de Ouro Portugal, 1790, Ambrósio Gottlieb Pollet Ouro, prata, diamantes, rubis e safira de Ceilão. 272 x 122 x 27 mm Palácio Nacional da Ajuda, Lisboa, inv. 4774 Foto: PH3 114 ···
···
115 ···
···
116 ···
Leonor Hipólito
···
117 ···
···
118 ···
Bárbara de Crim V.
···
119 ···
Tereza Seabra “Virtus Inexpugnabilis” Insígnia Estojo, pequeno fragmento da Insígnia da Cruz de Santiago, fotografia em cerâmica, ouro e diamante. (Titular – António Santos Viegas Seabra) Alt. 15 mm ø 69 mm Prova de Autor. (Colecção da Artista) “Virtus Inexpugnabili ” Alegoria Fotocópia, ouro falso e PVC. 112 x 82 mm Edição Limitada
A Prova de Autor é simultaneamente uma recriação da Insígnia e uma homenagem pessoal. A edição limitada é formal e simbolicamente uma sacralização do diamante, pedra utilizada, por excelência, nas insígnias da época. A sua produção, de custo irrisório, é uma alegoria ao valor imaterial da Virtude.
Dirceu Krepel “Viagem” Broche Prata 950, ouro 750 e jaspe. 40 x 40 mm “Emoção” Broche Prata 950 e ouro 750. 50 x 40 mm “Troca” Broche Prata 950 e ouro 750. 50 x 30 mm
A Viagem... para o Brasil. Um leve movimento, poderia ser uma brisa... põe o broche oscilar, simbolizando a travessia em direção ao país do sol, onde o coração do nosso ilustre e jovem viajante baterá mais forte... Grandes e sonhadores olhos, quase como que adivinhando o que o destino lhe reservava... tudo o liga ao seu berço e ao seu destino.
Insignia das Três Ordens Militares de Portugal Portugal, 1789 Ambrózio Gottlieb Pollet Ouro, prata, diamantes, rubis e esmeraldas. 159 x 102 x 20 mm Palácio Nacional da Ajuda, inv. 4784 Foto: PH3 ···
120 ···
···
121 ···
···
122 ···
Tereza Seabra
···
123 ···
···
124 ···
Dirceu Krepel
···
125 ···
Alexandra de Serpa Pimentel
Maura Toshie
“Trans Plantas” Caixa de Botânico Caixa grande: madeira, vidro, latão e papel (fichas das plantas). 395 x 305 x 134mm Caixas pequenas: Prata, ouro, lentes e produtos vegetais: açafrão, açúcar/cana de açúcar, aniz estrelado, arroz, baunilha, cacau, café, canela, cardamomo, chá, coentros, colorau/paprika, cominhos, cravinho da índia, curcuma/caril, gengibre, milho, mostarda, nóz moscada, pimenta, pimenta da jamaica, piripiri/malaguetas, sésamo e tabaco. 7 Grandes 37 x 37 x 20 mm (cada), 15 Pequenas 335 x 335 x 185 mm (cada) e 2 Compridas 163 x 25 x 25 mm (cada)
“Condecoração de Conquistas” Colar-Pulseira Prata 950, peridoto e zircônia. 1000 x 180 mm
O Passador da Grã-Cruz, usado no ombro, permitia a “passagem” das faixas de gala. Os diamantes que o compõem fizeram-me pensar noutras mercadorias, que “passaram” dum continente a outro, nos navios da frota Portuguesa. Às especiarias dos Descobrimentos juntaram-se outras plantas, que transformaram a forma como as pessoas viviam e se alimentavam, integrando-se nas suas culturas e cozinhas tradicionais. O Jardim Botânico do Rio de Janeiro, criado por D. João VI, deu-me a conhecer o seu interesse pela botânica. Foi aí que se realizaram estudos sobre a capacidade de adaptação e produtividade das diversas espécies da flora, trazidas dos quatro cantos do Império. Assim surgiu a ideia de criar uma “caixa de botânico”, para transportar sementes ou amostras de plantas, e um registo científico e utilitário sobre as mesmas, permitindo a sua “passagem” para qualquer ponto do mundo.
O Colar-Pulseira “Condecoração de Conquistas” é uma faixa de condecoração para mulher contemporânea que conquistou seu espaço. As figuras representam: maternidade, independência financeira, feminino-masculino, jóia solitária e coração vazio. O passador transformado em pulseira (algema) é decorado com asas (liberdade).
···
Passador de Grã-Cruz Brasil, Rio de Janeiro, 1811 António Gomes da Silva (atrib.) Ouro, prata e diamantes. 214 x 45 x 11 mm Palácio Nacional da Ajuda, Lisboa, inv. 4795 Foto: José Pessoa (DDF/IMC) 126 ···
···
127 ···
···
128 ···
Alexandra de Serpa Pimentel
···
129 ···
···
130 ···
Maura Toshie ···
131 ···
Carla Castiajo “Herói” Colar e Placa Prata, lona, fio de polyester, crina e espelhos. Colar – 550 mm comp. Placa – 116 x 25 mm
“É na superação dos limites impostos pela própria condição humana que reside a heroicidade do Herói.”
Dulce Goettems “Símbolo Real” Pendente Ouro 750, diamantes, rubis e topázios. ø 80 mm
Em homenagem a nossa história e a herança de valores, o pendente “Símbolo Real” preserva a imagem de uma jóia honorífica, com sua forma estrelar e seus elementos simbólicos.
Ordem Militar da Torre e Espada Brasil, Rio de Janeiro, 1813 António Gomes da Silva (atrib.) Ouro, prata, diamantes, diamantes rosa, rubis, esmeraldas, esmalte e seda. Colar – 550 mm Placa – 116 x 25 mm Palácio Nacional da Ajuda, Lisboa, inv. 4783 e 4783/A Foto: PH3 ···
132 ···
···
133 ···
···
134 ···
Carla Castiajo
···
135 ···
···
136 ···
Dulce Goettems
···
137 ···
Manuel Vilhena “Espelho teu” Pendente com corrente Ouro 999, ouro 750, prata 925, vidro, espelho, ametista em bruto e fio de algodão. Pendente – 190 x 70 x 10 mm Corrente – comp. aprox 1600 mm
O meu trabalho vai ser efectuado com referência na peça de joalharia que D. Carlota ostenta, no quadro que me foi proposto. Duas vertentes: A relação de D. Carlota com seu marido como base para todas as relações humanas, ou seja, o relacionamento entre duas pessoas, qualquer que seja a sua natureza: um espelho como retrato, o comprimento do cordão que o sustenta, que permite ao usuário colocá-lo sobre, a parte do corpo correspondente ao tipo de relacionamento (coração, cabeça, ombros, sexo, etc...). A vertente estética toma como base o pendente que ela usa, fazendo uma cópia, em linhas contemporâneas da mesma: a forma oval como um clássico para retratos, a pedra semi-preciosa representando a riqueza das novas terras descobertas, coroando a figura, a estrutura em ouro, a corrente.
Vanessa Alcantara “Na intimidade de Carlota” Castanhola Prata 950 e madeira. 150 x 100 x 17 mm
D. Carlota Joaquina, rainha portuguesa, que jamais abdicou da nacionalidade espanhola, escreveu inúmeras cartas aos pais e ao marido, D. João VI. Expressando os sentimentos mais profundos que foram encontrados em suas cartas pessoais, elaborei as castanholas.
Rainha D. Carlota Joaquina Portugal, séc. XIX (1o quartel) Óleo sobre tela. Madeira dourada. 925 x 740 x 44 mm Palácio Nacional da Ajuda, Lisboa, inv. 41367 ···
138 ···
···
139 ···
···
140 ···
[Manuel Vilhena]
···
141 ···
···
142 ···
Vanessa Alcantara
···
143 ···
Rita Faustino “Coroação de D. Carlota Joaquina” Coroa Fio de nylon. Alt. 300 mm ø 300 mm
Centralizei o meu projecto no carácter de D. Carlota Joaquina a partir da peça que me foi destinada. D. Carlota Joaquina era incontestavelmente uma figura única, não só na sua maneira de ser, na sua sede pelo poder, nas suas características físicas e até nas suas preferências sexuais. “A Megera de Queluz” tinha um carácter ambicioso e até violento. Faleceu naturalmente ou suicidou-se, em 1830, só, esquecida, triste e amargurada. Esta figura “marcante” na época seria, até nos dias de hoje, extravagante. Concebi a minha peça para uma Carlota Joaquina actual. Uma “jóia” que de certa forma a represente, a demarque das outras pessoas. Fiz uma peça de cabeça, na qual tento representar toda a exuberância, o exagero desta figura. Como que a “Coroa” do poder que ela tanto ambicionava, mas no fundo nunca conseguiu. Com o contra senso de ser num material nada nobre, mas simples, despojado de valor. Mantive sim a transparência, o brilho dos “diamantes”, o “rendilhado” da montagem das pedras.
Willian Farias Sem Título Adorno para cabeça Prata 999 e linha de algodão. 500 x 1500 mm Sem Título Pregadeira Ouro 750, quartzo fumé. 30 x 60 mm Sem Título Pregadeira Ouro 750. 30 x 60 mm
CARLOTA JOAQUINA – determinada, manipuladora, autoritária, voluntariosa, ambiciosa, audaciosa, forte, extravagante, fogosa, ambivalente, humanitária, acolhedora, soberana – RAINHA.
Adorno de cabelo Portugal, séc. XIX (inícios) Prata e diamantes. 130 x 85 mm Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa, inv. 1197 Joa Foto: José Pessoa (DDF/IMC) ···
144 ···
···
145 ···
···
146 ···
Rita Faustino
···
147 ···
···
148 ···
Willian Farias ···
149 ···
Artur Madeira Sem Título Broche Ouro 22 quilates. 88 x 15 x 5 mm
A peça recebida foi um lingote em ouro, com os punções das armas de Portugal, o nome ou as iniciais da casa de fundição, o toque do ouro e a data de fundição e, no reverso, a esfera armilar. “Apropriando-me desse lingote”, fiz desaparecer todas as marcas da época e remarquei-o.
Marcius Tristão “Fractal 1808” Escultura | Pendente Alumínio, com tratamento em pátina especial. 200 x 90 x 50 mm
As barras de ouro preparadas nas casas de fundição nos séculos XVIII e XIX, conduzem hoje a imaginá ‑las com um simbolismo monetário — um tipo de moeda — que poderia ser trocada por um bem ou usada como matéria prima na confecção de uma jóia. Nestas barras encontram-se grafismos, tais como filetes em ramagens, círculos dentados e o símbolo da coroa portuguesa. A escultura foi fundida em alumínio, na técnica dos “Fractais”, e posteriormente patinada. Apresenta alguns desses grafismos, entre eles o brasão português que aparece gravado na forma de marcas de moedas da época, remetendo o observador para as antigas barras de ouro.
Guia e Barras de ouro Mato Grosso, séc. XVIII Minas Gerais e Goiás, séc. XIX Ouro, Casa de Fundição de Sabará, Minas Gerais, 1814. Museu Histórico Nacional, Rio de Janeiro, SIGA 0410 e SIGA 002 Foto: Paulo Scheuenstuhl ···
150 ···
···
151 ···
···
152 ···
Artur Madeira ···
153 ···
···
154 ···
Marcius Tristão
···
155 ···
Ana Albuquerque “Extracção” “Fundição” “Aferição” Três anéis Ouro 800 respectivamente com diamante, ouro 999 e seixo. ø 18mm
Garimp.agem,-ar,-eiro,-o-Grimpar vb. “subir, trepar, galgar” “responder com insolência”1844. Talvez do fr. Grimper garimpagem XX // garimpar XX //garimpeiro 1881. De grimpa, com epêntese do a, desfazendo-se do grupo consonal gr-. O termo surge com a função de vigia das minerações clandestinas, o qual, para exercê-la, tinha que subir às grimpas das montanhas recebendo daí o nome, donde garimpeiro // garimpo 1899. Derivado regr. De garimpeiro // grimpa/XVI, grympa XVI. Dicionário etimológico António Geraldo da Cunha, Editora Nova Fronteira (2a edição Maio de 1994) Equipamento de extracção, fundição, aferição e transporte de ouro. Interessa-me a matéria e o modo como fazemos a selecção, o que nos leva a preferir um material ou objecto em detrimento de outro. As primeiras qualidades matéricas que os garimpeiros reconhecem, entre um misto de saber e experiência, que os leva a escolher e a separar. A probabilidade e persistência do garimpo com atenção, a tensão e a contenção.
···
Cathrine Clarke “Colar-Móbile” Colar Ouro 750, resina e aço corten, que enferruja quando exposto à ação de agentes atmosféricos. 150 x 290 mm
O colar e o pêndulo são elaborados em ouro 750 amarelo, liso e polido. As elipses, presas ao pêndulo, são manufaturadas em aço corten e acabadas com resina. Elas giram na haste pendular, movimentando-se livremente quando usadas. Ao conceber o colar-móbile, jóia única feita à mão, referências cruzadas e simbólicas foram incorporadas, tais como: os elementos do colar provêm de recursos naturais; o pêndulo era a ferramenta que então auxiliava o homem na sua busca pelo ouro; o aço corten, que enferruja, remete aos utensílios usados na época para se refinar e aferir o metal; o colar primitivo nos faz lembrar o forjar, fundir e meios de transporte do período, em contraste com a alta tecnologia de hoje; o girar das elipses nos conduz ao movimento do globo, do tempo, do espaço, e, invariavelmente, ao contemporâneo.
Equipamento de extração, fundição, aferição e transporte de ouro Brasil e Portugal, séc. XVIII e XIX Ferro, madeira e bronze. Museu Histórico Nacional, Rio de Janeiro SIGA 315, SIGA 352, SIGA 402 e SIGA155 Foto: Paulo Scheuenstuhl 156 ···
···
157 ···
···
158 ···
Ana Albuquerque
···
159 ···
···
160 ···
Cathrine Clarke
···
161 ···
Inês Sobreira “Homenagem” Relicário pendente Ouro 800, prata 925 e vidro. Corrente – comp. 320 mm Caixa – 440 x 660 x 13 mm
Partindo da ideia de relicário como objecto com a função de guardar as relíquias, retratos ou cabelos de pessoas amadas, e retirando-lhe a importância de “jóia”, valorizando o conteúdo, proponho uma homenagem a todos os homens e mulheres que naquele momento da História da Humanidade deram a vida a trabalhar nas minas de ouro e pedras preciosas. A minha homenagem é materializada através de uma corrente com 33 figuras humanas em ouro, com a altura média aproximada de 1cm cada, ligadas umas às outras pela cabeça e pelos pés, através de pequeníssimas argolas também em ouro. Esta corrente está inserida numa pequena caixa pendente com uma forma hexagonal, de lados inclinados, remetendo para o talhe de lapidação das pedras preciosas. A caixa é em prata, com uma tampa em vidro, quase que se anulando, valorizando a importância da corrente.
Valeria Tupinambá “Relicário Oceano Atlântico” Pendente Ouro 750, topázio, madeira de jaqueira, areia e vidro. 85 x 40 mm
As caravelas que cruzavam o Atlântico e os relicários pingentes portugueses inspiraram a criação do pingente relicário. Em sua confecção, juntamente ao ouro, foi incluída madeira de jaqueira, frequentemente utilizada na construção naval. O pingente relicário “Oceano Atlântico” carrega em seu interior uma pequena ampola de vidro, contendo a mistura de grãos de areia da praia, do local de onde chegaram, Rio de Janeiro, e de onde partiram, Lisboa, unindo simbolicamente as duas nações.
Objetos de devoção pessoal — Relicários Pingentes Ouro, prata, pedras semi-preciosas e vidro. Portugal, sécs. XVIII e XIX. Museu Histórico Nacional, Rio de Janeiro SIGA 000.429 e SIGA 000.439 Foto: Paulo Scheuenstuhl ···
162 ···
···
163 ···
···
164 ···
Inês Sobreira
···
165 ···
···
166 ···
Valéria Tupinambá
···
167 ···
vandanuno
Jeanine Geammal
“no fundo” Colar com pendente Prata 925 pintada, borracha e espelho. 90 x 18 x 18 mm
”Viva!” Coroas Ouro, ferro, aço e seda. ø 300 x 500 mm
A jóia-mote é a coroa de prata dourada que se encontra no Museu Imperial, em Petrópolis, réplica da coroa de ouro de D. João VI mandada fazer pelo banqueiro português Afonso Pinto de Magalhães. Bem vivo está no coração brasileiro a sua relação com Portugal e a Coroa Portuguesa, ideia que tomámos como ponto obrigatório de representação no nosso trabalho: coroa no coração. Por outro lado, a nossa opção insere-se no género de esculturas que temos vindo a desenvolver nestes últimos dois anos: são objectos, contentores, que questionam o mundo real através dos mundos impossíveis que criamos. A proposta que temos é um paralelepípedo em prata, para usar pendurado, que fica posicionado sobre o coração. Através de soluções ópticas cria a ilusão de que o seu portador tem um buraco no peito e, no seu interior, tem uma silhueta da coroa portuguesa, recortada e rectro-iluminada por luz natural.
Alguns objetos congelam um tempo, uma época. O ouro talvez seja o mais belo material a enganar o Tempo. Ou pode ser que o próprio Tempo, senhor do perpétuo, o tenha inventado para esquecer, por alguns momentos, da suprema maçada que é a eternidade. Outros objetos põe-se a enferrujar, desgastar, descascar, descolorir, apagar e enrugar. Com o deslizar dos tempos, envelhecem. Mas o que é envelhecer, se não viver? Viver até morrer! À coroa viva: viva! Agradeço à minha querida amiga Silvia Patrícia que me apresentou à melhor percepção do envelhecer.
Coroa Prata Dourada Réplica da coroa real de D. João VI, mandada fazer pelo banqueiro português Afonso Pinto de Magalhães. Museu Imperial, Petrópolis. MI RG 081.241 ···
168 ···
···
169 ···
···
170 ···
vandanuno
···
171 ···
···
172 ···
Jeanine Geammal
···
173 ···
João Martins
Key
Sinete, Pingente e Anel Sigilar Prata 925, ouro 800, pau preto folheado a ouro e marfim. Sinete 50 x 30 x 30 mm Anel Sigilar 25 x 20 mm
“Sinete Brasil” Pulseiras Prata 950 e jacarandá. ø 70 x 60 mm; ø 70 x 55 mm; ø 70 x 50 mm; ø 70 x 45 mm ø 70 x 40 mm; ø 70 x 35 mm; ø 70 x 30 mm; ø 70 x 25 mm
Sinete, Pingente e Anel Sigilar. Combinei estas três funções recriando-as num só objecto, interpretando a sua forma mais prática de usar. Esta combinação poderá ser usada pelo seu proprietário em todas as ocasiões, permitindo-lhe usufruir de 3 peças numa só. É um “triobjecto” composto por uma placa redonda de prata onde, num dos lados, será gravado o selo do proprietário e, no outro, um encaixe onde se fixa uma coluna feita de pau preto esculpido e folheado a ouro, marfim e prata, dando origem a um sinete. Na parte lateral dessa placa estão dois furos, onde se encaixa um aro de ouro dando origem a um anel sigilar. Nesse mesmo aro existe uma passagem para uma tira de couro que permite usar como pingente.
Com a superposição de peças, formando uma escultura cilíndrica, Key quer sugerir, sutilmente, a mudança de trajetória do Brasil Colonial para o Brasil como Nação, o que somente tornou-se possível com a vinda e permanência da Família Real no Rio de Janeiro, a partir de 1808. Para ilustrar as mudanças do Brasil, Key criou 3 chan celas, que representam 3 momentos marcantes da nossa História. A CRUZ da Ordem de Cristo lembra a chegada de Cabral ao Brasil habitado por indígenas (1500), e também a presença marcante desse símbolo na cultura brasileira. O TRIÂNGULO da Inconfidência Mineira representa o Brasil com o seu desejo de liberdade (1789). O NAVIO representa um dos momentos mais importantes da nossa História, que se deu quatro dias após a chegada da Família Real ao Brasil. O Príncipe Regente, D. João de Portugal, no dia 28 de janeiro de 1808, em Salvador, promulga a I Carta Régia, decretando a Abertura dos Portos às Nações Amigas, o que mudaria nossa História para sempre. Maria Cristina Loureiro de Sá Sinetes, Pingentes e Anel Sigilares Séc. XIX. Madrepérola, gemas, ouro e bronze. Museu Histórico Nacional, Rio de Janeiro SIGA 087, SIGA 097, SIGA 081, SIGA 089, SIGA 086 e SIGA 101 Foto: Paulo Scheuenstuhl
···
174 ···
···
175 ···
···
176 ···
João Martins
···
177 ···
···
178 ···
Key
···
179 ···
Rita Ruivo Sem título Broche Acrílico, alumínio, prata, aço e plástico reciclado de frascos de cremes para o corpo. 170 x 140 mm
Pretendo brincar com as ideias de fake e kitsch, criando uma peça visivelmente falsa, com materiais pobres, mas ao mesmo tempo coloridos e brilhantes, numa atitude de realeza/nobreza a fingir. Uma dualidade entre o real e o falso. Brincar às falsidades. Exibir uma exuberância claramente falsa. Uma peça visivelmente falsa que pretende ser nobre. Um exibicionismo barato? Um novo-riquismo kitsch? Decadência?...
Aglaíze Damasceno “Delírio real” Adorno para cabeça Prata 950, veludo, osso e zamack. ø 600 x 2500 mm
A definição de loucura norteou a criação da máscara Delírio Real, adorno que envolve a cabeça (corpo e mente), local onde surge a inspiração, acontece a elaboração do pensamento, a construção de idéias e de onde partem os delírios. O vermelho, cor significativa e com forte presença no quadro que retrata D. Maria I, foi escolhido para a realização da peça. Cor quente, que inquieta e nos chama atenção. A máscara representa nossa outra identidade. Feita em veludo vermelho, dela saem vários fios com elementos em prata e osso, representando um pensamento real ou um delírio.
Retrato de D. Maria I Óleo sobre tela – José Leandro de Carvalho Séc. XIX (1a metade) 128,3 x 94 cm Museu Histórico Nacional, Rio de Janeiro SIGA 470 Foto: Paulo Scheuenstuhl ···
180 ···
···
181 ···
···
182 ···
Rita Ruivo
···
183 ···
···
184 ···
Aglaíze Damasceno
···
185 ···
Madalena Avellar “D. Pedro”, Anel Ouro 800, pérola, esmeralda, diamante, rubi e opala. ø 25 mm “D.Leopoldina”, Chateleine Prata 925, águas marinhas, vidro e tela. 250 x 90 mm
Elizabeth Franco “A Roda” Pendente Prata 950 com detalhes em ouro 750, amarelo, vermelho e branco. ø 70 mm
“Café”, Colar Prata 925 e granadas. 480 x 150 m
As minhas Jóias são para D. Pedro e para D. Leo poldina. Para a jóia de D. Pedro fui buscar uma história que uma vez ouvi contar... Diz-se que na altura das lutas liberais as pessoas que abraçavam a causa de D. Pedro usavam no dedo um anel com cinco pedras, sendo cada uma delas a inicial das letras que formavam a palavra PEDRO: P pérola; E esmeralda; D diamante; R rubi; O opala. Para a jóia de Dona Leopoldina, senhora culta para a época, que adorava fazer incursões pelo Parque da Tijuca e Jardim Botânico recolhendo amostras da fauna, da flora, de insectos e de rochas que aumentavam a sua colecção, decidi fazer uma chateleine para ajudar a Princesa a manusear e guardar os seus tesouros, aquando dos seus passeios. Para ambos pensei também fazer um colar de folhas e bagas de café (planta acabada de chegar ao ”Mundo Novo”), por esta planta ter inspirado um dos símbolos da primeira bandeira do Brasil. O colar é como um círculo, o iniciar de um ciclo simbolizando a vida dos primeiros Imperadores do Brasil. ···
A bela tabaqueira, que recebi como mote do trabalho, me fez pensar nos momentos em que D. Pedro a utilizava. Provavelmente em situações de relaxamento e prazer. Quais os prazeres oferecidos pela corte Portuguesa no Brasil? Que prazeres D. Leopoldina conseguia obter num local tão diferente do seu? Enfim, um questionamento aos prazeres. A dicotomia: o quanto mais nos entregamos aos prazeres dos sentidos, o quanto mais estamos aprisionados a eles. Assim, faço uma caixa (objeto que aprisiona, guarda algo), redonda (forma da transcendência), no formato de caixa de remédio giratória, onde cada compartimento revelado, é de um sentido. Minha intenção é que, quem a pegue, se conscientize de qual o prazer que te aprisiona em cada um dos 5 sentidos. E busque então a sua transcendência, para um caminho de desprendimento e leveza nesta vida. Tabaqueira Ouro, tartaruga, pintura (guache sobre marfim). Retratos de D. Pedro I e D. Leopoldina Museu Imperial, Petrópolis / IPHAN / MinC MI RG 002.170 186 ···
···
187 ···
···
188 ···
Madalena Avellar
···
189 ···
···
190 ···
Elizabeth Franco
···
191 ···
Manuela de Sousa “Um coração, três amores” Pendente com corrente Ouro 800 Pendente – 30 x 20 mm | Corrente – comp. 380 mm
O meu trabalho é desenvolvido a partir do “Colar da Marquesa de Santos”, que se encontra no Museu Imperial, em Petrópolis. Este lindo colar, feito de ouro e ametistas, com um camafeu com o seu próprio retrato, foi oferecido por D. Pedro I a D. Domitila de Castro Canto e Melo, que mais tarde tornaria Marquesa de Santos, como prova do seu amor. Esta oferta é uma valiosa expressão de D. Pedro como homem romântico, de grandes paixões, que entregou com intensidade o seu coração às mulheres que amava e às causas a que se dedicava. Foi também num exemplo de romantismo que doou o seu coração ao Porto, onde este repousa ainda nos dias de hoje, na igreja da Lapa, separado do resto do seu corpo que se encontra em S. Paulo. A peça que apresento nesta exposição é um pendente em forma de gaiola, que no seu interior contêm um coração de ouro. Na sua base encontra-se escondido um pequeno coração de ouro com um rubi no seu centro. A gaiola dourada simboliza o exílio de D. Pedro, que chega ao Brasil em condições difíceis, com a corte fugida de Portugal, e que mais tarde se torna no Imperador do Brasil, ao declarar a sua Independência. O coração no seu interior simboliza o coração de D. Pedro, que tão intensamente entregou a Domitila, ao Brasil e a Portugal. ···
Paula Mourão “Ninho de Amor” Porta-Jóias Ametistas, cobre e tecido. 110 x 160 x 210 mm
Não se uniram por questões políticas, estavam acima do julgo real, aprisionavam-se... D. Pedro I e Domitila viveram um amor proibido, se permitiram entregar à liberdade dos apaixonados e, por esta mesma paixão, tornaram-se prisioneiros um do outro. Envolvidos por inteiro, por um amor proibido, faziam dos cantos de um quarto o refúgio perfeito, livres de julgamentos, proibições e moralismos. Entre cartas, olhares, palavras e presentes, provavam, um ao outro, seus sentimentos. Um lindo colar de ametistas, com seu rosto esculpido num medalhão, esta foi uma das mais significativas jóias dadas por D. Pedro I à Domitila. Inspirada nessa história de amor e segredos construí “Um Ninho de Amor”.
Colar da Marquesa de Santos Séc. XIX (1o quartel) Ouro, ametistas e concha. Museu Imperial, Petrópolis / IPHAN / MinC MI RG 005.904 192 ···
···
193 ···
···
194 ···
Manuela de Sousa
···
195 ···
···
196 ···
Paula Mourão
···
197 ···
Inês Nunes
Letícia Costa
“Penso” Adesivos compressas com película de prata, pensos auto-adesivo, adesivos e película de estampagem. Dim. várias
“Flores Reais” Colar Prata 950, cobre e vidro. 450 x 450 mm
Jóias Anti-Bacterianas. Adesivos “cirúrgicos”, como se de uma folha em branco se tratasse. A “folha em branco” revela a ausência, o vazio, que no limite da sua área me convida a preencher com novas jóias. As novas jóias são a “manipulação” das jóias de crisoberilos, ou seja, o exercício do copy-paste, do tratamento de imagens, da nova leitura da composição das jóias originais. A perversão do sentido existente na busca de um novo significado. Dar nova função à utilidade das jóias, onde todos possamos ser portadores, na realização de um desejo de querer ter, usar e exibir, a um custo tão acessível como o colar na sua pele, as jóias que outrora pertenceram a alguém que fez História. Hoje esse “alguém” somos todos nós, que pelas feridas procuramos cicatrizar, assumindo-as e salientando-as sem, no entanto, exibirmos o conteúdo de tais fragilidades. Proteger uma identidade, quando se diz que as jóias parecem ter desaparecido para toda a eternidade.
A decoração dos séculos XVIII e XIX foi muito rica em detalhes florais e laçadas. O naturalismo foi a fonte a que recorreram os ourives e joalheiros da época, sendo que jóias em forma de ramos de flores, retratados ou estilizados, eram as mais produzidas. Os lustres serviram de referência para a criação do colar. Eram tão exuberantes quanto as jóias, que passaram a ser usados como ostentação, de riqueza, poder ou credo religioso.
Jóias de Crisoberilos Fivela, colar, brincos e pulseira. Portugal, séc. XVIII Prata e crisoberilos. Museu Imperial, Petrópolis / IPHAN / MinC MI RG 004.015, MI RG 003.764, MI RG 003.767 e MI RG 003.819 ···
198 ···
···
199 ···
···
200 ···
Inês Nunes
···
201 ···
···
202 ···
Letícia Costa
···
203 ···
Teresa Milheiro
Regina Boanada
“Tiradentes 1” Objecto Madeira, ouro, dentes, veludo e acrílico. 175 x 110 x 30 mm
“Liberdade” Colar Prata 950 rodinada de negro, ametista, quartzo green gold e jarina. 270 x 180 mm
Mostruário-relicário–depositário. É uma caixa de madeira dividida ao meio, em que o mostruário é a metade composta por vários compartimentos, que simbolizam as várias facetas e qualidades profissionais do Tiradentes, como a ordem e o rigor para ser Alferes e Líder do movimento da “inconfidência mineira”. Estes compartimentos servem para colocar, como mostruário, vários dentes de ouro que serviriam para substituir os dentes arrancados. Este ouro, faz alusão à profissão que ele desempenhou, como dentista muito habilidoso, mineralogista, e ao facto de ter nascido em Minas Gerais, zona riquíssima em ouro. A outra metade é o “depositário-relicário“ e serve para colocar os dentes arrancados em mau estado e ensanguentados. Estes dentes e o sangue lá colocados simbolizam a morte macabra a que o Tiradentes foi sujeito: enforcamento, decapitação e esquartejamento, de modo a desencorajar simpatizantes do movimento independentista. Este compartimento está forrado a veludo, como se fosse um pequeno caixão e ao mesmo tempo um relicário, visto que o Tiradentes foi considerado um mártir. Na tampa está escrita a palavra memorium a vermelho, relembrando-o como símbolo da independência do Brasil e, ao mesmo tempo, aludindo ao facto de ter sido declarado por escrito, com o seu próprio sangue, a sua memória como infame.
Busco na história elementos de inspiração: O colar, numa abordagem de repetição da forma, foi construído usando como referência o cinzel; a semente de jarina, lapidada, fazendo alusão a dentes; e pedras de cores esverdeadas e lilás usadas em Portugal há 200 anos. Traduzindo os ideais do movimento independentista de Setecentos, retratando a capacidade de liderança, o pensamento, o ofício e o destino de Joaquim José de Silva Xavier (Tiradentes), na trajetória da Independência do Brasil. A jóia remete a imagem do movimento da corda, que aprisiona, trazendo assim a memória da nossa História escrita no destino de Tiradentes, cujo o FIM foi, na verdade, o COMEÇO da mudança.
···
Instrumentos odontológicos Pelicanos, fórceps e espátula dupla. Séc. XVIII Madeira e metal. Instrumentos utilizados por Tiradentes no exercício da atividade de dentista prático. Museu Histórico Nacional, Rio de Janeiro SIGA 6.036, SIGA 6.037, SIGA 6.040, SIGA 6.038 and SIGA 6.039 Foto: Paulo Scheuenstuhl 204 ···
···
205 ···
···
206 ···
Teresa Milheiro ···
207 ···
···
208 ···
Regina Boanada
···
209 ···
Nininha Guimarães dos Santos
Mana Bernardes
Sem título Leque Ferro, folha de ouro, papel, prata 925 e esmalte. 500 x 1000 x 100 mm
“Leque para Aclamar a História” Leque Papel kraft, jornal, acetato, linha dourada, abotoadura de metal com zircônia. 320 x 595 mm (aberto)
Pegando na funcionalidade dos leques (refrescar do calor) e no hábito trazido na época por D. João VI para o Brasil, dos mesmos serem comemorativos dos factos históricos significativos nele representados por pinturas, a minha peça é obviamente um leque sobredimensionado, devido ao facto do aquecimento global do planeta o exigir e por o Brasil ser um dos países onde esses efeitos se têm vindo a sentir consideravelmente. É também um leque comemorativo do nascimento de um novo Povo, cuja descendência foi a mistura de Portugueses, Indígenas e Africanos, claramente visível no povo Bahiano, sobretudo em Salvador. Daí ser Ele o escolhido para representar um dos nossos legados na História do Brasil, através de fotografias de caras diversas, da cidade de Salvador, sua cultura e seus costumes. A Ele (povo bahiano) a minha homenagem.
Desenvolver um instrumento retrátil para fazer vento foi o primeiro passo, mas o Leque da Aclamação trazia em si um fato de nossa História, interpretá-lo de maneira presente e atual fez nosso processo pleno, brincante e interrogador. Não por acaso contei neste projeto com a luxuosa assistência da designer portuguesa Joana Cavalheiro, que pesquisou, alinhavou e bordou meus conceitos e escritos. Poder interpretar este Leque histórico com liberdade de expressão, e com a minha letra, foi um marco para o meu trabalho. Acredito que os espectadores desta exposição poderão pensar e interpretar esta história, que faz parte do que somos hoje como civilização.
Leque Comemorativo da Aclamação de D. João VI em 6 de Fevereiro de 1818. Séc. XIX Prata dourada, esmalte e papel. 320 x 595 mm Museu Histórico Nacional, Rio de Janeiro SIGA 000.463 Foto: Paulo Scheuenstuhl ···
210 ···
···
211 ···
···
212 ···
Nininha Guimarães dos Santos
···
213 ···
···
214 ···
Mana Bernardes
···
215 ···
Notas Biográficas
···
216 ···
Aglaíze Damasceno
aglaizze@gmail.com Nasceu em Cruzeiro do Sul, Acre, em 1972. Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Formação 2001 Ourivesaria no Senai-Rio, Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial no Rio de Janeiro. 2002 Mestre em Artes Visuais, UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro. 2003 Licenciatura em Artes Visuais, Bennett, Rio de Janeiro. Experiência Profissional. Designer de jóias e joalheira, voltada para a joalheria autoral. 2002 Professora do Curso Superior de Moda e do Curso de Design de Jóias, UVA – Universidade Veiga de Almeida, Rio de Janeiro. 2000 Coordenação da Galeria CRUARB, Porto. Bolsas 2001 CNPq. Escola de Belas Artes, Universidade Federal do Rio de Janeiro. 2000 Câmara Municipal do Porto, Ateliers da Lada, Porto. 1999 CNPq. Escola de Belas Artes, Universidade Federal do Rio de Janeiro. Exposições 2000 “Diálogos”, Galeria CRUARB, Porto. 2003 “Metrópolis”, Banco Central, Rio de Janeiro. 2007 “Panorama Carioca”, Centro Cultural do Banco do Brasil, Rio de Janeiro.
Alexandra Serpa Pimentel
alexspimentel@netcabo.pt Nasceu em Lisboa em 1954. Vive e trabalha em Lisboa.
Formação 1973 Foundation Course na Oxford Polytechnic, Oxford. 1976 B.A. (Bachelor of Art) pela Central School of Art and Design, Londres. Experiência Profissional 1978 Funda o Departamento de Joalharia do Ar.Co – Centro de Arte e Comunicação Visual, onde foi também professora até 2005, Lisboa. 1984 Abre a Galeria/Oficina Artefacto 3, Lisboa. 1998 Sai da Galeria Artefacto 3 e passa a trabalhar por conta própria, Lisboa. Bolsas e Prémios. 1990 e 92 Bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian para pesquisa das técnicas “Mokumé Gané” e “Marriage of Metals”. Recebeu vários prémios em concursos de Joalharia. Exposições 1976 “Graduation Show”, Central School of Art and Design, Londres. 2001 “Schmück 2002”, Munique. 2004 “Ponto de Encontro”, CAM, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa.
Ana Albuquerque
ana.albuquerque@meetjewelry.com www.meetjewelry.com Nasceu em Lisboa, em 1964. Vive e trabalha em Carcavelos. Formação 1986 Artes Decorativas, Fundação Ricardo Espírito Santo Silva, Lisboa. 1992 Licenciatura Artes-Plásticas Escultura pela Faculdade Belas‑Artes, Lisboa. 1989 Escola de Joalharia Contacto Directo. Experiência Profissional 2003 Cria a marca meetjewellery. Desde 2007 Vice-Presidente da PIN – Associação Portuguesa de Joalharia Contemporânea, Lisboa. ···
217 ···
Exposições 2006 “meetjewelry”, Antiga Despensa do Hospital Ortopédico de Sant´Ana, Parede. 2007 “Impressions on Portuguese Contemporary Jewellery”, Galeria LandskronSchneidzik, Nuremberga. 2007 “Colectiva de Natal”, Galeria Reverso das Bernardas, Lisboa.
Ana Videla
videla.ana@gmail.com Nasceu em Fortaleza, Ceará, em 1974. Vive e trabalha no Rio de Janeiro Formação 1995 Curso de Joalheria do Ar.Co – Centro de Arte e Comunicação Visual, Lisboa. 1999 Curso de Joalheria Contacto Directo, Lisboa. 2007 Mestrado em Design, PUC-Rio – Pontifícia Universidade Católica no Rio de Janeiro. (em curso) Experiência Profissional 2002/03 Professora da Escola de Ourivesaria, SENAI-Rio – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial no Rio de Janeiro. 2004 Coordenadora Técnica da Escola de Ourivesaria, SENAI-Rio, Rio de Janeiro. 2005 Professora da Pós-Graduação em Design de Jóias, PUC-Rio, Rio de Janeiro. Exposições Coletivas 2002 Durante o período que morou em Portugal, participou em várias exposições. 2003 “O Nilo inspira o Rio” Casa França Brasil, Rio de Janeiro. 2004 “Galerie Francine”, São Paulo.
Antônio Breves
abreves@abreves.com.br www.abreves.com.br Nasceu no Rio de Janeiro, em 1958.
Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Formação No teatro “O Tablado”, como ator, diretor e cenógrafo, no Rio de Janeiro. A partir de 1999 dedica-se as artes plásticas e ao design. Experiência Profissional 1975/98 Diretor e cenógrafo de peças teatrais. Sua obra “Asfalto” é incorporada no acervo do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, adquirida por Gilberto Chateaubriand, 2004. Prêmio 2006 Finalista no IF Product Design Award 2006, Alemanha, com o Anel Sfera. Exposições Participou em diversas exposições coletivas e cinco individuais de 1999 a 2007. 2006 Lança a marca ABREVES Arte e Design e a coleção de jóias “Rotação”, no Jóia Brasil, Rio de Janeiro. 2007 Expõe a Instalação Força e Luz na Caixa Cultural, Rio de Janeiro.
Artur Madeira
artur3m@hotmail.com Nasceu na Guarda em 1982. Vive e trabalha em Lisboa. Formação 2005 Curso de Joalharia, Ar.Co – Centro de Arte e Comunicação Visual, Lisboa. 2007 Curso Avançado de Artes Plásticas, Ar.Co – Centro de Arte e Comunicação Visual, Lisboa. 2008 Projecto Individual em Joalharia, Ar.Co – Centro de Arte e Comunicação Visual, Lisboa. Exposições 2003/04 Exposição de Verão, Ar.Co – Centro de Arte e Comunicação Visual, Quinta de S.Miguel, Almada.
Bárbara de Crim V.
bcrim@terra.com.br Nasceu no Rio de Janeiro, em 1963. Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Formação 1986 Graduação em Educação Artística – Habilitação em Artes Plásticas, pela UFRJ. 1989 Especialização na Escolinha de Arte do Brasil (Augusto Rodrigues), no Curso Intensivo de Arte na Educação. 2003 Especialização em Design de Jóias, pela Pontifícia Universidade Católica no Rio de Janeiro. Experiência Profissional 1998 Autora de projeto único em esculturas vivas, com minerais e plantas naturais. 1996/04 Professora e Coordenadora Artística do Núcleo de Arte do Município do Rio de Janeiro. 2003 Designer de jóias contemporâneas, com utilização de materiais diversos, criando coleções com temáticas específicas. Prêmios 1993 Finalista do VI Salão de Humor, na Casa de Cultura Laura Alvim, Rio de Janeiro. 2004 3° lugar na Exposição de Fotografias da Rua do Lavradio – Lapa, Rio de Janeiro. Exposições Coletivas 2004 “Rio é Jóia”, no Espaço Cultural El Corte Inglês, Lisboa. 2005 “Núcleo de Inovação e Design”, SEBRAE-Rio, Rio de Janeiro. 2007 “Sonho para fazer e faço”, Casa dos Azulejos, São Pedro D’Aldeia.
Bia Saade
biasaade@projetopaldio.com.br www.projetopaladio.com.br Nasceu no Rio de Janeiro em 1973. Vive e trabalha no Rio de Janeiro. ···
218 ···
Formação 2001 Especialização em Design de Jóias, pela PUC-Rio, Rio de Janeiro. 1994 Graduação em Economia, pela PUC-Rio – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. 1999 Pós-Graduação em Product Management, pelo Istituto Artistico Dell’abbigliamento Marangoni, Milão. Experiência Profissional 2001 Desenvolve seu próprio trabalho no campo da joalheria contemporânea. 2004 Funda o Projeto Paládio, um incentivo à joalheria autoral. 2007 Inaugura a Galeria “O Banquete”, em parceria com Elizabeth Franco e Lívia Mourão. Exposições Coletivas 2003 “Cariocas da Gema”, na Galeria Gilson Martins, no Rio de Janeiro, Zona D, em São Paulo e na Galeria Margarida Pimentel, no Centro Cultural de Belém, Lisboa. 2004 “Rio é Jóia”, El Corte Inglés, Lisboa. 2007 “Nova Jóia”, na Zona D, São Paulo.
Carla Castiajo
carlacastiajo@gmail.com Nasceu em Miragaia, Porto em 1974. Vive e trabalha no Porto. Formação 2003 Licenciatura no Curso de Design de Joalharia, ESAD – Escola Superior de Artes e Design, Matosinhos. 2006 Mestrado em Belas Artes/Joalharia, na Konstfack, Estocolmo, Suécia. Experiência Profissional 2006 Professora no Departamento de Joalharia, Beaconhouse National University, Lahore, Paquistão, (15 de Setembro a 15 de Dezembro).
2007 Professora, Departamento de Joalharia, Beaconhouse National University, Lahore, Paquistão, (15 de Setembro a 15 de Dezembro). Bolsas e Prémios 2003 Graduate Prize, Marzee, Nimegen. 2006 Graduate Prize, Marzee, Nimegen. 2006 Bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa. Exposições 2003 “Graduate Show”, Marzee, Nijmegen. 2006 “Graduate Show”, Marzee, Nijmegen. 2007 “Schmuck”, Munique.
Cathrine Clarke
cclarke@katesjewelry.com.br www.katesjewelry.com. Nasceu em Santos, São Paulo, em 1950. Reside e trabalha no Rio de Janeiro. Formação 1991 Ourivesaria, Atelier Paula Mourão, Rio de Janeiro. 1997 Desenho de Jóias, Atelier Andréa Nicácio, Rio de Janeiro. 2006 Teorias de Arte Contemporânea, Curso de Extensão, Universidade Estácio de Sá, RJ, Rio de Janeiro. Experiência Profissional 1988/02 Proprietária da loja Kate´s Jewelry. 2000 Palestrante e escreve artigos, críticas e biografias sobre joalheria contemporânea, para a revista de a rte Ventura. 2002 Atelier Cathrine Clarke. Prêmios 1999 Premiada no Concurso Gold Virtuosi I, Itália. 2000 Premiada, Concurso de Design de Pérolas do Japão. 2001 Vencedora Concurso “Achie-
vements in Inventiveness”, Europa Star, Suíça. Exposições Participou em exposições solo ou de grupo no Brasil e no exterior. Hoje exibe permanentemente suas jóias inventivas em galerias de arte em Búzios, Rio de Janeiro e em São Paulo. 2006 I Bienal Brasileira de Design, São Paulo.
Diana Silva
dianaselene@googlemail.com Nasceu no Barreiro em 1976. Vive e estuda em Birmingham, Ingla terra. Formação 2000 Curso Joalharia, Ar.Co – Centro de Arte e Comunicação Visual, Lisboa. 2002 Curso Avançado de Artes Plásticas, Ar.Co – Centro de Arte e Comunicação Visual, Lisboa. Estágio com Manfred Bischoff, Escola Alchimia, Florença. 2005 Curso de Lapidação de Pedras, em Fachhochschule Trier, Fachbereich Edelstein Schmuckdesign, Idar ‑Oberstein. Desde 2007 Mestrado em Jewellery, Silversmithing & Related Products, Birmingham Institute of Art & Design com Jivan Astfalck Prall. Experiência Profissional 2006/07 Orientou workshops de lapidação de pedras e crochê com metais no Ar.Co – Centro de Arte e Comunicação Visual, Lisboa. Bolsas e Prémios Bolsa Elu-Ferramentas e Bolsa Dewald; Ar.Co, Lisboa. 2001/02 1° prémio no Concurso Cena d’Arte ’99, Lisboa. 2003 1° prémio no Concurso Jovens Criadores, Lisboa. ···
219 ···
Exposições 2000 “Talent”, Munique. 2000/05 “T5 Joalharia Contemporânea”, ARTFIT Galeria Nuno Cardoso, Lisboa; Galeria Velvet Vinci, S. Francisco, U.S.A.; Mikala Mortensen, Copenhaga, Dinamarca. 2005 “Biennale Napoli 05”, Castel Sant’Elmo, Itália.
Dirceu Krepel
jrdkrepel@gmail.com www.dirceukrepel.com Nasceu em São Paulo, em 1939. Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Formação Autodidata em Joalheria. Experiência Profissional Dirceu desenha e faz artesanalmente suas jóias desde 1970. Também produz desenhos e pinturas além de, objetos de metal cinéticos e móbiles. Exposições 1984 Circuito de Exposições de Jóias “Mitos antigos e novas formas de expressão”, em Bonn, Mettlach e Waiblingen, Alemanha. 2002 Deutsch-Brasilianische Gesellschaft (Sociedade Alemã-brasileira), Atelier Moo Green, Berlin. 2007 Casa Cor, Jockey Club de São Paulo.
Dulce Ferraz
dferraz@ippar.pt Nasceu em Lisboa em 1953. Vive e trabalha em Lisboa. Formação 1980 Licenciada em História pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. 2007 Curso de Joalharia, Escola Contacto Directo, Lisboa. Desde 1993 – Participou em diversos workshops na área da joalharia.
Experiência Profissional Presentemente é assessora do Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico, Lisboa. Exposições Individuais Participação em diversas exposições colectivas em Portugal, Espanha, Alemanha, Japão e Itália. 1996 “A Obra de Arte Total nos sécs. XVII e XVII”, integrada no Simpósio Internacional Struggle for Synthesis, Museu do Mosteiro, São Martinho de Tibães, Braga. 2003 “Geojóias”, Museu Nacional do Traje, Lisboa. 2007 “ Landmarks “, Museu da Tapeçaria de Portalegre – Guy Fino, Portalegre.
Dulce Goettems
dulcehg@gmail.com Nasceu no Rio Grande do Sul, em 1959. Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Formação 1982 Graduação em Arquitetura e Urbanismo, pela Universidade Bennett do Rio de Janeiro. 2007 Pós-Graduação em Design de Jóias e Ourivesaria, PUC-Rio – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Experiência Profissional 1984/94 Abre a Stravazar Artesanatos, onde atuava como designer e escultora. 1995/02 Technos Relógios (fabrica de relógios), na área de marketing. 2006 Designer de Jóias. Prêmios 2006 Anglogold Ashanti Auditions. Vencedora na categoria revelação. 2007 Perles de Tahiti. Classificada em 2o lugar na categoria anel. 2007 Concurso IBGM – Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos.
Classificada na primeira etapa, (resultado final em 2008), na categoria jóias e na categoria lapidação de gemas. Exposições 2007 “Casa Cor São Paulo” na Galeria Cassiano Araújo.
Elizabeth Franco
elizabeth@obanquete.com.br www.projetopaladio.com.br Nasceu no Rio de Janeiro, em 1961. Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Formação 1990 Atelier de Joalheria Virgílio Bahde e Ruby Yallouz. 2006 Capacitação de Docentes em Ourivesaria, Escola de Ourivesaria do SENAI – Rio de Janeiro. 2007 Técnicas de Cinzelagem, Escola de Ourivesaria do SENAI – Rio de Janeiro. Experiência Profissional 1994 Desenvolve seu próprio trabalho no campo da joalheria contemporânea. 2004 Funda o “Projeto Paládio”, um incentivo a joalheria autoral com Bia Saade. 2007 Inaugura a Galeria “O Banquete”, em parceria com Bia Saade e Lívia Mourão. Exposições 1998 “Jogos de Encaixe”, Zona D, São Paulo. 2003 “Cariocas da Gema” na Galeria Gilson Martins (RJ), na Zona D (S.P.) e na Galeria Margarida Pimentel, no Centro Cultural de Belém, Lisboa. 2007 “Nova Jóia” na Zona D, São Paulo.
Filomeno Pereira de Sousa fil.pin@hotmail.com www.filomeno.org/flash.swf Nasceu no Porto, em 1949. Vive e trabalha em Lisboa. ···
220 ···
Formação 1° Oficial de Joalharia, reconhecido pela AIORN e AIOS. Experiência Profissional Formador acreditado pelo SNPC – Ministério do Trabalho e Solidariedade. Director e Professor da Escola de Joalharia, “Contacto Directo”, Lisboa. Exposições 1995 Casa Garden, Macau. 1992 Werk Gallery, Washington DC. 1991 Casa de Serralves, Porto.
Francisco Garcia
franciscogarciaps@hotmail.com Nasceu no Rio de Janeiro, em 1965. Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Formação 1991 Joalheria básica e avançada no Atelier Mourão, Rio de Janeiro. 2005 Pós-Graduação em Design de Jóias pela PUC-Rio – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. 2006 Modelagem em cera no espaço Rita Santos, Rio de Janeiro. Experiência Profissional Trabalhou com o pai em metalúrgica, onde entrou em contato com metais, ligas e fundição em 1989 Desde 2001 até a presente data, Professor de ourivesaria e cravação no Centro de Design do SENAC-Rio, no Atelier Mourão e no Espaço Rita Santos, Rio de Janeiro. Exposições Coletivas 1995 “Mostra de artistas plásticos e joalheiros” na RIOCULT, patrocinada pela Fundação Cesgranrio e realizada no Riocentro, Rio de Janeiro. 1998 “Circulo de Autores de Jóias” no Espaço Cultural dos Correios, Rio de Janeiro. 2005/06 “Atelier de Portas Abertas” no atelier Mourão, Rio de Janeiro.
Hugo Madureira
observatoriohm@gmail.com Nasceu no Porto em 1982. Formação 2007 Curso Avançado de Artes Plásticas, Ar.Co – Centro de Arte e Comunicação Visual, Lisboa. Experiência Profissional Desenvolve a sua actividade de artes ‑plásticas e joalharia no ateliê Colectivo Cãofuso. Comissário do projecto de joalharia da Pedras & Pêssegos. Bolsas 2006/07 Bolsa Caixa Geral de Depósitos. Lisboa. Exposições 2007 “Pó | Dust”, CCBombarda, espaço n°15, Porto. (solo) 2007 “Pavilhão 24°”, Ar.Co Bolseiros e Finalistas, Hospital Júlio de Matos, Lisboa.
Inês Nunes
inessantosnunes@gmail.com Nasce em Lisboa em 1979. Vive e trabalha em Lisboa. Formação 2001 Curso de Joalharia, Ar.Co – Centro de Arte e Comunicação Visual, Lisboa. 2003 Curso Avançado de Artes Plásticas, Ar.Co – Centro de Arte e Comunicação Visual, Lisboa. 2007 Finalista do curso de Ciências Psicológicas no Instituto Superior de Psicologia Aplicada, Lisboa. Experiência Profissional Joalheira em ateliê próprio. Orientou vários workshops de joalharia. Desde 2007 Conselheira artística na área de joalharia contemporânea na Revista Umbigo Bolsa e Prémios 2001 Bolsa Segafredo Zanetti, Ar.Co, Lisboa.
2003 Bolsa Black&Decker, Ar.Co, Lisboa. Exposições 2003 “Bolseiros e Finalistas do Ar.Co”, Cordoaria, Lisboa. 2004 “Ponto de Encontro”, CAM, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa. 2007 “Impressions on Portuguese Contemporary Jewellery”, Galeria LandskronSchneidzik, Nuremberga.
Inês Sobreira
i.sobreira@netcabo.pt Nasceu no Porto em 1962. Vive e trabalha no Porto. Formação 1984 Bacharel em Engenharia Civil, Instituto Superior de Engenharia do Porto. 1998 Licenciatura em Joalharia, ESAD – Escola Superior de Artes e Design, Matosinhos. Experiência Profissional Trabalha em ateliê próprio. 1999/07 Professora do Curso de Joa lharia da ESAD – Escola Superior de Artes e Design, Matosinhos. Exposições Mostra regularmente o seu trabalho desde 1999. 2006 “4 Pontos de Contacto entre Lisboa e Roma”, Galeria Alternatives, Roma. 2007 “Impressions on Portuguese Contemporary Jewellery”, Galeria LandskronSchneidzik, Nuremberga. 2007 “Blickfang Wien”, feira de design em que Portugal foi o país convidado, Viena de Áustria.
Jeanine Geammal
jgeammal@uol.com.br Nasceu no Rio de Janeiro, em 1969. Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Formação 1996 Desenho Industrial na EBA (Es···
221 ···
cola de Belas Artes), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). 2007 Mestrado em Design, Escola Superior de Desenho Industrial, UERJ, Rio de Janeiro (em curso). Experiência Profissional 1996/01 Abre e gerencia o escritório Opus Design onde trabalhou com produções multimídia e design gráfico. 2004/08 Leciona joalheria no SENAI ‑Rio, Rio de Janeiro. 2006/07 Oferece oficinas de design de jóia na EBA – UFRJ. Bolsas 2007 FAPERJ (Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro), Bolsa de estudo para mestrado. Exposições Colectivas: 2004 “Brazil Faz Design” Milão; São Paulo; Buenos Aires. 2005 “2° Bienal de Design Latino Americano em Amsterdã” Amsterdão. 2006 “1° Bienal Brasileira de Design” São Paulo.
João Martins
joaojoalheiro@hotmail.com Nasceu em Lisboa, em 1972. Vive e trabalha em Lisboa. Formação 1997 Plano de Estudos Completo em Joalharia, Ar.Co – Centro de Arte e Comunicação Visual, Lisboa. Experiência Profissional Trabalha em ateliê próprio. Bolsas Bolsa Dr. Joaquim Marques Martinho. Exposições 2001 ”Nocturnus”, Muhu, Estónia. 2004 “Ponto de Encontro”, CAM, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa. 2005 “Mais Perto”, X Simpósio da Ars Ornata Europeana, Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa.
Key
pau.a.pique@urbi.com.br Nasceu em Teófilo Otoni, Minas Gerais, em 1961. Vive e trabalha em Visconde de Mauá, Rio de Janeiro. Formação 1975/85 Aprende e exerce a profissão de marceneiro. Viaja por todo o Brasil pesquisando várias técnicas de artesanato, tornando-se autor de jóias e escultor autodidata. Experiência profissional 1999 Realiza sua primeira exposição de jóias, Niterói, Rio de Janeiro. 2003 Abre com Cristina Loureiro a Galeria Pau-a-Pique, Visconde de Mauá, Rio de Janeiro. Cria e desenvolve projetos para exposições itinerantes. Exposições 2004 “Objeto Bambu-Jóia”, Via Metallo, Niterói, Rio de Janeiro. 2005 “Trespassar”, Galeria de Arte Candido Mendes de Ipanema, RJ. 2006 “Panorama Carioca”, Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro.
Leonor Hipólito
leonorhipolito@oninetspeed.pt Nasceu em Lisboa, em 1975. Vive e trabalha em Lisboa. Formação 1999 Licenciatura em Joalharia, Academia Gerrit Rietveld, Amsterdão. 1998 Programa de Intercâmbio, Parson’s School of Design, Nova Iorque. Experiência Profissional Desde 2003 Professora no Curso de Joalharia, Ar.Co – Centro de Arte e Comunicação Visual, Lisboa. Prémios 1999 Prémio Gerrit Rietveld, Amesterdão.
Representante na área de Joalharia de Jovens Criadores Portugueses na IX e X Bienal de Jovens Criadores da Europa e do Mediterrâneo e na II Bienal de Jovens Criadores da CPLP. Exposições Desde 1998, Participa em diversas exposições colectivas e individuais em Portugal e no estrangeiro 2006 “In-corporation”, Galeria Marzee, Nijmegen, (solo) 2006 “Connect”, Galeria Funaki, Melbourne. 2007 “Impressions on Portuguese Contemporary Jewellery”, Galeria LandskronSchneidzik, Nuremberga.
Letícia Costa
let.costa@terra.com.br Nasceu na Salvador, Bahia, em 1954. Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Formação 1989 Artes Plásticas, Universidade Federal da Bahia. 2005 Design, Centro Universitário da Cidade, Rio de Janeiro. 2005 Ourivesaria no Atelier Mourão no Rio de Janeiro. Experiência Profissional Designer de jóias e joalheira, na área da joalheria autoral. Prêmios 2006 “Anglogold Ashanti Auditions”, selecionada na etapa eliminatória. Exposições 2004 “Por trás da Jóia o azul do mar”, Novo Desenho, MAM – Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro. 2005 “Everywhere, Nowhere”, Galeria Tereza Seabra, Lisboa, Portugal. 2006 “Panorama Carioca” MAM – Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro.
Lívia Canuto
liviacanuto@liviacanuto.com Nasceu no Rio de Janeiro , em 1978. ···
222 ···
Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Formação 1999 Graduação em Desenho Industrial, pela Universidade da Cidade do Rio de Janeiro. 2001 Especialização em Design de Jóias, pela escola Contacto Directo, Lisboa. 2007 Granulação com Giovanni Corvaja na escola Alchimia, Florença. Experiência Profissional 2001 Desenvolve seu próprio trabalho no campo da joalheria contemporânea. 2002 Inicia-se como professora de design de jóias do curso de Desenho Industrial da Universidade Estácio de Sá, Rio de Janeiro. 2004 Inicia o trabalho como professora de ourivesaria da escola técnica do SENAI, Rio de Janeiro. Prêmios. 2003 Primeiro lugar no concurso “Curitiba Arte Design” com o Colar Impressões. Exposições 2002 “Jóias do Sertão” na Galeria da UniverCidade, Rio de Janeiro. 2006 “1a Bienal Brasileira de Design”, Oca, São Paulo. 2007 “Jardim de Alice” na loja Daqui, Rio de Janeiro.
Madalena Avellar
mana.avellar@gmail.com Nasce em Lisboa em 1963. Vive e trabalha em Lisboa. Formação 1987 Curso de Joalharia do Ar.Co – Centro de Arte e Comunicação Visual, Lisboa. 1988/89 Joalharia na Escola Massana sob a orientação do professor Ramon Puig Cuyas, Barcelona. Experiência Profissional 1994/07 Professora de Joalharia na
Escola Secundária António Arroio, Lisboa. 2000/02 Organiza um Curso de Joalharia patrocinado pela Câmara Municipal de Oeiras, onde também leccionou. Desde 1998 colabora com a Diocese de Beja, para onde executa peças inspiradas no seu espólio e desde 2002 colabora com a Fundação Ricardo Espírito Santo Silva, Lisboa. Prémios Recebeu vários prémios em concursos de joalharia. Exposições Expõe desde 1985 em exposições colectivas em Portugal e no estrangeiro e individualmente desde 1998.
Mana Bernardes
contato@mana.cx www.mana.cx Nasceu no Rio de Janeiro, em 1981. Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Formação Faculdade de Desenho Industrial PUC, Rio de Janeiro (em curso). Arte Terapia pelo IATB – Instituto de Artes Terapeutas do Brasil. Experiência Profissional 2005 Escreve a metodologia “História de Vida Através do Objeto, História do Objeto Através da Vida”. 2006 Curadoria e produção para a exposição Teias Humanas e Estampa de Rosto na Galeria Lurix, Rio de Janeiro. 2007 Instalação com 200 sandálias Melissas, sobre o Tema Sustentabilidade para a Galeria Melissa, S. Paulo. Prêmios 2007 Prêmio Top XXI Design – Coleção “Saquinho de Limão”, S. Paulo. Exposições 2005 Exposição comemorativa da “ID”. Vídeo “Conectar-se Pelo Cordão”:
mostra de 40 jovens artistas do mundo J’en revê Fondation Cartier, Paris. 2006 O Trabalho é Seu no Museu Paço Imperial, Rio de Janeiro. 2007 “Moradias Transitórias”, Brasília.
Manuel Vilhena
m@postcon.com Nasceu em Lisboa em 1967. Vive e trabalha em Oslo e Lisboa. Formação 1991 Contacto Directo, Lisboa. 1998 MA, Royal College of Art, Londres. Experiência Profissional 2001/07 Leitor, Alchimia – Escola de Joalharia Contemporânea, Florença. 2007 Professor II, KHIO – Academia Nacional de Artes, Oslo. Exposições Individuais 1999 “Arabian Nights”, Galerie Marzee, Nijmegen. 2002 “Silêncio”, Galeria Tereza Seabra, Lisboa. 2003 Galerie Hnoss, Goteburg.
Manuela Sousa
manuelasousa@sapo.pt Nasceu em Lisboa, em 1959. Vive e trabalha em Lisboa. Formação 1990 Curso de Joalharia, Ar.Co – Centro de Arte e Comunicação Visual, Lisboa. Experiência Profissional 1990/97 Professora de Joalharia na Academia de Artes Visuais do Instituto Politécnico de Macau. É membro da PIN – Associação Portuguesa de Joalheiros Contemporâneos, tendo feito parte da sua direcção em 2005 e 2006. Orienta workshops de anodizações de metais no Ar.Co – Centro de Arte e Comunicação Visual, Lisboa. ···
223 ···
Trabalha em ateliê próprio, como joa lheira de autor. Exposições Expõe regularmente em Portugal e no estrangeiro. 1996 Galeria de Exposições Temporárias do Leal Senado de Macau (solo) 2005 “Mais Perto”, X Simpósio da Ars Ornata Europeana, no Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa. 2007 “Impressions on Portuguese Contemporary Jewellery”, Galeria LandskronSchneidzik, Nuremberga.
Marcius Tristão
marciustristao@uol.com.br Nasceu em Juiz de Fora, Minas Gerais, em 1937. Trabalha em seu ateliê, Santa Teresa, Rio de Janeiro. Escultor autodidata. Executou cerca de 150 esculturas a bstratas, principalmente em metais. Exposições 2001 Metal-morfose – Centro Cultural dos Correios, Rio de Janeiro. 2005 Brasil Brasils – La Paillete, Rennes, França. 2007 Fractais – Espaço Furnas Cultural, Rio de Janeiro.
Margarida Matos
margaridaines@yahoo.com Nasceu no Porto, em 1978. Vive e trabalha em Londres e Lisboa. Formação 2001/04 Curso Joalharia ESAD – Esco la Superior de Artes e Design, Porto. 2003/04 Academia de Belas Artes da Estónia. Programa Erasmus. 2004/05 Curso Joalharia Ar.Co – Centro de Arte e Comunicação Visual, Lisboa 2007 Mestrado em Joalharia, Royal College of Art, Londres.
Bolsa e Prémios 2005/07 Bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa. 2005 e 2007 Prémio Jovens Criadores, Clube Português de Artes e Ideias, Lisboa. 2007 I Premio da Royal Mint Medal Competition, RCA, Londres. Exposições Tem participado em vários workshops e exposições em Portugal e no estrangeiro. 2007 “Preview”, Galeria Reverso, Lisboa e “Wild and Sexy”, Galeria Pilartz, Colónia.
Marilia Maria Mira
mariliamira@gmail.com Nasceu em Lisboa, em 1962. Vive e trabalha em Lisboa. Formação 1987 Curso de Joalharia, Ar.Co – Centro de Arte e Comunicação Visual, Lisboa. 1987/88 e 1989/91 Escola Massana, Barcelona, com Ramon Puig Cuyas. Experiência Profissional 1986/02 Professora de Joalharia no Ar.Co – Centro de Arte e Comunicação Visual, Lisboa. Desde 1992 Professora na Escola António Arroio, Lisboa. 2004 Co-fundadora da PIN – Associação Portuguesa de Joalharia Contemporânea, Lisboa. Bolsas 1989 Bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa. Exposições Organiza e participa em vários eventos e exposições em Portugal e no estrangeiro. 2001 “Observatori 2001, 2on Festival Internacional d’Inu”. 2005 “Habitação Nómada — Intimidade e Domínio público”, Centro Cultural de Belém, Lisboa.
2005 “Mais Perto”, X Simpósio Ars Ornata Europeana, Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa.
Maura Toshie
mauratoshie@yahoo.com.br Nasceu em Garça, São Paulo, em 1948. Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Formação 1978 Gemologia, IBGM e H.Stern. 1984 Desenho de Jóias, IBGM e AJORIO. 1999 Desenho de Modelo Vivo e Escultura – Atelier Maria Teresa Vieira. Experiência Profissional 1978/80 Trabalhou na H. Stern do Rio de Janeiro. 1981 Monta uma pequena oficina de jóias para desenvolver estilo próprio. 1988 Desenvolve jóias de prata com aplicação de couro de rã. Exposições 1987 “Este Encontro Vale Ouro”, Copacabana Palace, Rio de Janeiro. 1990 “Arte e Jóia”, Banco Central de Brasilia – DF. 1998 “13° Rio Jóia”, Hotel Intercontinental, Rio de Janeiro. 2005 “Memórias em Prata”, Solar do Jambeiro – Niterói, Rio de Janeiro.
Nininha Guimarães dos Santos
nininha007@teoriassimples.mail.pt Nasce no Porto, em 1953. Vive e trabalha em Lisboa. Formação 2000 Curso de Joalharia, Ar.Co – Centro de Arte e Comunicação Visual, Lisboa. Participação em vários workshops com joalheiros como : Fausto Franchi (Itália), Katharina Mezinger (Suiça), Ted Noten (Holanda) e Christoph Zellweger (Suiça). ···
224 ···
Experiência Profissional Trabalha no seu próprio ateliê, Lisboa. Exposições Participa em várias exposições nacionais e internacionais. 2004 “Ponto de Encontro”, CAM, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa. 2005 “Mais Perto”, X Simpósio de Joa lharia, Ars Ornata Europeana, Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa. 2007 “Gold 2007”, Berlim.
Paula Mourão
ateliermourao@terra.com.br www.ateliermourao.com Nasceu no Rio de Janeiro, em 1959. Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Formação 1985 Joalheria no Atelier Mourão. 1985 Fundição de metais e moldes de borracha, com Caio Mourão, Rio de Janeiro. 1987 Esmaltação com a Professora Márcia Meira, Rio de Janeiro. Experiência Profissional Proprietária do Atelier Mourão, onde ministra ourivesaria desde 1991. Coordenadora voluntária, em 2003, da implantação da escola de joalheria do Projeto Axé, Salvador, Bahia. Exposições 2003 “Brazilian Jewelry Show – Inspired by Nature” na Gallery 32, Londres. 2004 “Rio é Jóia”, no Âmbito Cultural do El Corte Inglês, Lisboa. 2005/06 “Atelier de Portas Abertas”, no atelier Mourão, Rio de Janeiro.
Regina Boanada
regina_boanada@hotmail.com Nasceu no Rio de Janeiro, em 1952. Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Formação 1985 Graduação em Belas Artes pela UFRJ.
2003 Pós-Graduação em Design de Jóias pela PUC-Rio. 2004 Design Jóias e Ourivesaria II, SENAC-Rio. Experiência Profissional 2003 Elaboração de uma coleção de jóias com gemas coradas para ilustração de folder para a empresa EMBRARAD. 2006/08 Docente no Curso de Graduação Tecnológica em Design de Jóias na UVA – Universidade Veiga de Almeida e no Curso de Design de Jóias do Centro de Design do SENAC-Rio, Rio de Janeiro. 2003/08 Desenvolve peças exclusivas em seu ateliê. Prêmios 2003 2° lugar no Concurso de Design de Jóias EMBRARAD, Brasil. 2004 XII Prêmio IBGM de Design de Jóias – classificada pelo Rio de Janeiro. 2006 Vencedora do concurso de Design “Interferências na Copa” no SENAC-Rio, Rio de Janeiro. Exposições 2004 “Rio é Jóia”, no Centro Cultural El Corte Inglês, Lisboa. 2003/06 “Jóia Brasil”, Fashion Rio – Museu de Arte Moderna no Rio de Janeiro. 2007 New National Art Center (“Art Clay”), Tokio.
Rita Faustino
ritapfaustino@hotmail.com Nasce em Lisboa em 1977. Vive e trabalha em Lisboa. Formação 2002 Curso de Joalharia, Ar.Co – Centro de Arte e Comunicação Visual, – Lisboa. Participa em vários workshops com joalheiros como: Fausto Franchi (Itália), Ted Noten (Holanda) e Christoph
Zellweger (Suiça). Experiência Profissional Neste momento colabora com o Ateliê de Joalharia de Nininha Guimarães dos Santos em Lisboa, Exposições Participa em várias exposições nacionais e internacionais. 1999 “Pot Pourri Luso”, VIII Simpósio Internacional de Joalharia Contemporânea Ars Ornata Europeana, Forum Ferlandina, Barcelona. 2004 “Ponto de Encontro”, CAM, Fundação Calouste Gulbenkian,– Lisboa. 2007 “Impressions on Portuguese Contemporary Jewellery”, Galeria LandskronSchneidzik, Nuremberga.
Rita Ruivo
rita_ruivo@yahoo.es Nasceu em Lisboa, em 1976. Vive e trabalha em Lisboa. Formação 2001 Joalharia, Escola Massana, Barcelona. Experiência Profissional Trabalha em Joalharia, design e publicidade. Prémios 2002 1° Prémio de Joalharia da Bienal de Jovens Criadores da Europa e do Mediterrâneo, Clube Português de Artes e Ideias, Lisboa. Exposições 2007 Convidada para criar um objecto para o projecto editorial da Revista Up, revista de voo da TAP. 2007 Participou no “XIX Simpósio Internacional de de Joalharia” Turnov, Praga. 2007 “Impressions on Portuguese Contemporary Jewellery”, Galeria LandskronSchneidzik, Nuremberga. ···
225 ···
Rudolf Ruthner
ruthner@uol.com.br Nasceu em Viena 1941 na Áustria. Vive e trabalha no Rio de Janeiro Formação 1966 Certificação de Mestre em Ourivesaria e Prataria – Viena , Áustria Experiência Profissional 1974/98 H.Stern, Rio de Janeiro – Implantação de novos tecnologias e processos de fabricação. Membro ativo da equipe de criação de novos produtos (jóias). Professor nas seguintes Instituições: 2001 SENAI-Rio, Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial; 2006 UVA-Rio, Universidade Veiga de Almeida; 2007 PUC-Rio, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Prêmios 1972 “Gold Jewellery Competition”, África do Sul. 1977 “Diamantes Hoje”, De Beers Brasil. 1978 “Diamantes Hoje”, De Beers, Brasil.
Susana Beirão
susanabeirao@gmail.com Nasceu em Lisboa, em 1978. Vive e trabalha em Lisboa. Formação 2000 Curso de Joalharia, Ar.Co – Centro de Arte e Comunicação Visual, Lisboa. Experiência Profissional Desde 2002, Assistente de Tereza Seabra, Galeria Tereza Seabra, Lisboa. Exposições 1999 “Isto é uma Jóia”, Fundação Ricardo Espírito Santo, Lisboa. 2004 “Ponto de Encontro”, CAM, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa. 2007 “As Jóias do Ar.Co”, Centro Cultural Português, Rabat.
Teresa Milheiro
teresamilheiro@hotmail.com Nasceu em Lisboa, em 1969. Vive e trabalha em Lisboa. Formação 1986 Escola de Artes Decorativas António Arroio, Lisboa. 1991 Curso de Joalharia, Ar.Co – Centro de Arte e Comunicação Visual. Lisboa. Experiencia Profissional Desde 2007 Gerente da Galeria Articula Jóias e Objectos, criadora das suas obras e das colecções de joalharia da Archeofactu, arqueologia e arte Lda. (empresa patrocinadora da Galeria Articula). Bolsas e Prémios 2004/05 e 2007 Bolseira no projecto pessoal “Passagem para o outro lado”, em curso, da Fundação Calouste Gulbenkian. Exposições 1992 “Schmuckszene”, Munich. 2004 “Ponto de Encontro”, CAM, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa. 2007 “Schmuck”, Munich.
Tereza Seabra
tereza@terezaseabra.com www.terezaseabra.com Nasceu em Alcobaça, em 1944. Vive e trabalha em Lisboa. Formação 1975 Curso de Joalharia no Art Centre Y – Departamento de Joalharia, com o Professor Thomas Gentille, Nova Iorque. Trabalha nos ateliers de Robert Kulicke e de Hiroko Swornik. 1975 Assistente do Professor Thomas Gentille. 1975/76 Aula de pós-graduados com o Professor Almir Mavigner na Hochschule für Bildende Künste, Hamburg.
Trabalha na Galeria / Oficina Silbermine de Michael Rheinlander, Hamburg. Experiência Profissional 1978 Funda o Departamento de Joa lharia do Ar.Co – Centro de Arte e Comunicação Visual, do qual é responsável de 1978 – 2004, Lisboa. 1984 Abre a Oficina / Galeria Artefacto 3, Lisboa. 1998 Torna-se única responsável da Oficina / Galeria Artefacto 3, que toma sob o seu nome Tereza Seabra – Jóias de Autor, Lisboa. Promove e organiza exposições em Portugal e no estrangeiro, algumas das quais sob o seu comissariado. Exposições Expõe regularmente o seu trabalho em Portugal e no estrangeiro desde 1975. Colecções Ar.Co – Centro de Arte e Comunicação Visual, Colecção de Arte Contemporânea, Lisboa.
Willian Farias
wf@willianfarias.com www.willianfarias.com Nasceu no Rio de Janeiro em 1972. Vive e trabalho no Rio de Janeiro. Formação 1992 Inicia seus estudos em Arquitetura e, em seguida, Desenho Industrial, graduando-se em 2002. Prêmios 1998 Paris: DeBeers Diamond International Awards/ Finalista International. 2000 Vicenza: Gold Virtuosi/ Vencedor International. 2003 Antuérpia: International Antwerp High Diamonds Award/ Finalista Internacional. 2005 Antuérpia: International Antwerp High Diamonds Award/ Finalista Internacional. ···
226 ···
Exposições 2002 “O Nilo Inspira o Rio”, Casa França-Brasil, Rio de Janeiro. 2004 “Rio é Jóia”, El Corte Ingles, Lisboa. 2005 “Joalheria In Sito, Em Toda Parte. Em Lugar Nenhum”, integrante do X Simpósio Ars Ornata Europeana, Nosso Design, Lisboa.
vandanuno
nuno@vt.pt Formação Ar.Co – Centro de Arte e Comunicação Visual, Lisboa. Experiência Profissional Escultura, Desenho e Joalharia Colaborações regulares: ARTNOTES e NS (DN e JN) Lançamento e desenvolvimento do portal: www.e-vai.net Exposições 1999 “Isto é uma jóia”, Fundação Ricardo Espírito Santo, Lisboa. 2003 San Sepulcro, Toscane, Itália. 2007 Convento de São Francisco, Coimbra.
Valéria Tupinambá
valtupinamba@hotmail.com Nasceu no Rio de Janeiro, em 1963. Vive e trabalha em Saquarema, Estado do Rio. Formação 2005 Ourivesaria no Senai-Rio – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial no Rio de Janeiro. 2006 Design de Jóias na Ajorio – Associação dos Joalheiros e Relojoeiros do Rio de Janeiro. 2006 Graduação em Design de Jóias na Universidade Veiga de Almeida, Rio de Janeiro. Experiência Profissional 2005 Designer de jóias e joalheira, voltada para a joalheria autoral.
Prêmio 2006 “Garimpos”, coleção de jóias premiada pela Universidade Veiga de Almeida, Rio de Janeiro. Exposições 2006 e 2007 “Jóia Brasil” no Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro. 2006 “Panorama Carioca”, Rio de Janeiro. 2007 “Casa da Flor: Sonho para fazer e faço”, São Pedro da Aldeia, Rio de Janeiro.
2000 Câmara Municipal do Porto – Ateliers da Lada, Porto. 1999 CNPq. Escola de Belas Artes, Universidade Federal, Rio de Janeiro. Exposições 2001 “Geração em Trânsito” – Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro. 2004/05 Galeria Contacto Directo, Lisboa. 2007 “Panorama Carioca” – Centro Cultural do Banco do Brasil.
Vanessa Alcantara
Virginia Moraes
vfdealcantara@globo.com Nasceu no Rio de Janeiro, em 1975. Vive e trabalha no Rio de Janeiro, Brasil. Formação 2005 Joalheria, Contacto Directo. Lisboa. 2007 Desenho Industrial, na Univercidade, Rio de Janeiro. Experiência Profissional Desde 2003 trabalha no seu atelier. 2003 Atual monitora do Curso de Joa lheria no SENAC-Rio, Rio de Janeiro. 2005 Professora de Joalheria no Atelier Mourão, Rio de Janeiro. Bolsas 2001 CNPq. Escola de Belas Artes, Universidade Federal, Rio de Janeiro.
virginiamoraes@joiasdobrasil.com Nasceu no Rio de Janeiro, em 1965. Vive e trabalha no Rio de Janeiro, Brasil. Formação 2000 Graduação em Educação Artística, UNB-Universidade de Brasília. 2002/03 Advanced Diploma n Jewellery, WEAS – Westminister Adudt Education College, Londres. 2002 Joalheria Experimental, Sant’ Martin School, Londres. 2001 Prataria, Oxford College, Oxford. Experiência Profissional 1995/00 Professora de Desenho de Jóias em seu atelier em Brasília e em Londres.
···
227 ···
2006/08 Professora e consultora no Curso de Design de Jóias , SENAC-Rio, Rio de Janeiro. 2005/06 Professora na Graduação Tecnológica de Jóias, Universidade Veiga de Almeida, Rio de Janeiro. 1996/97 Coordenadora de cursos na AJA– Associação do Jovem Aprendiz, Brasília, DF. Prêmios 1998 1° lugar no “Prêmio IBGM Design de Jóias” – Concurso promovido pelo IBGM, Instituto Brasileiro de Gemas e Metais. 1999 2° lugar no “Prêmio IBGM Design de Jóias” – Concurso promovido pelo IBGM, Instituto Brasileiro de Gemas e Metais. 2003 1° lugar no “Inspired by V&A Collections” – Concurso promovido pelo Victoria & Albert Museun, Londres. Exposições 2002 “Brasil Faz Design”, Salão Internacional do Móvel de Milão – IBRIT, Milão. 2003 “Inspired by V&A collections”, Victoria & Albert Museum, Londres. 2006 “História do Design Ecológico e da Certificação Florestal”, II Feira Brasil Certificado – São Paulo.
···
228 ···
Texts in English
···
229 ···
T
he presence of the Portuguese Court in Rio de Janeiro altered the city’s daily life, in the sense that it was responsible for an expansion in urban design, the introduction of new architectural styles and, above all, the presentation of a cosmopolitan way of life to the local society. Among soirées, parties and theatre presentations, the political, social and cultural life in Brazil was effervescent, and between 1808 and 1821 Brazil witnessed a re-creation of the overseas institutions on its soil which allowed the Portuguese State to function perfectly in tropical lands. As part of the 200th Anniversary Celebrations of the Portuguese Court’s transfer to Brazil, a fact that interweaved forever the history of both countries, the Museu Histórico Nacional, the General Consulate of Portugal in Rio de Janeiro and the Associação dos Joalheiros e Relojoeiros do Rio de Janeiro joined to develop a cultural and artistic project that revealed these common roots through contemporary production. Inspired by collections of the 18th and 19th centuries existing in important Brazilian and Portuguese museums, forty-eight artists (twenty-four of each country), who always worked in pairs of both nationalities, created jewels that show the creativity, sophistication and high level of these sister countries’ jewellery. While reinterpreting the pieces of the museums the artists have also launched a bridge between the past and the present over the vast Atlantic Ocean thus blending, once again, cultures and histories. ···
The exhibition Real Jewellery, under the curatorship of Cristina Filipe and Lúcia Abdenur, held in the architectural complex which also lodges the Museu Histórico Nacional is also wrapped with special significance, since this very site staged relevant events upon the arrival of the Portuguese Court in Rio de Janeiro. The Rio de Janeiro Arsenal was already in this complex, in the early 19th century, though its function was restricted when compared to European arsenals. This scenario changed with the arrival of the Court, as it started to have an organization similar to that of Lisbon. The then called “Royal Army Arsenal” started to produce military equipment and to respond to the Reign’s ammunition needs, since the Metropolis could not supply the troops, in consequence of the Napoleonic war. In 1811 at the Casa do Trem another building of this complex was established, The Military Academy – the first engineering school in Brazil. Today, the Royal Arsenal and the Casa do Trem are important historical benchmarks of the city of Rio de Janeiro and the Museu Histórico Nacional created in 1922, is the largest and most important Brazilian history museum. Vera Tostes Director Museu Histórico Nacional
230 ···
T
he idea of celebrating the 200 years of the transfer of the Portuguese royal court to Brazil has come in good time with the present exhibition Real Jewellery – Portuguese and Brazilian Contemporary Jewellery. It was with great pleasure that, when asked to collaborate, the Palácio Nacional da Ajuda, the Royal Palace at the time of Dom João VI and Dona Carlota Joaquina, accepted to associate itself to this event, alongside the Museu Nacional de Arte Antiga in Lisbon, the Museu Histórico Nacional in Rio de Janeiro and the Museu of Petrópolis, by opening its doors to receive in 2008 the works of forty-eight artists, twenty four of them Brazilian and twenty four Portuguese, based on, among others, seven jewel-objects and paintings (more precisely of Dom João VI and Dona Carlota Joaquina), from our collections. The show, which will firstly be presented in the Museu Histórico Nacional in Rio de Janeiro, in a significant and innovating act of cultural exchange, comes to illustrate the creativity and value of the new generations of artists from both countries and reinforce the deep ties that unite us. The Palácio Nacional da Ajuda is proud to take part in these Celebrations with such a relevant initiative, for which it thanks all the entities involved, namely its curators, Lúcia Abdenur and Cristina Filipe, and hope that this exhibition may obtain the success it deserves. Isabel Silveira Godinho Director Palácio Nacional da Ajuda ···
Dialogue Between Peers
L
úcia Abdenur, in Rio de Janeiro, and Cristina Filipe, in Lisbon, recorded one of the many conversations that bound them throughout the year 2007 to the Project | Exhibition Real Jewellery – Portuguese and Brazilian Contemporary Jewellery, as part of the 200th Anniversary Celebrations of the Arrival of the Portuguese Royal Family in Brazil, in 2008. The Departure Cristina Filipe – When you invited me to organize an exhibition on Portuguese and Brazilian jewellery with you, as part of the 200th Anniversary Celebrations of the Arrival of the Portuguese Royal Family in Rio de Janeiro, I immediately thought that rather than being a documental exhibition, this should be a project that “took risks”, much like the journey of Dom João and his court to Brazil, at the time of the Napoleonic invasions. Lúcia Abdenur – It was just one of those invitations I could not refuse. And it was what I most wanted. I have always been welcome by everybody in Portugal and I dreamt about bringing my colleagues and their respective works. I had the opportunity to participate in several events of contemporary jewellery and among comings and goings, ten years have passed. And now this dream has come true! The invitation to organize 231 ···
the exhibition appeared when Rui Galopim de Carvalho was in Rio for the lecture Two Hundred Years of History of Brazilian Gems in Jewellery, promoted by the Portuguese Chamber of Trade and Industry in Rio de Janeiro, by invitation of the IBGM. The following day, Angela Andrade, the executive director of AJORIO – The Jewelmakers and Watchmakers’ Association of Rio de Janeiro called to make the invitation, which I promptly accepted. They were aware that it was an excellent occasion to include an event on contemporary jewellery in the celebrations of the arrival of the Portuguese Royal Family in Brazil, to be held in 2008. As soon as I accepted, I realized I needed a partner, I could not accomplish it alone. I thought: the best partner would be my former professor at Ar.Co, in Lisbon. An expert in contemporary jewellery and who has been the curator of several exhibitions, both in Portugal and in the rest of Europe, all of them of great success. It could be no-one else. It had to be you to follow me in this enterprise. Cristina – It was a real pleasure. I was very happy that you trusted me so. The fact that you know Portugal and the Portuguese jewellers helped us in our dialogue. We started working on the project in April 2006. The idea really motivated me ever since that moment, though I could foresee a huge, yet exciting, enterprise. Lúcia – And it is being a huge job. We thought there would only be 15 artists from Portugal and 15 from Brazil. ···
Cristina – And they ended up being 48! Lúcia – At that time we already thought about how the catalogue would be: divided in two parts, one for the Brazilian jewellers and another part for the Portuguese, fastened with a string. Cristina – At one point we discussed the possibility of the artists making a collaborative piece. And that it would travel from Portugal to Brazil and from Brazil back to Portugal, so as to be made by both. Lúcia – Yes. We thought it would be interesting, however with complicated logistics. We also thought about the title. We made a list, among which there was Shared Moments. Later on, we realized that it would be Real Jewellery – Portuguese and Brazilian Contemporary Jewellery. And the logo mark made by Nuno Vale Cardoso is simply marvelous. The Journey Cristina – We invited two scientific consultants: an art historian, Luísa Penalva from the Museu Nacional de Arte Antiga and who chose the reference pieces, and a gemologist, Rui Galopim de Carvalho who, along with Luísa, presented the pieces to the artists. They contextualized them in history, described the stone characteristics and all other materials. I’m sure that the artists’ choices, though they may not have directly applied or based themselves on these, were influenced by the way in which 232 ···
they described the pieces and gems, how they presented them, by their understanding and interpretation of them. Lúcia – It was a brilliant and vital work, by Luísa Penalva and Rui Galopim. Cristina – The fact that we were creating partners and knew that each artist would work with another artist in parallel, ended up giving us some clues. Though choices are always subjective, our main concern was to make a broad, diverse choice of people who had been developing an interesting line of work, both here and in Brazil. We weren’t selecting existing pieces and that slightly changed the way in which we made the selection. We chose people who would accept to make a piece under these guidelines and not simply show something they had previously done, a piece or a creation that would fit in with the spirit and | or context of the project, and relate to the selected pieces. Lúcia – Yes, you explained it very well. Cristina – One of the aspects that motivated us for the selection of certain Portuguese artists was the fact that we knew them so well, both personally and as artists, because in fact for this type of work, by conditioning the artist to work on a determined piece, is a huge responsibility. Some pieces are more “appropriate” for certain artists than others, they make more sense for a certain person, and that part of our work was very delicate, yet one of the parts we most enjoyed. ···
Lúcia – Yes. Here in Brazil we have excellent designers, however most of them are connected to fashion, to developing collections. This is an old debate: jeweller, jewellery artist, jewellery creator, designer, what am I? Therefore, it seemed hard to choose Brazilian jewellers, but, in the end, it wasn’t. Everything just flowed. Cristina – I think that aspect is due to the absence of a jewellery course in an Art school. Most Portuguese participants were trained in a school, or several schools, whose methodology is based on the visual arts, therefore closer to the approach of jewellery as an artistic expression. When you came to Portugal, also in search of training jewellery, you entered this new school context, and this was a discovery and a powerful complement for you in your studies. Nowadays, you have a fundamental role in the schools of Rio de Janeiro, as a teacher, where there previously was no training in jewellery. Lúcia – It has been really rewarding to teach and be able to output what I learnt in Portugal. At least I throw a seed. Here, the pieces are generally more commercial, linked to fashion. That was not what I wanted to focus on. Therefore, I decided to choose people that had fine arts on their résumés. And Real Jewellery will be the first large exhibition of contemporary jewellery (as an artistic expression) here in Brazil. There was never such an event in Brazil. It will be of great impact. And a surprise to all. 233 ···
Cristina – In fact, all through the history of jewellery, throughout the centuries ever since prehistoric times, in which the jewel had a much more symbolic value than anything else, it was the amulet value, the protection value that counted above all. Our forefathers started turning things into jewels so as to protect them and embellished them, yet of no material or commercial value. I believe this attribute was acquired along the centuries, and with the value of precious metals — the gem market took on gigantic proportions — and all the aspects of political and financial interest developed and the value of jewellery became something exorbitant. By assuming that a jewel is above all a valuable and an investment we contribute to the prejudice that a jewel can only be a jewel when it is made of precious materials. This view has endured in our society until now, even though its symbolic value has always prevailed. With the turn of the 19th Century into the 20th Century, with the development of science, the symbolic and superstitious attributes and values of jewellery were demystified, and the jewel became more of an object of value for decorative purposes, but also an investment, which in a way triggered the fact that it is now often associated to a certain superficiality. But we are fighting, with artistic jewellery, for its roots, for its history! Lúcia – Yes, with a new proposal, experimenting and innovating, using materials that are not usual in jewellery, searching a new identity for jewellery. ···
Cristina – Most of the reference jewels for the Real Jewellery project are museological objects, collector’s items, that are no longer used in our everyday lives. But they are very important references that still have a very powerful significance in historical terms. I believe in the interest of this project, since it wakes them up and reinterprets them. In the end it is like a revisiting of these jewels, which gives them another meaning or that restates its original meaning. As well as an attempt to be liberated from this prejudice that was instituted after the 19th Century. And this has been motivated by art schools. Jewellery has left the circle of the workshops of masters and apprentices to go beyond the practical and unique idea of its manufacture and of commissions, and has become a vehicle of expression, yet in very small groups, since contemporary jewellery does not have the same magnitude as that of other areas of artistic expression, seeing as it is still quite unknown to the public in general. Lúcia – Yes, jewellery as a multifaceted and vibrating form of artistic expression is still unknown by many. Cristina – And do you believe that, in terms of the results and of the approaches that have been made to jewellery through this project, this will produce some surprise? How receptive, what kind of impact can an exhibition of this type have on the public? Lúcia – Of course, it will mainly be a surprise here. I have great expectations and I think there will be much discussion. Here, we haven’t many refer234 ···
ences. I keep the This is a jewel pin with me, that you made, and when I use it, I am always asked: “Is that a Jewel?” I must always explain, which I would rather not, yet I do. I really must try. Cristina – Another “two hundred years” will probably be required to understand some of the pieces in this show. But that does not scare me as it is only natural. All the work that really is expressive or that adds something to what has been done before, takes a while to fit into people’s minds and souls. There is indeed a constant search from the artists in expressing themselves and finding solutions for their work that may surpass their own expectations and that seek a certain sense. Sometimes it is not possible, even as an artist, to reach this point of satisfaction and fulfilment, when presenting a certain solution that is in fact just a possibility for that piece. I believe that the reaction from the public will depend on and require a certain time of comprehension of the unknown, not only of Portuguese and Brazilian history but also of the history of jewellery in general, though essentially that of contemporary jewellery. Lúcia – Yes, as if it were a rediscovery of jewellery, not a re-interpretation. That is why an educational programme is very important for this exhibition. Most people do not understand this way of seeing and perceiving contemporary jewellery. Thus, it will favour the formation of a public that comes to understand it. It will place questions on the development of Contemporary jewellery within the universe of culture. ···
Cristina – I agree. I now believe that the fact that each artist worked on historical questions, on “real” pieces mainly of the period that is being celebrated, will encourage and stimulate those who want to understand what lies in front of them. Because there is a context: sometimes when we look at something out of context it makes this job, let’s say, even harder on behalf of the public. The context of the exhibition, all this setting of the project into something so very concrete, the actual space, will inspire and motivate the public to take interest. The public that visits this type of exhibition is very widespread, not specifically from the visual arts, design or contemporary jewellery fields; it is a public that comes from other areas and who will come to the show because it is part of the celebrations. This is an advantage and it is more important to reach new publics for this work, that is indeed of the utmost importance. Lúcia – To sow, to make people think why and for what reason was this jewel created? To pass an idea. That is why I believe in an educational programme. Cristina – I agree, I agree... The educational part is always very good. We have had to dive into history and understand all the journey, in this case of two peoples, who confronted and influenced each other throughout time, though particularly since the “encounter” in 1808. As if we were forming a new body, by joining a Portuguese artist with a Brazilian one, I would actually call it a birth at that moment. 235 ···
Lúcia – It was indeed a delivery: the choice of the pairs and which piece to give them for inspiration. I chose jewelers living in Rio, since it was where the Royal family settled. With the chosen images, and both of us with our list of jewellers, we started to form the pairs. Everything flowed marvelously. Cristina – When we were confronted with two groups, and we formed pairs, this became the root of the project and of the celebrations themselves. Once again Portugal and Brazil were confronted, as with the actual “move”, when the two peoples had to meet/confront themselves in an almost imposed way. We know how the Brazilians reacted when they saw the Portuguese arriving. For instance, the way in which the Portuguese dressed: in 1808 the Portuguese women had to shave their heads, because of the heat, the strains of traveling and a lice plague, and wore huge turbans. When they arrived, the Brazilian women thought this was very beautiful and started cutting their hair and also wore turbans on their heads. Very often it is mishaps and impositions like these that determine new trends and influences. By giving a specific piece to someone and not someone else, by placing this person and the other in a pair, it was all like a game. A series of small pieces that were placed on a board determined certain results and not others. We cannot explain this sometimes. And this unexplainable part depends on our intuition, and we feel a huge pleasure at that moment ···
because it flows, and makes sense. Even the work and the team we put together made a difference and created a synergy, a dynamics. In the end everyone incorporated their piece in an extremely interesting way. Lúcia – I remember very well the day we delivered the images to the Portuguese. It happened at Chico Aragão’s place in the presence of the Ambassador of Brazil to Portugal, Mr. Celso Marcos de Sousa and Mrs. Ana Lúcia. It was great! The Brazilian received the reference images after the Portuguese did. It took place at the Museu Histórico Nacional in Rio, where the exhibition will be held. The General Consul of Portugal in Rio de Janeiro was present, Mr. António Almeida Lima and his wife, Vanda, the Director of the Museum, Vera Tostes, and Mr. Arlindo Catoia Varela, ex-president of the Portuguese Chamber of Trade and Industry in Rio de Janeiro. As the participants received the images I noticed everybody was satisfied. They accepted them gladly, in my opinion, and nobody asked to change. Cristina – I think everyone felt their piece was their own and worked on it with all their energy. Lúcia – And most Brazilian jewellers did not know the Portuguese jewellers. It was the beginning of the exchange. Cristina – Everyone apprehended their piece by incorporating it. No one lost their character by attempting to approach the piece, but rather drew the piece to their objective. Lúcia – Yes. I noticed that here too. Some of the Brazilian jewellers had already exhibited 236 ···
their work in Lisbon; however, most of them did not know the work of their partners. Something that called my attention was that, in my opinion, no artist communicated or exchanged ideas. Why was that? Cristina – We had hoped that there might be an exchange, but I think that was very hard to achieve. Because no one felt that need. Either because they were afraid of influencing the other, or of being influenced, and did not feel the urge of writing and asking: “How are you doing this? What are you doing?” Not because they did not want to but rather because they feared influencing each other, of interfering with each other’s creative process; I think that was basically it. But I believe that it would be interesting to stimulate a discussion between the pairs, now that they both know what the other one made and that it is finished. Lúcia – I think it’s an excellent idea. What do you think of scheduling an on-line meeting? It could be interesting. Now that the works are ready, which by the way are wonderful, the result could be notable. Cristina – The bonus of this exhibition was the making of the project as opposed to a mere selection of representative pieces by different artists. The exhibition itself will be an assertion of this kind of artistic and contemporary jewellery as an individual and visual expression. Lúcia – It has been super interesting. For me too. And while I see the works created by the ···
local jewellers, I realize how important it was to everyone. Each one interpreting his/her proposal in an original form with an excellent result, and their interaction in the photographic session also shows this. Cristina – The idea of portraying the artists with their pieces was essential in order to physically document both groups. We appreciate and learn from looking at the portraits of the time of Dom Joâo VI, of Dona Carlota Joaquina and of all the court, by looking at how they are dressed and the jewels they wear. They are indeed historical documents that tell us a lot about those times. Eventually, this exhibition’s catalogue will have the role of documenting our times, not only through the work of the pieces, but also through the people. Each person immensely complements his or her work, either with their look, their pose, or in the way in which they place the piece. The fact of placing the piece on the body or not, all this expresses an attitude and is a complement and an addition to the project. The presence of the actual artist and the way in which he or she is portrayed, documents in a very rich manner and locks with a golden key the entire concept of the exhibition. The work of C.B. Aragão, the photographer, and of the portrayed artists make the jewel more human. And this is a very positive aspect. Lúcia – No doubt. It was surely quite an experience for everybody. Quite different to what they are used to doing here. Generally the catalogues only show one photo of each piece. 237 ···
Cristina – C.B. Aragão’s photography creates a dialogue with the artist that goes beyond the predictable and moves into the realm of the unusual. Each artist, almost unconsciously, gives in to the photographer and to that which motivates him, the subconscious of the jewel, and the portrait ends up showing not only a little more about them but also of their work. Lúcia – And thus all is completed. A work whose magnitude I could never have imagined. The Arrival Cristina – In Dulce Ferraz’s necklace, there is a “dilution” of the topazes in the reference necklace, a representation of their outline, their sparkle, through a completely stripped and minimal form, with a contour and transparency-game-dynamics, and all of a sudden we have a piece, which is also of great beauty, yet not ostentatious. When someone wears it you don’t notice it in the same way, for there’s this whole other meaning and intention to it. When we read the synopsis we realize how she dismantled the inspiration piece, and instead of mentioning its value she brings up the issue of those who worked in the mines, of slavery, of all that “human fodder” that makes it possible. She shows us the other side, that of who dug for diamonds and topazes. To what point could one make a necklace that is almost like a skeleton? This necklace is an x-ray of the reference piece, ···
which summons its history, in terms of production and manufacture. Lúcia – Ana Videla’s necklace also shows an attitude, a form of expressing itself. Cristina – And the material Videla used, is it plastic? Lúcia – No, it is a holographic plastic. It was also new to. Cristina – Is it a poor material? Lúcia – Yes, it is not a noble material. She cut the plastic as if it were a faceted gem. Cristina – Which is not very different from the representation of Dulce’s necklace. The difference between this pair is not contrasting, and both tried to represent the sparkle. And it is interesting that both of them used plastic! Lúcia – Yes, and I think they didn’t exchange any ideas either. Cristina – In fact the materials are the same, silver and plastic. Lúcia – Yes. Funny, I can’t remember how the idea about how the piece should be photographed emerged in Ana’s mind. It has everything to do with it: reflection, reasoning, as she proposed. It looks like an aura. Cristina – Hugo Madureira, worked on the tremblers from the Museu Nacional de Arte Antiga and established a connection with Carlota Joaquina – based on an image of the queen with an array of tremblers and ornaments on her head. He made these paper hats, a popular hat, yet, when we see them on the photograph, they truly become cut 238 ···
gems; the sparkle of the glossy paper and the meticulous and irreproachable way in which he has folded it gives them a very powerful presence. There is a certain familiarity, a communion with a cut stone which he probably did unintentionally when he was making them. He himself said he spent hours cutting small pieces of paper and making hats that intended to start a “carlotist movement”, a political act, similar to the attitude that Carlota Joaquina always demonstrated having by craving to impose her power. It is this questioning of the jewel as a weapon and the holder of political strength that, when mass-produced, almost leads us to a demonstration... Lúcia – Everything starts to close...It is a work that will bring many questions. Now, Francisco Garcia uses noble materials; his piece is a pair of earrings with gems. He changes the location of the trembler, passes them to the ears (earrings) and the gems rotate, instead of just trembling, it also turns into a mobile. Cristina – Marília Maria Mira’s piece is called “Mist”. She made a container for talcum powder so the women who arrived in Brazil could hide themselves; when you shake it, it creates a cloud of dust that makes it impossible to recognize and have a clear view of the perfect face of its user, since they had had their hair shaved, as the result of a plague of lice during the journey. She interpreted talcum powder as make up; it is not applied to the face yet spreads in the atmosphere to the point of hiding the face of its user. ···
Lúcia – How interesting this relation between the pair Marília and Lívia. The container of face powder and the mirror are works that add something to each other. Cristina – Lívia Canuto made the mirror. It is a very powerful piece. Lúcia – Yes, indeed, the picture is wonderful. Lívia wants the exhibition visitors to take the mirror and, while admiring themselves, have the confrontation with the “horrible” image of Dona Carlota Joaquina, printed in silk-screen on the mirror. At the same time, the other side of the mirror is beautiful. It is the confrontation between the pretty and the ugly. Cristina – Filomeno Pereira de Sousa made the stomacher. His synopsis outlines the memory of the piece in a very interesting way. And he also incorporates it completely in his portrait, and portrays it through its absence. Lúcia – I can see, now, that he‘s got his hands crossed on his chest, as if in a bow, “crossed hands”. Beautiful! Cristina – Ruthner’s piece is very interesting... Lúcia – The medal made by Rudolf is in honor of women. It has a girlish-woman on one of its sides and a photo of the infanta Maria Francisca Josefa on the other, who displays in this picture a large bow of emeralds. Rudolf’s personal picture is out of focus, it is interesting, it emphasizes the woman, leaving man on a second plane. Cristina – Margarida Matos managed to make something in the lines of her current work and, 239 ···
here we are, in Margarida and Bia’s case we chose the piece according to pieces they had previously done. Both Margarida and Bia had used hair in their jewellery. Margarida has been developing work on reliquaries and on memory lately. In this piece, she has joined her personal work with the interpretation of her reference piece. By using an old jewel, which is similar to this medallion, and incorporating hair to its back, she almost produces a contemporary replica of a classic – these reliquaries keep the memory of the loved one, a common practice in the 18th and 19th Centuries. Lúcia – Yes, both of them use hair as material. Beautiful, the photo of Bia’s belly, it is a perfect reliquary. Now Virgínia Moraes’ piece. Cristina – She created a sort of target and the fly is in the centre of the target. Lúcia – Yes, the Portuguese hit the bull’s eye and so did she! Cristina – Yet her pair, Diana Silva, interpreted the piece based on what it represents – a reliquary of the loved one – though removing the value of pure romantic love from it. “Lovehate”, the title of the piece, tells us about truth and falseness, of opposite feelings, and represents this duality through the use of synthetic stonework, presented in conventional plastic cases, as those usually used for the sale of real stones – the entire value of the stone being assumed by its own plastic packaging, emphasizing and enhancing this sense of fake. The hair kept in this reliquary is no longer immaculate and has become ash, it is also burnt to enhance ···
the sense of ending as opposed to that of permanence and eternity. Lúcia – Now, Antônio Breves’ piece is a sculpture like a lighthouse, and this is the jewel’s support, the quadrant. The two images complete each other, it is like it would be pushing the wind so that the quadrant could move. Cristina – Susana Beirão made a chinese compass inspired on the idea of the watch on the ring, and the need of direction throughout time. It is interesting to verify that both works are very graphic and dynamic; in which the function of the jewel is not primordial, but rather the inherent functionality it represents. Lúcia – Bárbara de Crim made the “Insignia of Iemanjá Queen of the Waters”. To her, water is a “jewel” to be preserved. In the exhibition, the jewel will be placed on one of the plates of a balance, which is lower – lighter – and on the other plate a “light” small bag with water, which is heavier. An inversion of values. In addition, she will set inside the balance’s drawer a handkerchief embroidered with a poem by Fernando Pessoa. Barbara’s personal photo suggests a scream for help, as if begging for water. Cristina – Her pair, Leonor Hipólito, also made a reinterpretation of the Golden Fleece insignia, by focusing merely on the central and spiritual character of the ram, attributing it the value of the “lungs of the piece”. It is curious that Bárbara de Crim should speak of water, whereas Leonor Hipólito speaks of air and fire, creating a struc240 ···
ture that reminds us of the respiratory system, with veins, vessels and channels; it is interesting to see how both of them, in different ways, refer to the natural elements. The symbolic strength and intention of this piece is recreated as much by Leonor as by Crim in a modern and contemporary way, both in formal and artistic terms. Lúcia – Then we have the insignia of the Three Military Orders, that Tereza Seabra worked on with a family reference. Cristina – Tereza set off from an existing jewellery case and insignia, that had been awarded to someone, and made a new insignia in homage to that person and to the concept of “virtue”; she was motivated by the symbolic side of the insignia and the reason why it existed or was ever made. By thus establishing a connection between her experience, a memory and a set of meanings that are inherent in the reference piece. Lúcia – Dirceu Krepel will present three brooches, already made, which for him now are insignia. Things are matching; Cristina – Because Tereza Seabra also used objects that had belonged to someone. In fact, they both took their work into their own personal territory. Lúcia – Dirceu has three pieces that complete themselves jointly: one represents the journey, another the expectation of arrival and the last, the change. But in the catalogue only, one will appear. ···
Cristina – Alexandra Serpa Pimentel made a different and monumental interpretation by trying to approach her previous idea. Because, when we initially spoke to her about this project, even before knowing which would be her reference piece, she immediately defined an idea. Yet, even so, she was influenced by the Epaulette decoration, and the way in which she built her piece is related to the formal structure of this piece. The work Alexandra developed both in documental and historical terms, the numbering of the selection of the seeds, the spices that were taken from here to Brazil when the Botanical Gardens were being built, through the initiative of Dom João VI, and resulted in a curious and precious botanist’s box manual, thus creating an ambiguity in the value and attributes of the seeds as jewels, and vice versa. Lúcia – It really is great! Maura Toshie made a necklace for the contemporary woman, with several symbols of love, food and work. The necklace may become a bracelet, following the same idea of the strap which was later on transformed into a bracelet, thus changing its function. Cristina – Carla Castiajo made a piece that is formally identical to the reference piece, following its measurements precisely. It is all lined with mirror, a reflecting star that concentrates the attributes of an honorific medal, yet questions the heroism of its bearer by incorporating a kitsch and banal side to it through its manufacture. The horse mane found in the chain that holds it intensifies the heroic and military aspect. 241 ···
Lúcia – Dulce Goettems also created an honorific jewel, with the same characteristics as the real one, in a new and more modern language, and she even used a graphic design computer programme (Rhinoseros) to design it. Cristina – That is very interesting then because there will be a strong contrast. Lúcia – Vanessa made the castanets. Cristina – Where you can read the quote by Dona Carlota, My life and my love why do I lose myself to be yours. And why castanets? Lúcia – Why castanets? Dona Carlota was Spanish; Vanessa got her inspiration on the letters she wrote to Dom João VI, therefrom the written sentence. I thought the way Chico took pictures of the castanets the eyes was interesting. Cristina – On the other hand, “Espelho teu” by Manuel Vilhena, who also had the painting on which Queen Dona Carlota Joaquina displays the medal with the portrait of Dom João as reference, alludes to the way in which jewellery can intensify affection and be used as a vehicle of communication between a couple. Lúcia – Willian made a head adornment and some brooches to be worn with the piece. This proposal has to do with the withdrawal of the old world (bobbin lace – Portuguese treasure) to a world of novelties (shaped golden caps, new gems and lapidating), in addition to the fact that Dona Carlota loved exaggeration. To execute the head adornment, Willian had the collaboration of Portuguese lacemaker, Rosa Avelar, in Peniche ···
(Portugal), to make the bobbin lace. The brooches were built in a workshop in Rio de Janeiro. Cristina – I think both works are very similar. They have both focused on the figure and character of Dona Carlota Joaquina. Rita ends up emphasizing on the ostentatious side and both consider Carlota Joaquina as the recipient of their pieces. Yet they use very different means and languages. Rita uses nylon and makes a point of it being a poor material with the reflexes of the sparkle of diamonds that bear resemblance to the reference piece. The piece aims to be the crown that Carlota so lusted over! It is ironical the way in which she was portrayed with the crown hiding her face. Another one of the photographer’s suggestions, which in fact does make it more organic, almost mutant; a jewel that emerges from the face, a face that turns into a jewel?! Lúcia – The piece is beautiful, and so is the photo taken by Chico. Cristina – In Willian’s case, he really tried to find a refined, delicate material, it’s more classical, yet Rita dismantled this traditional and classical side, she is more ambiguous, though the results converge. Lúcia – And now Artur… Cristina – Artur appropriates himself of the gold and changes nothing. That is, 200 years later, the gold bar still has the same connotation of value, the same “beauty”. The only thing that has changed is the fact that we can now give a gold bar the function and character of a jewel, and we can even consider it as such since he analo242 ···
gously gives a gold bar the attributes and intrinsic aesthetic qualities of an actual jewel. The word “Aurora” that is marked on the ingot alludes to Aurum (gold) and to the first rays of the sun at dawn... Like a poem, the piece indicates its potential as well as its beauty and destiny. Lúcia – Marcius made a sculpture which, when dismembered, the parts all become pendants! It is interesting that he had never made a jewel before! He is a sculptor and to me his works are real jewels. That is why I invited him to participate. I knew he would make an excellent job. Cristina – Ana Albuquerque concentrated on the value and quality of gold, in a very conceptual way, used in the manipulation of gold in this case, in its extraction, gauging and melting. She has tried to represent this in a very minimal manner through these three rings that are basic in their formal composition, yet extremely complex in their making and that hold the following elements under pressure: gold, a diamond and a pebble, which give it emphasis. Their simplicity is symbolic, though their rigor and beauty are huge. The way in which she portrayed herself was her decision: inserting herself in elastic, thus creating the same tension as that she individually created for her rings. Lúcia – Both Kate’s (Cathrine Clarke) piece, and Ana’s have an elegant composition and both used the same references, gold extraction. Kate’s has swinging elements, that swing when used on the body, and Ana’s are static. ···
Cristina – And we have Inês Sobreira’s that once again refers to history. The chain that fits in this reliquary container formally represents all the people who lost their lives working in gold mines. A reliquary as homage: the way in which the piece is made is extremely interesting, the choice of materials, that clearly illustrate their reference. It is not a piece in which I recognize Inês, it is rather a piece that she made specifically for the project and she was very much influenced in her work by the reference piece. Lúcia – Valéria Tupinambá also made a reliquary. Within it, a small glass flask with sea sand from the spot where the Royal Portuguese family landed here in Rio, on March 7th 1808. And when the piece goes to Portugal, she will add the sand from the spot where they left. A brilliant idea. Cristina – And Jeanine, who’s her partner? Lúcia – vandanuno. Cristina – The crown has two completely different interpretations. Whereas Jeanine’s is a formal and figurative recreation, vandanuno’s is more symbolic and intimate. It is very interesting to speak of these two sides of the crown. Lúcia – They are really different interpretations. It is very strong to set the crown on the heart. My suggestion for Jeanine’s crowns is to place them on cushions, as was done at the time of Dom João. The kings of Portugal, at the time, didn’t wear a crown on their head; they only started to use it later on, here in Brazil. Cristina – And the signet is by...? 243 ···
Lúcia – Key and João Martins. Cristina – Right, right. João recreated all three variations presented in the reference jewel in one single piece, as always in his minute and careful manner. All three variations of the presented signets are aggregated, thus making one versatile and dynamic piece, ready to be worn by a potential owner. And Key? Lúcia – He made several bracelets assembled as a sculpture. An exquisite work; each of them illustrates the benchmarking changes and moments of our History. Cristina – Rita Ruivo and Aglaíze complement each other very well. They both made the same type of interpretation, yet with different translations. They have both created a character, when we look at both pieces, and it is very funny because Rita wanted to create that half-mad and half-kitsch character, almost like a “homeless” queen – that we chose not to represent with a personal portrait – and that really matches that mad queen who wraps herself in rags, in Aglaíze’s character and piece. Without knowing it, Aglaíze ends up making the piece that Rita wanted to portray and incorporate so. Though in her case, she herself is the piece. Lúcia – I thought the mask was mad. Cristina – Very genuine... Lúcia – Yes. What an impact! Cristina – And the fact that Rita Ruivo’s brooch is completely kitsch and fake really matches Aglaíze’s interpretation. They make a very united pair. Unknowingly, they are both in perfect syntony. ···
Lúcia – Now, Beth‘s (Elizabeth Franco). In her personal photo I think she looks like a sorceress. The reference object is a snuffbox. It was difficult to show her object’s functionality in the photo. It questions the pleasures and senses. It is a small box with compartments, as if for pills, and when the cover rotates, at one moment it shows which sense imprisons you and then it hides it... Cristina – Her partner, Madalena Avellar, made three pieces for Dom Pedro and his wife, Dona Leopoldina, who are portrayed on a miniature on the lid of the tobacco box on which she worked. One of the pieces, the necklace, leads us to the coffee grain plantations, a plant that had recently arrived to the New World and that inspired one of the symbols of the first Brazilian flag. The leaves are represented in silver and the garnets represent the actual grains. Then she made a ring with the letters of the word PEDRO, in which each letter is represented by a stone, whose name starts with that very same letter. There is a third piece which is a Chatelaine she made for Dona Leopoldina, since gardening was one of her passions and she could therefore take care of her garden and her plants with this Chatelaine. Lúcia – About writing with gems, used on Madalena’s piece, Luísa Penalva and Rui Galopim de Carvalho made a comment about writing with gems at a talk in the Museu Nacional de Arte Antiga. Very interesting. Cristina – Manuela de Sousa and Paula Mourão worked on the necklace that Dom Pedro gave to 244 ···
his mistress, Dona Domitila. A cage and a bed, both nostalgic and romantic symbols of one who is imprisoned by his own love. Manuela’s cage ‑pendant as the keeper of the heart, which has the word AMOR (love) written on the chain that holds it. Lúcia – Paula made a bed-shaped jewel box, on the mattress is printed a letter of Dom Pedro to Domitila. Paula’s personal photo represents Domitila’s un-accomplished dream. Cristina – “Penso” as in the verb (I think) and the object (plaster): Inês Nunes has attempted to reflect on the “disappearance of the jewels”, their absence, the wound that remained. Yet on the other hand, the piece has a very playful and ambiguous side, since it refers to a game, to play, to fake and the ephemeral of a jewel that is glued to the body, yet also takes us to a deeper and more serious metaphor of the scar. The jewel that no longer exists and that covers the wound in the shape of a plaster. It is a more poetic and nostalgic side. It is important that both poles be implicit, subtly explicit. Lúcia – Letícia got the inspiration from the chandeliers of that time. She made a necklace composed by a series of floral elements, which may be dismembered and used according to the user’s will, resulting in a composition of great impact. Instead of crysoberyls she used bottle and cup glass in shades of green. Cristina – Her versatility is interesting, the way in which it is built and how she uses bottle glass, ···
which suggests the colour of the chrysoberyls. Which is the piece by Regina Boanada? Lúcia – A necklace, using Tiradentes’ tools as reference. She also built a wooden support, very beautiful, all sculpted by her. It is not shown on the picture, only in the exhibition. Cristina – And who had the idea of rolling the rope around her? Lúcia – She had brought the rope and while waiting to be photographed, we started to play, rolling her up with the rope. It was very funny and she ended up being photographed that way. Cristina – And the little bottles ? Lúcia – They are gems, green-gold, quartz amethyst and jarina, or vegetable ivory, the seed of a palm from the Amazon, which has the properties of animal ivory. Cristina – The reliquary box in which are kept the teeth pulled out by Tiradentes, and the golden teeth, the crowns, with which the people would replace their own, is rather eerie, much to the liking and in the line of Teresa Milheiro’s work. Lúcia – I love her work, it always has such impact. Her pieces do shock, and therefore they stir us up and make us think, they question. Cristina – And to finish, we have the acclamation fans in which the pair Mana Bernardes and Nininha Guimarães dos Santos have made a very similar analysis and interpretation of history, though formally very different. Lúcia – Nininha always surprises us in her work, she is multiple, daring, and in this work she 245 ···
went beyond my expectations. Mana also has attitude! Her work is thorough and as she said “elaborated with total freedom of creation”. Cristina – Both of them end up paying tribute to both peoples in this project, to the people who have met, mingled and multiplied. And if on one hand Nininha’s fan incorporates man and cultural difference, Mana’s “rainbow” is like a set that represents the universe! Lúcia – Both are poetic and metaphoric fans. Each with its own form of expression, when cheering history. Many talks took and will take place... Lúcia Abdenur and Cristina Filipe go on this trip, with an entire ocean yet to swim.
···
Dom João VI and Dona Carlota Joaquina: Jewellery during Times of Change
T
he departure of the Portuguese court to Brazil on the 29th of November 1807 closed the aura of mystery and controversy, both on its true intentions as well as, and in fact even more so, on its consequences. Dom João VI and his wife Carlota Joaquina were the protagonists of one of the most dramatic moments in the history of Portugal, whose story had begun much before the marriage of this Portuguese prince and Spanish princess, which thus reinforced, both politically and diplomatically, the destiny of these two great European powers. This royal wedding happened as the result of a wedding policy led by the ruling families and that tended to reinforce the alliances through matrimonial ties as well as to guarantee the succession of common descent. The exchange of princes and princesses by means of marriages between the descendants of the ruling families was always accompanied by intense and complicated ceremonies and festivities, always according to a protocol which included the exchange of gifts between the bride and groom and the committees that accompanied them, which became vehicles for the transmission of taste, custom and fashion. The environment of the court was modeled on a careful protocol destined to project the image of the sovereigns and all those who surrounded them as figures of power. Jewels became fundamental instruments for this aim. 246 ···
As we focus on this period between the departure of the Portuguese court, to Rio de Janeiro, until their return to Portugal, in 1821, we can notice huge political, social, mental and style changes. Winds of change blew over Europe, the new taste for the neoclassical rebelled against the frivolity of the rococo. Foreign travelers who visited Portugal in the early 19th century probably noticed these diachronic aspects and the delay regarding the fashion that prevailed in other European courts. The descriptions, that were often lively criticisms, of the Portuguese court, its customs and, most of all, of its sovereigns allow us to see a portrait that is usually not very favourable if we contemplate what would be considered to be “à la mode” in the early 1800s. The comments of the famous Marquise de Abrantes, ambassador to Portugal before the invasion, the wife of General Junot, a close friend of Napoleon’s, written in her diary many years after having left Portugal are biting. At times very caustic, yet also very surgical, Laura Junot, Marquise de Abrantes, writes greedily about the jewels displayed by Dona Carlota Joaquina and her companions in the few times she was in the sovereign’s presence, in the work published under the title “Le Portugal il y a cent ans: souvenirs d’une ambassadrice”. Laura Junot, who nurtured a true and feisty dislike towards the Portuguese sovereigns describes the Queen with very unflattering comments, though she does focus on the extraordinary jewels worn by Dona Carlota Joaquina. Thus commenting on a visit to the Queluz Palace she notes: “...her semi ···
frizzy hair was done in the greek fashion, adorned by a profusion of the most admirable jewels made of pearls and precious stones that I had ever seen until then...”. This profusion and appetite of jewels is very clear in the many portraits of Dona Carlota Joaquina that have reached our age. Yet in this depreciatory comment by the French ambassador we realize that there still prevailed a very heavy, elaborate and, above all, extravagant taste, that continued from the late 18th century, in which ostentation and excess clashed with the lightness, elegance and sobriety that Laura Junot brought with her from the French Imperial court. When the curators of this exhibition, Cristina Filipe and Lúcia Abdenur, invited us to select pieces of jewellery from the collection of the Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA), that in some way demonstrated the spirit and style of that period, our research detected a fact that seems very interesting to us: the style or fashion at the time of the departure of the Portuguese court to Rio de Janeiro was not the same as that when they returned to Lisbon. Yet this was not a mere change in fashion, which would have been only natural since much would have changed during all those years, but rather the spirit and their entire lifestyle that had changed. Thus, we decided to chose not only pieces from the MNAA, but also from the collections of other museums and a Palace in order to more clearly show what Dona Carlota Joaquina and her king, Dom João VI used or might have used during that period. These pieces cover a wider period than that 247 ···
of the coming and going of the court to Brazil, but they are also pieces that in some way, through their symbolism, relate to this period. A few jewels were chosen from the MNAA’s collection as witnesses of this first phase, and reminiscent of the previous century and of the belated rococo taste according to the evolution of European fashion, to serve as an inspirational base for the Portuguese and Brazilian contemporary jewellers. The double loop necklace (MNAA inv. 6 Joa) set with big and flamboyant imperial topazes is an important witness of the great thirst of the ladies of the court for this type of saturated and imperial coloured gem. As are the small butterfly shaped tremblers (MNAA inv. 318 Joa, MNAA inv. 440, Joa, MNAA inv. 213 Joa), set with colourful stones and aimed at adorning the elaborate hairdos worn by the ladies of the high society and be mixed with other jewels in the shape of flowers, thus composing a colourful garden that would shine both under natural and candle light. This feminine side is also very present in the small powder box (PNA inv. 52172), in elegantly cast gold which displays a small miniature portrait of a lady at her dressing table on its lid. We also selected a number of objects including the portrait of the Infanta Dona Mariana Francisca Josefa, second daughter to Dom José I and his wife, Dona Mariana Vitória, and a big stomacher of emeralds (PNA inv. 4779), reminiscent of the enormous chest ornaments that were so appreciated in the 1700s. Dona Mariana Francisca Josefa left for Brazil with the move of the Portuguese court ···
to this part of the empire. This portrait, in which she can be seen wearing a stomacher of emeralds and diamonds that we see on her chest, this jewel having had a truly eventful history and destiny, is not all that remains of her memory. Dona Mariana Francisca Josefa, a very pious lady, ordered its sale to cover the expenses of the foundation of a convent. Yet, through the intervention of the King, the jewel was never sold, having joined the Patriarchal Treasury, in Lisbon, after the return of the Portuguese Court from Brazil. It is but in the mid 19th century that it was returned to the Royal House Treasury. During the reign of King Dom Luís, his wife, Queen Dona Maria Pia, who was a great admirer of jewels, asked the Crown’s goldsmith, Estêvão de Sousa, to transform this stomacher into an ornament more to her taste, consisting of a set of necklace or diadem, earrings, brooch, bracelet and hairpin. In the mid 20th century the goldsmith José Rosas Júnior, definitely restituted it to its almost original form as a stomacher, which still remains as a memory of the great bosom ornaments of that period. Yet the more neoclassical suave, elegant and refined style was definitely starting to arrive in Portugal from the French court and this new lightness is reflected in some pieces in the collection of minatures and jewellery of the MNAA. The sense of memory, of the remembrance of someone dear, very much in the sentimental jewellery line that was developped in the 19th century, is very present in the MNAA ring (MNAA inv. 929 Joa), in which we can see an elegant lady in an empire style dress, which, 248 ···
at a first approach, looks like a somewhat primary drawing in sepia on a very white background. Yet if we read the label that wraps the outline of the ring’s table all conceptions and misconceptions are immediately cleared. Not only are we elucidated with the fact that it is a “Picture of my love formed by her hair”, but surprised because we understand it is a masculine ring. This ring, from the late 18th century, is part of a set with a miniature (MNAA inv. 91 Min), in which the lady portrayed watches us with melancholic eyes. The miniature presents us with a young lady, whose dress and hair sets us to the start of the 19th century, bearing an artistically displayed beautiful lock of hair on the back of the medallion. This private and intimate atmosphere can also be recognized in a rock crystal pendant (PNA inv. 52210), in the shape of a sphere bearing a fly on one of its faces, coloured by a series of gems, and in which a very blonde lock of hair stands out. Though it is of a later date, it does not fail to remit us to this period in which memories were made of small very personal notes worn close to the chest. Still, with the common theme of masculine wear, we also suggested a small yet extremely interesting ring from the MNAA jewellery collection (MNAA inv.883 Joa), which bears a small clock with its mechanism and key, that is the joy of those who visit it in the museum. These jewels reflect a more discrete masculine world, yet not less refined than the feminine one. Yet we cannot overlook the collection of royal jewels of the Palácio Nacional da Ajuda (PNA) that are a reflection of the grandeur and glory of ···
the Portuguese court. Some of these pieces were selected because they are significant samples of the wealth that came to us from the Brazilian mines as well as being symbols of absolute power. This Golden Fleece (PNA inv. 4774), made by the great goldsmith Ambrósio Gotlieb Pollet, in 1790, is one of the most extraordinary pieces not only for its richness and the size of its gems but also for the size of the piece itself. The Order of the Golden Fleece was created in 1429-1430, at the time of the wedding between Philip the Good, of the House of Burgundy, and the Infanta Dona Isabel of Portugal, the daughter of King Dom João I. It was created ever since it beginning to be an order of distinction for dignitaries of the European royal houses and high nobility. Not only do we find in this piece the symbolism of political power and of an elite of power, but also the power of access to the most beautiful diamonds. Dom João VI, in the painting by Domingos António de Sequeira is portrayed as a model of the “lords of the diamonds”, as the Portuguese were referred to in documents of that period. On his dress of great pomp, the numerous extraordinary insignias of the Military Orders are carefully represented, from which the Golden Fleece stands out, leaving us no doubt that they are indeed the ones from the PNA’s collection. It is interesting to draw attention to a small miniature, a portrait of Dom Pedro as a boy (MNAA inv.190 Min) , with big and dreamy eyes, almost as if he could foresee what the future would hold for him. His gala-fit uniform, the multiple insignias that 249 ···
weigh on his chest, the adult pose, all ties him to his origins, his destiny and the weight of responsibility. Apart from the Golden Fleece, the insignia of the Three Orders catches our eye in this miniature, which is set with a great number of diamonds, rubies and emeralds, some of the diamonds of exceptional size and quality stand out from all this richness. Other insignias were chosen such as a Great Cross Epaulette decoration (PNA, inv. 4795), already made in Brazil at this stage, more precisely in Rio de Janeiro, in 1811, all leading to believe that by the hand of António Gomes da Silva. A piece like this one can be seen on the shoulder of Dom João VI, in a painting at the Museu Nacional dos Coches. And lastly, one could not leave the Order of the Sword Tower unmentioned. The set held by the PNA (PNA inv. 4783 e 4783/A) is composed of a necklace, a plaque, an insignia and a Band of Order, all commissioned in 1813 from the goldsmith António Gomes da Silva, established in Rio de Janeiro (footnote, TR p. 147). With regards to the feminine universe, one can see Dona Carlota Joaquina ostentatiously bearing a miniature in her portrait on which one can see her husband, Dom João VI (PNA inv. 41367). This attitude is not innocent since the portrait of the king symbolizes an insignia that justifies her destiny as queen of Portugal and all of its empire. One cannot help but notice that she holds the jewel on her heart, which is almost ironical given the terrible reports we have of the couple’s stormy relationship. As mentioned earlier, it is about this ···
royal character that Laura Junot writes, carefully describing the extraordinary jewels with diamonds and pearls much to the Queen’s taste. These jewels were still to be much worn during the stay of the Portuguese court in Rio de Janeiro, being depicted in several engravings by Debret in which we can see the caps worn by several ladies of the Rio de Janeiro society whose hairdos are noticeable due to their size and quantity of jewels set in them. These are rich jewels, set with beautiful diamonds, similar to the hair ornament of the Museu Nacional de Arte Antiga’s collection (MNAA inv. 1197 Joa), whose composition, formed by three elaborately lace-structured feathers, gives it a lightness that is only hindered by its great diamonds. This is the point at which we should study the choices made of the reference pieces from the collection of the Museu Histórico Nacional (MHN) in Rio de Janeiro and the Museu Imperial in Petrópolis. The pieces to which we had access did not present a hegemony with which we could make a selection using the same criteria used on our choice in Portugal. Not that the heritage of these museums were not vast and rich but it was precisely this richness that led us to consider variety and diversity as an alternative choice. And we find that this option has but enriched the project. Thus, not only do we lay our hands on jewels that relate to that period in a way or another but also a series of objects that, through their typology or symbolism, transport us back to those stormy and, simultaneously, so interesting times. 250 ···
Our path through the choices begins with gold. Gold, one of the greatest sources of richness of the Brazilian soil, that came into our country in such great quantities, appears in the shape of a bar (MHN, SIGA 0410 e SIGA 002), in an almost crude form, almost pure. Only the hallmarks testify it with a guarantee of authenticity, of purity and of its ownership by the Portuguese State. The Portuguese Royal Arms and the marks almost become decorations of a crude mass, whose symbolism can be directly tied to another set chosen from the MHN in Rio de Janeiro, with the gold prospector’s tools (MHN, SIGA 315, SIGA 352, SIGA 402 e SIGA 155). It is with this gold that some of the most beautiful pieces of jewellery made in Brazil were manufactured. Which is the case of the two reliquaries (MHN, SIGA 000.429 e SIGA 000.439), of such elaborate workmanship, such deep symbolism and an example of the Church’s cult of saints’ and martyrs’ relics. Once again, the symbolic act of the religious or profane power became of the utmost importance, as can be seen in a royal crest, a picture of Jesus as a Child or in a set of signets (MHN, SIGA 087, SIGA 097, SIGA 081, SIGA 089, SIGA 086 e SIGA 101) whose personal inscription also turns into a mark of conviction, of fundamental personalization. The interesting set of signets from the MHN are an excellent example, not only through their diversity but also because of the quality of the work of some of them, of the memory of the individuality of each one of them. ···
As an almost mirror or reflection of the selection of pieces from the Portuguese museums and palaces we can also find some royal portraits in this array of selections, though in this case with a different geo-political reality. A portrait of Dona Maria I (MHN inv. 470), painted by José Leandro de Carvalho in 1808, is an example of this, where the queen appears with a magnificent bodice that stands out due to the pearls and rubies that adorn it as well as a crown (MI RG 081.241), of which the Museu Imperial in Petropólis has a copy, and that appears as a statement of her royal power. Another highlight is a small tortoise shell box with encrustations in gold (MI RG 002.170), on which a miniature depicting Dom Pedro and Dona Maria Leopoldina has been applied, painted by Manuel Dias de Oliveira, the Brazilian. This official portrait contrasts with a very different reality from that of the magnificent amethyst necklace (MI RG 005.904) whose fastener is worked into a cameo that portrays the bust of Dom Pedro, indicating his forbidden love for the famous Dona Domitila de Castro e Melo, Marquise de Santos. This necklace, that is completely to the 19th century taste, in the way its light structure is made so as to allow the entire focus to be on the beautiful amethysts, one of the favourite gems of the 1800s, in contrast to the rich array of ladies jewels, that are surprising in their diversity of typology and whose chrysoberyls are attached in heavy settings of the previous century (MI RG 004.015, MI RG 003.764, MI RG 003.767 and MI RG 003.819). 251 ···
We have purposely left two choices for the end which, through their symbolism, must be without the shadow of a doubt focused on and through which this journey must end. On one hand the fan of the MHN (MHN inv. 000.463) whose magnificent golden touches celebrate the acclamation of Dom João VI on the 6th of February 1818 as sovereign of the United Kingdom of Portugal, Brazil and the Algarves, two years after the death of his mother, Dona Maria I. It was of frequent habit to celebrate important dates and events with editions of fans ordered from China and sold on Rua do Ouvidor, in Rio de Janeiro. Finally, an interesting set of odontological instruments (MHN SIGA 6.036, SIGA 6.037, SIGA 6.040, SIGA 6.038 and SIGA 6.039) that, it is rumoured, belonged to a historical figure in Brazilian history, 2nd Lieutenant Joaquim José da Silva Xavier better known as Tiradentes, leader of the Inconfidência Mineira, an 18th century independence movement from Minas Gerais. This set of instruments with a somewhat scary appearance takes us to the room in the MHN of Brazil in Rio de Janeiro, where the first exhibition of this project will be shown. This room was known for many years as the Tiradentes Room for, it is rumoured, it was in this very space that this character would have remained before climbing the scaffold thus ending a dream that came before its time. Through this selection of pieces, we hope to have been able to demonstrate a destiny and mutual history, that can be found in the most varied ···
objects, the fruit of historical circumstances, religious conciousness, love stories, wealth and tragedies yet that united, in an undeniable way, these two great countries: Portugal and Brazil. Luisa Penalva Museu Nacional de Arte Antiga
Portrait of Dona Carlota Joaquina 18th Century Palácio Nacional de Queluz, inv. 41367 Photo: Paulo Cintra/Laura Castro Caldas King Dom João VI – Miniature portrait Portugal, 19th Century (1801–1810) Ivory ø 57 mm Museu Nacional de Arte Antiga, Lisbon, inv. 223 Min Photo: José Pessoa (DDF/IMC) Portrait of King Dom João VI Domingos António Sequeira (attr.) 19th Century [1818-1826] 131,5 x 111,5 x 8 cm Palácio Nacional da Ajuda, Lisbon, inv. 4115 Photo: Manuel Silveira Ramos Portrait of Prince Dom Pedro (future King Dom Pedro IV) Tempera and ivory Portugal, 19th Century (1801–1810) ø 61 mm Museu Nacional de Arte Antiga, Lisbon, inv. 190 Min Photo: José Pessoa (DDF/IMC)
252 ···
Gems at the Time of Dom João VI in Brasil
T
he end of the 18th and beginning of the 19th century was a truly revolutionary period in Portuguese jewellery and, inherently, in Brazilian jewellery. If on one hand the arrival of the court of Dom João VI brought new habits and new demands of luxury consumption, on the other, in a significant way, the new materials, both gold and gems, that were so bountiful in the Brazilian soil became a diverse and abundant raw material for the jewellers of the time. The selection of the pieces that was presented to the Portuguese and Brazilian artists for this challenge could not be more representative of this new reality. Though it might seem that the variety of gems hither developed is apparently limited, one must not forget that until then the amount of gems used in jewellery was even slimmer in its diversity. Apart from the traditional Colombian emeralds, Oriental rubies and sapphires, Indian or Indonesian diamonds and pearls from elsewhere, not much more adorned jewellery except for, among others, garnets, spinels (the famous “Balas Rubies”), rare amethysts, not to mention the abundant hard stones that came from the Near and Middle East, of which the highlights would be the agates, jaspers, turquoises and lapis lazuli. Brazil is in fact one of the greatest precious stone producers in the world nowadays, from where the famously known emeralds, tourmalines, aquamarines, the multiple variety of quartz crystals (including amethysts, citrines), topazes, spodumenes, ···
among other stones that are less well known by the general public, come from. Yet, if we go back a little over 200 years ago we would be in an age in which, from almost nothingness, this glorious Vera Cruz gem trail began. The multiple campaigns of the bandeirantes that went, specifically from São Paulo, towards the unknown inland in search of for example the so prized gold and precious stones were indeed instrumental for this enterprise. Yet the precious results of these hard campaigns would only come to happen in the late sixteen-hundreds with the discovery of gold after one of the campaigns of Fernão Dias Paes Leme. It is certain that the amount of adventurers and other explorers in search of it increased straight after, almost like the gold rushes in the nineteen-hundreds in the USA and South Africa. Not only were more productive mines of the yellow metal found but also paths were opened for the discovery of one of the gems that turned the 1700s into one of the richest times ever as much in the kingdom’s safes as in the jewellery of that period: the diamond. It was in the first years of the decade of 1720 that the abundance of the local alluvial deposits, in Serro Frio, Minas Gerais, was uncovered, a situation that was only officialized in 1729 by decree of the Governor of Minas Gerais, Dom Lourenço de Almeida. Once again, for the same gold prospecting reasons, all the region around what is now Diamantina, was filled with explorers in search of diamonds. Given the alluvial or sedimentary nature of the deposits, which led to the washing and processing of the river gravel, or cha253 ···
padas as they were locally called, many were the stones that were recovered by the extraction process, which prompted the discovery of other gems. It was surely not by chance that, in the mid 1700s, yellow and orange topazes were discovered in the area around Ouro Preto in the State of Mina Gerais. These gems, now known as imperial topazes, were called Brazilian Rubies when they appeared in rare red tones. In the same line other gems were discovered which, as mentioned above, enriched the jewellery of this period of the end of the 1700s and early 1800s. To mention but the most significant ones, of which the following were highlights: the colourless topaz, the rock crystal (hyaline quartz), amethyst, garnet (almandine), chrysoberyl and aquamarine. It is noteworthy that the emeralds as well as the tourmalines, which are so significant nowadays in the Brazilian gem list, only really started having a commercial value in the 20th Century inasmuch as emeralds were only discovered in the 1960s. In most pieces chosen for the Portuguese and Brazilian jeweller’s creative work, this extensive use of local gems can clearly be seen. The only exception being the insignias of military and other orders that were used by royalty. In these, apart from the abundant big diamonds, which clearly show the richness of the mining possessions, one can also, and mostly, find emeralds and rubies, punctuated by some blue sapphires. Not to forget the pearls that are well represented in the iconography yet did not reach our time. These five gems, diamond, emerald, ruby, sapphire and pearl, were indeed, and for a very ···
long time, the most valuable and cherished in jewellery, thus explaining their strong presence in the above mentioned insignias and other pieces of jewellery in this selection, such as for instance the hair adornments (MNAA 318 Joa) and the rock crystal pendant with hair relic of French making (PNA inv. 52210). A special profusion of diamonds is noticeable, which is undoubtedly a result of its great availability on the market in virtue of the Brazilian mine production, up until 1867, the most productive in the World. Apart from this, the jewels and other objects in question are enriched with other above mentioned Brazilian gems to which a brief allusion shall be made further on. One cannot forget to mention gold, the metal which came with such great abundance from Brazil during this period and that is well displayed as much in the referred gold bar as well as in the gold prospector’s and transport apparatuses (MHN SIGA 315, SIGA 352, SIGA 402 e SIGA155). The golden chiseled royal Portuguese Crown and Sceptre are also significant examples of this. Though the Portuguese kings did not wear crowns since King João IV who reigned over Portugal right after the Restoration of independance of the Philippine dynasty in 1640, this heavy golden crown was symbolically represented in the Royal Portuguese iconography. It is curious that most jewels in this exhibition are made of silver very much to the period’s taste, there being but a few notes of gold namely in the coloured-stone settings, seeing as silver was used for this purpose with diamonds. 254 ···
Yet in this entire array the most significant in the context of this project is probably the use of coloured Brazilian gems. The imperial topaz necklace from the Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA Inv. 6 joa) is a beautiful example of the use of these gems at the end of the 1700s, in which we can notice the use of the reflecting coloured foils not only to intensify the apparent colour of the gem but also to assure a chromatic homogenization of the set of stones. On a different note, we have the amethyst quartz necklace that ends with a beautiful cameo of the Emperor Dom Pedro I (MI RG 005.904), a piece of Brazilian making of the 1800s. Here one sees an excellent example of the quality of the amethysts that had started to come about since the end of the 18th Century a bit throughout the whole country, from Minas Gerais to Rio Grande do Sul, contrasting with the scarceness of that gem, until then almost only available from minor European and Eastern occurrences. The open setting chosen for these stones is noteworthy, which allows the passage of light and therefore has no reflecting foil to tamper with its luster, very unlike what was done in the previous century in which closed settings and foils were common practice. Another gem that was very characteristic of the LusoBrazilian production of this period is the chrysoberyl in its greenish-yellow variety. Commonly known as chrysolite as much in Brazil as in Portugal, this shiny gem which until then was only known in the East, truly conquered its place in jewellery, being widely used either in monochromatic arrays or associated with other gems, namely the amethyst. In the selec···
tion presented a magnificent set of jewels in silver profusely decorated with chrysoberyls stands out in which we can notice a curious subterfuge that was recurrent at the time as much with this variety of gems as with other equally light toned gems, such as the hyaline quartz, clear topaz and goshenite (colourless beryls). It is said that a speck of black paint was dabbed onto the culet of the stone, that is the small facet in the back pavillion. The aim of this procedure was apparently to bear a closer resemblance to the appearance of the brilliant cut diamonds of that period since the passage of light through these made the culet seem dark. In conclusion, the approach of the period pieces is very interesting in perspective of the materials used, namely the gems and noble metals, since it constitutes a contribution to the history of Portuguese and Brazilian jewellery. The production of jewellery is forcibly tied to the materials used and, in the case of the Luso-Brazilian axis stone collection, this period was one of great profusion of new solutions and colours, as much in the stones themselves as in the way of cutting, setting and mixing them, making it, as it seems is unanimous amongst historians on these matters, the richest period in jewellery in this geographic context. Rui Galopim de Carvalho Gemologist Set of imperial topazes from Ouro Preto in Minas Gerais Image kindly granted by the Museu Amsterdam Sauer, Rio de Janeiro 255 ···
Jewellery in Brazil
S
ince the discovery of Brazil, the country’s history and geography have been marked by the search for precious stones, gold and silver. Pero Vaz de Caminha, scribe to Cabral’s armada, already mentioned that there were high hopes on behalf of the officers and crew to find an abundance of gold and silver in his first, magnificent description of the Brazilian lands and its original inhabitants, dated May 1st, 1500. However, Pedro Álvares Cabral would return to Portugal without proof that the expectation of his expedition had come about. The letter written by Américo Vespucio in Lisbon to his childhood friend Piero Soderini, one of the main delegates in Florence, referred to his first voyage to Brazil carried out between May 1501 and July 1502: “on this coastline, we cannot see anything worthwhile, except an infinity of Brazil wood (...) and after having traveled some ten months, since we have not found any type of metal whatsoever in this land, we have agreed to say goodbye to it.” Vespucio’s dialogue would seal the destiny of Brazil for the next two decades, for Dom Manuel would then concentrate all efforts of the Portuguese Crown on the search for wealth in the Orient. Nevertheless, after the initial hiatus, prospecting began to take shape: over the following two centuries after Brazil’s discovery, especially in the 17th century, several excursions and explorations would ···
trailblaze their way into the interior in search of local labor and mineral wealth of the Brazilian Eldorado pushing on, westward from the Tordesilhas line. One of the better structured expeditions was that of Fernão Dias Paes, who traveled through the hinterlands of São Paulo and Minas Gerais for almost eight years. At the end, in 1681, an exhausted Fernão would die disillusioned and fond of his “emeralds”, which were in fact tourmalines. The first discoveries of gold in Brazil, more precisely in the St. Vincent Capitancy, filled the Portuguese with contentment and hope. Small samples began to appear, and the central government actively stimulated searches for silver, gold and emerald mines. These expeditions had been periodically conducted by the Crown since the mid 1600s. In spite of this, our colonizers would have to wait another century to finally be able to be immersed in an environment of enormous euphoria and generalized confidence of this almost unending source of wealth. From 1700 to 1720, gold mining achieved constantly growing volume, with 25,000 kilos annually, and reached its peak production between years 1735-1736. In addition to abundant gold, from 1729 onward, diamond extraction would haul off around 3,054,770 karats of the coveted gem to Lisbon for the next 78 years. Nowadays, Brazil is one of the planet’s largest producers of gold, and we are considered one of the main world producers of gemstones, both in variety 256 ···
and in quantity, found in many areas of the country’s territory. However, it is odd that Brazil has not distinguished itself as a creator and producer of jewellery. Only in the last few decades has a Brazilian identity manifested itself more strikingly in artistic and industrial production of these objects, which are so deeply ingrained in our historical and cultural heritage. Similar to what has occurred with other manifestations of human talent, Brazilian jewellery begins to define itself as an integral element of our country’s culture, not only as works of arts, but also as a more common consumer product. Brazil’s jewellery industry is undergoing a vigorous expansion phase, with appreciation of its jewellery design, generating around US$ 1.3 billion annually in domestic market revenues and 354 thousand direct jobs. Approximately 1,250 industries produce articles sold by more than 16,000 retail operations and exported to 52 countries, according to data from IBGM – the Brazilian Gems and Jewellery Trade Association. Specialized national and foreign jewellery and cultural production magazines frequently carry articles on Brazilian jewellery in subject matter: in the last twelve months, hundreds of pages with photos, biographies and articles have shown our jewellery, our jewelers and our designers to the world. Artists, designers and jewellery manufacturers are making efforts to discover cultural values, our desires and most hidden consumer aspirations. Their success will be greater to the measure that ···
they are able to translate and incorporate into their jewellery – whether as works of art or industrial products – these values, desires and aspirations in a way perceptible to their potential wearers. Talent and boldness – fruit of the qualification of Brazilian designers – have taken the country to offer its jewellery for external analysis and have come out as winners. In a few years’ time, we have gone from copiers to creators, and we are receiving recognition worldwide for our differentiated design, legitimately made in Brazil. Brazilians love to ornate themselves, there is no doubt about it. Affonso Romano de Sant’Anna relates in one of the delicious passages of his book Barroco that in 1728 nuns from Bahia were reprimanded by their Mother Superior for attaching colored ribbons on their habits and showing vanity in their use of lingerie. Some, according to the Episcopal censure, “wore embroidered shirts with long sleeves and narrow skirts and wore silk stocking with diamond-studded, gold buckled garter belts”! Although the evolution of our jewellery industry has been delayed due to several factors, it is comforting to know that it has proven itself capable of huge growth potential because of its ability shown in rapid advances achieved by emulating countries where jewellery activities have existed for centuries on a large scale. The movement in jewellery design in Brazil, although only recently organized, has already began to show great progress in qualifying its designers, fruit of the creation and consolidation of jewellery 257 ···
and design schools in the country and coherent, continuous action by the interested institutions. Nothing happens by chance, and much work and research has been in the backstage of this process, whose glamorous facade is the only thing that appears to the general public. The Real Jewellery exhibition portrays the maturation of the Brazilian jewellery industry well by emphasizing jewellery’s most noble traits: artistic expression, reflex of the culture and history of two fraternal peoples. Angela Andrade GG(HRD e GIA) Diretora Executiva da AJORIO
···
Contemporary Jewellery in Portugal
T
he birth of contemporary jewellery in Portugal was late. It could not have been any other way, in the sense that, regardless of its proverbial quality, several factors contributed to this time-consuming ecclosion1. Occasionally corrected, through the means of fashion or some other rare mecenate, the origin of contemporary jewellery in Portugal goes back to the 1950s: similarly to the genesis of design, this delicate birth was initially due to the effort of the visual artists 2. The most important Portuguese sculptor of that decade, Jorge Vieira (1922-1998), who was sensitive to the proposals of Picasso, Henry Moore, Reg Butler and Lynn Chadwick3, was the first to be sensitive to jewellery: he created sculptural anthropomorphic pieces, hibrid creatures in terracota and silver, for a close circle of friends and family, which then spread to pendants and bracelets, rings and brooches. Possibly initially thought as abstract forms, as can de seen in some of the preparotory drawings that exist in the Museu do Chiado’s reserves, these jewels remain a rare document of a decade which can only find a parallel in the experimental production of the Secla Ceramics Studio in Caldas da Rainha. There the ceramicist and painter Maria Antónia Parâmos (1922-1976) experimented, C. 1955, the production of enamelled and glazed ceramics jewellery (pair of earrings), in a path proceeded by the sculptor José 258 ···
Aurélio (b. 1938) who, in 1959-60, executed ceramic pendants and brooches circled with silver4. Such modernization developped without a loss to the generalized appraisal of the repetition of the historists’ models and, particularly, of the filigree, whose official nationalist ideology of the mythification of the rural and popular life stimulated and promoted through a section its own in the great Exhibition of the Portuguese World in 1940 – filigree also deserved an official special place in the collection of the Museu de Arte Popular, that opened in 1948 in Belém. The scarcely informed market stimulated the acceptance of this time-consuming production though, especially in the strict 50s decade, the proliferation of fantasist jewels that were richly set with gems was noticeable, once again based on internationalized models and fashion imposed patterns. An ecclectic barroque weight, though modernized, informed this rather heavy production that deserved the critical epithet of “stone puddings”, in an oppulence that was justified by the raw materials and astronomical profits that came from the African colonies and, also, from a new class of commissioners. Nevertheless the start of the change of direction appeared as early as 1963, through the solo exhibitions that Gordillo and Kukas (b. 1928) then promoted, both pursuing a creative way that made them pioneers in Portuguese modern jewellery and opened new possibilities to a habitual panorama. Gordillo creates jewellery pieces that are marked by a sculptural inclination whose abstract ornamentation and modernist stylization assumes ···
tones of baroque decorative excesses, heightened by the chromatic and material (the fusion of onyx, mother of pearl, iron and glass to precious stones) contrasts, also pursuing, since 1965, the industrial course by executing models for jewellery factories. The proposal of Kukas was very different, characterized by the ever growing formal depuration and a careful taste of functional design proposals, to be found in jewellery and also decorative and functional objects whose structural clarity opened a new type of jewellery, in a constant preoccupation with linearity and monochromatic that became dominant in the continuity of his speech. Pioneer figures such as Gordillo as well as Kukas remained relatively isolated and, though their proposals were continued and the public was receptive, their initial impulse was not enough to trigger a significant start of modern jewellery nor form schools in a proverbially adverse circle, to which they contributed, apart from a certain formal crystallization and an ever growing commercial aspect, far from the more cutting edge proposals of the international contemporary jewellery. It became thus impossible to break away from the closed workshop element that carried on marking taste, the jewel remained an artefact for the elite, traditionally associated to the use of the precious and indissociable from the social stature and economic and social power of its wearer. In 1977, already set in a III democratic republic, the return of the jewellers Tereza Seabra and Alexandra Serpa Pimentel to Portugal, from the USA/ 259 ···
Germany and England respectively, where they had received an education in the context of the Modern Jewellery International Movement, allowed to refine the Portuguese jewellery with the more cutting edge proposals of contemporary jewellery. The repulsion of the commercial aspect and the dignifying visual assertion of jewellery, which was now receptive to proposals from different artistic areas, characterized what these jewellers produced, and was reinforced in 1978 by the founding of the Jewellery Department in Ar.Co in Lisbon by Tereza Seabra and Alexandra Serpa Pimentel, thus filling the gap in the Visual Arts Schools in Portugal jewellery education, which came as an alternative to the existing workshop training at the time. From this school would be born a first generation of artist jewellers, subverting the traditional knowledge of jewellery through the innovation of the materials (anodized alluminium, titanium and other non-precious materials, such as acrylic and organic materials), the techniques (brought in from the other decorative arts and applied to jewellery: engraving, gild, industrial paint, Mokumé, Marriage of metals) and the forms (through the association of creativity and experimentation with the basic jewelley techniques). The evolution in the jewellery department in Ar.Co was achieved by inviting foreign artists and the participation of the students in internships abroad, and the growing of the body of teachers and students remarkably, amongst others, Filomeno Pereira de Sousa (1982-1988) and the former students Marília Maria Mira (since 1986), Paula Crespo (1987) and Cristina Filipe (since 1988). ···
The slowness of the acceptance by the public of these proposals, even though there was an urban growth in the new habits of representation and social spaces, was justified by the lack of support in that area, of divulgence and the gap of a gallery exclusively specialized in new jewellery, which was finally filled in October 1984 when the Artefacto 3 gallery/workshop was opened by Tereza Seabra, Alexandra Serpa Pimentel and the disciple Pedro Cruz (b. 1960). Between the months of July 1988 and February 1989 the panorama was enriched with the opening of the gallery and jewellery training school Contacto Directo, in Lisbon, by Filomeno Pereira de Sousa (b. 1949), where the students were encouraged to find their own emotional, critical and aesthetic fields through jewellery, which triggered many orientations, as well as the promotion of exhibitions and seminarsworkshops by national and foreign artists. In parallel to this growth of the artistic jewellery there developped another type, a different, commercial and, to a greater or lesser extent, a mundane jewellery, that narrowed the relation between jewellers and fashion designers, jewellery thus becoming a part of fashion and its annual collections. Jewellery acquired thus an unexpected ephemerity and decorativeness, in an elastic proposal of the dilution of the borders between jewellery and accessories that was began (1983) with the sculptress and jeweller Ana Silva e Sousa (b. 1953), then carried on by Pedro Cruz (who pushed it even further by making handbags, backpacks, walking sticks, umbrellas, glasses) 260 ···
and, amongst others, Luís Moreira, Margarida Bermudes and also the renowned Oporto sculptress and jeweller, Ana Fernandes. The interest in jewellery by contemporary visual artists became apparent in the Illegitimate exhibition (1993), curated by Paula Crespo, in which 10 contemporary visual artists, that came from painting and sculpture (Pedro Cabrita Reis, José Pedro Croft, Pedro Calapez, Rui Chafes, Ana Jotta, Pedro Portugal, Pedro Proença, Xana, Rui Sanches and Miguel Branco) approached the specific creation of jewellery. Being presently susceptible to multiple interpretations, jewellery in Portugal has inevitably appropriated itself of other artistic areas, in a set of effective interdiscipline and the dillution of creative frontiers. The quality of the specific education, particularly in Ar.Co and Contacto Directo, the omnipresence of the media, the growing mobility of artists and jewellers, the training periods abroad, the international workshops and exchange programmes promoted by the schools, the proliferation of new spaces dedicated to jewellery (as for instance the notorious opening of the Reverso Gallery in 1999 by Paula Crespo), the coming of renowned foreign jewellers to Portugal, the sophistication of the social and consumer habits and especially the growing international visibility of Portuguese contemporary creation – from cinema to architecture, including the visual arts and design – , convert jewellery into one of the greater vital expressions of the country. The constitution of PIN – Portuguese Association of Contemporary Jewellery, through the initia···
tive of Cristina Filipe, Marília Maria Mira and Paula Paour, brought a new verve to the assertion of this important field of contemporary creation, its first presentation having been the International Jewellery Symposium, Ars Ornata Europeana. Few countries can in fact boast about having contemporary jewellery of great quality, and Portugal is undoubtedly one of them, as was exquisitely demonstrated with the Closer exhibition, that took place in 2005 in the Museu Nacional de Arte Antiga (Conceived by Cristina Filipe, Marília Maria Mira and Paula Paour). Once again this Real Jewellery exhibition has come to demonstrate the ancestral quality of Portuguese jewellery as well as the contemporary creative vitality, both Portuguese and Brazilian. Rui Afonso Santos Art and Design Historian
1 Rui Afonso Santos, “A Jóia em Portugal no Século XX”, Separata das Actas do I Colóquio Português de Ourivesaria, Porto, Círculo Dr. José de Figueiredo, 1999. 2 Rui Afonso Santos, “A Cadeira Contemporânea em Portugal” in Cadeiras Portuguesas Contemporâneas / Contemporary Portuguese Chairs, Lisboa, Edições ASA, 2003.
LAPA, Pedro, Jorge Vieira, Lisboa, Instituto Português de Museus, 1995.
3
4 HENRIQUES, Paulo, Estúdio Secla, uma renovação na cerâmica portuguesa, Lisboa, Instituto Português de Museus, 1999.
261 ···
Real Jewellery Portuguese and Brazilian Contemporary Jewellery NECKLACE Portugal, 18th century (second half) Silver and imperial topazes. 134 x 200 mm Museu Nacional de Arte Antiga, Lisbon, inv. 6 Joa Photo: José Pessoa (DDF/IMC)
Dulce Ferraz
“Desclavage” Necklace 925 Silver, polypropylene, steel and textile. ø 230 mm The challenge of bringing the “esclavage” jewel into the contemporary universe led me to paths of reflection on the deep changes that have taken place in the western societies from the 18th Century until today. The denomination “esclavage” for this type of adornment, that remounts ab initio to the African culture where it initially was an external sign of subjection displayed by slaves, had already lost its original meaning by the time this jewel was made. It is a fact that the imperial topazes of which it is composed still evoke the slaving age of the great
mining exploration, yet the transposition of its bearer is already clear: the slave gave way to the powerful, the stigmatizing object became a sign of ostentation. To be able to give continuity to this evolution interested me, particularly in what respects its structural form. By using “poor”, translucent and lighter materials, I aim to interpret a memory, to reflect on the present conditions of the adorning object, on “taste” and the need for the “ostentation” of wealth.
Ana Videla
“Reflective” Necklace Silver 950 and holographic plastic. 300 x 350 mm The use of reflective colored leaflets, on one side, intensify the gems’ apparent color and, on the other side, grant a chromatic homogeneity to the set of gems. Another aspect of focus was reflection as the act of reflecting – Reflection, reasoning and observation which result in an intense pondering and exercise, appropriated here for the occasion of the Celebrations of the arrival of the Portuguese Royal Family to Brazil in 1808. However, a question remains and makes us reflect: Which was our ···
262 ···
legacy with the arrival of the Royal Family? HAIR ORNAMENTS Portugal, 18th century (first half) Silver, diamonds and coloured glasses. 24 x 12 mm Museu Nacional de Arte Antiga, Lisbon, inv. 317 Joa Photos: José Pessoa (DDF/ IMC)
Hugo Madureira
“Carlotist Weapon” Hair Ornament Fluorescent pink glossy paper. 1500 x 750 X 250 mm (aprox.) mujer horrenda, ossuda, con una espalda desnivelada, tenia una pierna más curta que la otra, de mirada miúda, de boca de rictus cruel y desdeñosa, roxa, buço, con un cutis áspero y afeado por las marcas de bexiga y una proemi nente nariz encarnado, dentes desiguais como a flauta de Pã, pequeña, anã y claudicante.
Francisco Garcia
“Twists and turns” Earrings 750 Gold, amethyst, citrines and topazes. 80 x 40 mm From the old Portuguese jewellery to the art of contemporary
jewellery creation has always been indispensable for the human being. And Portugal knew how to utilize fully the colouring of Brazilian gems and the gold that came from Brazil, and united these two universes that are geographically separated by the sea, however united by History. FACE POWDER MINIATURE BOX Portugal, 19th century Gold, silver, ivory, glass and feathers. Height 23 mm x ø 39mm Palácio Nacional da Ajuda, Lisbon, inv. 52172 Photo: José Pessoa (DDF/IMC)
Marília Maria Mira
“Mist” Pendant container “… the face of its bearer will be hidden by a cloud of face powder.” Sterling silver, flannel, face powder and enamelling image. 110 x 85 x 55 mm “When the Portuguese arrived in Rio de Janeiro the enormous distance that had until then managed to moderate the imperial relations collapsed. From upclose, the royal family could hardly resist to the idealized representations – the religious allegories,
the engravings and flattering portraits – through which they were known in the colonies. There may have been disappointments, even consternations. The women, most of whom were practically bald after the strains of the Atlantic, paraded through Rio de Janeiro like curiosities. At a glance at this fantastic show of troops of bald maidens, the required attention was given to their parisian attire, the high waists and intricate embroideries used in the imperial style to the long silk gloves.” Império à deriva – Patrick Wilken – publ. Civilização This work aims to accompany the above mentioned image and consists of a pendant/face powder box that allows to prompt a cloud of powder in order to hide or conceal the face of its bearer, whenever it is required. Closed container, like a protruding “fist”, which can be moved inside it and that, when it hits the bottom of the box, provokes a smoke dust to go through the wholes on its top.
Lívia Canuto
“Carlota Mirror” Hand mirror 950 Silver, wood and mirror. 260 x 120 mm The mirror, an object chosen to ···
263 ···
symbolize the shock that occurred between the two cultures with the arrival of Dom João in Brazil. Both the colonizer and the colonized mirrored in one another, seeing themselves, simultaneously, as foreigners and owners of the land. The user experiences this when he/she sees his/ her image reflected in the mirror, confronting the image of Dona Carlota Joaquina, mixing with it. STOMACHER Portugal, 18th century (first half) Emeralds, gold, diamonds and silver. 124 x 185 x 41 mm Palácio Nacional da Ajuda, Lisbon, inv. 4779 Photo: PH3
Filomeno Pereira de Sousa
Untitled Brooch 800 Gold, 925 silver and synthetic emerald. 75 x 70 x 4 mm The marriage between the baroque and contemporary style has always delighted me, thus the proposal of this project is rather a pleasure than a challenge. Basic geometric shapes and the marriage of metals are the themes I have used since the 80s.
To strip the baroque is like melting the magnificent icing on a wedding cake in one’s mouth.
Rudolf Ruthner
“Woman” Pendant Gold 750, acrylic and paper. ø 40 x 20 mm A medal is, since the Ancient Times, an object representing the celebration of a significant and breaking through event. The arrival of the Portuguese Royal Family with the Court in 1808 in Brazil deserves therefore a piece that represents such bicentennial celebration. This is in honor to the date and also to the feminine figure. Pendant France, Paris, 19th century Rock crystal, gold, pearls, rubies, emeralds and hair. Height 32mm x ø 21 mm Palácio Nacional da Ajuda, Lisbon, inv. 52210 Photo: José Pessoa (DDF/IMC)
Diana Silva
“Lovehate” Necklace Glass, acrylic, gold, tissue paper, photograph, silk thread and hair ash. 240 x 160 mm
The ruby is tied to the symbolism of blood and the heart, therefore to love. The rock crystal is a transparent and crystalline precious stone, thus symbolizing truth and justice. The emerald symbolizes hope in faithful love. Pearls are a symbol of virginity. The diamond has a strong connection with eternal love. Though in this necklace I have only used “fake” stones, which completely changes the significance of the stones, from a pure, faithful and virginal love into a visceral hate. Gold has a physical significance, that of beauty and martyrdom, and on the other hand that of knowledge and ultimately of spiritual richness, of true love. But it can still lead us to the opposite of love, to greed and this leads us to the most horrible human facet. As for the lock of hair it becomes a handful of ash after cremation, with pieces of gold that remind us of good memories.
Virginia Moraes
“Bull’s-eye” Pendants 925 Silver and titanium. ø 40 mm and 60 mm The Portuguese hit the bull’s eye! ···
264 ···
Ring Portugal, 19th century (1st quarter) Silver, ivory and natural hair. 23 x 32 mm Museu Nacional de Arte Antiga, Lisbon, inv. 929 Joa Photo: José Pessoa (DDF/IMC) Miniature of a young girl Portugal, 19th century (1st quarter) Tempera, ivory, copper and natural hair. 8,5 x 5,5 mm Museu Nacional de Arte Antiga, Lisbon, inv. 91 Min Photo: José Pessoa (DDF/IMC)
Margarida Matos
If I do not see her, I imagine her and am as strong as the tall trees.* Brooch Found objects, hair and plastic. 100 x 60 mm * Alberto Caeiro, Love is company Relics and images that trigger nostalgia of the original moment, a possession of lost beauty. The collector is the guardian of the treasure. The refusal assumed by the shape of the object that contains messages that object to being invisible, the me-
mento of a past that has disappeared. The loved body is immortalized by the mediation of a precious metal, silver (monument and luxury); to which we might add the notion that is metal, like all metals of Alchemy, is alive. Roland Barthes Bia Saade “Unknown Memories” Bracelet Silver 950 and hair. ø 80 x 350 mm My proposal is to deconstruct reliquaries, thus releasing memories, and transfiguring them in such a way that they are no longer known, transforming each memory into something new. This recycling has the purpose of withdrawing the weight of old remembrances which attach us to the past, thus allowing for new possibilities, to focused in the present and into the future. Ring with miniature watch Portugal, 19th century (early) Gold, pearls and enamel. 38 x 29 mm Museu Nacional de Arte Antiga, Lisbon, inv. 883 Joa Photo: José Pessoa (DDF/IMC)
Susana Beirão
“Compass” Bronze and magnetite. Board 190 x 190 x 1,5 mm Spoon 105 x 23 x 1,5 mm This work was based on the sense of direction for which this piece of reference would certainly be a precious help. The Compass is undoubtedly the most famous instrument from the Discoveries and was probably that with the most importance. Its invention is attributed to the Chinese who, around the year 2000 BC, used the properties of magnetite to search the cardinal points. The Chinese Compass was composed of a quadrangular bronze plate that represented planet Earth with a circle in the middle that represented the sky, where a spoon of magnetite indicated south. This millenarian compass is recreated here indicating the direction to the lands of Vera Cruz.
Antônio Breves
“Atlantic” Sculpture Iron, an electric mesh plate and crystal lens. 700 x 620 mm “Quadrant” Pendant Silver 950 and quartz crystal. 215 x 142 mm ···
265 ···
Based on the combination of the idea of time and space included in this 19th century jewel, represented by a clock and a compass, I have interpreted the main instrument which enabled the mastering of the seas and oceans, the quadrant. In silver, with a pendulum and two crystal optical sights with an iron fan base, a crystal lens and an electric mesh plate, the piece is lighted by a light beam much like a lighthouse. The quadrant is supported by a wave shaped metal rod attached to the support. I am currently working on the transposition of industrial design into art and design; the choice of materials is therefore coherent with this proposal, in addition to being guided to solve the above mentioned challenge: time, space, direction and historic value. Quartz crystal, for instance, allowed modern industries to accomplish that human dream of having an accurate time measurement, and the fan is related to wind production, a main factor for sail hoisting. Order of the Golden Fleece Portugal, 1790, Ambrósio Gottlieb Pollet Gold, silver, diamonds, rubies and sapphire. 272 x 122 x 27 mm
Palácio Nacional da Ajuda, Lisbon, inv. 4774 Photo: PH3
Leonor Hipólito
“Royal Jewel” Pendant Gold plated 925 silver, polyester and silk. 93 x 79 x 28 mm The 18th century pendant that hangs on King Dom João VI’s chest reminds us of the Order of the Golden Fleece, established in 1430 by the Duke of Burgundy, Philip the Good, with the aim of joining a group of members, who were faithful followers of his political and spiritual ideals. The Order’s insignia, a golden ram, hangs on the chest of the kingdom’s nobility, thus making their sovereignty visible. Legend has it that the golden hair that hung from a tree was fiercely guarded by the sharp claws and flaming breath of a Dragon and that only he who gathered enough determination, strength and skill could ever come to reach it. The ram, that delicate and mysterious figure, has always interested me and during the whole research process it became ever more so dominating until I realized that it was the entire essence of the piece. It stands out no matter what frames it. It is the centre, resembling a
lung through which all force is condensed and projected. I have synthesized as much as possible, for my piece, all the symbolic elements and have merged them into a unique, stripped and minimal shape. A pendant that aims to recreate, through a lace of vessels/ veins/hairs/flames, a contemporary version of the Golden Fleece.
Bárbara de Crim V.
“Iemanjá Badge – Queen of the Waters” Brooch Aquamarine, metal and plastic. Support: Scales, a sachet with water and a handkerchief embroidered with a poem by Fer nando Pessoa. ø 90 x 180 mm Scales: 310 x 150 x 350,5 mm Suport: Any Carro Atelier e STM Gems If, at the time of Dom João VI, wealth was measured through gold and gems, today, the water of the planet is the real jewel to be preserved, thus revealing that values change and are even reversed. As influences stand out Mar Português, by Fernando Pessoa; Arcos da Casa do Trem, in the Museu Histórico Nacional, the result of successive earth filling works; Time elapsed – 365 days of the year; Arcos da Lapa, an ancient water main; Beaches of Rio. ···
266 ···
The pendant shows markings and drillings, picturing the 12 months of the year, on which an aquamarine cut in the shape of a bag can be moved along the rod according to the month. When set in December, the gem switches its shaft to vertical, indicating the importance of the passing of time. To reaffirm the reversion of values, the jewel will be placed on a scale pan, and a bag with water, which is heavier will be on the other. A handkerchief is also part of the installation, on which Nilce, of the Taguatinga Embroiderers Association – DF has embroidered a poem by Fernando Pessoa. Three Military Orders of Portugal Portugal, 1789 Ambrósio Gottlieb Pollet Gold, silver, diamonds, rubies and emeralds. 159 x 102 x 20 mm Palácio Nacional da Ajuda, Lisbon, inv. 4784 Photo: PH3
Tereza Seabra
“Insignia” Case, fragment of the Insignia of the Saint James’ Cross, photographic reproduction on porcelain, gold, diamond. (Awarded to António Santos Viegas Seabra) ø 69 mm | Alt. 15 mm
Author’s proof. (Author’s Collection) “ Virtus Inexpugnabilis ” Allegory Photocopy, gold foil and PVC. Limited Edition The Author’s Proof is simultaneously a recreation of the Insignia and a personal homage. The limited edition is formally and symbolically a sacralization of the diamond, the stone used, par excellence, in the Insignias of the period. Its production at virtually no cost, represents an allegory upon the immaterial value of Virtue.
Dirceu Krepel
“Journey” Brooch Silver 950, gold 750 and jaspe. 40 x 40 mm “Emotion” Brooch 950 Silver and 750 gold. 50 x 40 mm “Exchange” Brooch 950 Silver and 750 gold. 50 x 30 mm The journey… to Brazil A brief move, be it but a breeze… makes the brooch oscillate sym-
bolizing the crossing to the country of the sun, where the heart of our honored voyager shall beat harder… Big and dreamy eyes, almost as if they guessed what time would reserve for him… everything ties him to his cradle and his destiny. Épaulette Decoration Brazil, Rio de Janeiro, 1811 António Gomes da Silva (attrib.) Gold, silver and diamonds. 214 x 45 x 11 mm Palácio Nacional da Ajuda, Lisbon, inv. 4794 Photo: José Pessoa (DDF/IMC)
Alexandra de Serpa Pimentel
“Trans Plants” Botanist’s Box Large box: Wood, glass, brass and paper (plant data) 395 x 305 x 134 mm Small boxes: Silver, gold, lenses and plant material: Saffron, Sugar/sugar cane, Star anise, Rice, Vanilla, Cocoa, Coffee, Cinnamon, Cardamom, Tea , Coriander, Paprika, Cumin, Cloves, Turmeric, Ginger, Corn, Mustard, Nutmeg Pepper, Allspice, Chillies, Sesame, Tobacco. 7 Large 37 x 37 x 20 mm (each), 15 Small 335 x 335 x 185 cm (each) and 2 Long 163 x 25 x 25 mm (each) ···
267 ···
The epaulette decoration, worn on the shoulder, allowed for the “passage” of party sashes. It was its designation and use which most interested me. The diamonds of which it is composed, remind me of other goods that “passed” aboard the ships of the Portuguese fleet. Other plants, along with the spices, were brought by the Discoveries, that transformed the way in which people lived and fed themselves, having been integrated in their cultures and traditional cooking. The Rio de Janeiro Botanical Gardens, created by Dom João VI, revealed to me his interest in botany. This is where studies were carried out on the capacity of adaptation and productivity of several species of flora that was brought from the four corners of the Empire. Thus came the idea of creating a “botanist’s box”, to transport seeds or samples of plants,and their scientific and usage records, allowing for their “passage” to anywhere in the world.
Maura Toshie
“Conquests Decorations” Necklace-Bracelet 950 silver, Peridot and Zirconium. 1000 x 180 cm
A decoration badge for contemporary woman who conquered her space. The figures represent the maternity, the financial independence, the feminine-masculine, the lonely jewel and the empty heart. The strap, turned into a bracelet (handcuff) is decorated with wings (freedom). Military Order of the Tower and Sword Brazil, Rio de Janeiro, 1813 António Gomes da Silva (attrib.) Gold, silver, diamonds, rubies, emeralds, enamel and silk. Necklace – 550 mm Badge – 116 x 25 mm Palácio Nacional da Ajuda, Lisbon, invs. 4783 and 4783/A Photo: PH3
Carla Castiajo
“Hero” Necklace and Plaque Silver, canvas, polyester thread, horsehair and mirrors. Necklace – 550 mm (length) Plaque – 116 x 25 mm “It is by overcoming the limits imposed by the human condition itself that lies the heroism of the Hero.”
Dulce Goettems “Royal Symbol” Pendant
750 Gold, diamonds, rubies and topazes. ø 80 mm In honor of our History and of the heritage of value, the pendant “Royal Symbol” preserves the image of an honorary jewel in its stellar shape and symbolic elements. Dona Carlota Joaquina, Queen of Portugal Portugal, 19th century (1st. quarter) Oil on canvas. Gold leaf wood. 925 x 740 x 44 mm Palácio Nacional da Ajuda, Lisbon, inv. 41367 Photo: (DDF/IMC)
Manuel Vilhena
“Espelho teu” Pendant with chain 999 gold, 750 gold, 925 silver, glass, mirror, raw amethyst and cotton string. Pendant – 190x70x 10 mm Chain – 1600 mm (length) My work will be made with reference to the piece of jewellery displayed by Queen Carlota on the painting that I was assigned. Two aspects: The relationship between Queen Carlota and her husband based on all human relationships, that is, ···
268 ···
the relationship between two people, no matter what their natures: a mirror as a portrait, the length of the string that holds it that allows its bearer to place it on the part of the body that corresponds to the type of relationship (heart, head, shoulders, sex, etc...). The aesthetic aspect is based on the pendant she wears, making a copy of it with contemporary lines: the oval shape, a classic used for portrait, the semi precious stone that represents the wealth of the new found lands that crown the figure, the golde structure, the chain.
Vanessa Alcantara
“In Carlota’s intimacy” Castanets 950 silver and wood. 150 x 100 mm D. Carlota Joaquina, Portuguese queen that never renounced to her Spanish nationality wrote countless letters to her parents and to her husband, D. João VI. Expressing the deepest feelings that were found in her personal letters, I have elaborated the castanets. Hair Ornaments Portugal, 19th century (early) Silver and diamonds. 130 x 85 mm
Museu Nacional de Arte Antiga, Lisbon, inv. 1197 Joa Photo: José Pessoa (DDF/IMC)
Rita Faustino
“Coronation of Queen Dona Carlota Joaquina” Crown Nylon thread. ø 300mm | Height 300 mm I have focused my project on the character of Dona Carlota Joaquina based on the piece I was given. Dona Carlota Joaquina was unquestionably a unique figure, not only in the way her way of being, in her thirst for power, her physical characteristics but also in her sexual preferences. Had an ambitious and even violent character. She passed away naturally or comitted suicide in 1830, alone, forgotten, sad and embittered. This then “impressive” figure would still be be considered extravagant in our day. I have conceived my piece for a modern Carlota Joaquina. A “jewel” that in a certain way represents her, makes her stand out from other people. I have made a head piece, in which I attempt to represent all the exuberance, the exaggeration of this figure. As if it were the “crown” of power that she so desired, but never really got. With the nuance of being made of a very un-noble mate-
rial, yet simple, stripped of value. Yet I have maintained the transparency, the sparkle of the “diamonds”, the “lace” of the stone mounting.
Willian Farias
Untitled Head ornament 999 silver and cotton thread. 500 x 1500 mm Untitled Brooch 750 gold, quartz fumme. 30 x 60 mm Untitled Brooch 750 gold 30 x 60 mm CARLOTA JOAQUINA – determined, manipulating, authoritarian, willing, ambitious, audacious, strong, extravagant, spirited, ambivalent, humanitarian, welcoming, sovereign – QUEEN Golden bar and certificate Mato Grosso, 18th century Minas Gerais e Goiás, 19th century Gold, Casa da Fundição de Sabará, Rio de Janeiro, Museu Histórico Nacional, Rio de Janeiro. ···
269 ···
inv.0410 e inv.002 Photo: Paulo Scheuenstuhl
Artur Madeira Untitled Ingot 22 carat gold. 88 x 18 x 5 mm
The piece I received was a gold ingot, bearing the hallmarks of the arms of Portugal, the name or the initials of the foundry house, the gold fineness and the year in which it was cast and with the armillary sphere on its back. “By appropriating myself of this ingot”, I erased all the original marks and remarked it.
Marcius Tristão
“Fractal 1808” Sculpture | Pendant Aluminum, with patina special treatment. 200 x 90 x 50 mm The gold bars cast at the foundry shops in the 18th and 19th centuries leads us to imagine them today with a monetary symbolism – a kind of coin – which could be changed for a good or used as raw material in the manufacture of a jewel. On these bars are found graphics, such as threads on foliages, jagged circles and the symbol of the Portuguese crown.
The sculpture was cast in aluminum using the “Fractais” technique and then a patina layer it shows some of those graphics, such as the Portuguese coat of arms, which appears engraved in the shape of coins of that time, leading the observer to the ancient gold bars. Gold extraction, foundry, gauging equipment and transport Brazil and Portugal,18th and 19th centuries Iron, wood and bronze. Museu Histórico Nacional, Rio de Janeiro SIGA 315, SIGA 352, SIGA 402 and SIGA 155 Photo: Paulo Scheuenstuhl
Ana Albuquerque
“Extraction, “Foundry” “Gauge” Three rings 800 gold with, respectively, a diamond, 999 gold and a pebble. ø 18mm (each) Gold Prospector, gold O.E. gold, from Proto-Germanic *gulth, from PIE base *ghel-/*ghol“yellow, green,” possibly ult. “bright” (cf. O.C.S. zlato, Rus. zoloto, Skt. hiranyam, O.Pers. daraniya-, Avestan zaranya- “gold;” see Chloe). In reference to the
color of the metal, it is recorded from c.1400. prospect (n.) 1430, “act of looking into the distance,” from L. prospectus “view, outlook,”. Verbal meaning “explore for gold” is first recorded 1841, from noun sense of “spot giving prospects of ore” (1839). Prospector in this sense is from 1857. Douglas Harper, Etymology Dictionary, © November 2001. Gold extraction, melting, gauging and transportation equipment I am interested in matter and the way in which we select it, what leads us to prefer a certain material or object as opposed to another. The primary material qualities the gold prospectors recognize, through a mix of knowledge and experience, that make them chose and separate. The probability and persistence of the attentive gold prospector, the tension and the restraint.
Cathrine Clarke
“Mobile-Necklace” Necklace 750 gold, resin and corten steel, which rusts when exposed to the atmosphere. 150 x 290 mm A necklace and pendulum are laid out in 750, smooth and ···
270 ···
polished yellow gold. The ellipse, attached to the pendant, is made of corten steel and finished with resin. They spin on the pendular rod, moving freely when used. When creating the mobile-necklace, a unique handmade jewel, cross and symbolic references were incorporated, such as: the necklace elements come from natural resources; the pendulum was the tool then employed by man in his search for gold; corten still, which rusts, reminds us of the utensils used at the time for metal refining and standardizing; the primitive necklace reminds us of the forging, casting and transporting of the period, in contrast to the high technology of nowadays; the ellipse turn s and leads us to the movement of the globe, time, space and, invariably, the contemporaneous. Object of Personal Devotion – Pendant Reliquary Gold, silver, semi-precious gems and glass. Portugal, 18th and 19th Centuries. Museu Histórico Nacional, Rio de Janeiro SIGA 000.429 and SIGA 000.439 Photo: Paulo Scheuenstuhl
Inês Sobreira
“Homage” Reliquary pendant 800 gold, 925 silver and glass. Chain – length 320mm Box – 440 x 660 x 13 mm Using the reliquary as a starting point, as an object with the function of keeping relics, portraits or hair of loved ones, and removing its “jewel” importance, concentrating on its contents, I propose to pay homage to all the men and women who gave their lives at that moment in humanity whilst working in the gold and precious stone mines. My homage is materialized through a chain with 33 golden human figures, with an approximate height of 1 cm each, linked to one another, by their heads and feet, with tiny golden rings. This chain is placed in a small pendant box with a hexagonal shape, with slanted sides, that reminisce the lapidary cut of precious stones. The box is made of silver, with a glass lid, which almost annuls itself giving more value to the importance of the chain.
Valéria Tupinambá
“Reliquary – Atlantic Ocean” Pendant 750 gold, topaz, jackfruit wood, sand e glass. 85 x 40 mm
The caravels crossing the Atlantic and the Portuguese pendant reliquaries have inspired the creation of the reliquary pendant. In its confection, jointly with gold, was added jackfruit tree wood, often used in naval construction. The reliquary pendant “Atlantic Ocean” bears a small glass blister in its interior with a mixture of beach sand grain from the site where they arrived, Rio de Janeiro, and from where they departed, Lisbon, thus uniting symbolically the two nations. Crown Gold silver plated. Replica of the Dom João VI´s royal crown, ordered by the portuguese banker, Afonso Pinto de Magalhães. Museu Imperial, Petrópolis. MI RG 081.241
vandanuno
“deep down” Necklace with pendant. Painted silver, rubber and mirror. 90 x 18 x 18 mm The jewel is a vermeil crown that is at the Museu Imperial, in Petrópolis, a replica of King Dom João VI’s golden crown, that was made by request of the Portu···
271 ···
guese banker, Afonso Pinto de Magalhães. The relation with Portugal and the Portuguese crown are very vivid in the Brazilian heart, an idea we took as a mandatory point of representation of our work: crown in heart. On the other hand, our option blends in with the type of sculpture that we have been developing in the past two years: they are objects, containers, that question the real world through the impossible worlds we create. Our proposal is a parallelepiped in silver to be worn as a pendant, which lies over the heart. Through optical solutions, it creates the illusion that its bearer has a whole in his or her chest which has a cut out silhouette of the Portuguese crown within that is lit from behind with natural light.
Jeanine Geammal
“Viva!” Crowns Gold, iron, steel and silk. ø 300 x 500 mm An object froze at a given time, an era. Gold may be the most beautiful material to cheat Time. Or it may be that Time itself, the master of the perpetual, invented it to forget, for some moments, the supreme bore eternity is.
Other objects may rust, wear, peel, fade, erase and wrinkle. With the passing of time, they grow old. But what is it to grow old, if not living? Living until you die! To the crown, Viva! I thank my friend Silvia Patricia who presented to me the best perception of growing old. Seals, Pendants and Signet Ring 19th century Mother-of-pearl, gems, gold and bronze. Museu Histórico Nacional, Rio de Janeiro SIGA 087, SIGA 081, SIGA 089, SIGA 086 and SIGA 101 Photo: Paulo Scheuenstuhl
João Martins
“Signet, Pendant and Seal Ring” 925 Silver, 800 gold, gold plated black wood and ivory. Seal 50 x 30 x 30 mm Seal Ring 25 x 20 mm Signet, Pendant and Seal Ring. By combining these three functions I have recreated them, into one object alone, to interpret its most practical usage form. This combination can be used by its owner for every occasion, allowing him or her to make the most of three objects in one.
It is a “triobject” composed of a round silver plaque on which the seal of the owner will be engraved on one of the sides and on the other there is a mortice into which a gilded and sculpted black wood, ivory and silver column fits thus becoming a signet. On the side of that plaque are two holes into which a golden ring fits thus becoming a seal ring; in this ring there is a passage for a leather strip making it possible for it to be worn as a pendant.
Key
“ Brazil Signet” Bracelets 950 Silver and Jacaranda wood. ø 70 x 60 mm; ø 70 x 55 mm ø 70 x 50 mm; ø 70 x 45 mm ø 70 x 40 mm; ø 70 x 35 mm ø 70 x 30 mm; ø 70 x 25 mm Overlapping the pieces to form a cylindrical sculpture, Key wants to suggest, subtly, the path change of Colonial Brazil into Brazil as a nation, which only became possible with the arrival and permanence of the Royal Family in Rio de Janeiro, as of 1808. To illustrate the changes of Brazil, Key created 3 seals representing 3 important breakthrough moments in our History. The CROSS, of the Christ Order, reminds us the arrival of Ca···
272 ···
bral in Brazil, solely inhabited by Indians (1500), and also the strong presence of this symbol in the Brazilian culture. The TRIANGLE of the “Inconfidência Mineira”, represents Brazil with its desire of freedom. The SHIP expresses one of the most important moments in our History, which occurred four days upon the arrival of the Royal Family to Brazil. Dom João of Portugal, the Principe Regente, on January 28th 1808, in Salvador, by proclaiming the first “Royal Charter”, ordering the Opening of Ports to Friendly Nations, which would change our History forever. Text: Maria Cristina Loureiro de Sá Picture of D.Maria I Oil on canvas – José Leandro de Carvalho 19th century (1th half) 1283 x 940 mm Museu Histórico Nacional, Rio de Janeiro SIGA 470 Photo: Paulo Scheuenstuhl
Rita Ruivo
Untitled Brooch Perspex, aluminium, silver, steel and plastic from body lotion packaging. 170 x 140 mm
I have chosen to work on the ideas of fake and kitsch, by creating a piece that is obviously fake, with poor materials though at the same time colourful and shiny in a fake royal/noble attitude. A duality between real and fake. Playing at fakeries. Exhibiting a clearly fake exuberance. An obviously fake piece that claims to be noble. Cheap exhibitionism? Kitsch nouveau-richism? Decadence?...
Aglaíze Damasceno
“Royal Delusion” Head ornament 950 silver, velvet, bone and zamack. 600 x 2500 mm The definition of madness has guided the creation of the mask Royal Delusion, an adornment that involves the head (body and mind), where inspiration emerges, and the creation of thinking occurs, the building of ideas e wherefrom delusions originate. Red, a significant color, having a strong presence, in the picture of Dona Maria, was elected for the piece creation. A hot color, intriguing and calling our attention. The mask represents our other identity. Made of red velvet, several threads come out of it with elements in silver and bone, representing a royal thought or delusion.
Snuffbox Gold, turtle shell, gouache on ivory. Portraits of Dom Pedro I and Dona Leopoldina Museu Imperial, Petrópolis / IPHAN / MinC MI RG 002.170
Madalena Avellar
“Dom Pedro” Ring 800 gold, pearl, emerald, diamond, ruby and opal. ø 25 mm “Dona Leopoldina” Chateleine 925 silver, aquamarines, glass and canvas. 250 x 90 mm “Coffee” Necklace 925 silver and garnets. 480 x 150 mm My jewels are for Dom Pedro and Dona Leopoldina, since the tortoise shell tobacco box that I was assigned bears a miniature of the Kings. For the jewel for Dom Pedro I was inspired by a story I once heard... It is said that at the time of the liberal fights those who embraced Dom Pedro’s cause wore a ring on their finger with five ···
273 ···
stones, each one representing the initial of the letters that formed the word PEDRO. P pearl; E emerald; D diamond; R ruby; O opal. For the jewel for Dona Leopoldina, an educated lady for that time who loved to visit the Tijuca Park and the Botanical Gardens, collecting samples of the fauna, the flora, insects and stones that enlarged her collection, I have decided to make a chateleine to help the Princess to hold and keep her treasures whilst on her walks. I have made a necklace of coffee leaves and grains (a plant that had recently arrived in the “New World”) for both of them, since it inspired one of the symbols of the first Brazilian flag.
Elizabeth Franco
“The Wheel” Pendant 950 silver with details in 750 yellow, red and white gold. ø 70 mm The beautiful snuffbox which I received as work motto, made me think about the moments in which Dom Pedro used it. Probably in situations of relaxation and pleasure. What pleasures were available to the Portuguese Court in Brazil? What pleasures could Dona Leopoldina find in a place so different from her own?
Briefly, a questioning about pleasures. The dichotomy: the more we render ourselves to the pleasures of the senses, the more we are imprisoned by them. Thus, I built a round (form of transcendence) box (an object that imprisons, keeps something), in the shape of a rotary drug box, where each revealed compartment belongs to a sense. My intention is that the one who holds it is aware of each pleasure that imprisons him/her in each one of the 5 senses. And then search for his/her transcendence, to a path of detachment and lightness in this life. “Necklace of the Marquise de Santos” 19th Century (1st quarter) Gold, amethysts and shell. Museu Imperial, Petrópolis / IPHAN / MinC MI RG 005.904
Manuela de Sousa
“One heart, three loves” Pendant with chain 800 gold and ruby. Pendant – 30 x 20 mm Chain – length 380 mm My work was developed based on the “Necklace of the Mar-
quise de Santos”, which can be found in the Museu Imperial, in Petrópolis. This beautiful necklace, made of gold and amethysts, with a cameo bearing her own portrait, was a gift from King Pedro to Lady Domitilia de Castro Canto e Melo, who would later become the Marquise de Santos, as a proof of his love. This offering is a valuable expression of King Pedro as a romantic man, of great passions, who gave his heart to the women he loved and to the causes he believed in with intensity. It was also an act of romance that he gave his heart to the city of Oporto, where it still rests nowadays, in the Lapa church, separated from his body that can be found in S. Paulo. The piece I am showing in this exhibition is a pendant, with the shape of a cage that holds a golden heart inside it. On its base there is a small heart of gold with a ruby in its centre. The golden cage is a symbol of King Pedro’s exhile, having arrived in Brazil in difficult conditions with the fleded Portuguese court, and who later became the Emperor of Brazil, by declaring its independance. The heart inside it symbolizes the heart of King Pedro, which he gave with such intensity to Domitila, to Brazil and to Portugal. ···
274 ···
Paula Mourão
“Love Nest” Jewelry box Amethysts, copper and fabric. 110 x 160 x 120 mm They were not united for political maters, they were above the royal bondage, they were imprisoned to each other... Dom Pedro I and Domitila lived a forbidden love, they allowed themselves to addict to the freedom of the passionate and for this same passion, they became prisoners of one another. Completely involved by a forbidden love, they turned room’s corners into a perfect refuge, free form judgments, prohibitions and morality. With letters, glances, words and gifts they proved to each other their feelings. A beautiful amethyst necklace, with his face sculpted on a medallion, this was one of the most significant jewels given by Dom Pedro I to Domitila. Inspired in this story of love and secrets, I created “A Love Nest”. Chrysoberyls Jewels Buckle, necklace, earrings and bracelet Portugal, 18th century Silver and chrysoberyls.
Museu Imperial, Petrópolis / IPHAN / MinC MI RG 004.015, MI RG 003.764, MI RG 003.767 and MI RG 003.819
Inês Nunes
“Penso“ (in Portuguese “penso” = to think + plaster) Plasters with silver film, selfadhesive band aids, stickers and stamping film. Variable dimensions Anti-bacterial jewels. “Surgical” plasters, as if they were a blank page. The “blank page” reveals an absence, an emptiness, that invites me fill it in with new jewels within the limits of its area. The new jewels are the “manipulation” of the chrysoberyl jewels, that is to say a “copy-paste” exercise, image treatment, a new version of the original jewel composition. The perversion of of the existing sense in the search of a new meaning. To give a new function to the utility of jewels, where we can all wear them, a wish come true where we can own, wear and flaunt, at an accessible price as we would a necklace on our skin, jewels that once belonged to someone who made history. Today that “someone” is every one of us who
try to scar our wounds, by acknowledging them and displaying them yet without ever revealing the content of such fragilities. To protect an identity when the jewels are said to have disappeared forever.
Letícia Costa
“Royal Flowers” Necklace 950 silver, copper and glass. 450 x 450 mm Interior design in the 18th and 19th centuries was very rich in floral details and lace. Naturalism was the source used by goldsmiths and jewellers of that time, and flower branch shaped jewels, either realistic or stylized, were the most produced. Chandeliers were a reference to the creation of the necklace. They were as abounding as jewels, and came to be used as ostentation of richness, power or religious belief. Dentist`s equipments Pelicans, forceps and double-end spatula. Séc. XVIII Wood and metal. Used by Tiradentes in his activity as a pratician dentist. (Tiradentes mean: the one that extracts teeth) ···
275 ···
Museu Histórico Nacional, Rio de Janeiro SIGA 6.036, SIGA 6.037, SIGA 6.040, SIGA 6.038 and SIGA 6.039 Photo: Paulo Scheuenstuhl
Teresa Milheiro
“Tiradentes 1” Object Wood, gold, teeth, ve vet and acrylic. 175 x 110 x 30 mm Showcase-reliquary-depositary. Is a wooden box divided in the middle in which the showcase is the half made up of several compartments, that symbolize the many facets and professional qualities of the Tiradentes, such as the order and rigor required to be the leader of the “inconfidência mineira” movement. These compartments are ready to receive, as in a showcase, many gold teeth that would be used to replace the teeth that were pulled out. This gold alludes to the profession that he carried out as an outstanding dentist, mineralogist and to the fact he was born in Minas Gerais, a region that is very rich in gold. The other half is the “reliquarydepositary” and is made to place the pulled out decayed and bloody teeth. These teeth and the
blood inside symbolize the macabre death to which the Tiradentes was submitted: hanging, decapitation and dismembering in order to discourage the followers of the independence movement. This compartment is lined with velvet, as if it were a small coffin and at the same time a relic, seeing as the Tiradentes was seen as a martyr. The word memorium is written in red on the lid, thus looking back on him as a symbol of Brasil’s independence and at the same time as an allusion to the fact that his memory, as was written, in his own blood, was infamous.
Regina Boanada
“Freedom” Necklace 950 silver, amethyst, green gold quartz and jarina (a type of seed, as hard as ivory). 270 x 180 mm I search in History the inspiring elements: the necklace, in an approach of repetition of form, was created using as reference a chisel, the lapidated ivory palm seed, in an allusion to teeth and greenish and lilac colored gems used in Portugal 200 years ago. Translating the ideals of the 17 th century independence
movement, picturing the capacity of leadership, the reasoning, the trade and the fate of Joaquim José da Silva Xavier (Tiradentes) in the trajectory of the independence of Brazil. The jewel remits to the image of a rope movement, which imprisons, thus bringing the memory of our History written on the Tiradentes’ fate, whose END was in fact the BEGINNING of the change. Fan Commemorative of the Acclamation of DomJoão VI in February, 6, 1818. 19th century Gold silver plated, enamel and paper. 320 x 595 mm Museu Histórico Nacional, Rio de Janeiro SIGA 000.463 Photo: Paulo Scheuenstuhl
Nininha Guimarães dos Santos
Untitled Fan Iron, gold leaf, paper, silver and enamel. 500 x 1000 x 100 mm Based on the fan’s function (to refresh from heat) and on the hab···
276 ···
it brought to Brazil at that time by Dom João VI, as well as being celebratory of important historic events which were painted on them, my piece is an obviously oversized fan in response to the demands of this global warming planet, seeing as Brazil is one of the countries where this is most notorious. It is also a celebratory fan of the birth if a new People who are the result of a mix between Portuguese, indigenous peoples and Africans, which is clearly visible in the Bahian people especially in Salvador. Thus He has been chosen to represent one of our legacies in Brazil, through photographs of different faces, the city of Salvador, its culture and costumes. To Him (the Bahian people) is my homage.
Mana Bernardes
“A Fan to Acclaim History” Fan Kraft paper, newspaper, acetate, gold line, metal cufflink with a zircon. 320 x 595 mm (open) To develop a retractile device to make wind was the first step, however the Acclamation Fan had in itself a fact of our history and interpreting it on a present and current way was
our full, playful and interrogating process. I had the luxury assistance, not at random, of Portuguese designer Joana Cavalheiro, who researched, delineated and em-
broidered my concepts and writings. To be able to interpret this historical Fan with freedom of speech and with my writing was a benchmark to my work.
···
277 ···
I believe the visitors of this exhibition may think and interpret this history integrating what we are today as a civilization.
Aglaíze Damasceno
aglaizze@gmail.com Born in Cruzeiro do Sul, Acre in 1972. Lives and works in Rio de Janeiro. Education 2001 Jewellery at the SENAI-Rio, Jewellery Course of the National Service of Industrial Apprenticeship, Rio de Janeiro. 2002 Masters in Visual Arts, UFRJ – The Federal University of Rio de Janeiro. 2003 Bachelor Degree in Visual Arts, Bennett, Rio de Janeiro. Work Experience Artistic Jewellery Designer. 2002 Teacher in the Fashion and Jewellery Design Courses, UVA – Universidade Veiga de Almeida, Rio de Janeiro. 2000 Coordination of the Galeria CRUARB, Oporto. Grants 2001 CNPq. Escola de Belas Artes, Universidade Federal do Rio de Janeiro. 2000 Câmara Municipal do Porto, Ateliers da Lada, Oporto. 1999 CNPq. Escola de Belas Artes, Universidade Federal do Rio de Janeiro. Exhibitions 2000 “Diálogos”, Galeria CRUARB, Oporto. 2003 “Metrópolis”, Banco Central, Rio de Janeiro. 2007 “Panorama Carioca”, Centro Cultural do Banco do Brasil.
Alexandra Serpa Pimentel
alexspimentel@netcabo.pt Born in Lisbon in 1954. Lives and works in Lisbon. Education 1973 Foundation Course at Oxford
Polytechnic, Oxford. 1976 B.A. Honours Degree in Jewellery Design, Central School of Art and Design, London. Work Experience 1978 Founder and teacher in the Jewellery Department at Ar.Co – Centro de Arte e Comunicação Visual, Lisbon. 1984 Opens the Gallery/Workshop Artefacto 3, Lisbon. 1998 Opens her own workshop. Grands and Awards 1990 e 1992 Calouste Gulbenkian Foundation research grant for “Mokumé Gané” and Marriage of Metals techniques. Has won several awards in Jewellery competitions. Exhibitions 1976 “Graduation Show” at the Central School of Art and Design, London. 2002 “Schmück 2002”, München. 2004 “Meeting Point(s)”, CAM, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisbon.
Ana Albuquerque
ana.albuquerque@meetJewellery. com www.meetJewellery.com Born in Lisbon in 1962. Lives and works in Carcavelos. Education 1992 Bachelor Degree in Sculpture, Faculdade Belas Artes, Lisbon. 1989 Contacto Directo Jewellery School, Lisbon. Work Experience 2003, Founded the jewellery brand “meetJewellery”. Since 2007 Vice-President of PIN – Portuguese Association for Contemporary Jewellery. ···
278 ···
Exhibitions 2006 “meetjewellery”, Unused store-room at Hospital Ortopédico de Sant´Ana, Parede. (solo) 2007 “Impressions on Portuguese Contemporary Jewellery”, LandskronSchneidzik Galerie, Nuremberg. 2007 “Christmas Group Show”, Reverso das Bernardas Gallery, Lisbon.
Ana Videla
videla.ana@gmail.com Born in Fortaleza, Ceará in 1974. Lives and works in Rio de Janeiro. Education 1995 Jewellery Course, Ar.Co – Centro de Arte e Comunicação Visual, Lisbon. 1999 Contacto Directo Jewellery Course, Lisbon. Since 2007 Masters in Design, PUCRio – The Rio de Janeiro Pontificial Catholic University. Work Experience 2002/03 Teacher at the Jewellery School of The National Service of Industrial Apprenticeship, Rio de Janeiro. 2004 Technical Coordinator of the Jewellery School, SENAI-Rio, Rio de Janeiro. 2005 Teacher in the Post-Graduate Course of Jewellery Design – PUCRio, Rio de Janeiro. Exhibitions 2002 During the period in which she lived in Portugal she took part in some exhibitions. 2002 “O Nilo inspira o Rio”, Casa França Brasil, Rio de Janeiro. 2004 Galeria Francine, São Paulo.
Antônio Breves
www.abreves.com.br abreves@abreves.com.br Born in Rio de Janeiro in 1958. Lives and works in Rio de Janeiro.
Education Author, director and set designer, “O Tablado” theater, Rio de Janeiro. Since 1999 he has been dedicated to the Visual arts and Design. Work Experience 1975/1998 Drama director and theatre set designer. Collections Museum of Modern Art, Rio de Janeiro. Awards 2006 Runner-up in the IF Product Design Awards 2006, Germany. Exhibitions Has participated in several group exhibitions and five solo exhibitions; 2006 Launches the trademark ABREVES Arte e Design and the Jewellery collection “Rotação” at the Jóia Brazil, Rio de Janeiro. 2007 “Força e Luz” installation at the Caixa Cultural, Rio de Janeiro.
Artur Madeira
artur3m@hotmail.com Born in Guarda in 1982. Lives and works in Lisbon. Education 2005 Jewellery Course, Ar.Co – Centro de Arte e Comunicação Visual, Lisbon. 2007 Advanced Course in Fine Arts, Ar.Co – Centro de Arte e Comunicação Visual, Lisbon. 2008 Individual Project in Jewellery, Ar.Co – Centro de Arte e Comunicação Visual, Lisbon. Exhibitions 2003/04 “Summer Exhibition”, Ar.Co – Centro de Arte e Comunicação Visual, Quinta de S.Miguel, Almada.
Bárbara de Crim V.
bcrim@terra.com.br Born in Rio de Janeiro in 1963.
Lives and works in Rio de Janeiro. Education 1986 Bachelor Degree in Art Education – Qualification in Visual Arts by the Universidade Federal, Rio de Janeiro. 1989 Art Education Intensive Course, Escolinha de Arte do Brasil (Augusto Rodrigues). 2003 Jewellery Design, Pontificial Catholic University, Rio de Janeiro. Work Experience 1998 Author of the unique design of live sculptures, using minerals and natural plants. 1996/04 Teacher and Artistic Coordinator of the Art Nucleus at the Rio de Janeiro City Hall. 2003 Artistic Jewellery designer. Awards 1993 Runner-up in the VI Salão de Humor, at the Casa de Cultura Laura Alvim, Rio de Janeiro. 2004 3rd Prize at the Exposição de Fotografias da Rua do Lavradio – Lapa, Rio de Janeiro. Group Exhibitions 2004 “Rio é Jóia”, Espaço Cultural El Corte Inglês, Lisbon. 2005 “Núcleo de Inovação e Design”, SEBRAE-Rio, Rio de Janeiro. 2007 “Sonho para fazer e faço”, Casa dos Azulejos, São Pedro D’Aldeia.
Bia Saade
biasaade@projetopaldio.com.br Born in Rio de Janeiro in 1973. Lives and works in Rio de Janeiro. Education 2001 Jewellery Design, PUC-Rio, Rio de Janeiro. 1994 Bachelor Degree in Economics, PUC-Rio – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. 1999 Postgraduate Course in Prod···
279 ···
uct Management, Artistic Institute of Clothing Marangoni, Milan. Work Experience Since 2001 Develops her own work in the field of contemporary jewellery. 2004 Launches the Projeto Paládio. 2007 Opens the “O Banquete” Jewellery shop, with Elizabeth Franco and Lívia Mourão. Exhibitions 2003 “Cariocas da Gema”, Gilsom Martins (RJ), Zona D (SP) and Galeria Margarida Pimentel, at the Centro Cultural of Belém, Lisbon. 2004 “Rio é Jóia”, El Corte Inglês, Lisbon. 2007 “Nova Jóia” at the Zona D, São Paulo.
Carla Castiajo
carlacastiajo@gmail.com Born in Miragaia, Porto in 1974. Lives and works in Porto. Education 2003 Bachelor Degree in Jewellery, ESAD – Escola Superior de Artes e Design, Matosinhos. 2006 Masters in Fine Arts, Konstfack, Stockholm, Sweden. Work Experience 2006 Teacher, Jewellery Department, Beaconhouse National University, Lahore, Pakistan, (15th September to 15th December) 2007 Teacher, Jewellery Department, Beaconhouse National University, Lahore, Pakistan, (15th September to 15th December) Grants and Awards 2003 Marzee Prize, Graduate Show, Nijmegen. 2006 Marzee Prize, Graduate Show, Nijmegen. 2006 Calouste Gulbenkian Foundation Scholarship, Lisbon.
Exhibitions 2003 ”Graduate Show”, Galerie Marzee, Nijmegen. 2006 ”Graduate Show”, Galerie Marzee, Nijmegen. 2007 “Schmuck”, Muniche.
Cathrine Clarke
www.katesJewellery.com.br cclarke@katesjewellery.com.br Born in Santos, São Paulo in 1950. Lives and works in Rio de Janeiro. Education 1991 Jewellery, Atelier Paula Mourão, Rio de Janeiro. 1997 Jewellery Design, Atelier Andréa Nicácio, Rio de Janeiro. 2006 Theories in Contemporary Art, Extensive Course, Universidade Estácio de Sá, Rio de Janeiro. Work Experience 1988/02 Owner of the shop Kate´s Jewellery. 2000 Lecturer and writer of articles, reviews and biographies on contemporary Jewellery, for Ventura art magazine. 2002 Atelier Catherine Clarke. Awards 1999 Awarded, Gold Virtuosi I Contest, Italy. 2000 Awarded, Japan Pearls Design Contest. 2001 Winner of Contest “Achievements in Inventiveness”, Europa Star, Switzerland. Exhibitions Has participated in solo and group exhibitions in Brazil and abroad. Presently exhibiting her creative jewellery on a permanent basis in art galleries in Búzios, Rio de Janeiro and in São Paulo. 2006 “I Bienal Brasileira de Design”, São Paulo.
Diana Silva
dianaselene@googlemail.com Born in Barreiro in 1976. Lives and studies in Birmingham. Education 2000 Jewellery Course, Ar.Co – Centro de Arte e Comunicação Visual, Lisbon. 2002 Advanced Course in Fine Art, Ar.Co – Centro de Arte e Comunicação Visual, Lisbon. Internship with Manfred Bischoff, Alchimia, Florence. 2005 Stone cutting course, Fachhochschule Trier, Fachbereich Edelstein Schmuckdesign, Idar-Oberstein. Since 2007 Masters in Jewellery, Silversmithing & Related Products, Birmingham Institute of Art & Design, with Jivan Astfalck Prall. Work Experience 2006/07 Teacher of “Lapidating stones” and “Crochet with metal” Workshops, Ar.Co – Centro de Arte e Comunicação Visual, Lisbon. Grants and Awards 1999 1 st Prize in “Cenad’Arte’99” Competition, Lisbon. 2001/2 Elu-Ferramentas Eléctricas e da Dewalt Scholarship, Lisbon. 2003 1st Prize in “Jovens Criadores” Competition, Lisbon. Exhibitions 2000 “Talent”, Internationalen Handwerksmesse, Munich. 2000/05 “T5 Joalharia Contemporânea”. ARTFIT Nuno Cardoso Gallery, Lisbon; Velvet Vinci Gallery, San Francisco; Mikala Mortensen, Copenhagen. 2005 “Biennale Napoli 05”,Castel Sant’Elmo.
Dirceu Krepel
jrdkrepel@gmail.com www.dirceukrepel.com Born in São Paulo in 1939. ···
280 ···
Lives and works in Rio de Janeiro. Education Self-taught Jeweller. Work Experience Since the 1970’s Designs and makes individually crafted Jewellery. Dirceu also produces drawings / paintings, as well as kinetic and mobile metal objects. Exhibitions 1984 “Mitos antigos e novas formas de expressão” Jewellery Exhibition, Bonn, Mettlach and Waiblingen. 2002 “Deutsch-Brazilianische Gesellschaft” Atelier Moo Green, Berlin. 2007 “Casa Cor 2007”, The Jockey Club of São Paulo.
Dulce Ferraz
dferraz@ippar.pt Born in Lisbon in 1953. Lives and works in Lisbon. Education 1980 Bachelor Degree in History, “Classical Lisbon University”, Lisbon. 2007 Contacto Directo Jewellery School, Lisbon. Since 1993 participates in Jewellery workshops. Work Experience At present – Consultant at the Portuguese Cultural Heritage Institute (Ministry of Culture), Lisbon. Exhibitions Solo Exhibitions 1996 “The Total Work of Art of the 17 th and 18th Centuries” included in the International Symposium “Struggle for Synthesis, Museu do Mosteiro, São Martinho de Tibães, Braga. 2003 “Geojóias”, Museu Nacional do Traje, Lisbon. 2007 “Landmarks“, Museu da Tapeçaria de Portalegre – Guy Fino, Portalegre. Participates in Jewellery Group Exhi-
bitions since 1993 in Portugal, Spain, Germany, Japan and Italy.
Dulce Goettems
dulcehg@gmail.com Born in Rio Grande do Sul in 1959. Lives and works in Rio de Janeiro. Education 1982 Bachelor Degree in Architecture and Urbanism, Bennett University of Rio de Janeiro. 2007 Postgraduate Course in Jewellery and Jewellery Design – The Pontificial Catholic University of Rio de Janeiro (PUC-Rio). Work Experience 1984/94 Opened Stravazar Artesanatos – working as a designer and sculptor. 1995/00 Technos Relógios, marketing area. Since 2006 Artistic Jewellery Designer. Awards 2006 Anglogold Ashanti Auditions: Winner in revelation category. 2007 Perles de Tahiti: Classified in 2nd place in the ring category. 2007 IBGM – Instituto Brazileiro de Gemas e Metais Preciosos: Classified in the first step of the contest (with final result in 2008) in the categories Jewellery and gem lapidating. Exhibitions 2007 “Casa Cor São Paulo” at the Galeria Cassiano Araújo.
Elizabeth Franco
elizabeth@obanquete.com.br www.projetopaladio.com.br Born in Rio de Janeiro in 1961. Lives and works in Rio de Janeiro. Education 1989/90 Atelier de Joalharia Virgílio Bahde and Ruby Yallouz. 2006 Trainined as a Jewellery Teach-
er, at The Jewellery School of the SENAI, Rio de Janeiro. 2007 Chiseling Techniques, The SENAI Jewellery School – Rio de Janeiro. Work Experience 1994 Develops her own work in the field of contemporary jewellery. 2004 Launches the Projeto Paládio, with Bia Saade, an encouragement for Artistic Jewellery. 2007 Opens the “O Banquete” Jewellery shop, with Bia Saade and Lívia Mourão. Exhibitions 1998 “Jogos de Encaixe”. Zona D, São Paulo. (Group) 2003 “Cariocas da Gema”, Gilson Martins (RJ), Zona D, São Paulo and Galeria Margarida Pimentel, Centro Cultural de Belém, Lisbon. 2007 “Nova Jóia”, Zona D, São Paulo.
Filomeno Pereira de Sousa
fil.pin@hotmail.com www.filomeno.org Born in Oporto in 1949. Lives and works in Lisbon. Education Jewellery Master, acknowledged by AIORN e AIOS. Work Experience Director and Teacher at “Contacto Directo” Jewellery School, Lisbon. Recognized educator by SNPC – (Ministério do Trabalho e Solidariedade). Solo Exhibitions 1991 Casa de Serralves, Porto. 1992 Werk Gallery, Washington DC. 1995 Casa Garden, Macau.
Francisco Garcia
franciscogarciaps@hotmail.com Born in Rio de Janeiro in 1987. Lives and works in Rio de Janeiro. Education 1991 Basic and Advanced Jewellery at ···
281 ···
the Atelier Mourão, Rio de Janeiro. 2005 Postgraduate Course in Jewellery Design by the PUC-Rio – The Pontificial Catholic University, Rio de Janeiro. 2006 Wax-Modeling at Espaço Rita Santos, Rio de Janeiro. Work Experience 1989 Worked with his father in metallurgy, where he learnt about metals, alloys and casting. Since 2001 Teaches Jewellery and riveting at the SENAC-Rio Design Center, at Atelier Mourão and Espaço Rita Santos, Rio de Janeiro. Exhibitions 1995 “Mostra de artistas plásticos e joalheiros”, RIOCULT, sponsored by the Foundation Cesgranrio and held at the Riocentro, Rio de Janeiro. 1998 “Circulo de Autores de Jóias, Espaço Cultural dos Correios”, Rio de Janeiro. 2006 “Atelier de Portas Abertas”, Atelier Mourão, Rio de Janeiro.
Hugo Madureira
observatoriohm@gmail.com Born in Oporto in 1982. Lives and works in Oporto. Academic Quaifications 2007 Advanced Course in Visual Arts, Ar.Co – Centro de Arte e Comunicação Visual, Lisbon. Work Experience Develops his art and jewellery activities in Colectivo Cãofuso`s workshop. Pedras & Pêssegos, Jewellery project curator. Grants 2006/07 Caixa Geral dos Depósitos Scholarship. Exhibitions 2007 “Pó | Dust”, CCBombarda, space n°15, Oporto. (solo) 2007 “Ar.Co´s Finalists and Grantees”, Hospital Júlio de Matos, Lisbon.
Inês Nunes
inessantosnunes@gmail.com Born in Lisbon in1979. Lives and works in Lisbon. Education 2001 Jewellery Course, Ar.Co – Centro de Arte e Comunicação Visual, Lisbon. 2003 Fine Arts Advanced Course, Ar.Co – Centro de Arte e Comunicação Visual, Lisbon. 2007 Bachelor Degree in Psychology, ISPA Instituto Superior de Psicologia Aplicada, Lisbon. Work Experience Works in her own workshop. Art consultant, in the contemporary Jewellery section, for Umbigo Magazine. Scholarships 2 0 0 2 / 0 3 S c h o l a r s h i p f ro m Black&Decker and Segafredo Zanetti Exhibitions 2003 “Ar.Co´s Finalists and Grantees”, Cordoaria, Lisbon. 2004 “Meeting Point(s)”, CAM, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisbon. 2007 “Impressions on Portuguese Contemporary Jewellery”,Gallery LandskronSchneidzik, Nuremberg.
Inês Sobreira
i.sobreira@netcabo.pt Born in Oporto in 1962. Lives and works in Oporto. Education 1984 Bachelor Degree in civil engineering, Instituto Superior de Engenharia, Oporto. 1998 Bachelor Degree in Jewellery, ESAD – Escola Superior de Artes e Design, Matosinhos. Work Experience Works in her own workshop. 1999/07 Tutor in the Jewellery
Course, ESAD – Escola Superior de Artes e Design, Matosinhos. Exhibitions Since 1999 Exhibits her work regularly. 2006 “4 Points of Contact between Lisbon and Rome”, Alternatives Gallery, Rome. 2007 “Impressions on Portuguese Contemporary Jewellery”, Gallery LandskronSchneidzik, Nuremberg. 2007 “Blickfang Wien”, Portuguese guest at the design fair, Vienna.
Jeanine Geammal
jgeammal@uol.com.br Born in Rio de Janeiro in 1969. Lives and works in Rio de Janeiro. Education 1996 Industrial Design, EBA School of Fine Arts, Federal University of Rio de Janeiro. Since 2007 Masters in Design, Superior School of Industrial Design UERJ, Rio de Janeiro. Work Experience 1996/01 Opened and managed the Opus Design Studio where she worked on multimedia productions and graphic design. 2004/08 Teaches Jewellery at the SENAI-Rio, Rio de Janeiro. 2007 Gives Jewellery design workshops at the EBA – Universidade Federal, Rio de Janeiro. Grants 2007 FAPERJ – The State of Rio de Janeiro Carlos Chagas Filho Foundation for Support to Research. Exhibitions 2004 “Brasil Faz Design”, Milan; São Paulo and Buenos Aires. 2005 “2a Bienal de Design Latino Americano”, Amsterdam. 2006 “1a Bienal Brasileira de Design”, São Paulo. ···
282 ···
João Martins
joaojoalheiro@hotmail.com Born in Lisbon in 1972. Lives and works in Lisbon. Education 1997 – Jewellery Course, Ar.Co – Centro de Arte e Comunicação Visual, Lisbon. Work Experience Works in his own workshop. Scholarships Dr.Joaquim Marques Martinho Scholarship. Exhibitions 2001 ”Nocturnus”, Muhu, Estonian. 2004 “Meeting Point(s)”, CAM, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisbon. 2005 “Closer”, Museu Nacional de Arte Antiga, Lisbon.
Key
pau.a.pique@urbi.com.br Born in Teófilo Otoni, Minas Gerais in 1961. Lives and works in Visconde de Mauá, Rio de Janeiro. Education 1975 Learns and exercises the craft of cabinetmaker. Self-taught in artistic jewellery and sculpture. Work Experience 2003 Opens the Galeria Pau-a-Pique, with Cristina Loureiro, Visconde de Mauá, Rio de Janeiro. Exhibitions 2004 “Objeto Bambu-Jóia”, Via Metallo, Niterói, Rio de Janeiro. 2005 “Trespassar”, Galeria de Arte Candido Mendes de Ipanema, Rio de Janeiro. 2006 “Panorama Carioca”, Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro.
Leonor Hipólito
leonorhipolito@oninetspeed.pt Born in Lisbon in 1975. Lives and works in Lisbon. Education 1999 Bachelor Degree in Jewellery, Gerrit Rietveld Academy, Amsterdam. 1998 Exchange programme, Parson’s School of Design, New York. Work Experience Since 2003 Teaches Jewellery at Ar.Co – Centro de Arte e Comunicação Visual, Lisbon. Awards 1999 Gerrit Rietveld Prize, Amsterdam. Representative of the Portuguese Young Creators context at the 9th and 10th Biennals of Young European and Mediterranean Creators and at the 2nd Biennial of Young Creators from Portuguese speaking nations. Exhibitions Since 1998 Her work has featured in various group and solo shows in Portugal and abroad. 2006 “In-corporation”, Galerie Marzee, Nijmegen, (solo) 2006 “Connect”, Galerie Funaki, Melbourne. 2007 “Impressions on Portuguese Contemporary Jewellery”, Galerie LandskronSchneidzik, Nuremberga.
Letícia Costa
let.costa@terra.com.br Born in Salvador, Bahia in 1954. Lives and works in Rio de Janeiro. Education 1989 Bachelor Degree Fine Arts, Universidade Federal da Bahia. 2005 Bachelor Degree Design, Centro Universitário da Cidade, Rio de Janeiro. 2005 Jewellery Course at the Atelier
Mourão no Rio de Janeiro. Work Experience Artistic jewellery designer. Awards 2006 Runner-up of the Anglogold Ashanti Auditions. Exhibitions 2004 “Por trás da Jóia o azul do mar”, Novo Desenho, MAM– Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro. 2005 “Everywhere, Nowhere”, Galerie Tereza Seabra, Lisbon. 2006 “Panorama Carioca” MAM– Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro.
Lívia Canuto
liviacanuto@liviacanuto.com Born in Rio de Janeiro in 1978. Lives and works in Rio de Janeiro. Education 1999 Bachelor Degree in Industrial Design, Rio de Janeiro City University, Rio de Janeiro. 2001 Specialization Course in Jewellery Design, Contacto Directo, Lisbon. 2007 Granulation with Giovanni Corvaja at the Alchimia School, Florence. Work Experience 2001 Develops her own work in the field of contemporary Jewellery. 2002 Starts teaching Jewellery design in the Industrial Design course of the Universidade Estácio de Sá. 2004 Starts teaching Jewellery at the SENAI technical school, Rio de Janeiro. Awards 2003 First Prize in the Curitiba Art and Design contest. Exhibitions 2002 “Jóias do Sertão” , Gallery of the UniverCidade, Rio de Janeiro. 2006 “1a Bienal Brazileira de Design”, Oca, São Paulo. ···
283 ···
2007 “Jardim de Alice”, Shop Daqui, Rio de Janeiro.
Madalena Avellar
mana.avellar@gmail.com Born in Lisbon in 1963. Lives and works in Lisbon. Education 1989 Jewellery Course, Ar.Co – Centro de Arte e Comunicação Visual, Lisbon. 1988/89 Training at Massana School, under the guidance of Ramon Puig Cuyas, Barcelona. Work Experience 1994/07 Jewellery Teacher, António Arroio Secundary School, Lisbon. 2000/02 Organized a Jewellery course, sponsored by the City Hall of Oeiras. Since 1998 Works with the Diocese de Beja and since 2002 works with the Fundação Ricardo Espiríto Santo Silva, Lisbon. Awards Several awards in jewellery competitions. Exhibitions Since 1985 Has been in group exhibitions in Portugal and abroad. Since 1998 Solo exhibtions in Portugal and abroad.
Mana Bernardes
contato@mana.cx www.mana.cx Born in Rio de Janeiro in 1981. Lives and works in Rio de Janeiro. Education Industrial Design Faculty, PUC-Rio (on-going). Art Therapy by the IATB – The Brazilian Therapeutic Arts Institute. Work Experience 2005 Writes the methodology “História de Vida Através do Objeto, História do Objeto Através da Vida”.
2006 Curatorship and production of the “Teias Humanas e Estampa de Rosto” exhibition in the Galeria Lurix RJ. 2007 Installation with 200 Melissa sandals, on the Sustainability theme, in the Galerie Melissa, São Paulo. Awards 2007 The Top XXI Design Prize – Collection “Saquinho de Limão”, São Paulo. Exhibitions: 2005 “J’en rêve”: exhibition of 40 young artists from around the world, Fondation Cartier, Paris. 2006 “O Trabalho é Seu”, Museum of the Paço Imperial, Rio de Janeiro. 2007 “Moradias Transitórias”, Bra sília.
Manuel Vilhena
m@postcon.com Born in Lisbon in 1967. Lives and works in Lisbon and Oslo. Education 1991 Contacto Directo, Lisbon. 1998 MA, Royal College of Art, London. Work Experience 2001/07 Senior Lecturer / Alchmia – Contemporary Jewellery School, Florence. Since 2007 Professor II / KHIO – Oslo National Academy of the Arts, Oslo. Solo Exhibitions 1999 “Arabian Nights”, Galerie Marzee, Nijmegen. 2002 “Silêncio”, Galerie Tereza Seabra, Lisbon. 2003 Galerie Hnoss, Goteburg.
Manuela Sousa
manuelasousa@sapo.pt Born in Lisbon in 1959. Lives and works in Lisbon. Education 1990 Jewellery Course, Ar.Co – Cen-
tro de Arte e Comunicação Visual, Lisbon. Work Experience 1990/97 School of Visual Arts/ Macao Polytechnic Institute (formerly the Academy of Visual Arts/ Macao Cultural Institute), Macao. Works in her own workshop in Lisbon. 2005/06 Member of the board of PIN – Portuguese Association for Contemporary Jewellery, Lisbon. Exhibitions 1996 Gallery Leal Senado de Macau, Macao. (solo) 2005 “Closer”, X Symposium Ars Ornata Europeana, Museu Nacional de Arte Antiga, Lisbon. 2007 “Impressions on Portuguese Contemporary Jewellery”, Gallerie LandskronSchneidzik, Nuremberg.
Marcius Tristão
marciustristao@uol.com.br Born in Juiz de Fora, Minas Gerais in 1937. Lives and works in Santa Teresa, Rio de Janeiro. Education Self-taught sculptor. Work Experience Works in his own workshop. Has built about 150 abstract sculptures, mainly in metals. Recent exhibitions 2001 “Metal-morfose”, at the Centro Cultural dos Correios, Rio de Janeiro. 2005 “Brasil Brasils”, at the La Paillette, Rennes. 2007 “Fractais” at the Espaço Furnas Cultural, Rio de Janeiro.
Margarida Matos
margaridaines@yahoo.com Born in Oporto in 1978. ···
284 ···
Lives and works in London and Lisbon. Education 2001/04 Jewellery Course, ESAD – Escola Superior de Artes e Design, Oporto. In 2003/04 Academia de Belas Artes da Estónia. Erasmus programme. 2004/05 Jewellery Course, Ar.Co – Centro de Arte e Comunicação Visual, Lisbon. 2005/07 Master in Jewellery, Royal College of Art, London. Grants and Awards 2005 and 2007 Jovens Criadores Prize, CPAI, Lisbon. 2006/07 Scholarship from Fundação Calouste Gulbenkian. 2007 First Prize in the Royal Mint Medal Competition, RCA, London. Exhibitions Has been exhibiting her work internationally. 2007 “Impressions on Portuguese Contemporary Jewellery”, Gallerie LandskronSchneidzik, Nuremberg. 2007 “Preview”, Reverso Galery, Lisbon. 2007 “Wild and Sexy”, Pilartz Galery, Cologne.
Marilia Maria Mira
mariliamira@gmail.com Born in Lisbon in 1962, Lives and works in Lisbon. Education 1987 Jewellery Course, Ar.Co – Centro de Arte e Comunicação Visual, Lisbon. 1987/88 e 1989/91 Escola Massana, Barcelona, with Ramon Puig Cuyas. Work Experience 1986/2002 Jewellery teacher, Ar.Co – Centro de Arte e Comunicação Visual, Lisbon. Since 1992 Teaches at Escola António Arroio, Lisbon.
2004 Co-founder of PIN – Portuguese Association for Contemporary Jewellery. Awards 1989 Scholarship from the Fundação Calouste Gulbenkian. 1991 Scholarship from the Fundação Calouste Gulbenkian. Exhibitions Has organized and participated in several projects and shows in Portugal and abroad.
Maura Toshie
mauratoshie@yahoo.com.br Born in Garça, São Paulo in 1948. Lives and works in Rio de Janeiro. Education 1978 Gemology, IBGM and H.Stern, Rio de Janeiro. 1984 Jewellery Design, IBGM and AJORIO, Rio de Janeiro. 2005 Sacred Art – Faculdade de S. Bento do Rio de Janeiro. Work Experience 1978/80 H. Stern in Rio de Janeiro. 1981 Opens her own jewellery workshop. 1988 Develops silver jewellery with frog leather applications. Exhibitions 1990 “Arte e Jóia”, Banco Central de Brasilia, Brasilia. 1998 “13° Rio Jóia” Hotel Intercontinental, Rio de Janeiro. 2005 “Memórias em Prata”, Solar do Jambeiro, Niterói, Rio de Janeiro.
Nininha Guimarães dos Santos
nininha007@teoriassimples.mail.pt Born in Porto in 1953. Lives and works in Lisbon. Education 2000 Jewellery Course, Ar.Co – Cen-
tro de Arte e Comunicação Visual, Lisbon. Participates in several workshops with different Jewellers such as: Fausto Franchi (Italy), Katharina Menziger (Switzerland), Ted Noten (Netherlands) and Christoph Zellweger (Switzerland). Work Experience Works in her own workshop. Exhibitions Participates in several exhibitions in Portugal and abroad. 2007 “Gold 2007”, Berlin. 2005 “Closer”, Museu Nacional de Arte Antiga, Lisbon. 2004 “Meeting Point(s)” CAM, Foundação Calouste Gulbenkian, Lisbon.
Paula Mourão
ateliermourao@terra.com.br www.ateliermourao.com Born in Rio de Janeiro in 1959. Lives and works in Rio de Janeiro. Education 1985 Jewellery at the Atelier Mourão, Rio de Janeiro. 1985 Metal Casting and rubber moulding, with Caio Mourão, Rio de Janeiro. 1988 Jewellery Design at the AJORIO, Rio de Janeiro. Work Experience Since 1991 Opened the Atelier Mourão, where she develops her own work. 2003 Voluntary coordinator of the creation of a Jewellery school as part of the Projeto Axé, Salvador, Bahia. Exhibitions 2003 “Brazilian Jewellery Show – Inspired by Nature”, Gallery 32, London. 2004 “Rio é Jóia”, El Corte Inglês, Lisbon. 2005/07 “Atelier de Portas Abertas”, at Atelier Mourão, Rio de Janeiro. ···
285 ···
Regina Boanada
regina_boanada@hotmail.com Born in Rio de Janeiro in 1952. Lives and works in Rio de Janeiro. Education 1985 Bachelor Degree in Fine Arts by the UFRJ, Rio de Janeiro. 2003 Postgraduate Course in Jewellery Design by the PUC-RIO, Rio de Janeiro. 2004 Jewellery Design II in SENACRio, Rio de Janeiro. Work Experience 2003 Creation of a colored gemstone jewellery collection for a folder illustration for the EMBRARAD Company. 2007 Teacher in the polytechnic Jewellery Design course UVA – Universidade Veiga de Almeida and in the Jewellery Design Course of the Design Center of SENAC-Rio, Rio de Janeiro. Works in her own workshop Awards 2003 2nd prize in the EMBRARAD Jewellery Design Contest. 2004 XII IBGM Prize of Jewellery Design – for Rio de Janeiro. 2006 Winner of the “Interferências na Copa“ Design contest at SENACRio, Rio de Janeiro. Exhibitions 2004 “Rio é Jóia”, El Corte Inglês, Lisbon. 2006 “Jóia Brazil”, Fashion Rio – The Museum of Modern Art, Rio de Janeiro. 2007 New National Art Center (Art Clay),Tokyo.
Rita Faustino
ritapfaustino@hotmail.com Born in Lisbon in 1977. Lives and works in Lisbon. Education 2002 Jewellery Course, Ar.Co – Centro de Arte e Comunicação Visual, Lisbon.
Participated in several workshops with different Jewellers such as: Fausto Franchi (Italy), Ted Noten (Netherlands) and Christoph Zellweger (Switzerland). Work Experience Collaborates and works in Nininha Guimarães dos Santos’ workshop, Lisbon. Exhibitions Participates in several exhibitions in Portugal and abroad. 1999 “Pot Pourri Luso”, International Symposium of Contemporary Jewellery Ars Ornata Europeana, Forum Ferlandina, Barcelona. 2007 “Impressions on Portuguese Contemporary Jewellery”, Gallerie LandskronSchneidzik, Nuremberg.
Rita Ruivo
rita_ruivo@yahoo.es Born in Lisboa in 1976. Lives and works in Lisbon. Education 2001 Jewellery Course, Escola Massana, Barcelona. Work Experience Works in jewellery, design and advertising. Awards 2002 1st Prize in Jewellery in the Jovens Criadores Competition, Clube Português de Artes e Ideias, Lisbon. Exhibitions 2007 Commissioned to create an artistic object as part of the UP editorial project, TAP’s new onboard magazine. 2007 Took part in the “XIXth International Jewellery Symposium Turnov”, Prague, Czech Republic. 2007 “Impressions on Portuguese Contemporary Jewellery”, Galerie LandskronSchneidzik, Nuremberg.
Rudolf Ruthner
Teresa Milheiro
Susana Beirão
Tereza Seabra
ruthner@uol.com.br Born in Viena in 1941. Lives and works in Rio de Janeiro. Education Masters in Jewellery and Silversmithing, Viena, Austria. Work Experience 1974/98 H.Stern, Rio de Janeiro – Introduction of new manufacturing technologies and processes. An active member of the creative team of new products. Since 2001 Teacher in the following institutions: SENAI–Rio (The National Service of Industrial Apprenticeship); UVA–Rio (Universidade Veiga de Almeida) and PUC – Rio (The Pontificial Catholic University of Rio de Janeiro) Awards 1972 Gold Jewellery Competition, South Africa. 1977 Diamantes Hoje, DeBeers, Brazil. 1978 Diamantes Hoje, DeBeers, Brazil. susanabeirao@gmail.com Born in Lisbon in 1978. Lives and works in Lisbon. Education 2000 Jewellery Course, Ar.Co – Centro de Arte e Comunicação Visual, Lisbon. Work Experience Since 2002 Assistant at Tereza Seabra Gallery, Lisbon. Exhibitions 1999 “This is a Jewel”, Fundação Ricardo Espírito Santo, Lisbon. 2004 “Meeting Point(s)”, CAM, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisbon. 2007 “Jewellery in Ar.Co”, Centro Cultural Português, Rabat. ···
286 ···
teresamilheiro@hotmail.com Born in Lisbon in 1969. Lives and works in Lisbon. Education António Arroio, Lisbon. Jewellery Course, Ar.Co – Centro de Arte e Comunicação Visual, Lisbon. Work Experience Manager of the Articula Gallery – jewellery and objects, where she develops her own work as well as that for the company Archeofactu – arqueology and art (Articula’s sponsor). Grants and Awards 1989/90 Black & Decker Scholarship. 2004/05 e 2007 Scholarship for a personal project awarded by the fine arts department of the Fundação Calouste Gulbenkian. Exhibitions 1992 “Schmuckszene”, Munich. 2004 “Meeting Point(s)”, CAM, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisbon. 2007 Schmuck, Munich. tereza@terezaseabra.com www.terezaseabra.com Born in Alcobaça in 1944. Lives and works in Lisbon. Education 1975 Jewellery course at the Art Centre Y – Jewellery department with Prof. Thomas Gentille, New York. Works in the studios of Robert Kulicke and Hiroko Swornick, New York. 1975 Assistant to Prof.Thomas Gentille. 1975/76 Postgraduate Course with Prof. Almir Mavigner in the Hochschule für Bildende Künste, Hamburg. Works in the Gallery / Workshop Silbermine of Michael Rheinlander, Hamburg.
Work Experience 1978/04 Founder and Head of the Jewellery Department at Ar.Co – Centro de Arte e Comunicação Visual, Lisbon. 1980/81 Jewellery consultant to the Museum of Archaeology and Ethnology. Exhibition of “Portuguese Archaeological Treasures”, Lisbon. 1984 Co-founder of the Artefacto 3 Workshop / Gallery, Lisbon. 1998 Sole director of the Artefacto 3 Workshop / Galery and launch of the Jewellery brand “Tereza Seabra – Jóias de Autor”. Promotion, organisation and commissioning of national and international exhibitions. Exhibitions Since 1975 Regular exhibitions of her work both in Portugal and abroad. Collections Ar.Co – Centro de Arte e Comunicação Visual, Colecção de Arte Contemporânea, Lisbon.
Willian Farias
wf@willianfarias.com www.willianfarias.com Born in Rio de Janeiro in 1972. Lives and works in Rio de Janeiro. Education 1992 Begins Bachelor Degree in Architecture, and later in Industrial Design, and graduates in 2002. Awards 1998 Paris: DeBeers Diamond International Awards/ International Finalist. 2000 Vicenza: Gold Virtuosi/ International Winner. 2003 Antwerp: International Antwerp High Diamonds Awards/ International Finalists. 2005 Antwerp: International Antwerp High Diamonds Awards/ International Finalist.
Exhibitions 2002 “O Nilo Inspira o Rio”, Casa França-Brasil, Rio de Janeiro. 2004 “Rio é Jóia”, El Corte Ingles, Lisbon. 2005 “Joalharia In Situ”,”Everywhere. Nowhere”, Nosso Design, X Symposio Ars Ornata Europeana, Lisbon.
vandanuno
nuno@vt.pt Education Ar.Co – Centro de Arte e Comunicação Visual, Lisbon. Work Experience Sculpture, Drawing and Jewellery Frequent collaborations (press): ARTNOTES and NS (DN e JN) Website Drawing and Development: www.e-vai.net Exhibitions 1999 “This is a Jewel” Fundação Ricardo Espírito Santo, Lisbon. 2003 San Sepulcro, Tuscany. 2007 Convent of San Francisco, Coimbra.
Valéria Tupinambá
valtupinamba@hotmail.com Born in Rio de Janeiro in 1963. Lives and works in Saquarema, Rio de Janeiro. Education 2005 Jewellery at the Senai-Rio – The National Industrial Apprenticeship Service, Rio de Janeiro. 2006 Jewellery Designer at the Ajorio – The Rio de Janeiro Jewellers and Watchmakers Association, Rio de Janeiro. 2006 Bachelor Degree in Jewellery Design at the Universidade Veiga de Almeida, Rio de Janeiro. Work Experience Since 2005 Artistic jewellery designer. ···
287 ···
Awards 2006 Garimpos, collection of Jewellery Awarded by the Universidade Veiga de Almeida, Rio de Janeiro. Exhibitions 2006 “Panorama Carioca”, Rio de Janeiro. 2007 “Jóia Brasil” at the Museum of Modern Art, Rio de Janeiro. 2007 “Casa da Flor: Sonho para fazer e faço”, São Pedro da Aldeia, Rio de Janeiro.
Vanessa Alcantara
vfdealcantara@globo.com Born in Rio de Janeiro in 1975. Lives and works in Rio de Janeiro. Education 2005 Jewellery Workshop, Contacto Directo, Lisbon. 2007 Industrial Design, Universidade do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. Work Experience Since 2003 Works in her own workshop. Actual monitor at the Jewellery Course of SENAC-Rio, Rio de Janeiro. Since 2005 Jewellery Teacher at the Atelier Mourão, Rio de Janeiro. Scholarships 2001 CNPq. Escola de Belas Artes, Universidade Federal do Rio de Janeiro. 2000 Câmara Municipal do Porto – Ateliers da Lada, Oporto. 1999 CNPq. Escola de Belas Artes, Universidade Federal do Rio de Janeiro. Exhibitions 2001 “Geração em Trânsito”, Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro. 2005 Contacto Directo Gallery, Lisbon. 2007 “Panorama Carioca”, Centro Cultural do Banco do Brasil.
Virginia Moraes
virginiamoraes@joiasdoBrazil.com Born in Rio de Janeiro in 1965. Lives and works in Rio de Janeiro. Education 2003 Advanced Diploma in Jewellery, WEAS – Westminster Adult Education College, London. 2002 Experimental Jewellery, Central Saint’ Martin School, London. 2001 Silversmithing, Oxford College, Oxford, England.
Work Experience Since 2006 Teacher at the Jewellery Design Course, SENAC-Rio, Rio de Janeiro. 2006 Teacher of the Jewellery polytechnic course, Universidade Veiga de Almeida, Rio de Janeiro. 1997 Course coordinator at the Association of the Young Apprentice (AJA-Associação do Jovem Aprendiz), Brasília, DF. Awards 1998 1st prize at the “Prêmio IBGM Design de Jóias”, Rio de Janeiro.
···
288 ···
1999 2nd prize at the “Prêmio IBGM Design de Jóias”, Rio de Janeiro. 2003 1st prize at the “Inspired by V&A Collections” Contest, Victoria & Albert Museum, London. Exhibitions 2002 “Brasil Faz Design”, Salone Internazionale del Mobile di Milano – IBRIT, Milan. 2003 “Inspired by V&A collections”, Victoria & Albert Museum, London. 2006 “História do Design Ecológico e da Certificação Florestal”, II Feira Brasil Certificado, São Paulo.