Pedaços de noz

Page 1

Centro de Formação de Associações de Escolas de Matosinhos Ação C569 – Instrumentos de Transdisciplinaridade e Coaprendizagem Sediados e Mediados por Plataformas Digitais Formadora: Elvira Rodrigues Formanda: Cristina Leitão


“ Imaginação que não se realiza nunca. E daí quem sabe? A culpa é talvez da palavra, que é abstrata de mais […] Logo o poeta é louco, porque aspira sempre ao impossível. Não sei. Essa é uma disputação mais longa. […] Deixai-o o passar, porque ele vai onde vós não ides; vai, ainda que zombeis dele, que o calunieis, que o assassineis. Vai, porque é espírito e vós sois matéria.”

Almeida Garrett, “Advertência”, “Advertência” in Folhas Caídas

2


Índice

O texto………………………………………………………………………………..…Pág. 4 De cima desta nuvem…………………………………………………………………Pág. 5 Mãe e filha ……………………………………………………………………………..Pág.6 Coincidências ………………………………………………………………………….Pág. 7 A poluição………………………………………………………………………………Pág. 8 Poema sobre Angola …………………………………………………………………Pág.9 Sida……………………………………………………………………………………..Pág. 10 Sem título………………………………………………………………………………Pág. 11 Cantiga de amigo – bailia …………………………………………………….………Pág. 12 Cantiga de amigo………………………………………………………………………Pág. 13 O outro lado ……………………………………………………………………………Pág. 14 “Eu”………………………………………………………………………………….…..Pág.15 Do outro lado do espelho……………………………………………………………..Pág. 16 Sem título……………………………………………………………………………….Pág. 17 O mundo sem soluções……………………………………………………………….Pág. 18

3


O TEXTO

Atentos, preocupados Sobre a brancura inexorável das folhas… Procuram palavras para O que sentem, Todos os dias, Hoje, Neste momento…

Chegam trinados de pássaros, Botões amarelos e violeta salpicam O verde abandonado de um baldio, Prédios-caixa… Varandas vidradas Irregularmente alargam lares Refletem um céu cinzento e sem graça…

Palavras jovens nascem…

…Cores, emoções, desejos, Paixões, dores, gritos…

Recriam esta sala…

A VIDA!

4


DE CIMA DESTA NUVEM…

Vejo um mundo cinzento e cruel onde os homens se odeiam e procuram o poder Vejo homens matando-se uns aos outros como animais ferozes. Vejo guerras por toda a parte. Vejo crianças a serem maltratadas. Vejo idosos morrendo de fome e de frio. Vejo um mundo sem amor para dar e cheio de ódio. Mas do outro lado do mundo… Vejo homens que bem se tratam. Vejo crianças que amam os seus pais. Vejo uma família unida, cheia de amor para dar e para receber. Vejo que há amor, paz, harmonia, confiança e igualdade. Do outro lado do mundo vejo coisas inacreditáveis.

Laura Mulembo, nº8, 7ºG, 12 anos

5


MÃE E FILHA À professora Otília Bento

Hoje conheci uma pessoa, Uma mulher feliz Em que a palavra filha bem soa E que irá criar raiz.

Com um sorriso na cara Passeia na rua. Tem uma felicidade rara E uma menina só sua.

Menina bonita, Com uns olhos brilhantes A sua estatura é pequenita, Mas de olhinhos sempre cintilantes.

Só espero que esta linda menina Um dia seja feliz. Sendo grande ou pequenina Na felicidade crie raiz.

Hugo Nascimento, nº12, 8ºA, 13 anos

6


COINCIDÊNCIAS

Pela primeira vez Isto me aconteceu. No dia de Natal, O meu avô deixou-nos, Para sempre ele morreu. Nessa noite choveu. Faleceu no dia em que mais gostava. As lágrimas foram muitas No dia em que debaixo da terra ficou. Nessa noite choveu. No dia do seu aniversário, 9 de fevereiro, O ambiente foi difícil de suportar. Nessa noite choveu.

São muitos acasos juntos. Morreu no dia que a todos nos faz alegrar, Morreu eram 22.00 horas E, após isso, choveu, No dia do seu funeral choveu. No dia do seu aniversário choveu. Coisas do Destino

Hugo Nascimento, nº12,8ºA, 13 anos

7


A POLUIÇÃO

A poluição Mata o ambiente, Corrói o ozono E mata toda a gente. Quando acordarmos, É tarde demais Pois, quando olhamos Não queremos mais: Mais fábricas, Mais poluição, Mais vigarices, Mais destruição. Por isso aqui estou eu Para alertar Que devemos sempre Separar o lixo Para reciclar.

Entra em campanhas! Entra em comícios!

Entrega o teu lixo E os teus desperdícios…

Isabel Pereira, 9º B

8


POEMA SOBRE ANGOLA

Todos já vimos Nos livros, nos jornais, no cinema e na televisão. Retratos de meninos e meninas a defender a liberdade de armas na mão.

Todos já vimos Nos livros, nos jornais, no cinema e na televisão . Retratos de cadáveres de meninos e meninas Que morrem ao defender a liberdade de armas na mão.

Todos já vimos, não já? E então?

Eliana Silva, 9ºH

9


SIDA

Inexplicável morte… Desejo de viver, Agonia da má sorte. Alavanca das trevas Desconcerto do mundo, Orgia da vida humana, extinção a fundo Naufrágio que se engana, Cruel tristeza… Armadilha profunda.

Madrasta da vida, obstáculo de viver Ruído constante Tentação de morrer Amar será a vida Lutar será contra a Sida!!

F.A., 9ºano

10


SEM TÍTULO

A droga é um problema sem solução Se te metes nela, Afundas-te até mais não.

A droga é um buraco, Um grande buraco sem fundo. Se te meteres na droga, Acabas no outro mundo.

Não te metas na droga, Nem comeces a fumar charros: Ficas logo sem dinheiro E vais ter de arrumar carros.

Luís Miguel, 9ºD

11


CANTIGA DE AMIGO – BAILIA

Libertem os vossos belos cabelos, amigas, Baton, rimel, blush vamos aplicar. Ponhamo-nos todas bonitas É sábado à noite, vamos dançar Na discoteca, rave, pub ou bar.

Soltemos os cabelos, amigas, Baton, rimel, blush, toca a pintar. É tempo de ficarmos lindas! É sábado à noite, vamos dançar Na discoteca, rave, pub ou bar.

Ponhamo-nos agora bonitas! Pois os amigos lá vão estar. De pé na dança, copo na mão e Olho na que mais brilhar. É sábado à noite, vamos dançar Na discoteca, rave, pub ou bar.

É tempo de ficarmos lindas Para os amigos encontrar. Eles lá nos esperam, raparigas Para a mais bela cortejar. É sábado à noite, vamos dançar Na discoteca, rave, pub ou bar.

Magda Faria, nº15, 10ºA, 15 anos

12


CANTIGA DE AMIGO

Ai Deus que me deste sofrer e dor P’la triste partida do meu amor. Foi a droga, por ela partiu!

Ai Deus que estou em sofrimento, Meu amor partiu neste momento. Foi a droga, por ela partiu.

Ficou escuro no novo mundo E em mim um vazio profundo Foi a droga, por ela partiu!

No novo mundo ficou a escuridão E um grande vazio no meu coração Foi a droga, por ela partiu!

Ana Mordomo, nº3,14 anos; Ricardo Tomás, nº20, 16 anos – 10ºA

13


O OUTRO LADO

Paro! Deixo de ouvir, Deixo de ver, Deixo de sentir, Vagueio por imagens Que me são conhecidas, Mas que estão distantes… Sinto! Tristeza e vazio, Alegria e medo… Já passou… Já vivi… Quero voltar enão consigo. Não consigo voltar para Junto de mim, Pois a minha alma vai Longe, muito longe, Para lá do outro lado…

Patrícia Rodrigues, nº14, 12ºD, 18 anos

14


“EU”

Eu… Sou simplesmente… Eu… Aquela que passa e ninguém vê Aquela de quem falam sem falar Aquela que chora por dentro E ri por fora, sem ninguém notar, Aquela que passa despercebida, Mas chama a atenção De todos quantos queiram olhar. Aquela que tem coração Não para Amar, Mas para sofrer! Aquela que tenta viver! Que a todos dá a mão E de quem todos se esquecem! Sou eu… Alguém que chora Que tem que sonhar Aqui e Agora Que tenta acordar Que tem que sofrer Sorrir e Amar Eu…Sou simplesmente… Eu.

Mara Alves, nº10, 12ºE, 17 anos

15


DO OUTRO LADO DO ESPELHO

A escuridão do outro lado do espelho assusta-me. Tenho medo do outro passo, do outro movimento, Como uma seta o percorro sem tirar as mãos dos olhos Para não ver nem sentir as trevas do outro lado. A frieza apodera-se de mim quando o atravesso, Frieza quente de um poeta em busca de soluções. Na escuridão de um espelho olho e encontro algo no fundo, Algo no fim de uma história. Serei eu? Seremos nós que escrevemos as nossas vidas, Que amamos para sofrer…? Mas ser humano É sofrer e viver, Viver as palavras, O seu significado, Viver o amor e a solidão, Viver a alegria De um amigo que não se conhece. Serei sempre assim… Esse poema por acabar Que se escreve Em cada dia que percorro a escuridão daquele espelho.

Carla Sofia Dias, nº8, 11º A, 16 anos

16


SEM TÍTULO Ler Fernando Pessoa e sentir – a seu conselho – a raiva, a indiferença, a paixão, a loucura: todos uniformizados na indivisível infinidade de um só ser, uma só alma… Ouvir os espíritos vagabundos e pensar nos corpos em que habitam, tomar a divisão da sua Pessoa e quase alcançar o Conhecimento…!! Numa erupção de afirmações, sentimentos e incertezas, nascem novos “eus”, distintos e geniais. … Repartido por tantos, feitos de uma só matéria, sabe-se grande e imortal, na imensidão complexa de um menino… Apesar das diversas vozes, diversos gritos – uma só garganta. Apesar de fragmentos-poema. Uma só obra, um só fingidor… …eternamente um só Pessoa!!... 17

Carla Vidal, nº8, 12ºJ, 17 anos


O MUNDO SEM SOLUÇÕES

Sempre que olho para o Horizonte, um velho teatro com o pano descaído, representa o mundo outrora perdido, não existem ligações, nem mesmo uma solitária ponte. O sentimento de culpa envolve o ar de cifrões, homens pedindo desculpa não encontram soluções. Apenas lembro o que não vivi, apenas sinto o que eu perdi, como se fosse areia que, escorrendo das mãos deixa rastos nos vincos suados. Vivemos numa teia em que nos tornamos condenados.

Josina, 11ºI

18


19


er ativamente: cansa-a cansa e “ Imaginar é sonhar: dorme e repousa a vida no entretanto; sentir é viver consome-a”.

Almeida Garrett, Viagens na Minha Terra

20


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.