Ano 18 • Edição 105 • Maio/Junho 2016 • Conselho Regional de Psicologia do Paraná
S O I M Ô C MANI AIS! NUNCA M Psiquiátrica a rm fo e R a d o ã ç A consolida úde mental e os rumos da sa
MARCUS VINICIUS DE OLIVEIRA SILVA:
PSICOLOGIA E EMPREENDEDORISMO:
Uma homenagem à vida de luta pela Psicologia e pelos Direitos Humanos
Como ter sucesso abrindo o seu próprio negócio
S U M Á R I O
ANUNCIE na Conselho Regional de Psicologia 8ª Região (CRP-PR) Produção
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Mais informações: comunicacao08@crppr.org.br
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E D I TO R I A L
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M E N SAG E M DA COM I SSÃO R E G I O N A L E L E I TO R A L
Contato: Informativo Bimestral do Conselho Regional de Psicologia 8a Região (ISSN - 1808-2645) Site: www.crppr.org.br • Avenida São José, 699 CEP 80050-350 • Cristo Rei • Curitiba/PR Fone/Fax: (41) 3013-5766 • E-mail: comunicacao08@crppr.org.br
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Tiragem: 15.000 exemplares Impressão: Primagraf Indústria Gráfica. Jornalista responsável: Ellen Nemitz (17.589/RS) Estagiária: Débora Dutra Comissão de Comunicação Social do CRP-PR: Bruno Jardini Mäder e Paula Matoski Butture • Revisão: Bruno Jardini Mäder, Célia Mazza de Souza, Angelo Horst e Ellen Nemitz
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Projeto gráfico: Agência Cupola Rua Celestino Jr, 333 • CEP 80510-100 São Francisco • Curitiba/PR Fone: (41) 3079-6981 • Site: www.cupola.com.br E-mail: falecom@cupola.com.br
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Ana Lígia Bragueto, André Luis Cyrillo, André Luiz Vendel, Anita de Castro Menezes Xavier, Bruno Jardini Mäder, Cleia Oliveira Cunha, Denise Ribas Jamus, Fernanda Rossetto Prizibela, Guilherme Bertassoni da Silva, Juliano Del Gobo, Luciana de Almeida Moraes, Luiz Antônio Mariotto Neto, Luiz Henrique Birck, Maria Stella Aguiar Ribeiro, Mariana Daros de Amorim, Nayanne Costa Freire, Paula Matoski Butture, Renata Campos Mendonça, Rodrigo David Alves de Medeiros, Rodrigo Soares Santos, Rosangela Maria Martins, Sandra Mara Passarelli Flores, Solange Maria Rodrigues Leite, Vanessa Cristina Bonatto.
CO L U N A P OT
1° de maio – Dia do Trabalho: uma história de desafios e um trabalho de reflexão da CPOT
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Preço da assinatura anual (6 edições): R$ 30,00 Os artigos são de responsabilidade de seus autores, não expressando necessariamente a opinião do CRP-PR.
CO L U N A D E AVA L I AÇ ÃO PS I CO LÓ G I C A
Avaliação Psicológica Infantil – um processo com suas particularidades
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CO F O R I E N TA
Prestação de serviço online: credenciamento de site CO L U N A É T I C A
Reflexões sobre a pergunta: qual é a ética em uma escuta? C A PA
Manicômios nunca mais! A consolidação da Reforma Psiquiátrica e os rumos da saúde mental H OM E N AG E M
Marcus Vinicius de Oliveira Silva: uma homenagem à vida de luta pela Psicologia e pelos Direitos Humanos E N T R E V I STA
A Psicologia e o empreendedorismo : Como ter sucesso abrindo o seu próprio negócio ARTIGO
Acolhimento de idosos com transtornos mentais em Instituições de Longa Permanência: uma discussão necessária
E D I T O R I A L
E L E I Ç Õ E S
Editorial
Mensagem da Comissão Regional Eleitoral às(os) Psicólogas(os) paranaenses
A relação entre o CRP-PR, a categoria e a sociedade
Na relação entre o Conselho Regional de Psicologia
que respondam a demandas da sociedade.
do Paraná (CRP-PR) e a categoria, verificamos dois
O CRP-PR, como autarquia pública, pode e
caminhos: em alguns momentos, há estreito afina-
deve desempenhar um papel de articulador des-
mento; em outros, temos a impressão de haver uma
tes interesses, uma vez que isso beneficiará toda a
abissal distância.
sociedade. Neste sentido, a gestão É Tempo de Di-
Neste ano, teremos processo de eleição de re-
que primem pela relação de desenvolvimento da
Nos momentos em que há necessidade de defesa
álogo não tem poupado esforços ou recursos. É o
presentantes tanto no âmbito municipal como em
profissão perante as demandas sociais contem-
da profissão, tanto na esfera profissional/individu-
que temos chamado de “entrar no trilho da orien-
nossa categoria profissional. Em janeiro de 2016,
porâneas ao nosso exercício. E com este intuito,
al quanto na esfera institucional, o CRP-PR é uma
tação”, em contraposição ao caminho da fiscali-
uma Comissão Regional Eleitoral (CRE) foi orga-
a CRE tem mantido reuniões frequentes para se
referência para Psicólogas e Psicólogos. Isso pode
zação quase que exclusivo das gestões anteriores.
nizada do Conselho Regional de Psicologia do Pa-
ambientar com os processos eleitorais anterio-
ser observado, por exemplo, quando há um abuso de
No início da gestão, encontramos espaços es-
raná (CRP-PR), composta por três Psicólogas(os)
res e acessar os trâmites necessários para a re-
um gestor frente à função da Psicologia e a(o) pro-
vaziados de participação. Procuramos inovar com
efetivas(os) – Cláudia Cibele Bitdinger Cobalchi-
alização do pleito. Além de se dedicar à elabora-
fissional procura auxílio pela Comissão de Orien-
ações descentralizadas e participativas e temos
ni (CRP-08/07915) (Presidente), Rafaela Mayer de
ção e efetivação das etapas do processo eleitoral, a
tação e Fiscalização (COF). É comum encontrar-
tido um resultado bastante animador. Ações te-
Moraes (CRP-08/14068), César Rosário Fernan-
CRE esteve representada no Encontro Nacional de
mos consenso de que as(os) profissionais se sentem
máticas e regionais, que discutam problemas
des (CRP-08/16715) –, e pelas(os) suplentes Na-
Presidentes das Comissões Regionais Eleitorais,
respaldadas(os).
concretos da prática profissional em sua territo-
tália César de Brito (CRP-08/17325), Bruno Mori
realizado nos dias 18 e 19 de março em Brasília,
De forma diversa, quando recebemos queixas e
rialidade, proporcionam a construção de posicio-
Porreca (CRP-08/16860) e Joyce de Fátima Lozo-
publicou o edital de inscrição para as chapas con-
reclamações, tanto de forma institucional quanto
namentos que só pode ser feita na interação e co-
vei (CRP-08/20735).
correntes à gestão e tem se dedicado à redação de
em conversas pessoais, percebemos que as(os) pro-
laboração CRP-categoria.
Característica dessa equipe: profissionais já
informações para orientar sobre a participação do
fissionais sentem o CRP-PR distante quando soli-
Nos meios de comunicação, procuramos ousar
engajados em alguma dimensão de representati-
profissional eleitor e para garantir a igualdade de
citam algo como um retorno do investimento sim-
unindo o dinamismo das redes sociais com a serie-
vidade da categoria e que aceitaram se aproxi-
divulgação das plataformas de gestão das chapas.
bolizado pela anuidade. Nestas solicitações, estão
dade e referência que o CRP-PR precisa ter. Con-
mar do Conselho de forma mais participativa ao
Em calendário a ser executado, estão previstos
presentes temas relacionados a mercado e condi-
vidamos a categoria a acessar e interagir conosco
orientarem a condução desse processo democrá-
a formação de subcomissões eleitorais nos postos
ções de trabalho.
pelos nossos perfis nas redes sociais em que esta-
tico. A juventude, marca do grupo, não prejudica
de votação, treinamentos, previsão de organiza-
Nestes casos, é necessário observar que a força
mos presentes e também pelo site. Nossa mais re-
a seriedade com que foi assumida a tarefa de or-
ção e informações sobre votos pela internet e por
de uma profissão no mercado de trabalho não se dá
cente ação, com vistas a aproximar a Psicologia e a
ganizar e fazer efetivar o exercício da cidadania
correspondência, realização dos debates dos gru-
apenas pela atuação do CRP-PR, mas que há outros
sociedade, é uma grande campanha de divulgação
por meio da eleição de gestão do CRP-PR.
pos candidatos ao CRP e CFP, entre outros.
componentes importantes: a participação da acade-
da profissão em rádio. Desta forma, ao estimular
Participar desse momento, de forma a ga-
Psicóloga(o), fique por dentro do processo
mia, com produção de conhecimento e pesquisas re-
a procura pela Psicologia em diversas fases e mo-
rantir as informações necessárias e as condições
eleitoral no site do CRP-PR (www.crppr.org.br).
levantes; organizações independentes, como asso-
mentos da vida, esperamos ampliar as possibili-
para instalação de um processo idôneo, faz com
Atualize seus dados cadastrais e garanta o direito
ciações e sociedades de Psicólogas(os); mobilização
dades de trabalho para as Psicólogas e Psicólogos e
que a CRE assuma o compromisso de potencia-
de participar das eleições do Sistema Conselhos
sindical; e ainda métodos e técnicas de intervenção
ampliar a qualidade de vida das pessoas.
lizar a escolha representativa de Psicólogas(os)
de Psicologia!
COLUNA DE AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA
COLUNA DE AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA
Avaliação Psicológica Infantil
emergiu em uma das dimensões do desenvolvimento
quer forma, entende-
infantil, mas que não deixa de refletir o funcionamento
-se que há um aspecto
Um processo com suas particularidades “Quando encontramos os caminhos adequados para que as crianças se expressem, descobrimos que elas têm informações preciosas a nos revelar.”
A prática da(o) Psicóloga(o) na avaliação psicológica
possam ser utilizados pela(o) Psicóloga(o) e que sejam
infantil em diferentes contextos tem mostrado a im-
eficazes na avaliação dos fenômenos relacionados às
portância de utilizar este processo de maneira crite-
condições pertinentes ao desenvolvimento infantil nas
riosa para uma atuação psicológica de excelência, que
dimensões afetiva, cognitiva e social.
priorize o desenvolvimento saudável das crianças, bem
O tema em questão é fundamental diante das di-
como as orientações necessárias para a família e a es-
versas demandas que surgem no universo infantil, uma
cola. Todo o processo de avaliação psicológica objetiva
vez que hoje a criança é exposta a inúmeros desafios,
o conhecimento aprofundado sobre o(s) fenômeno(s)
seja em relação à aprendizagem ou às dimensões afeti-
psicológico(s) presente(s) na demanda.
vas. Ao se deparar com a avaliação em Psicologia infan-
Há grandes desafios atuais em relação à avaliação
til, a(o) profissional deve estar preparada(o) tanto téc-
psicológica infantil. Um destes desafios é a sociedade
nica como teoricamente para desenvolver um trabalho
em que as crianças estão inseridas, marcada pela era
competente, promovendo, assim, o alcance social da
tecnológica, com novas configurações familiares, difi-
avaliação psicológica, ressignificando sua função não
culdades significativas das figuras parentais de se di-
só para a Psicologia, como também, e principalmente,
ferenciarem em seus laços afetivos estabelecidos com
para o sujeito da avaliação, no caso a criança.
seus filhos, medicalização, entre outros aspectos, que
Identificar a etiologia da queixa, refletindo se está
indicam a importância da contextualização desta crian-
trazendo questões referentes ao contexto da aprendi-
ça no enquadramento realizado no processo avaliativo.
zagem ou socioafetivo, permite à(o) Psicóloga(o) ter
Outro desafio refere-se à existência de poucos
um direcionamento mais específico sobre os procedi-
instrumentos formais padronizados e validados que
mentos adequados a serem utilizados no processo de
CO N TATO E D I Ç ÃO 1 0 5
dos sistemas em que a criança está inserida.
importante a se consi-
Desta forma, a competência profissional na avalia-
derar, independente des-
ção psicológica infantil diz respeito à capacidade de ex-
sa etiologia: a necessidade
plorar, compreender e interpretar o universo infantil.
de a(o) profissional ter um
Saber como sente, como pensa essa criança. Os recur-
manejo técnico aprofunda-
sos para essa prática devem ser facilitadores para que
do para que possa utilizar os
a(o) Psicóloga(o) consiga se aproximar a partir de uma
recursos lúdicos como facili-
linguagem adequada, uma atitude corporal que permita
tadores para a criação do vín-
aproximação, mas que também delimite papéis. Devem
culo e motivação para a pro-
também indicar caminhos para mediar as resistências,
posta avaliativa. Portanto, é
advindas da própria criança e também de seus respon-
importante que a(o) Psicólo-
sáveis, pois muitos deles, embora sejam os sujeitos
ga(o) tenha competência te-
contratantes da avaliação, retraem-se ao perceber que
órica e técnica ao atuar com
também são protagonistas do processo de avaliação.
avaliação
(COSTA e SANTOS,s.d. IN SOUZA, 2010)
6
avaliação. De qual-
psicóloga
infantil,
Dentro das especificidades desse processo, entende-
para que possa desenvolver um
-se que a capacidade da(o) Psicóloga(o) em considerar
pensamento clínico integrativo,
que a criança precisa ter um espaço para que ela própria
que facilite sua tomada de deci-
possa comunicar sua história é fundamental. Em mui-
são frente às diferentes demandas.
tos processos, constata-se que “as verdades” são con-
Pode-se imaginar que a criança em
sideradas apenas a partir do ponto de vista dos adultos
um processo de avaliação esteja diante de uma
e é deixada de lado a visão infantil sobre essas verda-
situação compulsória, pois a busca está sempre dire-
des que possivelmente levaram à busca por um proces-
cionada por seus pais ou responsáveis legais, e estes
so de avaliação. Por outro lado, a(o) Psicóloga(o) deve
devem sempre ser inseridos nesse processo, bem como
estar preparada(o) tecnicamente para considerar o uso
o contexto escolar. Como profissionais, mostra-se re-
da fantasia no universo infantil, pois, ao mesmo tem-
levante questionar: as dificuldades infantis surgiram
po em que ela possui um alto valor para o crescimen-
onde? Em casa? Na escola? Em ambos os contextos?
to e desenvolvimento infantil, ao investigar esse pro-
Há prejuízo em algum aspecto do desenvolvimento? Há
cesso, a(o) Psicóloga(o) poderá acessar e compreender
sofrimento para a criança? O sintoma produz sofrimen-
com maior profundidade esse universo. É fundamental
to no ambiente? Os adultos sabem manejar ou como li-
uma relação com a criança baseada na verdade, pois a
dam com sua impotência diante das dificuldades?
construção de um vínculo de confiança é necessária em
Os sintomas descritos inicialmente pelos respon-
qualquer faixa etária, sendo que a(o) profissional deve
sáveis pela criança são sinais fundamentais que pre-
considerar a capacidade de entendimento, de raciocínio
cisam ser compreendidos a partir de uma leitura sis-
e linguagem adequada.
têmica. Estes sintomas costumam sinalizar e focalizar
Embora a(o) Psicóloga(o) deva estar capacitada(o)
uma conjuntura de natureza dinâmica que auxilia a(o)
para identificar um conjunto de construtos que sejam
Psicóloga(o) a se posicionar diante da necessidade de
relevantes para cada caso que avalie, relacionam-se al-
compreensão dos fenômenos e processos psicológi-
guns fenômenos e processos psicológicos que podem
cos sem potencializar dificuldades, buscando um en-
ser investigados em uma avaliação psicológica infan-
tendimento do funcionamento de uma rede de relações
til, tais como: construtos cognitivos como atenção,
que pode estar sendo desvelada a partir do sintoma que
memória, inteligência e diversos tipos de raciocínio;
CO N TATO E D I Ç ÃO 1 0 5
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COLUNA DE AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA
construtos relacionais, como habilidades sociais, apego, estilos parentais, sentimentos de pertença; humor; características de personalidade; dependência; agressividade, entre outros. Os recursos que estão disponíveis à(o) profissional para avaliação infantil devem também ser estabelecidos a partir de cada caso. Algumas coisas são funda-
COLUNA DE AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA
•
SMHSC - Sistema Multimídia de Habilidades Sociais de Crianças
•
EAC-IJ - Escala de Auto Conceito Infanto-Juvenil
IJ,ETPC • Pirâmides Coloridas de Pfister Infantil •
•
ETPC - Escala de Traços de Personalidade para Crianças
Colagem • Jogo dos sentimentos • Jogos de azar e de
•
EOCA - Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem
habilidade • Jogo dos pensamentos • Jogo Sou X Não
•
EMCA - Entrevista Modular Centrada na Aprendizagem
fantoches, bonecos e livros, que promovem maior mo-
sou • Desenhos da família atual, real, ideal/cinética
•
WISC III - Escala de Inteligência Wechsler para Crianças 3ª edição
tivação e compreensão, mantendo o caráter lúdico tão
•
WISC IV - Escala de Inteligência Wechsler para Crianças 4ª edição
inerente a esta etapa do desenvolvimento dos infantes.
Demandas de aspectos relativos à aprendizagem
•
WAIS III - Escala de Inteligência Wechsler para Adultos
•
WASI - Escala de Inteligência Wechsler Abreviada
FENÔMENOS E PROCESSOS PSICOLÓGICOS
•
DFH III - O desenho da figura humana: avaliação do
Frases projetivas • EFE • HTP • CAT - A • ESI, SMHSC,EAC-
mentais: realizar uma ou mais entrevistas com os pais ou responsáveis legais; considerar, na entrevista com a criança, o aspecto lúdico de comunicação; usar testes psicológicos adequados em relação à idade e construtos a serem avaliados; estar em contato frequente com
Desinteresse e desmotivação
outros profissionais, como, por exemplo, professores, médicos, fonoaudiólogos. Além disso, a(o) Psicóloga(o) deve sempre treinar a expansão de seu olhar, tecendo uma observação cuidadosa durante todo o processo avaliativo. O quadro abaixo (Miranda e Oliveira, 2015) apresenta fenômenos e processos psicológicos, associando-os com as dimensões a serem avaliadas, o que
Queda no
Medo Timidez Inassertividade
Enurese Isolamento Ansiedade
Encoprese Tristeza, depressão
e demais
Sexualidade exacerbada
Insônia
os aspectos que foram apresentados oralmente pela(o)
•
PROLEC - Provas de avaliação dos processos de Leitura
Psicóloga(o).
•
ETDAH-AD - Escala de Transtorno do Déficit de Atenção e Hi-
Disfuncionalidade na aprendizagem
•
atenção, concen-
Lentidão na
Agitação em sala
tração, memória,
execução
de aula
raciocínio
EMA-EF - Escala de Avaliação da Motivação para Aprender de Alunos do Ensino Fundamental
•
EAVAP-EF - Escala de avaliação das Estratégias de Aprendizagem para o ensino fundamental
Considerando todos estes apontamentos e reflexões levantadas, a(o) Psicóloga(o) responsável por um processo de avaliação psicológica infantil deve compreender a relevância das particularidades deste contexto, buscando executar um trabalho com elevado nível de qualidade, o que favorecerá e reforçará intervenções que
* Sugere-se a consulta aos manuais dos testes psicológicos, pois existe di-
colaborem para um prognóstico positivo e saudável de
ferenciação nas amostras.
desenvolvimento infantil.
ESTRATÉGIAS
Espera-se que o presente texto sensibilize Psi-
Entrevistas com os responsáveis (família e escola) • Observações durante o processo • EOCA e EMCA • Técnicas projetivas psicopedagógicas • Jogos de azar e de habilidade • Frases projetivas • Testes intelectuais (WISC,WAIS,WASI) • DFH (Sisto, Wechsler) • Testes de atenção (BPA,D-2) • Testes de raciocínio (BPR-5) • TDE • Bender - SPG • Diagnóstico Operatório de Piaget
dagógico de avaliação: aprendizagem e nível operatório no conto Os Três Porquinhos • Escala de Avaliação das Estratégias de aprendizagem para o Ensino Fundamental
Vale enfatizar que a(o) profissional deve sempre consultar o SATEPSI (Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos) para se certificar daqueles instrumentos que estão invalidados, para fins de atualizações e também para constatar a inclusão de novas estratégias que possam ser lançadas. Entretanto, conforme já ressaltado anteriormente, não se acredita que a técnica possa sobrepujar e dispensar a realização de entrevistas, observações e um bom vínculo estabelecido com todos os participantes. Outro aspecto que caracteriza as particularidades desse processo diz respeito à devolutiva da avaliação, que pressupõe aquele momento em que, após a in-
cólogas(os) para a grande relevância de um processo de avaliação psicológica destinado ao público infantil, de modo que nunca supervalorizem a técnica em detrimento do vínculo interpessoal estabelecido com a criança e com todos aqueles que fazem parte de sua rede relacional. Além disto, que considerem que a comunicação com este público precisa de recursos intermediários e lúdicos para que a criança se sinta segura e capaz de revelar seus conteúdos, pois, após uma avaliação psicológica de qualidade, será muito mais acertado o encaminhamento das orientações e das intervenções psicopedagógicas e psicoterápicas que se façam necessárias.
tegração de todas as informações obtidas, é realizada a apresentação dos resultados verbais para o cliente (protagonista do processo), familiares e, algumas ve-
Esclarecimento sobre as siglas que aparecem no quadro acima:
Entrevistas com os responsáveis (família e adultos sig-
8
peratividade para crianças /para adolescentes e adultos
matemática
EMA-EF • Coleção Três Porquinhos – Material psicope-
ESTRATÉGIAS
leitura posterior e maior compreensão e reflexão sobre
TDE - Teste de Desempenho Escolar
lar, da mochila e da agenda • EAVAP-EF • ETDAH-AD •
Outros
e entrega por escrito aos responsáveis oportuniza uma
•
física e verbal
compulsões
mento técnico científico importante e sua elaboração
performance
• Avaliação multimodal • Análise do material esco-
Furtos
O laudo psicológico configura-se como um docu-
DFH - Escala SistoDesenho da Figura Humana
da leitura, escrita e
desempenho
pondo o uso de recursos lúdicos complementares, como
•
Agressividade
Obesidade Insegurança
de com erros e
ferenciada daquela com adultos, muitas vezes pressu-
Baixa
Dificuldades com
tude dos recursos que podem ser utilizados.
FENÔMENOS E PROCESSOS PSICOLÓGICOS
Medo e ansieda-
desempenho
pode auxiliar as(os) profissionais a identificar a ampli-
Algumas demandas de aspectos afetivos e sociais
Reprovações
desenvolvimento
infantil. Entretanto, a devolutiva infantil é bastante di-
nificativos) • Observações durante o processo todo •
•
EFE - Entrevista Familiar Estruturada
Hora de Jogo Diagnóstica • Desenhos livres e dirigidos •
•
HTP - “Casa, árvore, pessoa”, na sigla em inglês. Técnica projetiva do desenho
zes, também para o sistema escolar. Pondera-se que, ao longo do processo, a criança expôs à(o) Psicóloga(o) conteúdos que, de certa forma, vão sendo vivenciados e elaborados por ela. Portanto, a organização desse con-
•
CAT - Teste de Apercepção Temática-Forma Animal
teúdo para a criança é uma ação que prioriza sua saú-
•
ESI - Escala de Stress Infantil
de mental e preconiza o caráter preventivo da avaliação
CO N TATO E D I Ç ÃO 1 0 5
CO N TATO E D I Ç ÃO 1 0 5
REFERÊNCIA: MIRANDA, Vera Regina ; OLIVEIRA, Mari Angela Calderari. Estratégias de Avaliação Psicológica na Infância-Mesa Redonda. XV Encontro Paranaense de Psicologia: Londrina, 2015. 105 slides, color.
9
COLUNA POT
COLUNA POT
1° de maio Dia do Trabalho Uma história de desafios e um trabalho de reflexão da CPOT Texto elaborado pela Comissão de Psicologia Organizacional e do Trabalho, composta pelas Psicólogas Andressa Roveda (CRP-08/08990), Bianca dos Santos Scheifer (CRP-08/20316), Glauce Thais Barros (CRP-08/22208), Patrícia Metz da Fonseca Lemos (CRP-08/21374) e Patricia Cristina Wolpe (CRP-08/12729).
10
Nesta edição, abordamos um dos temas mais
da República, João Goulart, sancionou a lei nº
importantes para a Psicologia: trabalho e orga-
4.119/62, que tornava a Psicologia, de direito,
nizações. Interessante saber que, numa situação
uma profissão.
de crise prolongada como esta que o país vive,
O dia 1º de maio foi uma homenagem às
Psicólogas(os) podem contribuir de maneira im-
pessoas que se dedicaram aos primeiros movi-
prescindível e com extrema competência.
mentos de luta por melhores condições de tra-
Nos dicionários, o trabalho é concebido como
balho, com muito sofrimento e violência, provo-
um conjunto de atividades exercidas pelas pes-
cando um marco histórico no mundo, resultado
soas em busca de um determinado fim. As re-
da união popular e do senso de cidadania. Para
lações entre as pessoas e o mundo do trabalho
nós da Comissão Temática de Psicologia Orga-
estão no foco da Psicologia Organizacional e do
nizacional e do Trabalho (CPOT), esta data tem
Trabalho (POT), um campo da ciência que tem
como intuito provocar uma constante reflexão
pouco mais de um século de existência, apesar
nos trabalhadores e a intitulamos como referên-
de a profissão só ter sido regulamentada em 27
cia para contextualizar as práticas da Psicolo-
de agosto de 1962, quando o então Presidente
gia vinculadas ao mundo trabalho. Embora seja
CO N TATO E D I Ç ÃO 1 0 5
facilmente vinculada a um dos feriados nacio-
cujo objetivo é contemplar sua atual diversidade
nais, é importante nunca se distanciar do seu
da área e posicionar a aproximação de dois ei-
real significado, pois esse momento foi decisi-
xos que envolvem os fenômenos psicossociais:
vo para a consolidação das leis e a implantação
os fenômenos Organizacionais, enquanto espa-
destas na melhoria das relações trabalhistas, que
ços sociais estruturantes das relações coletivas,
atingiram várias profissões no campo de traba-
e o Trabalho como atividade básica, construção
lho, incluindo a das(os) Psicólogas(os). As co-
de identidade e agente transformador.
memorações alusivas à data são realizadas em
Todos os campos de ações da POT pas-
eventos festivos e manifestações que apontam
sam pela essência do trabalho e sua represen-
um largo caminho ainda a ser percorrido.
tação simbólica na vida das pessoas e do modo
A aproximação da Psicologia dos contextos
como vivenciam tais experiências. As interven-
laborais remete ao mesmo tempo ao movimento
ções circulam nos trabalhos formais e informais
da Psicologia na busca de sua consolidação no
em todos os tipos de organizações, de naturezas
campo científico, entre o final do século XIX e
diversas (governamental, não governamental,
início do século XX. O processo da industriali-
instituições privadas, não privadas), assim como
zação, no qual a concepção de trabalho passou a
se ocupa a entender e contribuir na ausência de
ser regida pelo viés da produção e pela sociedade
trabalho e nos fenômenos como terceirização e
de consumo, causaram intensas transformações
desemprego.
em todos os segmentos da sociedade. As situa-
O trabalho e as organizações, de uma manei-
ções novas e desafiadoras que advieram dessas
ra peculiar, fazem parte da vida dos indivíduos
relações de trabalho necessitavam de entendi-
e a(o) Psicóloga(o) inserida(o) neste campo de
mento e organização, pois se tratava de compre-
atuação passa a priorizar um trabalho de me-
ender o comportamento do homem moderno e
diador de interesses e objetivos entre os atores
os fenômenos psicossociais emergentes.
envolvidos.
As bases teóricas da Psicologia tiveram gran-
Na atualidade, todos os aspectos que inte-
de influência neste processo de entendimento,
gram a vida dos indivíduos e grupos são ex-
mas foi o campo aplicado desta ciência, através
periências vividas em um cenário de rápidas e
de métodos e técnicas psicológicas, que se con-
constantes inovações, representando um desa-
solidaram neste cenário. Em um primeiro mo-
fio de renovação constante em que a tecnologia
mento, isso foi muito direcionado aos processos
vem orquestrando novas formas de se relacio-
de mensuração e investigação quantitativa com
nar e produzir. Diante desta complexidade, há
o foco na produtividade, mas gradativamen-
uma necessidade de se ampliar o diálogo com
te conquistou espaço para atuar nos âmbitos do
outras áreas do conhecimento, sendo enfatizada
comportamento e da cultura organizacional.
a atuação multidisciplinar para a compreensão
Foram muitas as denominações que acompanharam as transformações de cada época. Depois
do comportamento humano na estrutura e funcionamento das organizações.
de uma razoável evolução histórica, que come-
Há uma preocupação por parte da CPOT em
çou com o nome de Psicologia Industrial, Psi-
perceber questões atuais relacionadas ao traba-
cologia Organizacional e Psicologia do Trabalho,
lho no campo da Psicologia como: imperativo
a área foi se alargando para chegar a essa con-
das competências, o trabalho nômade e a ter-
formação mais abrangente, denominada Psico-
ceirização; aumento gradativo de assédio moral
logia Organizacional e do Trabalho, termo mais
e de afastamento laboral por doenças vinculadas
utilizado por muitos autores expoentes da área,
aos transtornos mentais; equidade de gênero;
CO N TATO E D I Ç ÃO 1 0 5
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COLUNA POT
COF ORIENTA
promoção de uma real inclusão das pessoas com de-
assunto e, sim, promover um diálogo quanto às impli-
ficiências; as novas tecnologias e o impacto nas rela-
cações citadas no texto.
ções interpessoais; o aumento frenético dos índices de
Há muito trabalho a ser feito pela(o) profissional
desemprego, que já vem trazendo seus efeitos sociais
da Psicologia, assim como uma urgência em se am-
como desvalorização salarial e de benefícios; a insta-
pliar o suporte teórico através da pesquisa.
bilidade e estresse no ambiente corporativo; e a redu-
E você, o que pensa a respeito?
ção das equipes que impelem a sobrecarga de tarefas.
Convidamos você, leitora e leitor, a fazer parte da
A intenção não é finalizar questões sobre este
CPOT e debater conosco este e outros temas!
REFERÊNCIAS: ZANELLI, J. C.; BORGES-ANDRADE, J. E.; BASTOS, A. V. B. (Org.). Psicologia, organizações e trabalho no Brasil. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
MALVEZZI, S.. Psicologia Organizacional: da administração científica à globalização - uma história de desafios. São Paulo: USP, 2000.
Revista Diálogos, ano 4, número 5, 2007.
SERRES, M.. A Lenda dos Anjos. São Paulo: Aleph, 1995.
Série técnica: manual de psicologia organizacional / Marta Naguel, Regina Denck. - Curitiba : Unificado, 2007.
Revista Psicologia: Ciência e Profissão, volume 10, número 1, Brasília, 1990.
CALDAS, M. P.. Enxugamento de Pessoal no Brasil: podem-se atenuar seus efeitos em empresa e indivíduo? RAE – Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 40, n. 1, p. 29-41, jan/mar 2000.
CBO - Classificação Brasileira de Ocupações do Ministério do Trabalho.
Prestação de serviço online: credenciamento de site Comissão de Orientação e Fiscalização Jefferson Simomura (CRP-08/11521) Orientador Fiscal
Desde 2012, o atendimento online passou a ser
“Sou professor e Psicólogo Clínico há 10 anos, e re-
regido pela Resolução CFP nº 011/2012. Esta re-
centemente recebi uma proposta para supervisionar
solução regulamenta os serviços psicológicos re-
outros profissionais a distância e atender clientes da
alizados por meios tecnológicos de comunicação
clínica de maneira eventual (numa viagem temporá-
a distância e o atendimento psicoterapêutico em
ria ao exterior). Tive conhecimento da necessidade da
caráter experimental. No entanto, ainda há vários
criação de um site e gostaria de aproveitar este meio
questionamentos por parte da categoria com re-
para divulgação de todas as minhas atividades profis-
lação a esse serviço.
sionais como professor de Psicologia e Psicólogo Clíni-
Percebemos a importância de abordar esta te-
co. Como devo proceder?”
mática pouco discutida entre a categoria devido a alguns questionamentos que chegam até o
Primeiramente, vamos definir quais ativida-
Conselho Regional de Psicologia do Paraná (CR-
des podem ser realizadas no atendimento online:
P-PR). Portanto, o caso fictício a seguir servirá como base para que possamos sanar as dúvidas:
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•
Todas as orientações das diversas abor-
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COF ORIENTA
dagens teóricas, desde que não ultrapasse 20 encontros ou contatos virtuais, síncronos (necessária presença do remetente e destinatário simultaneamente) ou assíncronos (não depende da presença simultânea do remetente e do destinatário na comunicação); •
Processos prévios de seleção de pessoal (entrevista, análise curricular, entre outros);
• •
•
COLUNA ÉTICA
serão ofertados; 5. Informar sobre a vulnerabilidade do meio eletrônico; 6. Informar quanto ao sigilo profissional de acordo com o CEPP; 7. Informar o número máximo de encontros permitidos; 8. Informar sobre o público-alvo – caso for
Aplicação de testes devidamente regula-
atender criança ou adolescente, orientar
mentados por resolução pertinente;
sobre a necessidade de autorização dos
Supervisão do trabalho de Psicólogas(os),
responsáveis;
realizada de forma eventual ou comple-
9. Serão permitidos somente quatro links:
mentar ao processo de sua formação pro-
para o site do CRP-PR, para o site do Con-
fissional presencial;
selho Federal de Psicologia (CFP,) para o
Atendimento eventual de clientes em trân-
CEPP e para a Resolução CFP nº 011/2012;
sito ou de clientes que momentaneamente
10. Colocar a informação que o site está em
se encontrem impossibilitados de compa-
processo de credenciamento no CFP;
recer ao atendimento presencial.
11. Poderá conter artigos, desde que haja referência bibliográfica e o assunto es-
Lembrando que as atividades citadas acima devem ser pontuais, informativas e focadas no
teja estritamente relacionado à prestação do serviço online.
tema proposto e que não devem ferir o disposto no Código de Ética Profissional do Psicólogo (CEPP). As outras atividades, como palestras, cursos e atendimento clínico presencial, não podem ser divulgadas no mesmo site, pois este precisa ser
Já a divulgação deste site de atendimento
Diante dos impasses éticos apresentados à Comissão de Ética nos últimos anos, temos buscado promover reflexões
online poderá ser feita em qualquer outro meio
que destaquem a importância de uma conduta e uma prática essencialmente éticas no campo da Psicologia. Ao longo
de comunicação.
destes debates, permeamos diversos temas, múltiplos espaços e novas demandas. Ainda assim, notamos que é perti-
Assim que o site estiver pronto, a(o) profis-
nente fazer um retorno à origem ou àquilo que corresponde à essência do fazer da(o) Psicóloga(o): a palavra, a escuta.
sional deverá acessar http://cadastrosite.cfp.org.br
Premissa maior da prática da(o) Psicóloga(o) em qualquer área em que se encontre, a escuta é a ferramenta essen-
Na prestação de serviços online, é importan-
e realizar o processo de cadastramento. O pro-
cial para o trabalho. Para além do simples ouvir, a escuta é o que diferencia e qualifica a(o) profissional da área, na
te que a(o) profissional se atente aos seguintes
cesso de avaliação é feito pelo CRP-PR, que terá
medida em que permite a compreensão isenta de julgamento daqueles que nos demandam.
critérios:
um prazo de 60 dias para a emissão de um pa-
exclusivo para prestação dos serviços online.
Para esta reflexão, a Comissão de Ética convidou o Psicólogo Antônio Fumagalli Junior para dialogar sobre o assunto.
recer. Se o parecer for favorável, o site receberá 1.
O site deverá possuir domínio próprio,
um selo certificando o cadastro que será emitido
geralmente com final “.br”;
pelo CFP. Caso contrário, a(o) profissional será
2. Deverá constar no site o nome completo, número de registro e minicurrículo; 3. Deverá conter a definição de orientação online; 4. Descrever de forma clara os serviços que
orientada(o) e terá um prazo de 20 dias para realizar as adequações. Em caso de dúvidas, a Comissão de Credenciamento de Sites do CRP-PR está à disposição através do e-mail credenciamentosites@crppr.org.br.
R E F L E XÕ E S S O B R E A P E RG U N TA
Qual é a ética em uma escuta? Antônio Fumagalli Junior (CRP-08/14988)
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COLUNA ÉTICA
O que se segue são reflexões e opiniões pró-
a possibilidade daquele que fala construir algo
o que é seu do que está ouvindo. Não vejo pro-
nos dizem? Estamos conseguindo suportar a
prias a partir da prática cotidiana de um Psicó-
novo para si – seja um saber, um efeito tera-
blemas, por exemplo, em encaminhar a um co-
realidade de seus discursos sem a ambição de
logo. Sem a preocupação imediata de fazer uma
pêutico, ou uma nova forma de se relacionar
lega um caso que esteja suscitando dificuldades
corrigi-los, ou algo do gênero? Deixo tais per-
discussão teórica ou legal sobre o tema, mas
com o mundo. Uma escuta não comporta, no
neste sentido. Isto é, inclusive, desejável.
guntas como provocações para aqueles que se
admitindo que ela exista e seja necessária.
meu ponto de vista, outra configuração. Qual-
Fazer tais considerações em uma publicação
O que entendo por escuta é um instrumen-
quer procedimento que busque incluir (de fora
para Psicólogos pode parecer algo nada origi-
to da prática que busca acolher, investigar, ex-
para dentro) um conceito, um valor ou um ideal
nal, uma obviedade neste campo, e ainda, no
A escuta, sendo uma oferta diante de uma
plorar e dar tratamento a demandas. Quando
naquele que está diante de nós não é propria-
fim, cair no senso comum sobre a necessidade
demanda, não se restringe somente a um ou
escuto alguém, parto da aposta de que este ato
mente uma escuta.
de quem se põe a escutar o sofrimento alheio
outro campo de trabalho. Lidamos com de-
também ser escutado através de um processo
mandas em qualquer campo de nossa prática.
terapêutico ou analítico.
Será que operamos com elas de forma ética?
questionam sobre as demandas que recebem e as respostas que oferecem a elas.
poderá produzir efeitos naquele que está diante
Mas operar neste nível é algo bastante exi-
de mim com sua demanda, desde que se propo-
gente e, em certa medida, desafiador para quem
nha a falar dela.
se propõe a receber demandas. Percebo que
Contudo, a experiência demonstra que nun-
Para concluir: em relação à pergunta sobre
Uma demanda se manifesta sob o que se
uma questão é prioritária e tende, de alguma
ca é demais fazer estas lembranças e, princi-
a ética em uma escuta, a minha resposta é que,
fala, nas entrelinhas do que se pede. Porque
forma, a se relacionar com todas as dificulda-
palmente, resgatar seus fundamentos, pois
diante de uma demanda, a oferta de uma escu-
nem sempre – ou na maioria das vezes – há
des para que se instaure uma escuta. Observo
existe uma tendência em simplificar tal ques-
ta é uma conduta ética. Seguindo o que entendo
coincidência entre o que é declarado na fala e o
que o mais exigente, e mais difícil, é aquele que
tão e a esquecer a repercussão que isso pode
por escuta, escutar é ético.
que se quer de verdade. Isso não quer dizer que
ocupa o lugar de quem recebe as demandas po-
causar em nossa prática. Por exemplo, quan-
a verdadeira questão não esteja na fala, pelo
der separar aquilo que ouve daquilo que é seu,
do se acha que essa problemática se restringe
contrário, está ali, e é por isso que se trata de
de sua pessoa (seus afetos, seus medos, seus
apenas à prática clínica.
escutar. Mas há que se escutar aquilo que uma
valores, sua moral, suas ambições, etc.). Para
fala carrega para além dela própria, e isso que
ser mais rigoroso: que consiga separar as de-
ridos em instituições de diversas natu-
ela carrega só poderá ser reconhecido na me-
mandas que ouve de suas próprias...porque elas
rezas e finalidades, permeadas por
dida em que se torna palavra, que se fala so-
existem. Lidamos com um material extrema-
discursos próprios. As instituições
bre isso. Por isso que quem escuta não pode se
mente delicado (poderíamos resumir simplifi-
públicas governamentais são as
furtar a interrogar e investigar aquilo que ouve.
cadamente que são as emoções e ações huma-
mais comuns. Nestas institui-
É neste ponto que incide a aposta de que o
nas) que tende a incluir nossa pessoa em suas
ções, deparamo-nos com de-
ato de escutar alguém poderá produzir efeitos
manifestações, e também porque este mesmo
mandas cada vez mais com-
naquele que fala, se ele vier a saber mais sobre
material opera em nós e tende a se manifestar
plexas e com casos-limite.
aquilo que diz ou faz (porque o que faz, seus
em nossas relações. Se minhas questões emo-
Estamos conseguindo ofer-
atos, também têm valor de palavra). Este é um
cionais entram em cena, minha escuta fica “vi-
tar de fato uma escuta para
princípio: que aquele que fala – que pede, que
ciada”, e diminui-se a chance (para não dizer
estas demandas? Consegui-
demanda – poderá vir a saber sobre si, inclusive
que se acaba) de que aquele que fala construa
mos reconhecer as deman-
sobre o que está demandando.
algo novo, porque já não se aponta para o que
das presentes nos pedidos
ele diz e sim para o que eu penso, ou sinto, so-
do juiz ou da instituição em
bre o que ele diz.
que trabalhamos, por exem-
Ou seja, em minha prática, escutar uma pessoa é, essencialmente, dirigi-la para o que
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COLUNA ÉTICA
Vejo cada vez mais os Psicólogos inse-
ela própria está dizendo, apontar para as en-
Mas, também não concordo com aque-
plo? Comunicamos à família
trelinhas de suas palavras, ou de seus atos,
les que defendem uma neutralidade impessoal
qual é a sua verdadeira de-
avançar nisso. Escutar alguém é, de certa for-
quase absoluta do Psicólogo, em que qualquer
manda? Estamos, também,
ma, um instrumento prático para que aquele
reação que esteja longe dos padrões de descri-
conseguindo escutar nossos
que está diante de mim se escute, e possa reco-
ção é condenável. O que posso dizer aqui é que
pacientes/usuários sem co-
nhecer e saber sobre aquilo que estava afastado
o profissional esteja ao menos advertido de sua
locar nossas questões pes-
de seu conhecimento. O que a escuta produz é
tarefa, assim como possa reconhecer e separar
soais à frente do que eles
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CAPA
CAPA
MANICÔMIOS NUNCA MAIS! A consolidação da Reforma Psiquiátrica e os rumos da saúde mental Ellen Nemitz
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Às vésperas de completar 15 anos de existên-
uma vez que os manicômios sempre foram lo-
cia, a Reforma Psiquiátrica instituída pela lei
cais onde as pessoas ditas loucas eram jogadas
nº 10.216/01 passou por um grande teste de re-
pela sociedade e passavam muitas vezes a vida
sistência quando o Ministro da Saúde, Marcelo
toda sem contato com o mundo externo e sem
Castro, nomeou Valencius Wurch Duarte Filho
condições mínimas de dignidade humana. Ob-
para o cargo de Coordenador Nacional de Saúde
viamente, este modelo de tratamento não sur-
Mental, Álcool e Outras Drogas. Manifestantes
tia o efeito desejado, ou seja, não curava as pes-
ocuparam a sala da Coordenação, em Brasília, e
soas com transtornos mentais. Ao contrário, era
diversos atos foram realizados no país pedindo
comum que piorassem lá dentro e nunca mais
a exoneração de Valencius. O motivo? Ele é um
obtivessem a liberdade, sendo submetidas a si-
médico psiquiatra que defende o modelo ma-
tuações como receber sessões de terapia com
nicomial e foi diretor do maior hospital psi-
choques e viver em lugares insalubres e quase
quiátrico da América Latina - a Casa de Saúde
sem alimentação.
Doutor Eiras, em Paracambi/RJ, fechada defini-
Graças à luta de muitas pessoas, o modelo de
tivamente em 2012. Logo, sua gestão represen-
assistência à saúde, em especial à saúde men-
taria um risco às conquistas da Lei Antimanico-
tal, mudou muito no Brasil. “Vale lembrar que
mial. “Nomear como gestor nacional de saúde
os avanços conquistados estão inscritos em um
mental um profissional que não se alinha às
contexto mais amplo e aqui me refiro ao Sistema
lutas sociais tão arduamente consolidadas em
Único de Saúde [SUS]. Estamos escrevendo uma
políticas em prol do cuidado em liberdade da
outra história da saúde pública, e reescrevendo o
pessoa que sofre psiquicamente é inaceitável”,
cuidado à pessoa que sofre psiquicamente”, co-
diz Maria Lucia Boarini (CRP-08/IS-008), Psi-
memora a Psicóloga.
cóloga e professora da Universidade Estadual de
Mas, será que o modelo de atenção psicos-
Maringá (UEM). Apropriando-se da fala do psi-
social que existe hoje no Brasil dá conta de cui-
quiatra Paulo Amarante, um dos mais destaca-
dar com qualidade das pessoas com transtornos
dos defensores da Reforma Psiquiatra no Brasil,
mentais? Nós não queremos manicômios, mas
Maria Lucia diz que a nomeação de Wurch é um
será que estamos amadurecidos o suficiente para
ataque não apenas à Reforma Sanitária e à Re-
saber o que queremos?
forma Psiquiátrica, mas a toda luta por direitos,
Ainda segundo Maria Lucia Boarini, o mo-
democracia, respeito e dignidade dos cidadãos
delo que temos hoje é suficiente para dar con-
neste país. “É algo muito sério, que está agre-
ta da demanda em saúde mental. Nos últimos
dindo a democracia, a liberdade, a participação.
anos, a Política Nacional de Saúde Mental, Ál-
Seguimos com o lema ‘Nenhum passo atrás,
cool e Outras Drogas e as resoluções e portarias
manicômios nunca mais’”.
decorrentes instituíram um modelo de atenção
O lema a que a Psicóloga se refere é a gran-
psicossocial que prioriza o cuidado em liberdade.
de marca do Movimento Antimanicomial hoje.
Sem tirar a pessoa com transtornos mentais ou
Não se pode negar a legitimidade desta causa,
que faz uso abusivo de substâncias psicoativas
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CAPA
CAPA Foto: carlossam.blogspot.com.br
Foto: Prefeitura Municipal de Curitiba www.curitiba.pr.gov.br
de sua comunidade, o tratamento acontece principalmente nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), que recebem as pessoas e oferecem tratamentos com equipes multidisciplinares. Os leitos em hospitais psiquiátricos foram bastante reduzidos – segundo o Ministério da Saúde, de 2010 a 2014 houve a redução de 17% do total de hospitais especializados em psiquiatria pelo SUS (eram 215 e, em 2014, o número caiu para 178) –, sendo que o tratamento migrou para os CAPS, Residências Terapêuticas, Unidades de Acolhimento e Consultórios de Rua, além da disponibilidade de leitos em Hospitais Gerais para atendimento à crise. Para Maria Lucia, porém, ainda há muito o que se fazer. “Esta proposta tem que deixar de ser discurso e se transformar em ato, tem que ser implementada e adequada-
do profissional não rompe com o
Psicologia, desconhece-se ou não se dá im-
termos um atendimento de qualidade, precisarí-
mente gerenciada. Aliás, em algumas regiões se-
modelo epistemológico que defende o isola-
portância à participação nos Conselhos de
amos aumentar a estrutura de atendimento com
quer foi implantada ou, salvo melhor juízo, em
mento como terapia e sua prática em nada
Saúde;
ambulatórios, hospitais-dia, mais vagas de de-
alguns municípios entende-se como atenção à
se difere do que se faz no hospital psiqui-
Talvez o maior e mais desafiante “gargalo”,
sintoxicação em hospitais integrais e hospitais
saúde mental o contrato de um Psicólogo que
átrico. Nada se faz em prol da dignidade,
na opinião da Psicóloga, ainda seja a trans-
gerais”, diz Burkiewicz.
deve atender à UBS, APAE, Conselho Tutelar. Até
da reconstrução da autonomia da pessoa
formação sociocultural, a mudança no nosso
O presidente da APPSIQ não quis emitir opi-
aí podemos entender que se caracteriza a inter-
que sofre psiquicamente. A Rede de Aten-
modo de conceber e lidar com o sofrimen-
nião sobre a nomeação de Wurch para a Coorde-
setorialidade. Ledo engano. Tais atendimentos
ção Psicossocial (RAPS) acaba produzindo
to psíquico. Tradicionalmente, a sociedade
nação Nacional de Saúde Mental, Álcool e Ou-
ficam circunscritos ao modelo médico tradicio-
uma caricatura do hospital psiquiátrico. A
acredita que a saúde mental é um problema
tras Drogas. No entanto, seu prognóstico para os
nal e sequer há vestígios de interdisciplinarida-
formação em saúde é, de fato, um grande
dos especialistas. Aliás, no imaginário social,
próximos anos não é bom. “Estamos vendo um
de. Ainda mais estranha à proposta da Reforma
desafio;
não só a saúde mental, mas a saúde em geral
aumento significativo de pacientes sendo afas-
Outro ponto a destacar é a quase ausên-
é um problema cuja solução está em mãos do
tados por doenças psiquiátricas, aumento da po-
CAPS, o hospital psiquiátrico e as comunidades
cia de CAPS 24 horas ou leitos psiquiátri-
especialista. “Por paradoxal que possa pare-
pulação de rua e carcerária com transtornos psi-
terapêuticas”.
quiátricos. Infelizmente, temo pelo pior”.
Psiquiátrica é a parceria “harmônica” entre os
cos em hospitais gerais para acolher a pes-
cer, o mosquito Aedes aegypti prova que não é
A Psicóloga destaca quais seriam os princi-
soa em situação de crise. A crise que ataca a
bem assim. A produção da saúde ou da doen-
Maria Lucia Boarini também acredita que o
pais pontos que levam a problemas na execução
pessoa que sofre psiquicamente desconhece
ça é também e, principalmente, uma produ-
futuro reserva problemas. Mas ela aponta justa-
do modelo, mas alerta que pontuar ‘gargalos’ ou
horários e feriados. Neste caso, em geral, só
ção coletiva, territorial”.
mente a nomeação de Wurch como um dos in-
responsáveis não dá conta da complexidade des-
existe uma porta aberta, a do hospital psi-
te processo. “A linearidade no sentido de causa e
quiátrico. Então, como consolidar a RAPS se
Para o presidente da Associação Paranaense de
temos outros fatos que podem se caracterizar
efeito é má conselheira”. Apesar destas conside-
seus equipamentos funcionam apenas no
Psiquiatria (APPSIQ), André Rotta Burkiewicz, o
como retrocessos em relação aos avanços con-
rações, ela destaca o que pode obstruir a conso-
horário comercial? “Como diz o ex-minis-
problema da saúde mental não está sendo tratado
quistados, como, por exemplo, a disseminação
lidação da rede de atenção psicossocial:
tro da saúde, Arthur Chioro, ‘isto é brincar
da maneira correta. Segundo ele, não há dúvidas
das internações compulsórias dos usuários de
de disputar projeto com o hospital psiquiá-
de que existia a necessidade de melhorar o sis-
drogas e o financiamento das Comunidades Te-
trico’”, diz Boarini;
tema de atendimento em saúde mental, princi-
rapêuticas pelo SUS”, diz. No entanto, ela lembra
A ausência do controle social é um fato que,
palmente os hospitais psiquiátricos com caracte-
que esta não é a primeira vez que a sociedade se
Psiquiátrica e acabam reproduzindo o me-
também, tem um impacto muito grande.
rísticas asilares, porém, a maneira como foi feito
depara com desafios e, com o engajamento cole-
canismo que ele próprio critica. A atuação
Em geral, e em especial a(o) profissional da
teria criado uma situação de desassistência. “Para
tivo, é possível transpor as dificuldades. “Diria o
•
Alguns profissionais de saúde não têm claro os princípios que orientam a Reforma
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•
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•
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dícios de que teremos retrocessos. “Além disso,
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CAPA
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velho Marx, no século XIX, que quando o proble-
cuidado com os grupos mais vulneráveis (crianças,
ma se põe, a solução já existe. Então, não é com
adolescentes, jovens, pessoas em situação de rua e
lágrimas ou lamentos que encontraremos a saída
populações indígenas), a prevenção do uso de álco-
necessária. E aqui vale lembrar que os avanços já
ol e outras drogas e também a Redução de Danos
conquistados são, em sua maioria, frutos de lu-
decorrentes deste uso (para saber mais sobre Re-
tas coletivas, envolvendo trabalhadores da saú-
dução de Danos, ver as edições 99 e 102 da revista
de, usuários, familiares, órgãos de classe e muita
Contato), além da reabilitação e reinserção social
determinação”.
das pessoas com transtornos mentais e problemas
Como citou a Psicóloga, a construção de um novo paradigma exige tempo e dedicação por parte daqueles que se propõem a mudar uma situação ruim. “Ainda estamos construindo este
CAMPOS DE ATUAÇÃO
Estratégias de Desinstitucionalização
Programa de Volta para Casa
Estratégias de Reabilitação Psicossocial
Iniciativas de Geração de Trabalho e Renda Empreendimentos Solidários e Cooperativas Sociais
Fonte: Ministério da Saúde
decorrentes do abuso de substâncias psicoativas. Para cumprir os objetivos propostos, existe uma complexa rede de atendimento composta por: COMPONENTE
CAMPOS DE ATUAÇÃO
Nacional de Saúde Mental (2001) e da IV Conferência Nacional de Saúde Mental Intersetorial (2010). Atualmente, é professor adjunto da UFRJ e suas pesquisas são no campo das políticas de saúde mental, álcool e outras drogas e atenção primária à saúde. Contato: Desde a Lei da Reforma Psiquiátrica, em 2001, quais os avanços que tivemos no cuidado em
O olhar da Psiquiatria
saúde mental? Pedro Delgado: Vamos completar 15 anos de vi-
O tratamento em saúde mental é, por natureza,
gência da lei nº 10.216/01 agora em abril [a en-
te muitos outros existirão. Ainda somos con-
Unidade Básica de Saúde
interdisciplinar. Médicos psiquiatras, Psicólo-
trevista foi feita em fevereiro de 2016]. É um bom
tra-hegemônicos. Ainda não conseguimos le-
gas(os) e terapeutas ocupacionais, por exemplo,
tempo para fazer um balanço. O principal avanço
var avante a questão dos hospitais de custódia e
Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF)
são especialistas essenciais no cuidado com as
vai além do campo do cuidado, e diz respeito a
tratamento psiquiátrico [nova denominação dos
Consultórios na Rua
pessoas com transtornos mentais ou sofrimen-
uma nova compreensão do tema do sofrimen-
Apoio aos Serviços do componente Atenção Residencial de Caráter Transitório
tos decorrentes do uso abusivo de álcool e outras
to mental e dos direitos do usuário de serviços.
drogas. Por isso, nesta edição da revista Conta-
Como diretriz ética e filosófica, a lei foi exten-
to, em que fazemos uma retomada das questões
samente acolhida entre profissionais de saúde e
envolvendo a Reforma Psiquiátrica, conversamos
da assistência social, e entre os operadores do
com o médico Psiquiatra Pedro Gabriel Godinho
direito. Não se discute mais, por exemplo, que
Delgado, que foi Coordenador Nacional de Saúde
a internação involuntária deva ser comunicada
Mental, Álcool e Outras Drogas entre agosto de
a uma instância de proteção de direitos, mesmo
2000 a dezembro de 2010.
que isto ainda se faça de modo imperfeito. Não se
projeto e os desafios existem e provavelmen-
manicômios judiciários]. Os hospitais psiqui-
Atenção Básica em Saúde
átricos produziram uma legião de pessoas cronificadas, infantilizadas, destituídas de vínculos
Centros de Convivência e Cultura
de qualquer natureza, sejam eles familiares, de amizade, etc. Ao segregar a pessoa que sofre psi-
esta pessoa a algo que se pode chamar de ‘morte
Centros de Atenção Psicossocial, nas suas diferentes modalidades (CAPS I, II, III, AD, AD III, i).
civil’. Como nos ensinou Franco Basaglia, o ícone
SAMU 192
quicamente do seu cotidiano diversificado, fonte de toda aprendizagem humana, condenamos
Atenção Psicossocial Estratégica
da Reforma Psiquiátrica no Brasil, ‘a liberdade é terapêutica’”.
Atenção de Urgência e Emergência
Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) compreende um conjunto de equipamentos para atendimentos de pessoas com transtornos mentais ou que fazem
Atenção Residencial de Caráter Transitório
em 2011 e vinculada ao Sistema Único de Saúde
promover os vínculos familiares durante o acom-
Serviço Hospitalar de Referência para Atenção às pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas
Estratégias de Desinstitucionalização
Serviços Residenciais Terapêuticos
dos pontos de atenção das redes de saúde no território, prezando pelo acolhimento, acompanhamenequipes multidisciplinares da RAPS é baseada no
Unidade de Acolhimento
Atenção Hospitalar
panhamento e garantir a articulação e integração
to contínuo e atenção às urgências. A atuação das
UPA 24 horas e portas hospitalares de atenção à urgência/pronto socorro, Unidades Básicas de Saúde
Delgado é formado em medicina pela Uni-
defende mais a institucionalização em hospitais
versidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), possui
de longa permanência. Ocorreu uma mudança
mestrado em Psiquiatria pela Universidade Fede-
indiscutível no estatuto jurídico dos pacientes
ral do Rio de Janeiro (UFRJ) e doutorado em Me-
com transtorno mental, embora este seja ainda
dicina Preventiva pela Universidade de São Paulo
um processo em andamento. Quanto ao cuidado
(USP), além de ser pós-doutor pela London School
em saúde mental, a Reforma Psiquiátrica já vi-
of Hygiene and Tropical Medicine, da Universida-
nha se realizando antes da lei, mas deu um salto
de de Londres. Foi presidente da III Conferência
decisivo, que pode ser expresso em números. Os
Enfermaria especializada em Hospital Geral
(SUS), a RAPS tem como objetivos ampliar o acesso à atenção psicossocial da população em geral,
Sala de Estabilização
Serviço de Atenção em Regime Residencial
uso abusivo de substâncias psicoativas. Instituída
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COMPONENTE
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CAPA
CAPA
CAPS passaram de 200 para mais de 2.000; Re-
rede frágil, mesmo se tiver leitos para interna-
sidências Terapêuticas, que quase não existiam,
ção, não dará conta das situações de crise.
são mais de 600; a atenção básica incorporou a
muito negativos, porque paralisa o processo da Reforma, gera uma inconformidade quase unâ-
Pedro Delgado: Existe um conflito de concepções
nime entre os milhares de profissionais do cam-
saúde mental em seu elenco de atendimentos; os
Contato: O que precisaria ser feito, na sua opinião,
entre os que defendem a Reforma Psiquiátrica,
po, usuários e familiares e produz um desgaste
leitos psiquiátricos se reduziram de 60.000 para
para melhorar o tratamento que hoje é ofertado em
isto é, o atendimento no SUS, de base territorial,
desnecessário diante dos enormes desafios atu-
26.000; os profissionais de saúde mental incor-
saúde mental, álcool e outras drogas? Qual seria o
buscando promover a cidadania dos usuários, e
ais que a saúde pública tem que enfrentar, neste
porados na rede SUS já são mais de 30 mil. São
modelo adequado de tratamento, tanto para trans-
um atendimento mais baseado no modelo dos
contexto de recrudescimento de epidemias, des-
dados muito expressivos de um avanço real da
tornos quanto para quem faz uso abusivo de drogas?
ambulatórios de especialidades, sem base terri-
financiamento do SUS e grave crise política, com
torial, sem tomar como desafio central o cotidia-
ameaças à própria democracia. Ainda acredito
cobertura em saúde mental. Pedro Delgado: A resposta brasileira para o de-
no e a autonomia dos usuários, e muito marcado
que o Ministro saberá construir uma saída para
Contato: Quais são os gargalos na Rede de Aten-
safio do acesso ao tratamento em saúde mental
pelo reducionismo das terapêuticas biomédicas.
esta crise, que só serve aos adversários da Refor-
ção Psicossocial hoje? O atendimento às crises, por
me parece no essencial correta e ousada, tan-
Esta divergência já existia antes da lei de 2001, e
ma Psiquiátrica.
exemplo, é feito de maneira adequada? Você consi-
to que vem obtendo grande reconhecimento in-
me parece muito mais uma oposição entre práti-
dera que a estrutura que existe hoje dá conta de to-
ternacional. O “modelo” é muito bom: rede de
cas universalistas de saúde pública e práticas pri-
Contato: O que se pode esperar dos próximos anos na
dos os casos?
base territorial, com articulações intersetoriais,
vadas ou estritamente universitárias. Para mim,
atual conjuntura?
praticando uma clínica que busca a autonomia
o mais importante são as oposições e divergên-
Pedro Delgado: A estrutura que existe hoje não
possível dos usuários, compartilhando o conhe-
cias que se dão dentro do nosso campo, entre
Pedro Delgado: A questão central é superar a crise
dá conta de todos os casos. Em nenhum país do
cimento e o cuidado com os familiares e a so-
aqueles que fazem a Reforma Psiquiátrica. Penso
política, que afeta a estabilidade das instituições
mundo a cobertura assistencial é integralmente
ciedade. A base estrutural é a atenção primária,
que estamos conseguindo ampliar a participação
democráticas. Retomar o rumo do SUS, que vem
satisfatória. Mas no Brasil temos lacunas muito
especialmente a Saúde da Família, e o dispositi-
mais ativa dos profissionais de psiquiatria neste
apresentando dificuldades estruturais, especial-
importantes, a serem com urgência enfrentadas.
vo estratégico é o CAPS, em suas diversas con-
debate. Já existe um grupo de “Psiquiatras a fa-
mente de financiamento e de modelos de gestão.
Primeiro, a atenção básica ainda funciona abaixo
figurações. Eu não mudaria o desenho, apenas
vor da Reforma Psiquiátrica” com mais de 400
Reconstruir os dispositivos de gestão descentra-
das suas potencialidades para a atenção em saú-
o aprofundaria radicalmente, corrigindo distor-
participantes, o que me parece estimulante. Des-
lizada da saúde mental, fortalecendo os colegia-
de mental. Segundo, os CAPS estão passando por
ções e lacunas, para responder aos novos desa-
ta forma, divergências que existem entre nós,
dos de coordenação e os movimentos de usuários
sérios problemas de gestão, com precarização
fios. Por exemplo: como atender as pessoas que
como, por exemplo, saber qual o papel do tra-
e familiares, para sustentar o avanço da Reforma
do trabalho e baixo investimento, tendo assim
sofrem com os transtornos mentais comuns, tais
tamento medicamentoso como parte da atenção
em tempos difíceis.
muito reduzida sua enorme capacidade de fun-
como as diversas formas de ansiedade, depressão
psicossocial, poderão ser debatidas em benefício
cionar como referência em saúde mental, para
e sintomas corporais, que afetam a todos nós em
da ampliação e aprofundamento dos diversos sa-
Contato: Depois de 15 anos de Reforma Psiquiátrica,
cada território. Terceiro, a estratégia de atenção
algum momento da vida? Isto exigiria uma am-
beres que compõem o campo psicossocial.
você acha que hoje o movimento está amadurecido
integral em álcool e outras drogas está sem di-
pliação da capacidade de acolhimento dos servi-
reção, confusa, premida pelas pressões institu-
ços, a implantação de inovações nas práticas e o
Contato: Você é psiquiatra e já foi Coordenador Na-
cionais e da mídia, e não pelas legítimas urgên-
aperfeiçoamento da formação técnica dos profis-
cional de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas.
cias da complexa tarefa que tem que enfrentar.
sionais. Outro desafio é melhorar a continuidade
Como vê a entrada de Valencius Wurch no cargo?
Quarto, a integração intersetorial é tímida, e, às
do acompanhamento de usuários com transtor-
vezes, inadequada. Os desafios da saúde mental
nos mais graves. No caso de álcool e outras dro-
Pedro Delgado: Tive a oportunidade de respon-
tável amadurecimento. São várias gerações que
são também oriundos da crise social, da vulne-
gas, a tarefa é bem maior, porque a rede existen-
der a esta pergunta em audiência com o Ministro
se engajaram na bandeira da “Sociedade sem
rabilidade, e as várias políticas estão pouco arti-
te é muito pequena e há uma visível confusão de
da Saúde e várias entidades, dia 5 de fevereiro.
Manicômios”, constituindo uma força social e
culadas, devido à baixa ressonância da convoca-
estratégias clínicas, além da tentação totalitária
Não tenho críticas específicas ao Valencius Wur-
política admirável. A conjuntura é difícil, ins-
ção que a saúde mental deveria fazer às políticas
representada pelas comunidades terapêuticas.
ch. Mas sua escolha para esta função foi, a meu
tável, imprevisível, exigindo a construção com-
ver, um erro de avaliação do Ministro, talvez
partilhada de estratégias bem pensadas, serenas,
sociais e à sociedade. Quanto às crises, as lacu-
24
x Hospitais”? Como você vê esta questão?
em relação ao que quer conquistar e ruma para um ponto certo? Pedro Delgado: São 15 anos da lei, e já 36 anos do movimento da Reforma Psiquiátrica. Há um no-
nas existentes devem-se à fragilidade da rede de
Contato: Ainda existe um embate de ideias entre a
por desconhecimento da complexidade do cam-
mas firmes. Claro que, no momento, o risco para
saúde mental em vários lugares, e pouca clareza
Psicologia e a Psiquiatria no sentido do que defen-
po da saúde mental no Brasil. Esta nomeação,
a Reforma Psiquiátrica é enorme. Mas temos
sobre a gestão destas situações mais agudas. A
dem para a saúde mental? Existe a dicotomia “CAPS
desde o primeiro momento, produz resultados
força coletiva para seguir no rumo certo.
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HOMENAGEM
HOMENAGEM
Marcus Vinicius de Oliveira Silva uma homenagem à vida de luta pela Psicologia e pelos Direitos Humanos Ellen Nemitz
No início de fevereiro, o Psicólogo Marcus Vinicius de
em 1982. Fez alguns cursos de aperfeiçoamento e,
Oliveira Silva, conhecido como Marcus Matraga, foi
em 1996, concluiu o mestrado em Saúde Coletiva pela
assassinado no município de Salinas das Margaridas,
Universidade Federal da Bahia (UFBA), com a disser-
no Recôncavo Baiano. Até o fechamento desta edição,
tação “A Emergência da Cultura Psicológica na Bahia:
a hipótese mais provável apontada pela polícia local é
do pré-psiquiátrico ao pós-psicanalítico”. Em 1999,
de que Marcus Matraga teria sido vítima do crime por
iniciou seus estudos no doutorado em Saúde Coletiva
atuar com questões de conflito de terra na região. O
da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
Conselho Regional de Psicologia do Paraná (CRP-PR)
Dedicou quatro anos à redação da tese “A invenção da
recebeu a notícia da trágica morte de Matraga com
profissão de psicólogo no Brasil: ideologia profissio-
profundo pesar. Ele era, além de excelente profissio-
nal e modernidade”. Recentemente, em 2011, Matraga
nal, um ativista pelas questões da saúde mental e dos
aprofundou ainda mais seus já vastos conhecimentos
direitos de todas as classes menos favorecidas.
no campo da Psicologia com um pós-doutorado con-
Com a intenção de prestar uma singela homenagem póstuma, mostramos neste texto mais sobre suas ações
cluído no Instituto de Ciências Humanas da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
e seu legado. A intenção é, além de registrar o pesar
Ao mesmo tempo em que se dedicava ao aperfeiço-
pelo falecimento do Psicólogo e homenageá-lo, res-
amento acadêmico, Matraga atuou em diversos órgãos
gatar as causas pelas quais Matraga lutou durante sua
e teve importantes cargos ao longo de sua carreira.
vida, mantendo viva sua luta pelos Direitos Humanos.
Uma de suas principais atuações foi como professor universitário. Iniciou sua carreira como professor
Quem foi Marcus Matraga?
substituto na UFBA em 1991 e foi efetivado como pro-
Marcus Vinicius de Oliveira Silva, o Marcus Matra-
fessor auxiliar por concurso público no ano seguinte.
ga, nasceu em Minas Gerais e se graduou em Psico-
Em 2003, chegou ao cargo de professor adjunto.
logia pela Fundação Mineira de Educação e Cultura
26
Mas não foi apenas nas salas de aula que Matraga
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deixou sua contribuição. No Ministério da Saúde, foi
A luta pelos Direitos Humanos
membro efetivo da Comissão de Acompanhamento do
O principal legado de Marcus Matraga foi, sem dúvida,
processo de Reestruturação da Assistência Psiquiátri-
a luta pelos avanços na saúde mental. A esta causa ele
ca Hospitalar de 2004 a 2006. Ainda na área da saú-
dedicou toda a sua vida. No livro “Loucura, ética e po-
de mental, teve uma participação no Conselho Nacio-
der”, organizado pelo CFP em 2003 a partir de diversos
nal de Saúde como membro da Comissão Nacional de
textos, Marcus dá a sua contribuição com o artigo “O
Saúde Mental (1999 a 2001) – na ocasião, ele era re-
movimento da Luta Antimanicomial e o movimento
presentante do Fórum Nacional de Trabalhadores de
dos usuários e familiares”. Uma nota de rodapé sobre
Saúde. Matraga foi também integrante da Comissão
o autor revela que Marcus Vinicius integrou a Comis-
Nacional de Reforma Psiquiátrica entre 1994 e 1997.
são Organizadora do II Congresso Nacional de Tra-
Colaborava, desde 1991, com o Núcleo de Estudos pela
balhadores de Saúde Mental, realizado em Bauru/SP
Superação dos Manicômios (NESM) e era membro do
em 1987 e a Coordenação Executiva Nacional do Mo-
Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas de Minas
vimento da Luta Antimanicomial de 1987 a 1989; foi
Gerais desde 2012. Neste período também se dedicou
um dos articuladores da Reunião de Rearticulação/Re-
a um projeto de pesquisa da Fundação para o Desen-
organização do Movimento Antimanicomial em 1990
volvimento Científico e Tecnológico em Saúde (FIOTEC)
na cidade de Salvador/BA e coordenador do I Encontro
sobre a implantação da RAPS (Rede de Atenção Psi-
Nacional da Luta Antimanicomial em 1993 também na
cossocial), projeto ligado à Coordenação Nacional de
capital baiana; foi o primeiro representante do Movi-
Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas do Ministério
mento Antimanicomial na Comissão Nacional de Re-
da Saúde.
forma Psiquiátrica do Conselho Nacional de Saúde, em
Além de toda esta atuação intensiva em diversos
1994-1995; participou dos II, IV e V Encontros Nacio-
órgãos relacionados à saúde mental, participou ativa-
nais de Entidades de Usuários e Familiares e dos cinco
mente da consolidação da Psicologia no Brasil e teve
Encontros Nacionais do Movimento da Luta Antima-
diversos cargos de diretoria no Conselho Federal de
nicomial. Este pequeno resumo nos mostra que Mar-
Psicologia (CFP) nas gestões de 1988 – 1989, 1992 –
cus Vinicius foi, de fato, um dos encabeçadores de to-
1995, 1997 – 1998, 1998-2001 e 2004 – 2007 (chegou
dos os avanços que a política nacional de saúde mental
a ser presidente em alguns períodos). Também esteve
teve nos últimos anos, tendo participado dos primór-
em gestões dos Conselhos Regionais de Psicologia de
dios do que viria a ser a Reforma Psiquiátrica.
Minas Gerais e Bahia (CRP-MG e CRP-BA) e integrou
Segundo a Psicóloga Ana Bock, que era bastan-
a direção da Comissão Nacional de Direitos Humanos
te próxima de Marcus Vinicius, ele “foi liderança im-
do Conselho Regional de Psicologia de São Paulo (CRP-
portante, ousada e ativa que, em nenhum momen-
-SP), além de ter sido coordenador do Centro de Re-
to, deixou de estar nela, preocupar-se com ela, agir,
ferências Técnicas em Psicologia e Políticas Públicas
construir propostas e aprimorar o projeto. Teve papel
(CREPOP) entre os anos de 2004 e 2007.
decisivo na aprovação da lei que extinguiu os mani-
Nos últimos anos, já como professor associado
cômios no país, atuou na coordenadoria nacional de
aposentado do Instituto de Psicologia da UFBA, era
saúde mental, realizou eventos ousados como o julga-
coordenador do LEV (Laboratório de Estudos Vincu-
mento simbólico dos hospitais psiquiátricos”.
lares e Saúde Mental IPSI-UFBA), diretor do Insti-
Na área de Direitos Humanos, o Psicólogo contri-
tuto Silvia Lane – Psicologia e Compromisso Social
buiu também com a organização de caravanas de vis-
e consultor eventual da área técnica de Saúde Men-
toria em instituições como os hospitais psiquiátricos,
tal do Ministério da Saúde. Além disso, dedicava-se
de atendimentos a idosos, de aplicação de medidas so-
a defender uma comunidade indígena que enfrentava
cioeducativas de privação de liberdade e muitas ma-
conflitos de terra com fazendeiros na Bahia.
nifestações em embaixadas e praças para alardear
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HOMENAGEM
ENTREVISTA
alguma condição de desrespeito aos direitos. Marcus
colegas que o viram trabalhar em prol de tantos avan-
defendeu com veemência a inserção da Psicologia nas
ços. O coletivo Cuidar da Profissão, a Universidade Fe-
políticas públicas e buscou criar as condições para isto.
deral da Bahia, o CFP, a Escola Nacional de Saúde Pú-
Os seminários de Psicologia e Direitos Humanos, as
blica Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz) – nas palavras de
várias mesas montadas em congressos que fortalece-
Paulo Amarante, um dos principais militantes pela
ram esta relação, o Banco Social de Serviços e o CRE-
saúde mental –, entre outros, divulgaram notas de pe-
POP são alguns exemplos desta atuação. “A ideia era
sar pela brutal e inesperada perda.
ampliar as fronteiras da profissão e da categoria in-
O CRP-PR também se manifestou, no dia 05 de fe-
cluindo muitos fazeres e saberes que, desenvolvendo-
vereiro, com uma nota divulgada no site, reproduzida
-se em vários locais de trabalho, não tinham o reco-
aqui como fechamento desta homenagem.
nhecimento como praticas da profissão. A “Mostra de Práticas em Psicologia: Psicologia e Compromissos So-
“É com muito pesar que recebemos a notícia do fa-
cial” foi a ação mais forte neste campo. A defesa dos
lecimento de Marcus Vinicius de Oliveira Silva, o Mar-
coletivos foi aspecto crucial do
cus Matraga. Psicólogo, militante
método desenvolvido”, conta
“Marcus foi imprescindível,
dos Direitos Humanos, conhecido
Ana Bock. Outro exemplo ci-
mas soube fazer isto a
de muitos. Uma figura ímpar na
tado por Ana é o movimento “Cuidar da Profissão”, cuja
partir da construção de
criação, em 1996, foi inicia-
coletivos, envolvendo muita
tiva de Marcus Vinicius, com
gente que pôde aderir e
o objetivo de desenvolver um
desenvolver com ele o projeto
projeto de intervenção na profissão que pudesse mudar seu
do Compromisso Social da
Psicologia Brasileira atual, exemplo e referência de uma profissão que atua em prol de justiça social. O Conselheiro do CRP-PR Luiz Antônio Mariotto Neto se lembra de quando o conheceu, em Dourados, durante um encontro em
rumo e constituir, no Brasil,
Psicologia. Marcus fará
uma Psicologia que estivesse
muita falta aos amigos e à
dígenas. “Ele foi uma das pesso-
voltada para as necessidades
Psicologia brasileira. Deixa
as que marcou este encontro, com
e urgências da maioria da população brasileira. “Com este
muitas saudades.”
projeto em mãos e com mui-
2013 sobre Psicologia e Povos In-
uma fala contundente, direta e irreverente”. Marcus era uma pessoa que
tos companheirinhos ao seu lado, pudemos colocar em
não se envergonhava de apontar o contrassenso de
prática o projeto que ficou conhecido como ‘Compro-
seus pares e de si mesmo. Hoje se fez prova de que o
misso Social’”, lembra Ana. “Em tudo isto Marcus foi
Brasil é um país perigoso para os que defendem a equi-
imprescindível, mas soube fazer isto a partir da cons-
dade e a dignidade de todos. Um assassinato covar-
trução de coletivos, envolvendo muita gente que pôde
de, de quem está disposto a pagar qualquer preço para
aderir e desenvolver com ele o projeto do Compromisso
manter-se no poder. Felizmente também há pessoas,
Social da Psicologia. Marcus fará muita falta aos ami-
como o Marcus, que dedicam suas vidas até as últimas
gos e à Psicologia brasileira. Deixa muitas saudades”.
consequências para que todos possam conquistar alguma dignidade.
A Psicologia perde um grande nome
Nossos sentimentos e solidariedade aos familiares
Com tantas contribuições para a Psicologia e para a
e colegas, tanto de profissão como de luta. Que a se-
área de Direitos Humanos, Marcus Vinicius conquistou
mente deixada por ele possa germinar em um futuro
amigos e admiradores por onde passou. Prova disso é
melhor, mais solidário e menos covarde. Em luto, con-
a emoção e tristeza que tomaram conta de entidades e
tinuamos em luta!”.
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A PSICOLOGIA E O EMPREENDEDORISMO Como ter sucesso abrindo o seu próprio negócio Quando o estudante de Psicologia se forma e vai para o mercado de trabalho, muitas vezes enfrenta algumas dificuldades e fica com dúvidas sobre qual caminho seguir. Abrir um consultório ou uma empresa, buscar uma colocação em organizações, prestar concurso público ou até mesmo voltar a encarar os estudos em uma pós-graduação. São muitas as opções, todas elas carregadas de questionamentos e inseguranças. Para auxiliar neste momento importante de definição da carreira, conversamos com o contador e Psicólogo Cleverson Gonçalves (CRP-08/11037). Cleverson possui um escritório de contabilidade há 15 anos atua também com coaching de negócios, coaching financeiro e self coaching.
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ENTREVISTA
ENTREVISTA
go formal, mas depois torna-se algo tão prazeroso e
cher esta lacuna da omissão, dá à sociedade a possibili-
desafiador, que para ambos tais comportamentos im-
dade conhecer seus serviços. Percebo que as áreas mais
pregnam definitivamente em suas vidas.
comuns de atuação dos Psicólogos tornam-se as voltadas para as empresas, o chamado Recursos Humanos.
Contato: O empreendedorismo é um caminho para to-
Já as menos exploradas são as de manutenção da quali-
das(os) ou existem pessoas que não “servem” para em-
dade de vida, envelhecimento, comunitária e educação.
preender? Que características a(o) profissional precisa ter para procurar o empreendedorismo? Estas características
Contato: O que é preciso saber para montar o próprio con-
são inatas ou podem ser desenvolvidas?
sultório ou empresa?
Cleverson: Absolutamente todos podem empreender,
Cleverson: Inicialmente é planejar, colocar no papel sua
é uma habilidade a ser desenvolvida. Observo muitos
ideia de empresa, desenvolver um minucioso plano de
que chegam no meu escritório reclamando e achan-
negócios. Neste planejamento deverão ser respondidas
do que não sabem empreender, mas logo saem dando
as seguintes questões: nicho a ser atuado, o que será de
passos significativos para isso. Digo que o pensamen-
fato agregado ao seu cliente ou paciente, quem é este
divulgar seus serviços e criar um planejamen-
to de não ser um empreendedor são crenças limitan-
cliente ou paciente, onde ele está, como será atendi-
to estratégico e financeiro, e isto é empreender.
tes, padrões de pensamentos equivocados, matrizes de
do e abordado e como será a remuneração dos servi-
Empreender é encontrar meios e estratégias para
fracassos, etc. Para ser empreendedor há a necessi-
ços. Tendo em vista a quantidade de profissionais de
fazer a diferença no mercado, definir nicho, levar
dade de ter iniciativa, buscar oportunidades, ter um
Psicologia no mercado, é fundamental que o Psicólogo
ao maior número de pessoas seus serviços e poder
senso excelente para correr riscos calculados, exigên-
encontre o seu diferencial, o seu nicho de atuação, dei-
contribuir de forma ampla com a sociedade, sem-
cia com a qualidade e ética, persistência, comprome-
xando claro ao seu cliente o que realmente irá agregar.
pre pautado na ética. Percebo nitidamente que os
timento, resiliência, estabelecer metas, planejar e mo-
Psicólogos estão perdendo gradativamente o pen-
nitorar. Portanto, são habilidade plenamente possíveis
Contato: Qual o primeiro passo para a(o) profissional que
Contato: Com a crise que o país vive, mais Psicólo-
samento de que divulgar seus serviços é um ato
de serem aprendidas. Além desses atributos, é neces-
deseja montar o próprio negócio?
gas(os) estão procurando o caminho do empreen-
amoral ou desleal, pois depende muito da forma
sário que o empreendedor tenha confiança e acredite
dedorismo? Você tem algum dado em relação a isso?
como você empreende e se coloca no mercado.
naquilo que está vendendo, goste de se relacionar com
Cleverson: Indubitavelmente o plano de negócios. Após
pessoas, dome seus medos e acima de tudo queira be-
definir o plano, buscar um contador de confiança para
Cleverson: O empreendedorismo tornou-se uma
Contato: Em geral, você percebe que as pessoas em-
neficiar o outro de forma sustentável, pois ser malan-
analisar a questão burocrática de abertura da empresa,
ciência fundamental para gerir e aprimorar os
preendem porque gostam e têm vocação ou porque
dro não é empreender.
fazer o planejamento tributário e definir outros itens
empresários, inclui-se aí, com certeza, os Psi-
não conseguiram um emprego formal?
cólogos. Universidades do mundo inteiro estão
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concernentes ao administrativo. Contato: Empreender é um termo bastante geral. Quais os
disponibilizando cursos ou matérias que tra-
Cleverson: Inicialmente eu percebo que há uma
principais caminhos abertos à(o) Psicóloga(o)? Quais são
Contato: Em caso de sites e blogs, como deve ser feito o
tam deste assunto. Hoje, sem um mínimo de
necessidade, seja ela abrir ou ampliar seu negó-
os mais comuns e quais ainda não são muito explorados,
processo de marketing e divulgação de imagem?
noção das ferramentas do empreendedorismo,
cio, obter mais clientes, fazer seu portfólio che-
mas têm potencial?
qualquer negócio está fadado a falir. E, em mo-
gar a um número maior de pessoas, etc. A par-
mentos de crise e de uma globalização frenética,
tir desta necessidade há uma motivação para a
Cleverson: Acredito que o caminho para o Psicólogo em-
ção da imagem, seja através de site, blogs, redes sociais
através da internet e das mídias sociais, mostrar
busca de oportunidade e inserção no mercado.
preender é extremamente amplo, pois ainda existe o
ou demais veículos de comunicação, cada um com suas
de forma enfática qual é o seu produto ou ser-
E, neste processo, os empreendedores percebem
ranço de que Psicologia é tão somente para pessoas com
particularidades. Porém, independentemente do meio de
viço torna-se um tremendo diferencial. O Psi-
o quanto é gratificante e enriquecedor empreen-
transtornos mentais. Vemos uma sociedade com inú-
comunicação, a divulgação deve estar atrelada à missão,
cólogo também é um empreendedor e por isso
der, gerar riqueza, gerar empregos, trazer satis-
meros desafios psicológicos, tais como: ansiedade, me-
visão e valores do negócio, pautado na ética e na moral.
acabam por ser influenciados por esta onda. No
fação para mais pessoas, etc. Portanto, acredito
dos, depressão, neuroses, etc., e que muitas vezes não
Conforme mencionei acima, malandragem e venda en-
meu escritório atendo diversos profissionais da
que no início há os dois casos, os que tem vo-
sabem a quem recorrer ou a quem pedir socorro. Com o
ganosa não é empreendedorismo. Empreendimento está
área da saúde, os quais buscam alternativas para
cação e aqueles que não conseguem um empre-
processo de empreender, o Psicólogo acaba por preen-
fortemente atrelado à ética e sustentabilidade.
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Cleverson: Existem diversas possibilidades de divulga-
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ENTREVISTA
ARTIGO
Contato: De que forma é feita a administração e contabili-
de declarar determinados rendimentos poderá trazer
dade de um negócio?
aborrecimentos, multas e juros.
Cleverson: Há três frentes de trabalho, as quais devem
Contato: Que dicas você daria para a(o) Psicóloga(o) que
ser analisadas caso a caso e com muito cuidado. Se o
está começando agora obter sucesso?
profissional é liberal autônomo, deverá fazer um livrocaixa contendo todas as receitas e saídas provenientes
Cleverson: Ser um empreendedor hoje no Brasil é algo
do consultório, atentando-se para os dados dos clien-
para poucos, pois a burocracia, a carga tributária e a
tes, tais como: nome completo, CPF, endereço, data do
crise financeira, econômica, estrutural, moral e a ne-
recebimento; estes dados serão fundamentais para o
cessidade de todos os atributos que um empreende-
preenchimento da declaração de carnê-leão da Receita
dor precisa ter torna todo o processo muito desafiante.
Federal. Se houver uma empresa devidamente cons-
Caso você esteja em início de carreira e obtendo su-
tituída, com CNPJ, deverá atentar-se para a correta
cesso é sinal que já é um vencedor, por isso eu daria
emissão das notas fiscais, realização do livro-caixa e
a dica de persistir, aprimorar-se sempre, planejar e
juntada mensal de todos os documentos concernentes
nunca deixar de lado o comprometimento e a ética.
à empresa, para posterior envio para a contabilidade. A administração do negócio é de fundamental importância. Dedicar um tempinho para fazer o livro-caixa,
Acolhimento de idosos com transtornos mentais em Instituições de Longa Permanência: UMA DISCUSSÃO NECESSÁRIA
separar gastos da empresa dos gastos pessoais, efetuar os pagamentos, controlar os recebimentos, emitir
Carlos Ferraz Alves (Psicólogo CRP-08/03164)
recibos e notas fiscais é fundamental! Extremamente
O profissional escreveu a convite da revista Contato.
necessário! Depois do senso de empreendedor, a questão administrativa e financeira se torna o outro grande pilar de um negócio. Para isso, é fundamental buscar a assessoria de um contador de sua confiança. Contato: Como fazer o planejamento financeiro para que nada fuja do controle? Cleverson: Dedicar um tempo para análise cuidadosa das finanças, nunca procrastinar, pois o bônus do sucesso do negócio compensa (e muito) todo o ônus do tempo gasto com controles e monitoramento. Sempre se cercar de planilhas e controles eficientes. Caso não tenha tempo ou paciência de fato, busque delegar as finanças e administração para alguém eficiente nisto e de confiança, mas sempre tente gerenciar cuidadosamente, de perto. Não esquecer da máxima de separar os gastos pessoais do seu negócio. Procure sempre
por exemplo, é habilitada para cuidar das ne-
de transtornos mentais em Instituições de Lon-
cessidades comuns. Enfrentando turnos exaus-
ga Permanência (ILPIs) é uma tarefa complexa.
tivos, os profissionais enfrentam dificuldades
O tema é multifacetado e exige amplo conheci-
quando se deparam com situações de pacientes
mento em várias disciplinas.
com transtornos.
Tanto o Estatuto do Idoso como o Ministério
Somado a esta questão, entende-se que os
da Saúde deixam claro e de maneira inequívoca
demais funcionários da ILPI (como cozinheiros,
que idosos com transtornos mentais não podem
zeladores e auxiliares de limpeza, por exemplo)
ser acolhidos em ILPIs. Esta normatização tem
não têm obrigação de saber lidar com os idosos,
um motivo: idosos têm suas peculiaridades, pró-
ainda menos quando estes apresentam transtor-
prias da idade, e também personalidades distin-
nos mentais. Isso tudo os deixa sujeitos a atitu-
tas. Além disso, não raro apresentam comporta-
des e intervenções intempestivas que não acon-
mentos difíceis de serem entendidos e acolhidos
tecem por maldade, mas por desconhecimento,
com respeito e intervenções adequadas. Quando
preconceito ou mesmo medos.
o idoso é acometido por transtornos mentais, o
gastar menos do que ganha. Pense na sua aposentadoria. Outro item fundamental é ter consciência de que hoje a Receita Federal do Brasil possui inúmeros meios de saber quanto um profissional ganha e que deixar
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Falar sobre o acolhimento de idosos portadores
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problema é ainda maior. Há muito preconceito
Melhores tratamentos
e despreparo entre os profissionais da saúde, o
A evolução do tratamento de transtornos men-
que só aumenta as agruras das referidas insti-
tais gerou um grande ganho humanitário, pois
tuições e profissionais atuantes. A enfermagem,
separou criminosos de doentes mentais e depois
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EDITAL
ARTIGO
os tirou dos “depósitos” de pessoas que eram
do desconhecimento) e, o mais difícil, interfe-
os manicômios. Hoje, os recursos medicamen-
rir na personalidade. Esta não é uma tarefa fácil
tosos são mais eficazes, possibilitando maior
nem mesmo nos consultórios, ainda menos com
estabilidade de comportamento. Infelizmente,
intervenções extemporâneas. Os que procuram
apesar de anúncios de “curas”, o que vemos na
mudar muitas vezes sucumbem; os “forçados”
prática é diferente. A intervenção médica deve
tendem a não mudar o comportamento.
Qual é o papel do sindicalismo na construção de um mundo mais justo e fraterno?
ser cautelosa, pois os pacientes idosos exigem doses mais ajustadas e, muitas vezes, as doses
O que fazer, então, para garantir os direitos es-
que ajudariam a conter um comportamento se-
tatutários dos idosos acolhidos em ILPIs e garan-
vero não são possíveis de serem administradas
tir também os direitos dos idosos com transtornos,
devido à idade, outras doenças, combinação de
ainda mais indefesos?
remédios e mesmo intolerâncias por diversos motivos. Os remédios, mesmo os de ponta, não
Encaminhar idosos com transtornos para
curam e nem sempre conseguem atenuar alguns
ILPIs é uma temeridade, pois abrimos o prece-
comportamentos.
dente para outras transgressões. Como cobrar-
Tratamentos adicionais como homeopatia,
mos o cumprimento de outras regras, se trans-
acupuntura, florais, musicoterapia, ginásticas,
gredimos esta? É pública e notória a ausência
diversões e passeios são instrumentos que me-
do Estado (quer em nível municipal, estadual e
lhoram a qualidade de vida dos idosos. Além
federal). As ILPIs particulares, que atendem um
disso, a intervenção da(o) Psicóloga(o) é sem-
público muito diferenciado, não deveriam exis-
pre necessária, pois remédios apenas não curam
tir. Apenas as entidades públicas deveriam ser
pessoas com transtornos, nem mesmos os cha-
mantidas – o mesmo vale para escolas e hospi-
mados neuróticos. Ou seja, a melhora depende
tais. A realidade, no entanto, é muito distinta,
de um processo de psicoterapia que tem de ser
sendo que há muitas instituições clandestinas e
aceito pela pessoa.
inadequadas ao cuidado com o idoso. Então, todo o cuidado é pouco quando
Convivência
apoiamos o envio de idosos com transtornos
Outro problema enfrentado no dia a dia das IL-
para onde não há recomendação legal, pois, de
PIs é a convivência entre os idosos. Aqueles
uma forma ou de outra, somos coniventes com
que apresentam transtornos dificultam mui-
a transgressão. Ao fazermos isso, “empurramos
to a convivência dos que estão lá por razões do
a sujeira para debaixo do tapete”, fazendo vis-
envelhecimento. Estes últimos têm medo, pre-
tas grossas à ausência do Estado e perpetuando
conceito, irritam-se com eles devidos aos seus
uma realidade perversa.
comportamentos bizarros, invasivos ou agressivos e, muitas vezes, instáveis.
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Se o estatuto continuar sendo desrespeitado e o envio humanitário continuar sendo aceito
Estes mesmos comportamentos, com fre-
por diversos motivos, em breve as ILPIs “nor-
quência, fazem com que os profissionais sejam
mais” passarão a serem ILPIs de idosos com
afetados em seus julgamentos e intervenções
diversos transtornos. Como não existem ILPIs
– ainda que, por formação, isso não pudesse
exclusivas para acolher idosos com transtor-
acontecer. A reciclagem não resolve o problema.
nos, todos dormiremos com as nossas consci-
É preciso fazer algo mais profundo, que consiga
ências tranquilas. Tudo caminha na mais abso-
tocar em preconceitos (que geralmente advêm
luta normalidade.
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Jornada de oito horas diárias, descanso semanal remunerado, férias de 30 dias com adicional de um terço do salário, licença-maternidade de 120 dias, seguro desemprego, 13º salário, depósito do FGTS…Pode até parecer que os direitos acima citados foram aprovados espontaneamente para beneficiar os trabalhadores e as trabalhadoras do Brasil. O processo que os regulamentou, no entanto, é diretamente marcado pela atuação do sindicalismo brasileiro. A presença dos sindicatos foi peça-chave na luta por direitos trabalhistas, políticos e sociais. Conhecer a história e as conquistas do sindicalismo é, também, se fortalecer para desenhar um futuro melhor para o país. O sindicato é a entidade que defende os interesses de determinada categoria profissional ou econômica. O termo vem da palavra francesa syndic, que significa “representante de uma determinada comunidade”. A aglutinação das/dos trabalhadoras/es em organizações sindicais começou com o desenvolvimento do capitalismo e da Revolução Industrial na Inglaterra dos séculos XVIII e XIX. O principal objetivo era promover a solidariedade entre a classe trabalhadora extremamente pauperizada e enfrentar as degradantes condições de trabalho e de vida de homens, mulheres e crianças trabalhadoras. Os sindicatos brasileiros, por sua vez, surgiram após a abolição da escravidão em 1888 e da Proclamação da República em 1889, tendo sua criação permitida a partir de Decreto Legislativo assinado em 1907. Desde então, eles têm atuado diretamente nas dimensões econômicas, políticas, jurídicas e sociais que interfiram na vida de quem trabalha. O Brasil é e sempre foi um país de extrema desigualdade social. A organização da sociedade civil e dos trabalhadores continua sendo a principal engrenagem na luta por distribuição de renda. No período pós-64, os sindicatos mostraram ainda mais sua força. Não por acaso, os governos da ditadura militar, período mais sombrio da história recente do país, silenciou as entidades e assassinou dirigentes sindicais. A redemocratização do país, a aprovação da Lei da Anistia, as eleições diretas, a Constituinte e a Constituição de 1988 também foram conquistas do movimento sindical, que também tem como prerrogativa a luta pela aprovação de políticas públicas para além da pauta trabalhista. Nenhuma garantia se tornou realidade sem a ação dos sindicatos e, por isso, eles incomodam. Todos e todas que trabalham sentem na pele as consequências de uma jornada intensa, de uma estrutura distante da ideal, do ambiente de trabalho marcado por assédio moral. O sindicato incomoda justamente porque questiona a estrutura desigual do
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mercado de trabalho. Apesar de campanhas de difamação e estigmatização, não se pode negar: é por meio da organização da sociedade e dos sindicatos que se conquistam direitos econômicos, políticos e sociais. Crise econômica e retirada de direitos: qual é o papel do sindicato? A crise econômica recai sobre a população trabalhadora e cobra seu preço: mais retirada de direitos, novos ataques aos direitos humanos, mais desemprego, a ingerência das contas públicas e o aumento do custo de vida. Se o trabalho não for coletivo, a austeridade pode durar para sempre. Para nós do Sindypsi PR, é tempo de retomar a coletividade e a solidariedade. Passou da hora de olhar para o outro como igual, de dar um basta no desamparo. Pulsa a urgência de humanizar o olhar aos segmentos vulneráveis da população. Mais do que nunca, a coletividade é nossa única saída. Participe da construção do Sindypsi PR! Porque juntos somos mais fortes.
O sindicalismo brasileiro é baseado no sistema confederativo e formado por três tipos de instâncias. Sindicatos: é a entidade de primeiro grau e o núcleo do movimento sindical. Fica responsável por filiações, assembleias, mobilizações e negociações coletivas Federações e Confederações: entidades de segundo grau e grau superior, respectivamente. São atribuições delas a supervisão e a coordenação das atividades sindicais de um segmento de trabalhadores. Só podem representar categorias que não tenham sindicatos organizados.
Em junho de 2016, a guia de Contribuição Associativa do Sindypsi PR chegará à casa das psicólogas e dos psicólogos paranaenses. Ao recolher o valor, a/o psicóloga/o se torna filiada/o ao Sindypsi PR. O pagamento não é obrigatório. Além de contribuirem diretamente para o fortalecimento da entidade que representa a categoria no Paraná, as/os filiadas/os também têm direito a uma série de convênios firmados entre o Sindypsi PR e prestadoras de serviço. Confira no site!
R. Dr Muricy, 390 cj. 201, Curitiba/PR (41) 3224-4658 | www.sindypsipr.com.br www.facebook.com/sindypsi
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S O I M Ô C I ANESQUECEREMOS MNÃO