Ano 18 • Edição 106 • Julho/Agosto 2016 • Conselho Regional de Psicologia do Paraná
HOSPITAIS DE CUSTÓDIA
Como aliar o sistema de Justiça e a saúde mental humanizada? ELEIÇÕES 2016 Veja quais são as chapas concorrentes à gestão do CRP-PR
ECONOMIA SOLIDÁRIA Há um novo caminho para a Psicologia Organizacional e do Trabalho?
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S U M Á R I O
Conselho Regional de Psicologia 8ª Região (CRP-PR)
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E D I TO R I A L
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CO L U N A D E AVA L I AÇ ÃO P S I CO LÓ G I C A
Reflexões sobre a formação e a atuação da(o) Neuropsicóloga(o)
Produção Contato: Informativo Bimestral do Conselho Regional de Psicologia 8a Região (ISSN - 1808-2645) Site: www.crppr.org.br • Avenida São José, 699 CEP 80050-350 • Cristo Rei • Curitiba/PR Fone/Fax: (41) 3013-5766 • E-mail: comunicacao08@crppr.org.br Tiragem: 15.000 exemplares Impressão: Primagraf Indústria Gráfica. Jornalista responsável: Ellen Nemitz (17.589/RS) Estagiária: Débora Dutra Comissão de Comunicação Social do CRP-PR: Bruno Jardini Mäder e Paula Matoski Butture • Revisão: Bruno Jardini Mäder, Célia Mazza de Souza, Angelo Horst e Ellen Nemitz Projeto gráfico: Agência Cupola Rua Celestino Jr, 333 • CEP 80510-100 São Francisco • Curitiba/PR Fone: (41) 3079-6981 • Site: www.cupola.com.br E-mail: falecom@cupola.com.br
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Conselheiras e conselheiros Ana Lígia Bragueto, André Luis Cyrillo, André Luiz Vendel, Anita de Castro Menezes Xavier, Bruno Jardini Mäder, Cleia Oliveira Cunha, Denise Ribas Jamus, Fernanda Rossetto Prizibela, Guilherme Bertassoni da Silva, Juliano Del Gobo, Luciana de Almeida Moraes, Luiz Antônio Mariotto Neto, Luiz Henrique Birck, Maria Stella Aguiar Ribeiro, Mariana Daros de Amorim, Nayanne Costa Freire, Paula Matoski Butture, Renata Campos Mendonça, Rodrigo David Alves de Medeiros, Rodrigo Soares Santos, Rosangela Maria Martins, Sandra Mara Passarelli Flores, Solange Maria Rodrigues Leite, Vanessa Cristina Bonatto.
Psicologia e Economia Solidária CO F O R I E N TA
Avaliação psicológica e concursos públicos
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C A PA
Hospitais de Custódia: como aliar o sistema de Justiça e a saúde mental humanizada?
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ARTIGO
O ato e a ética: um diálogo necessário
Preço da assinatura anual (6 edições): R$ 30,00 Os artigos são de responsabilidade de seus autores, não expressando necessariamente a opinião do CRP-PR.
CO L U N A P OT
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I N F O R M E S E L E I TO R A I S
Eleições 2016: Psicólogas(os) são chamadas(os) a definir os rumos dos Conselhos para o próximo triênio
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I N F O R M E E L E I TO R A L
Chapa 11 - É Tempo de Diálogo I N F O R M E E L E I TO R A L
Chapa 12 - Força e Inovação
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EDITAL DE ASSEMBLEIA ORÇAMENTÁRIA TERMO DE ADVERTÊNCIA
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EDITAIS DE CENSURA PÚBLICA
E D I T O R I A L
Editorial A função da Psicologia em tempos obscuros
O Brasil passa por um período conturbado. Um as-
social ativo, protagonista de suas vidas, tanto em
pecto marcante pode ser indicado pelos emaranha-
sua intimidade quanto nas participações sociais.
dos políticos em que interesses particulares per-
Diante da violência contra a mulher, por exem-
meiam a coisa pública. Outro aspecto é o uso das
plo, tanto devemos auxiliar os casos singulares
tecnologias móveis e das redes sociais para disse-
quanto expor o pensamento machista que preva-
minação de informações. Se, por um lado, aumen-
lece, desde a desigualdade salarial até as condi-
tou o acesso à informação, por outro, nem sempre
ções que sustentam o assédio em espaços públicos.
elas são confiáveis. Um meme bem-humorado dizia:
Frente à loucura, a Psicologia destaca-se das outras
‘se você não está confuso, não está bem informado’.
profissões pela capacidade técnica de diagnóstico
Neste contexto, muitas vezes, temos a impres-
contextualizado e por construir estratégias terapêu-
são de que a esperança se esvaiu, que fica difícil si-
ticas, mas também por explicitar a segregação e es-
tuarmo-nos, que não encontramos um porto segu-
tigmatização das pessoas com transtornos mentais
ro para ancorarmos nossa confiança. Os valores de
e tendo um papel social ativo e inclusivo.
justiça social e liberdade ficam ofuscados pelas no-
Perante às crescentes manifestações de intole-
tícias de corrupção, pelo tamanho dos desvios. Os
rância, é preciso acolher os oprimidos. Faz-se mister
valores, assustadores, são difíceis de dimensionar,
desnudar os processos de formação de consciência,
afinal são maiores do que a maioria das pessoas
que são históricos. Ou seja, os processos de coloni-
produz durante uma vida inteira de trabalho.
zação e de dominação dos povos africanos e indí-
Além disso, um pequeno número de famílias
genas são peças-chaves para entender o momento
tem em suas mãos os principais meios de comu-
atual. Gerações de brasileiros são formadas acredi-
nicação. Como resultado desta centralização da in-
tando que as posições sociais são naturais. Sentir-
formação, notamos um direcionamento seletivo das
-se com potencial de mudar esta história é combus-
notícias. Felizmente, é possível encontrar contraste
tível para a autoestima, para a subjetividade.
e contraponto online.
A construção de uma identidade saudável é fruto
Frente a esta confusão, a Psicologia tem a fun-
da crença de valor próprio e da convicção de sermos
ção de fornecer posicionamentos e informações se-
sujeitos da nossa própria história. A Psicologia, pelo
guras, que promovam qualidade de vida, autoesti-
conhecimento que produz e capacidade de análise, é
ma e a confiança das pessoas para exercer um papel
fundamento deste processo.
COLUNA DE AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA
Reflexões sobre a formação e a atuação da(o) Neuropsicóloga(o) COMISSÃO DE AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA
A Neuropsicologia é uma área de interface entre
Neuropsicologia pode instrumentar diferen-
a Psicologia e a neurologia, que estuda as re-
tes profissionais, como Psicólogas(os), médi-
lações entre o sistema nervoso central, as fun-
cos (neurologistas, neuropediatras, geriatras,
ções cognitivas e o comportamento humano.
psiquiatras), fonoaudiólogos, terapeutas ocu-
A(O) Neuropsicóloga(o) é a(o) profissional espe-
pacionais, psicopedagogos, entre outros, pro-
cializada(o) que utiliza diferentes instrumentos
movendo uma intervenção terapêutica mais
padronizados, métodos e técnicas para investi-
eficiente.
gar tanto o funcionamento normal, como possí-
A formação para atuar em Neuropsicologia
veis alterações e disfunções do sistema nervoso.
é bastante complexa e não existe um caminho
Frequentemente atua no âmbito da pesquisa e da
único e padrão. A Neuropsicologia não é uma
prática clínica, com foco na investigação e trata-
área exclusiva da Psicologia, o que amplia ain-
mento. Nesse sentido, pode trazer contribuições
da mais os caminhos para a formação.
a todas as faixas etárias e para diferentes popu-
Primeiramente são necessários conheci-
lações clínicas. Por esta abrangência, está cada
mentos aprofundados sobre o funcionamen-
vez mais em evidência, servindo como campo de
to cognitivo e sua correlação com o funciona-
conhecimento a diferentes áreas da saúde.
mento cerebral, sobre patologias que envolvem
Ao fornecer subsídios para investigar a compreensão
do
funcionamento
intelectu-
al, cognitivo e emocional dos pacientes, a CO N TATO E D I Ç ÃO 1 0 6
o sistema nervoso central e sobre os instrumentos utilizados em cada contexto da atuação neuropsicológica. 5
COLUNA DE AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA
Para a(o) Psicóloga(o), o título pode ser atri-
de instrumentos psicológicos formais e infor-
buído às(os) que tenham comprovada formação na
mais, instrumentos neuropsicológicos, questioná-
área e no tema, a partir de verificações do conhe-
rios, escalas, entre outros. Como ressalta Mader-
cimento por meio de provas organizadas pelo CFP
Joaquim (2010), “A avaliação neuropsicológica
(Conselho Federal de Psicologia) ou cursos de es-
consiste no método de investigar as funções cogni-
pecialização reconhecidos pelo MEC.
tivas e o comportamento. Trata-se da aplicação de
A Resolução CFP nº 013/2007 conceitua como
técnicas de entrevista, exames quantitativos e qua-
Neuropsicóloga(o) a(o) especialista em Psicologia
litativos das funções que compõem a cognição (...).
com competência para avaliar, acompanhar, tratar
Há métodos considerados clássicos e outros ainda
e realizar pesquisa da cognição, das emoções, da
em construção” (Mader-Joaquim, 2010, p. 47).
personalidade e do comportamento sob o enfoque
A escolha dos instrumentos é algo que requer
da relação entre estes aspectos e o funcionamento
muito conhecimento e responsabilidade por par-
cerebral, baseado em conhecimentos validados das
te da(o) Neuropsicóloga(o), não apenas acerca dos
neurociências e pela prática clínica.
testes psicológicos e neuropsicológicos, mas tam-
Para Lezak (1995), a Neuropsicologia é a ciência
bém dos quadros clínicos investigados, para que
dedicada a estudar a expressão comportamental
possa ser estabelecido o protocolo ou procedimen-
das disfunções cerebrais. A(O) Neuropsicóloga(o)
tos mais adequados a cada paciente.
hoje é a(o) profissional que atua em diversas ins-
Os recursos utilizados nas avaliações neuropsi-
tituições, principalmente na área clínica (avaliação
cológicas são muito diversos e baseados em ins-
e reabilitação), hospitais (avaliação e reabilitação
trumentos clássicos da Psicologia (como os testes
por meio de protocolos específicos para diferentes
de inteligência) e Neuropsicologia (instrumen-
populações clínicas, avaliações pré e pós-cirúrgi-
tos específicos para avaliação das funções cog-
cas), instituições acadêmicas (pesquisa, docência),
nitivas, amplamente referendados na literatura
juizados (avaliação e perícia) e atendimentos do-
mundial, em estudos com diferentes populações
miciliares (reabilitação).
clínicas). Para a utilização com a população bra-
Pela complexidade dos aspectos que envol-
sileira, estudos de adaptação e padronização pre-
vem a Neuropsicologia não existem procedimen-
cisam ser realizados, o que tem sido feito de ma-
tos-padrão que possam ser aplicados a todos os
neira cada vez mais frequente por laboratórios de
pacientes, especialmente pela ampla variedade
Neuropsicologia, neurologia e psicometria e di-
de quadros clínicos que podem ser encaminhados
versos grupos de pesquisa – muitos realizados por
à(o) Neuropsicóloga(o). A avaliação neuropsicoló-
meio de pesquisas de mestrado e doutorado e pu-
gica de cada paciente é um processo investigativo
blicados em artigos científicos de revistas concei-
individualizado, que se inicia pela formulação de
tuadas no meio acadêmico.
hipóteses após a realização da anamnese, levan-
Instrumentos psicológicos como WISC, WAIS,
do em conta as necessidades particulares de cada
Figura de Rey, etc. podem trazer grandes contri-
paciente e as características do caso. A partir daí
buições à avaliação neuropsicológica. Entretanto,
são definidos quais instrumentos e procedimen-
não são capazes de abarcar toda a gama de fun-
tos poderão ser utilizados, o que, em muitas si-
ções cognitivas que necessitam ser investigadas
tuações, requer muito estudo e planejamento por
em muitos casos ao se realizar uma avaliação neu-
parte da(o) profissional.
ropsicológica completa, além do fato de que mui-
O diagnóstico em Neuropsicologia é realizado por meio do uso de diversos procedimentos, entre eles a entrevista, a observação, o uso
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tos instrumentos não são exclusivos da Psicologia. No contexto da avaliação, a(o) Neuropsicóloga(o) investigará
o
desempenho
do
paciente
em
CO N TATO E D I Ç ÃO 1 0 6
COLUNA DE AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA
diferentes tarefas cognitivas que envolvam aten-
No contexto das pesquisas clínicas como, por
ção, memória, funções executivas, funções ver-
exemplo, em pesquisas que têm como objeti-
bais, visuoespaciais e motoras, além do humor e
vo o desenvolvimento de novas moléculas tera-
habilidades acadêmicas, associando este desem-
pêuticas para tratamento de diferentes patolo-
penho aos dados trazidos por meio da entrevista
gias e verificação de sua eficácia e segurança, a(o)
com o paciente e sua família, aos episódios clíni-
Neuropsicóloga(o) geralmente contribui com ava-
cos ou pessoais vivenciados pelo paciente, a sua
liações e interpretações clínicas de diferentes qua-
capacidade funcional e à interferência dos sinto-
dros investigados como foco da pesquisa (como
mas em suas atividades cotidianas.
demências, epilepsia, acidente vascular encefálico,
Vale ressaltar que, por mais importantes que
depressão), aplicando escalas, questionários, en-
os testes sejam para a avaliação neuropsicológica,
trevistas e testes neuropsicológicos que compõem
ela não se resume a isso, pois o fundamental é a
o protocolo da pesquisa. Quanto aos exames de
interpretação cuidadosa dos resultados somada à
imagem, a(o) Neuropsicóloga(o) auxilia no mape-
análise da condição atual do paciente e o impacto
amento de determinadas áreas relacionadas a ati-
em suas atividades de vida diária e instrumen-
vidades cognitivas específicas, como, por exemplo,
tais. Somente com base nesta compreensão global
associação de palavras relacionadas a determinadas
é possível sugerir um diagnóstico do perfil neu-
categorias fonéticas ou semânticas, recordação de
ropsicológico que possa contribuir com as demais
listas de palavras durante o exame, entre outras.
avaliações realizadas pelo paciente e orientá-lo
Com este artigo, espera-se mostrar o quan-
da melhor forma possível, visando sempre a uma
to a Neuropsicologia é um campo emergente, com
melhor qualidade de vida.
grandes possibilidades de atuação para as(os)
A partir da avaliação neuropsicológica também
Psicólogas(os). Contudo, é também uma área que
é possível estabelecer os encaminhamentos mais
envolve atuação interdisciplinar e que necessita de
oportunos e indicar a reabilitação neuropsicológi-
muito e constante estudo por parte da(o) profis-
ca nos casos em que se faça necessário. De acor-
sional. Ressalta-se, ainda, a importância de se ter
do com Wilson (2011), a reabilitação é aplicada
responsabilidade para atuar naquilo em que se te-
por meio de intervenções estratégicas ou técnicas
nha conhecimento suficiente e necessário, possibi-
com o objetivo de capacitar o paciente e seus fa-
litando uma real contribuição para o diagnóstico e
miliares a reduzir, adaptar e compensar déficits
tratamento, bem como para a expansão da área e
cognitivos ocasionados por uma lesão ou distúr-
dos recursos técnicos por meio de pesquisas leva-
bio cerebral. Os treinos cognitivos podem trazer
das com a seriedade e a competência necessárias,
ganhos positivos em muitos casos, mas o mais
diante de toda esta complexidade.
importante é buscar que estes ganhos sejam generalizáveis à vida do paciente e que se priorize sempre a melhora da qualidade de vida dele e de seus familiares. Destaca-se
ainda
a
participação
da(o)
Neuropsicóloga(o) em pesquisas, tanto na elaboração, adaptação e padronização de instrumentos, e também áreas de inserção da Neuropsicologia ainda emergentes, como pesquisas clínicas e no uso de exames de imagem, como a Ressonância Magnética Funcional (FMRI).
CO N TATO E D I Ç ÃO 1 0 6
REFERÊNCIAS: Lezak, M. D. Neuropsychological Assessment. 2nd. edition Oxford University Press, 1982 e 3rd edition 1995 Mader-Joaquim, M. J. O neuropsicólogo e seu paciente: introdução aos princípios da avaliação neuropsicológica. In: L. F. Malloy-Diniz et al. Avaliação Neuropsicológica (pp.46-57). Porto Alegre: Artmed, 2010. Wilson, B. A. Reabilitação da memória: integrando teoria e prática. Porto Alegre: Artmed, 2011. Resolução CFP nº 013/2007 – Institui a consolidação das resoluções relativas ao título profissional de especialista em Psicologia e dispõe sobre normas e procedimentos para seu registro.
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COLUNA POT
Psicologia e Economia Solidária Fabiane Kravutschke Bogdanovicz (CRP-08/19219), técnica em Economia Solidária. *A profissional escreveu a convite da revista Contato.
Nos últimos três séculos, o mundo do trabalho observou grandes mudanças. Do fim do feudalismo ao surgimento do capitalismo, passando por suas três fases (comercial, industrial e financeira), os modos de produção, comercialização e prestação de serviços se modificaram intensamente. O capitalismo pode ser resumido como o sistema socioeconômico que tem como foco o acúmulo de capital, com base na propriedade privada, especialmente dos meios de produção, e no trabalho assalariado daqueles que não detêm tais meios. Inicialmente, a mudança para o sistema capitalista levou à intensificação da circulação de mercadorias e dinheiro após a abertura dos feudos, ao crescimento das cidades, à industrialização com o surgimento do motor a vapor, à abundância da oferta de mão de obra, e à exploração dos trabalhadores pelos donos dos meios de produção, com baixos salários e condições de trabalho degradantes, pois não havia nenhuma regulamentação legal. Tal exploração desenfreada elevou a morbidade e mortalidade dessa massa de trabalhadores (SINGER, 2002, p 24). Frente a isso, trabalhadores começaram a se organizar em uma alternativa econômica e política ao capitalismo, de forma horizontal, sem patrão, com propriedade coletiva dos instrumentos de trabalho e gestão democrática, e distribuição equitativa dos excedentes. A educação também foi considerada como um aspecto muito importante para o desenvolvimento das potencialidades. Assim surge, em 1844, o cooperativismo. Esses princípios são a base desse modelo organizativo até hoje (IESOL, 2015, no prelo).
8
CO N TATO E D I Ç ÃO 1 0 6
COLUNA POT
Tal período assistiu também ao nascimento da Psi-
o ser humano e a natureza são mais importantes que
cologia moderna, que, desde seu surgimento, demons-
o dinheiro, que a cooperação é superior à competição,
trou-se normativista e elitista, servindo mais aos que
que a solidariedade, e não o egoísmo, deve orientar
podiam pagar por esse conhecimento do que aos que
as ações humanas, que a felicidade deve guiar nossa
dele necessitavam (CORTEGOSO, CIA e LUCAS, 2008,
existência” (IESOL, 2015, no prelo). Tem como base o
p. 36). Em sua interlocução com a área do Trabalho,
bem viver coletivo, com os seguintes valores:
a Psicologia iniciou sua ação (por volta de 1910, como “Psicologia Industrial”) de forma adaptacionista, bus-
•
Autogestão: trabalhadoras e trabalhadores or-
cando conseguir “o melhor homem possível, o melhor
ganizados, não mais subordinados a um pa-
trabalho possível, o melhor resultado possível” (LEÃO,
trão, são igualmente donos de seu empreendi-
2012, p. 294-295). Esse modelo de atuação propôs a
mento e, protagonistas, tomam suas próprias
separação do trabalho braçal e do trabalho cerebral,
decisões de forma coletiva e participativa;
retirando dos trabalhadores qualquer poder de decisão,
•
Cooperação: em vez de competição, é a união
a fim de intensificar sua produção (idem, p. 295). Essa
dos esforços e capacidades, em prol dos objeti-
concepção da Psicologia do Trabalho atuou colocando
vos decididos coletivamente;
“óleo na engrenagem” do sistema de produção capita-
•
lista, a fim de extrair a maior produtividade e o maior lucro do ser simbiótico humano-máquina, sendo a
Democracia: prática cotidiana que transforma as relações, inclusive as econômicas;
•
Solidariedade: não é assistencialismo; com-
máquina considerada mais valiosa, pois o homem se-
preende a justa distribuição dos resultados,
ria mais facilmente substituível (MELLO, 2008, p. 17).
oportunidades de desenvolvimento, preocu-
Avançando no tempo para o fim deste século, o
pação com o bem-estar das trabalhadoras e
modo de acumulação capitalista, com suas intermi-
trabalhadores e também das consumidoras e
tentes crises endêmicas, tem gerado uma situação de
consumidores;
precarização social de um grande contingente de tra-
•
Sustentabilidade e respeito ao meio-ambiente;
balhadoras e trabalhadores. Com a ampliação do con-
•
Valorização e promoção da dignidade do traba-
trole exercido pelo capital sobre as relações de trabalho, foram se efetuando reorganizações produtivas,
lho humano, com justiça social; •
com extinção de empregos e colocação de um único trabalhador para realizar o trabalho de dois ou três
Valorização dos saberes locais e da aprendizagem constante;
•
Dimensão econômica: a finalidade maior da
(idem, p. 18). Assim, no fim dos anos 80 e início dos
atividade econômica é satisfazer plenamente
90, o Brasil assistiu a um momento de crise econô-
as necessidades de todas e todos.
mica, com desindustrialização, flexibilização de direitos trabalhistas e desemprego em massa. Em resposta
Ainda nos anos 80, em um movimento crescente a
a isso, foram buscadas alternativas por movimentos
partir das décadas anteriores, a Psicologia atravessou
sociais, entidades ligadas à igreja católica (Cáritas e
profundas mudanças, questionando a responsabilidade
Pastorais), sindicatos e universidades, a fim de gerar
da profissão com a realidade sociopolítica do contexto
trabalho e renda de forma associativa à massa de tra-
latino-americano e seu compromisso com a modificação
balhadores rejeitados do mercado de trabalho formal.
da situação social dos povos oprimidos. Essas reflexões
Retomando os princípios do cooperativismo do século
profundas deram origem a várias abordagens compro-
XIX, surge então a Economia Solidária (SINGER, 2002,
metidas com a transformação social, contextualizadas,
pp. 110; 122-124).
históricas, descolonizadas e sem a ilusão positivista da
A Economia Solidária (EcoSol) é uma forma diferente de trabalhar e viver, “baseada na crença de que
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neutralidade científica, como, por exemplo, a Psicologia Social Crítica e a Psicologia Social Comunitária.
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COLUNA POT
Com base nesse novo paradigma, pode-se retomar a relação da Psicologia com o campo do trabalho, não mais
da experiência autogestionária e autônoma, enfim, no compromisso com a transformação social.
de forma adaptativa, mas compreendendo as formas de
No contexto atual de crise, olhar para modelos al-
trabalhar como relacionadas “não apenas à produção e
ternativos de arranjos socioeconômicos, entendendo o
distribuição de produtos e serviços, mas à recriação da
trabalho para muito além do emprego formal, é um
vida de cada sujeito e da vida em sociedade” (VERONESE,
importante elemento para superação das mazelas con-
2008, p. 56). O sujeito, ao mesmo tempo em que cons-
sequentes do capitalismo, como o desemprego, o em-
titui o mundo, é constituído por ele, em suas relações,
pobrecimento e as próprias crises. Podem ser citados
sendo o trabalho um espaço de vivências ricas de signi-
como alguns desses modelos alternativos a criação de
ficados e para construção identitária, que também conta
cooperativas e associações de Economia Solidária e a
com conflitos e assimetria de poder.
criação de clubes de troca (em que produtos e serviços
Se a Psicologia Organizacional e do Trabalho olhar
são trocados diretamente sem mediação monetária ou
para o trabalho sob o modo de produção capitalista,
com uso de moedas sociais), que se apresentam como
atuará sob a lógica do capital, visando ao lucro, “em
respostas criativas e potentes de organização das tra-
detrimento do ser humano e da valorização do tra-
balhadoras e trabalhadores, comprovando cotidiana-
balho”, privilegiando o individualismo, a competi-
mente que “uma outra economia é possível”.
ção, a hierarquia, e acentuando as diferenças sociais (BARATIERI e BEATRIZ, 2013). A Psicologia Social do Trabalho atenta então para o “caráter histórico, heterogêneo, contraditório e conflituoso” das relações de trabalho, não se alinhando aos interesses gerenciais, e sim à perspectiva das próprias trabalhadoras e trabalhadores, dentro de um entendimento do contexto sócio-histórico mais amplo, para além do indivíduo e individualismo (BERNARDO et al, 2015, pp. 23; 25; 27). A atuação da POT na perspectiva da EcoSol possibilita pensar outras formas de trabalho, para além do trabalho formal assalariado, outros arranjos de produção, comercialização, prestação de serviços e consumo, com outras relações entre seus atores sociais. Tendo como perspectiva o empoderamento e a emancipação das trabalhadoras e trabalhadores, a EcoSol propicia vivências de relações de poder horizontais, democráticas, com pertencimento grupal, respeito à singularidade na experiência coletiva, entre outros elementos que são tão divergentes das vivências do mundo de trabalho capitalista experimentadas por essas mesmas trabalhadoras e trabalhadores. A Psicologia Social do Trabalho pode acompanhar esses processos, problematizando a naturalização da reprodução dos modelos aprendidos, auxiliando na conciliação dos interesses e projetos individuais e coletivos, manejo dos conflitos, potencialização da participação consciente
10
REFERÊNCIAS: BARATIERI, Iara Lais Raittz; BEATRIZ, Marilene Zazula. Campo de atuação do(a) psicólogo(a) no movimento da Economia Solidária no Brasil. Cad. Psicol. Soc. Trab., São Paulo, v. 16, n. 1, p. 71-86, jun. 2013. BERNARDO, Marcia Hespanhol; SOUSA, Caroline Cristiane de; PINZÓN, Johanna Garrido; SOUZA, Heloisa Aparecida de. A práxis da Psicologia Social do Trabalho: relexões sobre possibilidades de intervenção. In: COUTINHO, Maria Chalfin; FURTADO, Odair; RAITZ, Tânia Regina. Psicologia Social e trabalho: perspectivas críticas. V. 1. Florianópolis: ABRAPSO Editora: Edições do Bosque, 2015. Pp. 16-39 CORTEGOSO, Ana Lucia; CIA, Fabiana; LUCAS, Miguel Gambelli. Economia Solidária: O que é e como se relaciona com a Psicologia. In: CORTEGOSO, Ana Lucia; LUCAS, Miguel Gambelli (orgs.). Psicologia e Economia Solidária: interfaces e perspectivas. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2008. Pp. 25-37. IESOL. Cartilha Economia Solidária: incubando outra sociedade. Ponta Grossa: UEPG, 2015. No prelo. LEÃO, Luis Henrique da Costa. Psicologia do Trabalho: aspectos históricos, abordagens e desafios atuais. Revista ECOS. N. 2, v. 2, pp. 291-305. 2012. MELLO, Silvia Leser de. Por que Economia Solidária? Por que Psicologia? In: CORTEGOSO, Ana Lucia; LUCAS, Miguel Gambelli (orgs.). Psicologia e Economia Solidária: interfaces e perspectivas. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2008. Pp. 16-22. SINGER, Paul. Introdução à Economia Solidária. São Paulo: Perseu Abramo, 2002. VERONESE, Marília Veríssimo. A contribuição da Psicologia na potencialização do coletivo em Empreendimentos Econômicos Solidários. In: CORTEGOSO, Ana Lucia; LUCAS, Miguel Gambelli (Orgs.) Psicologia e Economia Solidária: interfaces e perspectivas. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2008. Pp. 53-67.
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COF ORIENTA
Avaliação psicológica e concursos públicos Luana Oshiyama Barros (CRP-08/18380) Orientadora Fiscal Com contribuições da Comissão de Avaliação Psicológica
Tendo em vista a publicação da Resolução CFP nº
publicada e peço orientação, pois sou responsável
002/2016, que regulamenta a avaliação psicoló-
pela elaboração do perfil profissiográfico”.
gica em concurso público e processos seletivos de natureza pública e privada e revoga a Reso-
A Resolução CFP nº 002/2016 deixa claro que é
lução CFP nº 001/2002, as Comissões de Orienta-
obrigatório que todo certame que exija a avaliação
ção e Fiscalização (COF) e de Avaliação Psicológica
psicológica como requisito para a contratação expo-
consideram importante a orientação da categoria
nha em seu edital quais construtos/dimensões psi-
nesta temática. A seguir, orientaremos um caso
cológicas devem ser avaliados pela(o) Psicóloga(o)
fictício, a fim de ilustrar.
responsável pelo processo de avaliação psicológica. De acordo com a Resolução CFP nº 002/2016:
“Presto consultoria e fui contratada pela prefeitura da minha cidade para assessorar na elaboração
Art. 1º – A avaliação psicológica para fins de sele-
do edital do concurso público que estão organizan-
ção de candidatos(as) é um processo sistemático,
do. Sei que uma nova resolução a este respeito foi
de levantamento e síntese de informações, com
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COF ORIENTA
base em procedimentos científicos que per-
pelos gestores e colaboradores, bem como numa
mitem identificar aspectos psicológicos do(a)
análise das tarefas e atividades a serem realiza-
candidato(a) compatíveis com o desempenho
das. Além dos dados práticos acerca das funções,
das atividades e profissiografia do cargo.
deverão ser levantadas as habilidades cognitivas e
Art. 3º – O edital do concurso público especifi-
psicológicas necessárias ao cargo.
cará, de modo objetivo, os construtos/dimensões psicológicas a serem avaliados, devendo ainda detalhar os procedimentos cabíveis para interposição de recursos. Art. 4º – Os(As) psicólogos(as) ou comissão res-
Para os que tiverem interesse em aprofundar os conhecimentos nesta área, a Comissão de Avaliação Psicológica do CRP-PR sugere o livro “Instrumentação Psicológica – fundamentos e prática” (Luiz, Pasquali, 2010, Artmed).
ponsável deverão ser designados(as) pela instituição ou empresa que promove o concurso ou a seleção, por meio de ato formal, devendo todos
É importante frisar que, para aceitar a propos-
estar regularmente inscritos e ativos em Conse-
ta de trabalho, faz-se necessário que a(o) pro-
lho Regional de Psicologia.
fissional avalie a sua capacitação (tanto técnica
Parágrafo Único – Na elaboração do edital é
e teórica quanto pessoal), solicitando supervi-
obrigatória a participação de profissional psi-
são técnica, se necessário, ou, caso verifique que
cólogo(a) para definição dos construtos/di-
não poderá assumir a demanda, encaminhe a ou-
mensões psicológicas envolvidas no processo de
tras(os) profissionais que possam cumprir os ob-
avaliação...” (negrito nosso)
jetivos do trabalho, conforme Resolução CFP nº 010/2005 (Código de Ética Profissional do Psicó-
O perfil profissiográfico é uma ferramenta
O edital deve expor os construtos/dimensões
racterísticas desejáveis em um trabalhador, en-
psicológicas exigidos ao cargo, para que o candi-
volvendo habilidades cognitivas, técnicas e com-
dato que se submeterá ao processo seletivo esteja
portamentais. A partir do perfil profissiográfico,
ciente do que será avaliado e para que as(os) Psicó-
é possível levantar as principais habilidades, ap-
logas(os) responsáveis pela avaliação psicológica se
tidões, experiências e responsabilidades que o
pautem para o desenvolvimento de seus trabalhos,
profissional deverá ter para desempenhar ade-
sendo que a ausência das informações supracitadas
quadamente determinada função.
pode levar à impugnação do certame.
O trabalho de elaboração do perfil baseia-se fundamentalmente nas informações passadas
12
logo, artigo 1º, alíneas “b” e “k”).
que auxilia a(o) Psicóloga(o) a identificar as ca-
A Comissão de Orientação e Fiscalização permanece à disposição em caso de dúvidas.
CO N TATO E D I Ç ÃO 1 0 6
CAPA
HOSPITAIS DE CUSTÓDIA
Como aliar o sistema de Justiça e a saúde mental humanizada? Ellen Nemitz
Às duas horas da tarde de uma quinta-feira muito
Médico-Penal (CMP) em Pinhais: elas não apre-
fria em Curitiba, Maria* estava em seu cubículo
sentam condições de viver sozinhas e, por isso,
sozinha, sentada na cama em cima de seus pou-
vão ficando por lá mesmo. Esta é a realidade de
cos pertences e com roupas muito finas. Quando
muitas pessoas que ingressam no sistema peni-
perguntamos se podíamos entrar para conhecer o
tenciário na condição de pacientes com transtor-
espaço, a senhora, que aparentava ter por volta de
nos mentais. São pessoas com um histórico de
sessenta anos de idade, disse que só deixava até
desestruturação social e familiar que, como não
uma barreira feita com seus chinelos – todos ar-
possuem tratamento adequado nem antes nem
rebentados, como ela veio nos dizer com voz de
depois da medida de segurança, acabam aprofun-
choro –, tal qual uma criança que cria as regras de
dando os sintomas. Com isso, perdem a capaci-
seu quarto. Maria vive neste cubículo há mais de
dade de criar (ou recriar) laços sociais e viver com
vinte anos, quando cometeu um crime e foi levada
dignidade e independência fora do hospital de
ao hospital de custódia do Paraná – instituições
custódia. O problema, então, não é apenas a ins-
conhecidas como manicômios judiciários.
titucionalização, mas também a dificuldade que a
Ela é o retrato das 34 pessoas que atualmente vivem em situação asilar no Complexo
CO N TATO E D I Ç ÃO 1 0 6
família tem de lidar com esta situação e a falta de estrutura social.
13
CAPA
No mesmo prédio em que Maria passa seus dias desconectada da realidade, outras 312 pessoas [números de abril de 2016] cumprem medida de segurança por terem cometido um crime ou mais em decorrência de transtorno mental ou uso de álcool e outras drogas. São os chamados inimputáveis, ou seja, aqueles que não podem ser punidos por não possuírem capacidade de entender que o ato praticado é ilícito ou por não possuírem capacidade de controle sobre seu comportamento. Estes casos encontram-se na linha divisória do que compete à saúde mental e ao sistema judiciário. O Brasil obteve importantes avanços na Luta Antimanicomial, mas não conseguiu, ainda, olhar de forma adequada para o “louco infra-
14
tor”. “Essas pessoas reúnem duas características
aulas de artes e grupos de ajuda. A professora pa-
que a sociedade quer afastar do convívio: a lou-
recia muito atenciosa e disposta a ajudá-los, mas
cura e o crime. Por isso, fecha-se os olhos para o
o olhar dos alunos estava distante. Nossa presen-
que acontece aqui dentro”, diz a Psicóloga Romi
ça atraiu a atenção de alguns, mas via-se clara-
Campos Schneider de Aquino (CRP-08/04951),
mente a ausência de consciência plena. Aqueles
que trabalha no Complexo Médico-Penal.
homens apenas sobrevivem, dia após dia, espe-
E o que acontece ali dentro não passa nem per-
rando a liberdade – ou talvez nem isso. São como
to do que se poderia imaginar como ideal para um
mortos-vivos, que cumprem a medida de segu-
local de tratamento. Com grades e agentes de se-
rança sem vínculos sociais externos, sem contato
gurança por todos os lados, o local em nada lem-
com a família e sem perspectiva de reinserção na
bra o que seria um hospital. As paredes frias dos
vida fora do complexo.
corredores causam a sensação de enclausuramen-
A percepção que tínhamos ao ver os pacientes
to – e não de acolhimento, como seria de se espe-
é de que muitos se mantinham anestesiados pelos
rar. Os cubículos, como são chamados, não pas-
remédios, muito distantes da realidade – remédios
sam de celas comuns, superlotadas às vezes, com
estes que muitas vezes não são os mais adequa-
algumas camas desconfortáveis, velhas e que-
dos e os deixam vulneráveis aos efeitos colaterais,
bradas. Alguns portões mais fechados chamam a
segundo explica Thiago Bagatin (CRP-08/14425),
atenção, e logo os funcionários explicam que são
Psicólogo que já atuou no hospital de custódia pa-
espaços destinados aos recém-chegados, para que
ranaense. Os que apresentam ausência de sinto-
fiquem em observação até que o comportamento
mas – já que a cura é quase impossível neste am-
seja conhecido.
biente – ganham o direito de trabalhar em funções
Poucos passos além do portão que dá aces-
como “chamadores”, auxiliares de limpeza e de
so aos espaços coletivos ouvimos uma aula: era
serviços gerais. É o caso de João*, um jovem rapaz
a alfabetização de adultos – uma das atividades
com aparência muito diferente dos demais, abso-
oferecidas aos internos, que também frequentam
lutamente consciente, que encontramos fazendo
CO N TATO E D I Ç ÃO 1 0 6
CAPA
pequenos reparos no local. “Com a abstinência to-
“Esses exames, em alguns casos, são realizados
tal das drogas, eles ficam bem, e por isso podem
muito rapidamente. Você nunca viu o sujeito e
trabalhar com maior liberdade”, explica Romi.
tem que dizer se a pessoa tem ou não o transtor-
“Eles gostam, pois além de não precisarem passar
no mental. É impossível um Psicólogo diagnosti-
o dia em seus cubículos, a atividade também acaba
car uma doença mental em tão pouco tempo. Se
resultando em benefícios terapêuticos”.
uma pessoa diz ao profissional que escuta vozes e
Mas há os casos como os de Maria, que ficam
enxerga vultos, como dizer que não é verdade?”,
esquecidos por vários anos sem que ninguém en-
questiona Thiago Bagatin, ao lembrar que muitos
contre melhor destino, ainda que exista um ser-
advogados induzem os clientes a se comportar no
viço de assistência social que trabalhe neste sen-
exame de modo a ser considerado inimputável.
tido. Diferentemente de condenados comuns, os
Para a liberação do paciente, o problema conti-
pacientes em medida de segurança não recebem
nua. “Os resultados dos laudos geralmente apre-
uma pena com prazo para acabar. O juiz pode de-
sentam algum transtorno, e, também, isso faz
terminar que eles fiquem no mínimo um, dois ou
parte do medo por parte dos profissionais de dar
três anos ou ainda por tempo indeterminado. Mas
alta para um sujeito e ele ainda ter algum pro-
quem vai indicar se eles podem sair é o psiquiatra,
blema, gerando consequências negativas, como já
em conjunto com a(o) Psicóloga(o). Se o paciente
aconteceu”, lembra o Psicólogo.
não apresenta remissão dos sintomas ou até mes-
O problema apontado por Bagatin foi, em par-
mo regride, vai permanecendo a cada nova avalia-
te, solucionado pelos Mutirões Carcerários. Nes-
ção. E, às vezes, passa a ser considerado paciente
tes mutirões, os juízes se deslocam para o CMP
asilar, como Maria. Não à toa os manicômios ju-
para analisar vários casos de uma só vez. “Acaba
diciários são conhecidos como prisões perpétuas.
sendo bom, de certa forma, porque as pessoas não
O próprio laudo de entrada e a avaliação para
ficam mais presas durante 50 anos, como ficavam
saída do sistema – esta chamada “exame de ces-
antigamente. No entanto, os mutirões colocam
sação de periculosidade” – são alvo de críticas.
em xeque a própria relevância dos laudos, pois os
CO N TATO E D I Ç ÃO 1 0 6
15
CAPA
juízes acabam equivalendo o tempo de interna-
Antimanicomial. Quanto mais se violam os direi-
mento ao tempo que o sujeito ficaria encarcerado
tos, menores as possibilidades de recuperação. O
numa prisão comum”, diz ele. A Psicóloga Romi,
ideal seria transformar aquele lugar em um es-
que trabalha no CMP, concorda que estes even-
paço humanizado. Até que possamos, em médio
tos agilizam muitos processos. “É bom porque a
prazo, partir para a extinção dessas instituições”,
gente pode dialogar diretamente com o juiz sobre
opina Bagatin.
alguns casos, o que é muito mais abrangente que uma informação por escrito”.
O que Bagatin defende é que todos os pacientes com transtornos mentais deveriam ter acesso às condições de tratamento disponíveis na Rede
Tratar o louco infrator em liberdade é possível?
de Atenção Psicossocial (RAPS), que pressupõem
O Estado deveria prover um local adequado para
cuidados em liberdade e inseridos na comunida-
receber fornecer
tais
e
de da pessoa, incluindo a fa-
atendimento
pessoas
mília. Algo que não acontece
em liberdade e cuidando
Se os manicômios foram
dentro do Complexo. “Nós
para que as característi-
considerados inadequados
trabalhamos para preparar o
cas de cada caso fossem
para o tratamento de pessoas
acontece na prática. Na
com transtornos mentais
tro, com pouco contato com
opinião de Romi, isso não
há muitos anos, por que os
a família, o que nos gera li-
seria possível em cer-
mas fazemos isso aqui den-
mitações no trabalho da Psi-
tos casos, principalmente
pacientes em conflito com
quando ele oferece risco
a lei ainda permanecem
cóloga ainda lembra que é
a si mesmo e aos outros.
internados por muito tempo,
difícil criar um Projeto Tera-
“Existem alguns episódios que ficam famosos
totalmente destituídos de
na mídia de ex-internos
seus vínculos familiares?
de hospitais de custódia graves crimes contra a vida”, lembra ela.
cologia”, diz Romi. A Psi-
pêutico Singular, como nos CAPS (Centros de Atenção Psicossocial), já que há poucos profissionais e a deman-
que acabam cometendo
16
indivíduo para a vida lá fora,
respeitadas. Não é o que
da de trabalho é muito grande. Os atuais dois Psicólogos que trabalham no
No entanto, existe uma discussão muito gran-
CMP fazem laudos e relatórios a pedido do juiz,
de no que diz respeito à aplicação da Lei Anti-
sobrando menos tempo para atender todos os pa-
manicomial (lei nº 10.216/01) aos hospitais de
cientes na frequência que seria esperada. Certa-
custódia. Se os manicômios foram considerados
mente, o reduzido número de atendimentos aos
inadequados para o tratamento de pessoas com
pacientes é devido à estrutura ofertada pelo Esta-
transtornos mentais há muitos anos, por que os
do, que não supre o CMP com mais profissionais
pacientes em conflito com a lei ainda perma-
da Psicologia.
necem internados por muito tempo, totalmente
Ainda existe um tabu na sociedade quando fa-
destituídos de seus vínculos familiares? “Em cur-
lamos em implementar o tratamento em liberda-
to prazo o Complexo Médico-Penal deveria rece-
de para todos: deixar uma pessoa que não possui
ber investimentos em projetos que sigam a lógica
noção do que é certo ou errado fora da custódia
CO N TATO E D I Ç ÃO 1 0 6
CAPA
pode expor as pessoas que convivem com ela ao
com que as pessoas tenham respostas que, às ve-
risco. “Não é possível prever o crime, mas já ouvi
zes, são de desequilíbrio mental. Então, existe um
de pacientes que assim que saíssem daqui volta-
contexto que leva a pessoa a surtar ou usar dro-
riam a matar”, lembra a Psicóloga Romi. Além
gas, e isso a leva ao processo do crime. Qual seria
disso, não há como garantir que os pacientes libe-
a solução? “A medida é em longo prazo. Em curto
rados vão continuar o tratamento do lado de fora.
prazo ela vai entrar no sistema penitenciário, vai
Existe a indicação, mas a justiça só voltará a ter
sair pior do que entrou e no caso de quem tem al-
contato com a pessoa se ela cumprir as regras de
gum diagnóstico isso não muda, a pessoa precisa
comparecimento estabelecidas durante o período
receber um tratamento médico digno e humani-
de liberdade vigiada, que é de um ano, ou voltar a
zado”, diz o Psicólogo.
delinquir. Ou seja, há uma
Temos, portanto, um ci-
chance de os pacientes,
A falta de estrutura
quando saírem do siste-
clo vicioso: as pessoas com o transtorno nem sempre re-
ma penal – ainda mais se
familiar, a dificuldade de
cebem cuidados adequados e
não tiverem acompanha-
acessar serviços de saúde e
apoio familiar; isso as leva a
mento social – voltarem
praticar um crime que resul-
à mesma situação que os
educação de qualidade e o
levaram à medida de se-
desemprego, por exemplo,
de custódia, onde não rece-
gurança. “Tínhamos um
fazem com que as pessoas
bem o tratamento adequa-
caso em que o paciente
ta na internação no hospital
do e, quando voltam às ruas,
era dependente químico e
tenham respostas que, às
vinha de uma comunidade
vezes, são de desequilíbrio
car atos ilícitos por não te-
onde o tráfico era inten-
mental. Então, existe um
rem acompanhamento. Pen-
so. A família dele também
acabam voltando a prati-
sando nisso, a Psicanalista
era muito comprometi-
contexto que leva a pessoa a
da, e por isso era difícil
surtar ou usar drogas, e isso a
1998, o PAI-PJ (Programa de
mudar a situação. Pouco
leva ao processo do crime.
Atenção Integral ao Paciente
tempo depois o paciente voltou a ser detido. Este
Fernanda Otoni criou, em
Judiciário Portador de Sofrimento Mental), que acom-
tipo de situação, infelizmente, é muito comum”,
panha estas pessoas durante o tempo em que
lembra a Psicóloga. Ela vai além e diz que se as
respondem pelos crimes que cometeram, na Jus-
pessoas com transtornos mentais fossem tratadas
tiça, em condições de liberdade, promovendo seu
adequadamente antes de cometer o crime, talvez
tratamento na rede SUS. Fernanda, que é mem-
muitos crimes pudessem ser evitados.
bro da Escola Brasileira de Psicanálise, coordena
A opinião é compartilhada por Bagatin, mas
o programa que já atendeu mais de seis mil pa-
de uma maneira um pouco diferente. Ele diz que
cientes com sucesso em Minas Gerais. “Os índices
as pessoas chegam ao sistema carcerário por um
de reincidência processual, que é quando a pessoa
motivo. A falta de estrutura familiar, a dificul-
tem encerrado o seu processo criminal e volta a
dade de acessar serviços de saúde e educação de
delinquir, são de 0,8%. Já as nossas estatísticas
qualidade e o desemprego, por exemplo, fazem
internas mostram que, durante o processo, 1,4%
CO N TATO E D I Ç ÃO 1 0 6
17
CAPA
dos pacientes cometem outra infração”, conta. Os
convívio, sempre difícil, com os outros”, explica a
casos de reincidência são geralmente de crimes de
psicanalista. Ela completa dizendo que cada caso
menor potencial ofensivo, como furtos e uso de
é uma nova aposta, e que as respostas são dife-
drogas. Isso mostra, portanto, que os pacientes
rentes em cada pessoa.
que passam pelo programa PAI-PJ são, de fato, tratados.
O sucesso do programa é indiscutível. Além dos índices praticamente nulos de volta ao cri-
Isso acontece a partir de um esforço conjunto.
me, o tempo de tratamento também é inferior.
Quando o juiz determina que o paciente precisa re-
Os pacientes passam, em média, seis anos no
ceber uma medida de segurança, ele é encaminha-
PAI-PJ. “Quando começamos o programa, havia
do para a equipe interdisciplinar que acolhe o que
pessoas que viviam nos manicômios judiciários
o paciente judiciário ensina e formula um projeto
havia mais de 30 anos. Como o tratamento não
de tratamento que seja na medida de sua condição
era singularizado, com atenção ao detalhe de um
singular, inserido na rede de saúde mental, postos
por um, era um tratamento de massa, para to-
de saúde, centros de convivência e CAPS do muni-
dos o mesmo medicamento, os mesmos horários,
cípio. A hospitalidade noturna, quando necessária,
a mesma roupa, etc., o laudo sempre indicava o
pode ocorrer, mas a permanência nesse dispositivo
mesmo para todos: que eles precisavam perma-
é discutida diariamente pela equipe do CAPS, se-
necer internados devido a sua periculosidade”,
gundo a lógica do cuidado e atenção à crise daque-
lembra Fernanda. Como o tratamento todo é feito
le caso em particular. Assim, cada caso é visto em
dentro do sistema SUS – a saber: CAPS, centros de
suas particularidades, permitindo que o paciente
convivência, postos de saúde, etc. –, os pacientes,
recupere sua capacidade de tratar seu sofrimento
quando são liberados da custódia judicial, já estão
e fazer laços sociais através do seu enlace nos dis-
inseridos na rede de cuidados e, assim enlaçados,
positivos de saúde mental, ao mesmo tempo em
continuam frequentando as unidades conforme
que responde pelo seu ato no sistema de Justiça.
sua singularidade.
“Responsabilidade é a capacidade que temos de
Situação bastante diversa ocorre no Para-
responder pelos nossos atos. Um crime pode ser
ná, onde os pacientes recebem a orientação de
uma resposta a situações de sofrimento psíqui-
frequentar o CAPS mas, como nunca tiveram
co, à intensa angústia que toma o corpo daquele
acompanhamento e não se sentem imersos na-
que sofre. O crime foi uma resposta deste tipo para
quele ambiente, dificilmente o fazem – não há
muitos dos casos que acompanhamos. Nós acolhe-
nem mesmo estatísticas sobre isso, já que os pa-
mos suas respostas, de forma que cada um possa
cientes não são acompanhados após ganharem
localizar o que deu causa a esse sofrimento, mui-
a liberdade. Romi concorda que existem alguns
tas vezes sem sentido, mas a exigir de cada um
pontos a serem melhorados no CMP. “Em pri-
a invenção de novas respostas. Nossa presença ao
meiro lugar, aqui deveria ser só hospital de cus-
lado desses pacientes visa a promover a abertura
tódia, e não abrigar outros presos. Além disso,
para que eles possam aceder aos recursos neces-
precisaríamos ter mais profissionais, entre eles
sários, na sua medida, para gerar uma nova for-
Psicólogos,
ma de resposta ao seu sofrimento, uma saída que
mais modernos e mais atividades de terapia ocu-
possa prescindir da violência e se fazer razoável ao
pacional”, conclui.
melhor
estrutura,
medicamentos
* nomes fictícios
18
CO N TATO E D I Ç ÃO 1 0 6
ARTIGO
O ato e a ética:
um diálogo necessário Guilherme V. G. de Castro (CRP-08/15614) *O profissional escreveu a convite da revista Contato.
A elaboração deste artigo é resultado de questionamentos de ordem ética, na possibilidade
Comecemos pelo relato de um caso acompanhado por equipe multiprofissional.
de propor novas formas de atuação das comissões orientadoras e de divulgação, à população
Durante certo período uma profissional Psi-
em geral, de informações pertinentes à atuação
cóloga, Alice* (nome fictício), trabalhou em um
dos profissionais Psicólogos nas suas mais di-
CREAS (Centro de Referência Especializado de
versas esferas de atuação. Também tem como
Assistência Social) de seu município. Nesse pe-
argumento a ampliação do alcance das formas
ríodo, foi atendida uma família, encaminha-
de denúncias éticas a profissionais prestadores
da pelo Poder Judiciário, para acompanhamen-
de serviços à população.
tos em programas de fortalecimento de vínculos
CO N TATO E D I Ç ÃO 1 0 6
19
ARTIGO
familiares por situações de supostas violações de direi-
concordava com ideia de “ser a única responsável” pela
tos contra os filhos.
situação familiar, e que não estava de acordo com a con-
Com relação à família, a equipe daquele CREAS de-
duta ética das Psicólogas.
cidiu por atribuir a Alice o acompanhamento da mãe e
É possível assumir que a situação descrita aci-
de um dos filhos do casal, enquanto que outra Psicólo-
ma é vivenciada, em muitos dos seus aspectos, por
ga, Mônica* (nome fictício), ficaria responsável pelo
pessoas nos mais diversos serviços psicológicos
acompanhamento do pai e do outro filho do casal.
prestados, e que o caso acima nos traz uma discus-
Nos acompanhamentos com a mãe e o primeiro fi-
são sobre a dificuldade, principalmente de algumas
lho, Alice trabalhava questões dos vínculos familiares,
pessoas com baixo grau de escolaridade ou já bas-
da função protetiva da família com relação aos filhos e
tante fragilizadas por qualquer situação econômica,
sobre as questões conjugais que poderiam ocasionar as
comunitária ou social, de questionar:
violações de direito contra os filhos. Foi deixado claro para a mãe quais seriam os objetivos dos atendimen-
A qualidade do serviço ofertado pelo pro-
tos, sendo realizado longo trabalho inicial para que ela
fissional Psicólogo (artigo 1º, alínea “c” do
compreendesse a gravidade da situação frente ao Poder
Código de Ética Profissional do Psicólogo
Judiciário. Da mesma forma, a mãe foi bastante orien-
(CEPP)), sem distinção de classe social, cor,
tada sobre as consequências da manutenção de situa-
gênero ou outros, e considerando ainda as
ções que mantinham as violações de direitos, sendo de
condições individuais de compreensão, cog-
responsabilidade da família decidir (ou não) pelas mu-
nição e aprendizado do sujeito;
danças necessárias . 1
2. A integralidade da oferta de um serviço psi-
Após certo tempo de acompanhamento, Alice acabou
cológico que atenda à realidade individu-
sendo remanejada para outro setor daquele município,
al do sujeito, em conformidade com as suas
repassando o caso para uma terceira profissional Psi-
necessidades (artigo 1º, alínea “e” do CEPP)
cóloga, Marta* (nome também fictício), que assumiria
e do órgão que imputou a aplicação do ser-
suas funções no CREAS.
viço – neste caso, o Poder Judiciário (Prin-
Certo tempo depois, a mãe procurou Alice no setor em
cípio Fundamental VII do CEPP);
que se encontrava, expondo diversas situações que esta-
3. A funcionalidade, ou seja, avaliar se o servi-
riam ocorrendo com as Psicólogas Mônica e Marta, que
ço se mostra funcional à modificação da si-
acompanhavam naquele momento sua família. Citou, por
tuação de um sujeito ou família, ou à oferta
exemplo, que desde a mudança dos profissionais a equipe
de condições e ferramentas para que o su-
a estaria colocando como “culpada” das situações viven-
jeito ou a família tenham condições de uma
ciadas. Acrescentou que a equipe estaria, inclusive, dizendo
modificação ou reestruturação, consideran-
que a genitora “sempre protegeu demais” um filho em de-
do até que ponto o mal-estar advindo da
trimento do marido (o que ocasionava conflitos conjugais e
atuação do Psicólogo impele à mudança ou
familiares), ou que Alice sempre “defendia demais” a mãe
impede a mesma (artigo 6º do Estatuto da
nos atendimentos prestados.
Criança e do Adolescente);
Essa mãe teria, então, dito a Alice que sentia mui-
4. O princípio da intervenção mínima (artigo
to mal-estar após os atendimentos que era obrigada a
100, VII, do Estatuto da Criança e do Ado-
frequentar (por ordem judicial) e que isso não ocorria
lescente), de se realizar as ações, orienta-
enquanto era atendida por Alice. Disse também que não
ções ou os encaminhamentos estritamente
1
20
1.
Em última instância, é função do profissional Psicólogo questionar as situações vivenciadas por um sujeito ou família, expor as mesmas a este ou aos membros da família, e dar poder e autonomia para que eles escolham pela mudança das situações ou não.
necessários ao restabelecimento das condições do sujeito ou da família, ou do cumprimento de determinações advindas do Poder
CO N TATO E D I Ç ÃO 1 0 6
ARTIGO
Judiciário ou de outros, prezando sempre
E o mais importante, será que a pessoa sub-
pela autonomia e pelo empoderamento do
metida a um acompanhamento psicológico com-
sujeito ou da família.
pulsório (por determinação judicial) tem esse en-
Considerando-se o caso, poderíamos refletir
tendimento (de que não é função do profissional
acerca da possibilidade de infração a alguns dis-
tomar juízo de valor com relação a uma realidade
positivos do Código de Ética Profissional do Psi-
que é pessoal)? E ainda mais, será que o familiar
cólogo, no atendimento prestado à família como,
tem condições e os meios de questionar a necessi-
por exemplo, a arbitrariedade da Psicóloga Marta
dade de uma intervenção psicológica ou a conduta
ao lidar com a mãe, descrita nos dois últimos pa-
do profissional Psicólogo?
rágrafos do caso (artigo 1º, alínea “c”, e artigo 2º, alínea “c”, do CEPP).
Continuando, há um entendimento de que o mal-estar é condição de qualquer trabalho, mes-
Mesmo que haja tomada de partido de um
mo que ocorra em ambiente terapêutico, ou que
genitor com relação a um de seus filhos, e que
envolva intervenções de fortalecimento de víncu-
isso cause certo desconforto ou conflitos familia-
los familiares. Isso se dá uma vez que as vivências
res, conjugais, ou de qualquer ordem, seria pa-
e experiências pessoais não são independentes da
pel do profissional tomar juízo de valor ao acusar
história pessoal, das preferências individuais, ou
ou proteger qualquer um dos membros da família
dos entendimentos sobre as formas de se lidar
(seja ele “quem causa” os conflitos familiares ou
com os problemas vivenciados. Em suma, há de
“quem sofre” com eles)?
se considerar que um “modus operandi” pessoal
CO N TATO E D I Ç ÃO 1 0 6
21
ARTIGO
e individual é desenvolvido no decorrer da vida in-
O outro lado disso é: será que o usuário tem
teira do sujeito, e que a alteração desse “modus ope-
conhecimento que é direito dele escolher um pro-
randi” necessariamente envolve a desconstrução de
fissional ou um serviço que melhor atenda às suas
muitos entendimentos sobre aquelas “vivências”,
necessidades (artigo 1º, alínea “e”, do CEPP)? Ou
“preferências” e “entendimentos”, o que necessa-
que é direito dele participar das construções de
riamente vem junto com sofrimento.
planos de atendimentos ou terapêuticos, inclusi-
Um trabalho psicológico deve necessariamente,
ve tendo o direito de se recusar a participar ou a
portanto, considerar o sofrimento da pessoa, “pesá-
se submeter a acompanhamentos ou tratamentos
-lo”, de forma que o profissional possa verificar se
psicológicos (claro, estando plenamente ciente de
o sofrimento atravanca a possibilidade de a pessoa
toda e qualquer implicação quanto a isso, inclusive
poder rearticular sua vida, ou se a faz protagonista
na forma da lei)?
na construção de novas formas de viver. O primor-
O Código de Ética Profissional do Psicólogo
dial aqui é que se verifiquem as condições pessoais
mostra os caminhos, dá uma direção que é ética,
ou familiares, no momento de um procedimento psi-
e que deve reger todo e qualquer trabalho psicoló-
cológico, de forma que a ação do Psicólogo não seja
gico, inclusive dando ao Psicólogo as ferramentas
um forçamento violento contrário às possibilidades
necessárias para a averiguação de denúncia de fal-
do sujeito (artigo 1°, alínea “c”, e artigo 2°, alínea
tas éticas, ou das problemáticas de um trabalho que
“c”, do CEPP).
não se encontra em conformidade com as necessi-
E de novo: será que o usuário de serviços psicoló-
dades do sujeito, as políticas públicas e as atribui-
gicos sabe disso? Será que é claro a um usuário (prin-
ções profissionais do Psicólogo. Mas, e quando não
cipalmente aqueles com baixo índice de escolariza-
é intenção do Psicólogo fazer conhecer seu Código
ção ou vulneráveis por qualquer outro motivo) que é
de Ética pelos usuários a quem atende (conforme
de direito dele não ser submetido a situações vexató-
artigo 1º, alínea “a”, do CEPP)? O que mais, atual-
rias, de mal-estar desnecessário, ou de juízos de va-
mente, mostra ao usuário de serviços de Psicologia
lor (conforme os Princípios Fundamentais, I e II, e o
os caminhos para uma eventual queixa com relação
artigo 2º, alínea “c”, do CEPP)? E, ainda mais, até que
aos serviços ofertados?
ponto um usuário dos serviços de Psicologia (prin-
Percebe-se que é de suma importância a aber-
cipalmente o “menos favorecido”) sabe os meios de
tura de questões práticas como essa para o apri-
questionar isso?
moramento das funções e atribuições do profis-
Um terceiro ponto: é claro que em situações de
sional Psicólogo. Estas são questões básicas que
acompanhamento ou de tratamento psicológico im-
devem permear desde o início da formação técnica
putadas por terceiros (seja este o Poder Judiciário,
e acadêmica (artigo 17, do CEPP) ao aprimoramen-
os Conselhos Tutelares, de Internações Involuntá-
to profissional continuado (Princípio Fundamental
rias ou Compulsórias), há de se considerar as re-
IV, do CEPP).
lações de poder envolvidas – Princípio Fundamen-
Há de se considerar que quando se tem clara a
tal VII, do CEPP? Em outras palavras: quantos casos
ideia de que são os usuários dos serviços os “termô-
não comparecem aos serviços de Psicologia “apenas
metros” da direção do trabalho individual do Psicó-
porque o juiz mandou”? Quantas vezes os profissio-
logo (ou seja, aqueles que dizem, mostram e ensi-
nais não se frustram pela impossibilidade de atingir
nam o modo de abordar, de acolher, e das formas de
seus objetivos (de uma melhora na condição pessoal
continuar um acompanhamento ou tratamento), as
ou familiar) pelo simples fato de que não há qual-
questões de uma formação ética e continuada aca-
quer interesse do usuário em mudar tal situação?
bam por seguir naturalmente o mesmo caminho.
22
CO N TATO E D I Ç ÃO 1 0 6
INFORMES ELEITORAIS
Eleições 2016: Psicólogas(os) são chamadas(os) a definir os rumos dos Conselhos para o próximo triênio Estamos vivendo, sem sombra de dúvidas, um dos momen-
com lisura, respeito às chapas, com o saudável embate de
tos políticos mais interessantes e dinâmicos do ponto de
ideias e apresentação de projetos políticos.
vista da democracia, no Brasil. A sociedade brasileira tem
Participe, envolva-se! A construção de uma Psicologia
sido constantemente convocada a se posicionar sobre o que
cada vez mais com a cara da(o) Psicóloga(o) brasileira(o)
acontece no país, sobre seu futuro político e seus direitos.
depende do nosso envolvimento em processos como este.
A participação política tem sido mais recorrente e cada vez
Confira abaixo mais informações sobre o processo eleitoral.
tem feito menos sentido delegar sua representação a outras pessoas, muitas vezes sem que conheçamos os seus
Chapas concorrentes ao CRP-PR
interesses e projetos. Tomar as rédeas dos espaços que de-
São 02 (duas) as chapas concorrentes para o Conselho Re-
finem nossa vida, em suas múltiplas dimensões, tem sido
gional de Psicologia do Paraná, conforme relação de can-
um exercício e uma necessidade histórica.
didatas(os) abaixo:
No conjunto das transformações do nosso tempo, temos acompanhado e, mais do que isto, temos construído cotidianamente a Psicologia brasileira. Nós, Psicólogas e Psicólogos brasileiros, somos as(os) responsáveis pela consolidação e desenvolvimento de nossa ciência e profissão no país, nestes quase 55 anos de Psicologia regulamentada no Brasil. Somos nós as(os) responsáveis por cada atendimento, consultoria, por cada parecer confeccionado, laudo, visita domiciliar, por cada acolhimento, pelas aulas e supervisões dadas e pelas novas e criativas experiências do nosso campo profissional. É justo, então, que caiba à categoria a decisão sobre como devem ser geridas as principais instituições da Psicologia brasileira: o Conselho Federal de Psicologia e os Conselhos Regionais de Psicologia de cada Estado. Teremos no dia 27 de agosto deste ano, mais uma oportunidade de exercermos a democracia e de expressarmos nas urnas os desejos que temos para a Psicologia brasileira. 2016 é ano de eleição para o Sistema Conselhos, momento em que escolheremos os representantes que estarão à frente das gestões do CFP e CRP-08 pelos próximos três anos. O processo eleitoral foi iniciado e as chapas já apresentam suas propostas e plataformas de atuação para o próximo período. Para o sucesso das Eleições, a Comissão Regional Eleitoral do CRP-PR tem se reunido semanalmente para a construção de um processo eleitoral
CO N TATO E D I Ç ÃO 1 0 6
CHAPA 11 - “É TEMPO DE DIÁLOGO!” Efetivo Efetivo Efetivo Efetivo Efetivo Efetivo Efetivo Efetivo Efetivo Efetivo Efetivo Efetivo Efetivo Efetivo Efetivo Suplente Suplente Suplente Suplente Suplente Suplente Suplente Suplente Suplente Suplente Suplente Suplente Suplente Suplente Suplente
Luciana De Almeida Moraes Sandra Mara Passarelli Flores Rosangela Maria Martins Vanessa Jacqueline Monti Chavez Luciano Ferreira Rodrigues Filho Ana Lucia Canetti Nayanne Costa Freire Renata Jacintho S. De Moraes Renata Campos Mendonça Luiz Antonio Mariotto Neto Jefferson Olivatto Da Silva Ana Ligia Bragueto Andressa Roveda Andre Luiz Vendel Juliano Del Gobo Fabiane Kravutschke Bogdanovicz Michele Leite De Farias Pedro Braga Carneiro Cristina Shizue Yuasa Claudia Lopes Perpetuo Lucia Pereira Wolf Esther Siza Tribuzy Marina De Pol Poniwas Marcel Cesar Julião Pereira Caetano Fischer Ranzi Ana Carolina Dos Santos Felippe Leandro Carmo De Souza Thais Mara H. da Silva dos Santos Joao Juliani Luciana Mara Finger
CRP-08/14417 CRP-08/01198 CRP-08/01169 CRP-08/19849 CRP-08/17971 CRP-08/10403 CRP-08/14350 CRP-08/15962 CRP-08/09371 CRP-08/17526 CRP-08/13918 CRP-08/08334 CRP-08/08990 CRP-08/14073 CRP-08/13756 CRP-08/19219 CRP-08/06231 CRP-08/13363 CRP-08/23296 CRP-08/06142 CRP-08/00337 CRP-08/11449 CRP-08/13821 CRP-08/20665 CRP-08/14605 CRP-08/14432 CRP-08/15905 CRP-08/18824 CRP-08/07501 CRP-08/10956 23
INFORMES ELEITORAIS
CHAPA 12 - “FORÇA E INOVAÇÃO” Efetivo Efetivo Efetivo Efetivo Efetivo Efetivo Efetivo Efetivo Efetivo Efetivo Efetivo Efetivo Efetivo Efetivo Efetivo Suplente Suplente Suplente Suplente Suplente Suplente Suplente Suplente Suplente Suplente Suplente Suplente Suplente Suplente Suplente
João Baptista Fortes De Oliveira Rosangela Lopes de C. Cardoso Francisco Mario Pereira Mendes Carolina de Souza W. de Almeida Ludiana Cardozo Rodrigues Nelson Fernandes Junior Deisy Maria Rodrigues Joppert Nanci Garcia Cairo Frank Da Silva Veiga Mariana De Oliveira Prochet Maria Cristina Neiva De Carvalho Angela Sanson Zewe Elisa Mara Ribeiro Da Silva Maria Sezineide C. de Melo Celia Regina Cortellete Gilberto Gaertner Sandra R. F. dos Santos Batista Silvio Araujo Vailões Suzana Maria Borges Iara Lais Raittz Baratieri Sandra Cristine Machado Mosello Jane Biscaia Hartmann Luciano Bugalski Debora Cruz Marinho Jane Margareth M. de Carvalho Camila Maia De O. Borges Parana Adriane Wollmann Erica Antunes Carlos Mari Angela Calderari Oliveira Semiramis Maria A. Vedovatto
CRP-08/00173 CRP-08/01520 CRP-08/01774 CRP-08/11381 CRP-08/14941 CRP-08/07298 CRP-08/01803 CRP-08/17250 CRP-08/18493 CRP-08/19198 CRP-08/01397 CRP-08/06216 CRP-08/03543 CRP-08/03183 CRP-08/00457 CRP-08/05000 CRP-08/02667 CRP-08/17829 CRP-08/01855 CRP-08/18399 CRP-08/18391 CRP-08/00642 CRP-08/11857 CRP-08/11578 CRP-08/13522 CRP-08/11213 CRP-08/06579 CRP-08/17262 CRP-08/01374 CRP-08/06207
se chegar à sede do CRP (Curitiba) até o encerramento da votação, no dia 27 de agosto, sendo este o único critério para esse fim, excluindo-se todos os demais, inclusive a data de postagem. As cédulas serão encaminhadas pelo correio para o endereço da(o) profissional, com instruções para realização do voto. Na hipótese de a(o) profissional não conseguir votar pela internet ou por correspondência, ainda poderá se dirigir a um dos postos de votação presenciais. A relação dos postos de votação se encontra disponível no site do CRP-PR. Sobre o voto O voto é obrigatório, secreto, pessoal e intransferível, sendo facultativo para as(os) Psicólogas(os) com idade a partir de 70 (setenta) anos. São eleitoras(es) as(os) Psicólogas(os) que estejam adimplentes com a tesouraria em relação aos exercícios anteriores, até o dia da eleição, ainda que sob a forma de parcelamento de débito, bem como em pleno gozo de seus direitos. As(os) Psicólogas(os) que não votarem devem apresentar justificativa no prazo de 60 (sessenta) dias do dia da votação, pelo site http://www.eleicoespsicologia.org.br, sob pena de aplicação de multa no valor definido pela Assembleia das Políticas, da Administração e das Finanças (APAF).
Como a produção desta edição da revista antecedeu a data final para inscrição de chapas para o Conselho Federal de Psicologia (CFP) (19 de junho), não foi possível incluir os nomes das(os) candidatas(os) no texto. Entretanto, as chapas inscritas para CFP podem ser consultadas pelo site https://www.eleicoespsicologia.org.br. Modalidades de votação Todas(os) as(os) Psicólogas(os) em condições de voto poderão votar pela internet, de qualquer computador, a partir das 8h do dia 24 de agosto, com encerramento às 17h do dia 27 de agosto. Aqueles que residem numa distância superior a 50
Psicóloga(o)! Atualize seus dados cadastrais. A atualização garante que seus dados estarão corretos para o envio de senhas (para aqueles que votarão pela internet) e para o envio de envelopes com as cédulas (para aqueles que votarão por correspondência). Acesse: http://cadastro.cfp.org.br/
(cinquenta) quilômetros dos postos de votação presenciais (Curitiba, Londrina, Maringá, Cascavel e Foz do Iguaçu) também poderão optar pelo voto por correspondência. Nesta modalidade, o voto apenas será computado 24
Dúvidas, escreva para a Comissão Regional Eleitoral: eleitoral@crppr.org.br. CO N TATO E D I Ç ÃO 1 0 6
INFORMES ELEITORAIS: É TEMPO DE DIÁLOGO
Chapa 11: É Tempo de Diálogo Em busca do Diálogo
O ato de dialogar é uma atitude revolucionária. O
entendimento fundamental quanto à natureza do
diálogo inverte a lógica centralizadora que rever-
Conselho: esta instância não deve se limitar aos
bera na ciência e política atuais. Desafia as certe-
fazeres e saberes de 30 conselheiros e seus convi-
zas imutáveis ao admitir que não se sabe tudo, na
dados, mas deve ser a casa de todas as psicólogas
busca permanente por se saber mais.
e psicólogos do estado.
A postura para o diálogo demanda abertura
Para tanto, deve estar aberto de forma acolhe-
ao inesperado. E é quando se encontra o outro
dora aos temas, propostas, dúvidas e sugestões da
também disposto a dialogar que surgem as novas
categoria. Deve representar e acolher nossas an-
possibilidades, novos fazeres, novos resultados.
gústias profissionais. É a angustia que traz algo
Esta atitude pautou a atuação do CRP-PR entre 2013 e 2016, na gestão do grupo É Tempo de
novo, é na falta que temos a convicção do que pode ser melhorado e sanado.
Diálogo. Isso porque entendemos que é papel do
Durante a primeira gestão É Tempo de Diálo-
Conselho fomentar e apoiar iniciativas de psicó-
go, pudemos dar voz para demandas emergentes,
logas e psicólogos de todo estado, criando espaços
como Psicologia e o Sagrado e Práticas não Hegemô-
e oferecendo estrutura para que elas repercutam.
nicas em Psicologia. Foi dialogando com a dor, com
Desta forma, procuramos abrir os mais variados
a perplexidade da categoria que pudemos fomen-
canais de comunicação para a integração da cate-
tar e acolher novos grupos de trabalho, como a
goria e sociedade.
Comissão Étnico-Racial, a Comissão de Direitos Hu-
Agora, novamente como Chapa 11, pretendemos continuar avançando nesta revolução do diá-
manos (com caráter multidisciplinar) e o Núcleo de Psicologia e Migrações.
logo. Para isso, nos apoiamos nas experiências da
Dialogando sempre, o conselho não será com-
gestão e na vontade do aprimoramento contínuo
posto apenas por 30 pessoas, mas sim pelos quase
para destacamos nossas principais diretrizes:
dezesseis mil psicólogas e psicólogos do Paraná.
1) Diálogo como método
2) Transparência e Eficiência na Gestão
A Chapa 11 sustenta o diálogo como método pere-
Transparência é um desafio para qualquer ges-
ne para alcançarmos a superação de nós mesmos.
tão democrática e uma exigência da sociedade. É
Ao utilizá-lo, queremos demonstrar nosso
um preceito fundamental para que toda categoria
CO N TATO E D I Ç ÃO 1 0 6
25
INFORMES ELEITORAIS: É TEMPO DE DIÁLOGO
possa se sentir contemplada e ter confiança nos
Neste sentido, também nos propomos a es-
processos decisórios. Por isso, entendemos que é
tabelecer uma relação democrática entre capital,
uma responsabilidade fundamental do Conselho
interior e litoral. Apresentamos uma chapa com-
e assumimos o compromisso de aprimorar con-
posta com metade dos membros representantes
tinuamente as estratégias de transparência, bem
do interior, em todas as regiões, e outra metade
como de participação nos processos de decisão e
de Curitiba e região metropolitana. Desta forma,
construção coletiva da gestão.
poderemos fazer uma boa gestão administrativa,
Além disso, reconhecemos que a gestão finan-
mas também capilarizada.
ceira e administrativa do CRP, executada de maneira inteligente e eficiente na gestão É Tempo de
5) Posicionamento
Diálogo (2013-2016) permitiu alcançarmos con-
O posicionamento é também a coragem funda-
quistas inovadoras, com as quais continuaremos
mental para se empreender o diálogo. Ao pau-
comprometidos. Foram elas: a) redução da anui-
tarmos temas como inclusão social e defesa pela
dade para Pessoa Jurídica; b) desconto na primei-
democracia, não deixamos de avançar no campo
ra anuidade para os recém-formados; e c) uma
técnico e profissional.
política de manutenção das anuidades sempre que
Posicionamo-nos duramente contra a mis-
possível, com reajustes somente quando necessá-
celânea entre religião e ciência, mas acolhe-
rio e sempre abaixo da inflação.
mos a espiritualidade como questão humana fundamental.
3) Participação Uma das principais conquistas desta gestão foi o
vidade fundamental dos psicólogos em todos os
aprimoramento das estratégias de participação e
contextos, especialmente nas políticas públicas.
aproximação com a categoria.
Neste caminho, realizamos orientações aos que
Os eventos Dialogandos e as Jornadas fizeram do Conselho um espaço de acolhimento de
atuam nestas áreas, mas também aos gestores, como se pode observar nas revistas Contato.
ideias e princípios, reforçando o protagonismo
Estimulamos o campo privado, o empreende-
da categoria dentro de sua própria instituição.
dorismo, a psicologia institucional, organizacio-
Realizamos mais de 150 eventos em vários mu-
nal e do trabalho.
nicípios, que além de promoverem a união e a
Ampliamos a participação da psicologia como
troca entre profissionais, serviram de base para
ferramenta de promoção a saúde ao realizar a
a produção de notas técnicas e orientações para
campanha Psicologia para Todos em rede de rádio,
a categoria.
orientando a população a procurar nosso apoio
Por isso, o compromisso deste grupo é continuar estabelecendo uma relação próxima e direta
em todas as fases da vida e desmistificando a profissão.
com as psicólogas e os psicólogos. A partir des-
Nossas atuações criteriosas e protagonistas
ta relação, seguiremos construindo ações partici-
em áreas como Socioeducação, Redes de Proteção
pativas, como eventos, formações profissionais e
à Infância e Avaliação psicológica tiveram desta-
orientações técnicas.
que nacional e entre outros CRPs.
4) Horizontalidade e democracia
Conheçam nossas conquistas e propostas para
É fundamento deste grupo uma relação horizontal
estas e outras áreas em nossas redes sociais e no
e democrática com a categoria. Entendemos o CRP
site: www.tempodedialogo.com.br
como uma instituição que escuta e orienta, e não um órgão que somente cobra anuidades e fiscaliza. 26
Defendemos a avaliação psicológica como ati-
Vamos seguir dialogando por um CRP cada vez melhor! CO N TATO E D I Ç ÃO 1 0 6
INFORMES ELEITORAIS: FORÇA E INOVAÇÃO
Chapa 12: Força e Inovação Quem somos?
Somos um grupo formado por profissionais de di-
possuem representatividade em espaços de atua-
versas gerações, áreas de atuação e de todos os
ção, para fazerem a interlocução entre o Conse-
cantos do Paraná. Unimos a força da história com
lho e entidades representativas, nos auxiliando na
a inovação necessária para atender às deman-
proposição de políticas e práticas do nosso fazer.
das atuais da profissão e, com isso, trabalhamos
Abriremos a sub-sede de Foz do Iguaçu, bem
para fortalecer a categoria e agimos em busca da
como ampliaremos e reativaremos as representa-
transformação social. Por meio da nossa candida-
ções setoriais que existiram até 2013, reestabele-
tura, nos colocamos a serviço da Psicologia, dos
cendo a maior autonomia no interior.
Psicólogos e da Sociedade, em defesa da plurali-
Retomaremos o orçamento participativo, que
dade da profissão, com sua complexidade técnica,
existiu até 2013, permitindo que os psicólogos das
importância e ética e as singularidades das regi-
diversas regiões do Paraná participem da cons-
ões do Paraná.
trução das políticas regionais.
Nossas propostas têm o objetivo de fortalecer
Vamos criar a Comissão do Psicólogo inician-
a categoria, contando com a participação demo-
te e a Comissão para a discussão sobre gênero,
crática de profissionais de diversas áreas de atu-
além de reativar a Comissão do Estudante e tornar
ação nas definições e ações do Conselho Regio-
a Comissão de Direitos Humano interdisciplinar.
nal, respeitando a pluralidade da nossa profissão.
O foco também estará voltado para a educação
Pretendemos nos aproximar das Instituições de
continuada do profissional, por meio do incentivo
Ensino Superior e dos estudantes, das Associa-
à atuação interdisciplinar, da organização de es-
ções Formadoras, bem como dos profissionais em
paços para a discussão de temáticas de relevância
exercício, através de práticas que possam contri-
social relacionadas às práticas psicológicas emer-
buir para a plena representatividade das nossas
gentes e através de ações que favoreçam o apri-
demandas e soluções enquanto categoria.
moramento técnico e teórico.
Vamos trabalhar com o conceito de coletivo
Criaremos diversos grupos de Trabalho: sobre
ampliado, ou seja, convidaremos profissionais com
a Ética na contemporaneidade, sobre a discus-
larga experiência em seus campos e áreas e que
são e alinhamento das atribuições do Psicólogo
CO N TATO E D I Ç ÃO 1 0 6
27
INFORMES ELEITORAIS: FORÇA E INOVAÇÃO
nos diversos campos de atuação, sobre as estra-
outros. Psicólogos e profissionais que atuam na
tégias de avaliação e intervenção psicológica nos
interface com a Psicologia serão convidados com
diversos contextos e sobreorientação e apoio para
o objetivo de estimular a discussão e o trabalho
a elaboração de projetos inovadores em Psicolo-
interdisciplinar, aproximando
gia, indo de encontro às novas demandas sociais.
psicólogo de outras profissões/profissionais.
Ações no interior: mutirões institucionais nas repre-
moverá discussões teóricas e atualizações nas di-
sentações setoriais
ferentes áreas de atuação e abordagens da Psi-
Além de trabalharmos todas as ações conjunta-
cologia, ofertando também
mente para que o Conselho esteja presente em
reflexão das práticas profissionais, tendo como
todo o Paraná, vamos realizar
semestralmen-
objetivo o aprimoramento técnico do psicólogo. A
te uma série de eventos centrados em um cur-
realização dos eventos poderá ocorrer através de
to espaço de tempo nas representações setoriais,
minicursos, palestras, discussão de casos, entre
visando a comunidade, a interdisciplinaridade,
outros, com profissionais reconhecidos em suas
a discussão de temas técnicos da Psicologia e o
áreas de atuação. Como exemplo, poderemos ofe-
exercício profissional.
recer um minicurso de avaliação psicológica em
a Psicologia e o
O mutirão Psicologia e Temas Técnicos pro-
um espaço para a
No primeiro aspecto, comunidade, o objetivo
situação de suspeita de abuso sexual ou discussão
será levar para as pessoas em geral, informações
de caso que envolve atendimento a mulher em si-
e/ou reflexões sobre aspectos da vida diária em
tuação de violência doméstica.
que a Psicologia e o psicólogo possam contribuir
O mutirão Psicologia Exercício Profissional
enquanto ciência e profissão, divulgando e forta-
abordará aspectos éticos e burocráticos da atu-
lecendo o nosso papel na sociedade. Serão abor-
ação profissional. Por exemplo, promoveremos
dados temas como educação de filhos, violência
reuniões coordenadas pelas comissões de Ética e
doméstica, violência de gênero, a dificuldade do
Orientação Fiscal sobre ética profissional e aber-
primeiro emprego/trabalho, entre outros.
tura de consultório e/ou pessoa jurídica. O objeti-
O mutirão Psicologia Interdisciplinaridade promoverá discussões interdisciplinares sobre te-
vo será fornecer apoio e orientação adequada para o exercício profissional.
mas onde a atuação do psicólogo é esperada/de-
Os mutirões serão realizados preferencial-
sejada/possível. Em forma de palestras ou mesas
mente, nas sextas e sábados, sempre agendados
redondas, por exemplo, essa proposta terá como
com antecedência e com programação previa-
objetivo a aproximação da Psicologia e dos psicó-
mente informada, com evento social para confra-
logos com outras áreas de conhecimento e atuação
ternização dos psicólogos no período noturno.
como Psicologia e Serviço Social, Psicologia e Ju-
28
diciário, Psicologia e Comunicação Social (mídia),
Para nos conhecer melhor, acesse nossa pá-
Psicologia e Violência e Psicologia e Dependên-
gina no facebook (https://www.facebook.com/
cia Química, Psicologia e Espiritualidade, entre
forcaeinovacaocrpparana/).
CO N TATO E D I Ç ÃO 1 0 6
EDITAL
Edital de Convocação
Em cumprimento ao Artigo 80, § 1º do Código de Processa-
Assembléia Geral Orçamentária
Região torna público:
A Presidente do Conselho Regional de Psicologia – Paraná (CRP-PR), cumprindo as determinações que lhe são conferidas pela Lei 5.766 de 20 de dezembro de 1971, convoca a(o)s Psicóloga(o)s do Estado do Paraná para a ASSEMBLÉIA GERAL ORÇAMENTÁRIA, a ser realizada no dia 06 de agosto de 2016 (sábado), na sede do CRP-PR, na Avenida São José, 699 – Cristo Rei, nesta capital e Estado, às 16h30m, em primeira convocação com 2/3 (dois terços) de seus membros, e às 17h00, em segunda convocação com qualquer número de psicólogos presentes, com a seguinte Ordem do Dia: a) prestação de contas; b) proposta orçamentária para 2017; c) fixação da anuidade para o exercício de 2017; d) fixação de emolumentos, serviços e taxas para o exercício de 2017; e) reformas em geral da Sede e Subsedes.
mento Disciplinar, o Conselho Regional de Psicologia - 8ª
Termo de Advertência Com fulcro no art. 79, parágrafo 1º e em obediência ao acórdão do Egrégio Conselho Regional de Psicologia, nos autos do Processo Disciplinar Ordinário CRP-08 no 002/2015, fica a Psicóloga Liane Mansilha Ramos, CRP08/05463, segundo dispõe o Artigo 4º, parágrafo 1º, do Código de Processamento Disciplinar (Resolução CFP 006/2007), ADVERTIDA por infração disciplinar, consoante disposto no Art. 26 e 27, ambos incisos I, da Lei 5.766/71, por infração o disposto na Lei 5766/71, Art. 10 e Art. 26, incisos II e IV.
Curitiba, 20 de maio de 2016.
Lei 5766/71
Psic. Cleia Oliveira Cunha CRP-08/00477 Conselheira Presidente
da profissão, deverá inscrever-se no Conselho Regional de
Art. 10 – Todo profissional de Psicologia, para o exercício sua área de ação. Art. 26 – Constituem infrações disciplinares além de outras: (...)
Psic. Bruno Jardini Mader CRP-08/13323 Conselheiro Tesoureiro
II - Exercer a profissão quando impedido de fazê-lo, ou facilitar, por qualquer meio, o seu exercício aos não inscritos ou impedidos; (...) IV – Deixar de pagar aos Conselhos, pontualmente, as contribuições a que esteja obrigado. Outrossim, conforme prescreve o Artigo 80, do Código de Processamento Disciplinar, a penalidade imposta será anotada em seu prontuário.
Curitiba, 29 de abril de 2016. Psic. Anita Castro Menezes Xavier CRP-08/12770 Conselheira Secretária do CRP-08
CO N TATO E D I Ç ÃO 1 0 6
29
EDITAL
Edital de Censura Pública COE 001-2016 O Conselho Regional de Psicologia - 8a Região, em obediência ao disposto na Lei no 5.766/71, Decreto no 79.822/77 e Código de Processamento Disciplinar, pelo presente Edital, torna pública a decisão do Conselho Regional de Psicologia, no Processo Ético Disciplinar no 021/2013, em aplicar a pena de CENSURA PÚBLICA a Psicóloga Cyllene Maria Quadros Dalledone Montanha, CRP-08/00769 por infração aos artigos do Código de Ética Profissional dos Psicólogos: Princípios Fundamentais II – O psicólogo trabalhará visando promover a saúde e a qualidade de vida das pessoas e das coletividades e contribuirá para a eliminação de quaisquer formas de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. IV – O psicólogo atuará com responsabilidade, por meio do continuo aprimoramento profissional, contribuindo para o desenvolvimento da Psicologia como campo científico de conhecimento e de prática. Artigo 1° - São deveres fundamentais do psicólogo: b) Assumir responsabilidades profissionais somente por atividades para as quais esteja capacitado pessoal, teórica e tecnicamente; c) Prestar serviços de qualidade, em condições em condições de trabalho dignas e apropriadas à natureza desses serviços, utilizando princípios, conhecimentos e técnicas reconhecidamente fundamentados na ciência psicológica, na ética e na legislação profissional; Artigo 2° - Ao psicólogo é vedado g) Emitir documentos sem fundamentação e qualidade
Edital de Censura Pública O Conselho Regional de Psicologia - 8a Região, em obediência ao disposto na Lei no 5.766/71, Decreto no 79.822/77 e Código de Processamento Disciplinar, pelo presente Edital, torna pública a decisão do Conselho Regional de Psicologia, no Processo Ético Disciplinar no 012/2013+, em aplicar a pena de CENSURA PÚBLICA a Psicóloga Vanessa Cristiane Oresten Basem, CRP08/01380 por infração aos artigos do Código de Ética Profissional dos Psicólogos: Princípios Fundamentais VII – O psicólogo considerará as relações de poder nos contextos em que atua e os impactos dessas relações sobre as suas atividades profissionais, posicionando-se de forma crítica e em consonância com os demais princípios deste Código. Artigo 1° - São deveres fundamentais do psicólogo: b) Assumir responsabilidades profissionais somente por atividades para as quais esteja capacitado pessoal, teórica e tecnicamente; f) Fornecer, a quem de direito, na prestação de serviços psicológicos, informações concernentes ao trabalho a era realizado e ao seu objetivo profissional; Artigo 2° - Ao psicólogo é vedado g) Emitir documentos sem fundamentação e qualidade técnico-científica.
Curitiba, 20 de maio de 2016. Psic. Cleia Oliveira Cunha CRP-08/00477 Conselheira Presidente do CRP-08
técnico-científica
Curitiba, 13 de novembro de 2015. Psic. Cleia Oliveira Cunha CRP-08/00477 Conselheira Presidente do CRP-08
30
CO N TATO E D I Ç ÃO 1 0 6
Nova diretoria, novas lutas
EDITAL
Diretoria eleita para estar à frente do Sindypsi PR pelos próximos três anos reafirma compromissos históricos com a categoria e propõe novas frentes de atuação O Sindicato dos Psicólogos do Paraná está sob nova direção. Em eleição realizada no mês de fevereiro, 15 psicólogas e psicólogos foram escolhidos para conduzir as ações do Sindypsi PR pelos próximos três anos. A cerimônia de posse da nova diretoria foi realizada no começo de março na sede do Conselho Regional de Psicologia do Paraná. Além dos compromissos históricos do Sindypsi PR com a categoria, entre eles a jornada de 30 horas e o piso salarial regional, a nova diretoria pretende acompanhar de perto a situação das psicólogas e dos psicólogos clínicos insatisfeitos com as condições de trabalho nos planos de saúde. A gestão anterior foi marcada pela participação ativa do Sindypsi PR em mobilizações da categoria no Paraná e no Brasil. A campanha Psicologia: 30 horas JÁ protagonizou a luta pela redução da jornada de trabalho nacionalmente. Em Curitiba, as mobilizações pela jornada de 30 horas nos locais de trabalho deram fôlego à tramitação de ações judiciais. No âmbito estadual, o Sindypsi PR deu início à negociação do piso salarial regional para as/os psicólogas/os. Ao mesmo tempo, as relações com os movimentos dos direitos humanos foram mantidas, respeitando os princípios que regem a Psicologia brasileira. Para os próximos anos, outras questões importantes vão integrar a plataforma de pautas do Sindypsi PR, entre elas a precarização do trabalho da/do psicóloga/o nos planos de saúde e o assédio moral. Um número considerável de psicólogas/os entrou em contato com o Sindypsi PR para denunciar as condições de trabalho em planos de saúde. Os problemas mais críticos são a baixa remuneração e a interferência médica em princípios específicos da Psicologia. Além da desvalorização, os problemas relatados pelas/os psicólogas/os esbarram em preceitos éticos da profissão. Sendo assim, o Sindypsi PR convidou o Conselho Regional de Psicologia do Paraná para uma atuação conjunta: a criação de um espaço permanente de escuta das/ dos psicólogas/os clínicas/os sobre esses confliCO N TATO E D I Ç ÃO 1 0 6 tos. O espaço “Dialogando com as psicólogas e os
psicólogos clínicos sobre condições de trabalho nos planos de saúde” será responsável pela busca de alternativas a esse cenário. Já a campanha Chega de Silêncio, voltada ao combate do assédio moral, vai se intensificar nos próximos meses. A ideia é instituir um espaço permanente de acolhimento das psicólogas e dos psicólogos que enfrentam o problema. A atuação contra o assédio não deve ser menosprezada, já que a pressão exacerbada, a perseguição e a humilhação são práticas diretamente ligadas às condições de trabalho e interferem na saúde da/ do psicóloga/o e na qualidade do serviço prestado. O Sindypsi PR reforça que está à disposição da categoria para inibir a prática desse crime. As novas frentes de atuação estão sendo incorporadas, mas as lutas históricas da categoria continuam. A movimentação pela aprovação da jornada de 30 horas também ganhou fôlego na Região Metropolitana de Curitiba e do interior. Piraquara, Quatro Barras e Campo Magro, cidades do entorno da capital, já estão mobilizadas. No interior, a categoria se articula para reduzir a jornada de trabalho em Toledo. Desde o veto ao PL 3338/08, que previa a redução da jornada de trabalho nacionalmente, o Sindypsi PR vem atuando em municípios e locais de trabalho para conquistar as 30 horas. A aposta de 2016 é aproveitar o ano eleitoral para pressionar politicamente as prefeituras.
A nova diretoria convida a categoria para participar dos espaços de mobilização do sindicato. Entre em contato e seja parte do Sindypsi PR!
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