Relatório do Projeto de Pesquisa
AVALIAÇÃO DA TRANSMISSÃO VERTICAL DO HIV NO ESTADO DE SÃO PAULO, BRASIL
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Ministério da Saúde Secretaria de Vigilância em Saúde Departamento DST, AIDS e Hepatites Virais
Relatório do Projeto de Pesquisa
AVALIAÇÃO DA TRANSMISSÃO VERTICAL DO HIV NO ESTADO DE SÃO PAULO, BRASIL
Outubro 2010
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2010 © Avaliação da Transmissão Vertical do Hiv no Estado de São Paulo, Brasil 2010 © Programa Estadual DST/Aids-SP Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste caderno poderá ser reproduzida, sob qualquer forma, sem prévia autorização da editora. FinaNciamento: Ministério da Saúde - Termo de Cooperação nº 288/07 – Projeto AD/BRA/03/H34 UNODC Coordenador do Projeto (Pesquisador Principal) Luiza Harunari Matida Coordenador Assistente do Projeto (Pesquisador Assistente) Naila Janilde Seabra Santos Equipe de Elaboração deste Caderno: Luiza Harunari Matida (Coordenadora); Alberto Novaes Ramos Júnior ; Carmen Silvia Bruniera Domingues; Heloisa Hanada; Mariliza Henrique da Silva Editor: Luiza Harunari Matida Projeto Gráfico: GB8 Design e Editoração Ltda. 1a. edição: outubro 2010 programa estadual DST/Aids-SP Rua Santa Cruz, 81 Vila Mariana - São Paulo-SP www.crt.saude.sp.gov.br Coordenação do Programa Estadual DST/Aids-SP Dra. Maria Clara Gianna e Dr. Artur Kalichman Secretário de Estado da Saúde de São Paulo, SES-SP Dr. Nilson Ferraz Paschoa Coordenadoria de Controle de Doença, CCD Dra. Alice Tiago de Souza
Dados internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) MATIDA, LUIZA HARUNARI, et al São Paulo, Programa Estadual DST/AIDS de São Paulo RELATÓRIO DO PROJETO DE PESQUISA: AVALIAÇÃO DA TRANSMISSÃO VERTICAL DO HIV NO ESTADO DE SÃO PAULO, BRASIL, 2010. 32p. ISBN 978-85-99792-12-4 1. HIV 2. Transmissão Vertical 3. AIDS 4. Avaliação 5. São Paulo 4
CDD 610
Equipe de Pesquisadores do Estudo (em ordem alfabética) Alberto Novaes Ramos Júnior (Universidade Federal do Ceará); Ângela Tayra (PEDST/AIDS-SP); Arachu Castro (Harvard University-EUA); Carmen Silvia Bruniera Domingues (PEDST/AIDS-SP); Cristina Possas (Departamento DST, AIDS e Hepatites Virais); Ivone Aparecida de Paula (PEDST/ AIDS-SP); Luiza Harunari Matida (Coordenadora do Estudo – PEDST/AIDS-SP); Maria Clara Gianna (PEDST/AIDS-SP); Mariliza Henrique da Silva (PEDST/AIDS-SP); Marina Aragão Wahlbuhl Gonçalves (PMDST/AIDS-SP); Marizélia Leão Moreira (ANS); Naila Janilde Seabra Santos (PEDST/ AIDS-SP); Norman Hearst (UCSF-EUA); Paulo Roberto Teixeira (SES-SP); Sandra Regina de Souza (SES-SP); Grupo de Estudo de Transmissão Vertical do HIV e da Sífilis do Estado de São Paulo. Profissionais que Participaram do Processo de Coleta de Dados e Supervisão: Adélia Araujo Bispo, Ana Maria Rodrigues, Ana Silvia da Paixão Gibbons, Analice de Oliveira, Angela Mattos Marchesini, Ângela Tayra, Aparecida Massako Nakae, Arachu Castro, Beatriz Scanavelli, Benedita Maria de Castro, Cândida Maria dos Santos, Carlos Roberto de Oliveira, Carmen Silvia Bruniera Domingues, Celsis de Jesus Pereira, Clara Alice Franco de Almeida Carvalho, Dagmar Maia Kistemann, Eliana Mara Pessoa, Eliane Monteiro, Filomena Maria do Carmo Nicoletti Chudek, Francisco Vanin Pascalicchio, Gisele Gutierres Carvalho Ciciliato, Ione Aquemi Guibu , Ivone Aparecida de Paula, Kezia Paiva Martins, Kimie Therezinha Nishiura Turuta, Laura Brzeski, Lilian Andrade Grimm, Lucia Aparecida Dourado Shiguematsu, Lucille Mary Loureiro Soares, Luiza Harunari Matida, Marcia Polon do Carmo, Marcia Regina Pacola, Marco Antonio Ribas, Maria Angela Silva Landroni, Maria Aparecida da Silva, Maria Aparecida Ferreira Fernandes, Maria Cecilia Rossi de Almeida, Maria Clara Neves da Costa, Maria Cristina Covolan Bachiega, Maria da Conceição Pinto, Maria de Fatima Jorge, Maria do Carmo Ferreira, Marina Aragão Wahlbuhl Gonçalves, Marisdalva Viegas Stump, Marli de Fátima Prado Bueno, Monica de Arruda Rocha, Naila Janilde Seabra Santos, Nivania Fuin Zavith, Olinda Keiko Mizuta, Patricia Helena Vaquero Marques, Rejane Alves Fraissat, Rosa Maria Alves Seixas, Ruth Nogueira Cordeiro de Moraes Jardim, Saloa Abdelnour Hoeppner, Sheila Maria Figueira Jacintho da Cruz, Silvia Karina Favinha Campassi Falzoni, Sonia Aparecida Fioratti, Sueli Bellini Garcia, Teresa Maria Isaac Nishimoto, Viviane da Rocha Sousa, Wedja Sparinger. Instituição Executora e Instituição Mantenedora Instituição Executora: Centro de Referência e Treinamento DST/AIDS – Programa Estadual de DST/AIDS - SES SP (PEDST/AIDS-SP) Instituição Mantenedora: Fundação Plural.
5
6
APRESENTAÇÃO Este caderno apresenta os resultados da pesquisa de avaliação da transmissão vertical do HIV no estado de São Paulo. O estudo, financiado pelo Departamento Nacional de DST/AIDS, do Ministério da Saúde, foi desenvolvido com o objetivo de aprofundar o conhecimento e aprimorar a resposta da saúde às situações de gestação e infecção pelo HIV. Atualmente, temos informação técnica, recursos e tecnologia para evitar que filhos de mães infectadas com o HIV tenham o vírus e desenvolvam a AIDS. Neste sentido, a eliminação da transmissão vertical do HIV é uma possibilidade concreta, se obedecidas todas as recomendações preconizadas pelo Ministério da Saúde. A possibilidade da eliminação é um reflexo de diferentes estratégias utilizadas ao longo dos últimos 25 anos, em especial a introdução da terapia com ARV e a não adoção do aleitamento materno. Os dados atualmente observados no Estado de São Paulo para a infecção por HIV em crianças por transmissão vertical são comparáveis aos observados em muitos países desenvolvidos, apesar de permanecerem importantes questões operacionais, mesmo com a disponibilidade de todas as condições para o seu enfrentamento. Estes dados mostram ainda um distanciamento da situação ideal, mas com avanços importantes em termos da incorporação das estratégias de prevenção da transmissão nos serviços de saúde e na sociedade de uma forma geral, dentro da perspectiva do programa nacional brasileiro. Reforça-se a necessidade de ampliação do acesso à testagem anti-HIV para aquelas populações de mais difícil acesso e de maior vulnerabilidade. Esta questão ainda representa um dos grandes desafios para o país. Ao final do caderno, apresentamos também as diretrizes do Plano Estadual de Eliminação da Transmissão Vertical do HIV e da Sifilis, entre outras informações úteis para instrumentalizar profissionais com interesse em aprofundar os conhecimentos sobre o tema, seja para aperfeiçoar e atualizar a sua prática em serviço seja para desenvolver outros estudos com o tema. Dra. Maria Clara Gianna coordenadora do Programa Estadual DST/Aids-SP Dr. Artur Kalichman Coordenador Adjunto do Programa Estadual DST/Aids-SP 7
8
sumário
APRESENTAÇÃO
7
Contexto da Transmissão Vertical do HIV A pesquisa
10
11
Objetivo Geral
12
Objetivos Específicos Metodologia
12
12
RESULTADOS: GESTANTES SOROPOSITIVAS AO HIV, NOTIFICADAS EM 2006 – ESTADO DE SÃO PAULO 13 RESULTADOS: CRIANÇAS NOTIFICADAS COMO CASOS DE AIDS, 2006 – ESTADO DE SÃO PAULO Outros Produtos Obtidos Conclusões
23
23
Bibliografia Consultada e Recomendada LINKS ÚTEIS:
19
25
27
FIQUE LIGADO - FIGURAS SELECIONADAS
28
PLANO DE ELIMINAÇÃO DA TRANSMISSÃO VERTICAL DO HIV E DA SÍFILIS 31
9
Contexto da Transmissão Vertical do HIV A transmissão vertical pode ocorrer durante a gestação, o parto e a amamentação. Entre 50 e 70%, a transmissão do HIV pode ocorrer no período próximo ao parto ou durante o mesmo. Uma série de fatores está associada à maior possibilidade da transmissão do HIV da mãe para o (a) filho (a). Entre estes fatores, destacam-se a doença avançada da mãe, a carga viral plasmática do HIV-1 elevada, o aleitamento materno, a via de parto, a prematuridade, o tempo de ruptura de membrana, a corioamnionite e o tabagismo. E, também devemos listar fatores ligados à organização dos serviços de assistência, pois estes devem estar devidamente preparados para o atendimento destas mulheres, seus parceiros sexuais, crianças e adolescentes, não só em relação à disponibilização dos insumos, materiais, mas também em relação aos recursos humanos envolvidos neste atendimento, os quais devem estar eficazmente capacitados para este momento. No Brasil, a partir do crescimento da epidemia na população feminina com baixa escolaridade, a prevenção da transmissão vertical do HIV foi estabelecida pelo Ministério da Saúde – MS como uma das prioridades do Departamento Nacional de DST e Aids e Hepatites Virais. As recomendações feitas pelo MS e incluídas em manuais de condutas para o tratamento de crianças e adultas infectadas pelo HIV são: a testagem de todas as gestantes, a profilaxia com TARV e a não amamentação. Na ausência de intervenções preventivas, 25% das crianças nascidas de mães HIV positivas são infectadas, destas, 15% a 25% ocorrem na gestação, 60% durante o trabalho de parto e no momento do parto, e um risco acrescido de 7 a 20% por exposição ao aleitamento materno. As taxas de transmissão vertical do HIV, que sem qualquer intervenção, até 1994, variavam de 12% a 42%, caíram significativamente, atingindo taxas inferiores a 2% nos países que, além de incorporar esse e outros regimes terapêuticos, passaram a oferecer o aconselhamento e o teste para a pesquisa do HIV durante a assistência do pré-natal e recomendar o não aleitamento materno. No Brasil, o programa de acesso universal à terapia anti-retroviral (TARV), à oferta do teste anti-HIV com aconselhamento durante a gestação, à possibilidade da monitorização da carga viral do HIV e da contagem de células CD4, 10
assim como o acesso a serviços especializados tiveram grande impacto sobre a redução da transmissão vertical do HIV e sobre a qualidade de vida dos pacientes infectados. As primeiras iniciativas e articulações oficiais em torno da Aids no Brasil, ocorreram no estado de São Paulo onde foram estabelecidos e construídos os referenciais éticos, políticos e legais que viriam a influenciar na determinação das políticas públicas de Aids em todo o país. Em 1990, em São Paulo iniciou-se, de forma pioneira, a utilização de medicamentos para prevenção de infecções oportunistas e do AZT para pacientes com Aids; no país, iniciouse a partir de 1991. Havendo o seguimento das estratégias acima descritas, a taxa de infecção da transmissão vertical do HIV pode ser reduzida a níveis inferiores a 2%. Estudos brasileiros demonstraram que esta taxa era de 16%, em 1997, antes da introdução da terapia anti-retroviral, de 7%, no ano de 2002, e, atualmente, alguns serviços já apresentam taxas próximas a 2%.
A pesquisa
Esse estudo buscou ampliar o conhecimento a respeito da magnitude, da dinâmica e dos aspectos epidemiológicos relacionados à transmissão vertical da infecção pelo HIV no estado de São Paulo. Procurou entender os entraves operacionais em termos da organização, da atenção à saúde da mulher e da criança na rede do SUS e do “não-SUS”, com vistas ao controle desse agravo no estado de São Paulo. 11
Objetivo Geral
Avaliar as ações de prevenção e de controle da transmissão vertical do Vírus da Imunodeficiência Humana no estado de São Paulo e a taxa de transmissão vertical do HIV das gestantes soropositivas diagnosticadas e notificadas ao Sistema de Vigilância Epidemiológica (SVE) em 2006. Objetivos Específicos
• Caracterizar do ponto de vista clínico e epidemiológico as mães infectadas
pelo HIV diagnosticadas e notificadas em 2006 no estado de São Paulo; • Verificar se o acesso aos procedimentos e à qualidade da atenção no controle da transmissão vertical do HIV no pré-natal no parto e no puerpério está de acordo com o preconizado pelo Ministério da Saúde e pela Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo; • Identificar as oportunidades perdidas, nos municípios selecionados, para a aplicação das medidas estratégicas de intervenção para a redução da transmissão vertical do HIV no ESP, no período de estudo; • Avaliar o sistema de notificação – SINAN – como ferramenta útil para acompanhar as ações de prevenção da TV do HIV, quanto à qualidade das informações obtidas pelas fichas de notificação de gestantes HIV positivas e crianças expostas, em 2006. Metodologia
Estudo transversal de natureza retrospectiva, no qual foi analisado o universo das gestantes HIV positivas e crianças com AIDS, notificadas ao SVE, e registradas até 31/dezembro/2007 no SINAN, com ano de diagnóstico de 2006. A partir do SINAN, foram coletados os dados de identificação, primeiramente, por meio das fichas de notificação de gestantes HIV positivas. Na seqüência, foram coletados os dados das crianças com diagnóstico de AIDS em 2006, notificadas por meio da ficha epidemiológica de AIDS pediátrica. Estes casos foram relacionados às suas respectivas mães, buscando-as entre as mulheres notificadas nas fichas epidemiológicas de gestantes HIV positivas ou de AIDS adulto, independentemente, do ano de diagnóstico ou notificação. Ainda a partir do SINAN, foram identificados os serviços que atenderam estas pessoas. Foram resgatadas informações provenientes de outras fontes como o SICLOM, SISCEL, SIM, e revisões das atualizações do SINAN para complementação dos dados. 12
Foram utilizados instrumentos (questionários) semiestruturados para coleta dos dados nas unidades de saúde que realizaram o pré-natal, nas maternidades nos serviços de acompanhamento das crianças. O levantamento foi realizado por técnicos devidamente treinados para este fim e, os questionários foram revisados por supervisores técnicos para verificação de consistência dos mesmos e da necessidade ou não de complementação das informações. Os dados dos instrumentos revisados foram digitados utilizando-se o software Epi-info 6.04d em estrutura para a entrada de dados com delimitadores para prevenir erros na amplitude e consistência dos dados. Todos os instrumentos tiveram dupla digitação e os dados foram comparados para a detecção de inconsistências. A base de dados final foi convertida para o programa SPSS 17.0 for Windows. Tomando-se como referencial o desfecho do caso na criança como variável dependente, a associação entre as variáveis foi verificada por meio do teste do qui-quadrado (com significância de 0,05) e foram calculadas as razões de prevalência (RP), com seus respectivos intervalos de confiança de 95% (IC 95%). O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do CRT DST/AIDS de São Paulo. RESULTADOS: GESTANTES SOROPOSITIVAS AO HIV, NOTIFICADAS EM 2006 – ESTADO DE SÃO PAULO
A taxa de transmissão identificada por meio deste estudo foi de 2,7%. Ressalta-se entretanto, que em 18,8% dos casos a situação final da criança permaneceu ignorada. Tabela 1: Taxa de transmissão vertical do HIV identificada nos casos notificados de gestantes soropositivas – 2006, Estado de São Paulo. VARIÁVEL
N
%
Infectada Não Infectada Ignorada
27 770 185
2,7 78,4 18,8
TOTAL
982
100,0
Diagnóstico da Criança
Os casos se distribuem em diferentes regionais de São Paulo, com concentração nos municípios de São Paulo (31,9%), Santos (10,1%) e Campinas (8,9%). 13
Em relação à mãe, a mediana de idade foi de 28 anos em relaA maioria ( ) ção ao nascimento da criança e teve o diagnóstico de 32 anos em relação ao óbito. Para aquelas 885 (90,1%) que da infecção por HIV realizaram o pré-natal, a mediana de tempo entre o início do estabelecido antes do pré-natal em relação ao diagpré-natal. Em nóstico da gravidez foi de 5 meses. A mediana do número de dos casos a mãe já consultas do pré-natal foi de 9. A maioria das mulheres resirepresentava caso de AIDS dia em municípios do interior segundo os critérios de do estado (65,6%), tinha escolaridade até o nível fundamendefinição do Brasil tal (65,7%), idade entre 20 e 35 anos (78,4%) e era composta por brancas (52%). Em relação ao estado marital, 69% tinham companheiro ou eram casadas. A principal modalidade de exposição ao HIV foi a sexual (84,4%). A maioria (57,5%) teve o diagnóstico da infecção por HIV estabelecido antes do pré-natal do período estudado. Ressalta-se, entretanto, que 33,7% foram diagnosticadas no pré-natal e que 6,7% durante o parto. A maioria realizou pré-natal em municípios fora da capital e teve 6 consultas ou mais (71,8%). Em 45% dos casos a mãe já representava caso de AIDS segundo os critérios de definição do Brasil; entretanto, somente 30,5% estavam em uso de TARV no momento da gravidez analisada. A maioria teve como evolução da gravidez o parto cesáreo (69,8%) e gestação única (95,6%). Entre as gestantes, 84,3% tiveram acesso ao AZT-endovenoso no momento do parto. Foi identificada uma proporção de 2,4% de óbitos maternos nesta população. A maioria das crianças utilizou a profilaxia com ARV até 24 horas após o parto (87,2%) – a maioria entre 6 e 24 horas (41,9%) – e não realizou aleitamento materno (90,5%) ou cruzado (86,7%). O tempo de profilaxia foi de 6 semanas em 74,1% dos casos. Quase 6% das crianças tinham irmãos infectados por HIV.
57,5%
45%
14
distribuição dos Casos de Gestantes Soropositivas para o Hiv – estudo de avaliação da tv do Hiv, 2006, São Paulo
Abaixo, segue a distribuição dos casos segundo categoria de situação da criança. tabela 2: Distribuição dos casos (filhos das gestantes do estudo) segundo variáveis analisadas e categoria de situação da criança. Estado de São Paulo, 2006.
Total de crianças Município de nascimento
Município de residência
Idade da mãe
Capital
NÃo iNFeCtada
iNFeCtada
VaRiÁVeis
iNdeteRMiNada
total
N
%
N
%
N
%
27
2,7
770
78,4
185
18,8
9
2,6
240
70,6
91
25,8
340
982
Outros
17
2,8
514
83,6
84
13,7
615
Ignorado
1
3,7
16
59,3
10
37,0
27
Capital
9
2,8
229
70,7
86
26,5
324
Outros
17
2,6
532
82,6
95
14,8
644
Ignorado
1
7,1
9
64,3
4
28,6
14
< 16 anos
1
12,5
6
75,0
1
12,5
8
16-19.9 anos
2
2,9
49
71,0
18
26,1
69
20-35.9 anos
20
2,6
613
79,6
137
17,8
770
≥ 36 anos
4
3,1
102
77,9
25
19,1
131
Ignorado
0
0,0
0
0,0
4
100,0
4
15
Escolaridade da mãe
Raça da mãe
Estado marital
Categoria de exposição da mãe
Momento da evidência de infecção pelo HIV da mãe
Realização de pré-natal
16
NÃO INFECTADA
INFECTADA
VARIÁVEIS
INDETERMINADA
TOTAL
N
%
N
%
N
%
Analfabeta
0
0,0
16
80,0
4
20,0
20
Fundamental
20
3,1
523
81,1
102
15,8
645
Ensino Médio
7
3,1
181
79,4
40
17,5
228
Ensino Superior
0
0,0
12
66,7
6
33,3
18
Ignorado
0
0,0
38
53,5
33
46,5
71
Branca
15
2,9
411
80,4
85
16,6
511
Preta
1
0,8
101
76,5
30
22,7
132
Amarela
0
0,0
2
100,0
0
0,0
2
Parda
7
2,6
219
80,5
46
16,9
272
Indígena
0
0,0
0
0,0
1
100,0
1
Ignorado
4
6,3
37
57,8
22
35,9
64
Solteira
6
2,7
163
72,4
56
24,9
225
Casada/Companheiro
17
2,5
553
81,6
108
15,9
678
Separada/Divorciada
3
12,0
21
84,0
1
4,0
25
Viúva
0
0,0
11
84,6
2
15,4
13
Ignorado
1
2,4
22
53,7
18
43,9
41
Transmissão vertical
0
0,0
4
100,0
0
0,0
4
Usuária droga Intravenosa Sexual
2
5,0
25
62,5
13
32,5
40
24
2,9
687
82,9
118
14,2
829
Transfusão sanguínea
1
50,0
1
50,0
0
0,0
2
Indeterminada
0
0,0
0
0,0
1
100,0
1
Ignorado
0
0,0
53
50,0
53
50,0
106
Antes pré-natal
16
3,2
458
81,1
91
16,1
565
Durante pré-natal
8
2,4
272
82,2
51
15,4
331
Durante parto
3
4,5
30
45,5
33
50,0
66
Após parto
0
0,0
8
61,5
5
38,5
13
Sim
24
2,7
723
81,7
139
15,7
885
Não
4
5,0
41
51,3
35
43,8
80
Ignorado
0
0,0
6
35,3
11
64,7
17
Número de consultas de pré-natal
Mãe com AIDS
Mãe em tratamento com ARV Utilização de profilaxia pela mãe
Utilização de profilaxia ARV pela mãe em algum momento Idade gestacional de início da profilaxia
Motivação para não realização da profilaxia
NÃO INFECTADA
INFECTADA
VARIÁVEIS
INDETERMINADA
TOTAL
N
%
N
%
N
%
0 consulta
4
4,6
47
54,0
36
41,4
87
1 a 6 consultas
7
4,3
107
66,0
48
29,6
162
≥6 consultas
16
2,3
605
85,8
84
11,9
705
Ignorado
0
0,0
11
39,3
17
60,7
28
Sim
13
2,9
372
84,2
57
12,9
442
Não
14
3,1
364
79,5
80
17,5
458
Ignorado
0
0,0
34
41,5
48
58,5
82
Sim
8
2,7
251
83,7
41
13,7
300
Não
19
2,9
511
78,3
123
18,8
653
Ignorado
0
0,0
8
27,6
21
72,4
29
Sim
2
1,7
101
84,9
16
13,4
119
TARV
16
2,3
577
84,1
93
13,6
686
Não
7
9,6
39
53,4
27
37,0
73
Parto
2
2,2
52
56,5
38
41,3
92
Ignorado
0
0,0
0
0,0
8
100,0
8
Sim
20
2,2
730
81,4
147
16,4
897
Não
7
9,6
39
53,4
27
37,0
73
Ignorado
0
0,0
1
8,3
11
91,7
12
≤14 sem
4
1,5
229
87,7
28
10,7
261
15-27 sem
4
1,4
237
85,9
35
12,7
276
>27 sem
5
3,1
126
77,8
31
19,1
162
Ignorado
14
4,9
178
62,9
91
32,2
283
4,3
11
47,8
11
47,8
23
Não realização anti-HIV 1 Atraso resultado antiHIV Recusa da gestante
1
8,3
10
83,3
1
8,3
12
0
0,0
8
61,5
5
38,5
13
Mãe em TARV
4
2,8
124
86,7
15
10,5
143
Outros motivos
7
6,2
62
54,9
44
38,9
113
Ignorado
14
2,1
555
81,9
109
16,1
678
17
Evolução da gravidez
Aleitamento materno
Aleitamento cruzado
18
TOTAL
%
N
%
N
%
Parto vaginal
6
2,3
207
77,8
53
19,9
266
Parto cesáreo
20
2,9
557
81,3
108
15,8
685
Aborto
0
0,0
0
0,0
11
100,0
11
Natimorto
0
0,0
0
0,0
7
100,0
7
Ignorado
1
7,7
6
46,2
6
46,2
13
17
2,1
688
83,1
123
14,9
828
8
7,9
60
59,4
33
32,7
101
Não se aplica
0
0,0
0
0,0
11
100,0
11
Ignorado
2
4,8
22
52,4
18
42,9
42
2
8,3
20
83,3
2
8,3
24
Não
25
2,6
748
78,7
178
18,7
951
Ignorado
0
0,0
2
28,6
5
71,4
7
Não
3
16,7
10
55,6
5
27,8
18
Sim
16
2,0
727
90,4
61
7,6
804
Ignorado
8
5,0
33
20,8
118
74,2
159
Até 2 horas
6
2,1
233
83,2
41
14,6
280
Entre 2 e 6 horas
5
2,3
174
79,7
38
17,5
217
Entre 6 e 24 horas
10
2,8
295
82,2
54
15,0
359
Após 24 horas
1
5,3
14
73,7
4
21,1
19
Não realizado
3
17,6
7
41,2
7
41,2
17
Não se aplica
0
0,0
0
0,0
18
100,0
18
Ignorado
2
2,8
47
65,3
23
31,9
72
Sim
6
25,0
10
41,7
8
33,3
24
Não
19
2,1
746
83,9
124
13,9
889
Não se aplica
0
0,0
0
0,0
18
100,0
18
Ignorado
2
3,9
14
27,5
35
68,6
51
Sim
0
0,0
2
100,0
0
0,0
2
Não
24
2,8
696
81,8
131
15,4
851
Ignorado
3
2,3
72
55,8
54
41,9
129
Óbito materno Sim
Início da profilaxia ARV na criança
INDETERMINADA
N
Uso de ARV no Sim parto Não
Utilização de profilaxia ARV pela criança
NÃO INFECTADA
INFECTADA
VARIÁVEIS
Tempo de profilaxia na criança (semanas)
Presença de irmão infectado pelo HIV
NÃO INFECTADA
INFECTADA
VARIÁVEIS
INDETERMINADA
TOTAL
N
%
N
%
N
%
≤ 3 sem
1
4,3
15
65,2
7
30,4
23
3 a 5 sem
3
5,7
44
83,0
6
11,3
53
≥ 6 sem
12
1,6
668
91,8
48
6,6
728
Não utilizou
3
16,7
10
55,6
5
27,8
18
Não se aplica
0
0,0
0
0,0
19
100,0
19
Ignorado
8
5,7
33
23,4
100
70,9
141
Sim
2
3,8
47
88,7
4
7,5
53
Não
22
3,0
631
86,1
80
10,9
733
Ignorado
3
1,5
92
46,9
101
51,5
196
RESULTADOS: CRIANÇAS NOTIFICADAS COMO CASOS DE AIDS, 2006 – ESTADO DE SÃO PAULO
Em têrmos da distribuição segundo capital e interior no estado, esta era igual. A vinculação do caso com serviço de saúde na maioria dos casos era municipal (57,2%) seguido por estadual (32,2%). Em relação ao sexo da criança, não houve diferença em termos da distribuição. A análise do contexto materno evidencia que a maioria (51,1%) tinha nível fundamental de escolaridade, era branca (40,6%) e era casada ou tinha companheiro. Além disto, uma maior proporção de mulheres teve o diagnóstico da infecção por HIV após o parto (47,2%) e expôs-se ao HIV por relações sexuais. Em relação à realização do pré-natal, a maioria realizou (48,3%), entretanto o percentual de informações ignoradas é alto (37,8%). A participação de técnicos No que se refere à realização da profilaxia com locais na coleta de dados, ARV, a maioria não realizou (65,0%), sendo a não realicontribuiu para a reflexão e zação do anti-HIV (23,3%), mudanças - Uma pesquisa com outros motivos (48,3%) e informação ignorada real aplicação na ação (21,1%) representaram as principais justificativas. 19
Em têrmos do desfecho da gravidez, a maioria teve parto vaginal (39,4%) [ressaltando-se a grande proporção de informação ignorada (27,8%)] com gestação de feto único (88,3%) e sem utilização de ARV no parto (43,3%) [com 22,8% com informação ignorada]. Houve registro de óbito materno em 20,0% dos casos. Em relação às condutas na criança exposta, a grande maioria não realizou profilaxia (56,1%), com um grande número de informações ignoradas (22,8%). Em relação às que utilizaram profilaxia, a maioria o fez por 6 semanas (86,7%). A maioria amamentou (37,2%) [com 32,8% de informação ignorada] e não teve aleitamento cruzado (52,8%) [com 46,1% de informação ignorada]. Em termos da situação atual da criança, 73,3% estão vivas, 17,2% mortas e 9,4% não tem sua situação atual definida. Tabela 3: Distribuição dos casos notificados de AIDS por transmissão vertical em menores de 13 anos, segundo variáveis analisadas. Estado de São Paulo, 2006. VARIÁVEIS MUN. ORIGEM DO CASO Capital Interior VINCULO SERVIÇO Municipal Estadual Privado Outros Ignorado SEXO Masculino Feminino DIAGN INFECÇÃO POR HIV MÃE Antes do pré-natal Durante o pré-natal Durante o parto Após o parto Ignorado CATEGORIA EXPOSIÇÃO MÃE Usuária Droga Intravenosa Sexual Transfusão sanguínea Ignorada
20
N
%
90 90
50 50
103 58 3 8 8
57,2 32,2 1,7 4,4 4,4
90 90
50 50
30 19 11 85 35
16,7 10,6 6,1 47,2 19,4
17 100 2 61
9,4 55,6 1,1 33,9
VARIÁVEIS ESCOLARIDADE DA MÃE Analfabeto Fundamental Ensino Médio Ignorado RAÇA MÃE Branca Preta Amarela Parda Ignorado ESTADO MARITAL Solteira Casada/Companheiro Separada/Divorciada Viúva Ignorado REALIZAÇÃO PRÉ-NATAL Sim Não Ignorado REALIZAÇÃO PROFILAXIA Sim Não Ignorado MOTIVO PARA NÃO USO PROFIL Anti-HIV não realizado Atraso no resultado anti-HIV Recusa da gestante Antirretroviral não disponível Em uso de TARV Outros motivos Ignorado EVOLUÇÃO GRAVIDEZ Parto Vaginal Parto Cesáreo Ignorado GESTAÇÃO MÚLTIPLA Sim Não Ignorado
N
%
3 92 16 69
1,7 51,1 8,9 38,3
73 11 1 44 51
40,6 6,1 0,6 24,4 28,3
21 104 8 9 38
11,7 57,8 4,4 5 21,1
87 25 68
48,3 13,9 37,8
25 117 38
13,9 65 21,1
42 3 5 2 3 87 38
23,3 1,7 2,8 1,1 1,7 48,3 21,1
71 59 50
39,4 32,8 27,8
1 159 20
0,6 88,3 11,1
21
VARIÁVEIS ARV PARTO Sim Não Não se aplica Ignorado OBITO MÃE Sim Não Ignorado INÍCIO PROFILAXIA CÇA Até 2 horas Entre 2 e 6 horas Entre 6 e 24 horas Após 24 horas Não realizado Ignorado TEMPO PROFILAXIA CÇA Menos de 3 semanas De 3 a 5 semanas 6 semanas Não usou Não se aplica/ Ignorado ALEITAMENTO Sim Não Ignorado ALEITAMENTO CRUZADO Sim Não Ignorado SITUAÇÃO ATUAL Viva Morta Ignorado
N
%
36 78 25 41
20 43,3 13,9 22,8
36 128 16
20 71,1 8,9
16 10 7 5 101 41
8,9 5,6 3,9 2,8 56,1 22,8
1 5 39 99 36
0,6 2,8 21,7 55 20
67 53 59
37,2 29,4 32,8
2 95 83
1,1 52,8 46,1
132 31 17
73,3 17,2 9,4
Dificuldades Científicas, Metodológicas e Práticas Encontradas no Decorrer da Execução do Projeto de Pesquisa
• dificuldade de liberação para o início do estudo por alguns CEP locais; • dificuldades burocráticas na liberação e localização dos prontuários ambulatoriais/hospitalares; • mudança de serviços para o seguimento ambulatorial; • detecção de condutas paralelas em relação à recomendação nacional; 22
• falta de preenchimento adequado dos prontuários pesquisados; • problemas no fluxo da liberação do resultado laboratorial; • falhas no sistema de referência/contrarreferência; • perdas e falhas no seguimento ambulatorial da criança exposta; Outros Produtos Obtidos
• Sensibilização dos profissionais que participaram da coleta de dados da pesquisa, potencializando o conhecimento da realidade local;
• Apresentação de resultados preliminares em eventos técnico-científicos; • Troca de experiências com os serviços de assistência e, de certa maneira,
“consultoria” a algumas regiões/municípios/serviços ao longo do processo de trabalho de campo; • Neste estudo foram envolvidos 106 municípios e 321 serviços de saúde; • Integração dos procedimentos da pesquisa às atividades da vigilância epidemiológica dos serviços, municípios e estado com vistas ao fortalecimento das ações e qualificação dos dados; • Identificação de inconsistências nas bases de dados, após a investigação nos prontuários hospitalares/ambulatoriais, para ajustes dos registros no SINAN (duplicidades, erros nas datas dos diagnósticos envolvidos, erros nas informações das variáveis de intervenção, dentre outros). Inclui-se, nesta perspectiva, a atualização da situação diagnóstica-sorológica das crianças expostas ao HIV, com maior qualificação dos dados. Este estudo proporcionou subsídios para:
aA elaboração das metas do Plano de Eliminação da Transmissão Vertical do HIV e da Sífilis aA implantação da Investigação dos Casos Notificados de AIDS por TV e dos Casos de Sífilis Congênita aLinha de Base para indicadores de algumas metas do Plano de Eliminação: oportunidades perdidas, implementação de estratégias na organização de serviços. A reavaliação local, regional da implantação das estratégias.
Conclusões
• No período anterior à entrada da profilaxia com antirretrovirais no Brasil,
Tess verificou uma taxa de transmissão vertical do HIV de 16% e, em 2007 Succi relata a taxa de 6,8%, uma clara tendência de redução desta taxa. E, este estudo encontra uma taxa de transmissão vertical do HIV de 2,7% para o ano de 2006, no estado de São Paulo; 23
• A cobertura de sorologia para o HIV na gestação foi estimada em 63%, no
estudo sentinela-parturiente realizado no país em 2006. Já este estudo mostrou que esta cobertura foi de 90,1% no estado de São Paulo; • Apesar da disponibilidade de insumos necessários à interrupção da transmissão vertical nos serviços públicos de saúde, Szwarcwald relatou que, em 2006, apenas 52% das gestantes brasileiras receberam cobertura efetiva das ações de prevenção da transmissão vertical no pré-natal. • As gestantes soropositivas para o HIV, avaliadas por este estudo no ano de 2006 no estado de São Paulo: 72% tiveram acesso a mais de 6 consultas durante o pré-natal; 85,3% receberam AZT durante o parto; 80,5% das crianças tomaram AZT-xarope e 90,5% não foram amamentadas; • Os dados dos prontuários das gestantes mostraram situações que apontam para necessidade de reorganização de fluxos nos serviços de pré-natal. Exemplo: após o diagnóstico de gravidez, a marcação da primeira consulta não é feita imediatamente, sugerindo a falta de reconhecimento da gestante como prioridade no serviço; • Um importante fato observado, nos casos notificados de AIDS em crianças, foi a falha na abordagem das gestantes pertencentes a grupos de risco acrescido (usuárias de drogas, presidiárias, moradoras de rua, adolescentes); • Foi importante a utilização de outras fontes de dados como o SICLOM, SISCEL, SIM, assim como, as revisões das atualizações do SINAN no momento da coleta de dados da pesquisa, para elucidar os casos com “perda de seguimento”; • Comparando-se as proporções de encerramento de caso, as informações contidas no SINAN alcançam 43,5% de conclusão do caso, enquanto que nesta pesquisa houve a conclusão em 81,2% dos casos, correspondendo a um incremento de 1,9 vezes; • Ficou demonstrado que o envolvimento de técnicos regionais que exercem cargos gerenciais, em estudos como este e com discussões prévias e posteriores à coleta dos dados, contribui para a reflexão, avaliação e mudanças simultâneas na situação encontrada, ou seja, uma pesquisa com real aplicação na ação. Os investigadores foram selecionados de acordo com experiência anterior no manejo das ações envolvidas neste estudo e também pelo fato de exercerem atividades de coordenação regional; observou-se que a aplicação dos questionários suscitou mudanças na abordagem operacional da Transmissão Vertical do HIV e da Sífilis nos serviços de atendimento da gestante, da parturiente e da criança. Esta situação foi discutida no treinamento destes investigadores e avaliada a possibilidade de mudanças nas estratégias e nos 24
fluxogramas, na detecção de problemas, não havendo necessidade do término do estudo. Enfim, aplicação dos achados do estudo, na operacionalização das estratégias propostas, de maneira simultânea. E, esperamos que o fato deste estudo ter analisado o universo de casos notificados de crianças com AIDS e gestantes HIV positivas com seus conceptos, no ano de 2006 no Estado de São Paulo - possibilite a consideração e a reflexão destes resultados na adequação das estratégias necessárias para a eliminação da transmissão vertical do HIV. Bibliografia Consultada e Recomendada:
1. BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Boletim Epidemiológico AIDS - Ano V nº 1 - julho a dezembro de 2007/janeiro a junho de 2008. Brasília: Programa Nacional de DST e Aids, Ministério da Saúde; 2008. 2. BRASIL. Ministério da Saúde. Coordenação Nacional de DST e AIDS. Aconselhamento em DST/HIV e AIDS: Diretrizes e Procedimentos Básicos. Brasília: Coordenação Nacional de DST e AIDS; 1999. 3. BRASIL. Ministério da Saúde. Coordenação Nacional de DST e AIDS. Vigilância do HIV no Brasil: Novas Diretrizes. Brasília: Coordenação Nacional de DST e Aids, 2002. 4. BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Critérios de definição de casos de aids em adultos e crianças, Brasília: Ministério da Saúde. 2004. 56 p. 5. BRASIL. Ministério da Saúde. Programa Nacional de DST e AIDS. Projeto Nascer - Maternidades. Brasília: Programa Nacional de DST/Aids, 2003. 6. BRASIL. Ministério da Saúde. Programa Nacional de DST e Aids. Recomendações para Profilaxia da Transmissão Vertical do HIV e Terapia Anti-Retroviral em Gestantes, 2006. Brasília: Programa Nacional de DST e Aids; 2006c. 7. BRASIL. Ministério da Saúde. Recomendações para Profilaxia da Transmissão Vertical do HIV e Terapia Anti-Retroviral em Gestantes. Brasília: Programa Nacional de DST e Aids, Ministério da Saúde; 2006b. 8. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Área Técnica de Saúde da Mulher. Assistência Pré-Natal: Manual Técnico. Brasília: Secretaria de Políticas de Saúde; 2000. 9. CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION (CDC). US Public Health Service Recommendations for Human Immunodeficiency Virus Counseling and Voluntary Testing for Pregnant Women. MMWR 1995; 44 (RR-7): 1-15. 10. CONNOR, EM, SPERLING, RS, GELBER, R et al. Reduction of maternal-infant transmission of human immunodeficiency virus type 1 with zidovudine treatment. N Engl J Med 1994; 331:1173-80. 25
11. DENIS, J. & CHAMPAGNE, F. (1997). Análise da implantação de programas. Avaliação em saúde: dos modelos conceituais à prática na análise da implantação de programas. Hartz, ZA. (ed.). Rio de Janeiro, FIOCRUZ: 49-88. 12. FRENK, J.M. (1992). El concepto y la medición de accesibilidad. Investigaciones sobre servicios de salud: una antologia. K.L. OPAS (White, editor principal). Washington, D.C.: OPS: 929-943. 13. GARDELLA, C. Sexually Transmitted Infections in Pregnancy: Treatment Options. Current Treatment Options in Infectious Diseases 5:53–61, 2003. 14. GRANGEIRO, A.; FERRAZ, D.; BARBOSA, R.; BARREIRA, D.; VERAS, M.A.S.M.; VILLELA, W.; VELOSO, J.C.; NILO, A. UNGASS-HIV/Aids: balanço da resposta brasileira, 2001-2005. Rev Saúde Pública 40:5-8, 2006. 15. MATIDA LH, MARCOPITO LF, SUCCI RC, MARQUES HH, DELLA NEGRA M, GRANGEIRO A, et al. Improving survival among Brazilian children with perinatally-acquired AIDS. Braz J Infect Dis 2004;8(6):419-23. 16. MATIDA LH, RAMOS JR. AN, HEUKELBACH J, HEARST N. Continuing Improvement in Survival for Children with Acquired Immunodeficiency Syndrome in Brazil. Pediatr Infect Dis J 28(10):920-922, October 2009. 17. MATIDA LH, RAMOS JR. AN, MONCAU JE, MARCOPITO LF, DE SOUSA MARQUES HH, SUCCI RC, et al. AIDS by mother-to-child transmission: survival analysis of cases followed from 1983 to 2002 in different regions of Brazil. Cad Saude Publica 2007;23 Suppl 3:S435-44. 18. MATIDA, LH; GIANNA, MC; GONÇALVES, A.; TAYRA, Â.; SUCCI, RCM Transmissão vertical do HIV e da sífilis: avanços no controle do hiv e descompasso no controle da sífilis congênita. Revista Brasileira de Epidemiologia – meio eletrônico (Apresentado no VI Congresso Brasileiro de Epidemiologia), 2004. 19. MELO ER; UNGARETTI MA; SILVA MH; MATIDA LH. Transmissão Vertical do HIV: Um Desafio. In: Associação Brasileira de Magistrados, Promotores de Justiça e Defensores Públicos da Infancia e da Juventude - ABMP; Childhood Brasil (Instituto WCF-Brasil). (Org.). Criança e Adolescente: Direitos e Sexualidade. 1 ed. São Paulo: 2008, v. 1, p. 94-106. 20. MENEZES SUCCI RC. Mother-to-child transmission of HIV in Brazil during the years 2000 and 2001: results of a multi-centric study. Cad Saude Publica 2007;23 Suppl 3:S379-89. 21. MUSSI-PINHATA, MM, YAMAMOTO, AY. Infecções congênitas e perinatais. Jornal de Pediatria 75(Supl.1):S15-S30 1999. 22. NOGUEIRA SA, ABREU T, OLIVEIRA R, et al. Successful prevention of HIV transmission from mother to infant in Brazil using a multidisciplinary team approach. Braz J Infect Dis 2001; 5:78-86. 26
23. RAMOS JR AN, MATIDA LH, SARACENI V, VERAS MA, PONTES RJ. Control of mother-to-child transmission of infectious diseases in Brazil: progress in HIV/AIDS and failure in congenital syphilis. Cad Saude Publica 2007;23 Suppl 3:S370-8. 24. SUCCI, R.C.M.; GESBP. Transmissão Vertical do HIV no Brasil em 2003-2004. Resultado Preliminar de um Estudo Colaborativo Multicêntrico. In: XIV Congresso Brasileiro de Infectologia Pediátrica e III Jornada Paranaense de Infectologia Pediátrica, 2005; Foz do Iguaçu. J Paranaense Pediatr; 6:13, 2005. 25. SZWARCWALD CL, BARBOSA JUNIOR A, SOUZA-JUNIOR PR, LEMOS KR, FRIAS PG, LUHM KR, et al. HIV testing during pregnancy: use of secondary data to estimate 2006 test coverage and prevalence in Brazil. Braz J Infect Dis 2008;12(3):167-72. 26. SZWARCWALD, C.L. Relatório: Primeiros Resultados do Estudo-Sentinela Parturiente 2004. Brasília: Programa Nacional de DST e Aids, Ministério da Saúde;2004.http://www.aids.gov.br/data/documents/storedDocument s/%7BB8EF5DAF23AE4891AD361903553A3174%7D/%7BBDD562E260 744FF5AD1249809803C2B5%7D/relatorio_2004_sentinela_parturiente. pdf. (acessado em 01/Mai/2007). 27. TESS BH, RODRIGUES LC, NEWELL ML, DUNN DT, LAGO TD. Breastfeeding, genetic, obstetric and other risk factors associated with mother-to-child transmission of HIV-1 in Sao Paulo State, Brazil. Sao Paulo Collaborative Study for Vertical Transmission of HIV-1. AIDS. 1998 Mar 26;12(5):513-20. 28. THE JOINT UNITED NATIONS PROGRAMME ON HIV/AIDS. Reporto on the global AIDS epidemic 2006. December,2006.UNAIDS/WHO.Guidelines for Second Generation HIV Surveillance: The Next Decade, Geneva, Switzerland, 2000.
LINKS ÚTEIS:
www.aids.gov.br www.crt.saude.sp.gov.br www.paho.org www.cdc.gov Os instrumentos (questionários) utilizados neste estudo, assim como este Caderno, encontram-se no site: http://portal.saude.sp.gov.br/content/lebrustosh.mmp 27
FiqUe liGado - FiGUras selecionadas:
dEfinição oPas/oms
ELIMINAÇÃO DA TV DO HIV: 2 crianças HIV+/100 mães soropositivas ELIMINAÇÃO DA SÍFILIS CONGÊNITA: 0,5 caso em 1.000 nascidos vivos
A transmissão vertical do HIV/Sífilis deve ser considerado um evento sentinela
Cada criança infectada por transmissão vertical pode representar uma falha na identificação da gestante infectada ou na aplicação das medidas profiláticas para diminuir a transmissão.
açÕEs Para GErar imPacto:
• interface com: Área da Mulher, Materno-Infantil,
Assistência Básica à Saúde, PACS/PSF, Laboratório, Sociedade Civil Organizada; Órgãos Formadores; • Oferecer um pré-natal precoce e com qualidade; • detecção precoce: disponibilizar uma ágil pesquisa diagnóstica laboratorial com aconselhamento; • Disponibilizar medicamentos; • Acessar parceiros; • informar sempre sobre prevenção e controle. 28
oPortUnidadEs Para sE Evitar a infEcção vErtical do Hiv E da sífilis
PRoPoRçÃo de MulHeRes. . .
n infectadas n gestantes
n com pré-natal inadequado ou ausência de pré-natal n com não oferecimento da pesquisa do HIV e do Tp n que recusaram o teste n que não realizaram a profilaxia/terapia n que recusaram a profilaxia/terapia n que não completaram a profilaxia n com parceiro sexual não tratado n com criança infectada IOM, 1998
uM único Caso de Transmissão Vertical do HiV deve ser considerado como resultado de oPoRtuNidade PeRdida
Pode representar uma FalHa na assistência do PRÉ-Natal:
• Ou na identificação da gestante infectada, ou • Na aplicação das estratégias profiláticas para transmissão.
evitar esta
29
PLANO DE ELIMINAÇÃO DA TRANSMISSÃO VERTICAL DO HIV E DA SÍFILIS O Programa Estadual de DST/AIDS de São Paulo (PEDST/AIDS-SP) vem apoiando a ampliação e manutenção das ações de prevenção da transmissão vertical do HIV e Sífilis na rede de serviços (atenção primária, unidades de referência, maternidades) gerenciada diretamente pelo estado e municípios. Atualmente, todos os insumos utilizados para a prevenção da transmissão vertical do HIV e Sífilis são financiados pelo Governo. Em 2009, o PEDST/AIDS-SP lança o “Plano de Eliminação da Transmissão Vertical do HIV e da Sífilis”, em consonância com as propostas do Ministério da Saúde, com metas escalonadas e regionalizadas de redução da transmissão vertical nas diferentes regiões do estado. Atualmente, constituem importantes desafios: o aumento na cobertura de testagem para HIV e Sífilis no pré-natal; o tratamento da sífilis (gestantes e seus parceiros) no pré-natal; e a ampliação do número de maternidades que efetivamente realizem todas as medidas de profilaxia da transmissão vertical do HIV e Sífilis durante o parto e puerpério. Nos municípios onde houve sensibilização e empenho para se reduzir essa via de transmissão para o Vírus da Imunodeficiência Humana, observam-se números semelhantes aos dos países desenvolvidos. A Organização Panamericana da Saúde define a eliminação da transmissão vertical do HIV quando são alcançadas taxas de incidência menores de 2 (dois) casos de HIV para cada 100 mães infectadas, e, para a Sífilis Congênita, considera que a doença é eliminada quando existe a ocorrência de menos de um caso para cada 1.000 nascidos vivos - esta é a meta do Programa Estadual de DST/AIDS de São Paulo no seu Plano de Eliminação da Transmissão Vertical do HIV e da Sífilis. A taxa de infecção da transmissão vertical do HIV pode chegar a 1% e a Sífilis Congênita é uma doença que pode ser totalmente evitada se a mãe e o seu parceiro sexual forem diagnosticados e tratados adequadamente. A ocorrência destes agravos entre crianças é um evento sentinela da qualidade da atenção materno-infantil e/ou de contextos de vulnerabilidades às dst/aids (morador de rua, uso de drogas, pessoas vivendo em regime prisional e seus familiares, migração, exclusão social e outros) que exigem medidas de intervenção de acordo com a realidade e necessidade locais. 30
Como elemento fundamenA taxa de infecção da tal de enfrentamento destes transmissão vertical do dois agravos, as ações preventivas e profiláticas precisam HIV pode chegar a ser reforçadas na assistência ao pré-natal e ao parto, com a e a Sífilis Congênita é triagem laboratorial de todas uma doença que pode ser as gestantes no pré-natal (na primeira consulta e no início do se a terceiro trimestre) e no parto, com o conseqüente tratamento mãe e o seu parceiro sexual oportuno e adequado e tamforem diagnosticados e bém do seu parceiro sexual. É de fundamental importântratados adequadamente cia, o envolvimento das Áreas Técnicas da Atenção Básica, da Mulher, da Criança e DST/AIDS, além da sociedade civil em todos os níveis de atuação, e a inclusão do tema na agenda dos gestores, pois os agravos têm diagnóstico e tratamento disponíveis. O Programa Estadual de DST/AIDS de São Paulo propõe que todo caso diagnosticado e notificado de Sífilis Congênita, assim como todo caso diagnosticado e notificado de AIDS em crianças, sejam investigados, a fim de que sejam detectadas todas as oportunidades perdidas que esta gestante, seu parceiro sexual e esta criança sofreram; a identificação destas oportunidades perdidas deverá orientar o devido planejamento, monitoramento e avaliação das ações necessárias para o controle destes agravos. No estado de São Paulo, pretende-se amadurecer a ampliação do debate nos vários segmentos da sociedade envolvidos com este enfrentamento, diminuindo o estigma em relação às doenças sexualmente transmissíveis e ao HIV/AIDS, para que estes agravos tornem-se mais visíveis como um problema para a população em geral e para os profissionais de saúde, e para que isto contribua para o tão almejado alcance da eliminação da transmissão vertical do HIV e da Sífilis.
1%
totalmente evitada
31
RealiZaテァテバ
aPoio
32