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PIO BARBOSA

A Pandemia da Tristeza e a Esperança que não se desfaz

Pio Barbosa Neto

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I

A natureza da tristeza torna-se visível Em tempo a vida toma seu rumo, Transformando este tempo imprevisível Em um aprendizado cujo aprumo, Precisa vencer os percalços de um futuro Cuja vivência traz Um tempo jaz, sepulto em teias de pandemia II Em meio a dor que dilacera a vida, Revelando toda nossa fragilidade, Nada parece convincente nesta lida, Em meio a tanta inverdade, A incertezas dispostas em desalinho A tolher a vida e o caminho De tantos semelhantes meus, A clamar alguns deles, sozinho Pela proteção de Deus. III Se nada mais convincente existe, Por que lembramos a tristeza, Que teima, que resiste, Que deixa na alma a solidão crua Que desata no peito num silencio tétrico A dor que dilacerada e nua Tornando este tempo, descrente e cético Quanto ao futuro que virá depois?

IV Se a tristeza afinal gargalha, Ante o frio túmulo a envolver o corpo em fria mortalha Que dizer de tantos nomes lembrados Que jamais serão esquecidos Que serão amados, embora da vida banidos? Reclusos ao silencio do chão, Entregues a uma forte ruptura Que separa da vida a criatura Eleita para viver e que sem saber Desce silente a sepultura . V Existe sim uma pandemia da tristeza no mundo, Que encobre um ser moribundo Largado sob pontes e viadutos Deixado nas calçadas poeirentas À margem do que existe, A viver seus dias de luto e tormentas Sem abrigo ou teto, apenas chão Pra envolver sua existência A dura dependência De uma torpe ilusão.

VI

Se todos cantam a tristeza Como interpretar sua presença Se ninguém sabe ao certo o que compreender, o que falar Da dor que imensa Vive a brotar do leito da alma, Roubando a calma, Fomentando a tormenta De dias sem paz? VIII

Se a tristeza é comum Seria tal sensibilidade Um aceno incomum De dias envoltos em orfandade A verter no pranto a face, Que sem disfarce Deixa um rastro amargo de solidão e estio Nalgum rosto a discorrer o pranto Como um frio e torpe manto? IX

Existirá no mundo para além de toda agonia Uma tristeza ensinada, uma fria pedagogia Que nos faça pensar , sem segredo, Na dor, no estranho medo Que acampa ao redor de tantos entes queridos Espreitando suas vidas em degredo, Num banimento forçoso, qual exílio A banir suas vidas em torpe sentença De morte a apontar em riste seu dedo A deixar aqui uma dor intensa Que teima em doer a cada dia? X

Acaso existirá uma felicidade inventada Em tempos de tristeza anunciada

Nos quatro cantos do mundo Revelando uma dura realidade Que diz em palavras vestidas de verdade O que a gente não desejaria ouvir, Nalgum segundo? XI Que dizer das manchetes que deixam o terror O lamento triste que não podemos esquecer Daqueles que clamam pela vida Em tempos de morte e pavor Tentando esquecer que um dia

Uma vil pandemia Varreu do planeta um outro ser, alguém Que um dia conhecemos e que nos só fez o bem. XII Ainda existem aqueles que sustentam a esperança Mãos que se estendem em tantas procuras Semeando a vida com abastança Em tempos eivados de desesperança Em tantos lugares deste mundo Como agentes da vida, anjos enviados Enfermeiros, médicos, seres a causa devotados Em defesa da vida, soldados em um front A seguir na linha de frente Devotados a salvar vidas num amor profundo.

XIII Quiçá, um dia a gente possa acordar E ver o mundo sem confinamento algum, Tendo de volta toda euforia Mesmo em meio a tanta agonia. Celebrando a vida em comunidade Revendo abraços dantes negados Por uma pandemia que nos enclausurou Em lugares tantos deserdados Andando na rua livremente Imunizados, independentes Livres da fria sentença De uma torpe presença De um vírus que anunciado, Um dia, ainda que lembrado, Será finalmente vencido, derrotado E a vida voltará a ser como antes Envolta em dias belos, em tardes contagiantes Em abraços afetuosos, intensos Em sorrisos e olhares de amores imensos A vestir o planeta de vida, outra vez. XIV Quero enfim ver de volta as ruas felizes Gente por toda parte a sorrir Dizendo que os dias tristes Não mais teremos, Pois a pandemia que tanto tememos Pra sempre foi derrotada E a vida celebra sua volta novamente Dizendo que o tempo é de esperança E que podemos viver plenamente A fé e a certeza Que Deus é nossa Fortaleza E que hoje é possível ser feliz Como a gente sempre sonhou e quis.

Pio Barbosa é graduação em Filosofia pela Faculdade de Filosofia de Fortaleza (1985),Curso de Ciências da Religião (2001) , Pós -Graduação em Psicopedagogia Clínica e Institucional (2005) Pós-graduação em Ciências Políticas, Sociedade e Governo (2013) MBA - Master in Business Administration em Formação de Políticas Públicas Inovadoras (2013) MBA - Master in Business Administration em Assessoria Parlamentar (2016) Mestrado pela Universidad Politécnica y Artística del Paraguay (2011) Doutorado em Ciências da Educação (UPAP-PY - 2016). Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Educação, além de ser escritor, roteirista, poeta. Trabalha na UNIPACE ( Universidade do Parlamento Cearense ), tendo atuado na Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia legislativa do estado do Ceará, como servidor do Poder Legislativo. Estou acadêmico do Curso de Direito pela UniNassau. Estou membro da Academia de Letras dos Municípios do Estado Ceará, ALMECE - Cadeira nº 80 e da ACE (Associação Cearense de Escritores). Membro do CONINTER, cadeira nº 18, membro do Centro de Cultura do Ceará, cadeira nº 08. Membro de Honra da Divide Academie Françoise dês Letres Artes et Cultura. Membro da Academia de Letras Juvenal Galeno – ALJUG, cadeira nº 37. Membro da Academia de Letras e Artes do Ceará- ALACE, cadeira, nº 39. Membro da Cultive – Associativo Internacional D’Art., Litterature et Solidarité.

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