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REGINA NAEGELI

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REGINA NAEGELI

REGINA NAEGELI

Artes e artesanato CHINÊS

POR REGINA NAEGELI

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Pintura

Desde a dinastia Shang, no século 16 a.C., os afrescos já decoravam as tumbas, os templos e os palácios na China.

Apreciadores das artes plásticas, os chineses se interessaram por essa forma de expressão, seja por meio do papel e dos tinteiros – caligrafia –, seja com a utilização de pincéis, tintas – pinturas. O interesse pela poesia veio mais tarde.

Tanto na pintura como na caligrafia, o artista reconhecido é aquele que pinta “na- turalmente”, ou seja, sem esforço, uma vez que “a arte emana das entranhas do ser”. Outro detalhe curioso é que o artista chinês jamais desenvolve seus trabalhos a partir da própria imaginação e sim da memória. Em outras palavras, considera-se que o valor do artista está na capacidade de copiar e imitar os grandes mestres antepassados. original. Talvez, isso explique a ampla difusão da arte de copiar dos chineses. Na China, a cópia é natural.

Xue (segundo tom) é uma palavra que ilustra bem o assunto. Esse termo pode ser traduzido como estudar ou aprender, ou ainda como a ação de copiar alguém. André Cheng, no livro A Prática da China, menciona a dificuldade de abolir a cópia, pois isso implicaria condenar também o aprendizado.

Em relação à pintura, conceitualmente, para o chinês ela é uma continuação da escrita e exprime aquilo que a linguagem não alcança, podendo ser classificada também como a finalização da escrita. Vale lembrar ainda que o artesanato chinês não se restringe apenas à pintura. Ele é riquíssimo em variedade e espetacular pelo nível de detalhes e o grau de sofisticação com que as peças são confeccionadas, destacando-se o bordado em seda; a cerâmica e a porcelana; as esculturas e adereços em jade – pedra ornamental –; as peças em cloisonné, como aqueles vasos e pratos tipicamente chineses decorados por desenhos com vários pequenos compartimentos preenchidos com uma pasta de esmalte vitrificado; a arte da laca – espécie de verniz natural extraído de plantas –; a tapeçaria; o batique, técnica de tingimento em tecido artesanal; a arte feita em papel recortado, os chamados papercuts ou jianzhi ; as pipas; entre tantas outras formas de artesanato.

Seda

É por essa razão que, na China, vemos à exaustão os mesmos quadros de flores e paisagens por onde quer que passemos. Os quadros são os mesmos, porém com interpretações diversas. Essa técnica visa, antes de tudo, atingir a perfeição do traço. Para eles, uma imitação perfeita é apreciada por suas qualidades técnicas tanto quanto a obra A seda foi introduzida na China também na dinastia Shang, tornando-se objeto de intenso comércio entre o Oriente e o Império Romano.

Os chineses conseguiram manter o monopólio do cultivo da larva da seda até o século 2 a.C., quan-

do o segredo ultrapassou as fronteiras chinesas em direção à Coreia e ao Japão. Tempos depois, um monge permitiu a exportação e a difusão dessa técnica para o Império Bizantino e, a partir daí, ela ganhou o mundo.

Na China, a técnica de fabricação da seda existe desde as dinastias Tang e Song, que juntas abrangeram do século 7 d.C. ao século 11 d.C., e a produção da seda con- centrava-se na região oriental, mais precisamente nas cidades de Hangzhou, Suzhou e Nanquim.

Em Nanquim, há um museu, denominado Museu do Brocado, que até hoje fabrica a seda como na época dos imperadores: quatro centímetros por dia em uma jornada de oito horas de trabalho. A profissão é passada de pai para filho. Na linha de produção, ficam duas pessoas em cada tear: uma responsável pela mistura de cores e a outra pelo padrão, ou seja, o desenho que a peça vai exibir quando finalizada. Trata-se de um verdadeiro espetáculo para os olhos: de um “emaranhado” de fios de seda, surgem tecidos de pura riqueza.

Também fiquei muito bem impressionada quando visitei uma fazenda de criação de bicho-da-seda. Foi uma experiência única, pelo menos para mim que não fazia a menor ideia de como se dava o processo de produção da seda.

A fazenda era inteiramente rodeada por plantações de mulberry ou Sangshu – amora –, de onde provêm as folhas que servirão de alimento para os bichos- -da-seda. A amoreira cumpre a função de alimentar esses animaizinhos mágicos, os quais se acomodam em longas prateleiras para receber seu alimento favorito. Parece um grande dormitório de colégio interno, com inúmeras camas no estilo beliche.

Enquanto os bichos-da-seda estão no período dito “de engorda”, devem ser protegidos de ruídos, exposição a odores fortes, poluição e variações climáticas excessivas. Segundo experts, se a China não parar de poluir, no futuro, infelizmente a produção de seda pura será inviabilizada.

Uma curiosidade: acredite você ou não, o bicho-da-seda faz barulho enquanto come! Eu mesma não acreditaria se não tivesse presenciado. Os galpões são extremamente silenciosos, ficando apenas o zumbido da comilança. E que comilança! Depois que o bicho-da-seda atinge o tamanho desejado, ele está pronto para entrar na “linha de produção” propriamente dita. O processo é longo e complicado. Com um casulo de bicho-da-seda, é possível produzir de 600 a 700 metros de fio de seda, podendo atingir a marca de 1.300 metros. Na Índia e no Vietnã, países onde a produção desse artigo também é largamente difundida, somente se consegue produzir entre 100 e 200 metros de

fio de seda, em razão das elevadas temperaturas. O clima é tão quente nesses países, que os bichos-da-seda não conseguem alimentar-se por mais de 18 dias, ficando, assim, muito pequenos. Já na China, esse período sobe para 28 dias; em tempos remotos, graças às condições climáticas, de um único casulo era possível produzir 5.000 metros de fio de seda. Imagine o tamanho do casulo! Provavelmente, devia ser maior que um ovo de galinha.

Cerâmica e porcelana

Na China, foram encontrados, às margens dos rios Amarelo e Azul, vestígios de cerâmicas que datam de 7.000 a 8.000 anos, sugerindo que a história desse artefato re- monte ao período neolítico – 5.000 a.C. a 3.500 a.C.

Ao longo dos anos, os chineses foram aprimorando sua técnica até chegarem à cerâmica revestida, utilizada para impermeabilizar, e, mais tarde, também empregada com fins decorativos. Jingdezhen,

Em relação à porcelana chinesa, seu comércio foi largamente difundido pelos paí- ses europeus, que aprimoraram ainda mais a técnica original. Um dos destaques na China é o trabalho conhecido como Casca do Ovo ou Egg Shell. A porcelana é tão fina que se torna translúcida e podemos enxergar através dela. Além disso, quando tocada, possui uma sonoridade semelhante à do cristal. Para os chineses, “a porcelana é branca como o jade, brilhante como o espelho, fina como o papel e ressonante como a campainha”.

Jade

O jade é a pedra chinesa por excelência e pode ser tão precioso quanto o diamante ou a esmeralda. Apresenta amplitude de tons que vão do branco ao verde, sendo en- contrado até mesmo na cor violeta. Pode atingir preços altíssimos, por isso é largamente copiado com imitações quase perfeitas. De fato, é difícil para um leigo reconhecer a pedra verdadeira de um pedaço de plástico e resina.

Ao jade era atribuída a qualidade de prolongar a vida, por isso durante muito tempo somente os imperadores tinham acesso a essa pedra, o que começou a mudar a partir do século 18. Por sua importância, há um item específico sobre a cultura do jade.

Laca

A laca é uma seiva leitosa encontrada em algumas árvores originárias do Oriente. Por se tratar de “goma de resina” dura e impermeável, com alta resistência a tombos, ba- tidas e arranhões, é considerada a proteção Os vestígios da fabricação e do uso da laca também remontam ao período neolítico. A técnica consiste em colocar camadas finas desse verniz natural sobre o objeto que se pretende decorar e deixá-las secar em ambiente quente e ligeira- mente úmido. As camadas são sobrepostas uma a uma até se atingir o resultado desejado.

No fim da era dos reinos combatentes – 403 a.C. a 221 a.C. –, a laca já era utilizada para confeccionar caixas e pratos de extrema leveza. Mais tarde, esses artefatos passaram a ser esculpidos com facas, originando desenhos incrivelmente detalhados, e até hoje existem fábricas nas quais os objetos de laca ainda são fabricados dessa maneira.

Cloisoneé

A China também é conhecida pelas peças em cloisonné, antiga técnica de decorar objetos de metal. Estes podem ser trabalhados e decorados de diversas formas, utilizando-se esmalte, fios de ouro, prata, pedras etc.

A produção de objetos em cloisonné foi largamente difundida na China e atingiu seu apogeu durante a dinastia Ming, no reinado do imperador Jingtai, que durou de 1450 a 1457.

Como nessa época a maioria dos objetos eram fabricados em azul, o trabalho passou a ser chamado de Jingtailan, junção do nome do imperador, Jingtai, e da expressão lan, que significa azul. Foram os franceses que ocidentalizaram o nome da técnica, passando a chamá-la de cloisonné.

colagem de lâminas meticulosamente desenhadas que são depositadas sobre objetos de bronze ou de cobre. Após a finalização do desenho, os espaços vazios são cobertos por um esmalte especial e levados ao forno. Uma vez concluída mais essa etapa, os objetos passam, então, pelo polimento final. Existe em Pequim, próximo ao Palácio de Verão, uma fábrica onde esses objetos ainda são produzidos artesanalmente. As diversas etapas do processo podem ser acompanhadas de perto por uma multidão de turistas do mundo inteiro, seguidos de guias que se comunicam em diversos idiomas e acotovelam-se tentando explicar como cada vaso, cada prato e cada objeto são confeccionados.

Marfim e gelo

Em termos de arte chinesa, não se pode esquecer de mencionar a técnica de esculpir em marfim, que data da Pré-história, além das esculturas feitas em argila, mas, sem dúvida, uma das maiores atrações são as enormes figuras criadas tendo como matéria prima o gelo.

Todos os anos, durante o inverno, ocorre na cidade de Harbin, na província de Heilongjiang, ao norte da China e próximo à fronteira com a Rússia, o famoso Festival Internacional de Gelo e Neve. Trata-se de verdadeira cidade de gelo, construída sobre blocos de água congelada, onde as temperaturas oscilam entre 20 e 30 graus abaixo de zero.

Realmente, o frio é de uma escala que desafia a imaginação e tive o prazer de aventurar-me nessa terra em que até pinguim, se falasse, reclamaria do frio e do vento glacial.

Quando cheguei lá, alguém viu o dia de sol e disse que a temperatura estava amena: 25 graus abaixo de zero! Eu me senti uma perfeita alcachofra: em camadas. Além das botas de esqui, usava duas meias grossas. Protegi as pernas com um verdadeiro arsenal antifrio: uma meia-calça e uma calça colante “extra-calor”, como se fossem ceroulas; uma outra mais comprida; e, por cima dela, a calça de esqui propriamente dita servindo de “casquinha”. Já na parte do corpo que fica do abdome para cima, mais quatro camadas: duas daquelas espécies de ceroulas “extraquentes”, duas blusas de gola alta, casacão para frio polar, além de cachecol, gorrinho e dois pares de luvas, uma de lã e outra impermeável na parte superior.

Parece até que fiquei morrendo de calor embalsamada dentro de tudo isso, não? Infelizmente, não. Se houvesse a mínima possibilidade de colocar umas outras camadinhas... Nem que fosse pano de prato, lenço de nariz, pano de chão, qualquer coisa que esquentasse, teria sido bem-vindo. Tudo teria sido válido! Ainda bem que sou obediente e segui ao pé da letra a recomendação da guia que dizia: “Coloquem tudo o que tiverem, porque faz frio”.

Após a colocação das “camadas” e um breve cursinho intensivo sobre como andar, sentar, acertar o botão da câmera fotográfica sem tirar as luvas, o pânico instaurou-se: e se eu quisesse ir ao banheiro? Como sairia dessa enrascada? Para falar a verdade, não tive problemas; acho que dentro do contexto, até “aquilo” acabou congelando...

Na primeira metade do século passado, inúmeros estrangeiros, entre eles russos, japoneses, ingleses e franceses, instalaram-se em Harbin para a construção da ferrovia que liga a China do Norte à Manchúria, à ferrovia Transiberiana e à Russia. A posição de destaque rendeu à cidade o título de “Paris do Oriente”.

O contato com culturas diversas resultou num enorme legado, como prédios barrocos e neoclássicos, construções no estilo Art Nouveau, igrejas ortodoxas e católicas. Na atualidade, é verdadeiramente uma pena que a cidade tenha perdido o brilho e, infelizmente, nem mesmo o que sobrou dos tempos áureos possui o seu devido valor reconhecido.

Segundo os chineses, o ponto alto da estada em Harbin é a visita à Ilha do Sol ou Sun Island e ao

Mundo de Gelo e Neve, o Ice and Snow World. De fato, os dois impressionam pela grandiosidade e pela genialidade.

Na primeira atração, o Sun Island, inúmeras esculturas desfilam dentro de um imenso parque onde crianças escorregam em tobogãs, bandas de música passam, casais dançam no gelo e trenós puxados por cães transportam casais de namorados. As esculturas, por sua vez, são enormes e fazem alusão a cenas da vida cotidiana, rostos de personalidades conhecidas e ilustres, temas infantis, Buda, enfim, é possível encontrar réplicas congeladas de tudo! O negócio é tão sério que, todo final de temporada, é realizado um concurso para eleger a escultura mais bonita e imponente.

Já o Ice and Snow World faz uma reconstituição em gelo de inúmeras obras da humanidade, podendo-se encontrar miniaturas do Coliseu; da Muralha da China; da fachada da Catedral de São Paulo, sediada em Macau; de um pagode – templo asiático –; da Esfinge egípcia; entre outras construções lendárias homenageadas por esculturas que se iluminam à noite. Para que esse espetáculo visual seja possível, enormes pedaços de gelo são retirados do rio Song Hua, que cruza a cidade, e cortados em forma de blocos ou tijolos. Em seguida, são colocados uns sob os outros para compor as esculturas. Uma rede de fios e cabos elétricos dispostos engenhosamente no seu interior garante a iluminação noturna.

Por falar em rio, não posso deixa de contar o “programinha de índio” do qual participei ou fui vítima nas proximidades do próprio Song Hua, de onde é retirada a maioria das pedras de gelo para a construção das esculturas. Para preencher uma lacuna entre o café da manhã e o horário do voo de volta, a agencia sugeriu um passeio superinteressante às margens do famoso rio. Como havia poucas opções, eu e meu marido resolvemos aceitar.

Para variar, fazia 25 graus negativos com direito a vento. Ao chegarmos, fomos “presenteados” com uma corrida de cadeirinha de trenó que, por motivos óbvios, terminou em menos de 5 minutos. Perguntamos, então: “E, agora, vamos para o aeroporto?” Ao que a guia prontamente respondeu: “No, just have fun”, ou seja, “Divirtam-se”. Eu me perguntei: “Fun? Como? Aonde? Fazendo o quê? Tem um café aquecido?”. NÃOOO... Nem preciso dizer que de nada adiantou a tentativa de explicar que, por maior que fosse a boa vontade de nossa parte, ficava impossível conseguir um mínimo de diversão em tais condições de clima e temperatura. Como explicar para a guia que estou acostumada com temperaturas que variam de 30 a 40 graus positivos, e não com esses mesmos números na posição abaixo de zero.

Para finalizar, como dizem o franceses, “la cerise sur le gateau” ou “a cereja sobre o bolo” foi o show de nado na piscina construída dentro do gelo, onde uns senhores já de idade desfilavam barrigadas atrás de barrigadas em um espetáculo encantador... Aos olhos dos chineses, é claro. Realmente, nessas horas percebemos que se trata de uma outra cultura.

Tivemos, também, direito a uma visita ao zoológico de tigres siberianos. Existem mais de 700 animais dessa espécie espalhados em uma área situada dentro de um parque do gênero do Simba Safari, em São Paulo.

Entramos em um miniônibus que nos conduziu pela propriedade e sempre dava uma paradinha para tirarmos fotografias de todos os ângulos. Em um dado momento, o motorista perguntou-nos se queríamos comprar uma galinha, um pato ou um carneiro para darmos de alimento aos animais. Obviamente, e graças a Deus, tivemos o bom senso de recusarmos assistir à carnificina. Mas um conhecido contou-nos que, no dia em que estivera no parque, a mesma oferta foi feita e o grupo de acompanhantes resolveu comprar um carneirinho. Segundo ele, quando entrou na arena, o animalzinho tremia, não se sabe se de frio ou de medo, e a cena tenebrosa do dilaceramento da pobre presa acabou por estragar a visita.

Definitivamente, trata-se de uma outra cultura.

Papercuts

Os chineses são peritos em fazer trabalhos artísticos com papercut ou papel recortado. Para tanto, é preciso possuir destreza e imaginação. Com apenas uma folha de papel, uma faca ou uma tesoura, são capazes de criar desenhos impressionantes: flores, figuras humanas, paisagens, pássaros, o Revue Cultive - Genève

que quiserem. Geralmente, após concluída a performance artesanal, eles enquadram entre duas lâminas de vidro transparente para ressaltar as linhas do trabalho.

Para um especialista na arte, são necessários apenas alguns minutos para a execução da obra. Para nós, simples mortais, uma eternidade. Mais de uma vez me lancei nessa aventura, mas confesso que minha impaciência impediu o meu progresso.

Pipas

A introdução das pipas e a arte de empiná-las são eventos atribuídos aos chine- ses. A prática é considerada precursora do avião. No pavilhão aeronáutico do Museu do Espaço, em Washington, há uma placa que informa: “The earliest aircraft were the kites and the missils of China”, ou seja, “As primeiras aeronaves foram as pipas e os mísseis da China”.

A pipa é basicamente um brinquedo, mas tem enorme importância na realização de estudos científicos e até mesmo como aparato tecnológico. Em 1782, Benjamin Franklin premiou um cientista americano que desenvolveu um estudo sobre raios e tro- vões com a ajuda de uma pipa. O artefato também pode ser instrumento utilizado por pescadores para servir de isca, ou ainda por fotógrafos, para tirar fotos de pássaros que voam em altitudes elevadas. Hoje em dia, drones (equipamento manobrado por controle remoto) também desempenham essa função. ra, mas, após a invenção do papel, esse material ganhou preferência pela sua leveza. Dizem que o exército chinês dispunha de pipas tão grandes e sólidas, que eram capazes de carregar um homem fazendo as vezes de espião. De minha parte, encaro essa façanha como lenda.

De qualquer forma, de acordo com o livro de recordes em eventos estranhos, intitulado Du Yi Zhi, as tropas do Imperador Wudi, durante a dinastia Liang (464 – 549), foram salvas de ataques inimigos por uma mensagem de SOS enviada em uma pipa.

Na China, existem cerca de 300 tipos diferentes de pipas classificadas por seus desenhos e outras especificações: figuras humanas, peixes, dragões, animais, pássaros, máscaras etc. Elas rasgam o céu formando um colorido poético, romântico, alegre e des- contraído. Um verdadeiro espetáculo.

Poderia passar capítulos e mais capítulos enumerando todos os tipos de artesa- nato e manifestações artísticas dos chineses, incluindo as lanternas; os bonsais – árvores em miniatura –, sem esquecer da poesia, da música, da literatura e do cinema, que, cada vez mais, tem encantado o mundo. Acrescentaria ainda a arte de fazer fogos de artifício, tema que aprofundo um pouco mais no item dedicado ao Ano Novo chinês. Por fim, cabe aqui o registro dos trabalhos artesanais executados pelas 56 minorias étnicas que vivem em território chinês e são reconhecidas pelo governo.

Regina Naegeli nasceu no Rio de Janeiro, mudou-se para a França no início de 1999 e, em 2003, para China, na cidade de NANJING. A experiência e a vivência de quase uma década (2003/2010) na China alimentaram-lhe a ideia de escrever um livro exaltando o exotismo e a diferença cultural desse país, o qual ela acompanhou de perto a transformação e testemunhou situações culturais que a fizeram comparar a China ao ocidente. Dessa observação nasceram dois livros: Destino China-Arte do Tempo, 2014; e Incomparável Xuzhou - Arte do Tempo, 2018.

rambular; todavia, não se pode ficar estagnada ou perambular como zumbis em fuga, pois assim, as mulheres se desviarão de seus ciclos naturais e profundos

Ou seja, o estágio que a personagem G.H. passava era de transformação e busca intuitiva de seu próprio self. A narradora personagem tateia repleta de poeira do mundo o qual ela havia estado e do que se havia tornado. Os ciclos, quando ignorados pelo ser humano, uma hora ou outra, explodem ou emudecem, causando impactos no eu consciente ou inconsciente. A simbologia da barata representa o medo, o asco, o nojo daquilo que deverá emergir do fundo. Todo fundo há lodo, sujeira, água parada, bichos. Assim, é necessário imergir no grotesco, corajosamente, para suceder a metamorfose tão adiada, mas tão nítida e essencial à personagem agora. A morte de um eu era necessário para a vinda do eu verdadeiro, desconhecido. Até, então, ela nunca fora dona de si mesma.

Assim, as pessoas, como G.H. que se permitem ser roubadas não são más. Pode-se dizer que são um vácuo, um reservatório de outras criaturas. Perder-se é necessário para achar-se, pois na vida, depois da “morte” acontecerá indiscutivelmente o renascimento. Em vida, haverá esses ciclos em busca de entrarmos em contato com nossa verdadeira personalidade. O isolamento explicita-se como iniciação da aproximação reintegrando-se não pela razão, mas pela dificultosa experimentação do ser, diferenciando-se da “personagem” inútil, pela despersonalização; ou seja, o encontro da consciência (barata) com a realidade clara e última. O símbolo da “paixão”, utilizado por Clarice Lispector, denota a mais pura intensidade da busca de seu eu, em detrimento da “personagem” a qual se havia transformado. É a narradora da paixão, exaustiva, claudicante, relutante, vivaz, sofrida, embevecida, desbravadora, inquietante, louca, assim como toda paixão é. G.H. necessitava, sim, simplesmente ser, encontrar-se do que havia perdido; mas precisa perder-se para se encontrar novamente.

A Paixão Segundo G. H. é uma obra de profunda ressonância existencialista, e ao mesmo tempo portadora de um permanente exercício de esvaziamento ontológico (quanto ao futuro, apenas o ser pode planejar a autonomia, organizar-se para ela, criá-la. E uma ação conduzida por esforço próprio, é feita pela personagem G.H.). Portanto, se lida detidamente, pode ser considerada uma obra de iluminação e de radical ajuizamento crítico sobre a condição humana.

Isolda Colaço Pinheiro Graduada em Letras – UECE Pós-graduada em Semiótica - UECE Pós-graduada em Psicopedagogia - UVA

E-mail: congresso@institut-cultive.con

Lançamento no 1° Salão Internacional do Livro e da Cultura de Genebra Cultive

Anjos inspiradores

Eis uma antologia inspirada por anjos. Cada autor encontra seu anjo inspirador, que lhe fornece um mote e as ferramentas para concepção e desenvolvimento de obra criativa. Sugerindo espiritualidade, o tema propicia reflexões sobre a essência da vida – transcendendo o lado físico, material – e, por extensão, leva ao reconhecimento de atitudes e comportamentos humanos benfazejos. Nestas páginas, florescem ideias, de espetacular diversidade, abrangendo desde o enfoque do anjo mensageiro divino ao sentido figurado, popular, do cotidiano, encontrado em pessoas aparentemente comuns, mas que, dotadas de virtudes especiais, revelam a capacidade de proteger, apoiar ou beneficiar alguém. Cabe aos autores o grande desafio de expressar o incorpóreo por palavras, valorizando as manifestações espirituais. O instigante tema estimula o exercício da criatividade, característica marcante desta maravilhosa obra. Eis uma antologia inspirada por anjos. Cada autor encontra seu anjo inspirador, que lhe fornece um mote e as ferramentas para concepção e desenvolvimento de obra criativa. Sugerindo espiritualidade, o tema propicia reflexões sobre a essência da vida – transcendendo o lado físico, material – e, por extensão, leva ao reconhecimento de atitudes e comportamentos humanos benfazejos. Nestas páginas, florescem ideias, de espetacular diversidade, abrangendo desde o enfoque do anjo mensageiro divino ao sentido figurado, popular, do cotidiano, encontrado em pessoas aparentemente comuns, mas que, dotadas de virtudes especiais, revelam a capacidade de proteger, apoiar ou beneficiar alguém. Cabe aos autores o grande desafio de expressar o incorpóreo por palavras, valorizando as manifestações espirituais. O instigante tema estimula o exercício da criatividade, característica marcante desta maravilhosa obra.

Ney Fernando Perracini de Azevedo Presidente do Centro de Letras do Paraná

UMA ANTOLOGIA ESCRITA POR ANJOS DAS PALAVRAS

Insitut Cultive Brésil Suisse- Art, littérature et solidarité convida-os para partriciparem desse projeto histórico que será lançado no 1° SalãoInternacional do Livro e da Cultura de Genebra Cultive.

Antologia Era uma vez um Anjo

Por que falar de anjos? Somos autores e não devemos baixar a cabeça diante da situação atual. Levantemos nosso lápis e escrevamos! Nada pode ofuscar nossa criação! Nesse livro você descobre anjos amigos, anjos médicos, anjos entregadores de pão, anjos que mantem a cidade limpa, que mantém o alimento, anjos nos bastidores, anjos que telefonam, anjos que curam, anjos que se preocupam com o próximo, anjos que fazem campanha para ajudar o próximo, nos auxiliam nos nossos afazeres, a melhorar nossa saúde, anjos que cura, que nos ajudam a levantar o moral, anjos que oram, que cantam, que pintam, que encantam, que recitam, que tocam, que se arriscam, anjos poetas, até anjos animais, anjos, anjos, anjos.... Anjos por toda parte e em todo o tempo ou qualquer lugar sempre presentes. Para esses anjos com asas ou sem asas as homenagens escritas em forma de carta, de poema, de conto, de mensagem de amor.

Nesse momento, as reflexões se acumulam. Pensamos mais sobre nós, sobre o outro, sobre a natureza, sobre o que nos afeta e à sociedade. As lembranças ficarão mais suavizadas com o tempo, porém podemos guardar nosso melhor pensamentos desse momento tão emocional que emcontra reflexo nessa antologia histórica que a Cultive publicou. Os seus pensamentos e sentimentos, que vem do passado e que aliviam o coração, uma história do presente da qual você foi protagonista ou vivenciou, ou foi testemunhou são vivências centradas num anjo servindo de apoio, coragem.

A leitura é um bálsamo e força para quem se encontra abalado nesse momento de pandemia.

Essa Antologia tem asas angelicais com os textos escritos por anjos das palavras.

Lamçamento no 1° SalãoInternacional do Livro e da Cultura de Genebra Cultive.

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