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JOANA CARNEIRO
A. RIBEIRO DOS SANTOS
No auge da vida e da carreira, Joana Carneiro é, aos 45 anos, reconhecida internacionalmente como maestrina e a mãe orgulhosa de quatro filhos – três dos quais trigémeos – que teve no espaço de 15 meses, já depois dos 40 anos. Filha do ex-ministro da Educação, Roberto Carneiro, e sobrinha materna do fundador do CDS, Adelino Amaro da Costa, que morreu no acidente de Camarate ao lado de Sá Carneiro, o talento para a música está-lhe nos genes: o avô paterno, que era chinês, foi maestro da “Big Band” da Base das Lajes, na ilha Terceira, e um dos fundadores do Hot Clube de Portugal, ao lado de Luís Villas Boas. Nascida em Lisboa a 30 de Setembro de 1976, no seio de uma família numerosa (tem oito irmãos), e orgulhosa das raízes asiáticas (costuma festejar com os seus a chegada do novo Ano Chinês), admite que a música lhe foi incutida desde a mais tenra infância e que sempre fez parte do seu quotidiano. Em criança, aprendeu a tocar viola de arco e piano. Um dia viu o maestro norte-americano Leonard Bernstein dirigir uma orquestra na gravação da banda sonora do filme “West Side Story”. Foi um momento determinante na sua vida e uma das razões pelas quais decidiu seguir a direcção de orquestra. Confessa que, muitas vezes, ao regressar da escola, punha a cassete VHS que os pais tinham gravado dessa actuação, para se deixar arrebatar. Estudou na Academia Nacional Superior de Orquestra, em Lisboa, fez mestrado na Northwestern University e estudos de doutoramento na Universidade do Michigan, ambas nos Estados Unidos da América. Também estudou composição, mas costuma dizer que não é uma criadora, mas antes “uma recriadora” das obras de outrem. Entre os
seus compositores predilectos, admira Bach, Haydn e Mozart, mas “estatisticamente” tende a dirigir mais frequentemente obras de Stravinsky, Beethoven, Brahms e algum Schumann. Uma das suas imagens de marca é o gosto assumido pela composição contemporânea: adora dirigir peças musicais de John Adams (n. 1947); James McMillan (n. 1959); Luís Tinoco (n. 1969) e António Pinho Vargas (n. 1951). Consciente de que o mundo da música erudita é “muito competitivo”, e de que “há muitos mais maestros do que orquestras para dirigir”, Joana Carneiro não explica a razão do seu sucesso, mas é admirada por ter um estilo de direcção muito próprio, expressivo, em que usa o rosto e o corpo para comunicar com os instrumentistas. Com uma carreira brilhante, tanto a nível nacional como internacional, foi maestrina assistente da Filarmónica de Los Angeles, directora musical da Orquestra Sinfónica de Berkeley, maestrina convidada principal na Orquestra Metropolitana de Lisboa e maestrina convidada na Orquestra Gulbenkian. Em Setembro de 2013, foi anunciada como a nova maestrina portuguesa principal da Orquestra Sinfónica Portuguesa do Teatro Nacional de São Carlos. Desde que foi mãe, Joana Carneiro diz que houve uma espécie de recomeço na sua vida, com o marido (que é médico cirurgião) e os quatro filhos no centro das suas prioridades. Tanto assim que, quando tem de viajar em trabalho, o seu marido e filhos muitas vezes acompanham-na. Uma frase que a apresente? Talvez aquela que proferiu em entrevista na RTP, em jeito de definição do seu trabalho: “O essencial é criar beleza!” l