REVISTA DO CURSO ABRIL DE JORNALISMO 2012
A ARTE DO
PERFIL
AS HISTÓRIAS DE SETE PERSONAGENS INTRIGANTES
O crítico que só quer criticar A dona da voz dos aeroportos O cara da coroa de dom Pedro II O médico que ama cortar pernas O braço direito de Alex Atala no D.O.M. O trágico fim de um desenhista Os traumas de um veterano das Malvinas
PERFIL
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PLUG 2012
PERFIL
PLUG 2012
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PERFIL
Bravo 2013 com o novo Câmbio Dualogic® automático Plus. Tá bom ou quer menos?
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Respeite a sinalização de trânsito. PLUG 2012 I m a g e n s m e r a m e n t e i l u s t r a t i v a s, c o m a l g u n s i t e n s o p c i o n a i s .
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PERFIL
BRAVO 2013. VOCÊ COM TUDO. MOVIDOS PELA PAIXÃO. PLUG 2012
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EXPEDIENTE
Fundador: VICTOR CIVITA (1907-1990) Editor: Roberto Civita Conselho Editorial: Roberto Civita (Presidente), Thomaz Souto Corrêa (Vice-Presidente), Elda Müller, Fábio Colletti Barbosa, Giancarlo Civita, Jairo Mendes Leal, José Roberto Guzzo, Victor Civita Presidente Executivo Abril Mídia: Jairo Mendes Leal Diretor de Assinaturas: Fernando Costa Diretor Geral Digital: Manoel Lemos Diretor Financeiro e Administrativo: Fábio Petrossi Gallo Diretora-Geral de Publicidade: Thais Chede Soares Diretor de Planejamento Estratégico e Novos Negócios: Daniel de Andrade Gomes Diretora de Recursos Humanos: Paula Traldi Diretor de Serviços Editoriais: Alfredo Ogawa
Orientadores: Edson Aran, Kika Gianesi, Patrícia Hargreaves, Edward Pimenta Equipe Plug – Subeditores: Débora Zanelato (texto), Julio Lamas (texto), Marina Cardoso (design); Design: Graciela Tocchetto, Thales Molina (capa); Texto: Anna Carolina Rodrigues, Caio Neumann, Marcel Verrumo, Maria Cristina Fernandez, Michell Lott, Olivia Haiad, Taísa Szabatura; Foto: Julia Rodrigues, Nayara Rodrigues, Pedro Karg, Tomás Arthuzzi; Revisão: José Américo Justo
CURSO ABRIL DE JORNALISMO 2012 Coordenação: Edward Pimenta Produção e Logística: Wania Capelli Assistência de Produção: Valdir Paparazo Júnior e Maria Cristina Fernandez (colaboradora) Estagiária: Tabata Kijotoki Design: João R. Zanetti PALESTRANTES Alexandre Ferreira, Angélica Santa Cruz, Ben Hammersley, Carlos Neri, Cláudia Vassallo, Carlos Grassetti, Elda Müller, Eurípedes Alcântara, Fábio Colletti Barbosa, Fábio Altman, Gaby Freeman, Henrique Nardi, Jairo Mendes Leal, José Roberto Guzzo, Lenita Assef, Luiz Iria, Marcelo Tas, Manoel Lemos, Ricardo Setti, Roberto Civita, Ricardo Anderáos, Sean Ingle, Sérgio Gwercman, Sérgio Xavier, Tatiana Schibuola, Thomaz Souto Corrêa, Tiago Lethbridge, Thiago Taboada, Zico Goes ALUNOS Texto: Anna Carolina Rodrigues, Bruna Stuppiello, Caio Neumann, Cleber Facchi, Edgard Matsuki, Gabriela Forlin, Gabriela Azevedo, Jaime Mitchell, Jennifer Ann Thomas, João Mello, Julio Lamas, Letícia Homsi, Luana Kondrat, Lucas Rossi, Luiz Felipe Silva, Luiz Romero, Marcel Verrumo, Mariana Pedroso, Michell Lott, Nathan Fernandes, Olivia Haiad, Patrícia Ikeda, Paula Abritta, Taísa Szabatura Design: Cleber Assunção, Deborah Grandinetti, Gabriela Oliveira, Graciela Tocchetto, Inara Negrão, Leonardo Freitas, Luciana Soga, Marcel Facetto, Marcos Lôndero, Marília Reis, Paula Bustamante, Priscila Helfer Foto: Julia Rodrigues, Nayara Rodrigues, Pedro Karg, Tomás Arthuzzi Ilustração/Infografia: Anna Luiza Aragão, Thales Molina Mídias Digitais: Gustavo Assumpção, Lorena Gonçalves, Natália Luz Vídeo: Camila Torres, Fábio Nascimento, Fellipe Abreu, Juliane Massaoka Alunos internos: Adriano Kono (Mídias Digitais), Caio Caprioli (Mídias Digitais), Daniela Carasco (Texto), Débora Zanelato (Texto), Laury Bueno (Texto), Luiza Paschoalick (Texto), Marina Cardoso (Design), Rogério Pilker (Design) SERVIÇOS EDITORIAIS Apoio Editorial: Carlos Grassetti (Arte), Luiz Iria (Infografia), Ricardo Corrêa (Fotografia) Dedoc e Abril Press: Grace de Souza Pesquisa e Inteligência de Mercado: Andrea Costa Treinamento Editorial: Edward Pimenta
Conselho de Administração: Roberto Civita (Presidente) Giancarlo Civita (Vice-Presidente), Esmaré Weideman, Hein Brand, Victor Civita Presidente Executivo: Fábio Colletti Barbosa www.abril.com.br
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PLUG 2012
CARTA AO LEITOR
A arte do perfil
E
ntre as muitas tarefas que o jornalismo proporciona a seus profissionais, a elaboração de perfis está entre as mais ardilosas. E sedutoras. Envolve competências diversas: entrevistas destemidas, despudor, apuração detalhada, texto envolvente. Tudo isso empacotado de um jeito eficiente e, claro, bonito. Se as etapas desse exaustivo processo forem cumpridas, bingo. Temos uma boa história para você, leitor. A ideia de reunir somente perfis nesta edição da PLUG saiu da cabeça de Edson Aran, diretor de redação de PLAYBOY e ex-aluno do Curso Abril de Jornalismo (ele participou da segunda turma, de 1985). E rapidamente foi comprada pelas outras integrantes da equipe que trabalharam nesta edição: Kika Gianesi, diretora de arte do Núcleo Semanais, que compreende as publicações ANA MARIA, VIVA MAIS!, SOU+EU, MINHA NOVELA, TITITI
e DELÍCIAS DA CALU, e a também ex-aluna do CAJ (turma de 1991) Patrícia Hargreaves, diretora de redação de MUNDO ESTRANHO e AVENTURAS NA HISTÓRIA. A grande maioria dos veículos, não importa a plataforma, trabalha com perfis. Tomemos como exemplo o próprio CAJ: a primeira etapa do processo seletivo determina que cada candidato escreva sua própria história. E é nesse texto que buscamos identificar o talento. Não interessa se é revista, jornal, site, rádio, televisão. Se é título de economia, semanal de informação, ciência, cultura, história, esportes, celebridades, obituário: sempre tem alguém sendo retratado. A arte está em como falar dessa pessoa para um determinado veículo. Mora aí a beleza. A ourivesaria do jornalismo. Foi isso que tentamos (começar a) ensinar à turma do Curso Abril de Jornalismo 2012. Que venham muitos mais perfis. Boa leitura!
PEDRO KARG
Os editores Patrícia Hargreaves, Edson Aran e Kika Gianesi: orientadores dedicados
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PERFIL
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PERFIL
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SUMÁRIO
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EM BUSCA DE TALENTOS
Há 29 anos, o CAJ treina e recruta jovens profissionais para atuarem em diversas áreas do Grupo Abril
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TRAJETÓRIA DE SUCESSO
Vinte ex-cajianos que hoje ocupam cargos de destaque na Abril contam o que mais marcou em suas turmas
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O CAJ 2012
O perfil dos alunos da 29ª turma do Curso Abril: dados e gráficos sobre quem são os 57 cajianos
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ATIVIDADES DE SOBRA
Estágios nas redações, palestras e workshops com abrilianos e jornalistas britânicos agitaram a programação
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I LOVE CUTTING LEGS
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MARCAS DE UM INFERNO
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O DOM DE COZINHAR
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ELE SÓ PENSA EM CRITICAR
O médico e ex-modelo Leonel de Caires amputa pernas na África do Sul. E diz que gosta do que faz
A história de um ex-soldado argentino que ainda sofre com as feridas abertas nas Malvinas
Geovane Carneiro é o subchef do D.O.M. Era garçom na Bahia e começou fazendo coxinhas
O curador da Bienal de São Paulo, Agnaldo Farias, está revoltado com os rumos da cultura brasileira
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RETRATO FIEL
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IRIS ESTÁ RESFRIADA
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DETECTIVE COMICS
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8 PROJETOS EM 6 SEMANAS
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CAÇADOR DE DIAMANTES
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Nove dicas infalíveis dos mestres do jornalismo ensinam a fazer um bom perfil
O quadrinista Al Rio criava mulheres sensuais e era apaixonado pelos desenhos. Por que se matou?
Walter Leite, de 81 anos, é um dos maiores especialistas em pedras preciosas do mundo. Ele avaliou a coroa de dom Pedro II
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Ela é a voz dos aeroportos, mas nem pisa mais lá: grava suas frases na mesa de casa
Os trabalhos produzidos pelas mentes criativas dos cajianos: de guia para iPad a aplicativo second screen
FALOU, TÁ FALADO!
As melhores frases ditas por palestrantes durante as aulas do curso. Amém!
CURSO ABRIL
Roberto Civita ministra a aula inaugural aos alunos das escolas paulistas no primeiro Curso Abril de Jornalismo, em 1984
Em busca de talentos Há 29 anos, o CAJ qualifica profissionais para trabalhar nas publicações da Abril Mídia Texto Débora Zanelato
A
Fotos Ricardo Breda/Reprodução
missão do primeiro Curso Abril de Jornalismo, em 1984, era ensinar jovens jornalistas a fazer as revistas da Abril. Reuniu recém-formados das principais escolas paulistas. Mas não era a primeira vez que a editora buscava novos talentos. Em 1967, a Abril publicou um anúncio recrutando jovens “inteligentes e insatisfeitos”, interessados em “construir o Brasil do amanhã”. Por três meses, 100 candidatos fizeram um curso ministrado por profissionais da Abril. Muitos deles foram convidados a trabalhar na equipe da primeira revista semanal informativa do país: VEJA.
Ao longo dos anos, passou a convocar designers, fotógrafos, ilustradores, videomakers e infografistas, fundamentais para projetos que já não estão só no papel. Web, mobile e tablet se apresentam como um universo a ser explorado até por revistas já consagradas. É a chance de aprender, na prática, como é produzir conteúdo para a Abril Mídia (Editora Abril e MTV). Muitos formados pelo CAJ fizeram – e fazem – carreira na Abril. Inspirados na trajetória desses ex-alunos, mais de 2500 inscritos de várias partes do Brasil se candidataram a uma das 57 vagas do Curso Abril 2012. Todos insatisfeitos e interessados, movidos pela vontade de criar e mudar.
Anúncio publicado em 1967 recrutava jovens para um curso de jornalismo em revista. Dele sairia a primeira equipe de VEJA. PLUG 2012
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CURSO ABRIL
Trajetória de
sucesso
O Curso Abril já formou mais de 1800 profissionais e muitos seguiram carreira no Grupo. Conheça um pouco da experiência de 20 deles Texto Débora Zanelato e Cristina Fernandez
Design Graciela Tocchetto
1985 FÁBIO ALTMAN
Redator-chefe de VEJA.
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Eu era recém-formado quando comecei o curso. Três meses depois do término, fui estagiar em VEJA. Durante as aulas do CAJ, tive extraordinárias palestras. Foram experiências mais ricas em um mês do que em quatro anos de faculdade
1987 CLAUDIA GIUDICE
"
Diretora superintendente da Unidade II. Também trabalhou em SAÚDE!, VEJA e BRAVO!
Durante o curso, o Thomaz Souto Corrêa prenunciou que no Brasil haveria muitos títulos sobre diferentes assuntos, para diferentes pessoas. Quem diria que hoje eu estaria cuidando dessas marcas?
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CURSO ABRIL
1988
1991
KÁTIA PERIN
GIULIANA CURY
Editora do site VEJA.COM. Também trabalhou em PLACAR.
"
Redatora-chefe de WOMEN’S HEALTH. Também trabalhou em CAPRICHO, NOVA e ELLE.
O mais interessante está nas turmas incríveis que tive o prazer de orientar. No jornalismo, também se aprende com quem está começando
1992
"
"
Tive a oportunidade única na minha carreira de conhecer jornalistas que admirava pelas revistas
CLÁUDIA VASSALLO
"
Diretora superintendente da Unidade de Negócios e Tecnologia. Também trabalhou em EXAME.
"
Tive sorte. Aquele foi um ano difícil para o Brasil; havia muita instabilidade política e econômica. Fui uma das poucas remanescentes do Curso Abril de 1992
1993
"
FABIANA ZANNI
Diretora de Mídias Digitais. Também trabalhou em GUIA QUATRO RODAS, VEJA SP, QUATRO RODAS e GUIA DO ESTUDANTE.
"
O que mais me marcou foi o acesso às diferentes áreas da empresa, que só voltei a ter quando assumi cargos de direção. No CAJ, muita gente importante da Abril está aberta a falar com você
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1994
MONICA GAILEWITCH
Diretora de redação de NOVA. Também trabalhou em VEJA, CLAUDIA, ELLE e WOMEN’S HEALTH.
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Muitos talentos da minha turma ocuparam cargos importantes na Abril. Dentre eles, Cristiane Teixeira, diretora de redação da revista MINHA CASA
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1995
GERMANO LÜDERS
Editor de fotografia de EXAME. Também trabalhou em QUATRO RODAS.
"
Logo de cara, adorei o dinamismo do fotojornalismo. No curso, eram 12 revistas produzidas por seis fotógrafos. As turmas ficavam nas redações e a convivência era muito intensa ALEXANDRE FERREIRA
Diretor de arte de PLAYBOY. Também trabalhou em ELLE, VIP e ESTILO.
"
"
1996
Minha turma foi a última a ter hospedagem para alunos de fora de São Paulo. Estarmos no mesmo hotel nos uniu rapidamente. Eles foram minhas primeiras companhias por aqui e vários deles se tornaram grandes amigos
1997
1998 LUCIA GUROVITZ
CRISTIANE LACERDA
Redatora-chefe de CASA CLAUDIA.
Diretora de arte de NOVA. Também trabalhou em ELLE e ESTILO.
" 2002
Marcou muito o apuro com que os abrilianos faziam as revistas. Aquilo não se aprendia na faculdade e virou algo fascinante para mim KADU PALHANO
Redator-chefe de EDUCAR PARA CRESCER. Também trabalhou em SOU+EU.
"
"
No meu ano foi a primeira vez que tivemos o programa de trainees editoriais, que eram escolhidos entre os alunos do Curso Abril
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2004
Fui aprovada para o CAJ e para um freela na ELLE no mesmo dia. Fiz o curso e, apesar dos dois meses na Abril, tudo era novo para mim
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ROBINSON FRIEDE
Diretor de arte de ESTILO. Também trabalhou em NOVA, ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO, VIP e VOCÊ S/A.
"
Além de aprender conceitos para fazer revistas, conheci pessoas fundamentais para a minha carreira. Fiz amigos que hoje são grandes parceiros
"
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2005 SILVIA AMÉLIA DE ARAÚJO
"
Editora-assistente de GLOSS.
Tive a chance de circular pelas redações e ver as pessoas trabalhando. A experiência do CAJ é a visita à ‘Fantástica Fábrica de Chocolates’
"
2006
FREDERICO DI GIACOMO
Editor-chefe de internet do NÚCLEO INFANTO-JUVENIL. Também trabalhou em ABRIL.COM e BIZZ.
"
2007
O clima era uma mistura de aulas intensivas com festas frequentes... Nós trabalhávamos muito e nos divertíamos BRUNO FAVORETTO
"
Editor de VIAGEM E TURISMO. Também trabalhou em MANEQUIM, MEN’S HEALTH, PLACAR e RECREIO.
"
Grandes profissionais conversaram com a gente. Aprendemos técnicas de jornalismo e tivemos dicas do Thomaz Souto Corrêa. E fiz amizades que perduram até hoje
2008
KATIANE ROMERO
2009
Editora do MODASPOT.COM.
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Fizemos dois ensaios de fotos que foram muito divertidos. Além disso, foram noites sem dormir e muito, muito trabalho
2010
"
LUCAS FERNANDES
Gestor da rede de parceiros Abril.
"
Os projetos digitais se intensificaram, reforçando a importância das novas mídias para a Abril
"
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THIAGO MOURA
Webmaster do NÚCLEO INFANTO-JUVENIL. Também trabalhou em NOVA ESCOLA e RECREIO.
" 2011
Foi uma grande oportunidade para mostrar meu trabalho, conhecer mais sobre editorial e, claro, fazer networking
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FERNANDA CATANIA
Editora-assistente de CAPRICHO.
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Depois do CAJ, voltei com uma experiência muito maior para ‘pensar’ revistas
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PERFIL
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CAJ 2012 EM DADOS Depois de quatro meses de seleção, 57 candidatos foram aprovados para participar do Curso Abril 2012. Veja quem são eles, de onde vieram e o que rolou no treinamento Texto Marcel Verrumo
1º INSCRITOS
Infografia Thales Molina
2º ENTREVISTADOS
3º SELECIONADOS
353
2530
57
26
31
5% A maioria dos aprovados é fluente em inglês, e muitos falam um terceiro idioma. Intercâmbios e viagens ao exterior também são uma constante no currículo dos cajianos.
2% 77% Sul Sudeste Centro-Oeste Nordeste
16% 82%
39%
falam inglês
81%
4 18
USAM O TWITTER
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100 %
ESTÃO NO FACEBOOK
77%
falam espanhol
68 %
JÁ PUBLICARAM NO YOUTUBE
já viajaram ao exterior
88 %
PAGARIAM POR CONTEÚDO DIGITAL
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REDAÇÕES
ESTÁGIO EXPRESS
Na quarta semana do curso, cada aluno fez um rápido estágio em uma redação da Abril. Além dos contatos feitos e da experiência adquirida, foi uma oportunidade para publicar trabalhos em revistas e sites. “Este foi o ano em que os alunos mais publicaram durante o CAJ”, afirmou Edward Pimenta, coordenador do curso.
CATEGORIAS
Durante as seis semanas do Curso Abril, os alunos foram divididos em categorias de acordo com suas habilidades. A cada categoria coube a responsabilidade de desempenhar tarefas diferentes. O grupo de texto, mais numeroso, teve 29 integrantes.
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4
2
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TEXTO
DESIGN
VÍDEO
INFOGRAFIA
MÍDIAS DIGITAIS
FOTOGRAFIA
8
TRABALHO EM EQUIPES
Cajianos foram novamente divididos. Cada grupo cuidou de uma marca
MARCAS
51h
DE PALESTRAS Profissionais abrilianos e outros grandes nomes da comunicação do Brasil e do exterior deram 20 palestras aos alunos.
18h
DE WORKSHOPS
Depois de ouvir a teoria em cinco workshops, os cajianos colocaram a mão na massa em atividades desafiadoras.
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RAFAEL CUSATO
CURSO ABRIL
A turma do CAJ 2012 no primeiro dia do curso
Atividades de sobra Palestras e oficinas com abrilianos, workshops com jornalistas britânicos e até estágios em redações marcaram a programação do CAJ 2012
N
Texto Débora Zanelato e Marcel Verrumo Design Graciela Tocchetto
o primeiro dia do curso, os 57 cajianos receberam um manual de sobrevivência onde estava escrito: “nas seis semanas do Curso Abril, sobram atividades: palestras, oficinas, projetos e até bate-papos”. Quem escreveu isso tinha mesmo razão: eram 33 programas diferentes. De manhã, à tarde, à noite e de madrugada, tarefas preencheriam as 24 horas dos alunos. Será que ia dar tempo de fazer tudo aquilo? Além das tradicionais palestras e bate-papos com os profissionais da casa, a programação do 29º CAJ teve duas novidades: palestras e workshops com jornalistas britânicos e estágios “express” (de uma semana) em redações da Abril. Ben Hammersley (editor especial da Wired UK), Sean Ingle (editor de esportes do The Guardian), Gaby Freeman (diretora de foto e vídeo da Condé Nast Digital UK) e Jonathan Baker (que chefia o BBC College of Journalism) falaram sobre as mudanças e as perspectivas do jornalismo contemporâneo e contaram
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suas experiências. Rolou até um desafio: Ben Hammersley propôs que os cajianos encontrassem alguém nas proximidades do NEA (Novo Edifício Abril) que tivesse uma boa história de amor. Personagens encontrados, o segundo passo era contar suas histórias: “Vocês é que vão escolher a melhor forma de apresentar o que descobriram. Decidam-se pelo melhor formato, pela melhor plataforma”, disse Ben. Enquanto isso, Sean Ingle sugeriu que criássemos um produto digital com características de mídia social envolvendo a Copa do Mundo de 2014, no Brasil. Um dos grupos criou um álbum de figurinhas virtual, no qual o usuário acumulava pontos (que trocava pelas figurinhas de jogadores) conforme sua interação na plataforma. Os cajianos invadem as redações Passar uma semana em uma das 37 redações que receberiam os alunos do curso parecia – e foi! – incrível. Tinha-se a chance de desenvolver pautas, fotos ou layouts de matérias e ter até um chefe para chamar de seu (ao menos pelos
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PALESTRANTES NOSSOS DE CADA DIA 1. Jairo Mendes Leal, presidente executivo da Abril Mídia 2. Eurípedes Alcântara, diretor de redação de VEJA 3. Sean Ingle, editor de esportes do The Guardian 4. José Roberto Guzzo, membro do Conselho Editorial 5. Elda Müller, membro do Conselho Editorial 6. Thomaz Souto Corrêa, vicepresidente do Conselho Editorial 7. Ben Hammersley, editor especial da Wired UK.
curtos cinco dias). No estágio express, um aluno foi mandado a um quilombo pela NATIONAL GEOGRAPHIC, outro cobriu o Carnaval em Salvador pela CONTIGO!, outro ainda visitou uma funerária para o PORTAL CASA... Foi um tempo curto, mas intenso: a oportunidade única de acumular experiências, de fazer contatos e até de passar por alguns sufocos. Mas valeu a pena: várias matérias foram publicadas em revistas e sites e outras tantas estão rodando na gráfica.
Muitas outras atividades rolaram nas seis semanas do curso, como uma visita ao futuro estádio do Corinthians, coletivas de imprensa, workshops de tipografia e infografia, batepapos com Marcelo Tas, João Moreira Salles, Ricardo Setti, Matthew Shirts... Agora some isso ao projeto de grupo e à programação extraoficial. O manual estava certo, eram atividades de sobra. Depois delas, ficaram as boas histórias, aquelas que continuaremos procurando em nossas carreiras.
ESTÁGIO NAS REDAÇÕES Mais de 56 páginas foram publicadas, além de trabalhos PLUG 2012 para web, 21 nas 37 redações que receberam os alunos
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9 ESPECIAL PERFIS
REGRAS INFALÍVEIS PARA UM BOM PERFIL Aqui você confere dicas preciosas e precisas dos mestres. Nas próximas páginas, conheça os sete personagens deste especial Texto Edson Aran, com reportagem de Débora Zanelato
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Construa cenas. Um bom perfil deve ser pensado como um roteiro de cinema. Qual é a cena mais impactante da vida do personagem? Qual é a cena que o define? Qual é a cena que justifica a escolha do perfilado? “O modo tenso e irritado como Joe DiMaggio me recebeu em San Francisco me valeu uma interessante cena de abertura que não apenas testemunhei mas da qual participei, sendo expulso do local pelo próprio perfilado.” Gay Talese, sobre O Outono de um Herói, 1965
2 3 4
Evite a ordem cronológica. A história só deve começar com o nascimento do personagem se o evento é, em si, significativo. Exemplo: uma estrela apareceu no céu anunciando o nascimento do cara. A segunda cena deve criar um contraste com a primeira para que seja estabelecida uma trajetória que, posteriormente, será narrada. Exemplo: o garoto cujo nascimento foi anunciado por um fenômeno cósmico agora agoniza numa cruz. Qual foi a trajetória dele? A melhor fonte para o seu perfil não é o perfilado. “Quando estava pesquisando para traçar o perfil de Frank Sinatra, descobri que a cooperação – ou a falta dela – por parte da pessoa a ser retratada não importa muito, desde que o escritor possa acompanhar seus movimentos, ainda que à distância.” Gay Talese, sobre Frank Sinatra Está Resfriado, 1966
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Um perfil não é feito para destruir o perfilado nem para enaltecê-lo. Busque o equilíbrio. E não se esqueça de falar com os desafetos do seu personagem. “A vida não é dividida em gêneros. Ela é horror, romance, tragédia, comédia, ficção científica, western e uma história de detetive. E um pouco de pornografia, se você tiver sorte.” Alan Moore, escritor
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O diabo está nos detalhes. Um perfil também é um texto de observação. Seu perfilado penteia o cabelo para que lado? Que roupa usa? Como se move? Usa gravata? Como é o nó da gravata? Ele encara o entrevistador quando fala? “Eu tenho uma teoria: a verdade nunca é revelada numa jornada das nove às cinco.” Hunter S. Thompson, sobre sua maneira de trabalhar
7
Você percebe o mundo por meio dos seus cinco sentidos. Um bom texto deve refletir isso. O que o seu perfilado escuta quando entra na sala? O que ele vê? Qual é o cheiro da sala? Qual a sensação de pisar no tapete felpudo? Qual é o sabor do whisky que ele toma enquanto fala com você? “Escrever bem é 3% talento e 97% não se dispersar com a internet.” Anônimo
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Não! Use! Adjetivos! Se você precisa de adjetivos é porque a descrição não é suficientemente boa. “Uma sentença não deve conter palavras desnecessárias pela mesma razão que um desenho não deve ter linhas desnecessárias nem uma máquina, partes desnecessárias.” E. B. White, The Elements of Style, 1918
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Ignore todas as regras anteriores e monte o seu texto da forma mais criativa possível. Mas lembre-se de Picasso, que, antes de criar o cubismo, foi um excelente pintor figurativo. “Escreva sobre o que não conhece. Aquele cara cego que escreveu A Ilíada, a quantos combates você acha que ele assistiu?” P. J. O’Rourke, correspondente do The Atlantic Monthly
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Detective comics O artista Al Rio vivia entre pranchetas, quadrinhos e pin-ups, mas decidiu tirar a própria vida. O que aconteceu com o criador das mulheres mais sensuais dos quadrinhos? Texto Caio Neumann Design Marina Cardoso Ilustrações Al Rio/Glass House Graphics
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cearense Al Rio fez fama internacional desenhando para a Marvel e a DC, líderes mundiais do mercado de quadrinhos. Estava terminando o trabalho mais importante de sua vida, a série Fever Moon, da prestigiosa editora americana Random House, com lançamento programado para meados de 2012. Em janeiro deste ano, foi encontrado morto, enforcado na garagem de sua casa, em Fortaleza. Al Rio tinha um dos trabalhos mais divertidos do mundo – desenhar histórias em quadrinhos de super-heróis como Super Homem, Batman, Homem-Aranha e Wolverine. E era famoso pelas mulheres sensuais que criava, como as personagens de Exposure, que ilustram esta matéria. Nascido Álvaro Araújo Lourenço do Rio, tinha 49 anos, era casado fazia 17, tinha três filhos, um de 22, uma de 13 e outra de 10.
Não deixou carta de despedida. Apenas uma garrafa de cachaça artesanal ao lado do corpo e uma marca escura ao redor do pescoço. A polícia ainda investiga – o caso, tratado como suicídio, corre em segredo de justiça. As mesmas mãos que amarraram a corda desenharam uma Mulher Maravilha sentada em um tronco de árvore, num entardecer paradisíaco na praia. E uma Mary Jane de camiseta e calcinha (estampada com uma pequena aranha) em primeiro plano. Atrás dela, o Homem-Aranha a abraça (ela responde ao abraço esticando-se para trás). Cada sombra, cada curva, cada detalhe feminino eram mostrados de um jeito único, levando-nos a imaginar a vida secreta – e adulta – dos personagens saídos de sua prancheta. No dia 29 de janeiro de 2012, Al Rio deu uma palestra na ComicCon Fortaleza, convenção de quadrinhos que contou com PLUG 2012
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aproximadamente 30 mil visitantes. Al foi a atração principal. Apresentou trabalhos e deu apoio aos jovens desenhistas que querem entrar no mercado dos quadrinhos. Um espectador escreveu em um blog, alguns dias depois, que Al parecia estar melancólico. Impressão diferente de Silvio Amarante, amigo de Al. “Estávamos todos felizes com a primeira edição da ComicCon Fortaleza”, disse, em uma entrevista. Maria Zilda Boaz, que tinha 19 anos quando se casou com ele, conta que Al estava bem no evento, apesar da fisionomia cansada, pois estava trabalhando demais nos últimos meses. “A palestra foi cativante e motivadora. Não sei explicar o que aconteceu depois. Talvez ele tenha aceitado o convite da organização do evento para se despedir.” Segundo ela, pedidos para que ele participasse de palestras e cursos eram frequentes. Mas Al era introvertido e evitava falar em público. “Ele era comunicativo, mas ao mesmo tempo muito fechado”, diz. Al tinha alcançado seu sonho de criança. Desde pequeno, encantava-se com os desenhos da Disney e da Hanna-Barbera. Foi o desejo de participar desse mundo que o fez sair de Fortaleza aos 20 anos de idade, em 1982. Morou em Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro. Em Curitiba, ainda não consolidado como desenhista, cantava na noite. Depois de uma breve passagem por São Paulo, morou por nove anos no Rio, onde cursou o Liceu de Belas Artes. Começou a trabalhar no VW Studio, onde desenhava as histórias em quadrinhos da Xuxa e fazia os personagens da Disney para a série animada Aladdin. Começou a criar suas mulheres voluptuosas. Casou-se com Sônia, mãe de seu primeiro filho, Renan. Nove anos depois, a união acabou e ele voltou para Fortaleza, no início da década de 1990. O capítulo final Seu irmão, Albino Araújo Lourenço do Rio, conta: “Al vivia muito nesse mundo de fantasia, de ilusão, que era seu trabalho. Era romântico e conservador”. Sua mãe, Norma, lembra que, na véspera da morte, Al e Maria Zilda conversaram até duas horas da manhã. “Ninguém sabe o que eles conversaram. Depois disso, ela foi dormir e ele foi trabalhar.” Ela acredita que o filho teve um surto psicótico. “O psiquiatra explicou que isso acontece quando a pessoa sente alguma coisa na hora e toma uma atitude que 30
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não tomaria numa situação normal.” Na manhã de 31 de janeiro, uma terça, a filha mais velha, Andrielly, a mais apegada ao pai, o encontrou enforcado na garagem. Desenho no sangue “O que me faz continuar? Isso é fácil. Sou apaixonado por desenhar. Corre sangue com células de desenho nas minhas veias. Meu DNA é feito de esboço, lápis e tintas. Isso me define, meu desenho é a coisa mais importante na minha vida, é o meu superpoder”, disse ele quatro dias antes da tragédia a Rodrigo Monteiro, gerente para o Brasil do estúdio/agência Glass House Graphics. Ao lado desse aparente entusiasmo, nos últimos meses, segundo a
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esposa, ele começou a fumar mais – passou de um para cinco maços a cada dois dias. “Além disso, passou a acreditar em ufologia. Queria convencer todo mundo de que existiam extraterrestres, quinta dimensão, essas coisas”, diz ela. Por causa dessa obsessão, Al entrava em sites e fóruns de debate sobre o assunto e deixava de trabalhar. “Ele também acreditava em símbolos. Em uma madrugada, saiu e desenhou uma estrela de seis pontas no muro da nossa casa”, diz Maria Zilda. Segundo o inquérito, em 2009 Al teria dito à mulher que tinha vontade de se matar e matar a filha mais velha. “Achei que era brincadeira de mau gosto, que ele não tivesse coragem de fazer. Não levei a sério, não vi motivo para isso.”
Terry Maltos, seu amigo e agente, deixou uma mensagem no site oficial dizendo: “Depressão e pensamentos de suicídio não devem ser ignorados. Eu sinto que posso ter desapontado meu amigo por não reconhecer que ele precisava de ajuda profissional. Eu conversei com ele frequentemente, e a arte sempre parecia lhe trazer alegria. Eu sabia que ele tinha problemas, mas pensei que estava lidando bem com eles. Nunca pensei que poderia se suicidar, mas realmente desejava que pudesse ter reconhecido os sintomas e ter feito algo a respeito. Eu deveria ter visto os sinais”. David Campiti, outro amigo e empresário de longa data, também não entendeu a atitude extrema do amigo. “Há apenas algumas se-
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Assim, Al fez o primeiro trabalho para o manas, ele me mandou um e-mail: ‘Obrigado, mercado americano – Extreme Justice #7 saiu David, por ser mais do que meu amigo, espeem agosto de 1995. Além disso, o desenhisro sempre contar com você e que você conte ta substituiu J. Scott Campbell na publicação comigo para sempre, sei que a vida é difícil e Gen 13, da Image Comics. Pisando um pouco muito dura às vezes, mas acredito em você, e mais firme nesse terreno, emplacou trabalhos sempre confie em mim, grande amigo. Abraço na DC, Marvel, Dark Horse e Vertigo. Com e obrigado’. Quem pensaria que ‘para sempre’ o agenciamento de David, Al criou em sua seria tão pouco?”, pergunta Campiti. prancheta inúmeras páginas de personagens Segundo o irmão, no ano passado, Al endo panteão quadrinístico. Outros exemplos de trou em contato com ele e pediu para encontráseus trabalhos são adaptações dos contos dos -lo na casa dos pais. “Ficamos até duas da mairmãos Grimm, Alice no País das Maravilhas nhã conversando, ele estava abatido e muito e Star Wars para HQ. mal.” O motivo: seu filho, que desde os 4 anos de idade passava as férias com o pai, encontrou A mais sexy no computador da casa conversas que sugeriam Em 1999, Álvaro e Campiti lançaram o problemas no relacionamento entre ele e a comque chamaram de “a série sobrenatural mais panheira. “Eram 30 folhas, e ele me procurou sexy de todos os tempos”. Em oito volumes, para aconselhá-lo. Eu disse para ele se separar. Exposure traz casos sobrenaturais que são Os dois não eram casados no papel, então era investigados pelas belíssiainda mais fácil separar. Mas mas dra. Lisa Shannon e sua acho que, por ele ser muito A venda de amiga de infância, a policial próximo das meninas, não desenhos avulsos Shawna McMatta Diaz. A séqueria sair de casa, ficar longe delas”, afirma. pelo eBay prosperou. rie mostra a excelência de Al em desenhar mulheres. “Eu Até 2008, Al Rio tinha imaginado uma revista O começo da história em quadrinhos tipo Arquivo David Campiti é agente, tinha trabalho X com mulheres sexy porroteirista e fundador da Glass constante e pedidos que essa era a especialidade House Graphics Agency. Al. Ele queria que fosse ‘a Ele voltou seus olhos para dos EUA e da Europa de mais sexy de todos os temo Brasil em 1993. Na épopos’, e acho que ele conseca, a empresa era chamada guiu”, conta Campiti. O relançamento da série Art&Comics. Quando veio ao Brasil para dar estava previsto para junho deste ano. um seminário em São Paulo, muitos desenhisDepois dessa empreitada, o artista decidiu tas já sabiam da sua procura por artistas bradar um tempo nas HQs e passou a se dedicar sileiros. No fim do seminário, Álvaro se apreintegralmente a desenhar e vender suas pin-ups sentou. As primeiras obras que ele se lembra de forma avulsa. Como não sabia lidar com de ter visto de Al Rio eram dois desenhos no sites de comércio eletrônico (como o eBay), estilo de John Romita Sênior, uma das lendas chamou um fã e amigo, Terry Maltos, para da Marvel Comics. Uma das peças era Peter gerenciar o alrioart.com. “Vinha vendendo Parker com tia May e a outra, uma recriação bastante até 2008. Ele tinha trabalho constanlinha por linha de uma das páginas internas te, pedidos de clientes dos Estados Unidos e de Spider-man #109. “Aquilo não queria dizer da Europa. Alguns deles pediam obras todos muito do grande talento que estava ali, mas eu os meses”, diz Maria Zilda. gostei de como ele pegou cada um dos traços Com a crise mundial a partir de setembro do estilo de Romita”, diz Campiti. daquele ano, os trabalhos minguaram. “MuiSurpreso com aquele interessante cearense tos clientes passaram a fazer pedidos mês sim, à sua frente, com a ajuda do tradutor o agente mês não. Foi quando ele decidiu retornar aos pediu que ele desenhasse mais algumas coisas. comic books.” Em 2011, os trabalhos voltaram “Antes que me desse conta, eu já o tinha trabaa aparecer – e Al trabalhava dia e noite. “Ele lhando mensalmente na série Extreme Justice, tentava conciliar, desenhava os quadrinhos ao na DC Comics”, lembra. PLUG 2012
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longo do dia. Do fim da tarde até meia-noite, fazia os particulares. Isso quando não avançava a madrugada”, conta. Best-seller A editora S.Q.P. publicou, em 2005 e 2007, dois volumes de The Art of Al Rio. Os livros trazem ilustrações produzidas ao longo de sua carreira e apresentam suas habilidades no lápis, na arte-final, na coloração e em esculturas. Em 2011, Al começou a trabalhar na série Fever Moon, pelo selo Del Rey Books, da editora Random House. O roteiro é de Karen Marie Moning – que chegou a figurar como número 1 na lista de autores mais vendidos do The New York Times. Al Rio completou 111 das 147 páginas da história. O lançamento estava marcado para julho de 2012. Esse trabalho iria ajudá-lo a amenizar seus problemas financeiros, o que o deixava cada vez mais preocupado. O agente responsável pelo contato entre ele e a editora mudou-se de São Paulo para o Japão, e a edição atrasou. Al, que fazia uma página por dia, precisou acelerar o passo e dobrar a produção da revista, sem deixar de fazer os desenhos que os clientes que restaram lhe pediam. “Ele não dormia direito, começou a sentir muitas dores de cabeça, e isso acabou trazendo cansaço físico. Estava muito cansado e abatido. Três meses antes de morrer, parou de comer carne e começou a emagrecer. Envelheceu cinco anos em três meses”, lembra Maria Zilda. Al também tinha parado de pintar quadros, outra de suas paixões. Quem conta isso é sua mãe, dona Norma, que mostra com orgulho e carinho cada uma das obras emolduradas junto às fotos de família que decoram toda a sala de sua casa, em Fortaleza. No meio de tantos, um chama a atenção. É um Jesus Cristo coloridíssimo pregado na cruz, retratado em um ponto de vista diagonal. As cores são alegres e o desenho não é sombrio, mesmo com as manchas de sangue e a expressão de dor no rosto de Cristo – que é musculoso, tem a barba e os cabelos esvoaçantes e um quê de raiva no grito que parece dar. “Desse quadro ele não gostou. Mas não queria se desfazer, então me deu para eu guardar com carinho. Assim eu vou ficando com a presença dele.”
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ARTE DE EXPOSURE Mistura de Arquivo X com mulheres sensuais
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Ele separa
a joia do trigo
Walter Leite é um dos gemólogos mais renomados do Brasil. Na ativa aos 81 anos, é uma sumidade em um mercado sigiloso. Até a coroa de dom Pedro II ele já avaliou Texto Anna Carolina Rodrigues Design Marina Cardoso Fotos Julia Rodrigues
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foco é minucioso e apurado. Fruto de anos e anos de treino, observação, técnica, confiança e dedicação. É preciso estar atento à cor e ter um bom faro. Todas as segundas, há cerca de dez anos, Walter Leite caminha de sua casa no Leblon, zona sul do Rio de Janeiro, até a feira livre que acontece em uma rua próxima. Calma e meticulosamente, seleciona as melhores frutas para sua família: kiwi, mamão, caqui, banana. Fala com os vendedores com a voz calma e doce, quase um sussurro, porém audível. O semblante sereno, emoldurado em seus cabelos brancos. É reconhecido pelos feirantes. Os pedidos ficam separados e um funcionário volta mais tarde para apanhar suas encomendas. Assim, Walter começa sua semana. Até nas mais mundanas situações, é capaz de identificar o que tem qualidade. Ele tem olho para a coisa (com a ajuda de seus óculos, claro). Em seu ofício, Walter faz justamente como na feira. No trabalho, no entanto, seus olhos se voltam para objetos menores e mais valiosos que um cacho de bananas. Ele trabalha com joias. Sua função – gemólogo – é identificar e certificar o valor de pedras preciosas. Cerca de 80% das peças no mercado são sintéticas. Elas têm a mesma (ou quase) composição química das naturais, mas valem me-
nos. “Desmascará-las” é um trabalho que só pode ser feito por um especialista, com o uso de aparelhos de precisão. É preciso separar o joio do trigo. Um erro de avaliação pode causar grandes prejuízos. Em 1972, Manoel Bento dos Santos, o Mané Rola, um ex-garimpeiro e exportador de pedras, chamou Walter para ser seu sócio na compra de uma água-marinha de 65 kg encontrada no interior de Minas Gerais. Juntos, eles levaram a pedra (batizada de Cachacinha em homenagem ao funcionário da mina que a descobriu). Mas, ao começar a lapidação, Walter percebeu que a gema perdia o tom azulado e ficava praticamente incolor, o que diminuía muito seu valor de mercado. Para tentar recuperar os 100 mil dólares investidos na pedra, a solução foi vendê-la como peça de colecionador: apesar de, em estado bruto, não ter tanto valor, ela era a maior água-marinha encontrada no mundo até então. Para fugir da falência e sanar a dívida do empréstimo que tinham feito em um banco, Walter e Manoel a rebatizaram de Independência e a promoveram em um programa da TV Tupi e na revista O Cruzeiro. Até que surgiu um alemão que arrematou a pedra por 90 mil dólares. Alívio! Hoje, aos 81 anos, Walter é considerado um dos maiores especialistas do assunto no Brasil. “Ele é o patriarca da gemologia brasileira”, PLUG 2012
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afirma Bill Boyajian, ex-presidente do Gemological Institute of America (GIA), uma das entidades mais importantes do setor no mundo. Além das avaliações, Walter também dá aula de pós-graduação na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e cursos particulares. “Nem parecia aula, era diversão. Passava muito rápido”, conta Patrick Natan, ex-aluno que hoje presta consultoria para a Natan Joias, joalheria de seu avô. “Não existe pessoa no meio que não conheça o seu Walter”, completa. O caminho das pedras foi longo para Walter. Literalmente. Ele nasceu em Gália, município de 7 mil habitantes no interior de São Paulo, a 401 km da capital. “Lá na entrada da cidade tinha uma placa que dizia: Visite Gália, pois ela vai acabar”, brinca. Filho de um ourives, aos 12 anos fez seu primeiro anel de ouro. Com a família mudou-se para Garça, onde um japonês que alugava uma das lojas de seu pai o ensinou a mexer no maquinário de relógios. Estudava de manhã e trabalhava à tarde. “Ele é muito dedicado no que faz, lutou muito até virar gemólogo”, diz Antônio Guilherme, joalheiro e amigo de Walter há 45 anos. Aos 20, com a ajuda do pai, foi morar no Rio de Janeiro e nunca mais saiu. Trabalhou em joalherias no centro da cidade e desenvolveu suas habilidades no comércio. Abriu sua própria loja e, como as grandes joalherias, faturou com os navios que atracavam no cais do porto,
As pessoas dizem: ‘Ele é o cara, trabalha com joias’. Mas tem muito fabricante de chinelo ganhando mais dinheiro que eu
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às vezes até quatro por dia, repletos de turistas sedentos por pedras brasileiras. Para ganhar publicidade com os gringos, patrocinou durante vários anos o time de softball da associação de esposas de americanos no Rio. No meio dos anos 1980, a quantidade de navios diminuiu. Manter a loja ficou complicado, principalmente por causa da crescente falta de segurança. Walter então seguiu a tendência das grandes cadeias e migrou para a Zona Sul. Ali, começou a criar seu laboratório e a voltar seu negócio para avaliação e certificação de pedras. Ao longo de 40 anos, juntou uma coleção impressionante de pedras que usa durante suas aulas – um privilégio para os alunos. Walter orgulha-se particularmente das turmalinas: são 380 pedras com colorações diferentes. Sua paixão por gemologia fica evidente ao mostrar, entusiasmado, uma pedra com detalhes que imitam um pequeno foguete. Só faltou ficar rico. “As joias têm glamour, mas são um negócio normal. As pessoas dizem: ‘Ele é o cara, trabalha com joias’. Mas estão enganadas. Tem muito fabricante de chinelo ganhando mais dinheiro”, diverte-se, enquanto alisa a manga da blusa social azul. Em sua loja, um carpete gasto cobre o piso. Na entrada, duas mesas paralelas são ocupadas pela dupla de funcionários: sua filha e seu neto. Walter ocupa a mesa em frente, coberta de pedras e aparelhos que o ajudam no trabalho. Atrás dele, uma pequena cabine de vidro emoldurada em madeira e repleta de microscópios, colorímetros e outras traquitanas que o ajudam na arte de identificar riquezas. E centenas de livros que ocupam as estantes de ambos os lados.
AS VERDADEIRAS As peças sintéticas têm a mesma composição que as naturais, e Walter precisa identificar as diferenças 38
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PERFIL PERITO DA GEMA Walter analisou os 639 diamantes da Coroa Imperial de dom Pedro II
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Logo na entrada, 20 certificados pendurados na parede, vários deles do GIA, revelam o grau de especialização de seu Walter. Daniel Sauer, sócio-diretor da Amsterdam Sauer, também cursou o GIA, mas, mesmo assim, recorre aos serviços do colega quando depara com pedras mais complicadas. “Ele tem uma história grande. São poucos gemólogos com sua tradição. Ele é muito querido no meio acadêmico e no meio profissional. Certamente, também deve ter clientes muito queridos. Não se compra isso, adquiri-se”, afirma Sauer. “A falta de conhecimento é um dos maiores problemas nesse mercado de pedras preciosas. Tem muita imitação e muitos detalhes técnicos. Às vezes, temos uma grande variação de valores entre pedras do mesmo gênero, e é preciso especialistas como o Walter para balizar isso.” As joias da coroa Para Sauer, Walter fez um trabalho (e solucionou um mistério) do qual se orgulha bastante: a perícia da Coroa Imperial de dom Pedro II. Por se tratar da peça mais valiosa de todo o acervo histórico brasileiro, desde 1943 a coroa nunca pôde ser retirada do Museu Imperial, em Petrópolis. Em 2004, a então diretora do museu, Maria de Lourdes Parreira Horta, propôs à Amsterdan Sauer a criação de uma réplica. A empresa investiu R$ 1,3 milhão em troca do direito de mantê-la no museu que a
joalheria tem no Rio. O Museu Imperial poderia usar a réplica três meses por ano. Mas uma denúncia anônima feita ao Ministério Público em 2007 dizia que as joias da coroa original haviam sido trocadas por diamantes sintéticos durante a confecção da réplica. A joalheria logo contratou os serviços de Walter – que também é perito judicial – para checar se de fato algo tinha sido trocado. Ele então avaliou cada um dos 639 diamantes da coroa e provou serem todos naturais. Também checou o estado das grifas que seguram esses diamantes. Para mudar as pedras, é preciso abrir as grifas, e elas teriam ficado marcadas caso alguém tivesse mexido. O trabalho dele não foi divulgado na época. Outra perita – Jane Gama, do Instituto Brasileiro de Gemas e Metais (IBGM) –, foi responsável pelo laudo técnico apresentado. O mistério foi solucionado e a autenticidade das pedras foi comprovada (a diretora do museu foi demitida em 2010, acusada de não ter pedido autorização ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional para encomendar a réplica da coroa). Um dia no leilão Encontrei-me com Walter na porta de uma casa de leilões no Leblon. Na companhia de seu neto, ele chega carregando duas malas com equipamentos. Eles estão ali para prestar consultoria a um comprador que deseja arrematar
VERDADEIRO OU FALSO
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Passar a pérola no dente funciona para saber se ela é real?
Identificamos as gemas falsas porque elas quebram.
Pérolas podem estragar se forem usadas de modo errado?
Verdadeiro. A pérola, natural ou cultivada, é feita de carbonato de cálcio, a mesma composição química dos dentes. Quando passada no dente, a verdadeira causa a sensação de algo áspero. Já uma imitação tem a superfície mais lisa, e a identificação é imediata.
Falso. Gemas naturais e sintéticas têm as mesmas propriedades. A única distinção está na origem: uma é feita em laboratório e a outra, produzida pela natureza. As duas quebram. A única forma de distingui-las é com os conhecimentos de um especialista.
Verdadeiro. A pérola é uma gema orgânica, feita de carbonato de cálcio, elemento que pode ser atacado por ácidos, perfume e suor. Ou seja, ela não morre, como acreditam alguns, mas o contato com a pele contribui para sua degradação, deixando-a sem brilho e escura.
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COLEÇÃO As pedras preferidas de Walter são as turmalinas: ele tem 380, de tamanhos e cores diferentes
peças para revendê-las a um diamantário (negociante de diamantes). Nesse tipo de negócio, o único jeito de ter um bom lucro é fazendo uma boa compra. Para o leilão, os objetos ficam expostos em duas mesas de madeira, protegidos por um tampo de vidro. Em algumas ocasiões, as pessoas podem tocar neles, em outras, o leilão é feito quase às cegas. Nesse dia, as joias pertenciam a uma viúva que teve a casa assaltada e decidiu se desfazer das joias que os ladrões não levaram. Cerca de dez pessoas perambulavam ao redor das mesas e olhavam intrigadas para os anéis, relógios, broches e brincos amontoados sobre elas. Uma moça pergunta a um homem: “Como sabemos se a pedra é boa?” “Não enxergo nada”, ele responde. “Tem que trazer uma lupa e ver se não tem muitas inclusões, falhas internas da pedra”, arrisca o homem. Outro homem, com uma lupa na mão, busca a melhor luz no recinto para tentar avaliar um anel. Walter esbarra nele e diz: “Depois leva lá na loja para certificar”. O homem ri enquanto concorda com a cabeça. A primeira joia analisada por Walter é um anel. A pedra, de coloração champanhe, tem 8 quilates. O preço inicial marcado na etiqueta é de 50 mil reais. Walter encosta na pedra uma máquina parecida com um daqueles termômetros de medir febre pela orelha. Ao tocar
sua superfície, o medidor indica o nome de um tipo de imitação de diamante. Ao limpar a superfície da pedra, Walter faz a checagem novamente. Dessa vez, o medidor sinaliza: é diamante. “Tem que limpar. Às vezes, a gordura engana”, explica o especialista. Com um paquímetro, ele mede o diâmetro da pedra: 12,8 mm. Diferente do afirmado na etiqueta, ele estima o tamanho da pedra, após a realização de cálculos e outras medidas, em 7,5 quilates. A checagem seguinte é em relação à cor. Por se tratar de uma pedra cravada no anel, a cor pode oscilar, e nesses casos a experiência do avaliador é fundamental. Após a análise, ele avalia a pedra em cerca de 50 mil dólares. A mulher que representa a dona das peças confirma que a joia foi comprada nos Estados Unidos por esse exato valor, há pouco mais de dez anos. Walter analisou nove peças diferentes, dentre as quais um par de brincos de esmeralda e um broche de diamantes. Aconselhou os compradores em relação à qualidade das pedras e definiu tetos para os lances a serem dados a cada uma. O leilão propriamente dito só ocorreria horas mais tarde, e os clientes de Walter acabariam não levando peça alguma. Na ocasião, o anel de diamante champanhe – avaliado em 50 mil dólares – foi arrematado por 170 mil reais. PLUG 2012
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I♥ CUTTING
LEGS
O ex-modelo Leonel de Caires é médico em Johannesburgo, onde os doentes são muitos e os recursos são escassos. Ainda bem que ele adora o que faz Texto Michell Lott Design Graciela Tocchetto Fotos Leonel de Caires (arquivo pessoal)
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ra uma tarde qualquer de trabalho, dessas bem comuns. Leonel Paulo de Caires atualizou seu status no Facebook: “Mais uma perna cortada, que venha a próxima! Yuppiee!” Do lado dessa frase incomum para um feed de notícias de uma rede social, um avatar jovem, moreno e bonito sorria. No mesmo dia, Leonel postou uma bela foto de coquetéis coloridos tratada no Instagram. “I love cutting legs!” (“Eu amo cortar pernas!”, em inglês) foi o que Leonel me respondeu em tom de brincadeira quando perguntei sobre sua polêmica postagem. Logo depois, completou: “Mas não corto só pernas. Meus dias são mistos: primeiro uma perna, depois um apêndice, um braço, um tumor, depois outra perna, e assim por diante”. Com a mesma naturalidade de alguém que comenta a trama da novela das nove, ele me contou um pouco de sua rotina.
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A rotina de “um jovem médico de 25 anos que vive na África do Sul”, como ele se define em seu perfil. “É preciso amputar membros quando eles sofrem de DVP – Doença Vascular Periférica. Se não o fizermos, o membro pode gangrenar e ser letal para o paciente. Esse é o meu papel e isso é muito natural para mim”, justifica-se o médico sobre a forma brincalhona com que se refere ao seu trabalho. “É preciso treinar para ser insensível na medicina, ela é uma profissão muito emocional”, conta. Filho de portugueses, Leonel é o mais velho de três irmãos. Nascido e criado em Johannesburgo, maior cidade da África do Sul, é o primeiro de sua família (incluindo primos, tios e avós) a ter um diploma de ensino superior. Sua fama é a de ser o médico mais bonito do Tambo Memorial Hospital, na cidade de Boksburg, a 40 km de onde nasceu.
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Enquanto as enfermeiras gritavam no escuro, uma parte da equipe iluminava a barriga aberta do enfermo com a luz de celulares
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Antes de se formar, o sul-africano de 1,84 m fez vários trabalhos como modelo. Trabalhou em comerciais para grandes empresas e desfilou para as Fashion Weeks locais. Mas o médico galã prefere ficar do outro lado das lentes. Adora fotografia e leva jeito para a coisa, a julgar pelas fotos de seu perfil no Instagram. Entre um paciente e outro, com o iPhone na mão, captura com beleza o desolador ambiente ao seu redor. “Não posso desperdiçar as oportunidades de clicar estas cenas que muitas pessoas jamais veriam”, explica o médico, que se diz inspirado artisticamente durante os plantões. Salas de hospital com equipamentos remendados com arame, crianças que se recuperam de graves enfermidades, ampolas de remédios que salvarão a vida de pacientes terminais, tudo registrado sob um olhar inusitado. Em um corredor melancólico de hospital, uma maca repousa ao lado de um caixão. A vida começa e termina nesses corredores. E as lentes do médico registram tudo, sem revelar a identidade de seus pacientes. “Por uma questão de ética, nunca mostro rostos, somente recortes. Quando aparecem faces, não são de pacientes”, conta. Recursos escassos Através das fotos de Leonel, é fácil diagnosticar que os recursos do hospital público onde ele trabalha não são fartos. Ao contrário, a situação da saúde no país é difícil. De acordo
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com a ONU, há 36 milhões de pessoas infectadas pelo vírus da aids no mundo e, desse número, dois terços estão na África Subsaariana. Estima-se que existam, pelo menos, 2 milhões de adultos infectados pelo vírus na África do Sul. Com a queda da estimativa de vida dos infectados, muitas crianças, filhos de pais portadores do HIV, se tornam órfãs, aumentando ainda mais os gastos com a saúde pública. Na maioria das vezes, essas crianças também são portadoras do vírus. Os investimentos em saúde desses países estão aumentando, mas não chegam a ser suficientes para suprir as necessidades de toda a população. “As coisas são ainda mais difíceis porque a aids está mudando completamente a cara da medicina. As pessoas ficam mais doentes e apresentam doenças muito mais incomuns”, conta Leonel. Para dar conta de atender a população, é lei na África do Sul que os médicos recém-graduados atuem em hospitais públicos durante três anos, passando por todas as especialidades. Dessa forma, eles se tornam profissionais preparados para tudo. O médico aprende e a sociedade ganha. Com Leonel não foi diferente. Ele já passou por três hospitais e trabalhou nas áreas de ginecologia, obstetrícia, cirurgia e medicina interna (que trata de pacientes adultos, atuando em casos não cirúrgicos em cardiologia e endocrinologia). Mas ele se realizou na pediatria. Não por acaso, suas fotos com crianças são as mais tocantes. Ainda resta pouco mais de um ano de serviço na rede pública, e ele terá que passar pela ortopedia, estética, psiquiatria e infectologia. Pânico na sala de operação Trabalhar na rede pública de hospitais sul-africanos não é tarefa fácil, conta o médico. Uma vez, sua equipe estava com um paciente aberto sobre a mesa de operação quando, de repente, a energia acabou. No mesmo instante, a máquina de anestesia quebrou, seguida pela máquina de ventilação. Enquanto as enfermeiras corriam e gritavam desesperadas no escuro, uma parte da equipe iluminava a barriga aberta do enfermo com a luz de celulares,
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outra tentava ventilar o paciente com as mãos e uma terceira parte da equipe se apressava para terminar a cirurgia o mais rápido possível. Felizmente, o paciente se salvou. Ajudar pessoas é bônus Leonel se considera uma daquelas pessoas sortudas, que sempre souberam o que queriam fazer na vida. Mesmo amando as artes, sempre quis estudar medicina. Para ele, ela é como um quebra-cabeça a ser resolvido. Examinar o paciente, reconhecer sintomas, procurar por sinais. É como encaixar as peças para formar uma imagem do todo: o diagnóstico certo. O médico conta que seu verdadeiro combustível sempre foi o desafio. “Ajudar as pessoas é só um bônus. Dar esperança às famílias dos doentes é um prêmio.” Enquanto este texto era escrito, Leonel estava de férias na Europa. As fotos de dor e drama, de uma beleza sofrida, deram lugar a paisagens glamourosas e galerias de exuberantes museus. Na África do Sul, as coisas continuam as mesmas. Crianças com HIV continuam sendo tratadas por jovens médicos. A estrutura dos hospitais continua precária e decadente. Pernas continuam sendo amputadas. Em breve, Leonel vai voltar para lá e continuar seu trabalho. Quando seu tempo de serviço nos hospitais públicos terminar, ele pensa em seguir fazendo trabalho humanitário com a ONU por alguns anos. Não descarta a possibilidade de se tornar cirurgião ou pediatra. Entre um paciente e outro, continuará tentando mostrar ao mundo um pouco do seu trabalho e da vida das pessoas ao seu redor.
A VIDA DOS OUTROS Leonel mostra a realidade de seus pacientes na rede social de fotos Instagram
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INFERNO Trinta anos após a Guerra das Malvinas, as feridas abertas pelo conflito ainda sangram na vida do veterano Alvarez Juan Carlos Texto Marcel Verrumo Design Graciela Tocchetto Ilustrações Jhonata Alves e Marcelo Garcia Fotos AP Photo
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entro de um buraco úmido nas ilhas Malvinas (Falklands, para os britânicos), o soldado argentino Alvarez Juan Carlos segura um morteiro. A fome, o frio e o medo o corroem. No horizonte, a única certeza é a rápida aproximação do Exército inimigo, o britânico. Um zunido de bala rompe o silêncio. Curioso e assustado, o jovem de 18 anos espia o autor do disparo. Alívio: era um colega de armada que derrubara uma ovelha e a arrastava para dentro de seu buraco. O som que se segue é o da faca rompendo a carne do animal. Atônito, Alvarez assiste ao compatriota comer as tripas do bicho, cruas e quentes. Em minutos, outros militares se aproximam e dividem as vísceras e o sangue da ovelha. Um militar superior argentino, testemunha da cena, não gosta do que vê. Chama o rapaz que deu fim ao animal e o leva a um
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ESTOPIM Entre abril e junho de 1982, argentinos e ingleses disputaram o domínio do arquipélago
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poço cheio de água congelada. “Enfie as mãos aí”, ordena. O soldado colocou uma. “A outra também. Que isso sirva de exemplo”, diz. No dia seguinte, o jovem oficial amanheceu morto. Mas não foi de frio. Causa mortis: intoxicação. Esse episódio marcou para sempre a vida de Alvarez. Hoje, 30 anos depois daquela tarde na Guerra das Malvinas, conflito em que Argentina e Grã-Bretanha disputaram o domínio do arquipélago, ele ainda o assombra. Todos os meses, o ex-soldado vai ao psiquiatra e, diariamente, toma quatro comprimidos para minimizar as marcas deixadas pela guerra em sua vida. As bolsas negras abaixo dos olhos, resultantes de noites de insônia, começaram a desaparecer, mas ele reconhece: “Nunca serei um ser humano normal novamente”. Desembarque Filho de civis, Alvarez foi convocado para entrar no Exército argentino em janeiro de 1982, ao completar 18 anos. Na época, todos os jovens que atingiam a maioridade deveriam servir a pátria. “Servi em uma província dife-
DESPREPARO Muitos soldados do Exército argentino eram jovens recém-incorporados que mal sabiam manejar uma arma
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rente de onde eu morava. Era de Córdoba e fui enviado a Comodoro Rivadavia. Sofri muito com a mudança. Era muito apegado à família”, diz. Nos dois meses de treinamento, aprendeu técnicas de sobrevivência, manuseio de armas e morteiros. Aprendeu a ser um soldado. No dia 4 de abril, dois dias após a Argentina invadir a capital das Falklands, na época chamada de Port Stanley (ou Puerto Argentino), Alvarez foi enviado às ilhas. “O avião pousou às 17h30. Estava escuro, o vento era forte. O frio adormeceu meus dedos”, descreve. Quando chegou às ilhas, enfrentar uma guerra era algo que ainda não passava pela mente dos soldados. “O soldado raso que perguntasse a um superior sobre a possibilidade de os britânicos invadirem a região recebia a resposta: ‘Eles não virão, vamos ficar 15 ou 20 dias e já voltaremos’”, conta. A tranquilidade de Alvarez acabou no dia 26 de abril. “Era o Dia da Bandeira. Com a mão no peito e olhando a bandeira azul e branca de meu país ser hasteada, jurei defender minha terra até a morte. Naquele momento, pensei: ‘Daqui não voltarei’.”
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Alvarez voltaria da guerra, mas sua vida jamais seria a mesma. Perdeu 28 kg, estava com o intestino comprometido, tinha pé de trincheira de terceiro grau (feridas provocadas pelo frio e umidade) e dores no joelho. Em casa, encontrou sua mãe com metade do corpo paralisado por um AVC (provocado, acredita, pela tensão de ter um filho na guerra). Perdeu amigos, não conseguia emprego e tinha dificuldade para demonstrar emoções. “O sentimento é a primeira coisa que a guerra mata”, afirma. Depois das Malvinas, nunca consegui amar alguém. Nem mesmo a minha esposa e meus filhos.” A primeira batalha A primeira vez que Alvarez matou um inimigo se perdeu em sua memória. Segundo ele, era noite e o grupo estava à beira da praia, protegendo a região de um possível desembarque inimigo. Repentinamente, os argentinos ouviram um barulho ensurdecedor. Dos navios e aviões britânicos, bombas começaram a ser lançadas. Os argentinos revidaram.
Mas, segundo Alvarez, seus armamentos não tinham potência para chegar onde os navios britânicos estavam. Viu um helicóptero inimigo cortar o céu. Pela primeira vez, teria de matar. “Três razões me fizeram atirar. Primeiro, a crença de que a luta pelas Malvinas era legítima, as ilhas são argentinas. Segundo, a consciência de que, a milhares de quilômetros daquelas ilhas, meus pais estavam me esperando – meu pai era hipertenso e minha mãe sofria do coração; se eu morresse, eles não durariam muito tempo. E, por fim, a sobrevivência: ou eu matava ou morria.” Como outros soldados a seu lado, atirou. Uma explosão clareou a noite. Caíam os primeiros britânicos. Sua primeira batalha terminava aí. Guerra psicológica Todas as noites, quando os argentinos estavam prestes a dormir, os britânicos disparavam. O sono ia embora. Na hora de comer, a cena se repetia. Com a comida na mão, o barulho de um disparo tensionava a tropa, e a fome também passava. “A repetição fez com que ficássemos em constante alerta. ‘Eles estariam chegando’, eu pensava. Nas Malvinas, também enfrentamos uma guerra psicológica.” A estratégia parece ter dado certo. Com o passar das semanas, a Argentina foi perdendo as batalhas e ficando cada vez mais vulnerável. Os britânicos começaram a cercar grupos como o dele, que ficaram isolados e sofreram com a fome e a falta de munição. Segundo o soldado, o momento em que ele mais se aproximou da morte foi na véspera da rendição argentina. “Eu estava defendendo a costa da ilha. Os britânicos não paravam de atirar. Faziam o que chamamos de ‘batir al sur’, atirando com os canhões muitas vezes seguidas, em regiões próximas umas das outras. Era uma noite com neblina e eu só enxergava a poucos metros de onde estava. Fui colocar munição em um canhão. Um estrondo ensurdeceu meus ouvidos. Vi fogo se aproximar do meu corpo. Senti cheiro de carne queimada. Era a minha carne queimando. Tudo ficou branco.” A guerra havia acabado para Alvarez. Presente de aniversário Em uma cama, Alvarez dormia. Ao acordar, algo na orelha o incomoda. — Acalme-se, Alvarez. Agora está tudo bem. Isso é apenas um curativo...
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POR DENTRO DA GUERRA
10 mil soldados
28 mil soldados NO AR: os caças eram modernos, porém poucos
NO AR: a frota era numerosa e mais velha NO MAR: os argentinos só tinham um porta-aviões e submarinos a diesel com pouca autonomia embaixo d’água EM TERRA: a maioria dos soldados era recém-incorporada e não tinha experiência militar
NO MAR: três submarinos de propulsão nuclear podiam ficar embaixo d’água por meses seguidos EM TERRA: os soldados eram profissionais e contavam com armamentos da Otan
ENTENDA O CONFLITO Século 16
1833
Século 18
Janeiro de 1982
Quem desembarcou primeiro nas Malvinas: piratas ingleses, navegadores espanhóis, franceses, holandeses ou italianos? Não há consenso.
No lado ocidental, é fundada a primeira colônia, Port Louis. Habitada por colonos franceses, as ilhas são batizadas de Îles Malouines, em referência à região de SaintMalo. No mesmo século, os britânicos ocupam a parte oriental e se estabelecem no território.
1810
A Argentina proclama independência da Espanha e começa a dominar territórios da ex-metrópole, como as Malvinas.
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Os britânicos reclamam a posse do arquipélago, afirmando serem seus descobridores. Expulsam os argentinos e começam a colonizá-lo.
Às vésperas da dominação britânica completar 150 anos, a Argentina invade o território. A recuperação das Malvinas poderia servir como argumento para seus ditadores recuperarem a legitimidade.
2 de abril de 1982
A Argentina toma a capital das ilhas, Port Stanley, e recupera o território. A Grã-Bretanha, governada pela primeira-ministra Margaret Thatcher, declara guerra.
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— Por que tenho isso no ouvido? — Uma explosão fez com que você perdesse sangue pelo ouvido, pelo nariz e pela perna, próximo ao seu joelho, onde um estilhaço de bomba o atingiu. Você teve sorte: foi encontrado por argentinos que o trouxeram aqui. Oliver, o médico argentino, seguiu tentando tranquilizá-lo. De repente, Alvarez conta que deteve seu olhar diante da janela do quarto. Ao longe, descia a bandeira azul e branca de seu país e outra, azul e branca, mas também vermelha, era içada: a bandeira britânica. Uma lágrima de dor e de alívio escorreu pelo rosto do soldado argentino. Era 14 de junho. A Argentina tinha perdido a guerra. O melhor presente Do hospital, Alvarez foi transferido para um avião e, em seguida, para um barco-hospital. Em poucos dias, estava no hospital Almirante Sarlo Palomar, em Buenos Aires. O sobrevivente conta que, deitado na cama do hospital, pensando nos horrores que havia vivido na guerra, a porta do quarto se abriu. Ele ouviu passos e sentiu um cheiro conhecido. Em sua direção, viu braços abertos. Era sua irmã. Ele permaneceu em silêncio, mas começou a chorar. “Minhas lágrimas canalizaram meu sofrimento de meses de saudades, de luta para conseguir estar outra vez ao lado dela, de tensão para resistir a todas as misérias que enfrentei”, afirma, emocionado. Naquele dia, Alvarez completava 19 anos. Estar vivo, ao lado da irmã, era seu melhor presente de aniversário. Ao voltar da guerra, Alvarez começou a manter relacionamentos com várias mulheres ao mesmo tempo. A situação faria com que o soldado tivesse duas namoradas grávidas simultaneamente. O segundo filho nasceu um mês e três dias após o primeiro. Quando descobriram a traição, as duas namoradas separaram-se do soldado e o proibiram de visitar as crianças. Ele não fez questão de lutar para ver os filhos. Meses depois, o soldado seria convidado por um amigo para ir a um aniversário. Foi apresentado a Mayes Virginia Helena Ferreira, mãe do aniversariante e 25 anos mais velha. Ele diz que a guerra o envelheceu bruscamente. “Já não conseguia me relacionar com uma pessoa da mesma idade”, diz. Casou-se com a mãe do amigo.
Revivendo o passado Segundo Alvarez, o correr dos anos veio acompanhado de um vazio. As noites começaram a ficar mais longas. Sem dormir, bolsas negras formaram-se sob seus olhos, rugas riscaram sua testa. Iniciou-se uma fase em que o veterano varava madrugadas diante da televisão desligada, revivendo cenas do filme de guerra que viveu nas Malvinas. Em 2003, Mayes, sua mulher, o convenceu a procurar um psiquiatra. O diagnóstico: o veterano sofria de estresse pós-traumático, doença comum em pessoas que enfrentaram uma situação limite, como uma guerra. Entre os medicamentos prescritos, um antidepressivo, um ansiolítico, um anticonvulsivante e um sonífero. Entre as recomendações, procurar um trabalho e tentar restabelecer vínculos sociais. Um recomeço Depois de nove anos de tratamento, o veterano conseguia frequentar lugares públicos e manter vínculos mais duradouros. Ainda toma a mesma quantidade de remédios diários. “Estou me sentindo melhor”, diz. O ex-soldado trabalha no Instituto Nacional de Servicios Sociales para Jubilados y Pensionados, um programa social do governo
CONSEQUÊNCIAS DA GUERRA Número de mortos
649 argentinos 255 britânicos Na Inglaterra A Grã-Bretanha recuperou o domínio das ilhas. Margaret Thatcher, então primeira-ministra, ganhou mais credibilidade e foi reeleita em 1983. O pulso firme na tomada de decisões lhe rendeu o apelido de Dama de Ferro. Na Argentina Três dias após a derrota, Leopoldo Galtieri, general à frente da ditadura argentina, renunciou à presidência. Um ano e meio após, Raúl Ricardo Alfonsín tornou-se o primeiro presidente argentino eleito democraticamente.
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argentino voltado para aposentados e pensionistas, como os veteranos da guerra. O programa distribui medicamentos aos veteranos e familiares de todo o país. Também oferece tratamento médico em todo o território nacional. Alvarez desenvolve um trabalho administrativo, pedindo medicamentos para farmácias e atendendo ao público. Acredita que a atividade está lhe devolvendo a vontade de viver. Ainda vive com Mayes, mas confessa que não a ama. “Quem vive 27 anos com a mesma pessoa não pode dizer que não sente nada por ela. Mas não posso olhar para ela e falar: ‘Eu te amo’. Se fizesse isso, seria da boca para fora. Não a amo como amam os amantes. Amo como um filho ama uma mãe”, afirma. Em 2010, ainda faltava resolver algumas questões que deixou pendentes. Faltava conquistar o amor dos filhos, que via na rua, mas com quem nunca havia conversado. Decidiu ligar para uma das filhas, Noelia, e marcar um encontro. Frente a frente, Alvarez desabafou: — Não quero que você me ame. Mas que, ao menos, me queira. Sei que errei, que não dei tudo o que deveria ter dado como pai. Mas peço que saiba que esses anos também não foram fáceis para mim. Também tive que reconstruir minha vida, que me criar outra vez. Quero uma chance. Ela abriu os braços. Ele ainda disse: “Desculpe-me”. Pai e filha, então, se abraçaram. TRINCHEIRA O frio e a umidade no campo de batalha castigavam os soldados
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A primeira coisa que a guerra mata são os sentimentos. Depois das Malvinas, nunca consegui amar alguém. Nem mesmo a minha esposa e meus filhos
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VETERANOS ARGENTINOS DAS MALVINAS EM NÚMEROS*
88%
nunca buscaram um tratamento mental
72%
não recebem atenção médica de nenhum tipo
60%
não possuem trabalho
64%
consomem cigarros diariamente
31%
são viciados em álcool
8%
são hipocondríacos *Fonte: Ministério da Saúde da Província de Buenos Aires
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FERIDA ABERTA Trinta anos após a guerra, argentinos ainda reivindicam a posse do arquipélago, que permanece com a Grã-Bretanha
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Na cozinha com
Geovane Carneiro
A história do cozinheiro que era garçom de praia na Bahia e hoje é o braço direito de Alex Atala no D.O.M., o quarto melhor restaurante do mundo Texto Taísa Szabatura
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Design Marina Cardoso Fotos Tomás Arthuzzi
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ma vez um jornalista perguntou ao lendário chef francês Paul Bocuse: “Quem são as pessoas que cozinham quando o senhor não está no restaurante?” E ele respondeu: “As mesmas que cozinham quando eu estou no restaurante”. Bocuse, considerado pelo Culinary Institute of America o chef do século 20, teve uma vida intensa: foi casado com três mulheres ao mesmo tempo, inventou a nouvelle cuisine (nova cozinha, em francês), conquistou todas as estrelas de todos os guias gastronômicos possíveis e ainda provou o que Brigitte Bardot tinha para oferecer em seus anos mais gloriosos. Hoje, aos 85 anos, é mito e inspiração para cozinheiros do mundo. Bem, quase todos. O brasileiro Geovane Carneiro, subchef do D.O.M., diz que só quer fazer seu trabalho “direitinho”. É em uma cozinha com paredes de vidro que Geovane tenta fazer tudo direitinho em mais um almoço no restaurante eleito o quarto melhor do mundo pelo respeitado Guia San Pellegrino de 2012, da revista inglesa Restaurant. O D.O.M. (acrônimo da frase em latim Deo Optimo Maximo) está com suas mesas ocupadas por executivos conversando em inglês, italiano e até português. Geovane olha para bai-
xo; concentrado, não sorri. Seu cavanhaque, já com fios brancos, está impecável. O semblante sério, o uniforme branco e as orelhas projetadas para fora do toque (o chapéu dos cozinheiros) é tudo o que o cliente consegue ver desse baiano de 37 anos. No restaurante, ninguém chama Geovane de Geovane: ali ele é “o chef”. Até Alex Atala, o chef oficial do lugar, chama Geovane de chef – e Geovane chama Alex apenas de Alex. Pouca gente sabe quem é o Geovane e o que ele faz. O homem atrás do vidro foi alguém que deixou a humilde casa dos pais em Conceição do Coité, na Bahia, para trabalhar em Salvador na adolescência. Na capital morava com os primos e trabalhava como garçom nos bares de praia; seu ofício consistia basicamente em servir bebidas e petiscos sob o sol do Nordeste. “Era legal, mas não podia usar sapato por causa da areia”, relembra, um pouco desgostoso. Sair dessa vida de desconforto e migrar para São Paulo foi sugestão de um primo. Na capital paulista, eles descobririam que, além de usar sapato, teriam que vestir algumas camadas de roupa para se proteger das baixas temperaturas. Geovane nunca se esqueceu do frio que passou quando chegou a São Paulo, em julho de 1993. Ele tinha 18 anos e o plano inicial de seguir como garçom na nova cidade.
DOM POR TRÁS DO D.O.M. Geovane começou como garçom de lanchonete; hoje é sub do maior chef brasileiro 56
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Eu achava que fogão era lugar de mulher ou de gay. Não sabia como as coisas funcionavam
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Não foi logo de cara que conseguiu um emprego. Mas, assim que isso aconteceu, tentou aprender o máximo possível. Como garçom do Bar 457, em Pinheiros, ele anotava pedidos, cobria as folgas do chapeiro e fazia a faxina. Era nas folgas do chapeiro que mostrava o melhor de si. Os salgados vendidos prontos (pastéis, risoles e coxinhas) esgotavam quando feitos por Geovane. Quem não gostava disso era o chapeiro. “Não tenho culpa que os meus vendiam e os dele não. Ele começou a ficar chateado com isso, mas o que eu deveria fazer?” Seu sonho não era ir para a cozinha. “Achava que fogão era lugar de mulher ou de gay”, confessa. Ser garçom parecia mais digno. Tudo é silencioso por trás do vidro. Assim que finaliza o prato, um garçom abre a porta e leva a arte de Geovane até a mesa. Ninguém sorri ou faz piadinhas como nos tempos descontraídos do Bar 457. Geovane parecia personagem de seriado americano: ao som de um imaginário coração batendo, inseria ingrediente atrás de ingrediente com todo o cuidado, como se fossem explosivos. A seriedade envolvida no preparo da batata doce com bernaise de chimarrão deve ser absoluta. Vez ou outra, um dos cozinheiros para no canto da cozinha, põe as mãos na cintura, consulta o relógio e volta a seus afazeres. Uns são responsáveis pela carne, outros, pelo peixe e outros, pelo fogão. São 16 funcionários, só uma mulher. “Agora eu sei que cozinha não é lugar só de mulher”, admite. Em 1994, Geovane queria crescer, a vida na lanchonete já não dava mais alegria. E a solução veio do outro lado da rua, onde havia uma pequena escola de inglês. “Todo mundo ia na lanchonete depois da aula e daí eu descobri que um dos professores tinha um primo que ia abrir um restaurante. Eu estava louco para sair da lanchonete.” Esse primo era ninguém menos que o famoso chef francês Michel Darqué, que na época se preparava para
CUIDADO Geovane prepara seus pratos como quem lida com explosivos PLUG 2012
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O COMEÇO Quando Atala fundou o Namesa, Geovane foi trabalhar com ele; em 1999, foi para o D.O.M. (acima)
abrir o restaurante 72, no Itaim Bibi. Geovane não sabia que Michel Darqué tinha rodado o mundo em nome da culinária, chegando até a servir a família real de Mônaco. Queria apenas um emprego. Fez uma entrevista com o chef, mas só havia vaga para copeiro, que ele pensou ser alguém que ficava no bar preparando drinques ou coisa assim. Só depois de contratado descobriu que copeiro é quem lava pratos no fundo da cozinha. “Foi um pouco frustrante”, diz, com uma risada nervosa. O encontro com o craque Foi ali que Alex Atala conheceu Geovane Carneiro. Atala, que trabalhava com Darqué no 72, não pôde deixar de notar a determinação do copeiro que limpava tudo o mais rápido possível só para poder observar o trabalho dos cozinheiros e, quem sabe, aprender alguma coisa com isso. Foi então que Geovane voltou a fazer o que fazia melhor: cobrir folgas. Em apenas três meses, ele deixou a esponja para trás e virou cozinheiro. “Um fenômeno, muito determinado”, relembra Atala. O dono no D.O.M. é o único da cozinha sem o chapéu de cozinheiro e também é o único a usar tênis coloridos. Parado em um canto, ele observa o andamento dos pratos enquanto toma um refrigerante. As mangas compridas estão arregaçadas e mostram as tatuagens que fez ao longo da vida. “Nesses 18 anos de amizade, adquirimos um grau de confiança tão grande que hoje nos entendemos apenas pelo olhar”, diz em relação a Geovane. Após sair do 72, Atala levou Geovane com ele na hora de fundar o restaurante Namesa. Depois o colocou como segundo no comando do D.O.M., em 1999. 58
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Dia a dia de um chef A vida de um subchef (ou sous chef, em francês) não é fácil. Enquanto o chef cria o cardápio, o subchef coordena todo o trabalho realizado na cozinha: é ele quem organiza os pratos, delega tarefas, confere os ingredientes e prova tudo o que será servido. Pelo vidro, é possível ver que Geovane joga um pedaço de queijo na boca aqui, mastiga um peixe ali, sem quase mover a boca. Não esboça nenhuma reação. “Eu preciso checar se os ingredientes estão frescos, se estão no padrão de qualidade do restaurante. Faço isso todos os dias”, diz, como quem se desculpa por comer no trabalho. Geovane almoça às 11h, no refeitório. No bandejão tem “comida normal”: feijão, arroz, carne, batata. O período do almoço da equipe se estende por três horas, às vezes mais. Sempre tem aqueles que chegam cinco minutos antes de fechar. “Daí a gente fica na cozinha até mais tarde, não tem problema.” Geovane não reclama de trabalho, chega à rua Barão de Capanema, 549, nos Jardins, às 10h da manhã. Verifica os ingredientes que estão faltando e, em seguida, vai almoçar. Depois de trabalhar no turno do almoço, calça um tênis e vai correr pelas ruas em torno do restaurante. Volta para o D.O.M., toma banho por ali mesmo e então se preocupa com o jantar. Vai para casa só lá pelas 11h da noite. Nas folgas, aos domingos, joga futebol. Torce para o São Paulo, mas não ficaria triste se Junior, seu filho de 8 anos, decidisse torcer pelo Corinthians de uma hora para outra. É casado com a também baiana Maria. Eles se conheceram em São Paulo por meio de amigos em comum, mas ele não lembra quando – pensa, pensa e diz apenas “faz tempo”. Maria
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EM AÇÃO Geovane prepara arroz negro no restaurante
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é cozinheira também, mas trabalha na casa de uma senhora, é uma espécie de chef particular. Geovane cozinha para a família sempre que pode. Junior gosta de quase tudo, menos de verduras e massa de tomate. “É estranho, pizza ele come e vai massa de tomate na pizza.” Para a mulher, faz jantares românticos – talvez para compensar gafes como esquecer o início do namoro.
ALTAR Uma estranha coleção de objetos enfeita a cozinha do sofisticado D.O.M. 60
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Chef bonzinho “Eu não tenho preconceito. Pode ter tatuagem, ser preto, branco, gay, não importa. Desde que faça o trabalho direito, tudo bem pra mim.” Jura que nunca demitiu ninguém na cozinha, ao contrário de Atala. Quando precisa, ele espera o expediente acabar e chama a pessoa para conversar. “Eu já vi o Alex mandando gente embora na hora, eu sou mais calmo. Só demiti porque a pessoa pediu. Tem gente que quer ir embora e começa a fazer besteira para ser demitido. Isso me aborrece um pouco.” Para ele, a cozinha é um lugar tranquilo, exceto em raras ocasiões onde “o bicho pega” e é preciso manter a calma. Os problemas variam: muitos clientes ao mesmo tempo, falta de um ingrediente ou até pequenos acidentes – como cortes e queimaduras, por exemplo. A parede que separa a cozinha do salão é de vidro, e por ela se veem coisas peculiares. Como um pequeno altar com santos católicos, uma ferradura, uma caveira e um boneco de Joey Ramone (vocalista da banda Ramones). “Fomos ganhando essas coisas de presente de clientes e amigos e fomos colocando ali”, afirma. Geovane dá os primeiros sinais de cansaço nos últimos pratos da tarde. São 15h17 e ele se apoia numa perna, depois na outra, mas, ao sentir que está sendo observado, meio envergonhado volta à sua postura séria e dura. “Não é que eu seja tímido, sou apenas na minha.” Tão na dele que mal comemorou a ascensão do D.O.M. de 18° melhor restaurante do mundo (posição conquistada em 2010) para a de sétimo melhor, em 2011. “Porra, comemora comigo”, disse Atala, eufórico, no dia do resultado. Assim que acaba essa primeira jornada, Geovane tira o chapéu, mas esquece no bolso a pinça que utiliza para organizar os ingredientes. Está careca e constantemente passa a mão pela cabeça, como se sentisse falta do chapéu ou do cabelo. Senta-se e toma um espresso em um só gole. Não está acostumado a
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dar entrevistas. “É o Alex que faz essas coisas, eu sou mais na minha”, repete. Pergunto se é verdade que Alex Atala cola o dedo dos cozinheiros com supercola quando eles se cortam. “Sim, mas nunca deixei colar o meu. Acho melhor ficar no canto e esperar, sabe?” Quando todos os clientes vão embora e os pratos, toalhas e guardanapos sujos são retirados, um dos garçons aproveita uma das mesas, a que antes era ocupada pelos italianos, para passar os guardanapos lavados. As luzes principais são apagadas e a música ambiente também é desligada. Atala foi embora faz tempo, passou pela cozinha, tomou seu refrigerante e depois foi de mesa em mesa perguntar o que estavam achando da comida: “Olá, eu sou o Alex Atala, vocês estão gostando da comida?” Atala viaja o mundo divulgando o restaurante de comida brasileira que inaugurou há 13 anos. “Ele está sempre procurando coisas novas, faz tudo pelo D.O.M.”, justifica Geovane. O chefe retribui o elogio, dizendo que 50% de tudo o que ele é hoje deve a Geovane. “E olha que estou puxando para o meu lado, devo muito a ele, muito mesmo”, confessa. Uma mão lava a outra Uma vez, Geovane ganhou 1000 dólares em um concurso de culinária e deu todo o dinheiro para o amigo fundar o restaurante Namesa,
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OS DEZ MELHORES RESTAURANTES DO MUNDO
onde Atala se consagrou como um dos chefs mais importantes do país. “Eu estava mal de grana e ele me ajudou”, relembra. Tentando retribuir, pediu a um famoso chef que desse um estágio a Geovane, mas teve o pedido recusado. “Fiquei puto, sempre tentei protegê-lo de certas coisas, mas nem sempre consegui.” Hoje Geovane não pensa em voltar para o Nordeste. E tem orgulho de ser cozinheiro. Gosta de São Paulo – costumava comemorar o fato de nunca ter sido assaltado até o ano passado. “De repente, fui assaltado três vezes. Roubaram meu carro e a câmera digital que o Alex trouxe para mim do Japão. Não tinha tirado nem dez fotos e era um superlançamento”, diz, um pouco mais alterado que o normal. Toda vez que Atala o obriga a tirar férias, a família Carneiro parte rumo à Bahia. De carro. “Gosto muito de viajar, de dirigir”, conta. “Já falei para ele ir de avião”, reclama Atala. De avião, meio a contragosto, Geovani fez rotas gastronômicas na França e na Espanha. Ele jura que, se fosse para “aqueles países da Ásia”, comeria gafanhoto, minhoca, barata e todas as coisas estranhas que eles comem por lá. Ainda tímido com a reportagem, olha para as mãos para dizer que apenas gosta de aprender coisas novas. Atala brinca: “O Geovane está muito mais seguro agora. Acho que daqui a uns dias estará até nos programas de televisão”.
1° NOMA Copenhague, Dinamarca 2° EL CELLER DE CAN ROCA Girona, Espanha 3° MUGARITZ San Sebastian, Espanha 4° D.O.M. (foto) São Paulo, Brasil 5° OSTERIA FRANCESCANA Modena, Itália 6° PER SE Nova York, Estados Unidos 7° ALINEA Chicago, Estados Unidos 8° ARZAK San Sebastian, Espanha 9° DINNER BY HESTON BLUMENTHAL Londres, Inglaterra 10° ELEVEN MADISON PARK Nova York, Estados Unidos
Fonte: The World's 50 Best Restaurants – St. Pellegrino e Acqua Panna 2012
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Ele só pensa em
criticar
Agnaldo Farias é curador, crítico, professor de história da arte, editor e um polemista feroz. Mas tem uma queixa: ninguém o entende Texto Julio Lamas
Design Marina Cardoso Fotos Julia Rodrigues
"Vou me embora daqui Vou procurar outro lugar Não aguento viver Com quem só pensa em criticar" (Cyro Aguiar, Crítica)
C
hego, como combinado, ao meio-dia à casa de Agnaldo Farias, 57 anos, professor de história da arte na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, crítico e curador independente com amplo histórico de colaboração em museus e nas Bienais de Arte de São Paulo nas últimas duas décadas. Ele mora no terceiro andar de um elegante e discreto prédio no bairro de Pinheiros, na zona oeste da capital paulista. A construção é antiga, não tem elevador – é só escada do portão ao apartamento. Isso não ajuda na hora de carregar os quilos de material para a produção fotográfica que estamos levando, fora a pesada marreta. Sim, uma marreta cujo propósito era compor uma foto: Farias empunhando a ferramenta como se fosse bater em alguém, destruir um conceito, arrasar uma obra, dar vazão ao ímpeto destruidor de um crítico. Mais especificamente, a ideia era mos-
trá-lo “quebrando” o título desta página. Mas Farias tem ideias bem diferentes das minhas sobre criatividade editorial. “O que é isso? Já começo a duvidar da sua inteligência, se você acha que eu vou posar com essa marreta. Eu tentei dissuadi-lo de fazer um perfil meu e agora você quer que eu apareça segurando isso?”, disse, antes que eu pudesse colocar as coisas no chão. Tentei argumentar que era uma ideia ousada, como fazem nas revistas PLAYBOY, Esquire ou Vanity Fair, e retrataria de maneira divertida o que seria seu perfil. “Nem se me pagassem muito dinheiro. Atrair esse tipo de atenção para mim? Significa que você não entendeu nada do que eu disse e, inclusive, é de muito mau gosto”, completou ele. Fiz o mea-culpa e não pensei em rebater, apesar de ele ter colocado minha inteligência em xeque e da recusa delicada como um elefante em uma loja de cristal à minha sugestão de foto. Já tinha dado trabalho demais conseguir PLUG 2012
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falar com ele. Durante dois meses, foi quase impossível marcar uma entrevista. Nunca atende ao celular e raramente olha o próprio e-mail. Vive dividido entre seus trabalhos de consultoria artística e curadoria para lugares como o Itaú Cultural, o Instituto Tomie Ohtake e a Secretaria de Cultura da prefeitura de São Paulo, além das aulas que dá na USP e os workshops sobre arte moderna e contemporânea pelo país. Farias se diz desencantado com o mundo. “As pessoas estão preocupadas em ter carros potentes e são cada vez mais individualistas e agressivas. As empresas fomentam a cultura, mas para disfarçar os crimes que cometem contra a cidadania e o meio ambiente”, lamenta, sentado no sofá da sala onde se destaca um quadro presenteado pelo artista recifense Gil Vicente, seu amigo. Não poupa críticas ao que acredita ser a pasteurização da cultura popular brasileira, pautada pelo mercado. “Se você fica tentando atingir a sensibilidade média, vai produzir coisas medíocres. É igual novela, você acaba fazendo o que o mercado quer e aí mata personagens ao gosto do público. É um empobrecimento absoluto. Picasso chegou aonde chegou porque não foi atrás do mercado, o mercado é que foi atrás dele para beijar sua mão.”
As empresas fomentam a cultura para disfarçar os crimes que cometem
ANTÍDOTO Ele diz que a literatura o ajudou a ser menos chato 64
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Sétimo de 14 irmãos na grande família formada por Antenor Braga Farias, funcionário do Banco do Brasil, e pela dona de casa Fernandina Caldas Farias, de quem herdou o gosto pela literatura, ele diz que descobriu o mundo graças ao rock psicodélico dos anos 1970. “Aos 14 anos, um amigo me emprestou de uma tacada só o Electric Ladyland, do Jimi Hendrix, o Second Winter, do Johnny Winter, e o Beck-Ola (Cosa Nostra), do Jeff Beck. Fui para casa ouvir e, desde então, a música se tornou algo central na minha vida”, conta Farias, que guarda em casa os incontáveis vinis que considera essenciais na formação de seu gosto. Antes de estudar arquitetura na Universidade Braz Cubas, de Mogi das Cruzes, e filosofia no Mackenzie, conheceu o produtor Pena Schmidt na Polygram e se tornou roadie de artistas da gravadora, como Novos Baianos e Hermeto Pascoal. Nas estantes, filmes e discos ocupam prateleiras do chão ao teto. Noto um livro sobre as obras do seu arquiteto favorito, o estoniano Louis Kahn, uma biografia do cineasta japonês Akira Kurosawa e outra do americano John Ford, um com imagens do trabalho do designer holandês Carsten Holler e outros tantos sobre exposições em grandes museus, como o MoMA, em Nova York, e o Tate Modern, em Londres, para ficar apenas nos que estão na sala. Também há livros de todos os grandes autores russos – Tolstói, Dostoiévski, Turguêniev, Tchecov, Andreiev – e da literatura latino-americana – Roberto Bolaño, Ricardo Piglia, Vargas Llosa. Em 1987, fundou com Samuel Leon e Paulo de Tarso sua própria editora, a Iluminuras. “A literatura me ajudou a não ser tão chato”, justifica. Ele é autor de livros como As Naturezas do Artifício, sobre a obra de Amélia Toledo, e Daniel Senise – The Piano Factory, indicado
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POLÊMICA 1 Bandeira Branca, de Nuno Ramos, na Bienal de 2010: ativistas ambientais não gostaram
ao prêmio Jabuti como livro de arte em 2004. Pelos jornalistas nutre desprezo maior que o dedicado ao axé baiano, por exemplo. Não poupa críticas ao que julga ser um problema de formação daqueles que exercem o ofício. Uma prova disso seria a cobertura da 29ª Bienal de 2010 pelos grandes jornais e revistas que, segundo ele, foram superficiais e não chegaram ao cerne da questão abordada pela exposição. As outras 850 obras e os outros 159 participantes acabaram eclipsados pelos urubus aprisionados de Nuno Ramos – que geraram protestos de entidades de proteção aos animais –, pela nota de repúdio da Ordem dos Advogados do Brasil contra a série de desenhos Inimigos, de Gil Vicente – na qual o artista é retratado atirando em líderes políticos como FHC, Lula e a rainha da Inglaterra –, e pela participação dos pichadores que haviam sido presos na Bienal anterior por depredarem um espaço vazio do prédio. “Os jornais estão preocupados em atacar os trabalhos sem conhecê-los. Quando falam de alguma coisa, é sempre pela problemática politicamente incorreta da obra. Foi uma estupidez absoluta de quem não entendeu o Gil Vicente
OS ELEITOS DE AGNALDO Um trabalho de curadoria
Exposição Helter Skelter, exibida no Museum of Contemporary Art of Los Angeles, em 1992, sob a curadoria de Paul Schimmel.
Artistas
O escultor romeno Constantin Brancusi e os brasileiros Cildo Meireles e Nelson Leirner
Arquitetos
Peter Zumthor e Louis Kahn
Livros
Austerlitz, de W. G. Sebald, O Náufrago, de Thomas Bernhard
Músicos
Lou Reed, Frank Zappa e Jack White
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POLÊMICA 2 Série de quadros Inimigos, do amigo Gil Vicente, foi acusada de apologia ao crime na Bienal de 2010
e o Nuno Ramos e só disse coisas para acabar com a exposição, dando atenção aos problemas financeiros da Fundação e ignorando a inteligência e o compromisso dos artistas por trás das obras”, afirma. “Gil é um cara cético de tudo, desencantado, desiludido, acha que todo mundo está explorando todo mundo, sacaneando todo mundo”, diz, justificando a obra do amigo. A abordagem da violência foi tema presente na maioria das obras da última Bienal. Como criadores de linguagens cifradas, os artistas direcionaram suas obras para falar dela. “Os poderes são tão grandes que encobrem essa realidade, e a resignação das pessoas passa a ser uma das consequências. Esse desencanto se reflete nas obras produzidas. Temos todos os fundamentalismos em curso, as brigas veladas de mercado e as guerras que trazem consigo o peso de outras intenções comerciais. É violência para todo lado”, diz. “Me contaram que o Eike Batista estava investindo pesadamente nessa coisa de (lutas de) Vale Tudo. Se for verdade, faz todo o sentido!” Nesse contexto, seria justificável a participação do grupo de pichadores que, em 2008, na 28ª Bienal, vandalizaram um espaço do prédio da Fundação, projetado em 1957 por Oscar Niemeyer e tombado como patrimônio cultural de São Paulo. Na época, a ação de protesto 66
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contra o sistema “opressivo das galerias” feito pela gangue do artita plástico Rafael Augustaitz resultou em prisões e reacendeu a questão sobre a degradação visual da cidade. Assimilar ao sistema uma expressão artística que encontra seu mote na marginalidade seria uma forma de neutralizar outro episódio de vandalismo na Bienal de 2010? Farias acredita que não. “Não dava mais para negar que o movimento deles merecia ser reconhecido. O que eles fazem e nós odiamos virou objeto de apreciação lá fora. Esses artistas estão expondo na França e são criadores excepcionais de fontes. Mas eles nunca vão ser assimilados. Sua base ideológica é basicamente a revolta, é forma sem conteúdo racional claro”, analisa. “Na verdade, chamando os pichadores, corri o risco de eles picharem as obras dos outros artistas, que foi exatamente o que aconteceu com o espaço do Nuno Ramos. Não dá para controlar esses caras”, diz Farias sobre a pichação de Augustaitz: “Liberte os urubu” (sic). A formação crítica Depois de formado em arquitetura, Farias nunca se sentiu atraído pela ideia de construir prédios, mas por um tempo trabalhou no projeto da Cohab paulista, em meados de 1980. “Para qualquer arquiteto, aquilo é o inferno.”
ESPECIAL PERFIS
Interessado por arte e história, entrou para o mestrado em história, na Unicamp. Lá conheceu Walter Zanini, historiador e curador de arte que, em 1984, procurou-o para cuidar urgentemente da parte de cinema da Bienal daquele ano. “Isso com 15 dias antes da abertura. Eu nem sabia o que era ser curador. Minha experiência era comprar ingresso, entrar no cinema e assistir aos filmes. Chamei o Samuel Leon para me ajudar, e o que fizemos ficou tão bom e inovador que na Bienal seguinte ele nos convidou de novo, então com seis meses de antecedência”, lembra. Esse conjunto de experiências levou aos primeiros convites para ser crítico de artes plásticas em revistas como Galerias e Guia das Artes, quando era professor na Universidade de São Carlos. “A partir daí, começaram a surgir convites para participar de júris, onde conheci a Aracy Barbosa, que me convidou para ser diretor de exposições temporárias no Museu de Arte Contemporânea da USP. A instituição tinha perdido o contato com o meio e precisava se situar com os artistas que vinham de fora”, diz ele sobre o período de 1990 a 1992, quando exercitou suas habilidades de curador e conheceu pessoas como Ricardo Ohtake, ex-diretor do Museu da Imagem e do Som e ex-secretário estadual de Cultura. Ricardo convidou-o para criar o Paço das Artes e fazer uma retrospectiva de Nelson Leirner, artista de grande importância, mas então esquecido. Nos anos seguintes, foi curador do Museu de Arte Contemporânea da USP (1990-1992),
da Representação Brasileira da 21ª Bienal de São Paulo (1992), curador adjunto da 23ª Bienal de São Paulo (1996) e da 1ª Bienal de Johannesburgo (1995), curador do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (1988-2000) e participou da seleção e organização de cinco Bienais de São Paulo. “Mas estou cansado de Bienais, quero fazer algo menor e com mais relevância, que possa ser de fato catalisador. Sou macaco velho, por isso me convidam para essas coisas. Mas agora quero fazer as coisas que realmente me interessam”, revela. Poesia em vez de manual Segundo ele, o trabalho de curador, assim como o de um editor, deve capturar de alguma maneira o clima do mundo e traduzi-lo para o público através daquilo que é produzido e mostrado. “Opinião não é análise. No campo do jornalismo, a situação é ainda drástica, pois se pensa cultura como especialidade. Arte não é especialidade. O cara deveria ter aula de poesia, de música, de cinema no primeiro ano, porque é isso que faz a visão de mundo dele. Para construir narrativas melhores, isso faria muito mais sentido”, comenta. “O famoso novo jornalismo de gente como Gore Vidal e Gay Talese é resultado de quem lê Hemingway e Faulkner. Agora o pessoal fica aprendendo manual de redação, isso é uma perda de tempo, uma burrice transcendental. Tem que ler a literatura, que, devidamente metabolizada, é o que vai render manuais de redação. Um curso de poesia valeria mais a pena.”
CRIME OU ARTE? Pichação de Rafael Augustaitz em espaço público da Bienal: acão contra “o sistema opressivo” PLUG 2012
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MUSA Na dĂŠcada de 1970, ela era chamada de esnobe
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Iris está
resfriada Locutora de aeroportos brasileiros desde 1976, Iris Lettieri grava em casa, diz não ter amigas e se recusa a conversar pessoalmente com a repórter por causa de uma gripe Texto Olivia Haiad
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Design Graciela Tocchetto Fotos Arquivo Dedoc Abril
famosa voz do aeroporto está trêmula e é pontuada por uma forte tosse do outro lado da linha. “Estou com muita dor de garganta e tive 39 graus de febre. Não sei quando vou me recuperar de uma gripe dessas, não vou fazer a matéria, desculpe”, afirma, e encerra a conversa. Depois de 14 e-mails, alguns telefonemas e uma ida à portaria do prédio onde ela mora, Iris Lettieri acabava de desmarcar a entrevista que seria feita no dia seguinte, em sua casa. Nas primeiras tentativas, iniciadas quase um mês antes, dizia que não estava com vontade de fazer a reportagem, que o calor do verão carioca iria deixá-la suada, o que atrapalharia a fotografia. Depois de muita conversa, confessou, com a voz ligeiramente embargada: “Fazer foto e dar entrevista é uma merda. Quando eu era jovem e bonita, já tinha que tomar meia garrafa de uísque antes. Hoje não posso mais, por causa da diabetes”. Após
novas negociacões, acabou concordando em atender a reportagem em sua casa. Mas aí veio a gripe e voltamos ao ponto de partida. Dois dias depois, aceitou ser entrevistada – mas só por telefone e depois das 14h, pois enfrentava problemas para dormir por culpa da “maldita gripe”. No mesmo dia da entrevista, faria uma consulta ao pneumologista. Iris Lettieri é dona da bela voz que anuncia voos e dá avisos em aeroportos brasileiros há 36 anos. Foi sua voz “cálida e firme” que deu as boas-vindas aos visitantes na inauguração do Aeroporto Internacional Tom Jobim, o Galeão, no Rio de Janeiro, em 1977, como relata uma reportagem da revista VEJA da época. Os anúncios de Iris são marcados pelo timbre grave e com sílabas alongadas. Suas palavras macias podem soar como um calmante para passageiros com receio de voar, mas nem ela própria ficou imune à fobia de aviões. Iris passou a ter medo de voar aos 65 anos, depois de viajar o Brasil inteiro (para o exterior ela só
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foi a Buenos Aires). Ela atribui isso ao fato de sempre ter se preocupado em guardar dinheiro, pois era filha única e achava que precisaria cuidar dos pais na velhice deles – o que, diz, realmente aconteceu. Iris também declarou, em outras entrevistas, que o medo surgiu depois que ela percebeu que seu “tempo neste planeta está acabando”, e ela achou melhor não arriscar. Segundo a Infraero, a locução de Iris é usada nos aeroportos de Manaus, São Paulo (Guarulhos e Congonhas) e Rio de Janeiro (Galeão e Santos Dumont). O contrato é fechado por licitação. Ela recebe, atualmente, R$ 72 mil por ano. Quem imagina que a locutora está ali pertinho, no aeroporto, está enganado. Nem ao estúdio ela vai. Quando começou o trabalho, ela tinha, de fato, de ir ao aeroporto três vezes por mês para gravar as frases completas dos anúncios. Porém, com a chegada dos primeiros computadores com programas de edição de áudio, o processo mudou. Iris ficou três dias em um estúdio gravando números, nomes de cidades, portões e avisos, com entonações de vírgula e ponto final. Com o material, a máquina passou a fazer as combinações solicitadas pelo operador. Hoje, quando a Infraero precisa de uma nova palavra ou frase, Iris grava em casa, em sua própria mesa de som, e envia por e-mail para o órgão. Não sou parente do Costinha Carioca do bairro do Flamengo, Iris Lettieri Costa nasceu em 1941, filha de José Avelino Costa, um ex-locutor da extinta rádio Cruzei-
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Eu estava mais para Audrey Hepburn, mas a televisão engordava, em média, 5 kg
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ro do Sul, e Josélia Lettieri, uma professora de piano, canto e dicção. O sobrenome Costa foi abandonado no início da carreira, pois ela ficou cansada de explicar que não era parente do humorista Costinha. Desde cedo, foi incentivada pela mãe a ouvir música clássica e ler livros. Seu sonho era fazer medicina. Por vaidade, resolveu estudar dicção e impostação de voz com a mãe. Os professores costumavam elogiar sua leitura em voz alta na sala de aula. Aos 16 anos, foi acompanhar Josélia em um concerto na rádio MEC e pediu para gravarem sua voz, apenas por diversão. Um produtor do programa lhe deu um jornal, ela leu alguns trechos e achou engraçado. Alguns dias depois, o tal produtor a convidou para ser locutora de um novo programa na rádio Metropolitana. Seis meses depois da estreia no rádio, Iris conseguiu uma vaga como garota-propaganda na TV Continental, no Rio. Míope e magra para os padrões da época, ela descobriu-se fotogênica. “Eu estava mais para Audrey Hepburn, mas a televisão engordava, em média, MEDO A dona da voz dos aeroportos já voou por todo o Brasil, mas de repente desenvolveu fobia de aviões
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5 kg”, explica. Em um curto espaço de tempo, tornou-se atriz, apresentadora e entrevistadora. Aos 18 anos, uma mudança: casou-se com o primeiro de seus cinco maridos, o engenheiro Osvaldo Leonardo, e foi morar em Porto Alegre, onde continuou a carreira de locutora e apresentadora. O casamento durou apenas dois anos, devido ao que ela chama de “um caso raríssimo de troca do novo pelo usado”. Osvaldo, 15 anos mais velho, deixou-a por uma mulher de 35 anos, divorciada e com três filhos. Iris não quis receber pensão e voltou para o Rio de Janeiro. A primeira Em 1963, convidada pelo diretor de jornalismo da TV Excelsior, Fernando Barbosa Lima, tornou-se a primeira mulher a atuar como locutora em telejornais brasileiros. Dois anos depois, migrou para a recém-inaugurada TV Globo para apresentar a edição de meiodia do primeiro telejornal da emissora, o TeleGlobo. A partir daí, a carreira na televisão deslanchou, e o sonho de fazer medicina foi deixado de lado. Em uma matéria da revista O Cruzeiro de 1968, Iris é chamada de “a moça séria e esnobe da TV”. A reportagem explica que o público a via como esnobe por causa de sua “pronúncia perfeita”, e que a seriedade era fruto “da convicção de que não é o sorriso que vende o produto, e sim a maneira inteligente de apresentá-lo”. Iris é descrita também como “alegre, boêmia e bom caráter”. A revista afirma que ela não tinha amigas, pois as mulheres não
PIONEIRA Iris foi a primeira mulher a atuar como locutora em telejornais brasileiros
compreendiam suas atitudes. Uma delas era achar uma grande besteira a luta pela igualdade dos sexos e creditar isso à frustração sexual feminina. Em 1970, a publicação fez uma nova reportagem, na qual Iris é chamada de “a menina dos olhos da televisão brasileira” e descrita como alguém que “prefere a solidão
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de sua sinceridade a viver em uma multidão de mentira alheia”. Iris afirma ser uma pessoa simples, que anda sempre com roupas esportivas e sem maquiagem. Ela mora com o quinto marido, o músico Alexandre Dekert, em um apartamento que chama de “meu cafofinho”, no bairro de Botafogo, no Rio. Seus pais já morreram e ela diz não ter tido filhos por opção. Deu tudo certo Pelo telefone, com a voz um pouco mais firme e tossindo bem menos, conta que deu tudo certo na consulta com o pneumologista, está apenas com um resfriado. Iris nunca teve um problema sério de saúde, mas anda incomodada com seu peso, por causa da diabetes. Ela engordou muito depois que parou de fumar, há 15 anos. Eram dois maços por dia. “Eu sou uma mulher gorda. Até os 55 anos, o máximo que cheguei a pesar foi 58 quilos. Mas agora alcancei os 88”, revela. Sua rotina se divide entre os trabalhos de locução e saídas esporádicas. Além da Infraero, ela atende clientes que pedem desde gravações para festas de debutantes até narrações de documentários. A locução só é gravada fora de casa quando é muito elaborada, e Iris não aceita mais viajar a trabalho. Suas diversões são ir ao cinema e a restaurantes (que sirvam mariscos) e caminhar em locais arborizados, como o Jardim Botânico. “Gosto de estar em contato com a natureza. Acho ridículo dar valor a coisas fúteis, babacas, como mostrar que se tem algo de grife”, afirma, e emenda: “Eu tive todas as propostas do mundo de homens ricos, com poder, mas nunca aceitei ter nenhuma relação por interesse”. Iris também gosta de ficar sozinha, em busca de paz interior. Diz não ter amigas. “Tenho conhecidas que dizem que são independentes. Acho que quando você herda todo o patrimônio que tem não é independente. Sinto alegria ao ver mulheres ocupando várias funções na sociedade, mas a maioria faz questão de dizer, como se fosse motivo de orgulho, que não sabe nem fritar um ovo. Eu acho isso idiota, totalmente idiota.” Em sua casa, por exemplo, quem organiza tudo é ela mesma – da faxina ao pagamento das contas. Durante nossa conversa, alguém a chama e ela pede para que a repórter aguarde na linha. Alguns minutos depois, a voz retorna ao aparelho: “Está vendo o que te falei? Meu marido quer comprar um troço pela internet
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Eu tive todas as propostas do mundo de homens ricos, com poder. Mas nunca aceitei uma relação por interesse
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e me pediu para fazer isso para ele.” Alexandre é definido por Iris como uma pessoa que ela adora, mas que é “alérgico” a papelada e administração de qualquer coisa. Sobre as afirmações da reportagem da revista O Cruzeiro de 1968, na qual se diz que ela achava a luta pela igualdade entre os sexos uma grande besteira e sinônimo de frustração sexual feminina, a locutora justifica hoje que o repórter não soube transpor para o papel sua declaração. “O redator não foi muito feliz. Quando falei de frustração sexual, me referi às atitudes da então líder do movimento feminista, Betty Friedan, que era uma mulher muito feia e transmitia uma mensagem de ódio aos homens. O início do movimento feminista foi um tanto ridículo, com queima de sutiãs e esse verdadeiro ódio”, explica. E acrescenta que, para ela, o conceito de mulher independente não está ligado ao sexo, e sim à independência financeira. Já no fim da conversa, Iris afirma ter poucas rugas e poucos fios de cabelos brancos, apesar de “adorar um pé de galinha e uma cabeça grisalha”. Diz ter medo mesmo é da velhice mental. Em seguida, lembra de um episódio que a revoltou. Em uma reportagem na TV sobre greve de bancos, idosos declaravam se sentir prejudicados, pois não sabiam usar o caixa eletrônico. “Não cheguem perto de mim, como já chegaram várias vezes, e me peçam ajuda, porque eu não ajudo. Acho o fim da picada uma pessoa que sabe ler e escrever, que é lúcida, não querer aprender nada. Isso para mim é velhice. Dessa velhice eu tenho medo”, comenta, com a voz mais grave que no restante da entrevista. Fã em família “Você conseguiu tirá-la das tamancas de artista?” A fala mansa do outro lado da linha denuncia as raízes paraenses. André Nunes, primo de Iris por parte de pai, lembra dela como uma garota franzina, com óculos enormes, que era
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PONTE AÉREA Além dos aeroportos Santos Dummont e Tom Jobim, no Rio de Janeiro, Iris também é locutora em Congonhas e Cumbica, em São Paulo
“o cão chupando manga”. A prima era sua confidente e companheira de Rio de Janeiro, onde ele costumava passar férias. “Foi a primeira mulher que vi de tanguinha na praia, era minha Leila Diniz”, declara. “Era alegre, extrovertida e absurdamente subversiva, mas não do ponto de vista ideológico. Era uma porra-louca.” Noites no porão do restaurante Fiorentina, no Leme, onde intelectuais e artistas costumavam se encontrar, marcaram a juventude boêmia ao lado de Iris. Lá bebiam a madrugada toda e só saíam quando o Sol já estava a pino. Nessa época, André era ativista da União Nacional dos Estudantes (UNE) e militante da esquerda. Hoje, aos 73 anos, autodenomina-se um velho comunista e escritor de romances. É dono de um restaurante nos arredores de Belém, capital do Pará, um “lugar de embriaguez e desordem”, como gosta de definir. “Para mim, ela é a cara do Rio. A Iris é o meu Rio.” Velho parceiro na tela Paulo Gil é um senhor de estatura média, magro, calvo e com grandes olhos azuis emoldurados em óculos quadrados, com aro de
metal prateado. Ele dividiu a apresentação de telejornais com Iris nas emissoras Globo, Tupi e Manchete. Os dois formavam uma dupla na época do TeleGlobo. Ele pergunta: “Ela não está mais trabalhando, né? Como está de saúde?” Hoje, aos 77 anos, ele dá aulas de apresentação em TV, locução, direção de comerciais e dublagem em uma escola de atores carioca, em cursos de dois meses que custam até 1680 reais. Não quer mais saber de telejornalismo. “Olha isso aqui.” – entrega um DVD para a repórter – “Dois comerciais em que fiz locução para uma rede de restaurantes de comida chinesa. Levei 4 mil reais. Isso é o que dá dinheiro.” Paulo volta a falar de Iris. Alega não ter muitas lembranças da velha colega da televisão, mas afirma: “Iris era uma criatura fora de série, muito inteligente, querida e superprofissional”. Mostra-se surpreso ao saber que a voz dela ainda é usada em aeroportos e diz que não a vê há muitos anos. “Iris sai pouco, não tem muita vida social.” Ela alcançou a fama graças à sua maravilhosa voz. Hoje, reclusa, parece querer se resumir a apenas isto: uma voz.
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Os 57 alunos foram divididos em oito grupos com missões específicas. Nas páginas a seguir, descubra quais foram esses desafios
TEXTO
DESIGN
VÍDEO INFOGRÁFICO MÍDIAS DIGITAIS
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PROJETOS
MISSÃO
PEDRO KARG
Criar uma competição multiplataforma que recoloque a MTV na experiência do jovem com a música
Adriano Kono
Cleber Facchi
Gabriela Forlin
Débora Zanelato
Luiz Romero
Graciela Tocchetto
Gabriela Azevedo
COMPETIR PARA FAZER PARTE No ON MTV, usuário ganha status e reconhecimento enquanto a emissora se fortalece e expande sua marca Texto Débora Zanelato Design Graciela Tocchetto
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magine ser recompensado por fazer tarefas simples, como ler uma notícia, assistir a um programa de TV ou simplesmente dar checkin quando estiver na balada. E, quanto mais fizer isso, mais status no mundo virtual você ganha – e, junto com ele, pontos que lhe darão 76
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a chance de participar de eventos badalados da MTV, como o VMB, Rock Gol ou Verão MTV. É essa a proposta do ON MTV, uma competição multiplataforma que integra TV, web e celular. O objetivo é fazer com que a emissora volte a ser parte indispensável da vivência do jovem
no mundo da música. “A MTV não acompanhou o boom da internet. Hoje temos de nos fortalecer na web, pois o nosso futuro está nas plataformas digitais”, disse Ricardo Anderáos, então diretor de Mídias Digitais do canal (hoje diretor de Mídias Sociais e Transmídia da Abril).
PROJETOS
INTERAÇÃO O site do ON MTV exibe o perfil e as bagdes do competidor; aplicativo para celular mantém o jogador sempre conectado
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O projeto do grupo MTV não apenas será adotado pela emissora como vai servir de base para outros, ainda maiores, que vão envolver diversas marcas Abril
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Ricardo Anderáos, orientador e diretor de Mídias Sociais e Transmídia da Abril
QUATRO FRENTES Botons são formas de premiação; pontuação relaciona TV, internet, baladas e atividades do cenário urbano PLUG 2012
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PROJETOS
MÃOS À OBRA Apresentadores propõem tarefas aos usuários e códigos que valem pontos são exibidos na programação
RECOMPENSA Jogo inclui TV, web e mobile; conteúdo colaborativo vai ao ar e jogadores são premiados
Junto ao desafio, veio um conceito a ser aplicado: a gameficação – recompensar o usuário pelas atividades propostas. Tal conceito se apropria de mecanismos do mundo dos games para obter resultados – muitas vezes, relacionados à audiência. Para criar a competição, era preciso conhecer o públicoalvo da MTV e o que significava a tal da gameficação. Duas constatações: o jovem muda o tempo todo e gameficar é um verbo que os profissionais da comunicação vão passar a ouvir muito daqui para a frente. O último “Dossiê MTV” (pesquisa qualitativa com jovens entre 12 e 34 anos) apresentou um dado interessante: para 60% dos entrevistados, quem não acessa a internet fica desatualizado e tem grandes chances de não ter 78
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assunto com os amigos. A gameficação também se faz presente sem que a gente se dê conta. Se você usa o Foursquare e fica ansioso para ganhar medalhas virtuais, não está sozinho. Mais de 15 milhões de usuários no mundo são mobilizados pela recompensa. Pronto, você já faz parte da gameficação. É isso: o mundo está cada vez mais conectado. O jovem (e não só ele) quer ver e ser visto, quer interagir, compartilhar, colaborar. A regra do jogo O usuário mostra o quão fã é de algo ou o quanto ele cumpriu de determinada atividade por meio dos botons que recebe. As badges, simples insígnias virtuais, mobilizam a competição. Quatro categorias de pontuação estruturam o jogo e garantem a
bonificação ao competidor: Na Tela, No Agito, Na Rede e Na Rua. Cada uma delas propõe um cardápio de atividades que relacionam a programação da MTV, o consumo de música do usuário, a produção de conteúdo colaborativo e o cumprimento de tarefas do mundo real. Assim, a MTV aumenta sua audiência, amplia a cobertura e ganha seguidores nas redes sociais. O usuário recebe status e premiações reais. Programetes inseridos entre os intervalos da emissora mostram os pontuadores e destacam o conteúdo produzido pelos competidores. Desde o início, a ideia era que o projeto pudesse ser aproveitado na grade de programação. Segundo Anderáos, “o projeto de gameficação servirá para a MTV e para várias marcas Abril”.
Por dentro do mundo Abril
BASTIDORES
Executivos apresentam a Abril Mídia
Jairo Mendes Leal, presidente executivo da Abril Mídia, explicou como a Abril se insere no mundo digital
“Sustentabilidade nos negócios não é esquecer o lado econômico de uma empresa. É buscar o lucro, mas agregar o valor social e o ambiental”, afirmou Fábio Barbosa, presidente executivo da Abril S.A.
Elda Müller, membro do Conselho Editorial, sugeriu que os alunos identificassem seus diferenciais e acreditassem em si
“Vocês são renovação. São a oxigenação do Grupo Abril”, declarou Roberto Civita, editor e presidente do Conselho Editorial, na aula inaugural
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PROJETOS
MISSÃO
Produzir um vídeo que apresente a ideia e a relevância de um site para microempreendedores da classe C
Lucas Rossi
Anna Carolina Priscila Rodrigues Helfer
Luiza Luciana Paschoalick Soga
Julia Nathan Deborah Rodrigues Fernandes Grandinetti
DONOS DE SEUS SONHOS Por trás de um cenário promissor para pequenas empresas, as histórias de quem conquistou o mercado com o próprio negócio
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Texto Luiza Paschoalick e Nathan Fernandes Design Graciela Tocchetto
uando se recebe a notícia de que o projeto que você desenvolverá envolve a classe C e que o tema é microempreendedorismo, a reação pode não ser de empolgação. A princípio, muitos querem um tema que os façam parecer cool na mesa do bar, e alguns
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cruzam os dedos para cair em grupos cobiçados, como SUPERINTERESSANTE, MTV, VEJA e EXAME. Pois bem. Fomos selecionados para o Núcleo Semanais, que produz revistas populares. Nossos orientadores logo nos fizeram perceber que se comu-
nicar com esse público não é tão simples quanto parece. Surgiu o frio na barriga, mas logo tudo começou a ficar muito divertido. Mergulhamos fundo nesse universo e, em pouco tempo, nossas reuniões se chamavam “25 de Março”, “Eike Delícia”, “BBB”, “Largo da Batata”...
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PROJETOS
Além de um belíssimo vídeo, o grupo sugeriu um portal sobre o assunto. Tem tudo para se tornar realidade
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Demetrius Paparounis orientador do grupo e diretor do Núcleo Semanais
MICROEMPREENDEDORISMO Dados estatísticos e histórias reais mostraram quão importante é um site sobre o assunto
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PROJETOS
SÓCIO ONLINE O site Minha Empresa, Meu Futuro ajuda o microempreendedor: traz dicas, cursos em vídeo e histórias inspiradoras de gente que conseguiu realizar o sonho de abrir o próprio negócio
Teríamos de produzir um vídeo que apresentasse como seria um site sobre microempreendedorismo para a classe C e, sobretudo, mostrar o poder transformador do negócio próprio na vida de um cidadão. Cenário favorável Quando se fala em microempreendedor individual – ou MEI, figura criada em 2009 que torna legalizados os empreendedores informais –, pode-se considerar principalmente trabalhadores da classe C. Muitos exerciam suas atividades sem qualquer registro e agora podem formalizar o negócio. O cenário é promissor: prevê a abertura de 3 milhões de microempresas até 2015, segundo o Sebrae. Essas informações, novidades para nós, já eram conhecidas por muitos dos profissio82
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nais a quem iríamos exibir nosso vídeo. Estava claro: apresentar dados não podia ser a essência do projeto. Teríamos de mostrar quem é a nova classe média, o microempreendedor e, ainda, entender quais são seus sonhos e aspirações. Onde essas pessoas buscam informações para abrir um negócio? Do que precisam? Elas mesmas nos responderam. O sonho de crescer Durante as gravações, a equipe conheceu parte da realidade paulista ao visitar lugares distantes do Novo Edifício Abril, em São Paulo. A repórter Anna Rodrigues até trabalhou como balconista no comércio de um de nossos entrevistados. Descobrimos que eles também buscam conforto. São movidos pela oportunidade de inde-
pendência profissional, almejam ser patrões de si mesmos e levam muito a sério o sonho de multiplicar a renda. Para atender a esses desejos, imaginamos como um site poderia abrigar essas informações preciosas. Surgiu o projeto Minha Empresa, Meu Futuro. Seria como um amigo a quem as pessoas recorreriam para saber mais sobre o tema e obter dicas na hora de abrir um novo negócio. De navegabilidade fácil e intuitiva, abordaria dicas de profissionais, minicursos em vídeo e matérias com assuntos motivadores, como casos de sucesso. “Costuramos” os dados estatísticos, incluímos ilustrações e criamos um vídeo que informa e sensibiliza. Como disse o entrevistado Francisco da Silva: “O resultado do negócio foi glorioso, com sabor de vitória”.
BASTIDORES
Para nossa alegria! Entre uma atividade e outra, os cajianos encontraram tempo para se divertir Alunos conferiram como está a construção do estádio do Corinthians, onde será o jogo de abertura da Copa do Mundo de 2014. Cinegrafistas e fotógrafos registraram tudo
Pelos corredores da Abril, sotaques dos quatro cantos do país invadiram a redação do CAJ. “Biscoito ou bolacha?” Os alunos fizeram um vídeo para descobrir qual a palavra certa
Alunos homenagearam as publicações semanais da Editora, como a revista MINHA NOVELA, em uma Edição Especial do Curso Abril
Os modelos (só que ao contrário) Valdir Paparazo Júnior, Edward Pimenta e Adriano Duarte foram capturados pelas lentes dos fotógrafos do CAJ PLUG 2012
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PROJETOS
MISSÃO
Desenvolver um aplicativo second screen multiplataforma que mostra o futebol por um ângulo surpreendente
Bruna Stuppiello
Gabriela Oliveira
Lorena Patrícia Marcel Gonçalves Ikeda Facetto
Tomás Thales Arthuzzi Molina
A BOLA NA VISÃO SUPER O interativo Gênio da Copa traz apostas e palpites sobre os jogos e leva a campo um novo jeito de relacionar conteúdo Texto Bruna Stuppiello, Lorena Gonçalves e Patrícia Ikeda
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riem algo disruptivo. Foi essa a missão dada pelos orientadores do grupo, Sérgio Gwercman e Frederico Di Giacomo. “Como assim?”, todos nós perguntamos. A resposta foi ainda mais difícil de entender. “Queremos que vocês desenvolvam um aplica-
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tivo de second screen.” Nenhum integrante do grupo havia sequer ouvido falar no termo. Mas, como jovens ávidos por produzir e consumir conteúdo, logo percebemos que, apesar do nome estranho, todos nós já vivenciávamos a experiência de “segunda tela” diariamente.
Design Marina Cardoso
Quem nunca entrou na internet para comentar, opinar e discutir o programa que está vendo na TV? Quase todo mundo já assistiu à novela, ao Big Brother e aos jogos de futebol com smartphone, tablet, laptop ou desktop ao lado. Sempre prontos para postar no
PROJETOS
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Criem algo disruptivo e inovador, que faça as pessoas conversarem na mesa de bar
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Sérgio Gwercman, orientador do projeto e diretor de redação da SUPER
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PROJETOS
BOLA NA REDE No Gênio da Copa, o usuário interage com amigos nos jogos e descobre fatos curiosos sobre o torneio
Facebook ou Twitter quem a vilã da história matou, qual BBB seria eliminado e comemorar ou lamentar o gol do Corinthians. Second screen é isso. É o poder de acessar um segundo dispositivo para potencializar aquilo que é visto em uma primeira tela. O que se vê na TV torna-se ainda mais envolvente e emocionante porque é possível obter conteúdo relacionado em tempo real e interagir com outras pessoas. Criando o gênio Entendido o conceito, o desafio seguinte foi definir o produto. Era preciso criar algo inovador sem tirar o pé do 86
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chão – produzir algo que realmente pudesse ser feito. Ou seja, algo surpreendente, mas viável. Resolvemos investir na próxima edição do maior evento no mundo do esporte para desenvolver um web aplicativo: a Copa do Mundo de Futebol de 2014. O próximo passo foi pensar em estratégias que pudessem envolver o leitor da SUPERINTERESSANTE. Foi então que surgiu o Gênio da Copa: um jogo de quizzes e apostas multiplataforma em que o usuário pode se divertir e interagir com os amigos durante as partidas. Ele também descobre dados curiosos sobre várias edições
da Copa e de seus jogadores. Os acertos podem ser compartilhados nas redes sociais, e os amigos do usuário ficarão sabendo os resultados de seus palpites no placar. Para colocar o aplicativo em campo, suamos a camisa. Cada item da criação precisava ser bem estudado. Layout, ícones, funcionalidade, conteúdo e até modelo de negócio nos tomaram muitas horas e noites de trabalho. Era um montão de detalhes, não imaginávamos o trabalho que daria. Em um “amistoso” com os funcionários da casa, o Gênio da Copa fez bonito. Agora, falta entrar em campo para valer.
É conversa de mulherzinha?
BASTIDORES
Um papo inteligente e divertido com as diretoras de ELLE, CAPRICHO e LOLA
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Elas entendem tudo do universo feminino
A gente tem que ter cabeça de administrador e coração de jornalista
— Lenita Assef, diretora de redação de ELLE, sobre como é dirigir a publicação
Não era a revista que oscilava, era você
— Giuliana Tatini, diretora de redação de CAPRICHO, quando perguntada sobre a variação de temas interessantes entre uma edição e outra
A revista quase se chamou Teodora
— Angélica Santa Cruz, diretora de redação de LOLA
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PROJETOS
MISSÃO
Criar um canal sobre o mundo dos games para o site da INFO
Gustavo Assumpção
Laury Bueno
Leonardo Freitas
Daniela Carasco
Julia Rodrigues
Marcel Verrumo
Rogério Pilker
Jaime Mitchell
ENTRE NO JOGO Imagens impactantes, reportagens comportamentais e vídeos são destaques no canal segmentado Info Games
C
Texto Daniela Carasco, Jaime Mitchell e Laury Bueno Design Graciela Tocchetto
inco jornalistas, dois designers e uma fotógrafa. A missão: criar um canal de games para o site da INFO. Orientadora e diretora de redação, Kátia Militello disse que estaríamos livres para pensar o projeto. E agora? Por onde começar? Debruçar sobre pesquisas do mercado de games e
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do perfil dos consumidores foi o ponto de partida. Descobrimos que o Brasil ocupa a quarta posição no ranking mundial de jogadores: são 35 milhões. O gamer tem, em média, 34 anos e passa cerca de 11 horas semanais com o controle na mão. Para completar, 90% deles buscam na internet novidades sobre o tema.
Estavam aí alguns dos motivos pelos quais a INFO precisava investir nesse canal. Como já existem renomados portais nacionais de games, era necessário buscar diferenciais para tornar a nova página atrativa. Pesquisamos o perfil de possíveis concorrentes e buscamos referências em portais internacionais para criar
PROJETOS
INSPIRAÇÃO INTERNACIONAL Imagens impactantes e chamadas diretas são as apostas para atrair os gamers
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A equipe criou um projeto surpreendente com conteúdo e design inovadores. Estamos produzindo as páginas e a previsão para a estreia é em julho
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Kátia Militello, orientadora do projeto e diretora de redação da INFO
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PROJETOS
ANÁLISE DE GAMES Repórteres produzem vídeos e avaliam as novidades no mundo dos jogos
OS QUERIDINHOS Famosos contam seus segredos no mundo dos games: Marcelo Tas adora Angry Birds
um layout cujo destaque fosse o apelo visual, com imagens impactantes e chamadas diretas. O foco de nossa abordagem estaria nos lançamentos e nas reportagens comportamentais, seguindo a nova linha editorial da revista INFO. Resenhas de games também não poderiam faltar. E, considerando a credibilidade do INFOlab (laboratório de testes de produtos tecnológicos), seriam acrescentadas a eles as análises de hardware. A exigência do público por material visual cresceu, a audiência das publicações no YouTube sobre jogos aumentou e o investimento de portais estrangeiros em conteúdos audiovisuais também se multiplicou. 90
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Como formar comunidades é uma característica marcante dos jogadores, o Info Games cria uma forma de aproximar a redação e o público. A proposta foi reforçar o fórum do site e debater mais sobre jogos. Novos tópicos também vão aproveitar temas levantados por matérias para provocar a participação dos leitores. Os assuntos mais polêmicos ganham espaços na home e em páginas de conteúdo. Troca de papéis Um dos maiores desafios dos integrantes foi desenvolver habilidades que, a princípio, não tinham relação com as áreas de atuação de cada um. Jornalistas esboçaram desenhos, designers
programaram, o mídia digital escreveu e a fotógrafa editou vídeos. Para lapidar as sugestões, o grupo contou com o apoio não só de Kátia Militello como também dos outros profissionais da revista. O editor do site, Felipe Zmoginski, auxiliou na hierarquia da home; o redatorchefe, Gustavo Poloni, definiu a viabilidade dos produtos; o diretor de arte, Rafael Costa, o editor de arte, Oga Mendonça, e a designer Yana Parente contribuíram na criação da identidade visual. A repórter Paula Rothman e o produtor multimídia Cadu Silva ajudaram na apresentação e filmagem do teaser que traz os principais tipos de vídeos do canal.
BASTIDORES
Rotina do CAJ Desde o primeiro dia, agenda dos alunos foi lotada
Ap처s receberem as miss천es, os grupos se reuniram com seus orientadores
Conselhos e curiosidades foram anotados no papel, no laptop, no tablet...
Atividades exigiram trabalho em equipe e jogo de cintura para dar conta de tudo
Abrilianos e cajianos se uniram na hora de colocar a m찾o na massa PLUG 2012
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PROJETOS
MISSÃO
Desenvolver um aplicativo de moda para inspirar garotas e expandir a marca no mundo mobile
Camila Torres
Pedro Karg
Marina Cardoso
Mariana Cleber Assunção Pedroso
Luana Kondrat
Letícia Homsi
Michell Lott
A MODA EM SUAS MÃOS Com o Closet Capricho, a garota monta looks, fica por dentro do universo fashion e se diverte Texto Letícia Homsi, Luana Kondrat e Mariana Pedroso
M
ergulhar no universo adolescente é sempre um desafio. Não basta conhecer boas marcas, ter os endereços das lojas mais badaladas da cidade ou saber a diferença entre um escarpim e um meia-pata. É preciso conhecer as leitoras, descobrir seus desejos, 92
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suas inspirações e, principalmente, o que elas querem e do que precisam.
Tentamos entender o universo dessas meninas e criar um produto pelo qual elas pudessem se apaixonar. Desenvolvemos um aplicativo de moda que informa e diverte: o Closet Capricho.
Design Marina Cardoso
Detetives de adolescentes Para descobrirmos quem era a nossa leitora, bancamos os investigadores e fizemos uma pesquisa de opinião pelo Twitter da CAPRICHO. Em três horas, mais de 800 respostas indicavam o perfil dessas garotas: adolescentes apaixonadas por celular
PROJETOS
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Closet Capricho ensina a usar as peças-chave e estimula a garota a montar seu look. E é um prato cheio para possíveis patrocinadores
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Marina Bessa, orientadora do projeto e editora do site da CAPRICHO
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PROJETOS
FASHIONISTA Aplicativo traz peças, acessórios e vocabulário do mundo fashion e permite a montagem de looks incríveis
– há quem diga que é impossível viver sem ele –, fascinadas por moda e tendências e, ao contrário do que muita gente imagina, abertas para aprender mais sobre o tema. Muitas tinham iPhone (quem não tinha queria ter). Era para elas que iríamos falar. Mão no closet Conhecendo nosso público, era hora de desenvolver o projeto: um aplicativo de moda para iPhone que informasse e divertisse a leitora. A equipe agregou funcionalidades, realizou ajustes, desenhou, redesenhou e construiu um produto novo para essa adolescente em constante mudança. 94
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O aplicativo funciona como um grande guarda-roupa inteligente. Um banco de imagens permite à usuária pesquisar diferentes estilos e peças e conhecer verbetes de moda. Ela pode bancar a estilista, montar seus looks e compartilhá-los nas redes sociais. Das anotações em papel para as telas do Macintosh, surgiram os layouts do aplicativo. A criatividade dos designers e os palpites de todos foram fundamentais. A ideia era passar à adolescente o conceito de moda como algo fantástico e expressar a fantasia e o lúdico em cada uma de nossas peças. Baseados em Tumblrs das leitoras e vendo que muitas gos-
tavam de ilustrações, fizemos croquis de aquarela, que remetem ao universo da moda e ao da CAPRICHO. O resultado foi um design fashion e delicado. Essa atmosfera de encanto também esteve presente nos vídeos promocionais da campanha. De novo, a intenção era fazer o público viajar e descobrir que a moda está em todo lugar. A ajuda da orientadora Marina Bessa e os palpites das PhDs em adolescentes Giuliana Tatini e Karol Pinheiro foram fundamentais para criarmos uma ferramenta capaz de estabelecer a conexão mágica entre a moda, a leitora e a fashionista que existe dentro dela.
BASTIDORES
Produzindo revistas Aprender a escolher tipos, pensar em infografia e editar Thomaz Souto Corrêa apresentou uma lista do que fazer (e não fazer!) em uma revista
Alunos de vídeo registraram as palestras e atividades do CAJ e, no fim, produziram um making of do curso Na oficina Tipocracia, cajianos conheceram a história e curiosidades das fontes tipográficas
“Tudo pode ser transformado em um infográfico”, postulou o premiado infografista Luiz Iria (ao centro, agachado) Iria, à direita, e sua equipe deram dicas valiosas aos alunos PLUG 2012
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PROJETOS
MISSÃO
Desenvolver um guia da Olimpíada de Londres usando as possibilidades da revista para o iPad
Paula Jennifer Bustamante Thomas
Tomás Arthuzzi
Olívia Haiad
Julio Lamas
João Mello
Marcos Lôndero
Taísa Szabatura
TOCHA OLÍMPICA NO IPAD Guia Olímpico 2012 para iPad trata das modalidades esportivas “lado B”, da abertura dos Jogos e da cidade de Londres
A
missão inicial era desenvolver um aplicativo sobre os Jogos Olímpicos de 2012 para iPad, baseado no conceito de second screen. Assim, o leitor de VEJA teria em mãos uma segunda tela para ficar por dentro, em tempo real, do que acontecerá em Londres. Uma fonte a ser usada 96
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Texto João Mello
Design Marina Cardoso
simultaneamente com a televisão e que daria a possibilidade de o usuário compartilhar suas informações favoritas. Um projeto em que os universos online e off-line convergeriam para aproximar telespectadores-internautas de todo o mundo. A própria redação de VEJA já tinha uma equipe produzin-
do seu guia para a Olimpíada. Mas tinha um porém: essa era a primeira vez que haveria uma versão da revista exclusiva para uma plataforma digital tão bem estabelecida e, ao mesmo tempo, tão promissora como o iPad. Foi então que nossos orientadores, Fábio Altman e Rafael Correa, nos deram duas opções: a cô-
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PROJETOS
A equipe voltou com ideias e execução de tanta qualidade que, para além do trabalho apresentado, muita coisa será aproveitada na própria VEJA
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Fábio Altman, orientador do projeto e redatorchefe de VEJA
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PROJETOS
MODALIDADES LADO B Tae kwon do, tiro esportivo, canoagem e badminton estão presentes no aplicativo
moda e a instigante. Eles queriam saber se entregavam pautas “mastigadas” sobre esportes que já estariam na versão da própria VEJA ou se gostaríamos de montar tudo do zero. Nunca uma escolha tão fácil: a opção estaca zero. E começamos a nos debruçar sobre o que seria nossa vida nas próximas seis semanas. Nossa escalação era: cinco jornalistas, dois designers e um fotógrafo. Cada pessoa de texto se responsabilizaria por um esporte. Como parte do acordo, as modalidades esportivas presentes em nosso aplicativo deveriam ser as chamadas lado B – não do ponto de vista da beleza e da importância do esporte, mas do (pouco) espaço que a mídia costuma dar a elas. Isso aumentava a chance de nosso material ser incluído no guia que VEJA publicará durante os Jogos, além de ser uma ótima oportunidade para evitarmos a redundância de falar do vôlei e do futebol e termos a oportunidade de conhecer as peculiaridades de outros universos esportivos. Depois de algumas horas de pesquisa, fechamos com os seguintes esportes: tae kwon do, tiro esportivo, 98
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canoagem, badminton e salto com vara – essa última acabaria caindo, trocadilhos à parte. Decidimos que também trataríamos de mais dois tópicos: a cerimônia de abertura (inspirada em Shakespeare e conduzida por Danny Boyle, diretor do filme Trainspotting) e sobre Londres ser a primeira cidade a receber uma Olimpíada por três vezes (1908, 1948 e 2012). O famoso ônibus vermelho seria o pano de fundo da contextualização geopolítica da cidade e do mundo nesses três momentos. Muito além de um guia Durante o desenvolvimento do projeto, um pequeno erro de concepção foi detectado. O típico erro que só é percebido quando pessoas fora do grupo, que não estão contaminadas por vícios do processo de criação, sentamse para conversar e entender o projeto. Quando o coordenador do CAJ, Edward Pimenta, e o diretor de Serviços Editoriais, Alfredo Ogawa, fizeram isso pela primeira vez, alertaramnos de que nosso guia não tinha praticamente nenhuma interação online. Logo, não podia ser
chamado de second screen. Sim, era um guia muito interessante – inclusive esteticamente, com fotos, vídeos e infográficos –, completo e bem alinhado com a proposta de VEJA. Mas não era second screen, era apenas um guia comum. Isso assustou o grupo. Era hora de alterar nosso rumo. E repensar a proposta inicial. Decidimos, então, deixar o projeto enxuto. Recebemos uma pesquisa encomendada pela própria VEJA sobre os hábitos de seus leitores na versão para iPad. Isso nos orientou na concretização do trabalho e nos ajudou a criar interações que os agradassem. Menor do que gostaríamos, mas muito mais viável que o imaginado: um guia olímpico para iPad, discutindo modalidades esportivas menos pautadas e com a interatividade que a plataforma possibilita. Para fechar a missão com “medalha de ouro”, convidamos dois ídolos olímpicos – Giba, do vôlei, e o nadador Gustavo Borges – para serem nossos garotos-propaganda. Em um vídeo de três minutos, eles mostram como funciona o nosso guia olímpico 2012.
BASTIDORES
Para se dar bem na vida Aprender a lidar com a frustração, descobrir seu talento, saber contar uma boa história...
”Acredite e confie em você”, aconselhou Elda Müller, membro do Conselho Editorial “A coisa mais admirável no trabalho de reportagem é a curiosidade do jornalista”, afirmou José Roberto Guzzo, membro do Conselho Editorial
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Reportagem não é só olhar o Google. Fazer reportagem é descobrir o que ainda não descobriram. E é fazer a sua descoberta ir para o Google.
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— Cláudia Vassallo, diretora superintendente da Unidade de Negócios e Tecnologia
4 FILMES SOBRE O JORNALISMO
— Eurípedes Alcântara, diretor de redação de VEJA, elege seus favoritos
Jejum de Amor (1940) Meu Adorável Vagabundo (1941) A Montanha dos Sete Abutres (1951) Ausência de Malícia (1981)
“Quebrar barreiras entre jornalistas e designers é a fórmula do sucesso”, defendeu Sérgio Gwercman, diretor de redação da SUPERINTERESSANTE PLUG 2012
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PROJETOS
MISSÃO
Produzir um webdocumentário para o site sobre a migração de retorno de nordestinos à terra natal
Luiz Felipe Silva
Fábio Edgard Nascimento Matsuki
Inara Negrão
Fellipe Abreu
Anna Luiza Aragão
VOCÊ É O REPÓRTER No webdocumentário Revoada: Relatos de um Novo Nordeste, a reportagem une texto, foto, vídeo e infográficos Texto Edgard Matsuki e Luiz Felipe Silva Design Graciela Tocchetto
“C
aro, você é o mais novo repórter de VEJA.COM. Sua missão é acompanhar um ônibus que sai de São Paulo para a cidade de Castelo, no Piauí, e encontrar um personagem que esteja voltando para sua cidade natal no Nordeste.” Essa mensagem é o ponto de
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partida para que o leitor/usuário conduza sua reportagem/viagem da forma que quiser. Nosso desafio era explorar as possibilidades do mundo digital de forma criativa e eficiente. Essa premissa guiou o projeto do grupo de VEJA.COM: produzir um webdocumentário inovador para
o site. Além de um novo conceito para uma reportagem em vídeo, a proposta se baseava em uma pauta não menos interessante. Deveríamos entender e contar o fenômeno da migração de retorno de nordestinos à terra natal. Desse processo nasceu Revoada: Relatos de um Novo
PROJETOS
APERTE O PLAY Em Revoada, reportagem multimídia no site de VEJA.COM, você recebe uma missão. Para cumpri-la, poderá escolher o itinerário e os personagens
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Foi um projeto bem desenhado, que exigiu bastante tempo de pré-produção e captação. Devido ao pouco tempo para finalizá-lo, não deu para apresentar todo o potencial
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Fernanda Monte Claro, orientadora do grupo e editora de VEJA.COM
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PROJETOS
FIQUE POR DENTRO Infográficos trazem dados sobre a migração de retorno e contextualizam a narrativa
VOCÊ DECIDE Escolha quais perguntas fará ao personagem e em qual ordem
Nordeste, uma grande reportagem que envolve texto, fotos, áudios, vídeos e infográficos. Você escolhe o que quer ver A grande sacada do ambiente web é fazer do leitor, espectador ou ouvinte um agente ativo em sua experiência. Revoada é uma plataforma interativa, na qual o internauta-leitor decide seus próprios rumos no decorrer da reportagem. É convidado a interagir com as histórias de nossos personagens. A reportagem começa em um terminal clandestino em Santo Amaro, São Paulo. De lá saem, todos os domingos, ônibus em direção ao Piauí. E o leitorinternauta é apresentado a José Barbosa, piauiense que morou em São Paulo por oito anos e está de malas prontas para voltar à cidade onde nasceu, São João da Serra. A equipe embarcou no ôni102
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OPINIÃO Você também pode saber o que especialistas falam sobre o assunto
LOCALIZE-SE Um mapa guia sua viagem e mostra quantos quilômetros você já percorreu
bus – que tem o curioso apelido de Buzu do Pikachu – e acompanhou Zé Barbosa pelas 41 horas de viagem até Castelo do Piauí e, de lá, na viagem em um pau de arara rumo ao destino final. No caminho, personagens secundários, como dona Raimunda e seu Eliseu, contam suas histórias. A reportagem também foi a Pureza, no interior do Rio Grande do Norte, na pequena comunidade de Bebida Velha. Nela encontrou José Arimatéia, que voltou à cidade em 2003 e transformou o local com a criação de associações e cooperativas. Além de histórias como essa, o usuário pode, durante todo o trajeto, ouvir especialistas em migração e economistas sobre o fenômeno da migração de retorno. Mais que um documentário convencional, o “webdoc” narra uma história utilizando texto e
material audiovisual, além de belos infográficos. E, mais importante, dá poder de decisão ao internauta-leitor para percorrer diversos caminhos e ter, de fato, uma reportagem singular. Como navegar por Revoada Durante a narrativa, o internauta pode fazer as perguntas que lhe interessam. Ele percorre diferentes caminhos e conhece diversos personagens. Há, nas telas, caixas de texto que contextualizam o usuário e indicam as possibilidades de interação. Em todas as telas, botões fixos podem ser explorados: Mapa Infográfico, Mapa de Destino, Ouvir Especialistas e Texto de Informações. São dados adicionais que dão apoio à história central. Em Revoada, a história é sua. Caminhe, descubra histórias e construa sua grande reportagem. Boa viagem!
From UK to CAJ
BASTIDORES
Workshops com jornalistas britânicos surpreenderam a galera
“A missão do jornalista é deixar alguma pessoa importante brava, todo dia.“ (Ben Hammersley, editor especial da Wired UK)
Durante seu workshop, Sean Ingle, editor de esportes do The Guardian, desafiou os alunos a desenvolverem um produto jornalístico esportivo para web
Gaby Freeman, diretora de foto e vídeo (Condé Nast Digital UK) deu dicas para videomakers e fotógrafos
Alunos apresentaram reportagens multimídia, com muita ilustração
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PROJETOS
MISSÃO Desenvolver grade de programação audiovisual para o site de Claudia e veiculável no portal MdeMulher
Caio Caprioli
Caio Juliane Neumann Massaoka
Natália Luz
Nani Rodrigues
Marília Reis
Paula Abritta
VOCÊ VAI SE VER
TV Claudia traz histórias de superação, making of da revista, receitas e depoimentos emocionantes das leitoras Texto Caio Neumann Design Marina Cardoso
A
pergunta é antiga: “O que querem as mulheres?” A máxima martela na cabeça de todos os homens. E talvez nem elas saibam o que querem exatamente. Para desenvolver a TV Claudia, uma grade de programação au104
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diovisual com veiculação nos sites de CLAUDIA e no portal MdeMulher (que agrega todos os sites das revistas femininas da Abril), era preciso descobrir que assuntos as leitoras da mais tradicional revista feminina do país gostariam de encon-
trar no site da revista. Antes, porém, era preciso descobrir: quem são as leitoras de CLAUDIA? Elas são tudo ao mesmo tempo! Profissionais das mais variadas carreiras, consultoras de moda, conselheiras, mães, esposas, namoradas e por aí
PROJETOS
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É um canal que traz programas para os diferentes momentos da vida da mulher
Adriana Yoshida, orientadora do grupo e redatora-chefe de CLAUDIA Online
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PROJETOS
INTIMIDADE A TV Claudia mostra a rotina, os hábitos, a intimidade e as histórias de superação das próprias leitoras
vai. E o que querem? Nossos orientadores, Kaike Nanne, diretor de núcleo (CLAUDIA, GLOSS, LOLA, LOVE TEEN e NOVA), Paula Mageste, diretora de redação de CLAUDIA, e Adriana Yoshida, de CLAUDIA Online, nos deram as pistas. “Setenta e dois por cento das leitoras reclamam de algo. Elas se sentem endividadas consigo mesmas por terem que assumir diferentes papéis na sociedade. E a revista quer que elas não se sintam culpadas”, disse Nanne. Isso esclarecia o novo slogan que a publicação adotou em seu aniversário de 50 anos: “Ame sua vida”. Esse primeiro olhar sobre a nossa leitora ainda não era o bastante. Precisávamos entender seu comportamento online. Com a ajuda de uma pesquisa 106
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da Abril, descobrimos que 48% das leitoras assistem a vídeos na internet e compartilham os favoritos nas redes sociais. Elas preferem os conteúdos recomendados por amigas. Programação “espelho” Chegamos a um menu que abraçava todos os temas da revista, mas faltava um diferencial. Afinal, muita gente está produzindo vídeos para web: emissoras de televisão, jornais diários, revistas... Embora não existisse um canal exclusivamente feminino na internet, procurávamos um fio condutor que norteasse o conteúdo de nossas produções. E chegamos a ele: transformar as leitoras em notícia. Nos vídeos da TV Claudia, a mulher encontraria sua própria realidade, sua pró-
pria intimidade. “TV Claudia – você vai se ver” foi o slogan que adotamos. Ideia fechada, desenvolvemos três vídeos. No primeiro, mostramos os bastidores de uma sessão de fotos de beleza. O segundo, dentro do canal que chamamos de Inspire-se, dedicado a histórias de superação de mulheres comuns, é um minidocumentário com a modelo Heloísa Orsolini, que enfrenta um câncer com muito otimismo. Por último, um programa culinário no qual, a cada edição, um chef de cozinha de algum restaurante de renome ensina um prato sofisticado e fácil de ser preparado. No fim da missão, percebemos que as mulheres querem ver na TV Claudia suas próprias histórias e se inspirar com elas.
BASTIDORES
Fazendo
arte
Enquanto os palestrantes falavam...
... designers e infografistas aproveitavam para desenhar os melhores ângulos de quem estava no palco...
... os cajianos anotavam as melhores frases e compartilhavam tudo em um Tumblr criado especialmente para o curso...
... e os grupos se preparavam para subir no palco e mostrar que sabem colocar a teoria em prĂĄtica
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Falou, tá falado! Algumas das melhores ideias que circularam durante as palestras do CAJ 2012
"
pelo "Começa começo, vai até o fim e para "
Damos ao leitor o que ele quer saber e o que ele precisa saber. Noventa por cento é o que ele quer saber. E 10% é aquilo que ele ainda não sabe que gosta e nós precisamos mostrar a ele
"
— José Roberto Guzzo, membro do Conselho Editorial da Abril, sobre seu método para escrever boas reportagens
— Roberto Civita, editor e presidente do Conselho Editorial, na aula inaugural do Curso Abril
"
""
Cortar é melhorar
"
— Sérgio Xavier Filho, diretor do Núcleo Motor, Esporte e Turismo, sobre a edição de uma reportagem
Conheça seus pontos fortes e fracos e veja onde faz a diferença. Não olhe para o lado e não queira ser a outra pessoa. Aposte no seu melhor que dá certo!
"
"
número de pessoas que você puder
Pessoas que acham revistas femininas fúteis acham as mulheres fúteis. E quer saber? Eu me lixei 12 milhões de anos!
"
— Lenita Assef, diretora de redação de ELLE, quando perguntada sobre o que pensa de quem critica as revistas femininas PLUG 2012
"
conversar e "Conversar, conversar com o maior
— Elda Müller, membro do Conselho Editorial da Abril
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Vocês não competem mais com outros jornalistas. Hoje, vocês competem por atenção com Angry Birds, Facebook e muito mais...
"
— Ben Hammersley, editor especial da Wired UK
— Cláudia Vassallo, diretora superintendente da Unidade de Negócios e Tecnologia, dando a receita para descobrir a boa história
errada faz a revista dar errado; "Equipe equipe certa faz a revista dar certo. Mas equipe certa também pode fazer a revista dar errado
"
— Thomaz Souto Corrêa, vice-presidente do Conselho Editorial
PERFIL
O curso, de 60 horas distribuídas em 20 semanas, é composto por palestras e debates sobre assuntos relevantes da atualidade brasileira e da gestão empresarial.
Desde sua primeira edição, o curso já contou com a participação de mais de 350 jornalistas
INFORMAÇÕES E INSCRIÇÕES Faculdade de Administração / FAAP-MBA / WN&P Comunicação Tel.: (11) 3662.7270 / 7271 www.faap.br/imprensa Jornalistas: Suelen Rodrigues – suelen.rodrigues@wnp.com.br Fabiana Dourado - fabiana.dourado@wnp.com.br Helena Capraro – helena.capraro@wnp.com.br
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COMUNICAÇÃO
Graduação e Pós-Graduação
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