R E V I S TA D O C U R S O A B R I L D E J O R N A L I S M O 2 0 1 1
O JORNALISMO EM PROFUNDIDADE
Em tempos de 140 caracteres, o 28o Curso Abril de Jornalismo discute se hรก gente disposta a ler (e a escrever) 140 mil
TRANSPORTE
DE CARGAS E PESSOAS
REÚSO
AÇÚCAR
ETANOL
BIOENERGIA
DA ÁGUA
PRÉ-SAL
SEGURANÇA TRANSPORTE DE CARGAS E PESSOAS PÚBLICADEFESA
PLÁSTICO
VERDE
ARENAS
SEGURANÇA
SANEAMENTO ESPORTIVAS EXPORTAÇÃO TERRITORIAL
PÚBLICA
REÚSO
DA ÁGUA
ARENAS MOBILIDADE IRRIGAÇÃO ARENAS
ESPORTIVAS
ESPORTIVAS ETANOL
EXPORTAÇÃO DE BENS E SERVIÇOS
AÇÚCAR
SEGURANÇA DE RESÍDUOS
GERAÇÃO PRÉ-SAL DEFESA DE ENERGIA
AÇÚCAR
DESENVOLVIMENTO
INDUSTRIAL
HABITAÇÃO
ARENAS TRATAMENTO URBANOESPORTIVAS
PÚBLICA
REÚSO INFRAESTRUTURA DA ÁGUA
BENS E SERVIÇOS
DESENVOLVIMENTO
BIOENERGIA VERDE
PLÁSTICO
DE
MOBILIDADE
EXPORTAÇÃO DE BENS E SERVIÇOS
TERRITORIAL IRRIGAÇÃO TRANSPORTE
DESENVOLVIMENTO
INFRAESTRUTURA TRATAMENTO HABITAÇÃO RESÍDUOS DE CARGAS E PESSOAS
URBANO
DE
PLÁSTICO
GERAÇÃO
DE
ENERGIA
VERDE
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SANEAMENTO
PRÉ-SAL
DESENVOLVIMENTO
INDUSTRIAL MOBILIDADE HABITAÇÃO
GERAÇÃOPLÁSTICO
EXPORTAÇÃO DE BENS E SERVIÇOS
DE
ENERGIA VERDE
ETANOL
REÚSO DA ÁGUA
REÚSO
IRRIGAÇÃO
DA ÁGUA SANEAMENTO BIOENERGIA
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REVISTA PLUG 2011
Faróis com máscara negra invocados
Faróis de neblina invocados
MOVIDOS PELA PAIXÃO.
Rodas de liga leve aro 15” invocadas
Ponteira de escapamento dupla invocada
Atenção: colocamos um patinho cuti-cuti neste anúncio para você não se assustar com o visual invocado do Novo Uno Sporting.
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Fundador: VICTOR CIVITA
(1907-1990) Editor: Roberto Civita Presidente Executivo: Jairo Mendes
Leal
Conselho Editorial: Roberto Civita (Presidente), Thomaz Souto Corrêa (Vice-Presidente), Elda Müller, Giancarlo Civita, Jairo Mendes Leal, José Roberto Guzzo, Victor Civita Diretor de Assinaturas: Fernando Costa Diretor Digital: Manoel Lemos Diretor Financeiro e Administrativo: Fábio d’Avila Carvalho Diretora Geral de Publicidade: Thais Chede Soares Diretor Geral de Publicidade Adjunto: Rogerio Gabriel Comprido Diretora de Recursos Humanos: Paula Traldi Diretor de Serviços Editoriais: Alfredo Ogawa
Orientadores: Alexandre Deruiz, Edward Pimenta, Jardel Sebba, Maurício Barros, Thomaz Souto Corrêa Equipe Plug – Arte: Thais Trizoli (edição de arte), Daniela Szabluk, Débora Lovison, Isabela Andrade (designers); Texto: Camila Lam, Daniela Martins, Filipe Pacheco, Gabriela Loureiro, Hebert Coelho, Laura Capanema, Louise Peres, Luciana Galastri, Nathália Butti, Paula Minozzo; Foto: Alexandre Rezende, Fernanda Frazão, Fernando Frazão; Ilustração de capa: Jonatan Sarmento; Revisão: Renato Bacci
CURSO ABRIL DE JORNALISMO 2011 Coordenação: Edward Pimenta Produção e Logística: Wania Capelli Assistência de Produção: Valdir Paparazo Júnior e Eduardo Baum Estagiária: Andrea Queiroz Reportagem: Ismael dos Anjos Design: Willian Knack Infografia: Éber Evangelista e Marcelo Garcia
ORIENTADORES
Carol Hungria, Cláudia Vassallo, Eduardo Mendes, Fernando Ramos, Giuliana Tatini, Gabriela Aguerre, Katia Perin, Maurício Lima, Phelipe Cruz, Renata Deos, Ricardo Anderáos, Roseli de Almeida, Sérgio Zallis, Sérgio Gwercman, Tathi Gaspar, Tatiana Schibuola, Zico Goes PALESTRANTES
Alessandra Kalko, Alexandre Ferreira, André Lahóz, Antônio Carlos Castro, Armando Antenore, Angélica Santa Cruz, Brenda Fucuta, Bob Wolfenson, Carlos Graieb, Carlos Maranhão, Carlos Grassetti, Carlos Neri, Cida Junqueira, Cláudia Vassallo, Cristiane Teixeira, Cynthia Greiner, Diego Escosteguy, Edson Aran, Eurípedes Alcântara, Fábio Portela, Fábio Volpe, Frederico Di Giacomo, Giuliana Tatini, Inês Lima, Jairo Mendes Leal, João Gabriel de Lima, José Carlos Marão, José Hamilton Ribeiro, José Roberto Guzzo, Kika Gianesi, Kiko Nogueira, Laurentino Gomes, Lena Carderari, Lúcia Barros, Luiz Iria, Manoel Lemos, Manuela Novaes, Marília Mello, Marcelo Coutinho, Márcia Neder, Noris Martinelli, Paulo Vitale, Rafael Sbarai, Ricardo Setti, Roberto Civita, Rodrigo Maroja, Rosângela Petta, Sandra Carvalho, Sandra Jimenez, Sérgio Gwercman, Tatiana Schibuola, Thomaz Souto Corrêa ALUNOS Texto: Aline Monteiro, Amanda Denti, Amanda Kamanchek, Aurélio Amaral, Camila Lam, Camila Neves, Cristiane Foroni, Daniela Martins,
Daniela Passos, Daniele Pechi, Ernesto Neves, Fernanda Nascimento, Filipe Pacheco, Flora Paul, Gabriela Loureiro, Jun Yassuda Júnior, Laura Capanema, Louise Peres, Luciana Galastri, Luiza Marques, Nathália Butti, Otávio Cohen, Paula Minozzo
Design: Babi Brasileiro, Daniela Szabluk, Débora Lovison, Denise Del Carmen, Gian Lucca, Isabela Lima, Júlia Giannella, Júlia Lima, Laís Dias,
Nathália Rodrigues, Rafael Quick, Renata Miwa, Thaís Trizoli
Mídias digitais: Alexandre Krecke, Gabriela Zago, Lucas Patrício, Nina Neves, Thiago Araújo, Thiago Barcelos, Victor Vinhal Vídeo: Felipe Bastos, Isabella Infantine, Jackeline Salomão, Marília Marthos, Thais Denardi Foto: Alexandre Rezende, Fernanda Frazão, Fernando Frazão, Hebert Coelho Ilustração/Infografia: Adriana Rosa, Aluísio Santos, Max Monteiro Alunos Internos: Adriana Toledo (Saúde – Texto), Bianca Bibiano (Nova Escola – Texto), Bruno Roberti (Quatro Rodas – Texto), Bruno Xavier (Núcleo Jovem – Design), Erica Martin (Você S/A – Texto), Fernanda Catania (Capricho – Texto), Giuliane Tirabasso (Ana Maria – Design), Nadia Kaku (Núcleo Casa – Texto), Priscila Boffo (Viagem e Turismo – Design), Ricky Hiraoka (Gloss – Texto), Roberta de Donna (Veja – Texto) SERVIÇOS EDITORIAIS Apoio Editorial: Carlos Grassetti (Arte), Luiz Iria (Infografia) Dedoc e Abril Press: Grace de Souza Pesquisa e Inteligência de Mercado: Andrea Costa Treinamento Editorial: Edward Pimenta
Presidente do Conselho de Administração: Roberto Civita Presidente Executivo: Giancarlo Civita Vice-Presidentes: Arnaldo Tibyriçá, Douglas Duran, Marcio Ogliara
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www.abril.com.br
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carta ao leitor
jorNaLISmo jovem, de profUNdIdade
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omecei nossa reunião de pauta perguntando para que serve a PLUG. O editor Maurício Barros respondeu de imediato: “Para falar de jornalismo”. Pensou um pouco e foi além: “Talvez para falar de algo que tem sido muito pouco discutido: jornalismo em profundidade”. Era nossa primeira reunião de pauta sobre esta edição da PLUG. Tão rápido quanto o Maurício teve essa ideia, veio a aprovação unânime: os editores Jardel Sebba e Edward Pimenta, o diretor de arte Alexandre Deruiz e eu decidimos que o tema seria “jornalismo em profundidade”. Tínhamos uma pequena e jovem redação de 66 alunos do Curso Abril de Jornalismo: 23 da área de texto, 13 designers, 7 mídias digitais, 5 profissionais de vídeo, 3 ilustradores, 4 fotógrafos e 11 alunos internos. A
pauta previa um perfil no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, uma reportagem sobre um show de rock, em Bauru, entrevistas sobre jornalismo com cinco jornalistas de notória experiência; para os fotógrafos, um ensaio sobre a avenida Paulista, em São Paulo. Maurício coordenou a redação, ajudado por Jardel, Edward e Alê. O tempo foi curto, até porque todos tinham outros projetos aos quais se dedicar. O jornalismo em profundidade, motivação de todo o trabalho, teve que ser perseguido a duras penas, uma vez que era proibido aparecer com jornalismo superficial. Você tem em mãos o trabalho final, que nos deixou orgulhosos. Nossos jovens jornalistas usaram talento e esforço para fazer esta revista. Parabéns a eles. E obrigado aos colegas que os ajudaram e inspiraram.
THomaZ souTo corrÊa Jornalista, membro do Conselho Editorial da Editora Abril
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apresentação
tempo de fazer maurício barros
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ós, jornalistas, temos o poder de esticar o tempo. Como explicar que a gente consiga fazer tanta coisa diferente, e tudo junto? Algumas vezes isso é um problema, acabamos literalmente arrumando pra cabeça. Na maioria dos casos, porém, como o desta PLUG, é justamente aí que está a nossa “cachaça”, o que alimenta a paixão pela profissão: adoramos fazer coisas novas, botar projetos de pé, produzir, inventar. Todos esticamos o tempo na edição 2011 da PLUG. A começar pelos alunos do Curso Abril de Jornalismo — jovens jornalistas, designers, ilustradores, fotógrafos. A proposta foi produzir a maior parte do conteúdo que você tem em mãos durante o curso, aproveitando a presença física deles no edifício da Editora Abril. Pinçamos um
Da esq. para a dir.: maurício barros, alexandre Deruiz e Jardel sebba.
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grupo para trabalhar mais diretamente na revista, jogamos em suas mãos a batata quente. E eles agarraram. Enquanto assistiam a suas palestras e cumpriam as obrigações relacionadas aos dez projetos, os alunos arrumaram um tempinho para pensar em pautas, discutir conceitos de capa, idealizar um projeto gráfico, agendar e realizar entrevistas e viajar para apurar as reportagens. Eu, o editor Jardel Sebba, o diretor de arte Alexandre Deruiz e o gerente de treinamento editorial Edward Pimenta também cavamos brechas improváveis em nossas agendas e, sob a batuta de Thomaz Souto Corrêa, regemos a orquestra, buscando orientar, esmiuçar as dúvidas, apontar os caminhos. Mas jamais fazer o trabalho. Esta PLUG é o resultado do talento dos 66 alunos do CAJ 2011, muitos deles já devidamente absorvidos pelas dezenas de redações da Editora Abril.
sumário
Um festival de rock. Jovens querendo falar sobre ele. Nasce um novo jeito de fazer jornalismo.
Quatro fotógrafos passaram um dia na avenida Paulista. E enxergaram quatro realidades diferentes.
O diretor de redação de VEJA reflete sobre como fazer uma revista semanal na era dos tablets.
Reflexões sobre jornalismo de quem passou pela grande imprensa, pelo governo e pela academia.
Conheça o que as 66 cabeças pensantes do CAJ 2011 produziram em 36 dias de suor e ideias
10 18 28 44 48 52 56 60 64 106
reportagem
Tudo por todos perfIL
A voz do morro eNSaIo fotogrÁfICo
Na Avenida eNtrevISta
Alberto Dines eNtrevISta
Eurípedes Alcântara eNtrevISta
June Carolyn Erlick eNtrevISta
Eugênio Bucci eNtrevISta
Ana Maria Bahiana mão Na maSSa
Os 10 projetos do CAJ fIm de papo
J. R. Guzzo
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tUdo por todoS
Unindo interesse jornalístico e espírito coletivo, estudantes fazem cobertura de festivais de cultura independente e apontam novos caminhos à imprensa TEXTo GABRIELA LOUREIRO E LAURA CAPANEMA DEsiGN THAÍS TRIZOLI FoTos ALEXANDRE REZENDE iLusTraçÕEs RAFAEL QUICK
Fotógrafos se alternam na função de espectador para registrar as apresentações da seletiva Grito rock, no Jack music Pub, em bauru (sP).
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Em uma sala de imprensa improvisada, formada por alguns computadores, uma mesa e muitos colaboradores, o conteúdo que alimenta o blog é criado, regado por muita criatividade.
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ão os primeiros 15 minutos do dia 27 de fevereiro em Bauru, no interior de São Paulo. A banda Estação Primeira de Bluseira acaba de subir no palco do Jack Music Pub para dar início ao segundo dia da seletiva para o Grito Rock (festival que ocorre entre fevereiro e março em mais de 60 cidades da América Latina). Renan Simão, estudante de jornalismo de 21 anos, já está no meio do público com seu bloquinho de anotações, enquanto Mariana Duré, de 18, regula as lentes
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da máquina fotográfica. Em seguida, outros dois meninos aparecem com uma filmadora. “Vai mais para trás, você tem que mostrar todos os integrantes da banda”, diz Diogo Azuma, de 21 anos, para o colega. Perto deles está Bruno Ferrari, de 19 anos, que se revezava entre as funções de fotógrafo e repórter. Com a câmera na mão, escrevia num caderninho preto, tentando driblar a escuridão da plateia. Quem seriam eles? Jornalistas profissionais ou apenas jovens registrando o evento? Nem uma coisa nem outra. Era a equipe responsável pela cobertura colaborativa do festival.
Diante de uma realidade que permite que a informação seja transmitida em 140 caracteres e qualquer um possa criar um blog, não há nada que não vá parar na tela do computador, do celular ou do iPad. Logo, será que ainda é preciso estar inserido na mídia tradicional para se fazer jornalismo? Partindo desse contexto, a iniciativa de grupos que cobrem eventos e utilizam o maior número de ferramentas possível para divulgar uma informação nasceu de forma espontânea. “Acho fundamental que eles tenham consciência de que jornalismo exige colaboração, não
pode ser estático. Isso é fantástico, é a união de liberdade com pluralidade”, diz Olavo Barros, 21 anos, participante da cobertura colaborativa do festival. A PLUG foi conferir de perto, em Bauru, como funciona esse novo tipo de cobertura.
#Comofaz? A cobertura colaborativa ainda é pouco conhecida no Brasil, mas está sendo disseminada em festivais de cultura independente, produzida por grupos que buscam ganhar experiência, enriquecer o currículo e contribuir para que esse cenário se fortaleça. Cada membro da equipe leva o próprio material para cobrir o evento. Vale câmera fotográfica e mini-DV, notebook, microfone, gravador e até o bom e velho bloquinho. Todos os participantes têm liberdade de escrever ou filmar de acordo com seu estilo, e quem estiver disponível faz a edição (quando necessária). E
sempre há um responsável pelo que está sendo produzido e divulgado. Assim funcionou com Renan, Mariana, Diogo, Bruno e Olavo, que foram escalados para cobrir o evento de Bauru com outros oito colegas. Para quem quer entrar nesse universo da colaboração ou aprimorálo, já há um manual: é o #comofaz cobertura colaborativa, da jornalista Andressa Quadro. Ela participou de uma das primeiras iniciativas no Brasil e lançou seu passo a passo como trabalho de conclusão de curso. “O que defendo é que se utilizem recursos básicos do jornalismo, como fontes e descrição dos acontecimentos, para tornar o material mais digno de credibilidade. É como se a cobertura colaborativa buscasse no jornalismo ferramentas que a caracterizem como um veículo de comunicação”, explica. Em 26 de fevereiro, a cobertura da Seletiva Grito Rock tinha três estu-
dantes de jornalismo e um jornalista responsáveis pelos textos; cinco estudantes de artes e jornalismo pelas fotos, mais dois no comando da parte audiovisual e um “twitter man”, que atualizava quatro perfis ao mesmo tempo sobre o que acontecia no evento. Todos estão na casa dos 20 anos. Eles não têm um editor, mas um coordenador, Gabriel Ruiz, que organiza as atividades. “Mas ele não nos diz o que fazer nem como devemos fazer”, explica Laís Semis, aluna da Unesp de Bauru. Bruno Ferrari, por exemplo, fez uma espécie de blog “gonzo” sobre o festival. Ruiz conta que, quando Ferrari perguntou se podia incluir em sua cobertura que fumou maconha e que curtiu muito um show, o coordenador respondeu afirmativamente. Com tal liberdade, muitos falam mal das bandas e criticam o comportamento do público. Não há restrição de tema, da menina que beijou dois homens no mesmo
a CobertUra CoLaboratIva em 5 paSSoS 2.
1.
Alguém divulga um evento e outros decidem cobri-lo: forma-se um grupo de trabalho. Geralmente com quem já tem interesse no assunto.
Do grupo, um coordenador fica responsável por administrar o tempo, o fluxo e a produção do trabalho a ser feito.
3.
O grupo escolhe suas armas, ou ferramentas: Dropbox, Blogspot, Picasa, Megaupload, 4shared, Google Docs, Wordpress...
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dia à guitarra que estava desafinada, passando pela vocalista que mais queria aparecer do que cantar.
Eco o quê? Todos os estudantes integram o Ecolab, organização interessada em fazer cobertura colaborativa nos eventos promovidos por um coletivo chamado Enxame. Tudo que eles produzem vai para um blog (ecolab.blogspot.com). Coletivos são conjuntos de produtores culturais que atuam de forma independente. Existem 46 deles no país, ligados por um coletivo maior, chamado Fora do Eixo. Funciona como uma rede que segue uma carta de princípios. Nem todos fazem coberturas colaborativas, mas todas as coberturas realizadas nesses moldes foram coordenadas por essas organizações. Os participantes da cobertura não precisam necessariamente fazer parte do coletivo,
mas sua produção, em geral, vai parar também no portal do Fora do Eixo, que estende, assim, esse conteúdo para outros pontos do país. Cada participante do processo tem um interesse diferente. No caso da Seletiva Grito Rock de Bauru, que acompanhamos, as bandas tocaram (de graça) para divulgar suas músicas, os estudantes ganharam experiência, os coordenadores receberam uma parte do lucro da bilheteria, o pub lucrou com os ingressos e o público, por sua vez, ganhou mais uma festa na cidade.
Iniciativa-modelo Para criar o E-colab, em setembro de 2010, Gabriel Ruiz buscou referência em outros projetos, em especial a cobertura coordenada pelo coletivo Macondo, de Santa Maria (RS), que ele define como “a maior cobertura simultânea (na internet) de um evento sobre arte independente”. O even-
5. 4.
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Hora de dividir funções: quem escreve, quem fotografa, quem edita, quem filma, faz podcasts e atualiza o Twitter da cobertura.
to era o Macondo Circus 2009, que utilizou recursos de lei de incentivo à cultura para realizar um festival de múltiplas artes em praça pública. Os organizadores do festival chamaram Fernando Krum, engenheiro elétrico e mestrando em audiovisual, para comandar a cobertura. Krum já havia participado de uma tentativa parecida meses antes, durante o Fórum Independente de Software Livre (FISL) em Porto Alegre (RS). E que não deu certo porque não havia número suficiente de pessoas interessadas. Já em Santa Maria, cidade universitária com dois cursos de jornalismo, havia estudantes que queriam escrever, fotografar e fazer barulho na internet. O primeiro passo foi chamar conhecidos que se interessariam em participar — e pedir a eles que passassem a informação adiante. O boca a boca atraiu 30 estudantes e recém-formados de várias áreas para a cobertura, que, como exigia
Mãos à obra: com o evento rolando, cada um assume seu posto e sua função.
a todo momento chegam bloquinhos com informações dos shows e câmeras fotográficas com os cartões cheios para a edição, que ocorre rapidamente.
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comprometimento, foi feita por apenas 18. “Incentivamos bastante o pessoal a participar. Não existia a figura do editor, mas cada um lia o que o outro estava escrevendo”, conta Krum. Devido aos incentivos fiscais angariados pelo Macondo Circus, foi montada uma infraestrutura rara em coberturas colaborativas. Havia uniforme e credenciais, além de tíquetes para o jantar. O coletivo Macondo se estabeleceu, agregou membros e expandiu o número de eventos realizados. Além das pessoas que continuam no coletivo, estudantes de comunicação participam anualmente: os veteranos chamam os calouros para ocupar seus postos na cobertura, estabelecendo a rota-
tividade de participantes. Jornalista especializado em cultura pop e blogueiro, Lucio Ribeiro é frequentador de grandes eventos de música no Brasil e no exterior. Quando não pode estar, aciona uma equipe. Depois, filtra, edita e publica em seu site. “Antes o jornalista era o dono da informação, o profissional estava por cima e o leitor embaixo. Hoje estão todos na mesma linha. Qualquer um que passa uma informação já é um novo jornalista”, afirma. Ele conta que a maioria dos sites oficiais de festivais de música internacionais, como o Lollapalooza e Coachella, nos Estados Unidos, e o Glastonbury, no Reino Unido, já faz uso de fotos e vídeos
que são enviados pelo público. “É um caminho sem volta. Hoje tudo é colaborativo na internet.”
Todo mundo escreve, mas quem está lendo? O modelo chegou à Virada Cultural de São Paulo, em 2008, organizado pelo portal de rádio RadarCultura e pela TV Cultura. Quem estivesse na rua poderia enviar fotos e vídeos diretamente para o Flickr e Youtube, por meio das tags “viradacultural” e “radarcultura”. “A iniciativa foi ótima e a cobertura deu muito certo”, afirma a jornalista Ana Maria Brambilla, mestre em comunicação social pela UFRGS e especialista em jornalismo colaborativo no Brasil. Ela começou
com três computadores e muita disposição, a criação coletiva alimenta a rede em tempo real.
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Da sala de imprensa improvisada se pode avistar tudo. com a ajuda de um sofá para se apoiar, o fotógrafo pode registrar a movimentação sem perder o lugar.
a estudar o assunto em 2003 e aponta a pluralidade de vozes como a grande diferença entre o formato colaborativo e o jornalismo tradicional. No entanto, ela indica o maior problema de uma equipe colaborativa: identificar seu público. “Para dar certo, é preciso estar num ambiente com um nicho especializado, como um blog de música que cumpre a função de noticiar determinado evento musical”, explica. Para um blog que só faz posts sobre eventos culturais de uma cidade de porte médio como Bauru, o E-colab não tem conhecimento específico de quem, de fato, consome o conteúdo publicado ali. Durante o segundo dia da Seletiva Grito Rock, foram registrados 143 acessos. Mas de onde vêm esses acessos? De quem não pôde ir ao show? De quem conhece o evento? De quem estava no show? Não há resposta. A equipe da PLUG conversou com 20 espectadores dos shows para descobrir se eles sabiam o que
aquelas pessoas faziam com seus computadores durante o evento. A maioria respondeu com um olhar de interrogação. Apenas quatro jovens entendiam que eles estavam tuitando e escrevendo sobre o evento em um blog. Duas pessoas imaginavam que eles estariam tuitando sobre o evento, mas não de forma organizada. Ana Maria Brambilla cita o site coreano OhMyNews como outro veículo que não tem claro para que público se destina a sua informação. Criado em 2000, ele foi o precursor do modelo no qual “cada cidadão é um repórter” e passou por uma reformulação justamente pela dificuldade que os criadores tinham para definir quem eram os seus consumidores. Em 2004, foi criada uma versão internacional do portal, em inglês. A dinâmica do OMN funciona com repórteres que se cadastram no site (que inclui até reprodução do passaporte enviada por e-mail ou fax) e se tornam
membros. A partir desse momento, a pessoa está autorizada a enviar matérias, depois que a sugestão de pauta é avaliada por uma “comissão organizadora”. A edição fica a cargo de uma dupla de profissionais, que trabalham para adequar os textos que chegam de todos os cantos do mundo para uma linguagem jornalística padrão. Oficialmente, a equipe do OhMyNews International é composta por cinco pessoas, que recebem cerca de 20 reportagens por semana. Ainda assim, a dúvida comum é como evitar as informações erradas, uma vez que apenas duas pessoas dedicam-se à edição e checagem dos dados. Para Ana Maria, qualquer site de conteúdo aberto fragiliza-se diante do perigo das inverdades. Mas enquanto buscam saber quem é seu público e tentam filtrar as informações, grupos de jovens continuam a experimentar uma nova forma coletiva de fazer uma cobertura jornalística.
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perfil
a voz do morro O adolescente Rene Silva ficou conhecido ao transmitir pelo Twitter a invasão do Complexo do Alemão. Hoje ele encarna o nome do próprio jornal que montou: transformou-se na voz da comunidade TEXTo PAULA MINOZZO DEsiGN THAÍS TRIZOLI FoTos FERNANDO FRAZãO
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rene na laje da redação do Voz da Comunidade. o local fica na Grota, uma das favelas mais perigosas do rio, porta de entrada da invasão da polícia.
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perfil
Família reunida na porta da casa da avó Nanci. rene, sentado à frente, com os irmãos – ao fundo, tio, avô e avó, com a mãe.
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eans, boné, tênis All Star. Nada naquele rapaz que se move pelas vielas estreitas do Morro do Adeus desperta atenção — talvez porque, em um lugar que viveu à sombra do tráfico, parecer discreto seja condição para sobreviver. A única pista é a camiseta do uniforme com a logomarca do governo do Rio de Janeiro: Rene Silva, 17 anos, é mais um aluno do Colégio Estadual Jornalista Tim Lopes, inaugurado no ano passado, nessa que é apenas uma das 12 favelas que formam o Complexo do Alemão, onde se espremem cerca de 100000 pessoas na zona norte carioca. Poucos minutos antes das 7h, ele chega à sala de aula e senta na última fileira, rodeado de meninas que conheceu neste que é seu primeiro ano no novo colégio. E são elas, ao meio-dia, quando é hora de ir embora, que mostram que Rene é tudo, menos um jovem qualquer
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do Morro do Adeus. As meninas pedem que ele tire fotos delas com sua câmera semiprofissional. Quando é a vez de posar junto a Rene, algumas fazem questão de chegar mais perto, numa sugestão de intimidade. O segundo pedido é para colocar a foto no jornal, e logo uma delas reclama que não estava arrumada o suficiente para a foto. “Faltou blush.” O jornal em que as meninas estão ávidas por aparecer é o Voz da Comunidade, onde Rene é repórter. E é também o editor-chefe. E fotógrafo. E diretor comercial. Ele é o faz-tudo da publicação desde que decidiu fundá-la, em 2005, quando tinha 11 anos de idade. Na época aluno da 5ª série da Escola Municipal Alcide de Gaspari, Rene participava dos projetos da rádio e do jornal que o colégio mantém. Fazia parte do grupo de crianças que produzia conteúdo para os dois veículos. Ali apareceu a vocação midiática. Kátia Valeria
Corbacho, a professora responsável pelos projetos (e que hoje dirige a escola), lembra que Rene era um aluno apenas mediano nas disciplinas, mas que demonstrava sinais de liderança e muita força de vontade. Logo surgiu a ideia de ter seu próprio canal de expressão. Rene queria falar das coisas e da gente de sua comunidade. Apontar os problemas de infraestrutura, divulgar ações e eventos de interesse dos moradores. Um poste que ameaça cair. Um beco com lixo acumulado. Um deslizamento iminente. As primeiras edições do Voz eram feitas em uma folha de tamanho A4, que passava por uma revisão ortográfica feita pelos professores, e logo depois eram reproduzidas na fotocopiadora da escola. Seis anos depois de criado, o Voz hoje é um tabloide mensal de 16 páginas, com tiragem de 5000 exemplares, que continua sendo distribuído de graça à população do Morro do Adeus. O jornal tem
motos, pessoas e carros se misturam na movimentada entrada da Favela da Grota, perto da redação, ao cair da noite. a avó de rene não gosta que ele circule por lá, prefere que ele trabalhe de casa.
também uma versão online, que inclui reportagens em vídeo, entre outros materiais exclusivos. Nos primeiros anos de vida do jornal, seu crescimento foi modesto. A ideia de um garoto e sua aventura midiática atraiu a simpatia da comunidade e a atenção de alguns veículos de imprensa. Rene passou a dar entrevistas aqui e ali contando sua história. Mas nada comparado com o que aconteceria a partir da manhã de 28 de novembro de 2010 — o domingo em que a polícia do Rio de Janeiro invadiu o Complexo para tomar dos traficantes o controle do lugar. Naquele momento, Rene viraria, ele próprio, a celebridade local com quem as meninas adorariam tirar fotos.
No front Na maior operação do Estado brasileiro contra os traficantes do Rio de Janeiro em toda a história, Rene se viu em uma condição privilegiada como jornalista: podia relatar o que se passava em tempo real e de dentro do front. Utilizando o Twitter e com a ajuda de dois amigos, ele passou a disparar bombas de 140 caracteres. “Intenso tiroteio neste momento no Complexo do Alemão, gente”, “Os traficantes jogaram uma granada nos policiais! Tenso!” e “Um carro de bombeiro acabou de chegar próximo à rua Joaquim de Queiroz, na Grota!” foram algumas das primeiras notícias postadas naquele dia. E bastou mesmo um dia para
que o Twitter do Voz da Comunidade saltasse de 180 para 20000 seguidores. Pessoas famosas, como o apresentador Marcelo Tas e a atriz Fernanda Paes Leme, divulgaram o canal e a hashtag #vozdacomunidade chegou às primeiras posições no Trending Topics Brasil, espécie de “ibope do Twitter”. Rádios, jornais e televisões passaram a monitorar as informações de Rene e seus colegas, utilizandoas como notícia e base para reportagens e movimentações de suas equipes. “Depois do dia 28 de novembro, ele fez uma revolução no Complexo, o que é muito importante para nós. Tem gente de fora querendo conhecer a comunidade”, diz a moradora Gisele Gulinelli, 28
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perfil
Hora da saída no colégio Estadual Jornalista Tim Lopes. o nome do colégio é uma homenagem ao jornalista assassinado no complexo do alemão.
Na redação reformada após participação no programa Caldeirão do Huck posam (a partir da esq.): renato silva (irmão de rene), Gabriela santos e Jackson alves, primo dele.
anos, dona de uma loja de artigos de festa no Complexo. O rapaz, dono de um jornal minúsculo, viraria então personagem dos grandes veículos de comunicação.
De jornalista a notícia O telefone não para no gancho. Quem liga procura sempre pela mesma pessoa: Rene Silva. Em frente ao computador, ele atende às ligações sem desviar o olhar da tela, enquanto conversa segurando o aparelho entre a clavícula e a bochecha. “Quarta-feira não dá”, diz o rapaz, começando a negociação. Quem está do outro lado da linha é um produtor tentando encaixar o pouco tempo livre de Rene na gravação de algum programa de televisão. Ele desliga o telefone com mais uma entrevista agendada. Dessa vez o compromisso é em São Paulo com
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a TVT, a TV dos Trabalhadores. O convite não o deixa ansioso ou surpreso. Ele apenas comenta em voz alta o compromisso e segue com o que estava fazendo. Nos últimos meses, Rene já esteve em programas como Caldeirão do Huck e Altas Horas, da Rede Globo, e concorreu a prêmios de destaque internacional. O jovem tem contado sua trajetória inúmeras vezes, situação que o deixa entediado por ter de repeti-la a cada entrevista. “Eles já sabem a história, mas querem ouvir da minha boca.” A visibilidade de Rene gerou admiração na comunidade, mas ciúme em algumas de suas lideranças. A cobrança hoje não vem só dos moradores, que procuram o menino como ponte para a solução de toda a sorte de problemas. A atual presidente da Associação de Moradores, Ceinha do Adeus, o define como
uma “joia que precisa ser lapidada”. Ela critica a atuação de Rene na comunidade, cobrando dele mais ações sociais: “Ele deveria ser mais ligado, ou seja, mais ativo dentro da comunidade”. Ceinha conta que já foi proprietária de um bar e cantora de pagode e mantém um centro social que leva seu nome há 27 anos. Em tom de discurso, ela lembra como chegou ao cargo em 2007, por meio da primeira “eleição” do Morro do
dUraNte a INvaSão do CompLexo do aLemão, reNe reLatoU oS fatoS em tempo reaL e de deNtro do froNt
Adeus. Segundo ela, antes era o tráfico quem escolhia os presidentes. Presidente zonal do PMDB, ela se diz “parceirona” do ex-presidente Lula e da presidente Dilma Rousseff, e não hesita em falar sobre conflitos entre a família de Rene e seus companheiros políticos. Ceinha conta que foi acusada pela família de Rene de querer se aproveitar de sua imagem. “Eu só queria ajudá-lo”, rebate.
Um homem de negócios Por trás do Voz da Comunidade está um rapaz de negócios com um planejamento estratégico informal que vem dando certo. Seus conhecimentos sobre administração e jornalismo foram aprendidos na prática. O traquejo para manter o jornal foi adquirido ao lidar com comerciantes e empresários. Foi o próprio Rene, aos 11 anos, quem
correu atrás de anunciantes para o jornal — uma necessidade para que pudesse expandi-lo. Ignorou as fronteiras traçadas pelos chefes do tráfico e desbravou a Grota, principal entrada do Morro do Alemão, em busca de parceiros. A atitude deixava sua mãe, Cristina, nervosa, como ela mesmo admite. Até pouco tempo atrás, as comunidades do Alemão e do Adeus eram dominadas por facções rivais do tráfico de drogas. Entretanto, Rene garante que os traficantes nunca dificultaram seu trabalho como jornalista. “Eles também liam o jornal”, diz Jorge Luiz Passos Mendes, ou J.B., como é conhecido o coordenador-adjunto do AfroReggae, instituição cultural que atua nas comunidades carentes do Rio de Janeiro. Rene, porém, admite que nunca abordou no Voz da Comunidade assuntos relacionados
rene rodeado pelas novas amigas na sede do afroreggae, a oNG que faz trabalhos em várias áreas de favelas no rio de Janeiro.
ao crime organizado. Ele argumenta que seu objetivo é destacar as questões comunitárias e sociais e o tráfico não interessa aos moradores que presenciam sua atuação no dia a dia. Ele diz que era comum traficantes armados, quando o encontravam, o cumprimentarem e o parabenizarem pelo jornal. “Eles me cobravam no caminho para a escola: ‘E aí, cadê o jornal?’.” Rene diz que a exposição na mídia tem ajudado suas negociações comerciais. No começo, conta que sua tática para atrair clientes era cobrar o anúncio só depois de veiculá-lo. A comerciante Gisele Gulinelli, dona da loja Vergis, destaca que Rene a convenceu a comprar anúncios pelos benefícios que eles trariam. “Ele
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perfil
Na comunidade Nova brasília, os donos da loja de artigos de festas Vergis são anunciantes do jornal.
fez a propaganda, mostrou o jornal e falou da questão comercial, disse que divulgaria mais a loja”, lembra ela. “Alguns não acreditavam que o jornal era meu. Agora vários pagam antes mesmo de ele sair.” Rene possui uma tabela de consulta de preços com os valores de cada anúncio ordenados por tamanho. O custo por mês, pela tabela, fica entre 25 e 190 reais. Mas, como ele dá a entender, “tudo é negociável”. Quem primeiro fechou uma cota de anúncios foi uma pequena indústria de uniformes, quase em frente à casa de sua avó. Aloizio José Alves, 46 anos, proprietário da AJA Uniformes, conta que, ultimamente, começou a ser bastante procurado pela imprensa por ser o primeiro anunciante do jornal. O custo mensal para manter sua marca na publicação hoje varia entre 10 e 15 reais. O empresário José Novaes, sócioproprietário do açougue Brasília Carnes, fundado há 27 anos e que
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emprega 13 funcionários em Nova Brasília, comunidade do Complexo, diz ter se sensibilizado com a iniciativa de Rene, que o procurou em 2005 para fechar negócio. Em seu estabelecimento, José recebe e distribui o jornal que, segundo ele, não traz nenhum retorno financeiro. O anúncio de uma página inteira do açougue não tem valor fixo e varia a cada mês, de 50 a 300 reais. Tudo depende de quanto os proprietários estão dispostos a pagar. Com o dinheiro que recebe de cerca de 40 anunciantes, Rene diz que cobre os custos da gráfica e paga a seus três funcionários e amigos uma “bolsa-auxílio” de 200 reais cada um, valor que pode ser reduzido se houver faltas. O expediente na redação é controlado pelo próprio Rene. Os 400 reais que ele diz que sobram são divididos em economias pessoais e destinados a ajudar a família. Para organizar eventos sociais, Rene busca doações pela internet e de comerciantes locais. Aloizio, da AJA, é um
o primeiro a anunciar no Voz, vizinho e conselheiro do menino, aloizio alves, é dono de uma confecção artesanal de uniformes.
dos parceiros que procuram auxiliar o garoto na execução dos projetos. O jovem já organizou ações como uma colônia de férias para crianças do morro, distribuição de presentes no Natal e entrega de chocolates na Páscoa para famílias carentes da comunidade. “Por enquanto, não dá pra viver só do jornal”, diz Rene, que conta com a ajuda financeira da mãe, que é pensionista (o pai morreu quando ele tinha 5 anos).
Em família Quem sente saudade da rotina antiga é a avó, Nanci Rezende Costa, 57 anos. “Ela é minha assessora”, diz Rene, referindo-se de maneira divertida à forma como Nanci guarda recortes de revista e jornais com reportagens sobre ele. Em uma pasta de plástico, ela reúne algumas reportagens, entre elas, a primeira feita sobre o Voz, do jornal Povo de 21 de dezembro de 2005. Diagnosticada há sete anos com lúpus, a dona de casa demonstra zelo ao
rene na casa da avรณ. antes mesmo de ir para a escola, ele jรก liga o computador e comeรงa o trabalho.
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a vista da laje de onde rene tuitou a invasão – helicópteros modelo Pantera do Exército brasileiro sobrevoam diariamente o complexo do alemão.
assessorar e organizar as coisas de Rene. Ela sabe onde tudo é guardado, inclusive as chaves da redação do jornal. Na casa de dois andares e quatro cômodos que se resumem a uma sala, cozinha, quarto e banheiro, moram cinco pessoas — a avó, seu marido e o filho mais novo deles, além de Rene e seu irmão Renato. Na sala, ficam todos os aparelhos domésticos: TV, rádio, ar-condicionado e, na mesa, dois laptops. Ligar o computador é a primeira coisa que Rene faz quando chega à casa da avó. Na volta da escola, ele nem sequer tira a mochila das costas antes de mexer no laptop. Rene dorme todas as noites no sofá da sala, que não comporta seu corpo com as pernas esticadas. A mãe, Cristina, diz que a casa de Nanci, a alguns metros da sua, tem mais espaço para os meninos. Rene não tem preferência entre as duas “porque ambas têm internet”.
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Na estante, veem-se recordações da família, inclusive uma foto do adolescente nos estúdios da TV Globo, aonde foi gravar um depoimento para a novela Viver a Vida, de Manoel Carlos. “Nem gostava da novela e assistia todas as noites para ver se ele aparecia”, diz a avó, ao citar que o trecho não foi ao ar. Na parede da sala, quadros com frases e imagens religiosas evidenciam o ritual dos domingos: ir à igreja, lugar onde Rene passa em média duas horas nos cultos. Sua mãe também é religiosa, mas frequenta outra igreja da comunidade. Desempregada, ela divide sua atenção com mais dois filhos, Renato e Raquel, que é filha de um segundo casamento. As atividades de lazer do jovem carioca se resumem a ir à escola, frequentar o shopping da região e encontrar os amigos da comunidade ou seus colegas de jornal. Funk e pagode “não são sua praia”.
Sua banda favorita é a de rock teen NxZero. A mãe “agradece a Deus" que o filho não vai a balada, e o fato de ele dizer que não consome bebidas alcoólicas também é um alívio.
Voz que não quer calar A redação do Voz é um espaço cedido pelo AfroReggae no Morro do Alemão. A parceria com a instituição começou com a insistência de Rene em conhecer os membros do grupo AfroReggae. José Junior, fundador e coordenador executivo, recebeu mais de 1000 mensagens do garoto via Twitter. “Se o Rene quiser ir ao Japão, ele vai”, acrescenta J.B., sobre o poder de convencimento do jovem. Para chegar até a redação é preciso fôlego para subir as dezenas de escadarias do Morro do Adeus. A vista é privilegiada e a instalação fica próximo da estação de teleférico, ponto onde duas bandeiras, do estado do Rio e do Brasil, foram hasteadas no
Novo cotidiano do complexo do alemão: menino brinca diante das tropas de pacificação do Exército que patrulham a região
dia 28 de novembro, marcando a ocupação militar no Complexo do Alemão. Em dezembro, o programa de Luciano Huck, com o apoio de empresas, presenteou Rene com uma redação novinha em folha, que inclui mesas, cadeiras, computadores, filmadoras, máquinas fotográficas e um pequeno estúdio. A estrutura acomoda bem os três repórteres — a amiga Gabriela Santos, 13 anos, o primo Jacskon Alves, 14, e o irmão Renato Silva, 15. O espaço é colorido e o primeiro ambiente tem uma mesa de trabalho e outra de pebolim. Já no estúdio de fotografia, o amarelo vivo das paredes contrasta com o tom escuro das casas no morro, visíveis pela janela de vidro. Nos dois dias em que a PLUG esteve no Complexo, Rene passou pouco tempo por lá, não mais que duas horas. Ele dedicou as tardes a organizar seus compromissos, dar entrevistas e editar o jornal na mesa da sala da casa da avó. Mas ainda assim não deixou de controlar o horário de seus repórteres. “Ele é um bom chefe”, afirma Jackson. Gabriela completa: “Exigir faz parte”. Rene conta que exige, sim, e muito. Cada repórter deve produzir de duas a três reportagens por dia. Existem, também, correspon-
dentes de outras comunidades do Complexo que, periodicamente, fornecem material para o jornal. Além das reportagens, também é preciso usar o Twitter para informar o que acontece dentro do morro. E não só aos moradores. As autoridades acompanham o Voz da Comunidade. Ele chega a dizer que “99% dos problemas relatados são resolvidos”.
Com o dINheIro de 40 aNUNCIaNteS, reNe paga a grÁfICa e dÁ Uma boLSaaUxíLIo a SeUS trêS fUNCIoNÁrIoS
Além de chefe, Rene é uma personalidade de seu próprio jornal. Seu nome aparece várias vezes e em alguns casos, como no exemplar de novembro, ele é o modelo de um anúncio de duas páginas de uma operadora de celular e personagem de uma matéria sobre o Festival do Rio, reproduzida da revista Veja Em março, ele conquistou o Shorty Awards, prêmio internacional que é uma espécie de “Oscar” do Twitter, que premia as inovações na rede. E seu número de seguidores no microblog não para de crescer: o @vozdacomunidade, no momento em que essa reportagem é escrita, tem 56 000 seguidores.
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Na aveNIda Um carioca, um mineiro, uma paulista do interior e um paranaense. Os quatro fotógrafos da PLUG passaram um dia na avenida-símbolo de São Paulo, a Paulista, e voltaram com visões bem peculiares da cidade e de sua gente
Fernando Frazão Alexandre Rezende Fernanda Frazão Hebert Coelho
FoTo FERNANDO FRAZãO
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ferNaNdo frazão De um olhar incomodado, interpretado nos incontáveis reflexos de prédios espelhados, surge um jogo de adivinhação. A estranheza das formas brinca com a noção de realidade de quem vê, altera a física, tira da forma a arquitetura calculada da rua e questiona: o que é reflexo, o que está torto, o que é real?
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aLexaNdre rezeNde A cidade invisível existe no não-lugar, trecho pelo qual passamos e onde habitam seres igualmente invisíveis. São pessoas que vivem escondidas pela indiferença ou por trás de capacetes surrados que carregam a marca das poucas vezes em que foram vistos, caídos em algum cruzamento da avenida Paulista.
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ferNaNda frazĂŁo Na avenida mais movimentada da cidade, busquei retratar o meio que, literalmente, carrega as pessoas, em idas e vindas incessantes. Muitos veem suas vidas passar por letreiros de destino; outros, nem vĂŞ-las conseguem.
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hebert CoeLho Captar o olhar de quem vê, de dentro para fora, de fora para dentro. As janelas dos ônibus que passam pela Paulista recortam uma realidade, trazendo à tona a tensão do que está na rua, sem revelar o fim da história.
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Alberto Dines
a profUNdIdade eStÁ No ImpreSSo
A
lberto Dines foi repórter da revista visão e diretor-assistente da manchete. Trabalhou no Jornal do Brasil, editou o Última Hora, dirigiu os Diários Associados e a sucursal da folha de s.paulo no Rio de Janeiro. Como secretário editorial do Grupo Abril, em 1983 participou da criação do Curso Abril de Jornalismo. É fundador e coordenador do site Observatório da Imprensa. TEXTo NATHáLIA BUTTI FoTos ALEXANDRE REZENDE
como você descobriu a vocação para o jornalismo? Eu não descobri. Meu negócio sempre foi cinema, meu sonho era ser documentarista. Mas o cinema brasileiro era muito precário na década de 1950, então me ofereceram uma vaga para ser crítico de cinema na revista A Cena Muda. Quando a revista Visão, que é uma precursora de VEJA, surgiu no Rio de Janeiro, eles precisavam de um repórter para assuntos culturais e me chamaram. Do alto dos meus
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20 anos, não tive dúvidas: trabalharia na revista, com salário garantido, e depois ia pensar em cinema. Não cursei jornalismo, mas fui me deixando levar e descobri que, no fundo, as atividades são muito semelhantes. Ambas exigem visão generalista e vontade de entender o mundo, de colocar tudo no lugar. Qual é sua opinião sobre a obrigatoriedade do diploma? O jornalismo é uma profissão que existe há 2000 anos, não é algo que
se aprende por osmose. Sendo uma profissão, ela tem de ser, de alguma forma, regulamentada — por meio do diploma ou de uma Ordem dos Jornalistas, que seria como funciona a Ordem dos Advogados do Brasil, por exemplo, na qual é preciso fazer um exame para checar a aptidão. Tem de haver um estudo sistemático, sim, na graduação ou na pós. Acredito que podemos abrir a graduação, atrair o profissional com ampla base que gosta de jornalismo e fazer dele um jornalista.
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o jorNaLISmo tem qUe Ser, de aLgUma forma, regULameNtado — por meIo do dIpLoma oU de Uma ordem, Como a oab fUNCIoNa para oS advogadoS Qual foi a reportagem mais marcante que você fez? Em 1958, fiz uma matéria com descendentes de quem havia vivido a Segunda Guerra Mundial. Localizei uma aeromoça cujo pai, alemão, foi linchado na Praça Mauá, no Rio de Janeiro, quando o Brasil entrou na guerra contra a Alemanha. Peguei gente de toda espécie e montei um panorama da guerra só com os descendentes. A matéria ficou muito bem construída. Gostei porque isso é jornalismo, mas também é cinema. Teve outra que me marcou em 1955, quando houve um contragolpe para permitir a posse de Juscelino. O clima era de tensão. Então, reuni os maiores humoristas do Rio — gente como Millôr Fernandes e Carlos Estevão — para tomar chope. Eles desenharam uma capa conjunta e eu escrevi uma matéria sobre o humor político brasileiro. O título era “O golpe é rir”. Gosto de matérias analíticas. Nunca fui da banalidade, o negócio do lead quadradinho não era comigo. E como surgiu o site observatório da imprensa? Na década de 1990, tínhamos um laboratório na Unicamp, o Labjor, de estudos avançados em jornalismo. Uma das conclusões, minha sobretudo, era que o debate sobre
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a imprensa não podia ficar circunscrito nem à academia nem aos sindicatos, tinha que ir para a rua. O usuário da informação tinha de discutir como aquela informação chegava até ele. Mas faltava viabilizar a proposta. Então um dos nossos companheiros, o Mauro Malin, sugeriu: “Vamos fazer isso na internet”. Achei uma grande ideia porque não custava nada, só precisávamos de um provedor. Então, em 1996, o UOL nos hospedou, o que nos deu uma visibilidade formidável. Depois, mudamos de provedor e fizemos também uma TV e um rádio. A nossa verba do site vem de poucos e discretos patrocinadores. Você foi o primeiro a usar a expressão “imprensa marrom”. como ela nasceu? A história é folclórica. Em 1959, eu trabalhava no Diário da Noite e soubemos do caso de um rapaz ligado ao cinema que havia cometido suicídio, mas descobrimos que ele havia sido chantageado por uma revista de escândalos, acho que tinha a ver com homossexualismo. Essas revistas fotografavam festas, sobretudo o carnaval, e chantageavam os envolvidos depois. Escrevi a manchete “Jovem cineasta se suicida por causa da imprensa amarela”, algo assim. A expressão “imprensa amarela” é
universal, vem do yellow press, que é o grupo de jornais de escândalo norte-americanos do fim do século 19, um jornalismo inteiramente irresponsável. Chamaram de amarela porque havia um caderno de quadrinhos em papel amarelo, e o nome pegou. Pois bem, nesse momento passa atrás de mim o chefe de reportagem, o já falecido Calazans Fernandes, um tipo extraordinário. Ele, que era do Rio Grande do Norte, falou: “Poxa, mas amarela? Na minha terra, amarelo é cor alegre. Põe marrom aí, cor de merda”. Aí colou. Fizemos uma campanha forte contra essa imprensa marrom e conseguimos acabar com as revistas. Você foi o grande responsável pela remodelação do Jornal do Brasil, uma referência de bom jornalismo dos anos 1950 aos 1980. Por que você saiu de lá e como foi assistir ao fim do Jornal do Brasil? Fui demitido porque escrevi uma crítica no Observatório da Imprensa sobre uma manchete do JB que favorecia [o ex-governador do Rio] Anthony Garotinho, evidentemente comprada. Quanto ao fim, eu já esperava, não houve a menor surpresa. Desde que o Nelson Tanure ficou com o jornal, sabia-se que ele ia repetir o que fizera com a Gazeta Mercantil. Ele era especialista em comprar esqueletos e ressuscitálos, o que considero legítimo, mas é preciso gostar do metiê. Ele não gostava, não lia. o que falta para termos um jornal modelo no brasil? Falta gente querendo fazer e empresários querendo investir. E, sobretudo, acreditar, porque o que está
Nonononon nononononononon nnononononon nonononononn
“Gostamos de jornais impressos periódicos durante 400 anos, e não vamos abrir mão disso”, afirma alberto Dines.
acontecendo é que empresários e jornalistas perderam a fé na profissão. Quando um empresário diz publicamente que, em 40 anos, o veículo dele vai desaparecer porque estará todo na internet, está anunciando a morte. É possível que um veículo sobreviva só na internet? Eu acho que a admissão de que o jornal impresso vai acabar é perigosa. A plataforma da internet obriga que o tipo de jornalismo seja completamente diferente. As reportagens online não têm tanto fôlego porque a internet é fluxo contínuo. Você liga agora, tem uma notícia. Daqui a meia hora, outra. Mas o jornalismo que conhecemos, tradicional, é periódico, tem hora pra fechar. O acontecimento tem de ser apresentado com princípio, meio e fim. O jornalismo digital não pode
ser costurado como o tradicional porque a internet não tem hora. Então o impresso não está com os dias contados? Acredito e espero que ele não vá acabar. Eu pego o jornal espanhol El País, que recebo uma vez por semana, e leio com enorme prazer. O
a INterNet obrIga qUe SeU tIpo de jorNaLISmo Seja CompLetameNte dIfereNte, Sem taNto fôLego
ser humano é muito avarento, não abre mão das coisas boas que inventou. Veja os navios à vela, a pólvora... As pessoas aprimoram o uso, mas não largam. Gostamos de jornais impressos periódicos durante os últimos 400 anos, e não vamos abrir mão disso. Nessa discussão entre impresso e online, você acredita na convergência das mídias? Acho que não. Você não vai poder integrar o impresso, a notícia vai ficar na linguagem de internet, onde você tem o apelo de ler depressa, de acompanhar só as novidades. Pode ser que o tablet signifique essa convergência total, mas acho difícil, porque você não vai ter tempo de ver tudo o que pode ser oferecido. Você vai ter que ser editor de si próprio e isso toma muito tempo. O leitor comum não é um jornalista.
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Eurípedes Alcântara
o qUe me INtereSSa é a NotíCIa
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urípedes Alcântara está há 30 anos na redação de VEJA, da qual é diretor desde março de 2004. Começou como chefe de redação da sucursal de Belo Horizonte, foi correspondente em Nova York e seguiu como editor assistente, editor, editor executivo, redator-chefe e diretor-adjunto da revista. Antes, foi chefe de reportagem do jornal o Globo na capital mineira.
TEXTo FILIPE PACHECO FoTos FERNANDA FRAZãO
Hoje o leitor de VEJa se comunica com a revista de forma muito mais fácil que no passado, por email ou pelo Twitter. isso mudou a forma como a revista é pensada semanalmente? Não. O feedback que você tem do seu leitor é muito grande. As novas tecnologias permitem que isso se dê em volume e velocidade muito maiores. Mas as angústias e as aprovações dos leitores são absolutamente as mesmas de quando eu comecei. VEJA estabelece uma espécie de
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contrato social. Quando você coloca a Angélica e o Luciano Huck na capa e há uma revolução acontecendo no Egito, muitos leitores nos cobram: “Assino a VEJA justamente porque é uma revista séria, ligada em assuntos importantes”. Essa cobrança é histórica. Mas é como uma briga familiar, não significa um rompimento. Significa apenas a decepção de alguns, em geral a minoria. o Twitter da revista é bem atuante. Por meio de plataformas como
essa, ela fala com um público que não é tão próximo da revista, ou que ela desconhecia? Sem dúvida. É um diálogo muitas vezes de surdos, porque é travado sobre conceitos, de opiniões sobre matérias da VEJA que a pessoa não leu, e é respondido por outra que também não leu... Aí nosso editor de mídias sociais, o Rafael Sbarai, entra e fala: “Gente, vocês não estão entendendo. Está aqui o repórter que fez essa matéria. Vocês querem fazer uma pergunta?”. É uma
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Eurípedes Alcântara
“Jornalista de internet precisa da mesma qualidade que os outros”, diz Eurípedes alcântara
maneira de interferir e mostrar o seguinte: do lado de cá tem gente de carne e osso. Nós temos que usar o Twitter para mostrar que, embora isso seja o Twitter, existe uma pessoa que fala em nome da VEJA. E o que esse leitor espera de uma revista semanal em meio ao bombardeio de informação diária que ele sofre dos veículos digitais? O desafio é o mais clássico de todos. Os jornais olham para o céu e enxergam estrelas, as revistas semanais olham para o céu e têm que enxergar uma constelação. O leitor não pode sair da leitura de uma matéria sem que fale: “Olha, a VEJA está dizendo que a soma de A mais B resulta em um estado C, com o qual não concordo, mas acho interessante como eles trabalham isso”. Ele vê que houve uma tentativa de
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organizar, contextualizar e analisar os fenômenos. Porque os jornais não podem fazer isso, as televisões não conseguem e o rádio muito menos. Nós vendemos significado. É o que a revista considera o produto mais valioso? Sim, quando você consegue mostrar que é. Muitas vezes é difícil, porque a tendência do jornalista é não arrebanhar diante de um todo complexo. Então os nossos editores executivos fazem isso, esse é o trabalho deles. Há ocasiões em que, na pressa, você não consegue. Outras vezes, ao fazer um produto muito acabado, com um significado muito fechado, você pode dar a impressão de ser arrogante. Nosso trabalho é colocar no leitor um fone antirruído. Primeiro, para que o cara tenha um silêncio. E dentro
desse silêncio você constrói o seu espetáculo de notícia. o que você espera de repórteres que queiram trabalhar na revista VEJa ou no portal VEJa.com? Eles precisam ter características diferentes? De jeito nenhum. Existiu uma ilusão temporária que prosperou como
aS matérIaS da VEJA preCISam orgaNIzar, CoNtextUaLIzar e aNaLISar oS feNômeNoS
jÁ qUe o Ipad é dIgItaL, SerÁ qUe a edIção da VEJA Não poderIa Ser atUaLIzÁveL ao LoNgo da SemaNa?
se a internet tivesse reescrito regras. Primeiro da apuração, depois do estilo do escrever, depois da qualidade editorial. Existiu essa ideia de que na internet a gente concorre de segundo a segundo, e se estiver ruim a gente tira. De repente, os portais começaram a trazer as mesmas manchetes, com a ideia de que o jornalismo de internet é diferente, que ele escreve para o internauta. O que acontece é que em uma ponta você tem um ser humano e na outra você tem outro ser humano. E aí você vê que o jornalista de internet tem que ter a mesma qualidade de qualquer outro. E como o portal VEJa.com se posiciona diante dos outros portais de notícia? VEJA.COM nasceu entendendo esse universo, assimilando essas regras, porque seria um erro dar murro em ponta de faca. A gente enxerga os portais como plantações onde as nuvens de gafanhotos da internet passam e comem um pouco aqui, e depois vão para outro, para outro e voltam em você. Nosso ponto é o seguinte: a gente dá a notícia imediata, para mostrar que estamos no jogo, mas, quando o leitor faz a ronda toda e volta ao portal, ele tem que ter ali informação de maior qualidade. Isso está começando a dar resultados. Você vê que o leitor fica muito satisfeito.
Nós temos mecanismos de medida que mostram que ele passa mais tempo com você. Hoje as equipes do online e da revista mantêm um diálogo constante? Elas têm pontos de contato, que serão ampliados com o tempo. Por exemplo, em uma área de documentários e vídeos, que vai pertencer às duas. A mesma coisa para a área de gráficos animados. Não faz sentido você fazer um gráfico que vai colocar na revista e depois ter de começar tudo de novo para colocar no portal. Na revista impressa, há um momento em que você tem que congelar e mandar para a gráfica, certo? Mas o mundo não está esperando. Então o ideal é que o VEJA.COM seja a continuação da VEJA, ainda que isso ainda não seja feito da maneira como deveria. Existe espaço para grandes reportagens em meio a tanta notícia instantânea? Se na internet você é especializado em catalogar e falar sobre formigas, essa é sua vida profissional, você pode se aprofundar nisso, se especializar. Mas o que me interessa, seja na internet, seja na revista, é a notícia. A Apple, a segunda maior empresa na Bolsa de Nova York, cresceu criando produtos que as pessoas não sabiam que queriam,
não gastou um tostão com teste de satisfação ou pesquisa de mercado. Hoje o cara sabe que quer um iPad ou um iPod. Da mesma forma é a notícia. O leitor não sabe o que quer. A ideia não é tentar descobrir o que ele quer ler, mas arrumar matérias que façam com que ele diga: “Não tenho tempo, mas vou ter que ler sobre isso”. Existe hierarquia entre um meio e outro? Pode existir preconceito na hora de publicar algo na revista e não no portal? Existe. Se você tem um furo e ele não vai resistir até sábado, você põe no online, é óbvio. O online agora começa a ter certas abordagens que você lê e pensa: “Olha, essa é a abordagem também da revista”. Agora a gente tem também o iPad, no qual acrescentamos vídeos, animações. A redação da VEJA vai precisar ter uma editoria que pense especificamente nisso. E aí a fronteira final é a seguinte: já que o iPad é digital, será que a edição da VEJA não poderia ser atualizável ao longo da semana? Você não poderia dar a capa na quarta-feira? O The Daily [jornal criado exclusivamente para o iPad] já vem colocando esse enigma. Se o assunto for quente, pode ter quatro, cinco edições. Por que uma semanal não pode? Por que um anunciante que botou um anúncio a X reais, após ver o preço do concorrente, não pode mudar de ideia e baixar o preço? Tecnicamente pode. Eticamente pode. “Ah, mas a revista é semanal.” Mas o que é revista? Revista é revisitar, é rever fatos que aconteceram e dar a eles um sentido. Uma semanal não precisa ser como um site, que se atualiza com uma frequência muito grande. Mas poderia ser atualizável.
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June Carolyn Erlick
aS peSSoaS têm fome de boaS hIStÓrIaS
J
une Carolyn Erlick é apaixonada pela América Latina desde 1975, quando foi escalada para cobrir um terremoto na Guatemala por saber falar espanhol. A norte-americana tornou-se professora do Centro David Rockefeller de Estudos da América Latina, na Universidade de Harvard, e é editora da publicação acadêmica revista, que se propõe a repercutir as questões do continente. TEXTo LUCIANA GALASTRI FoTos ARQUIVO PESSOAL
No início de sua carreira, você foi enviada para a américa Latina por ser a única repórter da sua redação que sabia falar espanhol. Hoje sabemos que não é apenas a fluência em uma segunda língua que proporciona aos repórteres a oportunidade de escrever grandes matérias. como um jornalista no início de sua carreira deve se preparar para isso? Você deve se preparar, ler muito. E, em qualquer reportagem, não ficar
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preso às fontes oficiais. Pessoas comuns também importam. Ficar preso às fontes oficiais é um vício de iniciantes? É uma aflição de todos os jornalistas, independentemente da experiência. É a forma mais fácil de produzir uma matéria e, como o tempo urge, isso acaba nos fazendo dependentes de fontes oficiais. como fugir desse ciclo? É só se importar com os persona-
gens da matéria, ouvi-los de verdade. Use um gravador, se quiser, mas não confie muito nele. Se você pode interagir com seu entrevistado, não fique apenas falando. Se o personagem é uma cozinheira, passe uma manhã na cozinha com ela. Ou faça uma ronda com ele, se for um policial. Olhe para o mundo e anote tudo: os sons, os cheiros. Você irá esquecer todas essas impressões se não as anotar e elas podem ser muito importantes na construção de sua matéria.
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June Carolyn Erlick
e logo se tornou uma revista, com colaboradores importantes.
Se voCê pode INteragIr, Não fIqUe SÓ faLaNdo. paSSe o dIa Na CozINha Com Uma CozINheIra, faça a roNda Com Um poLICIaL
além dos personagens e das impressões do repórter, quais são os outros elementos de uma boa reportagem? Boas citações, descrições, uma organização impecável. E, lógico, encontrar a tensão, o drama que há em cada pauta. E usá-lo como fio condutor de sua história. como surgiu a publicação que você coordena em Harvard, ReVista, que aborda questões da américa Latina? Quando passei a lecionar em Harvard, em 1997, me pediram para editar uma newsletter chamada DRCLAS NEWS [a sigla representa o departamento de Harvard onde June trabalha, o David Rockefeller Center for Latin America Studies]. Na segunda edição que coordenei, perguntei ao meu chefe se poderíamos fazer edições temáticas. Ele me disse que provavelmente não funcionaria, mas que eu poderia tentar. Ao contrário da previsão dele, a reação foi extremamente favorável, então continuamos com os números temáticos. A newsletter cresceu
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ReVista é uma publicação acadêmica que investe em reportagens aprofundadas. No circuito comercial, ainda há espaço para esse tipo de trabalho? Eu definitivamente acredito que ainda há espaço para boas reportagens. Aquela febre de matérias rápidas e pouco profundas que atingiu jornais e revistas por causa da televisão, inicialmente, e depois pela internet, está passando. O fato é que há muita informação por aí e o que as pessoas realmente estão querendo, e passarão a procurar cada vez mais, é uma boa narrativa. assim, as novas tecnologias não vão acabar com o espaço das grandes reportagens? Ao mesmo tempo que as pessoas estão lendo matérias aprofundadas, elas estão no Twitter comentando o assunto. A grande reportagem nunca vai desaparecer. As pessoas têm fome de boas histórias. Cabe a nós alimentá-las. Quais são os temas mais relevantes a serem abordados sobre a américa Latina? A questão da cidadania é, atualmente, muito importante, como os cidadãos são integrados na sociedade. De quem são os recursos naturais, como os lucros devem ser devolvidos à comunidade. Isso faz parte do diálogo que deve ser feito sobre cidadania. E nisso a imprensa deve servir como uma entidade vigilante, desmascarando esquemas de corrupção ou denunciando o desrespeito aos direitos humanos. Em um artigo chamado “candi-
dates and caballos”, você fala sobre um grupo de colombianos chamado de zorreros – equivalentes aos nossos catadores de papel. ameaçados de perder os cavalos que puxam suas carroças, os zorreros recorreram à Justiça e conseguiram manter os animais. Você chamou isso de pequena vitória da democracia. a democracia nos países latino-americanos está ficando mais fortalecida? Acredito que não é a democracia e sim os cidadãos que estão ficando mais fortes. E isso não está acontecendo apenas nos países latino-americanos. Para ser sincera, espero que esse seja um fenômeno que se repita da Colômbia à Tunísia. o que você acha do jornalismo na américa Latina? Aqui em Harvard, recebemos dois ou três jornalistas da região por meio da Fundação Nieman, que oferece bolsas de estudo para jornalistas estrangeiros. Tive a oportunidade de conhecer grandes profissionais que, por várias vezes, se destacaram sobre seus colegas norte-americanos. Mas não acho que possa agrupar os jornalistas latino-americanos em uma categoria. Há os jornalistas corruptos, os preguiçosos, aqueles que não sabem fazer uma reportagem, ou os que não podem. E há também os maravilhosos repórteres investigativos e os que são escritores incríveis. Quando você diz “os que não podem”, fala de censura? Com certeza. O próximo assunto de ReVista será justamente a autocensura. Acredito que no México e em várias outras partes da América os jornalistas precisam praticar a autocensura para continuarem vivos.
“Diploma de jornalista não é pré-requisito para um bom repórter”, diz a professora June carolyn Erlick
E no brasil, você também vê esse problema? como classifica a reportagem no país? Não leio em português muito bem, então não posso analisar corretamente a rotina da imprensa brasileira. Mas acredito que os pequenos jornais regionais, que são muito importantes para suas comunidades, sofrem com a falta de repórteres treinados. Em relação à capacitação do jorna-
lista, recentemente foi derrubada a obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão no brasil. Esse “treino” para ser um bom repórter deve incluir formação universitária especializada? Acredito que jornalistas devem ler muito e se envolver tanto com a cultura popular quanto com a chamada “cultura elevada”. Uma formação acadêmica pode fornecer todo um
hÁ mUIta INformação por aí e o qUe aS peSSoaS reaLmeNte eStão qUereNdo, e paSSarão a proCUrar Cada vez maIS, é Uma boa NarratIva
contexto para esse aprendizado, mas um diploma de jornalismo não é prérequisito para um bom repórter. Jornalistas devem ser curiosos e buscar oportunidades de aprendizado. E elas aparecem tanto em sala de aula quanto nas ruas. Você oferece essas oportunidades de aprendizado para alunos estrangeiros, com aulas a distância. Qual é a mensagem que deixaria a eles? Ensino a eles a mesma coisa que ensino aos meus alunos americanos, nas aulas presenciais. Falo sobre jornalismo e reportagem e acredito que ter essa grande diversidade de alunos faz com que minhas aulas fiquem mais interessantes.
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entrevista
Eugênio Bucci
o púbLICo Sempre proCUra CredIbILIdade
E
ugênio Bucci foi diretor de QUATRO RODAS, PLAYBOY e SUPERINTERESSANTE e Secretário Editorial da Editora Abril. Durante o primeiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva, esteve à frente da Radiobrás. É doutor em Comunicação, dirige uma pós-graduação em Jornalismo da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e é docente da Universidade de São Paulo (USP).
TEXTo DANIELA MARTINS FoTos ALEXANDRE REZENDE
como você avalia as mudanças no jornalismo nestas últimas décadas? Atualmente, a sua geração edita um vídeo no celular e recebe informação de outros agentes sociais com enorme facilidade. Antes, esses depoimentos, testemunhos, declarações chegavam para o jornalista na redação por meio de palavras. Hoje, esses relatos são obtidos por meio de vídeos, de áudios, de fotos. A outra questão é que não existe mais, exatamente, aquela hora solene do
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fechamento. Pense no ciclo do jornal diário: a cada 24 horas as coisas são atualizadas. Hoje convivemos com modelos de fechamento a cada segundo. A visão de que o jornalismo oferece ao público um relato em permanente confecção é muito mais gritante. O jornalismo é um relato inacabado. Sempre foi, mas hoje o é mais abertamente. com essas mudanças, como deve ser o profissional dos próximos anos?
Nós não estamos em tempos de grande mudanças agora, com o lançamento do iPad. Há 160 anos as mudanças vêm acontecendo num ritmo que se acelera cada vez mais. Mas, com essa velocidade, nossa sensação é de que nunca foi desse jeito. E nesse tempo o grande desafio, muitas vezes, não é ver o que está mudando, mas identificar o que permanece. Só as redações independentes serão capazes de oferecer uma mediação satisfatória. Há um aumento na oferta de notícias na
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entrevista
Eugênio Bucci
“as mudanças não começaram com o iPad, elas estão acontecendo em ritmo acelerado há 160 anos”, diz Eugênio bucci
internet, mas o público tende a procurar as que vêm com o selo de uma redação que oferece credibilidade. Porque, se a internet proporciona um volume incalculável de notícia, ela oferece também uma grande pergunta: em que notícia eu posso acreditar? E essa resposta tem a ver com credibilidade, que, por sua vez, tem a ver com tradição. Você é contra a obrigatoriedade do diploma para o exercício do jornalismo? Isso não tem a menor importância. O diploma no Brasil veio com a regulamentação da profissão, o que ajudou a deslocar práticas antigas para um patamar civilizado. Isso cumpriu um papel, não quero ignorar a história. Agora, a exigência do diploma para o exercício da profis-
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são é uma bobagem. Nenhum país democrático exige diploma. sem diploma, como um jornalista deve se formar? A formação em jornalismo vai ser cada vez mais necessária. E isso é engraçado, porque nós temos uma tradição nas redações brasileiras que diz que “escola não ensina nada”. Em grande parte, isso era verdade. A escola só servia para o cara tirar o diploma. Agora os jornalistas estão mais abertos, não porque caiu a exigência do diploma, mas por uma evolução natural, inclusive de mercado. Haverá uma valorização da formação continuada. Na cobertura brasileira, é mais adequado tentar praticar a isenção, assumir a posição do veículo
ou ambas vertentes são possíveis e válidas? uma revista pode assumir posição eleitoral? A separação entre a informação e a opinião não é como no jornal. A declaração de apoio numa revista é outro tipo de escolha. Significa você engajar toda uma revista numa
NeNhUm paíS demoCrÁtICo exIge dIpLoma para jorNaLISta. a exIgêNCIa deLe é Uma bobagem
em teLevISão e rÁdIo, qUe São CoNCeSSõeS púbLICaS, o apoIo a CaNdIdatoS beIra a ILegaLIdade campanha. Isso é interessante ou não? Quando você declara o voto, você faz isso. Acho legítimo que uma revista ache um candidato melhor que o outro. E, muitas vezes, acho que é até melhor para o leitor para ele situar melhor a orientação. Em televisão e rádio, o apoio editorial explícito a um candidato beira a ilegalidade, isso quando não constitui flagrante ilegalidade. Porque TV e rádio são concessões públicas de frequências de espectros eletromagnéticos. São serviços públicos prestados por particulares ou pelo próprio Estado. Como serviço público, esses veículos devem se abster de apoiar A ou B, tanto expressamente quanto veladamente. os veículos públicos de comunicação cumprem o papel que deveriam? É uma esculhambação, porque temos o predomínio da comunicação comercial sem regras claras. Não existe regulamentação do mercado. Olha que não estou falando em regulação de conteúdo, pelo amor de Deus. Ninguém sabe exatamente quais são as regras. A Constituição estabeleceu parâmetros que jamais foram regulamentados. O Ministério das Comunicações é uma caixapreta. Pior, é um buraco negro. Você não consegue nem descobrir quem é dono de que emissora. A verdade é que a radiodifusão funciona à margem da lei. Além disso, os veículos públicos – nenhum ou quase ne-
nhum – são de fato públicos. Todos são direta, ostensiva ou disfarçadamente comandados pelo governo. É uma coisa de congraçamento, com cara de oficial, chapa-branca, e isso é um problema gravíssimo da comunicação pública no Brasil. É um país que ainda tem A Voz do Brasil, que é de um anacronismo inacreditável. E por que isso acontece? É um resquício do patrimonialismo da política brasileira. Os políticos achavam que podiam usar o Estado segundo suas preferências pessoais, familiares, comerciais, religiosas, políticas... Em várias outras frentes, isso foi sendo superado. Hoje, se o cara fala que “nesse hospital só trabalha gente do meu partido e vou atender só gente da minha família”, ninguém vai aceitar. Já passamos dessa fase. Nas emissoras públicas, essa situação meio que permaneceu. Estamos num país em que você liga o rádio, a Voz do Brasil fala bem do governo e ninguém fica bravo por causa disso. Você foi presidente da radiobrás entre 2003 e 2007. Presenciou alguma história de crítica ao governo lá dentro? Fizemos a cobertura de um seminário, que eu ajudei a organizar, pelo fim da obrigatoriedade de A Voz do Brasil, que, aliás, saiu na própria A Voz do Brasil. Então, algumas coisas, algumas sementes, estavam ali. E houve muitos protestos e minis-
tros que diziam que a Radiobrás fazia jornalismo de oposição. Não fazia, mas isso não deixava de ser um indicador de que ela vinha se afastando do governo. Pode-se dizer que houve um pequeno deslocamento nesse sentido. a criação de um órgão governamental de regulação de mídia no país pode significar controle de conteúdo? A radiodifusão precisa de regulamentação, como acontece em outros países democráticos. O conteúdo tem de ser totalmente livre. A regulação é um perigo, por isso que o governo está recuando dessa ideia. É preciso ter cuidado. Tem gente ainda que diz que o controle seria conduzido por pessoas que só olham o bem da sociedade. Sempre começa assim. Esse é o ciclo do autoritarismo, que pode significar censura, controle do conteúdo. Não há um exemplo de regulação de conteúdo que tenha melhorado a comunicação de um país. com a experiência no governo, você diria que podemos confiar em fontes oficiais? Informação de governo não é suspeita por definição, mas não é sinônimo de verdade absoluta. Assim como informação da oposição não é sinônimo de verdade. O dever do jornalista é ser crítico e cético em relação à informação e respeitoso em relação às pessoas. Você pode pedir para verificar os fundamentos de uma determinada informação sem ter de chamar o emissor dessa informação de canalha e mentiroso. São coisas diferentes. E às vezes há canalhas e mentirosos que dão informações verdadeiras.
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Ana Maria Bahiana
voCê deve dar ao SeU LeItor maIS do qUe eLe pede
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na Maria Bahiana trabalhou na folha de s.paulo, o Globo, o estado de s. paulo, Jornal do Brasil e nas revistas Bizz e set. Colabora com as TVs Globo e Telecine e desde 1987 está em Los Angeles cobrindo o mundo do entretenimento norte-americano. Faz parte da Associação de Correspondentes Estrangeiros em Hollywood, que anualmente elege os vencedores do Globo de Ouro. TEXTo LOUISE PERES
como é ser jornalista fora do seu país? Você percebe algum tipo de preconceito dos colegas por ser brasileira? De jeito nenhum. No começo dos anos 1980 os mercados eram muito fechados, voltados essencialmente para os Estados Unidos. Havia ignorância mesmo. Não se sabia sequer onde o Brasil ficava no mapa. Hoje as pessoas que trabalham na indústria cultural e os próprios EUA se internacionalizaram, tem gente do mundo inteiro aqui. O que houve quando cheguei foi
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o processo de aceitação de uma pessoa que vem de fora. Mas uma vez aceito, é para sempre. Todos te respeitam e te tratam com o nível de profissionalismo com que desejam ser tratados. como convencer atores, diretores e personalidades de que seu trabalhoh não é parte da indústria de fofocas que existe em torno dessas celebridades? A questão é simples: eu não sei fazer outra coisa. O que sempre espero, rezo, torço é para que existam
veículos que me deem espaço para fazer isso. E o meio com o qual trabalho sabe quem eu sou, estou nessa cidade há mais de 20 anos. Não preciso provar nada de novo. O James Cameron sabe quem eu sou, o George Clooney também. E eles sabem o que eu faço. como era o trabalho na época em que a cobertura do mundo do entretenimento ainda não se pautava principalmente pela vida íntima das celebridades?
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Ana Maria Bahiana
Quando cheguei aqui, fiz matérias excelentes para uma revista inglesa e para duas australianas, maravilhosas, que não existem mais. Fiz perfis do Al Pacino, outro do Robert Redford, coisas que hoje, infelizmente, não teriam mais espaço. Eu não quero saber o que Paris Hilton e Kim Kardashian fazem. Acho muito mais interessante saber o que o David Lynch faz. Ele sim me interessa! O que ele faz, o que ele anda lendo, se acompanha o Oriente Médio, por que resolveu gravar um disco. Mas, aparentemente, as pessoas estão interessadas na indústria de fofocas, né? o leitor quer mesmo o que a imprensa imagina que ele quer? Sou da teoria do [diretor] Robert Altman. Uma vez ele me disse: “Você não deve subestimar a inteligência do seu espectador”. Você deve sempre dar a ele mais do que ele pede. Vai ver é isso que ele quer. Eu mantenho o nível e espero com paciência. Escrevo para provocar a discussão, cutucar o povo lá no Twitter. Se rende, pronto, já fiz as pessoas pensarem sobre o assunto. Não falar sobre a própria vida virou uma espécie de escudo das celebridades. como é possível fazer o perfil de alguém com tantas restrições de assuntos que os artistas colocam? Sempre parto do seguinte princípio: trato a pessoa como quero ser tratada. O que me interessa é o que ela faz. Se sei que ela passou por um momento horroroso, uma separação pública escandalosa, como a da Sandra Bullock, não vou perguntar. Já passei por uma separação dolorosa e sei como é. Se ela quiser me falar do impacto que aquilo teve no trabalho
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qUaNdo hÁ CoISaS abSUrdaS, Como ‘fULaNo SÓ faLa Com jorNaLISta eUropeU’, eU SUbo NaS tamaNCaS!
dela, me oferecer essa abertura, vou ao assunto. Tem umas coisas meio absurdas, do tipo: “Fulano só fala com jornalista europeu”. Eu subo nas tamancas, porque, em geral, essas maluquices não são da estrela, mas sim do circo dos horrores que se forma em torno dela, como a gente diz aqui. Se o assessor me diz que o ator não vai falar sobre a relação dele com um diretor, por exemplo, eu pergunto ao entrevistado qual a razão. A pessoa tem todo o direito de me xingar ou de explicar. “Ah, é porque eu estou processando o cara e não posso falar.” Ok. Se a pessoa quiser, ela responde. Meu interesse é que aquela conversa continue e seja proveitosa. Quando é íntimo, eu respeito. Proibição absurda eu contesto e, quando posso, abordo. Quanto tempo leva para conseguir uma entrevista com um grande nome do cinema? Essa gente só fala quando tem algo para vender. Você tem que aproveitar esses momentos em que eles estão dispostos a falar. Às vezes me pedem um perfil, e a pessoa está fora, filmando. Nessas condições, você não vai conseguir um bom trabalho. Quando esse filme estiver saindo é a hora de entrar com esse pedido. Na Associação, trabalhamos como uma cooperativa. É uma hora de entrevista, dividida entre quem está lá. Metade de nós não abre a boca e, da outra metade, um terço
não consegue falar inglês direito. Você acaba, então, ficando com um grupo mais tarimbado, que combina um jogo, volta às perguntas, um complementa o outro. Uma vez consegui conversar por 10 minutos com o Leonardo DiCaprio sobre os tigres asiáticos. Ele desatou a falar português para mostrar que sabia. Que lugares você frequenta por causa do seu trabalho? Quem são as suas fontes? Você acaba vivendo seu dia a dia. Vai a uma cabine, a uma estreia. Estar imersa e em contato constante com isso aqui te dá outra bagagem. Você passa a entender o processo físico, de negócios, criativo pelo qual o filme é feito. Ir ao set de filmagem te faz aprender muito. A maioria dos meus colegas fica esperando a estrela para entrevistar, já eu fico pentelhando o cara da câmera, conversando com o estagiário. E, como são pessoas com quem nunca ninguém conversa, eles falam que é uma beleza! Às vezes vou fazer as unhas com uma grande amiga produtora de TV e pronto: na passada da acetona a gente já pesca aquela última novidade do momento, as séries que estão indo bem, qual é a aposta. Vi no seu Twitter que nos últimos meses você recebeu “agrados” dos estúdios cujas produções são bem cotadas para os grandes prêmios da temporada. como
“a questão não é da mídia, mas do discernimento. ser sucinto é uma virtude”, diz ana maria bahiana
é SUperNormaL qUe oS eStúdIoS maNdem brINdeS, e eLeS Não têm a meNor INfLUêNCIa NoS meUS votoS
você lida com isso? É supernormal, faz parte do ritual. A Associação tem regras superestritas. O brinde tem que ter a ver com o filme e o valor do item não pode ultrapassar 150 dólares. Um ano aí,
uma atriz mandou um Rolex. Todo mundo devolveu. Eu guardo livros, roteiros assinados e comentados pelo diretor. Outros brindes eu distribuo entre amigos e doo para ações beneficentes. E isso não tem a menor influência no meu voto. Tem ano que os filmes em que eu mais voto, e para que mais faço campanha, não me mandaram nem a cópia. como é sua relação com os estúdios? É grande a interferência deles no seu trabalho? A briga que mais acontece é sobre a questão da data. A minha última foi com a Warner. Fizeram todo mundo assinar um papel: “Inception. Não pode falar nada até o dia tal”. Assisti ao filme e botei no Twitter: “Inception. Uau”. Dois segundos depois, recebo um e-mail do cara da
Warner. E eu só escrevi: “Uau”! Meia hora depois surge num blog desses uma minirresenha. Liguei na hora pro cara da Warner. Ele responde: “Ah, mas você é internacional”. O quê? Por que o cara lá de Michigan pode e eu não? com a rapidez das novas tecnologias, ainda há espaço para análises aprofundadas no jornalismo de entretenimento? Sim. Primeiro, você pode analisar com profundidade sem ter de ocupar cinco páginas. Por outro lado, pode encher mil telas de nada. Ser sucinto é uma virtude. Pense no seu tempo como algo valioso. Onde você vai gastar o seu dinheiro? Em algo que te acrescente. A questão não é da mídia, de novo, mas de discernimento.
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Conheรงa o que as 66 cabeรงas pensantes do Caj 2011 produziram em 36 dias de suor e ideias
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MISSÃO eles tiveram de criar, com a contigo! tv, uma nova linguagem para os vídeos de celebridade na internet e, de quebra, atrair mais audiência para o site da revista
CRISTIANE FORONI
JÚLIA LIMA
AMANDA DENTI
FELIPE BASTOS
JUN JÚNIOR
THAÍS DENARDI
CAMILA LAM
ALEXANDRE REZENDE
design
texto
texto
texto
vídeo
texto
vídeo
fotografia
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geNte é para Ser vISta Na Contigo TV!, interação, dinamismo, diversão e informação trazem para a telinha do computador o mundo das celebridades TEXTo AMANDA DENTI, CAMILA LAM E CRISTIANE FORONI
V
ocê nunca ficou na porta de uma festa esperando por um depoimento de um ator, cantor, exBBB? Nós também não. Mas essa era nossa realidade antes de recebermos a missão do projeto da editoria CONTIGO!: desenvolver uma nova linguagem de vídeo para a web com muito glamour e gente famosa. A oitava posição da CONTIGO! entre os sites de celebridades do Brasil não está à altura da liderança que a revista em papel exerce no segmento — são cerca de 180 000 exemplares vendidos semanalmente. Os vídeos são parte da estratégia para aumentar o número de acessos e o tempo de permanência dos usuários no site. Começamos o trabalho com uma série de análises. De cara, percebemos que os vídeos do site de CON-
TIGO! estão localizados próximos à barra inferior da página principal e passam, muitas vezes, despercebidos pelo leitor. Quando são acessados, o usuário é direcionado a uma página interna que também contém os últimos vídeos postados, sinalizados com referências de tags, mas sem constituírem uma unidade. Quanto ao conteúdo e forma dos vídeos, percebemos que eles não apresentavam algumas características fundamentais para atrair a audiência do usuário. Segundo pesquisa publicada em agosto de 2010, conduzida pelas empresas Havas Digital, Qualibest e Globosat, os vídeos mais consumidos são os de curta duração. Além disso, 44% das pessoas disseram já ter visto um segundo vídeo indicado após a reprodução do primeiro, o que impulsiona também a criação de estratégias relacionadas
No topo, o programa “uma pergunta” e as respostas de famosos. o estilista Walério araújo protagoniza o programa para comentar looks de famosas. o “Dá para copiar” tem dicas sobre moda. camila Neves, do caJ, foi a modelo do “contigo! Looks”.
às postagens da TV CONTIGO!. Outro ponto importante é a interatividade. Os comentários são o motivo que levam 37% das pessoas a apertarem o play. Com a mensuração dos dados do usuário do site em mãos, descobrimos que nosso público predominante é de mulheres entre 18 e 34 anos, a maioria com curso superior (54%), que pertencem às classes A, B e C. Trabalham em tempo integral (58%) e compram como terapia – mas não pretendem pagar mais caro para ter algo que ninguém tem. Focados no universo feminino que se interessa pelo mundo das ce-
lebridades, passamos a acompanhar e a buscar referências de vídeos que poderiam despertar a atenção da usuária do site de CONTIGO!. Analisamos os canais de vídeo de portais concorrentes – no Brasil, hoje, representados por Quem e CARAS –, buscamos conteúdo relacionado a moda, beleza, saúde, bem-estar, e tudo o que faz parte dos interesses desse público. Para desenvolver uma nova linguagem percebemos que também seria necetssário mudar a maneira como os vídeos vinham sendo apresentados. Concluímos que eles deveriam ser reposicionados e reunidos
em uma plataforma de web TV. Propusemos uma página interna para funcionar como a home da Contigo! TV, dividida em quatro canais: Moda e Beleza, Gente e Agitos, Equilíbrio e Bastidores. Junto aos coordenadores do projeto, nossa equipe decidiu pela produção de quatro pilotos. Os conceitos envolvidos nesses programas são: o humor, a intimidade entre a fã e a celebridade, a praticidade na captação de imagens e a produção sustentável. A montagem dos programas priorizou inserir elementos de pós-produção, como interferências gráficas e efeitos de transição.
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Para o site, o grupo sugeriu uma mudança radical na estrutura e principalmente na home. o destaque vai para o carrossel de imagens que leva às matérias e aos programas. a usuária tem a oportunidade de mandar sugestões e compartilhar o conteúdo através de redes sociais, com apenas um clique.
Os programas No programa “Walério Araújo comenta”, o estilista, conhecido por trabalhar com a apresentadora Sabrina Sato e a cantora Cláudia Leitte, faz comentários sobre os looks que os famosos exibem nos mais diversos eventos. No “Contigo! Looks”, programa produzido em stop-motion e animação, uma celebridade inspira um ensaio fotográfico que dá dicas de moda e maquiagem para várias ocasiões. O terceiro piloto, “Dá para co-
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piar?”, traz uma personal stylist que orienta uma leitora da CONTIGO! a copiar uma produção de forma acessível, com base no estilo de uma celebridade. No último programa, “Uma pergunta”, a qualquer momento, em qualquer lugar, uma mesma questão é formulada para vários famosos. As respostas são reunidas em um vídeo que leva as particularidades do cotidiano dessas pessoas para o internauta. Com esse panorama, de pesquisas analisadas e conceitos estabeleci-
dos, trabalhamos na construção do novo canal, Contigo! TV. Vídeos com potencial viral, de curta duração, que aliam entretenimento e informação, viabilizam a interação e o compartilhamento de conteúdo, além de oferecer ao usuário a possibilidade de escolha da sequência que ele quer assistir. Todos esses conceitos que ajudaram na concepção de uma nova linguagem para o site de CONTIGO! têm potencial para serem aplicados em qualquer plataforma de web TV.
Com direito a repórter aguardando do lado de fora da palestra, o vídeo produzido para a cobertura do blog foi inspirado na maneira como a mídia cobre algum evento. Simulamos um furo, “invadimos” o auditório após uma palestra e tudo mais. a abertura foi uma animação criada pelo felipe, integrante de vídeo do grupo.
todos queriam saber quem era a pessoa mais cobiçada do curso. e a outra pergunta era quem era solteiro ou não. em uma única pesquisa, descobrimos quem ocupava o primeiro lugar e, de quebra, já se sabia se estava disponível ou não.
ao longo do curso, teve gente que virou a noite para se dedicar ao projeto. Só que a gente não sabia quanto os cajianos estavam dormindo. ainda mais perto do dia do fechamento dos trabalhos. depois de uma pesquisa rápida, apuramos quantas horas de sono os alunos estavam tendo para descansar.
aprendemos como fazer para criar uma capa que se destacasse na banca. e foi por meio das capas que resolvemos homenagear algumas pessoas que nos ajudaram durante o Caj. o adriano (à dir.), que dava suporte aos computadores do curso, foi uma delas, sempre perto da nossa redação. a produção só precisou tirar uma foto dele.
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MISSÃO eles tinham que aprender a pensar e executar infográficos, que são parte fundamental da linguagem visual da revista. mas no ipad, onde ele deve ir mais longe do que no papel. eis o desafio desse “super Grupo”
RAFAEL QUICK design
ALEXANDRE KRECKE
mídias digitais
LUCIANA GALASTRI texto
MAX DEMIAN infografia /ilustração
GABRIELA LOUREIRO texto
ALEXANDRE REZENDE fotografia
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NINA NEVES
mídias digitais
e vIva a revoLUção! Sete mentes inquietas e um desafio pioneiro: criar infografia para o iPad TEXTo NINA NEVES E LUCIANA GALASTRI
É
ramos sete pessoas, com diferentes visões, experiências e procedências. Viemos de todos os cantos do Brasil, cheios de expectativa em relação ao CAJ, para formar o grupo da SUPER – ou, como nós apelidamos, o Super Grupo. Quando fomos sorteados pelo “chapéu seletor” e recebemos nossa missão, logo nos lembramos da frase de um veterano que, no CAJ 2010, caiu na mesma revista: “As ideias mais revolucionárias que a gente tinha os caras já fizeram, e a gente não tem pra onde correr!”. Mas, analisando melhor nosso objetivo, percebemos que seria impossível não revolucionar. Iríamos trabalhar com o iPad, o tablet da Apple, plataforma ainda pouco explorada. Como se não bastasse esse desafio, precisamos desenvolver infografia – e o leitor da SUPER sabe que a revista tem um nome a zelar em relação a seus infográficos.
Ainda no primeiro dia de curso, no calor da adrenalina de quem acaba de saber que irá trabalhar para a publicação de borda vermelha mais incrível do planeta, fomos encontrar nossos orientadores. Eles nos contaram que a infografia, elemento fundamental na revista, é um casamento entre texto e imagem que usa diferentes recursos como diagramas, números ou gráficos. E, no iPad, a matéria infográfica precisa chegar aonde o papel não alcança. Ou seja, nossa missão não era apenas construir infográficos: era expandir a experiência da leitura. O primeiro passo foi pesquisar publicações que já tivessem desenvolvido o que estávamos buscando. Algumas referências no exterior, pouquíssimas no Brasil, sendo a maior parte da produção nacional da própria Editora Abril. Também pensamos em pautas que funcionassem nesse formato, sem dar uma desculpa qualquer para
o primeiro exercício: adaptar o infográfico dos “beatles Nerds” da revista impressa para o iPad.
produzir um infográfico. Construímos textos enxutos e informativos para mostrar o conteúdo de maneira concisa e divertida, sempre com a pegada da SUPER. O design, além de bonito, precisava ser intuitivo. O leitor deveria olhar o infográfico e compreender como navegar por ele, sem maiores esforços. E tudo isso, claro, precisava estar em harmonia com o texto e funcionar na mão do usuário. Então
mergulhamos em um software específico para o iPad, aprendemos toda uma nova linguagem para importar nossas ideias, que não eram poucas, para dentro do tablet.
Os Beatles Nerds Nossa primeira atividade no CAJ foi um “aquecimento”. Selecionamos um infográfico que já havia sido publicado na SUPER e produzimos uma versão dele para o iPad.
o processo criativo – analogia interessante aliada ao design e a interações inovadoras.
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A ideia era que, com esse exercício, criássemos afinidade com as ferramentas do tablet e com a linguagem da revista, o que nos daria bagagem para pensar em pautas próprias que funcionassem nesse formato. Depois de fuçar várias edições e após muita deliberação, escolhemos o infográfico “Sgt Peppers Lonely Nerds Tech Band – os criadores da internet”, de janeiro de 2010, que reunia 69 personalidades importantes na construção da internet atual. Na matéria impressa, a informação sobre cada um se resumia a foto, nome e invenção. Na versão para iPad, apuramos (todas as 69) histórias dessas pessoas e usamos um box para cada uma, explicando a razão de sua presença naquela lista. A navegação foi planejada para que se pudesse ler clicando no rosto de cada um deles, ou por meio de um menu na parte inferior.
A gestação de uma ideia No info seguinte, nada de ideias prontas. Deveríamos construir a pauta, fazer a apuração, o layout e as ilustrações todas. Nós nos inspiramos em nossa própria situação e, já que estávamos sempre em busca de inovações, resolvemos mostrar como nasce uma ideia. Lemos algumas teorias sobre o tema e escolhemos a imagem de uma mulher grávida para fazer a analogia à gestação de uma ideia, de um projeto. A ilustração possuía vários de pontos de interatividade, para que o leitor o último desafio: em poucos dias, criar um teste com conteúdo interessante, divertido e muito interativo.
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descobrisse como cada estágio da gravidez pode ser associado às fases do processo criativo. O resultado, modéstia à parte, ficou muito interessante. Mas não tivemos nem tempo de comemorar o resultado. O CAJ estava terminando e precisávamos fazer um último infográfico em poucos dias para concluir nossa missão.
Fofocas fervilhantes Para esse último info resolvemos olhar ao redor. Com a convivência, os cajianos firmaram amizades, que se transformaram em panelinhas, que fervilhavam com fofocas! Unindo esse tema com uma pesquisa que dizia que as fofocas no ambiente de trabalho podem ser boas para o crescimento profissional, criamos um fluxograma (ou flowchart, como insistia o pessoal da SUPER) que funcionava como um teste: você seguia os passos e descobria que tipo de fofoqueiro era, além de ganhar dicas de como passar “bafões” adiante “de forma construtiva”. Foram noites desenhando no quadro branco da redação, no bloco das aulas do Thomaz Souto Corrêa, e, quando faltou espaço para nossas ideias, apelamos para o fundo branco do estúdio de fotos. Fizemos a maior bagunça e ficamos com o sono comprometido, mas conseguimos entregar um teste muito engraçado, funcional e cheio de informação ao fim do curso. Hoje, depois de todas as discussões de pauta, fracassos e comemorações, sabemos que imagem e texto não se separam, seja na revista, seja no iPad. E o Super Grupo também continua unido de alguma forma, pelo seu esforço e pelos encontros nos corredores da Editora Abril.
No curso, nos apaixonamos por nossas missões – e por infográficos! tanto que montamos um para o blog do curso, e contamos de quantos cafezinhos os cajianos precisavam para funcionar! Como tudo na SUper precisa ter uma boa dose de informação, contamos vários fatos desconhecidos sobre a bebida.
a cobertura feita pelo Super grupo no blog do Caj teve a cara da revista. preparamos um arg (alternate reality game) para os alunos revirarem a internet atrás de pistas que levariam a um prêmio. giuliane tirabasso, da vIagem e tUrISmo, fez todos os passos e perguntou durante a palestra do diretor de redação da SUper, Sérgio gwercman, se ele havia gostado do seu novo corte de cabelo. era um código para que Sérgio entregasse o prêmio, uma edição especial da SUper – mas, obviamente, a giu não sabia da trama!
Na cobertura seguinte, não poderíamos “baixar o nível”. Simulamos a seção “oráculo” da SUper e respondemos a todas as dúvidas existenciais dos cajianos. teve gente que perguntou se os lactobacilos vivos do leite fermentado eram vivos mesmo, e houve gente que teve coragem de perguntar por que o cocô do cabrito é redondinho. o pior é que tivemos coragem (e paciência) de responder a todas essas perguntas.
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proJetos
MISSÃO um grupo com leitores muito peculiares: sua missão foi desenvolver a Recreio Jr., publicação destinada a crianças entre 3 e 6 anos, acompanhada de um guia para os pais, em formato de revista
DANIELA SZABLUK design
NATHÁLIA RODRIGUES design
DÉBORA LOVISON design
FERNANDA CATANIA texto
BIANCA BIBIANO texto
ALUÍSIO CERVELLE infografia /ilustração
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HEBERT COELHO
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fotografia
para geNte bem peqUeNa Integração do impresso com a rede social e um suplemento para os pais são elementos de um novo jeito de fazer revista para as crianças TEXTo BIANCA BIBIANO
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ocê sabe qual é a revista ideal para uma criança que ainda não sabe ler? Foi a pergunta que o grupo do projeto NÚCLEO INFANTIL fez ao receber a missão dos orientadores: criar uma publicação dedicada a crianças de 3 a 6 anos, mas que também possuísse conteúdo para os pais. O Brasil tem hoje 11,3 milhões de pessoas nessa faixa etária e poucas revistas dedicadas a elas. A equipe da RECREIO, maior publicação do gênero, notou que nem sempre conseguia atrair os pequeninos, já que é feita para crianças maiores, de 7 a 12 anos. O projeto necessitava de mais do que a capacidade de diagramar, escrever e ilustrar. Precisávamos entender quem eram essas crianças, suas necessidades e gostos. Pesquisamos personagens, músicas e até programas de televisão que a criançada curte e deparamos com respostas já esperadas e outras nem tanto.
Os animais foram disparado os mais citados na preferência infantil. E valeu de tudo: fauna aquática, da floresta, de fazenda, até seres de outro planeta e criaturas mágicas, com formas arredondadas e de natureza não especificada. Sim, essa foi uma surpresa. Afinal, quando personagens como Bob Esponja, Barney e Robô Bot figuram entre os mais queridos das crianças, a luta por um espaço nas bancas (e no imaginário desse seleto grupo) deixa de ser apenas a busca da revista perfeita. Foi necessário pensar em um personagem que permeasse o conteúdo da Recreio Jr. – nome escolhido para a revista – e que também se expandisse para os demais produtos, como o suplemento para os pais, site e brinde. Foi assim que surgiu o Nit, criatura que veio de um mundo mágico e caiu direto no quarto de Zeca, um garoto de 6 anos, doido para descobrir o mundo, exatamente como nosso leitor.
a capa da recreio em Família. além de repórteres, as alunas do curso precisaram ser produtoras e babás.
Pensando na recreio Jr. Esse enredo serviu para basear o conteúdo da revista das crianças, que seria, a partir de então, uma maneira de apresentar nosso mundo, a Terra, ao Nit. Contos, perfis dos personagens mais queridos das crianças, histórias em quadrinhos, atividades para ele fazer em casa, curiosidades, piadas e passatempos foram as pautas escolhidas. No design, variedades de imagens para estimular o contato com diferentes tipos de ilustrações, cores primárias como base, layout mais limpo para ampliar o repertório dos leitores. E por falar em leitura, não pense que o texto ficou de fora só porque os pequeninos ainda não conhecem bem a escrita. Para auxiliar na alfabetização, toda a revista é permeada por textos. Mas não qualquer um: a linguagem é clara, rápida e de fácil assimilação. Enigmas, passo a passo e infográficos
são alguns dos exemplos de conteúdo para ajudar as crianças. E, para não perder a marca da RECREIO (a original), o brinde tradicional que vem em cada revista foi mantido. Na primeira coleção, Nit aparece como boneco para ir com a criança para todo lado. E em cada edição ele se transforma em um objeto novo, como uma lanterna de bolso ou até um pote para guardar segredos de seu mundo mágico.
Essa tal de internet No Brasil, 14% dos usuários de internet são crianças de 2 a 11 anos de idade – que representam cerca de
4,5 milhões de meninos e meninas online. Atingir essa parcela da web era outro desafio do projeto. Além de um site com o conteúdo da revista (que também pode ser ouvido, graças às matérias faladas), a criançada pode se conhecer, conversar e, o melhor, jogar em parceria. Passear em terrenos desconhecidos, falar com seres mágicos, fazer amigos e acumular pontos para conseguir novos itens são as principais diversões nesse site. Só que tudo isso depende da revista impressa. É nela que as crianças conseguem senhas secretas que abrem novos espaços nesse universo especial.
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uma receita para os pais fazerem com a criança, com desenhos atrativos e instruções simplificadas, dentro da recreio em Família.
Dos filhos para os pais Por estarem em fase de desenvolvimento, as crianças precisam da ajuda quase constante dos pais. E foi pensando nessa necessidade que surgiu o suplemento Recreio em Família, uma revista com dicas de programação para fazer com os filhos, reportagens sobre educação, comportamento, saúde e alimentação, entre outras coisas. Porém, mais do que ser uma revis-
ta com informações para pais, o suplemento se propõe a integrar a família. Por isso são oferecidas dicas de como interagir com o conteúdo da Recreio Jr. Se em uma reportagem falamos de alimentação saudável, por exemplo, um ícone avisa que na revista das crianças existe uma atividade que ensina a montar um sanduíche com esses ingredientes. Na Recreio Jr., a criançada tam-
bém não fica sem auxílio. Quando o conteúdo da revista exige uma leitura mais complicada, como na seção “Era uma vez”, um ícone avisa que é a hora de chamar alguém para ajudar. E, se não tem ninguém por perto, o site também ajuda, por exemplo, narrando a história para a criança. Tudo para garantir que o lema aprender, integrar e divertir seja levado a sério, mesmo nessa grande brincadeira.
como fazer uma pipa – instruções para a garotada, encontradas dentro da Recreio Jr.
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Lançamos, no blog do Caj, o prêmio Caj de talentos, que apontou alguns colegas com características bem marcantes. o mais fofoqueiro, o mais nerd, os mais bem-vestidos, os mais desejados...
durante o curso, alguns cajianos e palestrantes foram retratados por nosso ilustrador, o aluísio. os desenhos, lógico, foram parar no blog do curso.
Ligue o cajiano a sua tatuagem! resolvemos testar nossos colegas para saber o quanto nos conhecíamos. Será que eles ainda conseguem acertar?
tudo fica mais divertido em quadrinhos! Nós resumimos as palestras do dia e destacamos seus pontos altos com as fotos dos participantes. aqui, Inês Lima, editora da revista vIva!, fala sobre suas leitoras.
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proJetos
MISSÃO tendo em mente que o universo da leitora de capricHo vai muito além da revista impressa, o grupo teve como missão criar uma rede social, a colégio capricho, e um aplicativo para smartphones baseado em combinações de horóscopo
LUCAS PATRÍCIO
mídias digtais
PAULA MINOZZO texto
FLORA PAUL texto
JÚLIA GIANELLA
design
VÍTOR VINHAL
mídias digitais
ADRIANA GIRONDA
infografia /ilustração
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fotografia
CoNexão aLto aStraL Com horóscopo, badges, interatividade e diversão, a Capricho mergulha no mundo dos smartphones e das redes sociais TEXTo FLORA PAUL
A
garota CAPRICHO vive em um universo próprio: ouve os artistas lançados pela marca, suspira pelos Colírios da revista, assiste às séries no site e na TV paga, usa o material escolar com o selo CH e não passa um dia sem conferir o horóscopo que a revista manda para o seu celular. Tudo isso esperando pelo dia do evento NoCapricho, provavelmente usando o make Capricho Boticário, para conquistar um lugar na seção das garotas mais estilosas. Essa menina faz parte das mais de 2,8 milhões de garotas CAPRICHO que leem a revista quinzenalmente. Tendo em mente que o universo CAPRICHO superou a revista e se consolidou como uma marca multiplataforma com mais de 9 milhões de produtos vendidos (apenas o serviço de SMS tem mais de 281 000 assinaturas pagas!), recebemos a missão de idealizar a rede
social Colégio Capricho e criar um aplicativo para smartphones baseado em combinações de horóscopo. Nossos orientadores foram a Tatiana Schibuola, diretora de redação, e o Phelipe Cruz, editor do site, que arrumaram tempo entre a correria diária e os fechamentos para receber a editoria semanalmente. Apesar de não estarmos mais na faixa etária nem no mundo das garotas do primeiro parágrafo, nós nos autointitulamos “Editoria CAJpricho” e logo começamos a juntar ideias. O projeto Cupido Capricho surgiu com rapidez e parecia que seria simples. Um engano. Ter legibilidade e uma identidade visual descolada em uma tela de cerca de 3,5 polegadas (tamanho da tela de um iPhone 4) se mostrou uma tarefa árdua, que exigiu muitas reuniões, palpites e estudos no styleguide da CAPRICHO até a versão final, sempre com a ajuda da editora de arte
ao lado, um exemplo de resultado da combinação de dois signos no cupido capricho. Por meio do aplicativo, é possível saber se você daria certo com o signo de um amigo ou de um famoso.
Fabiana Yoshikawa e da designer Cibele Gomes, da revista e do site da CAPRICHO, respectivamente. O Cupido Capricho é um jogo que permite à adolescente se cadastrar ou usar seu login em outras redes sociais e testar se combina com amigos ou famosos. O resultado, baseado nos signos do zodíaco, mostra se um bom par pode ser formado. Se a leitora quiser, pode divulgar a resposta em mídias sociais. Já o embrião do Colégio Capricho
foi pensado pelos orientadores: criar uma rede social para adolescentes de 13 a 17 anos matriculados em escolas que aceitassem participar da rede. Usando o e-mail do colégio ou o número de matrícula, apenas esses adolescentes poderiam se cadastrar, eliminando aí brechas de segurança, como perfis falsos e, como bônus, sendo “à prova de micos”, como ter familiares cadastrados e mandando mensagens indesejadas – coisa da idade. E com a pretensão de reforçar a credibilidade da CAPRICHO e
sua relação com os colégios, unindo duas referências fortes dos teens. Trazer elementos da sala de aula para a rede social sem tirar a graça da marca, mas envolvendo as atividades escolares, foi desafiador. A saída foi elaborar um ambiente próprio para cada colégio, denominado pátio. Ali, além de saber dos últimos acontecimentos e se integrar com a galera do colégio, cada jovem poderia cadastrar os próximos eventos escolares no Calendário – desde lembretes de uma prova de física
o perfil da caPricHo na rede social para divulgar notícias.
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No perfil do colégio capricho, a usuária pode ganhar badges, como mostrados no box do lado esquerdo. além de interagir com os amigos, ela pode customizar a página como quiser.
até o anúncio das vendas dos convites para a festa junina. Usuários bastante participativos teriam direito a exclusivos buttons, chamados de badges, ícone muito popular entre o público da revista, além de poder customizar cada vez mais o visual de sua página na rede, outra paixão adolescente, visando incentivar o uso do Colégio. O visual adotado traz referências do high school americano, já que o público CAPRICHO adora expressões estrangeiras e seriados e filmes de colegiais dos Estados Unidos. Os tipos típicos também serviram de inspiração para criar um sistema de votação que aponta quem é o atleta do Colégio Capricho, a garota mais estilosa, o colírio (o menino fofo que faz as garotas se apaixonarem, inspirados no case de sucesso dos Colírios Capricho)
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e o aluno nota 10. Mas a estrela do Colégio é a CAPRICHO, com seu próprio pátio para divulgar ações na escola, eventos da marca e tudo o que acontece na revista e no site. Mais uma vez fomos surpreendidos: criar uma rede social, com todas as suas camadas e especificações, num primeiro momento, pareceu
a página inicial do colégio capricho e o logo criado pelo grupo.
uma tarefa bastante complicada, que se mostrou bem menos complexa do que o esperado. Apesar de ter demandado tempo e um esforço a mais do grupo, apenas a paleta de cores gerou algumas dúvidas. Até mesmo o logo em forma de brasão, remetendo aos colégios tradicionais, foi aprovado em poucas instâncias.
“Sensacional! quer que divulgue?! ficou demais!!”, disse pe Lu. “gostei muito! estou muito bem representado!”, elogiou pe Lanza. “morri!”, gargalhou virtualmente thominhas. talvez você não saiba quem eles são, mas pode ter certeza, a garota CaprICho sabe. e ela ficaria orgulhosa. os comentários foram feitos por três dos quatro integrantes da banda restart para a primeira capa de revista que nossa editoria fez, com quatro alunos do curso posando como a banda, com direito a roupas com cores vibrantes e caras e bocas. eles divulgaram a capa em seus twitters e ali surgiu nossa alcunha: Cajpricho. adotamos o apelido no ato.
eleger a miss e o mister pLUg no fim do Curso abril é uma tradição que remonta às primeiras edições. No caso da editoria de CaprICho, foi só trazer a página dos Colírios da revista para a versão do Curso abril para colocar o mister pLUg em destaque. e o eleito foi o designer rafael quick, que ganhou foto, um miniperfil e a carinhosa definição de “o pão de queijo mineiro mais desejado dos corredores da abril”.
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MISSÃO nove mulheres e um destino: criar vídeos interativos para o portal feminino com soluções de maquiagem para diferentes situações do dia a dia – e que aliassem as informações à compra pela internet
LAÍS DIAS
MARÍLIA MARTHOS
design
vídeo
LUIZA SAHD texto
ISABELA ANDRADE design
NADIA KAKU texto
GABRIELA ZAGO
mídias digitais
FERNANDA FRAZÃO fotografia
AMANDA KAMANCHEK
ADRIANA TOLEDO
texto
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texto
maqUIagem para CLICar No Camarim, tem dicas de um maquiador profissional, tutoriais de make e produtos que estão ao alcance de um clique TEXTo AMANDA KAMANCHEK
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ocê sabe o que é um vídeo interativo? Já criou algum editorial de moda e beleza? Nenhuma das meninas do grupo – sim, somos nove mulheres – havia feito nenhum dos dois. Iniciamos o projeto com uma ampla pesquisa de e-commerce — comércio pela internet — e descobrimos que em 2010 esse mercado movimentou 13,6 bilhões de reais no Brasil. Os resultados das pesquisas foram importantes para a etapa seguinte da missão: criar um roteiro sobre maquiagem que incluísse ferramentas de interação com o vídeo. Nossos orientadores, Renata Deos, Carolina Hungria e Eduardo Mendes, já haviam encontrado a empresa pioneira em tecnologias de interação em TV digital, internet, iPhone e iPad, a ITBN. Em uma parceria entre as duas equipes, realizamos uma série de discussões para decidir a histó-
ria, os personagens, as maquiagens, a iluminação mais adequada e o formato do vídeo. A ideia inicial foi uma novela, com núcleos de personagens e atrizes convidadas. Depois decidimos fazer algo mais moderno: uma modelo simulando situações distintas, como festas, jantares ou trabalho. A maquiagem se adequaria a cada ocasião. Entretanto, havia o receio de que o resultado final ficasse piegas. Por essa razão, optamos por um roteiro simples mas sofisticado: um programa inspirado em TV, com 5 minutos de duração, em que seria abordado um assunto por episódio, sempre com um profissional – cabeleireiro, maquiador, esteticista – e uma convidada “gente como a gente” para realizar a atividade de beleza do dia. Nosso primeiro episódio é um tutorial com duas opções de maquiagem. Uma básica – que pode
Não é só a maquiagem que pode ser clicada. outras opções do camarim: ao clicar no maquiador, as informações sobre seu perfil aparecem ao lado do vídeo. a usuária que se interessar pelas revistas do cenário pode clicar e o link da Editora abril aparece.
ser usada no trabalho, por exemplo – e outra mais elaborada, com um belo duo de sombras para os olhos. A internauta pode escolher a situação que deseja assistir e, com um clique, obter detalhes dos produtos que aparecem na tela. Pode também ser direcionada a páginas de compras dos itens escolhidos. Um dos principais desafios identificados no início do projeto foi desenvolver um conteúdo editorial que, embora estivesse atrelado a uma proposta de comércio online, não fosse tendencioso ao privilegiar determinadas marcas ou serviços. A solução encontrada foi neutralizar as imagens das marcas que escolhemos e, no espaço destinado ao e-commerce, oferecer um mix de
produtos que atendesse às necessidades variadas das usuárias. Vale destacar que nosso públicoalvo são mulheres com mais de 30 anos, que se interessam por maquiagem, mas não dominam todas as técnicas. Na tentativa de estabelecer um contato mais próximo com essa internauta, escolhemos a auto-
maquiagem, pois percebemos um efeito terapêutico ao assistir ao conteúdo de outros vídeos referenciais. Assistir a uma mulher com quem criamos uma identificação se maquiando, desenhando uma sombra, dando dicas preciosas para quem se arruma sozinha, foi essencial. Com o objetivo de aumentar a au-
a barra de navegação aparece no topo do vídeo.
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adquirir qualquer produto que foi utilizado durante o tutorial é muito fácil. Pode ser um batom, um kit de sombra ou uma base: basta clicar em qualquer produto sobre a mesa, e em quantos quiser, que eles aparecerão ao lado, na Vitrine. Em seguida, em minhas compras, após confirmar os produtos, a aquisição pode ser finalizada pela internet.
diência e a credibilidade, convidamos o maquiador oficial da Natura, Marcos Costa, para atuar como consultor e apresentador. Sua postura midiática e a experiência anterior na televisão contribuíram muito para a dinâmica da gravação. O dia da filmagem foi um episódio à parte. Gravado na casa de Marcos Costa, contamos com uma produtora renomada no mercado, a Burti Films, que se somou à nossa equipe para “domar” o maquiador das estrelas e produzir um vídeo profissional. Detalhe: tudo precisava ser feito em um dia! Desse processo, surgiu o nosso Camarim,
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um lugar onde as mulheres podem buscar informações sobre moda e beleza, conhecer profissionais de sucesso e acompanhar os bastidores da preparação de um visual para trabalho ou festa. Montamos uma página de site exclusiva para o público do portal M de Mulher assistir ao nosso vídeo. O menu de interatividade foi desenvolvido de maneira curiosa: fizemos um ensaio animado em papel para testar aquilo que, no computador, só aconteceria ao fim do processo. Na animação, programamos as vitrines que aparecem ao lado do vídeo, com informações
sobre os produtos utilizados nas maquiagens, incluindo três opções similares, dados sobre o maquiador e informações sobre a Fernanda, a garota escolhida por nós para se automaquiar. Ao fim da programação, é possível fazer comentários, divulgar o link por e-mail ou redes sociais, bem como efetuar as compras pela internet. Da nossa parte, todo mundo aprendeu a fazer maquiagem, nesse grupo heterogêneo de designers, jornalistas, videomaker, fotógrafa e mídia digital! O resultado de tudo isso você pode conferir no portal M de Mulher.
a designer Isabela andrade fez fotos de diferentes momentos durante as palestras do curso e que aparentemente não tinham nada de especial. mas, sob o título “os cajianos que a gente não vê”, as imagens ganharam outro significado. a impressão é de que essa turminha de monstrinhos realmente participou das atividades e fez parte do Caj.
Uma etapa divertida no planejamento do projeto envolveu a montagem de wireframes de papel, para testar as possibilidades de interação entre cliques e painéis em nosso vídeo interativo. após o teste, percebemos que ter dois painéis de navegação poderia ser confuso.
a cerimônia de premiação do oscar foi na noite de 27 de fevereiro. organizamos um bolão do oscar e a vencedora foi a bianca bibiano, que acertou 6 dos 9 palpites. ela empatou com outros três cajianos, mas foi a única que acertou a categoria melhor filme.
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MISSÃO num grupo em que ninguém assiste futebol de domingo, o desafio foi criar uma seção sobre esportes para o site e para a revista. notícias, resultados e foco na copa e na olimpíada no Brasil, sempre com o olhar de veJa
ALEXANDRE REZENDE
DANIELA MARTINS
DENISE DEL CARMEN
FERNANDA NASCIMENTO
fotografia
design
GIAN LUCCA AMOROSO design
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texto
texto
ROBERTA DE DONNO texto
o goLaço de veja Não só de política é feita a maior revista do Brasil. Quem disse que os leitores não estão interessados em futebol? TEXTo FERNANDA NASCIMENTO E DANIELA MARTINS
É
impossível não falar em esportes com a contagem regressiva disparada para dois grandes eventos esportivos sediados no Brasil, a Copa do Mundo em 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016. Por essa razão, a única surpresa ao receber a missão de criar uma seção esportiva para o site e para a revista VEJA foi perceber que quase nenhum dos colegas de grupo sequer via futebol aos domingos. Desafio lançado, iniciamos uma imersão no mundo dos esportes, pesquisando os melhores endereços sobre o assunto. Fizemos buscas em sites nacionais e internacionais que são referência nesse assunto, desde o Globoesporte. com ao Gazzetta dello Sport. A ideia foi buscar inspiração em conteúdo e layout. E mais: localizar lacunas do que esses veículos não cobriam. Além de concorrer com outros
sites com expertise na cobertura esportiva, teríamos que propor conteúdos diferenciados para o leitor. Após as pesquisas, mostramos aos orientadores nossa ideia para a área esportiva do site de VEJA: a cobertura obrigatória e que a concorrência já faz, mas com áreas especiais no site, como o acompanhamento das obras da Copa e da Olimpíada por meio de mapas e dados, capazes de proporcionar ao leitor um acesso mais rápido e didático às informações. Queríamos criar um novo conceito de design sem perder de vista o interesse dos leitores da revista, por isso a proposta visual tinha de ser diferente das outras editorias do site, mas respeitando o grid da página. Baseados na ideia de que o esporte desperta paixão, pensamos em uma página com grande apelo visual. Em vez das tradicionais manchetes, transformamos em imagens os principais destaques do dia, que variam
as imagens são o destaque e as manchetes na seção de Esportes de Veja.com. os tamanhos indicam a relevância da notícia.
de tamanho de acordo com a relevância editorial. Ao passar o mouse, a foto mostra sua manchete e basta um clique para acessar a notícia. Ainda assim, identificamos a necessidade de existir um título principal e destaques em texto para as notícias sem grandes fotos. Outra aposta do grupo para a página inicial da editoria em Veja.com é uma grande tabela de resultados. O recurso permite que o internauta, logo ao entrar no site, veja o placar dos principais jogos de futebol, tênis, basquete, vôlei e também como anda a Fórmula 1. Além de acompanhar as partidas em andamento, é possível, sem mudar de página, acessar os últimos resultados de cada modalidade e navegar pelos principais campeonatos. Os grandes eventos sediados no Brasil ganham páginas especiais com chamadas na capa da editoria, identificadas por um cronômetro. No espaço dedicado à próxima Copa do
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Para a versão impressa, o grupo entrevistou o ministro Valmir campelo e o engenheiro carlos Fernando de carvalho
Mundo, é possível fiscalizar as obras nas cidades-sede e o cumprimento dos cronogramas. Já no especial da Olimpíada, o internauta pode navegar pelo mapa da Barra da Tijuca e descobrir onde vão ocorrer as competições e onde ficarão os atletas, além de acompanhar o andamento das construções. Ao longo do curso, tivemos que produzir matérias para a editoria. O grande desafio ao propor pautas era encontrar algo que fosse o perfil de VEJA na área esportiva. Sugerimos pautas investigativas e temas da área que não são abordados por outros veículos. Entrevistamos o
ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) relator das obras da Copa 2014, Valmir Campelo – fonte importante nas decisões sobre a organização da Copa. Além de uma matéria sobre esportes de luxo, foi realizada no Rio de Janeiro a entrevista do perfil de Carlos Fernando de Carvalho, proprietário da Carvalho Hosken. Ele é dono de uma porção enorme de terras na Barra da Tijuca e será o responsável por grande
a página interna da seção conta com notícias sobre a copa do mundo e os Jogos olímpicos que serão sediados no brasil
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parte das construções para a Olimpíada no Rio de Janeiro. A repórter Fernanda Nascimento e o fotógrafo Alexandre Rezende entrevistaram o empresário e aproveitaram para fotografar os terrenos de Carvalho e conheceram a região onde seriam realizadas as obras.
A revista Para a revista, o investimento do grupo foi na criação editorial. O projeto, uma seção com cinco páginas, conta com um espaço para o perfil de uma personalidade que vai ganhar ou perder com os eventos esportivos no Brasil em 2014 ou 2016. Uma página dupla é reservada para uma reportagem sobre tendências, curiosidades e boas sacadas sobre o meio esportivo. As notícias mais quentes do mês ganham lugar na seção Titulares e Reservas, um sobe e desce do mundo dos esportes. Na mesma página, um pingue-pongue traz entrevistas com as figuras políticas responsáveis pela fiscalização e organização dos Jogos Olímpicos e da Copa do Mundo no país.
a equipe se reuniu e cada integrante do grupo participou do infográfico “Caj do Sedentarismo”. de acordo com a pesquisa feita com os colegas, descobrimos que ninguém praticava esporte desde o início do Curso abril.
durante o caminho para chegar até a editora abril, um integrante do grupo, focado na cobertura do dia, fotografou o famoso padre quevedo no metrô faria Lima. o padre que já apresentou uma série no Fantástico até mandou “good vibrations” para a turma do Caj.
em nossa primeira entrevista coletiva na programação de palestras do curso, contamos com a participação de ana Luiza veloso, responsável pelo Núcleo de relacionamento com a Comunidade da fiat. foram quase duas horas de perguntas – e ainda teve gente que pediu a vez pelo ipad.
após 16 dias de curso, nossa redação fez uma comemoração-surpresa para os aniversariantes de janeiro, fevereiro e março, com bolo, música, balões e refrigerante. e nós aproveitamos!
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MISSÃO o grupo teve de exercitar pauta, reportagem e edição ao criar uma versão da viaGem e turismo inteiramente voltada para a cidade de são paulo. uma não, duas: a versão impressa e outra para o ipad
GIULIANE TIRABASSO
THAÍS TRIZOLI
ALINE MONTEIRO
LAURA CAPANEMA
HEBERT COELHO
THIAGO BARCELOS
design
design
texto
texto
fotografia
OTÁVIO COHEN texto
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mídias digitais
BRUNO ROBERTI
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Uma Nova São paULo Nossa missão era produzir uma revista de viagens voltada para a capital paulista, no papel e no iPad. Mas havia muitas outras tarefas por trás desse projeto TEXTo ALINE MONTEIRO
P
arecia simples: montar uma revista VIAGEM E TURISMO especial para São Paulo, no papel e no iPad. E, com base nessa experiência, apresentar um projeto de reformulação para o caderno regional que já existe na VT. Mas, com essa missão, vieram outros desafios... Quebrar o gelo foi o primeiro deles. Conseguimos tirar isso de letra após uma ida ao bairro da Liberdade, em pleno ano novo chinês, que coincidiu com o início do CAJ. O passeio foi inspiração para o primeiro dos muitos roteiros turísticos que fizemos em São Paulo. Era preciso definir o conceito gráfico e editorial da revista. Decidimos que a nossa Viagem e Turismo São Paulo (que apelidamos de VTSP) seria feita para os jovens. Isso norteou a escolha das pautas e da nova identidade visual. A revista seria arejada, instigante e geométrica. As
matérias teriam um olhar diferente sobre a cidade de São Paulo. O slogan que criamos é autoexplicativo: “Aquilo que você já viu, de um jeito que você ainda não conhece”. Vale lembrar que escrever para uma revista de turismo não é nada fácil. É um exercício de criatividade. Tínhamos que fazer nosso leitor sonhar, planejar e viajar para lugares “óbvios”. Para isso, lançamos uma visão diferente sobre os lugares mais visitados de São Paulo. Fomos até o subsolo da Sé e revelamos suas criptas, mostramos que os pratos executivos (conhecidos como PFs) também podem ser de luxo e criamos uma lista com sorveterias diferenciadas que existem na cidade. Provamos que, em uma única região, é possível fazer roteiros completamente diferentes para todos os tipos de gosto. Andamos de helicóptero e balão e revelamos São Paulo “pelos ares”. Conseguimos mostrar
a reportagem “Plural, mas não caótica” no iPad. a matéria é um guia para conhecer são Paulo sob quatro pontos de vista diferentes.
uma outra visão do rio Pinheiros. Fomos à praia e lá, em Barra do Una, nosso mídias digitais, Thiago Barcelos, viu o mar pela primeira vez. Dividimos a capital paulista em camadas e descobrimos que muitas vezes o descolado, o tradicional, o alternativo e o underground dividem, sim, o mesmo espaço.
A “tradução” para o iPad Revista pronta, o próximo passo era o iPad. Descobrimos que não seria possível produzir o conteúdo para o iPad e adaptar os layouts
ao mesmo tempo que a revista era paginada. Era preciso um planejamento estratégico que ajudasse as ideias se tornarem realidade e também adquirir mais afinidade com o Woodwing (programa de criação de conteúdo para iPad). O mais novo gadget da Apple tem infinitas possibilidades, por isso definimos quais delas caberiam em nosso projeto. Optamos por vídeos, som ambiente, animações e serviços. Usamos como referência os aplicativos das publicações The Daily, Travel and Leisure, Wired e os
de ALFA e VEJA, da Editora Abril. Sentamos e esboçamos, à mão, o espelho para a revista digital. Definimos que o iPad não poderia funcionar como um depósito de sobras: “tudo o que não entrou na revista, entra no digital”. Não. Apenas o material bom, de qualidade, que tinha potencial para estar na revista (mas que não entrou por falta de espaço) deveria ser aproveitado. Vimos, também, que precisaríamos encontrar soluções para as páginas duplas, inexistentes em um iPad.
a capa da VTsP no iPad – todo o movimento da cidade pode ser visto no tablet.
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Ensaio fotográfico mostrando uma perspectiva diferente do rio Pinheiros.
A VTSP não quer apenas dizer aonde seus leitores devem ir, mas também descobrir onde ele já está A VTSP também entrou no Twitter, no Flickr e no Foursquare. Não criamos nada de novo, apenas marcamos nosso espaço nas redes sociais que já existem. A ideia era usar a nosso favor a marca forte da Abril e a credibilidade de uma revista líder de mercado como referência online de rotas e dicas turísticas no estado de São Paulo. O conceito de geolocalização norteou a proposta: a Viagem e Turismo São Paulo quer saber onde está seu público. Em troca, o leitor/usuário teria reconhecimento em hierarquias online e também nas seções dedicadas aos leitores nas duas versões da revista. No fim, tudo deu certo. A revista ficou pronta tanto para impressão quanto para a versão digital. O resultado superou as expectativas. Mas
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não fizemos nada disso sozinhos. Em cada etapa do processo, estiveram presentes, com ensinamentos, orientações e conselhos, Gabriela Aguerre, diretora de redação da VIAGEM E TURISMO, e Ana Cláudia Crispim, editora de arte. É preciso dizer, o grupo teve altos e baixos. É quase impossível que pessoas tão diferentes, que não se conheciam antes do CAJ, pudessem ter 100% de afinidade. No entanto, o desejo de entregar um projeto bem feito, com novas propostas gráficas e editoriais, principalmente para o iPad, nos motivou a superar qualquer diferença que porventura aparecesse. Nós conseguimos e o resultado está aí. Aproveite e viaje por São Paulo!
matéria sobre as catacumbas da sé, na revista impressa.
Uma das propostas da vtSp no ipad foi criar os “diários do repórter”, vídeos produzidos pela própria equipe que mostrariam os bastidores da reportagem.
Caj não é só o projeto e as palestras. durante os 35 dias, uma das nossas criações foi um infográfico destrinchando o país abril, que trazia informações sobre a editora dividida por “estados”. a população das Semanais, por exemplo, reúne 70 habitantes, fica no 17º andar e é comandada pela “governadora” Kika gianesi.
o elevador da abril, cheio de personagens conhecidos da empresa. quem trabalha no departamento de tecnologia vai direto para o 8º andar, com o manoel Lemos. No 13º ficam pratas da casa, como Luiz Iria, “mestre” da infografia. Lá no alto, no 24º, fica a diretoria, lar de thomaz Souto Corrêa e do próprio roberto Civita.
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MISSÃO no aniversário de 20 anos do canal, a equipe da mtv teve como desafio criar um produto jornalístico transmídia: um programa de tv cujo site e aplicativo no iphone permitissem a intervenção do espectador em sua receita
AURÉLIO AMARAL texto
ISABELLA INFANTINE vídeo
RICKY HIRAOKA texto
FERNANDA FRAZÃO fotografia
RENATA MIWA design
JACKELINE SALOMÃO vídeo
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CAMILA NEVES texto
a mtv qUer “CaUSar” TV, internet e iPhone – a integração dessas plataformas foi a maneira encontrada para dar uma nova cara ao jornalismo da MTV TEXTo RICKY HIRAOKA
A
os 20 anos, a MTV decidiu que estava na hora de ganhar outra cara. Em sua nova fase, o canal deseja voltar a ser referência no cenário musical e se afastar do rótulo de “TV do Restart”. O desafio dessa nova fase é satisfazer uma faixa de telespectadores que vai dos 12 aos 34 anos. Outro desejo da MTV é reconstruir sua relevância. Nessa empreitada, uma das apostas é no jornalismo como fonte de inovação e como forma de (re)encontrar uma identidade. “Investir em programas jornalísticos tem a ver com atrair um público mais velho, mas não é só isso. O pano de fundo dessa re-
formulação é recuperar relevância e incrementar nossa conexão com o real, com o que está acontecendo de relevante no mundo e que tenha a ver com o jovem”, diz Zico Góes, diretor de programação do canal. Coube a sete jovens a missão de reformular o jornalismo da emissora. A ideia, proposta por Zico e Ricardo Anderaos (diretor de mídias digitais da emissora), orientadores da editoria MTV no CAJ 2011, era a criação de um jornalístico transmídia – um programa de TV com um site e um aplicativo no iPhone, que promovessem não só a interação entre essas diferentes plataformas como também possibilitassem a participação do usuário/telespectador
na elaboração do conteúdo que ele próprio irá consumir. Por ser uma emissora segmentada, nem tudo que acontece é notícia para os telespectadores da MTV. Eles estão interessados em temas que refletem diretamente em seu cotidiano. Pensando nisso, esse jornalístico transmídia foi dividido em cinco grandes editorias: Música, Tech (tecnologia e internet), Trend (moda, beleza e comportamento), Atitude (sustentabilidade, responsabilidade social e política) e Cult (cinema, HQs e TV). Com esses conceitos decididos, era preciso encontrar um nome que deixasse clara a dimensão transmídia. E o MTV Conecta transmite a ideia de que TV, web e mobile estão ligados, ao mesmo tempo que chama o telespectador/usuário a interagir, a se conectar com a MTV.
interface do mTV conecta para iPhone. a matéria exibida fala sobre o fechamento do belas artes, tradicional cinema de são Paulo.
Conecta com a TV Para dar um tempero, os orientadores fizeram dois pedidos: o programa de TV não poderia ter um apresentador e o tempo de duração não deveria ultrapassar 2 minutos. Para suprir a ausência de um âncora, concluiu-se que a melhor saída era mostrar a notícia através do olhar de um jovem. Cada programa teria a participação de um personagem que dá um depoimento, mostrando como um fato afeta ou influencia sua vida. No fim, o espectador é convidado a se aprofundar no assunto através do site, que terá uma matéria mais detalhada sobre cada tema. Ter um personagem contribui para uma maior identificação dos telespectadores com aquilo que está sendo mostrado. Além disso, ter um anônimo “dando a notícia” é uma forma de o público fazer parte do MTV Conecta. Outra forma encontrada para a participação dos telespectadores é pedir que eles gravem uma chamada anunciando o início do programa. O texto não poderia ser mais simples: “Está no ar o MTV Conecta!” Para ser escolhido, o que vale é a criatividade do vídeo.
as editorias do mTV conecta – temas cuidadosamente selecionados para atrair o interesse do público-alvo do programa.
Conecta com a internet É no site do programa que o espectador encontrará um espaço reservado para gravar e enviar suas chamadas. Para isso, ele precisará participar do Me Conecta, a rede social do MTV Conecta. Há duas maneiras de se inscrever: o usuário cria uma conta com nome, e-mail e senha ou utiliza seu perfil no Facebook ou no Twitter. As chamadas que a equipe do MTV Conecta mais gostar irão para a home do site – assim, os usuários
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a inteface do site, com conteúdo produzido pelos próprios usuários.
servado para os participantes mais ativos e populares. Além do conteúdo produzido pelo usuário, o site do MTV Conecta terá notícias próprias e abrigará todos os programas que foram exibidos na TV.
Conecta em todo lugar O usuário também poderá usar o aplicativo do MTV Conecta para o iPhone na hora de postar suas fotos e vídeos na rede social, além de gravar as chamadas para o programa. A grande vantagem do aplicativo é dar ao usuário a oportunidade de mandar um flagrante ou uma curiosidade em foto ou vídeo logo após registrar. Rolou um flash mob na avenida Paulista? Está num festival de música repleto de artistas internacionais? É só registrar com fotos ou vídeos e enviar! o me conecta, idealizado também para funcionar dentro de um celular.
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podem votar nas melhores, que serão exibidas nos programas. Através da rede social também será possível enviar vídeos e fotos sobre assuntos relacionados a uma das editorias do MTV Conecta. A cada vídeo ou foto enviado, o usuário ganha 5 pontos. Se o material é publicado na home do site, ele ganha mais 50 pontos. Quanto mais pontos o usuário tiver, maior será sua chance de aparecer no site do Me Conecta, em um espaço re-
Tudo junto As plataformas que fazem parte do MTV Conecta foram criadas para incentivar e permitir que o público participe ativamente do projeto. A aposta da editoria MTV é que a interatividade atraia um grande número de usuários/telespectadores que queiram não só aparecer na TV ou no site, mas que também desejem compartilhar sua visão de mundo com os outros.
vj aurélio
vj vítor thomaz diz não! durante o curso de edição, o grande mestre revisteiro da abril listou tudo o que não devemos fazer na hora de diagramar. e, para a alegria dele, juntamos todos esses erros em uma só página. o título é seu lema: “maldito computador!” que engana nossos olhos e mostra as páginas de forma diferente. thomaz nos ensinou a treinar nossos olhos e buscar uma coisa, acima de todas as inovações de design: legibilidade.
vj jun
vj marília
vj renata
quem quer ser vj? durante o Curso abril, nós aproveitamos para realizar os sonhos de grande parte dos cajianos e testamos o talento de alguns deles na telinha. entre engasgadas, risos e muitos, mas muitos momentos constrangedores, conseguimos identificar alguns talentos! agora, se alguns deles têm chances de virar apresentadores da mtv, isso só o destino dirá.
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MISSÃO o grupo de maioria carioca se sentiu em casa com a missão: reformular o site da veJa rio, mantendo a linha editorial da revista mas buscando ir além, com foco baseado em três pilares: programação cultural, serviço e reportagem
BRUNO XAVIER
DANIELA PESSOA
FERNANDO FRAZÃO
ERNESTO NEVES
LOUISE PERES
NATHÁLIA BUTTI
design
fotografia
texto
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texto
texto
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rIo doS NavegaNteS O novo site da VEJA RIO alia a tradição da revista que é referência cultural para os cariocas a novas possibilidades e experiências no mundo digital TEXTo DANIELA PESSOA E ERNESTO NEVES
É
ramos quatro cariocas de mala e cuia em São Paulo que não esperavam ouvir a palavra “Rio” tão cedo. De repente, já no primeiro dia de curso, estava lá, na apresentação das editorias: “Veja Rio”. Um pedacinho inesperado da nossa cidade em pleno CAJ. Tensão. Será que a gente iria parar justamente nesse grupo? Não... Seria muito óbvio. Pois é, nem tanto. Dos sete cariocas, quatro foram escolhidos para trabalhar com dois paulistas na seguinte missão: colocar um novo site da VEJA RIO no ar, com projeto editorial na mesma linha da revista, mas independente dela, mantendo o foco no guia de programação, criando novo visual e estratégias ligadas às mídias sociais. Como é que é? Colocar um site no ar? “Sim, para valer. Vocês conseguem?”, disparou Maurício Lima, diretor de redação da VEJA RIO
e orientador do projeto, em nossa primeira reunião no restaurante glamouroso do terraço do prédio da Editora Abril. Nós nos entreolhamos apreensivos, mas a sementinha da empolgação já estava plantada.
Tem que ter agilidade O negócio, então, era agilizar. Afinal, colocar o site no ar em um mês seria dose – nosso webdesigner Bruno Xavier que o diga. Segundo ele, um site como esse levaria pelo menos uns três meses para ficar pronto. Nós tínhamos um terço do tempo. No dia seguinte, então, já estávamos pensando em pautas, pesquisando e idealizando a estrutura da página inicial. Tarefa desafiadora para cinco alunos de texto que nunca haviam queimado tanto a cabeça em termos de navegabilidade. Nossa preocupação ia além da boa escrita – era preciso criar todo o esqueleto do site (wireframe! – apren-
demos o nome técnico), pensar nas seções, subseções, ferramentas interativas, novas linguagens, enfim, tudo o que fosse atraente para conquistar novos leitores, aumentando a audiência –, como destacou nosso orientador desde o início. Para se ter uma noção, o número de pageviews mensais do site da VEJA RIO (208 000) representa, hoje, apenas 10% dos pageviews de VEJA SP.
Ih, o borderô! Tínhamos como missão, então, pensar alto, mas colocar os pés de volta no chão. Afinal, o site precisaria ser perfeitamente executável ao fim desse curto espaço de tempo. Novo desafio: como pensar em novidades que fossem viáveis em termos de implementação e não estourassem nosso orçamento? Decidimos manter o foco no guia cultural, mas oferecer, ao mesmo tempo, conteúdo diversificado, multiplataforma. Nosso orientador sugeriu a seguinte proporção: 50% do site para programação, 35% para reportagens e 15% para opinião (colunistas e blogueiros).
semanas de brainstorm frenético. No dia 4 de fevereiro já tínhamos nosso queijo (o projeto de site completo, que apresentamos para o Maurício Lima). E ele nos deu a faca: estávamos prontos para colocar todas as ideias em prática. O conteúdo do novo site da VEJA RIO foi dividido nos dois grandes pilares abaixo:
• Guia de programação cultural e serviços O guia cultural ganhou um espaço fixo na home da VEJA RIO, em formato de box, aparecendo também
em todas as outras páginas do site. Ele permite ao internauta buscar diferentes tipos de serviço e programação, como restaurantes, bares, filmes, peças de teatro e exposições – tudo devidamente separado por abas de navegação. Cada aba tem filtros de busca específicos, como a busca de acordo com o bairro, que possibilitam refinar a pesquisa. Criamos, ainda, uma agenda diária de eventos. Trata-se de um calendário semanal de lazer na cidade. Funciona da seguinte forma: os números representam cada dia da semana. Ao clicar neles, à esquerda
Mão na massa! O objetivo estava definido: ser referência para o internauta que procura informações sobre o Rio; mostrar o que há de novo e bacana na cidade. Como chegar lá? Oferecendo a mais completa programação cultural e o melhor conteúdo multimídia sobre o cotidiano da cidade e o estilo de vida carioca. Foram mais ou menos duas
o novo layout do site da VEJa rio, totalmente produzido pelos alunos do caJ.
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ou à direita (isto é, ao escolher determinada data), o usuário é levado para uma página interna que agrupa uma seleção de eventos do dia. Assim, a informação chega mais fácil e segmentada ao leitor.
• Matérias Havíamos definido as seguintes seções para o site da VEJA RIO: Gastronomia, Arte e Cultura, Noite e Música, Cotidiano, Roteiros, Especiais (Carnaval, Rock in Rio etc.) e Blogs. Bacana, tudo aprovado pelo orientador, mas como gerar conteúdo para todos esses canais? Trabalho duro, meus caros! Sugerimos exatamente 45 pautas. Das aprovadas, ficamos com 13 – as mais legais e possíveis de fazer em tão pouco tempo de curso e produção no Rio de Janeiro (apenas quatro dias!). Para oferecer ao leitor mais do que
conteúdo independente da revista, quisemos aproveitar os recursos da internet para ir além do convencional. Imagine explorar os ambientes mais luxuosos do Copacabana Palace, ícone da cidade. Quantas pessoas já não quiseram dar uma espiada no lugar? Já pensou conhecer a suíte em que os famosos se hospedam? O tour virtual, que oferece ao internauta essa experiência, representa nossa intenção de surpreender. Gostou do passeio? Então que tal assistir a um vídeo na Veja Rio TV? Gostaria de compartilhar o conteúdo com os amigos? É só clicar ali no botão do Twitter ou do Facebook. O leitor/internauta também pode aproveitar para deixar seu comentário através do Facebook Connect – é a VEJA RIO trazendo as redes sociais para dentro do site. Esperamos que vocês gostem!
o rio sob a perspectiva de Fernanda Paes Leme – matéria que pode ser vista no novo site, já no ar.
Guia de compras para o Dia dos Namorados – o conteúdo foi produzido durante o curso e aproveitado pelo site da VEJa rio.
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encontramos famosos entre nós! alguns cajianos se pareciam tanto com personagens e celebridades que as comparações foram inevitáveis! basta olhar para as fotos: é incontestável que a renata miwa é a cara da alessandra Negrini, a priscila parece a moranguinho e o max tem todo o jeitão do Wolverine!
quem você seria na abril? o maior desejo de todos os alunos do curso era ser contratado pela editora – então resolvemos descobrir quem cada um seria na empresa, comparando nossos perfis com o de alguns palestrantes. depois de fazer um teste com perguntas baseadas nas nossas aulas, descobrimos se nós éramos mais parecidos com o diretor de redação da SUper, o Sérgio gwercman, ou com nosso coordenador, o “olho que tudo vê”, edward pimenta, por exemplo.
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MISSÃO o grupo teve de criar uma versão para tablets da revista que é o manual do pequeno e médio empresário brasileiro. interatividade, serviço e troca de informações foram as palavras de ordem para aproveitar as possibilidades do novo meio
BABI BRASILEIRO
THIAGO ARAÚJO
mídias digitais
design
PRISCILA BOFFO design
FERNANDA FRAZÃO fotografia
ERICA MARTIN texto
FILIPE PACHECO texto
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DANIELE PECHI texto
CoNeCtaNdo NegÓCIoS No iPad, o manual do pequeno e médio empresário brasileiro aposta na interatividade entre leitores e personagens em uma rede exclusiva para tablets TEXTo DANIELLE PECHI E THIAGO ARAÚJO
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o universo apresentado nos vídeos conceituais até o lançamento do primeiro modelo de sucesso de um tablet no mercado, muitas ideias vieram e passaram sem nunca terem chegado ao mundo real. No primeiro encontro com nossa orientadora, a missão do grupo EXAME ficou muito clara: trazer serviço e surpresas para o futuro leitor de PME no iPad, mas mantendo o pé no chão. Como construir um aplicativo que surpreendesse em tão pouco tempo e ainda fazê-lo de fato funcionar? Nossa missão, que em um primeiro momento era melhorar a versão
de EXAME para o gadget da Apple, saltou para a concepção de um aplicativo que oferecesse recursos e ferramentas pensadas para pequenos e médios empresários, leitores de EXAME PME. Na data em que nosso Curso Abril começou, seis publicações da editora já estavam no iPad, número expressivo que tornou ainda mais difícil a tarefa de inovar tanto em forma quanto em conteúdo. Claro que teríamos galerias de fotos, áudios, vídeos e a interface típica do aparelho, mas tínhamos de ir além. Desenvolver um projeto sem saber ao certo as limitações tecnológicas que enfrentaríamos foi o maior
No iPad há mais de uma opção de capa para a PmE. basta arrastar o dedo.
desafio enfrentado pela equipe. Após discussões e visitas para tirar nossas dúvidas com os profissionais da Abril Digital, chegamos a um projeto cheio de ideias. Importante: elas já podem ser colocadas em prática com o que existe disponível no mercado. A partir daí, pensamos no que o leitor da PME busca em uma publicação de negócios concebida para um tablet. Concordamos que a principal função desse novo aplicativo é a prestação de serviços para o público baseada nos conteúdos da revista, o que viabiliza a conexão entre os leitores e os empreendedores que têm suas histórias de negócios contadas nas páginas de PME. O raciocínio foi todo estruturado a partir da observação da rede social que a revista já possui na internet (www.revistapme.ning.com). Com um pouco mais de um ano de existência, a rede tem mais de 11 000 participantes que discutem vários assuntos relativos a negócios, carreira, tecnologia e, claro, empreendedorismo. Atualmente, o contato entre os usuários acontece de forma espontânea nesse ambiente, com os assuntos mais evidentes nos tópicos de discussões sendo destacados em uma seção na versão impressa. A grande troca de informações entre os empreendedores nos fez pensar que nos tablets esse engajamento pode ser ainda mais intenso. Com apenas um toque na tela, os leitores
têm contato com os personagens retratados na revista, enviam perguntas em tempo real. Enfim, queríamos ter o máximo de informações em uma única plataforma.
Os serviços Com a mesma proposta da revista impressa – ser o manual do pequeno e médio empresário –, pensamos, além das funcionalidades de interação, em um aplicativo que também explorasse o que há de melhor na identidade das seções da PME. No bloco “Minha inovação”, da seção Para começar, por exemplo, é possível ouvir a voz do personagem da matéria contando ao leitor sobre as especificidades do negócio apresentado. Além disso, em todas
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o usuário tem a chance de assistir a vídeos dos personagens das matérias. ao lado, personagens da reportagem de capa.
as matérias da revista, sempre que o usuário vir o nome de uma empresa ele tem acesso ao Onde encontrar. Essa seção, que também está presente na versão impressa e no aplicativo para tablet, se transformou em uma listagem interativa que conta com mapa, e-mail, site e outras informações que facilitam o contato entre os empreendedores.
“Do lixo ao lucro” Os jornalistas de texto, que estavam acostumados a carregar apenas um bloquinho e uma caneta na hora de apurar, conheceram o peso do
Na revista e também no tablet, na seção “Para começar”, com um clique é possível ter informações e a localização das empresas.
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equipamento de filmagem e viram dobrar o tempo de apuração da reportagem. Afinal, fazia parte de nossa missão produzir um especial para o aplicativo da revista com o tema “oportunidades do lixo”. Em meio a palestras e oficinas do Curso Abril, nossos repórteres enfrentaram um processo de identificação de cases bastante complexo. Era necessário encontrar personagens empreendedores, que tivessem enxergado no lixo uma oportunidade de estabelecer um negócio. A principal dificuldade é que grande parte do setor é do-
minada por grandes empresas e os pequenos negócios que já existem são incipientes. Foram vários dias de ligações, encontros com jornalistas da PME e pesquisas na internet para que fossem selecionados cinco exemplos de negócio que tivessem a cara da revista. Os designers também tiveram trabalho multiplicado: diagramaram na vertical, na horizontal, produziram infográficos, galerias e quatro capas diferentes para uma mesma edição. A fotógrafa virou videomaker e o profissional de mídias digitais uniu tudo isso.
Um esquema “mind-map” foi produzido pela equipe após o painel sobre redes Sociais, que contou com a presença de: fred di giácomo (editor de internet do Núcleo jovem), rafael Sbarai (editor de veja.com) e o professor da fundação getúlio vargas (fgv) e consultor marcelo Coutinho. afinal, as redes sociais são compostas por ferramentas ou pelas pessoas? essas e outras várias questões fritaram cérebros dos cajianos durante a conversa. o infográfico foi uma maneira de organizar informações e citações.
as fotos foram feitas durante a palestra do diretor de redação de pLayboy, edson aran. essas montagens foram produzidas para que as fotos da cobertura do dia fossem diferentes, já que diariamente todos os grupos subiam fotos das palestras. essa brincadeira mostrou como as pessoas se comportam e a gente aplicou umas frases.
o grupo ficou curioso para saber como os colegas do curso definiam um bom jornalista, designer, ilustrador, mídia digital e fotógrafo. foram entrevistadas cinco pessoas (um representante de cada profissão) com a mesma pergunta: “para você um bom ___ tem que ter?”. Com a ajuda da arte, as montagens serviram de panorama para o resto da turma.
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fim De papo
ÀS hIStÓrIaS!
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esde que Homero nos contou as aventuras e desventuras de Helena de Troia, não têm faltado no mundo leitores para uma boa história. Homero, pelo que já se disse, era cego. Contam que teria sido analfabeto; na verdade, talvez nem se qualificasse para ser classificado como analfabeto, pois é possível que em sua época a linguagem grega ainda não fosse escrita. A história, contada em versos, teria sobrevivido de forma oral, repetida de geração em geração até, um dia, ser enfim colocada no papel. Mas aí é que está: com todas essas adversidades, a obra de Homero sobrevive há 3 000 anos e não há previsões de que venha a ser esquecida a qualquer prazo. Os jornalistas de hoje bem que poderiam prestar um pouco de atenção nisso. Vive-se uma época em que a cada 15 dias é anunciada uma nova revolução no mundo das comunicações; formidáveis gurus,
com pencas de Ph.Ds nas costas, prêmios Nobel e capitães da indústria digital nos asseguram que este ou aquele novo aparelho, ou esta ou aquela inovação no ciberespaço, vão “mudar tudo, para sempre”, que “nada mais será como antes” etc. Gasta-se cada vez mais tempo com conversas sobre o que o jornalismo será no futuro próximo, ou sobre o que ele já não é, do que em praticar jornalismo no presente. Tudo bem, mas, com toda a importância do futuro, jornalistas têm contas para pagar no curto prazo. A solução para isso, até que se encontre alguma outra, é ter em mente uma realidade simples: enquanto houver boas histórias para contar haverá leitores interessados nelas, e enquanto houver leitores haverá imprensa — e trabalho para profissionais da comunicação. Às histórias, portanto. Elas estão por toda a parte, para o jornalista que prestar atenção no que está acontecendo ao seu redor — basta que sejam contadas de maneira que o leitor se interesse em lê-las até o fim.
J.r. GuZZo
Jornalista, membro do Conselho Editorial da Editora Abril
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para jornalistas
0 L I 1 S A R B A D N E AG Um curso gratuito exclusivo para jornalistas das editorias de economia, negócios e finanças. Carga horária: 60 horas – 20 semanas Objetivo: promover a discussão, dentro do ambiente acadêmico, de temas que integram a agenda dos jornalistas, com foco no mercado brasileiro e internacional.
Metodologia: palestras e debates sobre
assuntos relevantes da atualidade brasileira, como cenários e tendências econômicas, gestão estratégica, competitividade, marketing, empreendedorismo, mercado financeiro, gestão de crédito, comportamento do consumidor, governança, entre outros.
Desde sua primeira edição, o curso já contou com a participação de mais de 350 jornalistas.
Informações e inscrições FUNDAÇÃO ARMANDO ALVARES PENTEADO Faculdade de Administração / FAAP-MBA / WNP Comunicação Tel.: (11) 3662.7270 / 7271 Fax: (11) 3662.7271 Jornalistas: Suelen Rodrigues - suelen.rodrigues@wnp.com.br Carolina Vivas - carolina.vivas@wnp.com.br Helena Capraro - helena.capraro@wnp.com.br
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Respeite a sinalização de trânsito.
MOVIDOS PELA PAIXÃO. MOVIDOS PELOS BRASILEIROS.
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Porque o que move a Fiat é você.
Afinal, a inventividade dos brasileiros é importante para a gente.
dos brasileiros inspirando a Fiat a se reinventar sempre.
revolucionou mais uma vez. É a capacidade de inventar
estendida, a Strada. E, em 2010, com o Novo Uno, a Fiat
Em 1998, a Fiat criou a primeira picape pequena com cabine
do mundo. Depois, veio o Uno Mille, o primeiro carro 1.0.
de mercado há 9 anos. Em 1979, lançou o primeiro carro a álcool
Nestes 35 anos, inovação foi a palavra que levou a Fiat a ser líder
Eles olham para uma onda e inventam uma nova fonte de energia. A Fiat olha para eles e inventa motores mais econômicos.
SAC 0800 707 1000