GRUPO 2 PETRÓPOLIS ANGELA M. R. P. LIMA ANA PAULA O. TAVARES ENEIDA A. B. F. DE SÁ LUIZ HENRIQUE DE SÁ MORGANA L. V. DE CARVALHO
TRABALHO DE CAMPO
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GRUPO 2 PETRÓPOLIS
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REALIZAÇÃO FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ VICE-PRESIDÊNCIA DE AMBIENTE, PROMOÇÃO E ATENÇÃO À SAÚDE CENTRO DE ESTUDOS E PESQUISAS EM EMERGÊNCIAS E DESASTRES EM SAÚDE ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA ESCOLA POLITÉCNICA DE SAÚDE JOAQUIM VENÂNCIO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE ESTUDOS DE SAÚDE COLETIVA PROGRAMA DE FORMAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS EM VIGILÂNCIA EM SAÚDE E AMBIENTE UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE FACULDADE DE FARMÁCIA DEPARTAMENTO DE FARMÁCIA E ADMINISTRAÇÃO FARMACÊUTICA PREFEITURA DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO SECRETARIA MUNICIPAL DE CONSERVAÇÃO E SERVIÇOS PÚBLICOS SUBSECRETARIA DE DEFESA CIVIL APOIO MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL SECRETARIA NACIONAL DE DEFESA CIVIL DEPARTAMENTO DE MINIMIZAÇÃO DE DESASTRES
TRABALHO DE CAMPO
GRUPO 2 PETRÓPOLIS
VERSÃO EM AVALIAÇÃO
ORGANIZADORES CARLOS MACHADO DE FREITAS E VÂNIA ROCHA REVISÃO TÉCNICA SUELI SCOTELARO PORTO E VÂNIA ROCHA PROGRAMAÇÃO VISUAL PRISCILA FREIRE PROFESSORES TUTORES MARCELO ABELHEIRA E SUELI SCOTELARO PORTO
MORRO DOS MARUJENTOS: UM ESTUDO SOBRE DESASTRES E SAÚDE
AGENTES LOCAIS EM DESASTRES NATURAIS
FIOCRUZ – PALÁCIO ITABORAÍ
PETRÓPOLIS – RJ 2013
FIOCRUZ Curso de Capacitação Agentes Locais em Desastres Naturais
Angela M.R.P. Lima Ana Paula O. Tavares Eneida A.B.F. de Sá Luiz Henrique de Sá Morgana L. V. de Carvalho
Morro dos marujentos: um estudo sobre desastres e saúde
Palácio Itaboraí Petrópolis – Rio de Janeiro 2013
Ao contrário do que se pensa, uma adaptação boa demais não é prova de resiliência, e às vezes um sentimento de culpa torturante até chega a organizar estratégias de existência resilientes. Boris Cyrulnik
SUMÁRIO Introdução Introdução..........................................................................1 Apresentação.....................................................................3 Objetivos.............................................................................3 Metodologia.......................................................................4 Áreas adscritas.....................................................................5 Equipamentos comunitários................................................6 Geomorfologia.....................................................................7 Pontos vulneráveis..............................................................8 Características Sociais.........................................................9 Surgimento da Comunidade...............................................9 As tragédias.......................................................................10 As tragédias.......................................................................11 Dados atualizados.............................................................12 Conclusão.........................................................................12 Recomendações...............................................................13 Terapia Comunitária Integrativa......................................13
MORRO DOS MARUJENTOS – UM ESTUDO SOBRE DESASTRES E SAÚDE INTRODUÇÃO O Planeta Desde que James Lovelock e Lynn Margulis inverteram a compreensão que, nós humanos, tínhamos do que era o planeta terra, caminhamos em meio ao atoleiro. De lá para cá todo o nosso conhecimento tem sido colocado em uma posição de desconfiança, de insegurança, e porque não dizer, de desafio, pois os princípios que regiam de forma segura e confiante nossos passos deterioraram-se, deixando-nos entregues as muitas possibilidades sem sabermos onde nossa escolha é mais acertada. O fato de o planeta passar de um amontoado de pedras para um organismo vivo transforma de maneira integral o comportamento do mesmo. Transforma, também, a visão necessária para a compreensão desse mesmo planeta. Sabemos que nos dias de hoje torna-se cada vez mais difícil apontar as diferenças básicas entre aquilo que é considerado vivo e aquilo que não. Se nosso planeta pode ser considerado um organismo vivo, isso traz implicações imensas que não podemos dar conta de maneira rápida nem simples. Porém, o tempo que temos é cada vez menor, pois lidar com um organismo vivo dessa dimensão e com as consequências de como ele tem sido tratado, exige-nos, não só uma mudança
de consciência,
mas
também uma rapidez
nas
decisões.
Nossa
responsabilidade atinge também outras gerações futuras e mesmo o perpetuar de nossa espécie. Sabemos também que as mudanças de paradigma são lentas e necessitam de muitas provas para que os detentores de uma posição possam ser convencidos a modificar seus pontos de vista. Nossa escolha hoje é entre o caos e um redirecionamento rumo a um novo mundo. A necessidade de redistribuição da riqueza mundial se faz cada vez mais premente, será impossível manter um crescimento sustentável sem mexer na divisão da riqueza. A renda dos 20% mais ricos no planeta é de 90 vezes maior do que a renda dos 20% mais pobres. Os ricos consomem 11 vezes mais energia, comem 11 vezes mais carne, tem um numero 49 vezes maior de telefones e 145 vezes mais carros. O patrimônio líquido de quinhentos bilionários é equivalente ao patrimônio líquido da metade da população mundial.
O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento e a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação indicam que 87 países atualmente não conseguem sustentar suas populações nem possuem dinheiro para importar o que lhes falta. A média de energia elétrica comercial consumida pelos africanos é de ½ kWh por pessoa. Os asiáticos e os latino-americanos consomem de 2 a 3 kWh; os norteamericanos, europeus, australianos e japoneses usam até 8 kWh. Se utilizarmos como padrão de vida oitenta anos, uma criança norte-americana média produzirá ao longo desse tempo o dobro da carga ambiental de uma criança sueca, três vezes mais que uma italiana, 13 vezes mais que uma brasileira, 35 vezes mais que uma indiana e 280 vezes mais que uma criança haitiana. O ser humano médio necessita de cinco litros de água por dia para beber e cozinhar, e de 25 litros para higiene pessoal. Um norte-americano médio usa 350 litros por dia, o europeu e o japonês médios, de 130 a 150 litros. Africanos caminham mais de três quilômetros para conseguir água potável, se conseguem encontra-la, e 48% deles não tem acesso a uma água que seja segura. Mais de um bilhão de pessoas ainda não tem acesso fácil a uma fonte confiável de água. Esses são dados atuais, imaginem que em 1900 a população mundial era de 1,5 bilhão de pessoas. Em 2005, a população cresceu para 6,4 bilhão de pessoas, um aumento de mais de quatro vezes em apenas pouco mais de 100 anos. O crescimento é de 90 milhões por ano. Estimativas de médio prazo apontam para cerca de 7,85 bilhões em 2025 e 9,1 bilhões por volta de 2050. Os dados demonstram a necessidade de uma rápida mudança de rumo se quisermos sobreviver enquanto espécie. O discurso de que os dados não são conclusivos é um enorme perigo, pois mesmo que efeitos no clima não possam ser previstos com precisão, pois o aquecimento global não é um processo gradual e distribuído, mas um processo diferenciado que tem efeitos de aquecimento e de resfriamento em diferentes locais, na sua totalidade essas alterações no clima ameaça um numero incalculável de espécies, como também o suprimento de alimentos e a própria sobrevivência da humanidade. Então, o que nós temos é um quadro nada promissor no que tange ao futuro, se medidas urgentes não forem tomadas para transformar radicalmente a nossa visão de mundo e consequentemente a maneira como lidamos com o planeta. É importante lembrar ainda que, há exatos 20, anos realizou-se no Brasil uma grande e primeira conferência sobre o clima a ECO-92 com a participação de chefes de estado e a confecção de um documento que deveria ser a contra partida dos direitos humanos, a Carta da Terra, que direcionava e instruía os governos daquilo que deveria ser feito e
para onde caminhar. Hoje, fazendo um balanço, muito pouco ou quase nada foi realizado e a nossa situação piorou muito. Na RIO+20, nada se modificou e alcançaremos em pouco tempo um ponto que alguns consideram sem volta e de onde tudo o que poderemos fazer será enfrentar as consequências de todas as nossas perniciosas ações sobre o meio-ambiente. Certamente o planeta já enfrentou outras ocasiões de transformação, cometas já o atingiram provocando tsunamis imensos e eras do gelo, o clima modificou-se de região para região, a evolução de espécies contribuiu para modificações ambientais, mas nunca a ameaça de aniquilação foi tão concreta. Possivelmente enquanto planeta vai haver futuro, não sabemos é se a nossa espécie poderá sobreviver às mudanças e adaptar-se. (Sá e Ibrahim, 2012).
APRESENTAÇÃO Esse é um Trabalho de Conclusão de Curso do curso Agentes Locais em Desastres Naturais: Defesa Civil e Saúde na redução de danos, promovido pela Fiocruz em parceria com a Defesa Civil – RJ. Também como parceiros a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Universidade Federal Fluminense (UFF). Conta ainda com a participação da Defesa Civil Nacional e com o Ministério da Saúde, já que a ênfase dos estudos recai sobre a interface Saúde/Defesa Civil. O curso tem como objetivo fomentar, articular, mobilizar práticas educativas e executar ações de prevenção e primeiras respostas a desastres naturais além da produção de material didático-pedagógico para ação multiplicadora dos participantes do mesmo.
OBJETIVOS Nosso trabalho pretende descrever as características locais e analisar os desastres extensivos ocorridos durante os últimos vinte anos no bairro Duarte da Silveira, em Petrópolis no estado do Rio de Janeiro recomendando algumas ações minimizadoras dos desastres naturais e suas consequências na saúde da população local. O bairro conta com uma das unidades de saúde da rede do município, funcionando esta na Estratégia Saúde da Família sob a denominação: ESF – Menino Jesus de Praga. Nosso estudo foi realizado na micro área III dessa unidade.
METODOLOGIA Através da coleta de dados em antigas publicações, de entrevistas com os moradores, da observação “in loco”, do estudo de uma linha do tempo de desenvolvimento da micro área e de dados relativos à saúde da população será realizada uma análise que permita identificar os principais riscos de emergências e desastres para a população assim como contribuir para minimizar esses riscos além de propor ações que possam auxiliar na prevenção dos desastres e suas consequências para a saúde da comunidade.
MICRO ÁREA III
VISTA TOTAL DAS ÁREAS ADSCRITAS À UNIDADE DE SAÚDE.
VISTA DOS DIVERSOS EQUIPAMENTOS COMUNITÁRIOS: 01 Buffet 01 ponto de apoio da Defesa Civil na Igreja São Paulo Apóstolo 01 confecção 01 pousada 01 metalúrgica 01 condomínio 01 fábrica de móveis 01 fábrica de lentes oculares.
Como se pode depreender dos equipamentos acima citados a comunidade tem poucos recursos que auxiliem na manutenção da saúde entendida em seu espectro mais amplo, pois conta com uma unidade de saúde, não existe local para lazer, não há policiamento, não há creche nem escola, provocando deslocamentos e no caso de desastres existe um ponto de apoio que precisa ser acessado através de muitas trilhas perigosas quando as sirenes instaladas pela Defesa Civil soarem. CARACTERÍSTICAS PREDOMINANTES DO AMBIENTE NATURAL E SOCIAL DO TERRITÓRIO DO MUNICÍPIO DE PETRÓPOLIS GEOMORFOLOGIA O Município de Petrópolis faz parte da Região das Escarpas e Reversos da Serra do Mar, inserida em uma das quatro unidades que compõem esta região, a Unidade Geomorfológica da Serra dos Órgãos; As rochas encontradas na região são predominantemente pertencentes ao complexo granítico‐gnáissicomigmatítico; De idade Pré‐Cambriana. Nessas rochas encontram‐se frequentes fraturas e falhas de extensão regional, com fortes consequências na topografia, pois toda região de abrangência destas unidades foi submetida aos mesmos eventos tectônicos, durante a era de sua formação; Em decorrência desse fato, as características gerais do seu relevo são determinadas por um mesmo padrão de fraturamento e posição em relação à escarpa principal (limite meridional do domínio serrano). Essas estruturas geológicas regionais desempenham um importante papel na organização da rede de drenagem e na formação do relevo Municipal. Dessas características resultaram solos objetos de sucessivas fases erosionais, com intensa remobilização de blocos graníticos, agravadas pela presença de vales alongados, segmentos de drenagem retilíneos, maciços graníticos circundados por camadas de solo, relativamente pouco espessas. Por conta do descrito, as encostas de toda a região são afeitas a movimentos de massa, especialmente escorregamentos, o que recomenda especial atenção aos processos de ocupação antrópica, desmatamento e localização de culturas agrárias; A Secretaria Municipal de Habitação em colaboração com a Defesa Civil do Município vem elaborando o Plano de Contenção de Riscos, relativamente às encostas suscetíveis de deslizamentos, conforme o estipulado na Lei 12608/12
QUARENTA PONTOS DE VULNERABILIDADE MAPEADOS PELA DEFESA CIVIL EM PETRÓPOLIS, DENTRE ELES A RUA JOÃO XAVIER.
CARACTERÍSTICAS NATURAIS: No bairro Duarte Da Silveira a topografia é formada por relevo acidentado com grandes desníveis altimétricos. Moradores relatam que entre 1950 e 1960 havia existência de vale que possibilitava a expansão dos núcleos, e não havia a necessidade de se fazer o desmatamento. Os moradores mais antigos não se recordam de nenhuma barreira, ou desastres naturais, nessa época. Portanto, não houve grandes impactos negativos na topografia do local. A partir de 1970, a cidade de Petrópolis entrou num processo de urbanização acelerado, e desordenado, que atingiu em cheio o bairro Duarte da Silveira, pois com a construção da Rodovia Rio-Juiz de Fora (atual BR 040), tornou-se mais fácil à ocupação dessa área. Nos dias de hoje ainda existe um pouco de área verde, rios e mananciais.
CARACTERÍSTICAS SOCIAIS: Hoje a atual situação social é: #180 famílias cadastradas; #539 pessoas; #250 do sexo masculino; #289 do sexo feminino; #7 alcoólatras; #8 deficientes; #25 diabéticos; #3 epiléticos; #105 hipertensos; #3 gestantes; # 7 a 14 anos..100% das crianças estão na escola; #15 ou mais.. 435 pessoas são alfabetizadas = 98,19%; # 155 idosos; #42,22% usam água filtrada; #1,67% usam água fervida; #16,11% usam água clorada; #40% usam a água sem tratamento; #54,44% recebem água pública; #45% usam poço ou nascente; #0,56 usam outros (chuva); #98,89% das casas são de tijolo ou adobe; #1,11% das casas são de madeira; #100% do lixo é coletado; #100% do destino das fezes e urina, usam o sistema de esgoto; #92,78% tem energia elétrica. COMO SURGIU A COMUNIDADE No ano de 1926 havia nesta localidade (Rua João Xavier) 2 casas de 2 famílias alemãs. Do sr. Walter Arno Mannheimer e seu primo, com seus respectivos funcionários: Na 1º casa havia uma serviçal chamada: Dona Maria Lúcia Rodrigues, casa nº799; Na 2º casa havia uma serviçal chamada: Dona Jota de Jesus, casa nº923. Os patrões chamaram os 4 herdeiros da fazenda e os comunicaram que: após o falecimento de ambos, era de desejo deles, que seus serviçais permanecessem, nas casas onde, cada uma respectivamente trabalhava e residia com sua família, e que esse direito fosse estendido a todas as gerações futuras; Encontra-se hoje na 5º geração, e isso corresponde a +- 40% da área; Por volta do ano de 1970 com a construção da Rodovia Rio-Juíz de Fora (Atual BR 040, próximo ao KM 77), algumas ocupações começaram a ocorrer, desordenadamente e no ano de 1984 aconteceu a 1º grande queda de barreira com consequente quedas de casas, soterramentos, vítimas com ferimentos graves e um óbito.
As pessoas levam uma vida simples, sem muito luxo, os pais se esforçam para que seus filhos continuem estudando, a comunidade é muito unida e possui um poder de resiliência mesmo frente à ausência de intervenção do poder público, há lideranças religiosas que tem um bom relacionamento com a associação de moradores facilitando assim melhorias para a comunidade. DEPOIS DE 1984 NOS ANOS SUBSEQUENTES, AS TRAGÉDIAS CONTINUARAM A ACONTECER.
NO ANO DE 1995 A COMUNIDADE CONTINUAVA SEM APOIO DO GOVERNO.
EM 2009 A COMUNIDADE VOLTA A CHORAR MAIS 4 ÓBITOS.
ÚLTIMOS DADOS DO MORRO DOS MARUJENTOS
ÚLTIMOS DADOS DO MORRO DOS MARUJENTOS
MORRO DOS MARUJENTOS – 2013 CONCLUSÃO Examinando os dados coletados, levando-se em conta as características geomorfológicas do local, atendo-nos ao processo de desenvolvimento da cidade, da ocupação do solo, da assistência ou falta dela por parte do poder público, da capacidade de resiliência da população e do momento atual por que passa essa região no bairro Duarte da Silveira, podemos concluir que no seu início a região não sofria com os desastres naturais e encontrava-se preservada.
Com o crescimento da cidade, com a abertura da rodovia Br-040 e a necessidade de moradias, o processo de ocupação desordenada acabou por implantar-se contribuindo para que os desastres naturais fizessem suas vítimas. Analisando os dados sobre as moradias, lixo, água, esgoto e energia elétrica percebe-se que a comunidade não se apresenta como das mais precárias, pelo contrário, tem um atendimento que pode ser considerado de bom padrão. Os índices de alfabetização e de frequência escolar são altos e em relação às doenças levantadas pela unidade de saúde chama a atenção à hipertensão e a diabetes, que são monitoradas e exigem cuidado constante. Com a implantação de um ponto de apoio e das sirenes pela Defesa Civil espera-se evitar futuras mortes no caso de algum desastre.
RECOMENDAÇÕES 1- Melhorar os acessos ao ponto de apoio; 2-Manter unidades de UPC (unidade proteção civil); 3- Manter o ponto de apoio humanizado, e com uma infraestrutura adequada; 4- Criar programas que custeiem ou barateiem o preço de calhas pluviais, para a população de área de risco; 5- Implantação de programas municipais de apoio à construção civil, gratuitos, nessas áreas, com equipes de engenharia e arquitetura da defesa civil. Manter atualizados pelas equipes de ESF, endereços e estado de saúde das pessoas mais frágeis e em situação de risco, nas comunidades. 6- Oferecer Terapia comunitária integrativa como forma de fortalecimento da resiliência das populações assim como recuperação emocional durante os desastres e resgate emocional na reconstrução.
TERAPIA COMUNITÁRIA INTEGRATIVA Uma de nossas recomendações, a partir dos dados coligidos e analisados e também através dos depoimentos de nossos colegas de curso, é que a Terapia Comunitária (TC) seja um instrumento a ser adotado em situações de emergências e desastres, não só visando as pessoas das comunidades atingidas, mas também oferecendo suporte psicológico aos profissionais que atuam em emergências e desastres, indiferentemente sejam da Defesa Civil, Corpo de Bombeiros, Força Nacional, SUS ou Ong´s e que possa ser utilizada nos diversos momentos, ou seja, na prevenção, na ação e na reconstrução. No primeiro momento atuando no fortalecimento da resiliência e empoderamento das lideranças comunitárias, no segundo promovendo acolhimento e resgate emocional e por último estimulando a criatividade para a resolução de problemas. Certamente essa separação deve ser compreendida apenas como recurso didático já que a TC possui caráter transdisciplinar. Recomendaríamos ainda que rodas de TC passem a fazer parte desse curso de formação de multiplicadores (Fiocruz) complementando o aprendizado racional e trazendo a oportunidade do vivencial, lúdico e experiencial aos seus alunos.
A TC possui características e atributos que a levam a ser uma prática complementar vinculada a Política de Práticas Integrativas e Complementares do SUS – PNPIC – operando na sociedade por meio da Política Nacional da Atenção Básica – PNAB – e ambas constituídas como políticas de estado. Essas mesmas características (Acolhimento respeitoso, Formação de vínculos e Empoderamento das pessoas) são exatamente aquelas capazes de estimular resiliência e resgate emocional nos momentos críticos em emergências e desastres, vamos ver o que nos diz o Dr. Adalberto Barreto e organizadores em: O SUS e a Terapia Comunitária. “A Terapia Comunitária (TC) é uma metodologia de intervenção em comunidades, por meio de encontros interpessoais e intercomunitários. Tem o objetivo de promover saúde com a construção de vínculos solidários, valorização das experiências de vida dos participantes, resgate da identidade, restauração da autoestima e da confiança em si, ampliação da percepção dos problemas e possibilidades de resolução a partir das competências locais.” “É uma ação cidadã que transcende classes sociais, profissões, raças, credos e partidos, englobando agentes comunitários de saúde, profissionais da Estratégia Saúde da Família, assistentes sociais, psicólogos, médicos, dentistas, enfermeiros, fisioterapeutas, sociólogos, agentes pastorais, advogados, educadores e outros atores da comunidade.” “Através da TC, procura-se prevenir, promover a saúde em espaços coletivos, e não combater a patologia individualmente, o que é da competência dos especialistas.” “A TC atua na saúde numa perspectiva integrativa, na qual a compreensão da cultura, história de vida, contextos sociais, políticos, familiares e comunitários são fundamentais.” “Encontros coletivos (rodas) convidam pessoas a partilhar dificuldades e superações, tendo o terapeuta comunitário como facilitador, com isto, potencializar os recursos de cuidado, acolhimento e saúde da própria comunidade, permitindo que só afluam para os níveis secundários aqueles que de fato necessitem.” Tudo isso vem de encontro à crença de que, principalmente ações de prevenção, são diretamente proporcionais às capacidades e possibilidades de exercício da cidadania por parte dos sujeitos que formam uma comunidade! Para encerrar vamos ainda nos remeter ao texto e apontar um pequeno histórico da TC. “A Terapia Comunitária Sistêmica Integrativa foi desenvolvida pelo departamento de Saúde Comunitária da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), sob a coordenação do Prof. Dr. Adalberto de Paula Barreto. Com doutorado em psiquiatria e em antropologia, Barreto é ainda licenciado em filosofia e teologia.”
Desde sua sistematização, em 1987, cerca de 13.600 terapeutas comunitários (hoje perto de 25.000) já se encontram capacitados pelos 36 Pólos de Formação, em todas as Unidades da Federação, sob a orientação técnica da Universidade Federal do Ceará e a supervisão da Associação Brasileira de Terapia Comunitária (ABRATECOM). Desde agosto de 2008, o Projeto de Implantação da Terapia Comunitária na rede SUS (Sistema Único de Saúde) e na ESF (Estratégia Saúde da Família) vem sendo desenvolvido em quinze estados do país.” “Desta forma, legitimar sua prática e pesquisa no Brasil significa também validar nossa experiência, melhorar nossa autoestima e resgatar nossas competências enquanto atores de teorias e práticas adaptadas à nossa realidade.” RODA DE TERAPIA COMUNITÁRIA
BIBLIOGRAFIA Plano diretor de Petrópolis vol. 1 Diagnóstico. —Revista brasileira de geomorfologia ano 8 nº 1 (2007). — Luiz Henrique Sá; Ibrahim, Samira Younes. Sustentabilidade organísmica. Trabalho apresentado no IV Congresso de ULAPSI (União Latino Americana de Psicologia) Construindo a identidade Latino Americana da Psicologia. Montevideo, Uruguai. 26 a 28 de abril, 2012. — Barreto, Adalberto. O SUS e a terapia comunitária.Fortaleza,CE.2009. __IBGE cidades@ —Google Earth. —Informações dos moradores (dados fornecidos). —Secretaria de Defesa Civil de Petrópolis (dados fornecidos).
Este relatório de campo foi desenvolvido pelo corpo discente como um Trabalho de Conclusão do Curso Agente Locais em Desastres Naturais, um projeto-piloto que visa a formação de multiplicadores em ações de Saúde, Proteção e Defesa Civil. Este material está em validação, por esta razão não pode ser divulgado, copiado, alterado, citado e impresso. A impressão está autorizada somente ao corpo docente e discente. Esta publicação foi desenvolvida em 2013 no Estado Rio de Janeiro, RJ, Brasil. O curso ocorreu entre os meses junho e julho de 2013 na cidade de Petrópolis, RJ, Brasil.