Filipe Lopes in Publico

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ID: 75624956

27-06-2018 | Imobiliário

Meio: Imprensa

Pág: 10

País: Portugal

Cores: Cor

Period.: Semanal

Área: 22,65 x 25,82 cm²

Âmbito: Economia, Negócios e.

Corte: 1 de 2

Mercado imobiliário do Porto está com um dinamismo nunca antes visto Em entrevista, Filipe Lopes, head of Porto da Cushman & Wakefield, garante que esta cidade nortenha vive uma fase única e se encontra no radar dos investidores. “O Porto está em recriação e vai alcançar o dinamismo de outras segundas cidades europeias que se equiparam à primeira cidade do país” Hoje, como classificam o mercado do Porto? O Porto, à semelhança do mercado imobiliário português em geral, vive uma fase única, há pelos investidores um enorme otimismo nos fundamentais que sustentam os investimentos imobiliários. O mercado está com um dinamismo nunca antes visto gerando excelentes oportunidades de investimento com retornos excelentes. A melhoria dos nossos indicadores económicos mais importantes teve consequência direta no mercado imobiliário, que aliado a um excelente período de grande notoriedade e reconhecimento internacional faz do Porto um destino de grandes investidores. Quais as grandes alterações que se verificam nos últimos anos? Durante muito tempo o Porto assistiu a um abandono do centro histórico - as sedes de grandes empresas cujos centros de decisão eram no Porto foram gradualmente dando menos relevância aos escritórios no centro, e também assistimos à nova construção na periferia da cidade, o que levou ao êxodo do centro em termos de serviços e de habitação. O Porto foi durante muito tempo incapaz de captar a vida da cidade para o centro, e neste momento assistimos ao ressurgimento do centro como polo aglutinador, primeiro potenciado pelo turismo, agora de forma abrangente com a instalação de serviços e projetos residenciais de alto padrão. O processo está em curso e a ser o principal destino para viver, comprar e trabalhar. No radar dos investigadores Que importância tem este mercado para a vossa empresa? O mercado do Porto é um mercado que está no radar dos investidores. Para a Cushman & Wakefield o Porto não é uma moda, é uma consequência natural do nosso negócio. Ao longo dos últimos 27 anos de atividade em Portugal estivemos envolvidos nos projetos mais emblemáticos da região. Temos demonstrado que a nossa experiência e conhecimento globais e locais conseguem melhores projetos, melhores localizações para os negócios dos nossos clientes e espaços adequados para trabalharem, com soluções eficientes e, sobretudo, mais rentáveis a longo

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prazo. Sendo um mercado que está no estágio inicial de investimento, é neste momento que temos que estar mais atentos para a criação de produto estruturado e adequado às exigências atuais. É nesta atura que se cria o imobiliário para ser sustentável por muitos anos ou se fazem erros que tornam esses investimentos especulativos e com ganhos apenas de curto prazo. A C&W apostou forte criando uma equipa de profissionais, que muito nos orgulha, com experiência acumulada em todas as áreas em que atuamos que permitem preparar os projetos para o mercado atual. O que mais vos tem surpreendido no mercado portuense? Temos, ao longo destes últimos anos, vivido uma fase muito boa para o investimento imobiliário no geral e o norte do país tem sabido aproveitar estas oportunidades, reconvertendo o nosso património em ativos de rendimento de longa duração. A veia empreendedora das famílias do Norte faz com que a primeira vaga de investimento seja feita por locais, os principais edifícios da cidade foram comprados pelas famílias tradicionais do Porto que estão a criar grandes projetos imobiliários. Curioso assinalar que conseguem ser mais agressivos em termos de preço que os grandes investidores internacionais, apesar do seu grande apetite, continuam a ser os “family offices” que estão mais ativos. Enquanto as taxas de juros continuarem nos níveis atuais vamos continuar a assistir a este tipo de investimento.

Investidores racionais Quais as grandes diferenças entre o mercado de Porto e Lisboa? O mercado do Porto proporciona excelentes oportunidades que Lisboa já tem dificuldade em oferecer, os investidores avaliam o risco de cada cidade. O Porto sempre apresentou menor liquidez face a Lisboa. Os investidores são racionais e avaliam riscos e o Porto tornou-se uma alternativa a Lisboa porque o mercado ocupacional tornou-se mais líquido, com mais empresas a querer abrir escritório na cidade, mais pessoas com vontade de morar e iniciar negócios. E isso dá uma enorme con-

Filipe Lopes, Head of Porto da Cushman & Wakefield fiança aos investidores que antes, em Portugal, só viam esse mercado dinâmico em Lisboa. Outro ponto fundamental para mudar o perfil dos investidores é a capacidade de dimensão de produtos preparados para serem colocados no mercado de investimento institucional nesta vaga de investimento, sobretudo dinamizada por “family offices”. Estão a ser criados mais ativos imobiliários que vão, em breve, entrar no mercado de investimento institucional que dinamizará o número de transações. O Porto está em recriação, e vai alcançar o dinamismo de outras segundas cidades europeias que se equiparam à primeira cidade do país.

Quais os grandes desafios, no mercado do Porto, que atualmente a Cushman & Wakefield enfrenta? O imobiliário no Porto está em transformação, temos um centro de cidade a sofrer uma restruturação profunda, reorganização de usos, novas zonas para fins completamente distintos. Enfrentamos um estado de efervescência que permite que “os não profissionais” consigam concretizar mais valias de curto prazo no mercado, mas o nosso foco nesta fase, é criar oportunidades e estruturá-las para ser sustentáveis a longo prazo. O nosso objetivo passa por dar aos nossos clientes o apoio para tomarem as melhores decisões de investimento ou desinvestimentos imobiliários. Isto para que possam

estruturar operações para serem sustentáveis, acrescentar valor nas comercializações com novos operadores. No fundo, queremos ajudar os nossos clientes a influenciar positivamente as pessoas no modo como trabalham, vivem e compram. Como acreditam que este mercado venha a evoluir nos próximos anos? O mercado imobiliário já está num processo evolutivo, devido ao excelente trabalho feito. As pessoas querem visitar Portugal e gostam de viver em Portugal, e este sentimento foi o mais difícil de criar. O Porto é agora um destino aliciante, o desafio é agarrarmos as oportunidades e dar condições para suprir essa procura. O chamado círculo virtuoso já está em curso, começámos com o turismo a potenciar o retalho, o retalho potenciou a indústria, a indústria potenciou a logística, e todos potenciam os serviços. Esta dinâmica exponencia o mercado para os próximos anos, não podemos descurar os fundamentais que nos fizeram chegar aqui, ter legislação adequada, poderes políticos interessados em potenciar esta dinâmica, mas sobretudo fazer de forma estruturada e profissional. O desafio é profissionalizar e exigir cada vez mais dos players do mercado imobiliário, pois temos uma oportunidade ímpar de colocar o Porto nos roteiros das grandes empresas. O Porto começou com turismo ‘low cost’, depois vieram os hotéis de luxo que nos trouxeram outro perfil de visitante; nos serviços as empresas começaram por instalar os serviços de menor valor acrescentado, neste momento já somos procurados para instalar serviços de valor acrescentado; no retalho somos procurados pela maior parte das marcas internacionais; a indústria vive uma nova fase de crescimento em Portugal. O futuro passa por atrair os grandes investidores institucionais que investem de forma sustentada e com visões de longo prazo, pois esses darão o conforto necessário aos usuários de imobiliário, seja comercial ou residencial, que estes investimentos não são especulativos, mas visam obter retornos de forma sustentada com a valorização estrutural do norte do país.


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