Hilda Hilst

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Que te devolvam a alma Homem do nosso tempo. Pede isso a Deus Ou às coisas que acreditas À terra, às águas, à noite Desmedida, Uiva se quiseres, Ao teu próprio ventre Se é ele quem comanda A tua vida, não importa, Pede à mulher Àquela que foi noiva À que se fez amiga, Abre a tua boca, ulula Pede à chuva Ruge Como se tivesses no peito Uma enorme ferida Escancara a tua boca Regouga: A ALMA. A ALMA DE VOLTA. Poemas aos Homens do Nosso Tempo


A Idéia O projeto teatral HILDA HILST O Espírito da Coisa nasceu de madrugada... Domingo de 1998... Um telefonema da amiga querida, atriz e hoje também diretora Imara Reis. Inspirada por uma matéria de jornal sobre Hilda, ela teve a percepção brilhante e generosa, como só Imara pode ter, da ressonância e do encantamento que desde jovem tenho pelo temperamento artístico da escritora e por seu universo apaixonante e apaixonado. Naquele período, final dos anos noventa, ainda não havia sido lançada a reedição da obra de Hilda nem a sua distribuição pela Editora Globo, o que efetivamente aconteceu a partir de 2001, melhorando a proximidade do leitor com sua obra e minimizando a tristeza que eu sentia por Hilda não ter ainda seu trabalho conhecido pelo grande público, embora sempre exaltado e admirado pela crítica especializada que concedeu-lhe inúmeros prêmios. A necessidade e o desejo de homenageá-la, resgatar um pouco da vida e da vasta, vertiginosa e imortal obra desta grande mulher e escritora brasileira tomaram conta de mim! Quem foi Hilda Hilst? Qual a importância da obra de Hilda para a literatura? Hilda sempre foi reconhecida pela crítica como grande inovadora da escrita e sua mistura de gêneros e seu constante fluxo de pensamentos e imaginação garantiram uma obra profunda e peculiar, única! Hilda é dízima, é polifonia literária. Iniciei então minha pesquisa naquele mesmo ano, (re)visitando o pouco que havia disponível de sua obra e de informações sobre sua vida nas livrarias, sebos e internet. Panorama que mudou muito nestes quase dez anos passados desde que a idéia do projeto foi concebida. De que forma levaria ao teatro essa mulher e multifacetada escritora que faz reflexões imprescindíveis sobre os grandes temas universais e que certamente traria ao palco um sopro de energia poética que chegaria ao público com a força e o encantamento natural dos grandes au-


tores? Encomendar um texto de outro escritor para falar sobre ela e seu universo, encenar uma de suas nove peças – a maioria ainda inéditas – , pensar na adaptação de um só de seus textos em prosa ou apresentar um recital de poesia, pareceu-me reduzir a possibilidade de navegar pela riqueza de sua herança de palavras, sons, sentidos múltiplos e ambivalentes. Ir além me parecia fundamental. Para traçar um perfil de seu universo pessoal e literário compreendi que ninguém seria melhor do que a própria Hilda. Sua palavra já lapidada em seus trabalhos, as declarações de seus parceiros e amigos mais próximos e as entrevistas concedidas por ela a vários meios de comunicação eram imprescindíveis. Separar a obra de Hilda e sua pessoa, impraticável! O material que selecionei para o texto da peça deveria então ser compilado como um diálogo entre criador e criatura de forma a revelar as diversas faces da escritora que ressaltariam aspectos essenciais da pessoa e da mulher. Minha vontade era não só a de expor a riqueza da experiência estética da escritora ou o espírito ousado da mulher - que sempre esteve muito além do seu tempo - que “desdenhou literal e figurativamente das vírgulas”; mas fazer-se ouvir uma voz extrema e humana carregada de uma lucidez capaz de nos atingir a medula; fazer ressoar sua palavra, sua visão de mundo muitas vezes transcendente e metafísica, afirmada por todos os questionamentos que marcam muito de sua vida e de seu trabalho; radiografar sua alma e revelá-la através

de um jogo de luz e sombra onde os opostos se atrairiam. Reapresentá-la aos que já a conheciam e admiravam e apresentá-la aos que ainda não tinham o privilégio de conhecer a beleza de sua “Grande Face”! Como atriz, mais do que fazer um trabalho de composição ou um retrato de Hilda Hilst, era meu desejo transportar para o palco “as vozes de sua voz, as faces de sua face, a alma de sua alma”. Iluminá-la em sua essência pessoal e literária, estimular e promover o reencontro do público com sua obra e mostrá-la em seus mais altos vôos da livre expressão criativa. Desejos mais do que afeitos à arte teatral. Ao longo destes últimos anos a pesquisa foi iniciada, o material colhido, o texto escrito, várias atividades paralelas pensadas, mas todas as tentativas feitas na captação dos recursos para a realização do projeto foram negadas... Esta é uma outra estória triste, aliás, velha conhecida de todos os heróis que fazem cultura neste país! Mas, como Hilda mesmo nos diz, “não há silêncio bastante para o meu silêncio”. Impossível silenciar uma das maiores e mais geniais vozes da literatura brasileira! Seus escritos proporcionarão ao espectador o que já acontece com seus leitores – um profundo mergulho nas inquietações da alma humana. Hilda Hilst será sempre lida nos vãos e desvãos de cada um de nós, pois encontrou a imortalidade de seu espírito através da palavra! Assim foi. Assim é!


O Caminho Compar tilhado Dedico este trabalho à memória de Maria Lúcia Pereira (1949-2001).

Amiga eterna, de rara inteligência e habilidades múltiplas, mulher das letras e das artes a quem procurei no final de 1999 para partilhar deste trabalho. Amante ardorosa do universo “hilstiano” e sempre minha maior incentivadora, tornou-se minha primeira parceira. Mas com sua morte repentina e precoce em 2001, não nos foi nem possível começar a trabalhar na primeira parte do material que eu já vinha colhendo. Maria Lúcia deixou-me imensa saudade e o legado exemplar de paixão e dedicação à arte dramática e ao teatro paulista. Sensibilizada por essa perda, arquivei o projeto por alguns anos e retomei o trabalho de pesquisa em meados de 2005. Ao final deste mesmo ano fiz contato com José Luis Mora Fuentes, escritor, presidente do Instituto Hilda Hilst e amigo pessoal da escritora, que me estendeu a mão afetuosa, permitindo meu acesso a todo o acervo de Hilda e da Casa do Sol e suas encantadoras estórias. A grandeza, o humor e o refinamento de seu espírito, não pertencem a este mundo! Sem essa dádiva concedida, pelo hoje já amado amigo e também nosso consultor literário e por sua esposa, a artista plástica


Olga Bilenky, que ainda nos honra com a beleza de sua arte, nada disso seria possível. Continuando na busca por novos parceiros, entre encontros e desencontros, veio em seguida José Antônio de Souza; escritor e dramaturgo imprescindível, amigo verdadeiro, mestre primeiro! Zé com sua sabedoria e olhar agudo, logo traduziu a minha proposta de trabalho, apresentando-me Gaspar Guimarães; filósofo, roteirista e editor de vídeo que sob sua coordenação daria contorno ao vasto material, que então eu já havia selecionado. Gaspar não só fez a dramaturgia, como mergulhou profundamente nos escritos de Hilda trazendo novas e estimulantes propostas. Finalmente, no início de 2008, chegou Ruy Cortez, “sutilíssimo amado”, grande amigo e companheiro! Jovem diretor que traz à flor da pele e deposita sobre o trabalho sangue, beleza, profundidade, requinte, delicadeza, apuro e um talento e sensibilidade imensuráveis. Atributos dos verdadeiros e grandes artistas. A presença de Ruy neste projeto é essencial não só pela inspiração e transpiração dedicadas à sua concretização, mas também por sua inestimável contribuição na fase final de pesquisa e revisão. Trabalhador sério e incansável seja na criação ou na produção, ainda nos brindou com a participação de alguns dos profissionais que hoje integram esta equipe brilhante, a quem devo sem dúvida, a realização deste sonho perseguido por tanto tempo e que agora pode ser compartilhado com todos vocês e com Maria Lúcia Pereira. Que onde quer que esteja, ela possa receber minha gratidão e amor eterno! Rosaly Papadopol São Paulo/ Abril de 2009.


Desenho e anotações de Hilda Hilst

Isso de mim que anseia despedida (Para perpetuar o que está sendo) Não tem nome de amor. Nem é celeste Ou terreno. Isso de mim é marulhoso E tenro. Dançarino também. Isso de mim É novo: Como quem come o que nada contém. A impossível oquidão de um ovo. Como se um tigre Reversivo, Veemente de seu avesso Cantasse mansamente. Não tem nome de amor. Nem se parece a mim. Como pode ser isto? Ser tenro, marulhoso Dançarino e novo, ter nome de ninguém E preferir ausência e desconforto Para guardar no eterno o coração do outro. Cantares do Sem Nome e de Partidas


Hilda Hils t

(1930 - 2004) Nasceu em Jaú, São Paulo, em 21 de abril de 1930. Em 1948, entrou para a Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (Largo São Francisco), formando-se em 1952. Em 1966, mudou-se para a Casa do Sol, uma chácara próxima a Campinas (SP), onde hoje está instalado o Instituto Hilda Hilst – Centro de Estudos Casa do Sol [www.hildahilst.com. br], presidido pelo escritor e amigo pessoal de Hilda, José Luis Mora Fuentes. Ali dedicou todo seu tempo à criação literária. Poeta, dramaturga e ficcionista, Hilda Hilst escreveu por quase cinqüenta anos, tendo sido agraciada com os mais importantes prêmios literários do país. Participou, desde 1982, do Programa do Artista Residente, da Universidade Estadual de Campinas UNICAMP. Entre poesia, ficção, crônicas e teatro teve 41 livros publicados. “Ninguém escreve como Hilda Hilst!”, proclamou o crítico literário Léo Gilson Ribeiro. Seu arquivo pessoal foi comprado pelo Centro de Documentação Alexandre Eulálio – Instituto de Estudos de Linguagem (IEL), da UNICAMP, em 1995, estando aberto a pesquisadores do mundo inteiro. Alguns de seus textos foram traduzidos para o francês, inglês, italiano e alemão. Em março de 1997, seus textos Com os meus olhos de cão e A obscena senhora D foram publicados pela editora Gallimard, com tradução de Maryvonne Lapouge, que também traduziu Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa. Hilda Hilst faleceu em Campinas, no dia 4 de fevereiro de 2004.



Obras da Au tora Poesia: Presságio. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1950. Ilustrações de Darcy Penteado. Balada de Alzira. São Paulo: Edições Alarico, 1951. Ilustrações de Clóvis Graciano. Balada do festival. Rio de Janeiro: Jornal de Letras, 1955. Roteiro do Silêncio. São Paulo: Anhambi, 1959. Trovas de muito amor para um amado senhor. São Paulo: Anhambi, 1959 e São Paulo: Massao Ohno, 1961. Ode fragmentária. São Paulo: Anhambi, 1961. Sete cantos do poeta para o anjo. São Paulo: Massao Ohno, 1962. Prêmio PEN Clube de São Paulo. Ilustrações de Wesley Duke Lee. Poesia (1959/1967). São Paulo: Livraria Sal, 1967. Júbilo, memória, noviciado da paixão. São Paulo: Massao Ohno, 1974. Poesia (1959/1979). São Paulo: Quíron/INL, 1980. Ilustração de Bastico. Da Morte. Odes mínimas. São Paulo: Massao Ohno, Roswitha Kempf, 1980. Ilustrações da autora. Cantares de perda e predileção. São Paulo: Massao Ohno/M. Lídia Pires e Albuquerque Editores,1980. Prêmio Jabuti/Câmara Brasileira do Livro. Prêmio Cassiano Ricardo/Clube de Poesia de São Paulo. Poemas malditos, gozosos e devotos - SP: Massao Ohno/Ismael Guarnelli Editores, 1984. Sobre a tua grande face. São Paulo: Massao Ohno, 1986. Amavisse. São Paulo: Massao Ohno, 1989. Alcoólicas. São Paulo: Maison de vins, 1990. Do desejo. São Paulo: Pontes, 1992 Bufólicas. São Paulo: Massao Ohno, 1992. Desenhos de Jaguar. Cantares do sem nome e de partidas. São Paulo: Massao Ohno, 1995. Do amor. São Paulo: Edith Arnhold/Massao Ohno, 1999. Ficção: Fluxo-Floema. São Paulo: Perspectiva, 1970. Qadós. São Paulo: Edart, 1973. Ficções. São Paulo: Quíron, 1977. Prêmio APCA. Melhor livro do ano.

Tu não te moves de ti. São Paulo: Cultura, 1980. A obscena senhora D. São Paulo: Massao Ohno, 1982. Com meus olhos de cão e outras novelas. São Paulo: Brasiliense, 1986. Ilustrações da autora. O caderno rosa de Lori Lamby. São Paulo: Massao Ohno, 1990. Ilustrações de Millôr Fernandes. Contos d’escárnio/Textos grotescos. São Paulo: Siciliano, 1990. Cartas de um sedutor. São Paulo: Paulicéia, 1991. Rútilo nada. Campinas: Pontes 1993. Prêmio Jabuti/Câmara Brasileira do Livro. Estar sendo. Ter sido. São Paulo: Nankin, 1997. Ilustrações de Marcos Gabriel. Cascos e carícias: crônicas reunidas (1992/1995). São Paulo: Nankin, 2000. Antologias poéticas: Do desejo. Campinas: Pontes, 1992. Do amor. São Paulo: Massao Ohno, 1999. Participações em coletâneas: “Agüenta coração”. In: Flávio Moreira da Costa. Onze em campo e um bando de primeira, p. 39-40. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1998. “Canto Terceiro, XI (Balada do Festival)”. In: Milton de Godoy Campos. Antologia poética da Geração de 45, pp. 114-115. São Paulo: Clube da poesia, 1966. “Rútilo nada”. In: Renata Pallotini. Anthologie de la poésie brésilienne, p. 373-381. Paris: Chandeigne, 1988. Tradução de Isabel Meyrelles. “Gestalt”. In: Ítalo Moriconi. Os cem melhores contos brasileiros do século, p. 332-333. Rio de Janeiro: Objetiva, 2000. “Do desejo” (fragmentos), “Alcoólicas” (fragmentos). In: Ítalo Moriconi. Os cem melhores poemas brasileiros do século, p. 289-290 e p. 293-295. Rio de Janeiro: Objetiva, 2000. “Do desejo (poema XLIX)”. In: José Neumanne Pinto. Os cem melhores poetas brasileiros do século, p. 230. São Paulo, 2001.


“Poeti brasiliani contemporanei”. Prefácio e seleção de Silvio Castro. p.64-75. Veneza: Centro Internazionale della Gráfica di Venezia, 1997. Em parceria: Renina Katz: serigrafias. Poema de Hilda Hilst. São Paulo: Cesar, 1970. Teatro : A possessa, 1967. O rato no muro, 1967. O visitante, 1968. Auto da barca de Camiri, 1968. O novo sistema, 1968. As aves da noite, 1968. O verdugo, 1969. Prêmio Anchieta - Conselho Estadual de Cultura, 1970. A morte do patriarca, 1969. Teatro reunido (volume I), 2000 Nota: com exceção da peça “O verdugo”, todas as obras são inéditas. Desde 2001 a Editora Globo reedita e distribui toda a sua obra. Traduções: Para o alemão Briefe eines Verführers. (Cartas de um sedutor, fragmento). Tradução de Mechthild Blumberg. Stint. Zeitschrift für Literatur, Bremen, n.27, ano 15, p. 28-30, out. 2001. Funkelndes Nichts (Rútilo nada). Tradução de Mechthild Blumberg Stint. Stint. Zeitschrift für Literatur, Bremen, n.29, ano 15, p.54-66, 2001. “Vom Tod. Minimale Oden” (Da morte. Odes Mínimas). (Odes I, IV, V, VI, VIII, XII, XIX e poemas I e III de “À tua frente. Em vaidade”. Tradução de Curt Meyer-Clason. In: Modernismo Brasileiro und die brasilianische Lyric der Gegenwart. Berlim, 1997. Para o espanhol Rútilo nada. Tradução de Liza Sabater. De azur, p. 49-59, jun/ago, 1994. Para o francês Contes sarcastiques - fragments érotiques. Paris: Gallimard, 1994. L’obscène madame D suivi de le chien. Paris: Gallimard, 1997. Da morte. Odes mínimas / De la mort. Odes minimes. São Paulo: Nankin Editorial /

Montreal, Le Noroît, 1998 (edição bilingüe português / francês). Ilustrações da autora. Para o italiano Il quaderno rosa di Lori Lamby. Roma: Sonzogno, 1992. Para o inglês Glittering Nothing. Tradução de David Willian Foster. In: Cristina Ferreira Pinto. Urban voices - contemporary short stories from Brazil. Nova Iorque: University Press of America, 1999. Two Poems. Tradução de Eloah F. Giacomelli. The Antagonish Review - Scotia, n. 20, p. 61, out. 1975. Prêmios: 1962, Hilda Hilst recebe o Prêmio PEN Clube de São Paulo, por Sete cantos do poeta para o anjo (Massao Ohno Editor, 1962). 1969, a peça O Verdugo arrebata o prêmio Anchieta, um dos mais importantes do país na época. A Associação Paulista dos Críticos de Arte (Prêmio APCA) considera Ficções (Edições Quíron, 1977) o melhor livro do ano. 1981, Hilda recebe o Grande Prêmio da Crítica para o Conjunto da Obra, pela mesma APCA. 1984, a Câmara Brasileira do Livro concede o Prêmio Jabuti a Cantares de perda e predileção (Massao Ohno - M. Lídia Pires e Albuquerque editores, 1983), e, no ano seguinte, a mesma obra recebe o Prêmio Cassiano Ricardo (Clube de Poesia de São Paulo). 1993, Rútilo Nada. A obscena senhora D. Qadós, (Pontes - 1993) recebe o Prêmio Jabuti como melhor conto. 2002, Hilda é agraciada com o Prêmio Moinho Santista - 47ª edição, categoria poesia. 2003 é consagrada pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), na área de literatura, com o Grande Prêmio da Crítica pela reedição de suas “Obras completas”. Todos os dados aqui reunidos foram obtidos em livros da e sobre a autora, websites e nos Cadernos de Literatura Brasileira – Hilda Hilst, do Instituto Moreira Salles (número 8, outubro de 1999).


Ficha Técnica do Espe táculo

Concepção e atuação: Rosaly Papadopol Direção: Ruy Cortez Participação especial: Antonio Abujamra (voz em off de Apolônio, pai de Hilda Hilst) Dramaturgia: Gaspar Guimarães Coordenação de dramaturgia: José Antônio de Souza Consultoria literária: José Luis Mora Fuentes Cenografia: André Cortez Figurino: Anne Cerrutti Iluminação: Fábio Retti Direção Musical: Tunica Música especialmente composta: Édson Tobinaga Músicos: Daniel Collaneri, Tarcísio de Arruda Paes e Édson Tobinaga Visagismo: Westerley Dornellas Cenotecnia e adereços: César Rezende Pesquisa: Rosaly Papadopol (colaboradores: Gaspar Guimarães e Ruy Cortez) Arte gráfica: Dado Motta Ilustração para material gráfico: Olga Bilenky Fotografia: João Caldas Gravação em vídeo/teaser/clip: Gustavo Haddad Assessoria de imprensa: Adriana Monteiro Operação de luz: Eduardo Gonzaga Operação de som: Solange Mendes Assistência de produção e logística: Barbara Thire Direção de produção: Maria Betania Oliveira Realização: Samadhi Produções


Deus pode ser uma negra noite escura, mas Também um flambante sorvete de cerejas. Crônicas

P.S. - Se você não compreendeu teu corpo nem meu texto , rent a pig. Crônicas

Machucou-se, leitor? Escandalizou-se, leitor? (coitaaado!). Crônicas


Exercícios exposição para uma Traço nesta lousa/O que em mim se faz/E não repousa... Sem recorrer ao fetiche de transportar os objetos pessoais de Hilda Hilst para uma exposição, como normalmente ocorre em homenagens póstumas, o desafio desta curadoria foi pensar em formas de tradução desse espaço íntimo para o espaço expositivo. Para traduzir o espírito da Casa do Sol, as fotografias de Rochelle Costi. Para traduzir a Hilda mulher – “estou amando! estou amando!” –, as gravuras de Leya Mira Brander. Os textos de Hilda são interpretados por sua amiga pessoal, a pintora Olga Bilenky, que ilustra o livro de poemas A via espessa. Todos projetos foram desenvolvidos especialmente para a exposição, que acolhe também uma pequena biblioteca com textos de Hilda e materiais correlatos, disponibilizando-os para leitura.

O vídeo criado por Elaine César com imagens da Casa do Sol e uma compilação de escritos, desenhos e fotos do acervo do Instituto Hilda Hilst e do Centro de Documentação Cultural Alexandre Eulálio (CEDAE), da Unicamp, complementa a exposição. Trapezista de Olga Bilenky.

Ficha Técnica da Exposição Curadoria: Graziela Kunsch Artistas convidadas: Leya Mira Brander, Olga Bilenky e Rochelle Costi Assessora de montagem: Anna Luiza Marques Vídeo: Elaine César Iluminação: Fábio Retti Ambientação sonora: Edson Tobinaga e Tunica Apoio cultural: Instituto Hilda Hilst


foto: Rochelle Costi

Intervenção de Rochelle Costi nos jardins da Casa do Sol a partir de retrato de Apolônio de Almeida Prado Hilst

E eu deliquescida: amor, amor, Antes do muro, antes da terra, devo Devo gritar a minha palavra, uma encantada Ilharga Na cálida textura de um rochedo. Devo gritar Digo para mim mesma. Prelúdios-intensos para os desmemoriados do amor.

E se eu ficasse eterna? Demonstrável Axioma de pedra. Da Morte. Odes Mínimas

Quem és? Perguntei ao desejo. Respondeu: lava. Depois pó. Depois nada. Do Desejo


O espetáculo teatral HILDA HILST O Espírito da Coisa, baseado na vida e obra desta escritora, estreou no dia 8 de maio de 2009 no Teatro do Centro da Terra e abriu a programação do projeto homônimo.

Dia 8 de Maio de 2009 – Sexta às 21 horas Estréia do Espetáculo “Hilda Hilst O Espírito da Coisa” Dia 8 de Maio de 2009 – Sexta às 18 horas Abertura da Exposição “Hilda Hilst O Espírito da Coisa” Dia 16 de Maio - Sábado às 18 horas Ciclo de Palestras “O Porco no Corpo: A Escrita Obscena de Hilda Hilst” com Eliane Robert Moraes Ciclo de Palestras “Hilda Hilst: Uma Poética da Transgressão” com Cláudio Willer Dia 23 de Maio - Sábado às 18 horas Ciclo de Palestras “A Poesia Hilstiana: Do Profano ao Sagrado” com Nelly Novaes Dia 30 de Maio - Sábado às 18 horas - Recital de Música “Prelúdios-intensos para os desmemoriados do amor” Com o músico e compositor Edson Tobinaga e participação da cantora Marina Alves


Dia 06 de Junho – Sábado, às 18 horas - Cine Hilda Curta de Ficção convidado – “Lori Lamby” de Sung Sfai Curta Documentário convidado – “Simplesmente, Hilda” de Ricardo Dias Picchi Dia 13 de Junho - Sábado às 18 horas - Leitura Dramática “O Caderno Rosa de Lori Lamby” com Iara Jamra Dia 20 de Junho - Sábado às 18 horas - Leitura Dramática “Agda” com Gisele Petty, Sandra Pestana e Verônica Fabrinni Dia 25 de Junho - Quinta às 21horas Espetáculo Convidado “A Obscena Senhora D” - Com Susan Damasceno Dias 27 e 28 de Junho - Sábado às 18 horas e Domingo às 17horas Espetáculo Convidado “Jozu, O Encantador de Ratos” – Com Carla Tausz 8 de maio à 28 de junho Teatro Centro da Terra

Rua Piracuama, 19, Sumaré | www.centrodaterra.com.br


Agradeci mentos especiais Quero agradecer particularmente a algumas pessoas: à Barbara Thire, amiga de infância, pelo apoio e carinho incondicional. Ao Felipe Moreau pela atitude fraterna e comovente generosidade. Ao Rodrigo, meu companheiro de viagem amorosa e espiritual há 20 anos, por quem tenho profundo amor e gratidão. Seus atos de bondade no decorrer de cada dia, sua paciência e perseverança são exemplos encorajadores! Ao Mestre amado Paramahansa Yogananda pela inspiração e força nos momentos mais difíceis de falhas e limitações! Rosaly Papadopol

A t o dos que nos ajudaram, nossos agradeci mentos:

Meu agradecimento a Rosaly Papadopol, essa artista incrível, amiga verdadeira e companheira incansável que me apresentou e presenteou com as vastidões da beleza de Hilda Hilst. A esta equipe brilhante de infant terribles e craques, parceiros sem os quais nada seria possível... A Mora Fuentes e Olga, dois presentes que a vida me deu neste ano, meu carinho e amizade eternos a vocês. Aos meus pais, Ruy e Márcia Cortez, a quem tanto amo, obrigado pelo apoio incondicional recebido desde sempre. E também à presença sempre inspiradora do meu dramaturgue non oficiel e brilhante parceiro Antônio Salvador. Agradeço especialmente ao professor Hubert Alqueres, à professora Vera Lúcia Wey e aos amigos Marcelo Pestana, Carlos Cirne e Dayane Porto por toda a força, apoio e prontidão imediatas. Sua devoção à arte continuam e continuarão imprescindíveis. Ruy Cortez

Alain Rosio, Angela Cunha Lima, Antônio Abujamra, Ariel Moshe, Augusto Canto, Bia Venturini, Brechó Roupita, Calu (ASSAOC), Camila Sartorelli, Camila Tancredi, Carlinha Catap, Carlos Cirne, Caroline Harari, Celso Cury, Cid Pimentel, Clóvis Torres, Dayane Porto, Déia Hotz, Duda Aruk, Edinho Rodrigues, Eduardo Reyes, Elder Fraga, Elias Andreatto, Escola Recriarte, Fábio Carignani, Fátima Leão Farkas, Fauzi Arap, Fernando Padilha, Gândia, Geondes, Gilda Nomacce, Gisela Wajskop, Giuliana (SESC), Guilherme Bonfanti, Gustavo Hadad, Henrique Mariano, Imara Reis, Imprensa Oficial, Ivo Szterling, João Farkas, José Mindlin, Jurandy Valença, Leo de Leo, Léo Pelliciari, Lúcia Pagliato, Luciene Balbino, Luiz Arthur Nunes, Luiz Fernando Simonetti, Luque Daltrozo, Marcelo Pestana, Márcia Marques, Marco Antonio Pâmio, Marília Simões, Marina Mesquita, Mário Sérgio Loschiavo, Mathias (Teatro Commune), Mauro Holanda, Moré Theo, Myrian Christofani, Narjara Medeiros, Nilton Bicudo, Oficina Cultural Oswald de Andrade, Patrícia Barlach, Paula Pripas, Rafael Zolko, Renan Costa Lima, Rodolfo Dias, Rubens Ewald Filho, Sabrina Flechtman, Tadeu di Pietro, Teatro Comunne, Valdir Rivaben e Vera Barbosa.


Ficha Técnica do Projeto Idealização: Rosaly Papadopol Curadoria: José Luis Mora Fuentes, Rosaly Papadopol e Ruy Cortez Gravação em vídeo: Gustavo Haddad Identidade visual e projeto gráfico: Dado Motta Blog: Camila Sartorelli Assistente de produção e logística: Barbara Thire Direção de produção: Maria Betania Oliveira Assessoria de imprensa: Adriana Monteiro Realização: Samadhi Produções Apoio cultural: Instituto Hilda Hilst w w w. p r o j e t o h i l d a h i l s t . b l o g s p o t . c o m w w w. h i l d a h i l s t . c o m . b r


Alcoólicas (trecho)

A vida é crua. Faminta como o bico dos corvos. E pode ser tão generosa e mítica: arroio, lágrima Olho d’água, bebida. A vida é líquida.

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