6 minute read

PESQUISA

Next Article
ACONTECE NO CT

ACONTECE NO CT

Conhecendo o LESC

Por Matheus Sampaio

Advertisement

O LESC - Laboratório de Engenharia de Sistemas de Computação da Universidade Federal do Ceará é um dos laboratórios integrados ao Departamento de Engenharia de Teleinformática (DETI). Fundado em 2004, o LESC desenvolve pesquisas nas áreas de sistemas embarcados, microeletrônica, sistemas tolerantes a falhas e processamento de sinais. Com uma equipe formada de professores, engenheiros de desenvolvimento, técnicos e estudantes de graduação e pós-graduação, o laboratório é um espaço para pesquisa de ponta, tanto acadêmica quanto voltada para o desenvolvimento de alta tecnologia.

A sinergia entre pesquisa e desenvolvimento garante ao LESC sucesso na execução de seus projetos. No início deste ano, os cientistas responsáveis pelo Capacete Elmo, projeto desenvolvido por engenheiros do LESC em parceria com grupos de pesquisa de demais instituições privadas e de ensino, receberam a Medalha da Abolição, a principal honraria do Ceará. Entregue na ocasião pelo governador Camilo Santana, a medalha foi concedida aos desenvolvedores do capacete de respiração artificial Elmo, pensado para ser usado no tratamento de Covid-19 e que reduziu em 60% a necessidade de intubação dos pacientes tratados. O sucesso nos projetos de pesquisas e parcerias com grandes empresas, como Schneider Electric e Wincor Nixdorf, garante ao LESC respaldo na área de pesquisa e inovação, não só dentro da UFC, mas em um contexto nacional.

O LESC é um centro de pesquisa que atende o departamento que está alocado, dando suporte a UFC nas áreas de conhecimento dos professores e pesquisadores alocados, seja em pesquisas acadêmicas, desenvolvimento de projetos de mestrado e doutorado, entre outros. Além disso, o laboratório atua como unidade EMBRAPII, recebendo projetos de pesquisas de empresas que procuram produtos e inovação para o setor industrial. O grupo de pesquisadores do LESC desenvolve atividades de pesquisa e desenvolvimento nos principais temas: (i) Sistemas Embarcados (hardware/software); (ii) Microeletrônica; (iii) Sistemas Tolerantes a Falhas; (iv) Sistemas Distribuídos Aplicados à Tecnologia Educacional; (v) Processamento de Sinais, Imagens e Vídeo; (vi) Sistemas Biomédicos (hardware/software); (vii) Processamento de Sinais e Imagens Biomédicos; e (vii) Sistemas de Testes (hardware).

O grupo, no início liderado pelo professor Helano de Sousa Castro, antes desenvolvia pequenas pesquisas dentro do DETI e, em 2004, com o incentivo de uma empresa privada, conseguiu construir o espaço do LESC e, posteriormente, após diversos projetos bem sucedidos e o apoio da Finep, pode realizar a expansão do laboratório. “Não tínhamos infraestrutura em nosso departamento e contávamos com outros espaços para realizar nossos projetos, até que fomos procurados, motivado pela capacidade técnica do professor Helano, para desenvolver o laboratório”, conta o professor Paulo César Cortez, que integra o LESC desde seu início. Desde então, foram desenvolvidos projetos para empresas da área da tecnologia, como Lenovo, Samsung, Dell, LG e Acer, afirma o prof. Cortez que, atualmente, é coordenador da unidade EMBRAPII UFC.

A EMBRAPII, Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial, é uma organização qualificada pelo Poder Público Federal que, desde 2013, apoia instituições de pesquisa científica e tecnológica incentivando a inovação na indústria brasileira. A EMBRAPII atua por meio da cooperação com instituições de pesquisa públicas ou privadas, tendo como foco as demandas empresariais e como alvo o compartilhamento de risco na fase pré-competitiva da inovação (de https://embrapii. org.br/). A EMBRAPII tem foco no investimento em projetos de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PDI) para empresas do setor industrial. Para isso,

(Foto: ufc.br)

ela credencia Unidades EMBRAPII (UEs), com competência respaldada por histórico de projetos de PDI com a indústria em áreas específicas de atuação. A Unidade Embrapii LESC/UFC atua nas áreas de sistemas embarcados complexos, com ênfase em conversão de energia, diagnósticos de falhas e automação industrial.

De maneira simplificada, as empresas entram em contato com a EMBRAPII, sem a necessidade de abertura de editais, negociam o projeto e, após a aprovação e contratação, há oinvestimento por parte da empresa contratante e da EMBRAPII para que a UE desenvolva o produto, desde a pesquisa ao protótipo. Todo o processo é acompanhado de perto pela EMBRAPII, que junto das UE, oferecem suporte técnico qualificado. O LESC, enquanto laboratório e UE, possui algumas linhas de atuação para a prospecção de empresas. “O grupo atua com objetivo de reconquistar as empresas que já foram clientes, de dar continuidade aos projetos atuais, além das prospecções internas, onde o laboratório procura as empresas que possam se interessar, além de um consultor externo”, explica Fábio Cisne Ribeiro, engenheiro do LESC que atua na administração da unidade EMBRAPII UFC. Existem, também, eventos e feiras que contam com a participação do LESC e que, com intervenção da EMBRAPII, resultam em novos produtos.

O início do funcionamento da unidade EMBRAPII, no terceiro trimestre de 2019, coincidiu com o impacto da pandemia do COVID-19 que afetou todo o mundo. “Enfrentamos uma crise em nossa área que já existia antes da pandemia e se acentuou durante esse período. Chegamos a contar com seis engenheiros contratados e hoje nosso número reduziu”, nos conta o prof. Paulo Cortez. Antes mesmo do período de funcionamento remoto da universidade, já havia ocorrido mudanças na legislação da área de atuação do laboratório que afetaram diretamente o LESC, e durante a pandemia a equipe teve que lidar com pausas em projetos que estavam em andamento, ou com a inexperiência em acompanhar remotamente os que se iniciaram durante esse período. Em contrapartida, durante a mesma

época, o LESC desenvolveu e esteve envolvido em diversos projetos importantes, incluindo o capacete Elmo, que ajudou ogrupo a manter as atividades funcionando mesmo diante de perdas de investimento decorrente dessas mudanças. Além do Elmo, outros projetos foram desenvolvidos, com foco em minimizar o impacto da pandemia, que agregaram ao LESC uma nova competência, se tratando de pesquisas na área da saúde. Ademais, o formato remoto foi adotado pela equipe, que hoje mantém contato com pesquisadores de diversas localidades na realização de vários projetos. Entre outras dificuldades que o LESC enfrenta para o desenvolvimento de pesquisas dentro da UFC encontram-se a falta de apoio e burocracia interna da universidade.

Enquanto a atuação no LESC por parte do corpo discente, a seleção costuma ser feita de maneira informal: os estudantes se envolviam nos projetos de pesquisa por indicação de professores e engenheiros do departamento, através de destaques em disciplinas relacionadas às linhas de pesquisa, bem como integrantes do PET e de outros projetos da universidade. Exceto por algumas entrevistas realizadas para a participação em projetos de certas empresas, não há uma formalização na seleção, porém existem planos de regularizar esse processo, confirma o prof. Cortez. Do ponto de vista acadêmico, o LESC contribui para a formação dos alunos nas áreas de pesquisa, considerando que as experiências vividas nos projetos transformam os alunos de graduação em engenheiros. Há um ganho significativo de conhecimento e vantagem no mercado por trabalhar com produtos que focam na inovação, além do fornecimento de bolsa financeira aos alunos pesquisadores. Do ponto de vista científico, o LESC tem produzido grande quantidade de artigos e conta com dois pesquisadores do CNPq, o prof. Paulo Cortez e o prof. Jarbas Aryel Nunes da Silveira, além de vários outros engenheiros pesquisadores, que agregam nessa produção. Ademais, o laboratório colabora para o nome da universidade se fortalecer no cenário de pesquisa e inovação, somando patentes de produtos desenvolvidos para vários segmentos de mercado, representando produção tecnológica em todo opaís.

This article is from: