REABILITAÇÃO DE EDIFÍCIOS - EDIFÍCIO DE HABITAÇÃO NO CENTRO HISTÓRICO DE TORRES VEDRAS

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DANIELA MOREIRA DA SILVA

REABILITAÇÃO DE EDIFÍCIOS EDIFÍCIO DE HABITAÇÃO NO CENTRO HISTÓRICO DE TORRES VEDRAS

Orientador: Prof. Dr. Arq.º António José de Santa-Rita

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias Escola de Comunicação, Arquitectura, Artes e Tecnologias da Informação

Lisboa 2011


DANIELA MOREIRA DA SILVA

REABILITAÇÃO DE EDIFÍCIOS EDIFÍCIO DE HABITAÇÃO NO CENTRO HISTÓRICO DE TORRES VEDRAS

Dissertação apresentada para obtenção do grau de Mestre em Arquitectura no curso de Mestrado em Estudos Avançados de Arquitectura, conferido pela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias

Orientador: Prof. Doutor Arq.º António José de Santa-Rita

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias Escola de Comunicação, Arquitectura, Artes e Tecnologias da Informação

Lisboa 2011


Daniela Moreira da Silva

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Reabilitação de edifícios - Edifício de Habitação no Centro Histórico de Torres Vedras

EPÍGRAFE

"história mal acabada arquitectura desleixada cultura mal amada património incompreendido paisagens sem sentido" (Fonte:

http://ruinarte.blogspot.com/

acedido em 23/09/10)

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DEDICATÓRIA

Por me conhecerem tão bem, encorajarem e

terem

sempre

acreditado

nas

minhas

capacidades, dedico este trabalho à Joana, ao João e ao meu Padrinho. Amigos que tenho em grande consideração

e

cujo

importante

papel

na

concretização deste sonho não poderia deixar de assinalar.

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AGRADECIMENTOS

Ao longo destes cinco anos de estudos na área da Arquitectura, agora na recta final, contabilizo inúmeras pessoas que influenciaram e são responsáveis tanto pelo meu percurso e evolução como pelo resultado desta primeira etapa nesta área: a Dissertação para obtenção do grau de mestre. e todos os acontecimentos que relembro com carinho e saudade. A todos os professores que me acompanharam, inspiraram no percurso académico e me tornaram naquilo que sou hoje, mas em especial ao Professor António José de SantaRita que, para além do seu entusiasmo e energia contagiantes, me iluminou e guiou no gosto que descobri pelo tema da reabilitação. É com estima e apreço que agradeço todo o apoio e carinho demonstrados. Ao Arquitecto Carlos Figueiredo (Câmara Municipal de Torres Vedras) e Arquitecta Dina Filipe pela disponibilidade demonstrada, todo o material fornecido e a postura profissional que demonstraram para comigo. Ao Arquitecto David Baptista (Imobiliária Riberalves) pela disponibilidade e colaboração em tudo o necessário e por permitir todas as visitas necessárias à habitação, sem a qual este projecto não teria sido possível. Aos Amigos e família mais próximos por todo o incentivo dado ao longo de todo o processo de realização deste trabalho, mesmo quando a esperança escasseava e o desespero se sobrepunha.

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RESUMO

Esta dissertação trata da problemática "Reabilitação ou Demolição". Aborda questões como os prós e os contras na prática de reabilitação ou conservação, que justificam a "não-demolição". Os edifícios que constituem uma cidade também a caracterizam: dão-lhe imagem, conferem-lhe uma identidade, e através da sua permanência, preserva-se a identidade dos seus habitantes. O património histórico fica assim salvaguardado através da preservação de espaços como os centros históricos. Assim também se preservam memórias, para que a história não resida apenas em bibliotecas, onde somente parte da população tem acesso às heranças outrora deixadas, mas de momento perdidas. Serão apenas os edifícios de carácter público dignos de preservação e conservação? Serão apenas os edifícios imponentes dignos de representar toda uma existência dos habitantes e cultura? A função de um edifício ditará o seu peso na balança "reabilitação ou demolição"? Julgo que as nossas necessidades de habitat não mudaram desde a construção original ao ponto de justificar uma nova construção. É importante fazer uma abordagem aos conceitos inerentes à reabilitação e perceber as mentalidades perante eles, bem como prós e contras envolvidos nessas práticas. Relembrando o chefe índio: Nós não herdámos a Terra dos nossos antepassados, mas tomámo-la de empréstimo aos nossos filhos.1

Palavra-Chave: Reabilitação - Demolição - Identidade - Património - Habitação

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Seattle, Chefe Índio Suquamish, 1858

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ABSTRACT

This research assesses the theme “Rehabilitation versus Demolition”. It approaches questions such as advantages and disadvantages of practicing rehabilitation or conservation, which ultimately justify the “non-demolition”. Buildings that make a city also define it, because they give an image and grant an identity. Therefore while preserving buildings , their inhabitants identity is also preserved. One way of protecting the historic heritage is through the preservation of sites, such as historical centers. If memories are preserved in such a way then History may not only reside in libraries, where only part of the population can have access to the inheritances that were left and now abandoned Are the public buildings the only ones worthy of attention? Are they the most representative of all their inhabitants’ existence? Does the function of a building dictate its future such as “rehabilitation versus demolition”? This thesis concludes that our habitat requisites haven’t changed since the original construction to the point of justifying a new construction every new century. It’s important to assess rehabilitation’s definitions and address opinions towards these concepts as well as the advantages and disadvantages of this practices . Recalling the Indian chief “We did not inherit the earth from our ancestors, we borrow it from our children.”2

Key-Words: Rehabilitation - Demolition - Identity - Heritage - Housing

2

Seattle, Native American Suquamish Chief, 1858

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ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

APA

American Psychiatric Association

AQS

Águas Quentes Sanitárias

CMTV

Câmara Municipal de Torres Vedras

DGEMN

Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais

DOT

Divisão de Ordenamento do Território

GECoRPA

Grémio das Empresas de Conservação e Restauro do Património Arquitectónico

GP1

Grau de Protecção 1

GP2

Grau de Protecção 2

GP3

Grau de Protecção 3

INE

Instituto Nacional de Estatística

INH

Instituto Nacional da Habitação

IPPAR

Instituto Português do Património Arquitectónico

I.S.

Instalação sanitária

MODCOM / PROCOM

Programa de Apoio à Modernização do Comércio

OA

Ordem dos Arquitectos

OE

Ordem dos Engenheiros

PERU

Programa de Emergência para a Reabilitação Urbana

POLIS

Programa de Requalificação Urbana e Valorização Ambiental das Cidades

PPRCHTV

Plano de Pormenor de Reabilitação do Centro Histórico de Torres Vedras

PRAUD

Programa de Reabilitação de Áreas Urbanas Degradadas

PRID

Programa para a Recuperação de Imóveis Degradados

PROHABITA Programa de Financiamento para Acesso à Habitação PROSIURB

Programa de Consolidação do Sistema Urbano Nacional e de Apoio à execução dos Planos Directores Municipais

PRU

Programa de Reabilitação Urbana

RCCTE

Regulamento das Características de Comportamento Térmico dos Edifícios

RECITE/REBUILD

Regiões e cidades para a Europa/Energias Renováveis aplicadas em

Edifícios de Cidades Europeias com Centros Históricos RECRIA

Regime

Especial

de

Comparticipação

na

Arrendados

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Recuperação

de

Imóveis


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RECRIPH

Regime Especial de Comparticipação e Financiamento na Recuperação de Prédios Urbanos em Regime de Propriedade Horizontal

REGEU

Regulamento Geral das Edificações Urbanas

REHABITA

Regime de Apoio à Recuperação Habitacional em Áreas Urbanas Antigas

SOLARH

Programa de Apoio Financeiro Especial para a Realização de obras de Conservação e Beneficiação em Habitações

ZE

Zona de Enquadramento

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ÍNDICE GERAL Pág. Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 Justificação do tema. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 Objectivos da investigação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 Metodologia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

Capítulo 1 - A Conservação e Reabilitação de Edifícios. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 1.1 - O papel da Conservação e Reabilitação na sociedade actual. . . . . . . . . . . . . 23 1.1.1 - Conceitos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 1.1.2 - Vantagens na Reabilitação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24 1.1.3 - Construção em Portugal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26 1.1.4 - Programas de Reabilitação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26 1.1.5 - A Construção Excessiva. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30 1.1.6 - Reabilitação vs. Nova Construção. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32 1.1.7 - Falta de Competências e Legislação para uma boa Prática de Reabilitação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 1.2 - Estudos de Casos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36 1.2.1 - Remodelação de Habitação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36 1.2.2 - Recuperação de Apartamento para Habitação e Atelier de Arquitectura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43 1.2.3 - Casa na Rua da Bela Vista à Lapa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49

Capítulo 2 - Caracterização da Área de Intervenção. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55 2.1 - Caracterização Urbanística da Área de Intervenção. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56 2.1.1 - Espaço Público. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59 2.1.2 - Espaço Privado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59 2.1.3 - Estrutura Edificada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59 2.1.4 - Património. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60 2.2 - Caracterização Demográfica e Sócio-Económica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60 2.2.1 - Caracterização Demográfica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60 2.2.2 - Caracterização Sócio-Económica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61 2.3 - Análise Sociológica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62 2.3.1 – Caracterização Sociográfica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62 2.3.2 - Situação Habitacional e Condições de Habitabilidade. . . . . . . . . . . . 63 Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias - ECATI


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2.4 - Caracterização do Plano vigente. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65 2.4.1 – Caracterização do edificado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67

Capítulo 3 - Caracterização do edifício de estudo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70 3.1 - Enquadramento no meio Urbano. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70 3.2 - Caracterização exterior. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75 3.3 - Caracterização interior. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78 3.4 - Patologias do edifício. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80 3.4.1 - Patologias exteriores. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80 3.4.2 - Patologias interiores. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81

Capítulo 4 - Objectivos e critérios orientadores para a investigação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84 4.1 - Influências ambientais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84 4.2 - Materiais e Técnicas utilizadas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88 4.2.1 - Técnicas e materiais em obra. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88 4.2.2 - Técnicas e materiais a utilizar. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110

Capítulo 5 – Proposta. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111 5.1 - Programa de usos e comparação com o actual. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112 5.2 - Recuperação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113 5.2.1 - Conciliação do programa com o existente. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113 5.2.2 - Conciliação dos novos materiais com os existentes. . . . . . . . . . . . . 116 5.2.3 - Actualização Térmica e Acústica (upgrades) . . . . . . . . . . . . . . . . . . 116

Conclusão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 118 Bibliografia Utilizada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 120 Bibliografia Consultada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 123 Glossário. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 126 Índice remissivo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130 Apêndice 1 - Mapa de Patologias do edifício. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . I Apêndice 2 – Projecto de Reabilitação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . VII

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ÍNDICE DE QUADROS Pág. Quadro 001 - Dados globais das alterações ocorridas (Fonte: DOT; 2009; Plano de Pormenor de Reabilitação do Centro Histórico de Torres Vedras - Relatório; p. 141) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .66 Quadro 002 - Alterações ocorridas nos edifícios do Grau de Protecção 3 (Fonte: DOT; 2009; Plano de Pormenor de Reabilitação do Centro Histórico de Torres Vedras - Relatório; p. 141) . . . . . . . . . . 66

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ÍNDICE DE GRÁFICOS Pág. Gráfico 001 - Percentagem de casas vagas Fonte: Euroconstruct, 2007, p. 77 . . . . . . . . . . . . . . . . .31

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ÍNDICE DE FIGURAS Pág. Figura 001 - Esquematização da actividade do sector da construção. Fonte: CÓIAS, 2007, p. 1) . . 30 Figura 002 - Agualva-Cacém, exemplo de um certo caos urbanístico. Fonte: http://www.cmsintra. pt/revistaartigo.aspx?ID=203, acedido em 10/11/10 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32 Figura 003 - Diagrama das vantagens na realização de conservação e reabilitação (CÓIAS, 2009, p. 17) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 Figura 004 – Localização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36

Figura 005 - Vista antes da intervenção (Fonte: FERNANDES, 2010, p. 31) . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37 Figuras 006 e 007 - Vistas interiores do existente – cozinha (Fonte: FERNANDES, 2010, p. 31) . . 37 Figura 008 - Desenhos de estudo (Fonte: FERNANDES, 2010, p. 33) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38 Figura 009 - Desenhos de estudo (Fonte: FERNANDES, 2010, p. 34 e 38) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 Figura 010 - Planta do projecto (Fonte: FERNANDES, 2010, p. 32) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40 Figura 011 - Perspectiva e corte longitudinal (Fonte: FERNANDES, 2010, p. 32) . . . . . . . . . . . . . . . 40 Figura 012 -Vista geral do conjunto (Fonte: http://portonorte. blogspot.com/2007/08/porto-bairroignez.html, acedido em 5/6/2011) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41 Figura 013 - Fotografia da cozinha e da instalação sanitária (i.s.) ao fundo (Fonte: FERNANDES, 2010, p. 34) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41 Figura 014 - Fotografia do acesso à mezzanine (Fonte: FERNANDES, 2010, p. 35) . . . . . . . . . . . . 41 Figura 015 - Fotografia do Quarto – mezzanine (Fonte: FERNANDES, 2010, p. 39) . . . . . . . . . . . . 41 Figura 016 – Localização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43 Figura 017 - Vista do edifício para a cidade de Setúbal (Fonte: DA SILVA, Inês Vieira & VIEIRA, Miguel; 2007, p. 31) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44 Figura 018 - Planta piso 2 (Fonte: DA SILVA, Inês Vieira & VIEIRA, Miguel; 2007, p. 32) . . . . . . . . 45 Figura 019 - Planta Sótão (Fonte: DA SILVA, Inês Vieira & VIEIRA, Miguel; 2007, p. 32) . . . . . . . . 45 Figura 020 - Planta Cobertura (Fonte: DA SILVA, Inês Vieira & VIEIRA, Miguel; 2007, p. 32) . . . . . 45

Figura 021 - Planta piso 2 (Fonte: DA SILVA, Inês Vieira & VIEIRA, Miguel; 2007, p. 33) . . . . . . . . 45 Figura 022 - Planta Sótão (Fonte: DA SILVA, Inês Vieira & VIEIRA, Miguel; 2007, p. 33) . . . . . . . . 45 Figura 023 - Planta Cobertura (Fonte: DA SILVA, Inês Vieira & VIEIRA, Miguel; 2007, p. 33) . . . . . 45 Figura 024 - Corte 1 – Existente (Fonte: DA SILVA, Inês Vieira & VIEIRA, Miguel; 2007, p. 34) . . . 46 Figura 025 - Corte 1 – Recuperação (Fonte: DA SILVA, Inês Vieira & VIEIRA, Miguel; 2007, p. 34) 46 Figura 026 - Alçado Sul - Existente(Fonte: DA SILVA, Inês Vieira & VIEIRA, Miguel; 2007, p. 35) . 46 Figura 027 - Alçado Sul - Recuperação (Fonte: DA SILVA, Inês Vieira & VIEIRA, Miguel; 2007, p. 35) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46 Figuras 028 e 029 - Imagem do existente e da recuperação (Fonte: DA SILVA, Inês Vieira & VIEIRA, Miguel; (2007), p. 32) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47 Figura 030 - Fotografia da Habitação (Fonte: DA SILVA, Inês Vieira & VIEIRA, Miguel; 2007, p. 33) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47

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Figura 031 - Fotografia da Habitação (Fonte: DA SILVA, Inês Vieira & VIEIRA, Miguel; 2007, p. 33) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47 Figura 032 - Fotografia das Escadas (Fonte: DA SILVA, Inês Vieira & VIEIRA, Miguel; 2007, p. 40) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48 Figura 033 - Fotografia do Atelier (Fonte: DA SILVA, Inês Vieira & VIEIRA, Miguel; 2007, p. 41) . . . 48 Figura 034 – Localização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49 Figura 035 - Axonometria com a distribuição por pisos (Fonte: SALVADOR, Fernando Sanchez & NUNES, Margarida Grácio; 2010; p. 84) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50 Figura 036 - Alçado Principal (Fonte: SALVADOR, Fernando Sanchez & NUNES, Margarida Grácio; 2010; p. 84) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51 Figura 037 - Alçado Posterior (Fonte: SALVADOR, Fernando Sanchez & NUNES, Margarida Grácio; 2010; p. 84) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51 Figura 038 - Corte BB' (Fonte: SALVADOR, Fernando Sanchez & NUNES, Margarida Grácio; 2010; p. 84) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52 Figura 039 - Corte EE' (Fonte: SALVADOR, Fernando Sanchez & NUNES, Margarida Grácio; 2010; p. 84) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52 Figura 040 - Corte FF' (Fonte: SALVADOR, Fernando Sanchez & NUNES, Margarida Grácio; 2010; p. 84) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52 Figura 041 - Fachada Principal (Fonte: http://fssmgn.com/projecto/casa_ rua_bela_vista, acedido a 30/9/10) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53 Figura 042 - Alçados Posterior e Jardim (Fonte: SALVADOR, Fernando Sanchez & NUNES, Margarida Grácio; 2010; p. 83) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53 Figura 043 - Fotografia do interior - relação dos pisos intermédios (Fonte: SALVADOR, Fernando Sanchez & NUNES, Margarida Grácio; 2010; p. 87) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53 Figura 044 – Localização e limites do Centro Histórico de Torres Vedras. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57 Figura 045 - Limites dos graus de protecção (Fonte: DOT;2009; Plano de Pormenor de Reabilitação do Centro Histórico de Torres Vedras - Relatório;) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58 Figura 046 - Localização do Edifício de estudo no Centro Histórico de Torres Vedras . . . . . . . . . . . 70 Figura 047 - Localização dos edifícios devolutos ou em ruínas no Centro Histórico de Torres Vedras (Fonte: DOT; 2009; Plano de Pormenor de Reabilitação do Centro Histórico de Torres Vedras Relatório; p. 42) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71 Figura 048 e 049 - Fachada do antigo Hospital da Misericórdia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72 Figura 050 - Localização do Edifício e relações com a sua envolvente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73 Figura 051 - Época de construção dos edifícios (Fonte: DOT; 2009; Plano de Pormenor de Reabilitação do Centro Histórico de Torres Vedras - Relatório; p. 41) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74 Figura 052 - Estado de conservação dos edifícios (Fonte: DOT; 2009; Plano de Pormenor de Reabilitação do Centro Histórico de Torres Vedras - Relatório; p. 42) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74 Figura 053 - Usos no piso térreo dos edifícios (Fonte: DOT; 2009; Plano de Pormenor de Reabilitação do Centro Histórico de Torres Vedras - Relatório; p. 51) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75

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Figura 054 - Fachada Norte (Principal) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76 Figura 055 - Detalhe das janelas da fachada Norte (Principal) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77 Figura 056 - Porta da fachada Norte (Principal) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77 Figuras 057 e 058 - Detalhes da porta principal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78 Figuras 059 e 060 - Plantas do existente (ver desenhos nº A003 e A004) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79 Figura 061 – Corte Longitudinal AA’ (ver desenho nºA008) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80 Figura 062 - Patologias da fachada Norte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81 Figura 063, 064, 065 e 066 – Humidades e acção das águas das chuvas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82 Figura 067, 068, 069 e 070 – Cobertura destruída . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82 Figura 071 - Patologias do piso 0 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83 Figura 072 - Patologias do piso 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83 Figura 073 - Principais trocas de calor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84 Figura 074 e 075 - Esquemas de variações de temperatura interior/exterior - Verão à esquerda \ Inverno à direita, com a envolvente devidamente isolada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85 Figura 076 e 077 - Esquema de ventilação transversal na habitação entre alçados a Norte e Sul . . 87 Figura 078 - Fachada Poente em alvenaria de Pedra e argamassa de cal hidráulica . . . . . . . . . . . . 89 Figura 079 - Planta do vigamento do sobrado de uma habitação comum (SEGURADO, 1909; p. 84) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90 Figura 080 - Cachorro para apoio do vigamento (SEGURADO, 1909; p. 81) . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90 Figura 081 - Vigamento tarugado (SEGURADO, 1909; p. 85) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91 Figura 082 – Esquema da montagem do solho à portuguesa (ver desenho nº A020) . . . . . . . . . . . . 92 Figura 083 – Esquema da secção do pavimento do 1º andar e tecto do R/C propostos (ver desenho nº A046) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92 Figura 084 - Solho de topos desencontrados (SEGURADO, 1909; p. 97) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93 Figura 085 - Forro de esteira sobreposto, e existente (SEGURADO, 1909; p. 109) . . . . . . . . . . . . . 94 Figura 086 - Exemplo de sanca existente (SEGURADO, 1909; p. 109) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94 Figura 087 - Detalhe das paredes interiores actuais mostrando parte dos tabiques e o estuque . . . 95 Figura 088 - Telhado com uma água empenada (SEGURADO, 1909; p. 155) . . . . . . . . . . . . . . . . . 96 Figuras 089 e 090 - Boca de lobo simples e reforçado (SEGURADO, 1909; p. 54) . . . . . . . . . . . . . 97 Figura 091 - Telhado de duas águas sobre empena (SEGURADO, 1909; p. 168) . . . . . . . . . . . . . . 97 Figura 092 - Madeiramento para telhado (SEGURADO, 1909; p. 168) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97 Figura 093 - Respigas e fêmeas (SEGURADO, 1909; p. 44) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98 Figura 094 – Pormenor da platibanda proposta (ver desenho nº A045) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98 Figura 095 e 096 - Estrutura da cobertura existente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99 Figura 097 - Cobertura do alpendre nas traseiras da habitação com alguns elementos metálicos . . 99 Figura 098 - Esquema do remate do alpendre sobre a varanda (ver desenho nº A018) . . . . . . . . . 100 Figura 099,100 e 101 - Escada existente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .102 Figura 102 - Escadaria existente – tecto de chegada do 1º andar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103 Figura 103 - Perna Galgada existente (ver desenho nº A019) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103

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Figura 104 e 105 - Estrutura das escadas mostrando a perna galgada (vista inferior) . . . . . . . . . . 104 Figura 106 – Perfil dos degraus existentes (ver desenho nº A019) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104 Figura 107 – Desenho do corrimão existente (ver desenho nº A008) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105 Figura 108 – Desenho do corrimão proposto (ver desenho nº A033) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105 Figura 109, 110, 111 e 112 - Portas interiores da habitação, almofadadas e com bandeira fixa de vidro (ver desenho nº A015 - Mapa de vãos) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106 Figura 113, 114 e 115 - Detalhes da porta de entrada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107 Figura 116 - Porta de entrada da habitação (ver desenho nº A013 - Mapa de vãos) . . . . . . . . . . . 107 Figura 117 - Janelas da fachada Norte, vistas do interior (ver desenho nº A010 - Mapa de vãos) . 108 Figura 118 - Vãos da fachada Sul (ver desenho nº A013 - Mapa de vãos) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109 Figura 119 – Orifícios para iluminação existentes nas portadas das janelas da fachada Norte . . . 109 Figura 120 - Gradeamento de peito existente na fachada Norte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110 Figura 121 – Fotografia da chaminé do primeiro andar – a demolir . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114 Figura 122 e 123 – Plantas da proposta (ver desenhos nº A028 e A029) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115

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ÍNDICE DE DESENHOS Desenho Nº001 - Planta de Localização Esc. 1/500 Desenho Nº002 - Perfil de Rua Esc. 1/200 Desenho Nº003 - Planta Piso 0 [levantamento] Esc. 1/50 Desenho Nº004 - Planta Piso 1 [levantamento] Esc. 1/50 Desenho Nº005 - Planta Cobertura [levantamento] Esc. 1/50 Desenho Nº006 - Alçado Norte [levantamento] Esc. 1/50 Desenho Nº007 - Alçado Sul [levantamento] Esc. 1/50 Desenho Nº008 - Corte AA’ [levantamento] Esc. 1/50 Desenho Nº009 - Corte BB’ [levantamento] Esc. 1/50 Desenho Nº010 - Mapa de Vãos Exteriores [levantamento] Esc. 1/20 Desenho Nº011 - Mapa de Vãos Exteriores [levantamento] Esc. 1/20 Desenho Nº012 - Mapa de Vãos Exteriores [levantamento] Esc. 1/20 Desenho Nº013 - Mapa de Vãos Exteriores [levantamento] Esc. 1/20 Desenho Nº014 - Mapa de Vãos Exteriores [levantamento] Esc. 1/20 Desenho Nº015 - Mapa de Vãos Interiores [levantamento] Esc. 1/20 Desenho Nº016 - Mapa de Vãos Interiores [levantamento] Esc. 1/20 Desenho Nº017 - Mapa de Vãos Interiores [levantamento] Esc. 1/20 Desenho Nº018 - Pormenor Construtivo - Escadas [levantamento] Esc. 1/10 Desenho Nº019 - Pormenor Construtivo - Solho à portuguesa [levantamento] Esc. 1/1 Desenho Nº020 - Planta Piso 0 [cores convencionais] Esc. 1/50 Desenho Nº021 - Planta Piso 1 [cores convencionais] Esc. 1/50 Desenho Nº022 - Planta de Cobertura [cores convencionais] Esc. 1/50 Desenho Nº023 - Alçado Norte [cores convencionais] Esc. 1/50 Desenho Nº024 - Alçado Sul [cores convencionais] Esc. 1/50 Desenho Nº025 - Corte AA’ [cores convencionais] Esc. 1/50 Desenho Nº026 - Corte BB’ [cores convencionais] Esc. 1/50 Desenho Nº027 - Planta Piso 0 [final] Esc. 1/50 Desenho Nº028 - Planta Piso 1 [final] Esc. 1/50 Desenho Nº029 - Planta de Cobertura [final] Esc. 1/50 Desenho Nº030 - Alçado Norte [final] Esc. 1/50 Desenho Nº031 - Alçado Sul [final] Esc. 1/50 Desenho Nº032 - Corte AA’ [final] Esc. 1/50 Desenho Nº033 - Corte BB’ [final] Esc. 1/50 Desenho Nº034 - Corte CC’ [final] Esc. 1/50 Desenho Nº035 - Corte DD’ [final] Esc. 1/50 Desenho Nº036 - Corte EE’ [final] Esc. 1/50

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Desenho Nº037 - Corte FF’ [final] Esc. 1/50 Desenho Nº038 - Corte GG’ [final] Esc. 1/50 Desenho Nº039 - Mapa de Vãos Exteriores [final] Esc. 1/20 Desenho Nº040 - Mapa de Vãos Exteriores [final] Esc. 1/20 Desenho Nº041 - Mapa de Vãos Exteriores [final] Esc. 1/20 Desenho Nº042 - Mapa de Vãos Interiores [final] Esc. 1/20 Desenho Nº043 - Mapa de Vãos Interiores [final] Esc. 1/20 Desenho Nº044 - Pormenor Construtivo - Platibanda Proposta [final] Esc. 1/10 Desenho Nº045 - Pormenor Construtivo - Pavimento [final] Esc. 1/10 Desenho Nº046 - Pormenor Construtivo - Escadas [final] Esc. 1/20 Desenho Nº047 - Pormenor Construtivo - Remate do Alpendre [final] Esc. 1/10 Desenho Nº048 - Pormenor Construtivo – Solho à inglesa [final] Esc. 1/1 Desenho Nº049 – Planta I.S. [final] Esc. 1/20

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INTRODUÇÃO Justificação do tema Vendo um trabalho de investigação ou uma dissertação como uma "visão" do futuro, neste caso na arquitectura em geral ou no arquitecto em particular, parece-me o tema da reabilitação de edifícios bastante pertinente. Tenta-se aqui encarar a reabilitação como uma perspectiva de futuro na arquitectura. O país tem assistido a grandes ondas de construção em massa. Actualmente, subentende-se uma grande necessidade de aumento das reabilitações e uma diminuição das construções em massa. A reabilitação de edifícios antigos é, actualmente, uma tarefa da maior importância em todo o mundo, pois apresenta vantagens económicas, sociais e ambientais. A perda do património arquitectónico, história e identidade dos locais, a alta densidade ocupacional que se tem vindo a denotar nos centros urbanos e a sustentabilidade no âmbito da construção são todas razões e alertas para uma mudança de atitude e de perspectiva no que se refere às diferentes vertentes na arquitectura. Reabilitar é mais complicado e exigente do que construir de raiz; envolve tecnologias e materiais diferentes da construção nova, e são necessários conhecimentos de técnicas de reabilitação. As intervenções de reabilitação envolvem uma elevada especificidade, e uma complexidade bastante maior do que a execução corrente, exigindo mais competências e rigor da parte de quem executa. A reduzida apetência pela reabilitação afecta os próprios engenheiros e arquitectos, e não apenas as empresas de construção. É necessária uma revitalização dos conhecimentos perdidos e uma atitude activa, para que se actualizem as construções devolutas e esquecidas para o século XXI. Ainda existem muitos profissionais nestas áreas a partilhar do pensamento de Le Corbusier, quando afirmava que “os edifícios eram "máquinas de habitar", votadas à destruição uma vez esgotada a sua vida: Porquoi devrions-nous laisser nos bâtiments en héritage, alors que nous ne faisons pas don de nos corps?" (CÓIAS, 2007) (Porque deveríamos deixar as nossas construções em herança, se não o fazemos com os nossos corpos?). Posto isto, pretendo defender de uma forma prática e concisa os valores aqui discutidos, através de um edifício seleccionado e apresentado no final deste trabalho, que se localiza no Centro Histórico de Torres Vedras. Apesar dos esforços da Câmara Municipal, este é mais um no espólio de edifícios degradados nesta cidade. Trata-se de um edifício do século XIX

bastante degradado e abandonado há já alguns anos. Possui uma relação

próxima com o espaço público pois localiza-se numa das poucas praças existentes - Praça Machado Santos. Insere-se numa frente urbana e apesar de rica a nível arquitectónico, está Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias - ECATI


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completamente deixada ao abandono proporcionando assim aos habitantes um espaço sem vida e esquecido.

Objectivos da investigação O presente trabalho tem como objectivo a aquisição e estudo de conhecimentos no âmbito da reabilitação e a aplicação destes num caso prático, procedendo-se assim a uma proposta de reabilitação. Desta forma valoriza-se não só o edifício em si, como também o meio urbano onde ele se insere. Pretende-se também mostrar a reabilitação de edifícios na carreira de um arquitecto como um dos futuros na Arquitectura e um campo de trabalho a explorar. A metodologia incluiu pesquisa necessária para a resolução do projecto com o intuito de trazer à Arquitectura uma mais-valia de conhecimentos no campo das alvenarias, carpintarias e isolamentos. O caso prático aqui apresentado, apesar de bastante degradado, possui características morfológicas e geográficas passíveis de reabilitação. Não só se localiza num Município que actualmente investe e apoia iniciativas de reabilitação no seu centro histórico, como também está inserido num ponto fulcral desta malha urbana - muito central e com grande relação com o espaço público. Com o estudo agora desenvolvido pretendem-se formular princípios e normas que possam servir para generalizações futuras, evitando-se a degradação de imóveis e optando-se pela sua reabilitação. Este poderá ser um impulso para realização de reabilitações dos edifícios envolventes. Pretende-se assim estimular o concelho a reabilitar o seu património e obter um conjunto de procedimentos úteis à Arquitectura em geral.

Metodologia A metodologia adoptada teve por base o levantamento da habitação em estudo numa recolha de dados técnicos e na sua análise e estudo. Todas as visitas realizadas à obra tiveram como objectivo a realização do levantamento da situação existente (visto não haver desenhos técnicos do edifício), levantamento fotográfico da habitação e um levantamento das patologias para registo em mapa a fim de conseguir um perfeito conhecimento das características físicas, espaciais e morfológicas da habitação. Fez-se uma consulta aos serviços técnicos da Câmara Municipal de Torres Vedras (CMTV) para nos inteirarmos dos compromissos para o local e das previsões urbanísticas e

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se, devido à sua localização, seria prudente e aconselhável proceder-se à recuperação do edifício e em que condições. Procurou-se também datar o edifício, génese da morfologia urbana do local, para que as propostas a realizar sejam tão coerentes quanto possível e não deturpar a arquitectura da época. Por outro lado, a avaliação dos materiais a retirar e a introduzir serão objecto de ponderação e de avaliação de compatibilidades. De acordo com o Plano de Pormenor de Reabilitação do Centro Histórico de Torres Vedras (PPRCHTV) o edifício é para recuperar não se integrando no clausulado do DecretoLei nº 163/2006 de 8 de Agosto – Acessibilidades- dadas as suas características. A recolha dos dados consistiu a base teórica da dissertação. Obter conhecimento sobre as técnicas de conservação existentes e seleccionadas as apropriadas para a de conservação do edifício, será a base da investigação com vista à reabilitação correcta, ordenada e sustentável do edifício. Por último, serão levadas a cabo todas as peças necessárias para a proposta final, que constarão de um processo de alterações com base nas cores convencionais. Serão apresentados 5 capítulos, iniciando-se o capítulo 1 com a introdução teórica dos fundamentos teóricos, após o qual serão aplicados num caso prático, tentando assim responder de uma forma directa às questões colocadas ao longo desta dissertação. O capítulo 2 caracteriza a área de intervenção e a sua morfologia urbana, bem como os aspectos demográficos e sócio-económicos. Aborda ainda aspectos relacionados com as condições de habitabilidade existentes e culmina com a descrição do Plano actualmente em vigor no Centro Histórico: o Plano de Pormenor de Reabilitação do Centro Histórico de Torres Vedras (PPRCHTV). O capítulo 3 caracteriza o edifício objecto de estudo e o seu enquadramento na envolvente urbana. Inumera as patologias que o edifício apresenta e identifica tanto os pontos desfavoráveis da habitação como também os pontos favoráveis a ter em conta na proposta para recuperação. O capítulo 4 aborda os aspectos mais técnicos da proposta de reabilitação do edifício, analisando não só aspectos ambientais relacionados com a sustentabilidade a propor como também compara as técnicas e materiais utilizados na construção com aqueles a utilizar na intervenção. O capítulo 5 apresenta a proposta, onde se aplicam todos os conhecimentos adquiridos e reflexões levadas a cabo ao longo deste trabalho de investigação. Aborda meticulosamente todos os aspectos da intervenção de modo a respeitar o edifício em si, o Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias - ECATI


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centro histórico onde se insere, as exigências por parte da Câmara Municipal de Torres Vedras (CMTV), bem como a legislação em vigor aplicável neste caso. As conclusões referem os objetivos alcançados, a sua generalização e intenções para intervenções semelhantes, fazendo uma conclusão prospetiva. Apontam as reflexões levadas a cabo durante o percurso desta investigação, necessárias para a análise, avaliação e decisão tão corretas quanto possível. Para finalizar anexa-se ao trabalho um glossário de termos correntes aplicados ou a aplicar nas diversas designações operativas, um índice remissivo para permitir e facilitar consultas e, em apêndice, o mapa das patologias detectadas. Este trabalho obedece às referências da APA (American Psychiatric Association). Serão referenciados à medida que se for fazendo a análise, os desenhos em formato A4 ou A3, que estão em anexo. As figuras e quadros que constam deste processo e que não são da autora têm a origem devidamente identificada.

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CAPITULO 1 - A CONSERVAÇÃO E REABILITAÇÃO DE EDIFÍCIOS 1.1 O papel da Conservação e Reabilitação na sociedade actual Reabilitação é uma prática que começa a ganhar a atenção dos arquitectos, devido à degradação dos meios urbanos e à necessidade da sua recuperação. Tratando-se de uma dissertação de reabilitação foi importante referir algumas definições e alguns conceitos nesta prática, para servirem de guia e suporte para a investigação. Aguns arquitectos já se pronunciaram sobre este tema, com afirmações que resumem o que uma reabilitação encerra. Citando o Arquitecto Siza Vieira, “quando se trata de reabilitar não é preciso desenhar muito nos centros históricos, mas é preciso desenhar muito bem”. Também o Arquitecto Souto Moura defende que “o património defende-se vivendo nele” (AGUIAR, 2010). Depois de tanto tempo de património construído entregue às ruínas, é chegada a hora de encarar estes edifícios como oportunidades de revitalização de centros históricos bem como oportunidades para os próprios arquitectos contribuírem para problemáticas sociais e urbanos causadas pelo abandono dos edifícios. 1.1.1 Conceitos É fulcral definir conceitos, alguns deles directamente relacionados e outros adjacentes ao tema reabilitação, que podem assumir diversas formas. Sobre conservação, CÓIAS, 2009 citando Sir Bernard Feilden defende que se trata de um "conjunto de acções levadas a cabo para evitar a deterioração, prolongando a vida do património cultural e natural, com o objectivo de os apresentar àqueles que os usam e observam com admiração as mensagens artísticas e humanas que eles contêm.” No documento ICOMOS - Déclaration d'engagement éthique citado por COIAS, 2007 é qualificado como um edifício onde predomina a sua natureza de bem cultural, quando é necessário “todo o processo de cuidar de um lugar com o fim de manter a sua importância cultural. Tal pode incluir, conforme as circunstâncias, os processos de manutenção ou de reintrodução de um uso, os processos de manutenção das memórias e significados, os processos de manutenção, de preservação, de restauro, de reconstrução, de adaptação e de interpretação e implica frequentemente uma associação de vários destes processos.” Sobre reabilitação e ainda citando COIAS, 2007, o Arquitecto José Aguilar fala da reabilitação urbana como um conjunto de "estratégias e acções destinadas a potenciar os valores sócio-económicos, ambientais e funcionais de determinadas áreas urbanas para elevar a qualidade de vida das populações residentes, melhorando as condições físicas do

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parque edificado, os níveis de habitabilidade e equipamentos comunitários, infra-estruturas, instalações e espaços livres." Sobre edifícios correntes, CÓIAS, 2007 Mansfield citando a Royal Institution of Chartered Surveyors qualificando como "reparação, renovação e modificação extensas de um edifício para o pôr de acordo com critérios económicos ou funcionais equivalentes aos exigidos a um edifício novo para o mesmo fim. Pode envolver a execução de instalações e sistemas de serviços, acessos, iluminação natural, equipamento e acabamentos aproveitando apenas os toscos do edifício antigo." Sobre edifícios com valor enquanto património cultural, a Secretary of Interior's Standards for Rehabilitation diz tratar-se de um "acto ou processo de possibilitar um uso eficiente e compatível de uma propriedade através de reparações, alterações e acrescentos, preservando, ao mesmo tempo, as partes ou características que transmitem os seus valores histórico, cultural e arquitectónico" segundo CÓIAS, 2007. No que diz respeito ao património cultural, foi determinado na Convenção - quadro do Conselho da Europa sobre o valor do património cultural para a sociedade (realizada em Faro a 27 de Outubro de 2005) que é tomado por Património Cultural o "grupo de recursos, herdados do passado, que as populações identificam, independentemente da propriedade, como um reflexo e uma expressão dos seus valores, crenças, saberes e tradições, em constante evolução. Inclui todos os aspectos da envolvente resultante da interacção entre as pessoas e os sítios, ao longo do tempo." (CÓIAS; 2009) 1.1.2 Preservação dos Valores Culturais No passado, até o início do séc. XX, apenas eram considerados património arquitectónico os monumentos e outros edifícios de características especiais. Posteriormente, este conceito alargou-se a sítios, centros urbanos antigos e edifícios correntes, em vez de exclusivamente a monumentos. Até aqui, por questões de higiene, não se colocava qualquer tipo de questões em se demolir quarteirões por completo. Os edifícios antigos, não são apenas importantes por si só, mas também pelo conjunto que representam. A importância destes conjuntos de edifícios correntes, reflecte-se na compreensão da história que eles permitem. Com eles, existe a possibilidade de compreender as evoluções sentidas em determinadas zonas, e a maneira como os edifícios se foram adaptando e moldando às necessidades da humanidade. Mais que não seja apenas pelas fachadas, compreende-se e estuda-se a evolução das artes. Visto que, os edifícios por vezes, são como telas em grande escala.

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“Na reabilitação urbana não é possível ignorar a cidade real, sem filtros, […] impondo-se como organismo que liga indissociavelmente corpo físico e social, que resistiram unidos à transformação e se apresentam vivos e modernos, apesar de degradados e sem as condições que actualmente exigimos de habitabilidade, muitas vezes devido apenas ao seu mau uso (sobre ocupação), abandono (ausência de obras e de instalações sanitárias) e promoção mal orientada de valores que os regulamentos reflectem (exigência da eliminação de quartos interiores e da alteração de pés direitos, multiplicação de casas de banho, salas de estar comuns e dimensionadas à custa de outros espaços,…).” (PEREIRA, 1987, p. 8)

1.1.3 Sustentabilidade - Protecção Ambiental A construção é uma das actividades com maior impacto ambiental. Reabilitação permite reduzir em mais de 50% os resíduos de demolições, e os novos materiais que seriam utilizados caso se opte por uma nova construção, ou seja, reduzem-se os desperdícios e obtém-se assim, uma prática sustentável. Para além de se diminuir a utilização de novos materiais de construção, também se reduz a energia despendida, ou seja, como não se procede à demolição por completo, nem a uma nova reconstrução, não será despendida energia a erguer uma obra de raiz. O mesmo se aplica às emissões de CO2, provenientes da transformação da matéria-prima. Habitualmente, reabilitar, significa o uso de materiais tradicionais e naturais como a madeira, pedra, etc. Evitando assim, o uso de materiais industrializados, modernos e mais poluentes como o aço, o betão, etc., com mais energia incorporada. Compilando todos estes aspectos, facilmente se conclui que a reabilitação, é sem sombra de dúvida uma prática sustentável. Esta consciência já é bastante importante na consciência mundial que se assiste na actualidade, com constantes campanhas de sensibilização sobre o meio ambiente. A realidade da sustentabilidade não é exclusivo da construção. Esta é apenas uma das variáveis neste complexo e abrangente problema. A reabilitação, é assim, uma actividade que se insere no paradigma ecológico actual.

Vantagens Económicas Como vimos anteriormente, não sendo necessário proceder-se à demolição nem a uma nova construção, "poupa-se" não só o ambiente, como também se reduzem substancialmente os custos em diversos aspectos, e acarreta as seguintes vantagens: Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias - ECATI


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• Redução dos custos de demolição e os respectivos materiais; • Redução dos custos com licenças e taxas; • Redução dos custos de estaleiro; • Aprovação mais fácil de projectos; • Redução das perturbações do tráfego urbano; • Redução das quantidades de novos materiais e da respectiva energia incorporada.

Isto significa que, mesmo que o valor de uma reabilitação possa parecer superior pelo tipo de mão-de-obra especializada que exige, no total, sai mais barata uma reabilitação, do que uma construção de raiz. 1.1.4 Construção em Portugal Actualmente,

“"Construção"

escreve-se

com

vários

"r".

Termos

como

"recuperação", "renovação", "revitalização", "restauro", "requalificação", "reparação", "reforço", “reestruturação" e, sobretudo, "reabilitação"” (CÓIAS, 2007), começam, cada vez mais, a entrar no vocabulário corrente da construção, devido à forte sensibilização que começa a haver.

1.1.5 Programas de Reabilitação Para melhor se perceber como a reabilitação é vista na sociedade actual, é preciso analisarem-se as iniciativas que têm sido levadas a cabo nesta área. Devido ao crescimento urbano que se tem vindo a sentir para as periferias, os centros urbanos históricos acabam por cair no "esquecimento" e a ficarem sem população. Por isto, surgiu a necessidade de se criar programas de incentivo e apoio à reabilitação, financiados não só pelo Governo, mas também pela União Europeia ou por entidades interessadas em apoiar este tipo de iniciativas. São vários os programas criados para servirem de incentivo para a prática de reabilitação e conservação, uns intervindo ao nível de conjuntos urbanos e outros destinados isoladamente a edifícios. De acordo com a legislação existente e falando de cada um resumidamente, passamos a enumerar: •

RECRIA - Regime Especial de Comparticipação na Recuperação de Imóveis

Arrendados

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Criado em 1988 - Decreto-Lei n.º 46/85, de 20 de Setembro e reformulado pelo Decreto-Lei nº 197/92, de 22 de Setembro, resultado da constatação de que o parque habitacional das duas grandes áreas metropolitanas de Portugal, Lisboa e Porto, se encontrava bastante deteriorado. Substituiu o PRID. Descrição - Visa financiar a execução das obras de conservação e beneficiação, que permitam a recuperação de fogos e imóveis em estado de degradação, mediante a concessão de incentivos pelo Estado e pelos municípios. Destinatários - Destina-se aos senhorios que procedam a obras de conservação ou beneficiação nos fogos ou nas partes comuns dos prédios arrendados; Arrendatários; Câmaras Municipais que se substituam ao senhorio na realização das obras. Financiamento - É comparticipado pela Câmara Municipal e pelo IHRU (Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana) – (a “fundo perdido"). •

PRID - Programa para a Recuperação de Imóveis Degradados Criado nos finais da década de 70 - Decreto-Lei nº 704/76, de 30 de Setembro,

resultado da necessidade da criação de linhas de crédito para financiar a recuperação de imóveis habitacionais degradados. Descrição - Possibilita a concessão de empréstimos a particulares que pretendam recuperar o património habitacional. Destinatários - Famílias possuidoras de prédios urbanos degradados e sem capacidade económica para proceder à respectiva recuperação. Financiamento - Municípios •

PRAUD - Programa de Reabilitação de Áreas Urbanas Degradadas Criado em 1988 - Decreto-Lei nº 384/87, de 24 de Dezembro, surge para

recuperação das áreas ambientalmente degradadas (históricas ou não) e para a recuperação de património construído. Substituiu o PRU (Programa de Reabilitação Urbana). Descrição - Reabilitar e renovar áreas urbanas consideradas degradadas (Cabe a este, a reabilitação de coberturas, de fachadas e de instalações sanitárias e redes, quando estas existem em condições precárias ou simplesmente não existem). Destinatários - Destina-se a indivíduos que, por algum motivo não possam integrar o programa RECRIA ou outros programas e a indivíduos que habitem ou sejam proprietários de um imóvel que pode estar arrendado.

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Financiamento - O pagamento será efectuado pelo proprietário no prazo de quinze dias após uma notificação da câmara municipal. •

REHABITA - Regime de Apoio à Recuperação Habitacional em Áreas Urbanas

Antigas Criado em 1996 - Decreto-Lei nº 105/96, de 31 de Julho, surge da necessidade de uma extensão ao programa RECRIA. Descrição - O REHABITA é uma extensão do RECRIA que pretende auxiliar financeiramente os municípios na recuperação de regiões urbanas antigas. Destinatários - Destina-se em situações em que os inquilinos ou os proprietários dos edifícios se deneguem a realizar obras. Financiamento - Às obras integradas no REHABITA, comparticipadas pelo RECRIA, acresce uma comparticipação a fundo perdido de 10%, suportada pelo IHRU e pelos municípios envolvidos, nos mesmos moldes do RECRIA. •

SOLARH – inicialmente designado por Programa de Solidariedade e Apoio à

Recuperação à Habitação, passando em 2001 a designar-se por Programa de Apoio Financeiro Especial para a Realização de Habitações Criado em 1999 - Decreto-Lei nº 7/99, de 8 de Janeiro, surge da necessidade de apoiar pequenas reparações de casas habitadas por idosos fora das áreas urbanas. Descrição - Destina-se à realização apenas de obras de conservação ordinária, extraordinária e de beneficiação. Destinatários - A indivíduos ou agregados familiares de poucos recursos que possuam única e exclusivamente uma habitação e a instituições de solidariedade social. Financiamento - O montante máximo é o correspondente ao custo das obras, até ao limite de 11.971,15€ por habitação. O capital é libertado de acordo com os autos de medição a efectuar pela Câmara Municipal. •

PROHABITA - Programa de Financiamento para Acesso à Habitação Criado em 2004 - Decreto-Lei nº 135/2004, de 3 de Junho. O agravamento da

degradação do parque habitacional e os sucessivos esforços para dinamizar o sector de arrendamento justificaram o aparecimento deste programa. Descrição - Este programa pretende dar resposta a situações de necessidade habitacional.

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Destinatários - Destina-se a famílias carenciadas e de bairros sociais desprovidos de condições mínimas de habitabilidade. •

MODCOM - Programa de Apoio à Modernização do Comércio (novo) Criado em 2005 - Decreto-Lei n.º 178/2004, de 27 de Julho, surge para responder

às necessidades de apoios também a empresas do comércio. Descrição - Tem como principais objectivos a revitalização da actividade comercial em zonas urbanas ou rurais, bem como a promoção de acções dirigidas ao comércio. Destinatários - Destina-se a micro e pequenas empresas do comércio, independentemente da sua forma jurídica, e a estruturas associativas do comércio. Financiamento - O apoio financeiro a conceder reveste a natureza de incentivo não reembolsável correspondente a 35 ou 40 por cento das despesas elegíveis. •

POLIS - Programa de Requalificação Urbana e Valorização Ambiental das Cidades Criado em 2000 - Resolução do Conselho de Ministros n.º 26/2000, de 15 de Maio,

surge para melhorar a qualidade de vida nas cidades, através de intervenções nas vertentes urbanística e ambiental. Descrição - Visa a qualificação urbanística e ambiental das cidades. Destinatários - Intervenções nas vertentes urbanística e ambiental, melhorando a atractividade e competitividade de pólos urbanos que têm um papel relevante na estruturação do sistema urbano nacional. Financiamento - Estado e Câmaras Municipais das diferentes autarquias. •

RECRIPH - Regime Especial de Comparticipação e Financiamento na Recuperação de Prédios Urbanos em Regime de Propriedade Horizontal Criado em 1996 - Decreto-Lei nº 106/96, de 31 de Julho, surge da necessidade de

levar a cabo algumas alterações ao original programa RECRIA. Descrição - Apoia financeiramente a execução de obras de conservação nas partes comuns de edifícios, constituídos em regime de propriedade horizontal. Destinatários - Têm acesso a este regime as administrações de condomínio e os condóminos de edifícios que sejam compostos pelo menos por 4 fracções autónomas, podendo uma delas ser afecta ao exercício de uma actividade de comércio ou pequena indústria hoteleira. Financiamento - O valor da comparticipação é suportado em 60% pelo IHRU e em 40% pelo Município. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias - ECATI


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Outros planos a referir, são PERU (Programa de Emergência para a Reabilitação Urbana), PROCOM (Programa de Apoio à modernização do Comércio), PROSIURB (Programa de Consolidação do Sistema Urbano Nacional e de Apoio à execução dos Planos Directores Municipais) e RECITE/REBUILD (Regiões e cidades para a Europa/Energias Renováveis aplicadas em Edifícios de Cidades Europeias com Centros Históricos). Todos os planos aqui mencionados, têm como objectivo não só incentivar as reabilitações e conservações, mas também permitir aos proprietários interessados a preservação das suas habitações.

1.1.6 A construção Excessiva Pelas grandes ondas de construção em massa a que se tem visto a assistir e o reflexo disso na falta de compradores, algumas empresas de construção começaram a envolver-se cada vez mais em actividades para além da construção nova (monumentos pertencentes ao património arquitectónico do país, edifícios classificados, e não só) contribuindo para a formação de técnicos especializados nestas actividades.

Construção em Geral

Reabilitação do Edificado

Conservação do Património

Figura 001 - Esquematização da actividade do sector da construção. Fonte: CÓIAS, 2007, p. 1)

O sector da construção civil e obras públicas pode ser representado por um esquema de três pontos (Figura 001). Um, que engloba todo o sector, onde predomina a construção nova, um segundo, de menor importância, mas em crescimento, que corresponde aos trabalhos de reabilitação (importância inferior a 10% do total da construção civil e obras públicas, enquanto que noutros países europeus este representa 40% ou até mesmo 50%) e o terceiro, “ocupa-se da conservação e restauro dos monumentos e edifícios históricos, a parte mais nobre do património construído: imóveis que, além de serem construções, são também, bens culturais.” (CÓIAS, 2007, p. 3)

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A actividade do sector tem-se, portanto, concentrando quase exclusivamente na construção nova (apesar de se notar uma tendência de contradição a este facto). Actualmente Portugal sofre de excesso de construção. Segundo Vítor Cóias, existem mais de 3,5 milhões de edifícios e continuam a construir-se várias dezenas de milhar por ano. Dados apresentados pela Euroconstruct, mostram que Portugal tem quase 700 000 casas vagas (Gráfico 001). Se todas elas fossem aproveitadas, dariam para cobrir as necessidades do país por 16 anos.

Gráfico 001 - Percentagem de casas vagas. Fonte: Euroconstruct, 2007, p. 77

Além de excessiva, a construção é desordenada (Figura 002). Conclui-se que a construção nova é levada a cabo sem uma consciência global do panorama da construção, porque, observando os dados da Euroconstruct, existem demasiadas casas vagas no país, prejudicando assim o próprio sector da construção. São poucas as famílias que adquirem mais do que uma habitação (considerando uma habitação fixa e outra de férias). Como consequência do excesso de construção, a degradação do património natural e a degradação do património cultural nos centros históricos, em particular o arquitectónico, tendem a aumentar. Isto porque, o sector da construção tem-se concentrado apenas nas novas construções, caindo no esquecimento as intervenções que o património existente necessita, a fim de evitar a degradação das edificações e assim se poder perder as memórias que elas contêm .

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Figura 002 - Agualva-Cacém, exemplo de um certo caos urbanístico. Fonte: http://www.cmsintra.pt/revistaartigo.aspx?ID=203, acedido em 10/11/10

1.1.7 Reabilitação vs. Nova Construção Como já vimos, ao se reabilitar, realiza-se um uso sustentável do parque construído. Na reabilitação e conservação, encontramos as seguintes vantagens (Figura 003): •

Económica

- Permite gerir adequadamente o parque construído; - Preserva a competitividade do País e da sua História como destino turístico; - Não é mais cara; - Evita a expansão dos meios urbanos; •

Social

- Melhora a qualidade de vida das populações; - Cria mais emprego; - Contraria a exclusão; •

Ambiental

- Evita a ocupação de solo virgem; - Evita o consumo de materiais e de energia; - Evita a produção de entulho.

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Suportável

Equilíbrio

Viável

Sustentável

Figura 003 -Diagrama das vantagens na realização de conservação e reabilitação (CÓIAS, 2009, p. 17)

Por estas razões, a reabilitação de edifícios antigos é, hoje em dia, uma tarefa da maior importância em todo o mundo. Comparando a construção com a reabilitação, Luz Valente Pereira afirmou: “reabilitar seria uma tarefa muito mais simples, dado que não se tem de “criar cidade” ela está feita, reconhecidamente bem feita, e a operação limitar-se-ia a reparar o efeito ruinoso do tempo e do abandono nos edifícios, sem os alterar; a introduzir melhorias nas condições de habitabilidade destes e dos espaços exteriores, procedendo de modo a manter no local a população neles instalada; a introduzir novos e atractivos usos que contribuíssem para o seu desenvolvimento, para uma maior integração no conjunto da cidade e para a fixação, no tempo, dos residentes; e a substituir usos, entretanto instalados e que reconhecidamente ameaçam o equilíbrio entre a população, o seu quotidiano e o ambiente onde se desenvolve, por outros directamente relacionados com a manutenção desse equilíbrio.” (PEREIRA, 1987, p. 7)

1.1.8 Falta de Competências e Legislação para uma boa Prática de Reabilitação Competências Actualmente não tem havido aptidão para a reabilitação. Vítor Cóias defende que “quem tem aptidão para a construção nova não tem necessariamente para a reabilitação”,

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(nem para a conservação), e habitualmente construtores, promotores e compradores preferem construções novas. A reabilitação é uma prática que obriga a um envolvimento geral de diferentes entidades, tratando-se por isso de intervenções complexas com diferentes pontos de vista. A reduzida apetência pela reabilitação afecta os próprios engenheiros e arquitectos, e não apenas as empresas de construção. O Grémio das Empresas de Conservação e Restauro do Património Arquitectónico (GECoRPA), organizou um encontro (em Julho de 1999 no Porto) onde estiveram presentes o Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR), Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN), representantes das faculdades de arquitectura e de engenharia da Universidade do Porto, representantes da Ordem dos Arquitectos (OA) e da Ordem dos Engenheiros (OE) bem como representantes das universidades de Roma e Florença. Neste encontro resultaram conclusões

como

“o

reconhecimento da necessidade da criação de uma

especialização na área da reabilitação das construções antigas e da conservação do património arquitectónico, quer para engenheiros civis, quer para arquitectos.” (CÓIAS, 2007; p.11). Reabilitar construções existentes é, portanto, muito mais complicado e exigente do que construir a partir do zero. Implica materiais e tecnologias muito diferentes da construção nova e, frequentemente, quem construiu não é mais habilitado a reabilitar. “As intervenções de reabilitação envolvem uma elevada especificidade, e

uma complexidade bastante maior do que a execução corrente, exigindo uma muito maior minúcia e rigor” (CÓIAS; 2007; p. 19) da parte de quem executa bem como um grande conhecimento dos materiais existentes e a utilizar.

Legislação Mais do que políticas, é preciso mudar mentalidades no que diz respeito à prática de reabilitação. Actualmente, já existem indícios de mudanças de mentalidades relativamente a este tema. Encontramo-nos numa época onde os olhos começam a ser postos neste tipo de práticas. Prova disso é o caso aqui apresentado da CMTV, com a sua política de incentivo à reabilitação do Centro Histórico. Os programas de reabilitação aqui apresentados demonstram da parte da política uma nova abordagem a estes casos. Mas ainda não chegam.

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É necessário que a política (mais propriamente a legislação) acompanhe esta mudança de mentalidades que se começa a reflectir na sociedade. Para além dos programas de incentivos existentes, é necessário ainda outro tipo de abordagens ao tema da reabilitação da parte da legislação, como por exemplo: - incentivos fiscais / isenção de impostos - de modo a aliviar o esforço financeiro sobre reabilitações e incentivando-as. Desta forma competindo com as novas construções. - empréstimos bonificados - possibilitando os proprietários de pedirem financiamentos para obras de reabilitação, evitando que o parque construído continue ao abandono por falta de meios por parte dos proprietários privados. O facto da lei de criação de equipas para reabilitação não obrigar a integração de um arquitecto na equipa envolvida, faz com que os arquitectos sejam profissionais perfeitamente dispensáveis neste tipo de intervenções. Este é um decreto de lei a ser tido em conta, pois os arquitectos tal como os engenheiros também são profissionais necessários e essenciais para todo o tipo de intervenções de construção bem como reabilitação. Estes são apenas alguns dos aspectos a ter em conta no que diz respeito à legislação em vigor (ou falta dela), relacionada com reabilitação que não beneficia a reabilitação em Portugal.

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1.2 Estudos de Casos Quando se trata de um projecto de reabilitação, é essencial analisar (mesmo que de um modo geral) algumas reabilitações levadas a cabo por arquitectos onde os projectos de alguma forma se assemelham ao objecto de estudo, que lhe podem servir de suporte e que servem de base para uma crítica construtiva, avaliação do que nos parece mal e portanto um alerta para não o repetirmos, e do que nos parece correto, um apoio fundamental para a nossa decisão. Serão analisadas 3 obras tendo em conta inserção em zona histórica, morfologia e abordagem da parte dos arquitectos. Individualmente em cada caso de estudo farei uma reflexão sobre os aspectos analisados.

1.2.1 Remodelação de Habitação Atelier: [A] Ainda arquitectura Rua Sobre-o-Douro, Bairro Ignez, Casa 6, Porto 2008 Arquitectura: Guiomar Rosa Luís Tavares Pereira [A] Ainda arquitectura Colaboradores: Diogo Paradinha Especialidades: Reconsago, Lda.

Figura 004 - Localização

"Remodelação da unidade de apartamento em banda na Vila Operária sobranceira ao Rio Douro.(…) Este projecto foi experiência piloto de introduzir uma mais-valia de arquitectura, questionando as premissas do existente, e explorando potencial de maximização de área propondo ampliação através da criação de 2º piso mezzanine, tirando partido da altura do pé-direito e vão do telhado existentes. 2 2 É possível assim adicionar 30m aos 37,5m da habitação original, dotando-a de

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um quarto adicional - que pode ser dividido - e de uma casa de banho com todas as condições de higiene e conforto contemporâneas. A introdução de luz natural, através de clarabóias tipo 'velux' e de janelas interiores, e de reflexão nas superfícies brancas, foi preocupação complementar do projecto." (FERNANDES, 2010, p. 31)

Figura 005 - Vista antes da intervenção (Fonte: FERNANDES, 2010, p. 31)

Figuras 006 e 007 - Vistas interiores do existente – cozinha (Fonte: FERNANDES, 2010, p. 31)

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Figura 008 - Desenhos de estudo (Fonte: FERNANDES, 2010, p. 33)

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Figura 009 - Desenhos de estudo (Fonte: FERNANDES, 2010, p. 34 e 38)

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Figura 010 - Planta do projecto (Fonte: FERNANDES, 2010, p. 32)

Figura 011 - Perspectiva e corte longitudinal (Fonte: FERNANDES, 2010, p. 32)

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Imagens da Remodelação

Figura 012 -Vista geral do conjunto (Fonte: http://portonorte. blogspot.com/2007/08/porto-bairro-ignez.html, acedido em 5/6/2011)

Figura 013 - Fotografia da cozinha e da instalação sanitária (i.s.) ao fundo (Fonte: FERNANDES, 2010, p. 34)

Figura 014 - Fotografia do acesso à mezzanine (Fonte: FERNANDES, 2010, p. 35)

Figura 015 - Fotografia do Quarto - mezzanine (Fonte: FERNANDES, 2010, p. 39)

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Apesar de se tratar de um conjunto de apartamentos, deste estudo consta apenas o apartamento tipo. A intervenção a nível da cobertura contou da aplicação de janelas tipo “velux” que colmataram o problema de iluminação natural existente. A reduzida iluminação natural, bem como a pouca ventilação são aspectos bastante comuns em construções antigas. Tendo este apartamento como público-alvo jovens estudantes, o programa aplicado toma as dimensões muito reduzidas e verifica-se um grande aproveitamento de espaços e de ligações entre eles. Este é um factor a analisar nesta proposta, pois pelas dimensões reduzidas da habitação proposta, existe uma grande necessidade no cuidado e agilidade na relação dos espaços na habitação. Neste caso observa-se a redução na compartimentação, privilegiando os espaços públicos da habitação transformando-os em open-space. Tal como é habitual neste tipo de construção, também esta não possui a instalação sanitária. A proposta instala uma i.s. a abrir para a sala que uma cortina finge ignorar, solução que a regulamentação em vigor e a apreciação de alguns técnicos camarários certamente levariam a uma revisão. Por outro lado a ausência de tectos falsos permite uma solução de estrutura aparente, sempre bem recebida esteticamente, mas com alguns problemas quanto a conforto e dispersão de energia. A redução de compartimentação e a agilização dos espaços entre si é o aspecto mais importante a ter como exemplo neste caso de estudo.

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1.2.2 Recuperação de Apartamento para Habitação e Atelier de Arquitectura Atelier: SAMI Arquitectos Rua Augusto Cardoso, nº 58, Setúbal 2000|2005 Arquitectura: Inês Vieira da Silva Miguel Vieira [SAMI-Arquitectos] Projecto de Estabilidade: Pedro Douwens_ Alcides Colaço EPO.Engenharia, Projecto e Obra, Lda. Construtora: FN - Frederico Nascimento, Lda. Fotografia: FG+SG - Fotografia de Arquitectura

Figura 016 - Localização

"Os edifícios da Rua Augusto Cardoso são, na sua maioria, de finais do séc. XVIII e do séc. XIX. (…) a tipologia dos edifícios deste eixo viário manteve a sua característica mais importante: actividade comercial no piso térreo e habitação nos pisos superiores. (…) O edifícios, de três pisos e sótão, corresponde precisamente a esta tipologia, tal como os edifícios contíguos. Datando de finais do séc. XIX sofreu alterações significativas no início do séc. XX quando foram alteados os pisos. A nossa intervenção assentou em dois princípios fundamentais: O primeiro, de recuperação, com base na utilização de materiais e métodos construtivos tradicionais, procurou não desvirtuar o carácter do edifício e a sua integração no núcleo histórico. Assim interviemos: - Na supressão dos compartimentos interiores existentes, possibilitando iluminação natural em toda a casa, mas deixando intacto o corredor, elemento fundamental para a preservação da sua tipologia; - Em tabiques existentes, reutilizando sempre a técnica construtiva antiga de ripado de madeira rebocado;

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- Na construção de nova escada interior em madeira - de modo a permitir a ligação entre o segundo piso e o sótão -, sobreposta à escada de acesso comum aos vários apartamentos, evitando assim interromper a estrutura de sobrado; - Na estrutura da cobertura, sem alteração da sua cumeeira ou perfil, por esta se encontrar em muito mau estado e não permitir o uso do seu espaço interior; - Na trapeira, permitindo uma maior entrada de luz no sótão. A estrutura de deck foi sobreposta à cobertura de modo a funcionar independentemente desta. A madeira surgiu como o elemento mais apropriado por, ao envelhecer, adquirir uma tonalidade escura mais delicada. O segundo princípio prendeu-se com a vontade de (re)habitar o Centro Histórico de Setúbal. Mantendo o uso de habitação para que o edifício foi construído, e acrescentando-lhe a mais-valia de nele se poder trabalhar, é possível usufruir de um local privilegiado, ainda que um pouco esquecido, da cidade." (Fonte: DA SILVA, Inês Vieira & VIEIRA, Miguel; 2007, p. 30)

A recuperação profunda que estes dois andares sofreram num edifícios setecentista, demorou dez meses para ficar concluída.

Figura 017 - Vista do edifício para a cidade de Setúbal (Fonte: DA SILVA, Inês Vieira & VIEIRA, Miguel; 2007, p. 31)

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Existente Habitação

Figura 018 - Planta piso 2 (Fonte: DA SILVA, Inês Vieira

Atelier

Figura 019 - Planta Sótão

Figura 020 - Planta Cobertura

(Fonte: DA SILVA, Inês Vieira

(Fonte: DA SILVA, Inês Vieira

& VIEIRA, Miguel; 2007, p. 32) & VIEIRA, Miguel; 2007, p. 32) & VIEIRA, Miguel; 2007, p. 32)

Recuperação

Figura 021 - Planta piso 2

Figura 022 - Planta Sótão

Figura 023 - Planta Cobertura

(Fonte: DA SILVA, Inês Vieira

(Fonte: DA SILVA, Inês Vieira

(Fonte: DA SILVA, Inês Vieira

& VIEIRA, Miguel; 2007, p. 33)

& VIEIRA, Miguel; 2007, p. 33)

& VIEIRA, Miguel; 2007, p. 33)

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Figura 024 - Corte 1 - Existente (Fonte: DA SILVA, Inês Vieira & VIEIRA, Miguel;

Figura 025 - Corte 1 - Recuperação (Fonte: DA SILVA, Inês Vieira & VIEIRA, Miguel; 2007, p. 34)

2007, p. 34)

Figura 026 - Alçado Sul - Existente (Fonte: DA SILVA, Inês Vieira & VIEIRA, Miguel;

Figura 027 - Alçado Sul - Recuperação (Fonte: DA SILVA, Inês Vieira & VIEIRA, Miguel;

2007, p. 35)

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2007, p. 35)


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Figuras 028 e 029 - Imagem do existente e da recuperação (Fonte: DA SILVA, Inês Vieira & VIEIRA, Miguel; (2007), p. 32)

Imagens da Remodelação

Figura 030 - Fotografia da Habitação

Figura 031 - Fotografia da Habitação

(Fonte: DA SILVA, Inês Vieira & VIEIRA, Miguel;

(Fonte: DA SILVA, Inês Vieira &

2007, p. 33)

VIEIRA, Miguel; 2007, p. 33)

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Figura 032 - Fotografia das Escadas (Fonte: DA SILVA, Inês Vieira & VIEIRA,

Figura 033 - Fotografia do Atelier (Fonte: DA SILVA, Inês Vieira & VIEIRA, Miguel;

Miguel; 2007, p. 40)

2007, p. 41)

Apesar de ser um edifício de 3 pisos e sótão, o projecto, consistiu na recuperação do último piso e sótão, abrangendo a cobertura do edifício. Também aqui os arquitectos tentaram valorizar o centro histórico onde a construção se insere - Setúbal - com a intervenção realizada. Tal como na recuperação proposta no final desta investigação, também este caso de estudo é um edifício que possuí uma planta irregular, correspondendo a compartimentos irregulares no seu interior. Para além disso, as dimensões e a orientação são em muito semelhantes ao caso em estudo. Trata-se de um edifício orientado a Norte/Sul e com apenas duas fachadas livres para abertura de vãos exteriores. Todas estas são características que exigem uma grande agilidade na distribuição correcta no interior do edifício. Por se tratar de um projecto para dois dos pisos, a localização das escadas e a tipologias destas é essencial para um bom funcionamento e boa distribuição dos espaços nos diferentes pisos. Este caso apresenta um programa bastante simples, com pouca compartimentação e recorrendo à utilização de open-space. Quanto aos usos, trata-se de habitação e atelier, distribuídos cada um num piso. O caso proposto nesta investigação trata-se de duas habituações também distribuídas cada uma por um piso. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias - ECATI


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1.2.3 Casa na Rua da Bela Vista à Lapa Atelier: FSSMGN arquitectos Lda. Rua Bela Vista à Lapa, nº 57, Lisboa 2004|2007 Arquitectura: Fernando Sanchez Salvador Margarida Grácio Nunes [FSSMGN arquitectos, Lda.] Colaboradores: Ana Pinto, Claire Campens, Aliana Candeias Alves, Miguel Ribeiro Carvalho Projecto de Demolições e Estruturas: A2P - Consult., Estudos e Projectos, Lda. - João Appleton, Cristina Martins Fotografia: FG+SG - Fotografia de Arquitectura

Figura 034 - Localização

“ (…) o projecto apoia-se na ideia de retomar o uso inicial do edifício como habitação unifamiliar, reestruturando o seu espaço interior e requalificandoo, repondo as ambiências perdidas nas sucessivas alterações descaracterizadoras(…) O acesso ao piso 1 terá um varandim em piso intermédio, sobre a zona de entrada e a sala. No piso nobre todo o espaço será ocupado por uma sala, na qual se manterá a dupla fachada do lado do jardim, dando sobre a varanda posterior corrida e o terraço de cobertura do torreão. No centro da sala, criar-se-á um outro varandim, sob o qual se localiza uma lareira. O piso dos quartos apresenta uma distribuição corrente, tendo cada um dos quartos uma instalação sanitária própria. Deste piso acedemos ao sótão, que em tempos terá tido três compartimentos habitáveis, mas que agora se propõe seja uma área ampla, com um pequeno terraço a sudeste. (…)" (Fonte: SALVADOR, Fernando Sanchez & NUNES, Margarida Grácio; 2010; p. 86)

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Cobertura

Sótão

Piso 2

Piso Intermédio

Piso 1

Piso Intermédio

Piso 0

Piso -1 Figura 035 - Axonometria com a distribuição por pisos (Fonte: SALVADOR, Fernando Sanchez & NUNES, Margarida Grácio; 2010; p. 84)

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Figura 036 - Alçado Principal (Fonte: SALVADOR, Fernando Sanchez & NUNES, Margarida Grácio; 2010; p. 84)

Figura 037 - Alçado Posterior (Fonte: SALVADOR, Fernando Sanchez & NUNES, Margarida Grácio; 2010; p. 84)

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Figura 038 - Corte BB' (Fonte: SALVADOR, Fernando Sanchez & NUNES, Margarida Grácio; 2010; p. 84)

Figura 039 - Corte EE' (Fonte: SALVADOR, Fernando Sanchez & NUNES, Margarida Grácio; 2010; p. 84)

Figura 040 - Corte FF' (Fonte: SALVADOR, Fernando Sanchez & NUNES, Margarida Grácio; 2010; p. 84)

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Figura 041 - Fachada Principal (Fonte: http://fssmgn.com/projecto/casa_ rua_bela_vista, acedido a 30/9/10)

Figura 042 - Alçados Posterior e Jardim (Fonte: SALVADOR, Fernando Sanchez & NUNES, Margarida Grácio; 2010; p. 83)

Figura 043 - Fotografia do interior - relação dos pisos intermédios (Fonte: SALVADOR, Fernando Sanchez & NUNES, Margarida Grácio; 2010; p. 87)

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À semelhança do caso de estudo anterior, este apresenta também uma planta de proporções semelhantes ao edifício proposto e desfruta apenas de duas fachadas para abertura de vãos exteriores. O caso de estudo aqui apresentado pretende retomar ao edifício o seu uso inicial bem como as ambiências perdidas ao longo de alterações descaracterizadoras. A proposta apresentada

no

final

desta

investigação,

sofreu

igualmente

de

alterações

descaracterizadoras ao longo do tempo, ao nível do interior e da fachada Sul. Apesar de se tratar de uma planta regular e de um edifício com mais pisos do que o nosso objecto de estudo, é de ter em atenção a forma como resolveram os acessos verticais tendo em consideração as dimensões reduzidas do edifício. Aqui recorreu-se a varandins intermédios nos pisos, permitindo um maior aproveitamento do espaço. Tal não é possível no nosso edifício proposto pela cércea que este apresenta. A localização central das escadas parece ser a solução mais lógica e funcional neste tipo de casos. Trata-se aqui de uma habitação única distribuída pelos diferentes pisos de todo o edifício.

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CAPÍTULO 2 – CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE INTERVENÇÃO Todos os dados e afirmações apresentados neste capítulo têm como fonte o Plano de Pormenor de Reabilitação do Centro Histórico de Torres Vedras (PPRCHTV), documento realizado pela Divisão de Ordenamento do Território da Câmara Municipal de Torres Vedras (CMTV), que entrou em vigor em 1992, tendo sido revisto em 2009.

O Concelho de Torres Vedras está situado no distrito de Lisboa, e caracteriza-se essencialmente por ser uma região agrícola, muito dedicada à produção de vinho, com um centro de intensa vida comercial e industrial que a torna um dos pólos mais modernos e importantes da Região Oeste. Abrange actualmente 20 freguesias. Alberga um total de 72 250 habitantes (segundo estudos realizados em 2001 pelo INE - Instituto Nacional de Estatística). É consagrada Vila em 1250 e Cidade em 1979. O Centro Histórico da Cidade de Torres Vedras totaliza uma área de 18,9 Hectares. Em termos administrativos, a área é dividida por duas freguesias: Santa Maria e São Miguel e São Pedro e Santiago. O Centro Histórico constitui uma importante estrutura espacial, sócio-económica e simbólica do sistema urbano da cidade. O PPRCHTV tem como objectivos estabelecer as regras a que deve obedecer a ocupação, uso e transformação do solo e definir as normas de gestão urbanística a aplicar a toda a área abrangida por ele. Tem como base três aspectos: Proteger - Travar a destruição - Inventariar todo o património edificado, através de fichas, fotografias e desenhos; - Classificar o património construído segundo grau de protecção, a fim de controlar as demolições; - Regulamentar as novas construções e as transformações do existente.

Restaurar - Combater a degradação - Fornecer propostas pontuais de intervenção arquitectónica que divulguem e fomentem a reabilitação quer dos edifícios quer dos espaços públicos; - Propor a regularização do tráfego e estacionamentos; - Propor alternativas à utilização de espaços e edifícios. Reabilitar - Garantir o futuro Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias - ECATI


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- Promover e participar na reabilitação de edifícios existentes; - Propor novos usos aos edifícios; - Fomentar e promover a fixação de população no Centro; - Recusar o urbanismo arbitrário e a reconversão especulativa, de forma a assegurar a conservação integrada do património.

De um modo geral, os objectivos estratégicos do Plano são: - Promover a reabilitação urbanística e ambiental do centro histórico; - Reabilitar a estrutura sócio-económica do centro histórico; - Promover a recuperação do papel simbólico e estruturante do centro histórico no contexto do sistema urbano da cidade; - Reformular a estrutura viária.

2.1 Caracterização Urbanística da Área de Intervenção "E este lugar de Torres Vedras é uma fortaleza assentada em cima de uma formosa mota, o qual a Natureza gerou em tão ordenada igualdade como se à mão fora feita artificialmente. Tem bom e grandioso termo junto consigo e arredor de pães e vinhas e outros mantimentos (...). A vila tem cerca em redor do monte e na maior alteza dele está o castelo (...) e toda a sua povoação era um grande arrabalde de muitas e boas casas, em bem ordenadas ruas ao pé do monte." LOPES, Fernão, Crónica de D. João I

"O Centro Histórico de Torres Vedras remonta a épocas anteriores à nacionalidade e é constituído pelos bairros abrangidos pela antiga cerca medieval da vila, hoje inexistente. O seu cerne é constituído pelo Castelo (…).A malha urbana estreita e sinuosa do Centro Histórico ascende ao período medieval. Nas suas artérias sucedem-se edifícios de notável simplicidade construídos e reconstruídos ao longo de vários séculos, com especial relevo para o período pombalino. É de salientar a escala humana das suas praças e adros, marcadas por edifícios de carácter monumental como os Paços do Concelho, o Chafariz dos Canos, a Igreja de S. Pedro, a Igreja de Santiago ou a Capela da Misericórdia. Dentro do Castelo pode admirar-se a mais antiga matriz de Torres Vedras a Igreja de Santa Maria." (Fonte: http://www.cm-tvedras.pt/visitar/monumentos/centrohistorico/, acedido em 21/12/10)

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Figura 044 – Localização e limites do Centro Histórico de Torres Vedras

De acordo com o PPRCHTV, o Centro Histórico engloba 499 edifícios, repartidos por 45 quarteirões, que por sua vez estão distribuídos por 5 zonas, designadas por graus de protecção, definidos pela Câmara Municipal. São eles: Castelo, Grau de Protecção 1 (GP1), Grau de Protecção 2(GP2), Grau de Protecção 3 (GP3) e Zona de Enquadramento (ZE). Um dos aspectos ponderados para esta classificação é o tipo de usos de casa edificação. Os diferentes Graus de Protecção relacionam-se com o carácter histórico e tradicional das edificações, com a respectiva época de construção ou com a predominância funcional de habitação ou comércio. Desta forma aglomeraram-se o edificado com relações ou semelhanças entre si.

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Figura 045 - Limites dos graus de protecção (Fonte: DOT; 2009; Plano de Pormenor de Reabilitação do Centro Histórico de Torres Vedras - Relatório;)

O edifício em estudo nesta dissertação insere-se no GP3, pelo que irei caracterizar essencialmente esta zona. A área abrangida pelo GP3 é relativamente plana e é a zona mais central dentro do panorama das zonas destacadas pelos graus de protecção.

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No geral, o estado de conservação do edificado nesta zona é melhor que nos outros graus de protecção, consequência do grande dinamismo funcional da zona. É aqui que o comércio e actividades terciárias adquirem maior peso relativo. Em termos de qualidade arquitectónica, encontramos uma maior heterogeneidade predominando os edifícios de acompanhamento. 2.1.1 Espaço público O espaço público do Centro Histórico estrutura-se em ruas e praças/largos. Apenas 23,5% do total do espaço público é destinado a praças/largos, sendo o restante para ruas, notando-se assim uma clara predominância de espaços de percurso sobre espaços de estadia. Quanto ao GP3, deparamo-nos com uma situação concordante com o panorama geral, com apenas 21,7% de espaço de estadia, ou seja, de praças/largos. As praças e largos têm assim pouca expressão no Centro Histórico. O edifício em estudo tem confrontações directas com uma das praças nesta área Praça Machado Santos - e dada a escassez deste tipo de espaços, torna-se de grande importância a localização do mesmo. Relativamente a pavimentos, a zona de intervenção é composta por calçada portuguesa e apresenta um bom estado de conservação devido às requalificações de espaços públicos levadas a cabo nos últimos anos pela CMTV. 2.1.2 Espaço Privado No PPRCHTV, o espaço privado é dividido em três categorias: edifícios, anexos e logradouros, onde os edifícios perfazem mais de metade deste espaço. Se tivermos em conta o panorama geral do Centro Histórico, os edifícios têm uma taxa de ocupação de 54,1%, se olharmos apenas para a zona do GP3 o valor aumenta para 79,9%. O solo apresenta assim uma densidade de ocupação relativamente elevada. 2.1.3 Estrutura Edificada O estado de conservação dos edifícios é no cômputo geral aceitável no que diz respeito à componente pública, ou seja, fachadas e coberturas. Quanto ao interior dos edifícios, logradouros e anexos, a situação é bastante mais problemática. Relativamente à época de construção, varia entre a anterior ao século XIX até à posterior a 2001, sendo as construções mais predominantes entre os séculos XIX e XX. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias - ECATI


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Quanto a volumetrias, à excepção de um edifício, não ultrapassam os quatro pisos. No que diz respeito a usos, a habitação representa metade (50%) do total das fracções estando as restantes ocupadas por comércio e serviços. É importante referir que existem um total de 168 fracções não ocupadas (devolutas ou expectantes) representando assim 11% das fracções existentes, o que resulta num número significativo. Só no GP3 registam-se 60 fracções nestas condições (10,6%). Contrariamente ao panorama geral, onde o uso habitacional perfaz um total de 50% de ocupação, na zona de GP3, esses valores invertem-se, onde a habitação ocupa apenas 34% e o comércio e serviços ocupam 50%. Assim, onde se nota um decréscimo do uso habitacional, aumenta o comércio e serviços. Esta distribuição funcional corresponde directamente à localização espacial de cada zona face ao contexto na cidade. Isto é, uma maior centralidade corresponde a um aumento de comércio e de serviços e resultante disso, um menor número de habitações. 2.1.4 Património Para além do património actualmente classificado na área de intervenção do PPRCHTV, é importante referir que existe uma Igreja - Igreja de Santiago - em vias de ser classificada. Esta igreja localiza-se na mesma praça do edifício habitacional seleccionado para estudo. Mais um factor que valoriza a localização deste.

2.2 Caracterização Demográfica e Sócio-Económica 2.2.1 Caracterização Demográfica O Centro Histórico apresenta uma população total de 1183 habitantes, para um total

da

cidade

de

Torres

Vedras

de

14461

habitantes.

(Fonte:

http://www.cm-

tvedras.pt/concelho/caracterizacao/populacao/, acedido a 29/10/10)

O PPRCHTV prevê, com as iniciativas propostas, um aumento da população do Centro Histórico dos 1183 em 2001 para 1926 num período de 10 anos. Na estruturação de grupos etários, verifica-se uma maior percentagem de idosos no Centro Histórico, abrangendo quase 25% da população residente. Referindo a densidade demográfica no Centro Histórico, se compararmos o número de habitantes por hectare observa-se uma grande densidade bruta, já comparando o número de habitantes por alojamento, observa-se um grande subaproveitamento dos alojamentos existentes. A zona GP3 é uma das zonas que reúne o menor número de jovens.

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Quando cruzamos a população residente com o número de edifícios, deparamo-nos com uma disparidade na densidade relacionada não só com a dimensão dos edifícios (número de fracções) como também pelo grau de afectação ao uso habitacional nas diferentes zonas. Quanto à densidade habitacional, no geral esta é inferior à registada para a cidade. 2.2.2 Caracterização Sócio-Económica A nível de instrução, a população do Centro Histórico apresenta um nível de instrução médio inferior à cidade. Metade da população do Centro Histórico ou não sabe ler ou escrever, ou apenas possui a escolaridade mínima, e muito poucas são as pessoas que têm mais do que o ensino secundário. Na cidade os resultados são diferentes, a percentagem de população com muito pouca instrução ou nenhuma são muito mais baixos. No geral, é na zona GP3 que se apresenta um nível de instrução médio superior às outras zonas. A população residente activa corresponde ao somatório das populações empregada e desempregada. A taxa de emprego corresponde à relação entre o total da população activa e o total da população. Por abranger um maior número de população dependente, o Centro Histórico apresenta uma taxa de actividade inferior à da cidade. Ainda assim, é no GP3 que existe a maior taxa de actividade dentro do Centro Histórico. No que diz respeito à taxa de desemprego, esta reflecte o peso relativo da população sobre o total da população activa. Aqui, o Centro Histórico apresenta valores em muito superiores à média da cidade. É também no GP3 que a taxa de desemprego se mostra inferior à média não só do Centro Histórico, como também da própria cidade. Da população desempregada, a maior percentagem encontra-se à procura do primeiro emprego e maioritariamente centrada na zona GP3. Isto sugere que aqui reside uma população mais jovem. Se olharmos para a população residente reformada, a maior percentagem reside no Centro Histórico. Quanto à população não activa, têm um peso superior no Centro Histórico quando comparado com a cidade. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias - ECATI


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Olhando para as zonas de protecção, é no GP3 que esta população tem menor incidência.

2.3 Análise Sociológica Os dados a seguir apresentados são resultado de um inquérito à população levado a cabo no âmbito do PPRCHTV a fim de reunir informação suplementar aos estudos já realizados. Desta forma foram analisados aspectos como a situação habitacional e as condições de habitabilidade da população residente, assim como as suas vivências e redes relacionais face ao local de residência - o Centro Histórico. 2.3.1 Caracterização Sociográfica Como já foi dito anteriormente, o Centro Histórico apresenta uma população maioritariamente envelhecida. Sendo em média, os agregados familiares compostos por duas pessoas, é também muito comum encontrar pessoas a morarem sozinhas. O estado civil predominante é casado. A maioria são reformados, mas quase metade dos habitantes exercem uma profissão. É no GP3 que se encontra o maior número de pessoas a exercer uma profissão. Desta população, a maior parte das profissões são exercidas na cidade de Torres Vedras. O que mostra que o município tem dado uma boa parte da resposta necessária ao emprego. No que diz respeito a rendimentos, é no GP3 que se apresentam os rendimentos mensais médios mais altos, tendo assim esta zona mais poder de compra. Quase metade da população do Centro Histórico não possui carro próprio, devido aos fracos recursos económicos de muitos. Mais uma vez, no GP3 verifica-se a maior concentração de veículos. Mais uma vez demonstrando mais poder de compra nesta zona do Centro Histórico. A via pública apresenta-se como o local mais frequente para estacionar o carro. E novamente, é no GP3 que se regista o maior número de garagens - relacionado com o número de edifícios mais recentes. Em grande plano pode-se afirmar que estamos perante uma população maioritariamente envelhecida, com baixos rendimentos e sujeitos ao isolamento. Um dos problemas sociais do Centro Histórico deve-se aos poucos espaços verdes, pelo que há poucos locais de atracção, convívio e lazer, para se poder assim dar mais vida às ruas e melhor qualidade de vida à população isolada e idosa.

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A estrutura social não é composta somente por população envelhecida, no entanto, e quer para a população activa como a não activa, o Centro Histórico oferece poucos atractivos em termos culturais, sociais, espaços de ócio, de lazer e lúdicos. 2.3.2 Situação Habitacional e Condições de Habitabilidade Segundo o PPRCHTV, o número médio de anos de permanência na mesma habitação no Centro Histórico é em média de 25 anos. Cerca de 30% da população reside há menos de 10 anos, o que revela uma atracção por esta zona, principalmente para edifícios mais recentes situados maioritariamente no GP3. Alguns habitantes residem no mesmo edifício desde que nasceram, alguns há 70 anos. No que diz respeito ao número de assoalhadas varia entre 1 e 10, mas o número médio é de 3. Na maioria as habitações apresentam assoalhadas de área pequena, o que se torna inapropriado às necessidades da população. Nem todas as instalações sanitárias existentes nos imóveis estão completas, mas ainda persistem casos em que a instalação sanitária é inexistente. Mesmo as que estão completas, muitas delas estão localizadas em anexos à habitação. Apesar de existir um elevado número de moradores com habitação própria, continua a ser o arrendamento o processo mais adoptada pela população. Apenas no GP3 o número de habitação própria é mais elevado em relação ao arrendamento. As rendas variam bastante, podendo chegar até aos 800€. Existe uma relação directa entre o valor da renda e os anos de permanência na habitação, ou seja, quanto mais recente for o contrato de arrendamento, mais alto é o valor da renda. Mais de metade dos inquilinos não estão dispostos a que as rendas sejam aumentadas/actualizadas e classificam as suas habitações como estando num estado médio e bom. Apesar disso, observa-se que mesmo quando as fachadas apresentam bom estado, o interior das habitações muitas vezes encontra-se bastante degradado. É preocupante o estado de conservação de muitos imóveis, pois quer a fachada quer o interior apresentam-se muito degradadas. Alguns imóveis encontram-se mesmo, em situação de risco eminente de derrocada que se torna um perigo eminente não só para os residentes, como para os transeuntes. Mais de metade da população residente no Centro Histórico já realizou algum tipo de obras de remodelação e pequenos arranjos na habitação onde reside (pinturas do interior, substituição de canalizações, electricidade, etc). Na hipótese de se realizarem obras de recuperação nos imóveis através de comparticipação dos custos e sendo necessário realojar os moradores temporariamente, Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias - ECATI


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mais de metade da população concordaria, mas a restante não põe sequer essa hipótese. Os residentes no GP3 são os mais satisfeitos com a ideia de realojamento temporário. Mais de metade da população não mostram interesse em viver noutra zona sem ser o Centro Histórico. Razão disto, é a afectividade, enraizamento e sentimento de pertença que a população tem em relação ao Centro Histórico em geral e ao local da habitação em particular e a localização do imóvel numa zona considerada central. Os habitantes que gostariam de mudar de casa, justificam-no pelos compartimentos reduzidos das habitações, falta de condições de habitabilidade e dificuldades de acesso à habitação. Mas mesmo assim, manteriam o Centro Histórico como primeira opção para nova habitação.

De acordo com os dados apresentados no PPRCHTV, podemos afirmar que estamos perante uma população com poucos interesses e motivação para sair de casa, participar em actividades de lazer e culturais. As rotinas baseiam-se em deslocações ao comércio diário, relações de vizinhança, utilização de ruas pedonais e frequência de cafés e serviços de saúde. De forma esporádica utilizam os jardins e praças, o comércio não relacionado com comércio diário, serviços de apoio (correios e bancos) e acontecimentos e festas. Os equipamentos ligados à infância, educação, prática desportiva terceira idade, inserção de deficientes, transportes públicos e estacionamento são indicados, na maioria dos habitantes, como nunca utilizados. A população passa bastante tempo na própria habitação por falta de motivação ou interesse em sair e frequentar diferentes espaços. "As redes relacionais existentes são baseadas, fundamentalmente, nas relações de vizinhança. As relações de vizinhança são um instrumento muito importante que permite fomentar as vivências e redes relacionais. Visto que estão há vários anos na mesma área, as relações existentes são muito estreitas e bem vincadas, revelando redes de solidariedade fortes. A representação social que os residentes têm do centro histórico é francamente positiva. São destacadas como maiores qualidades da zona o sossego e tranquilidade, o sentimento de segurança existente, as relações entre residentes e a centralidade da área em relação à restante cidade. Todas as qualidades apontadas pelos inquiridos são essenciais preservar num futuro próximo. São elas que conferem a identidade ao centro histórico, sendo este não uma zona periférica da cidade, mas antes um espaço integrante da cidade. O centro histórico funciona como espaço que identifica Torres Vedras enquanto cidade histórica, simbólica, cultural, arquitectónica, social. A preservação da identidade do centro histórico é fundamental para o processo de ancoragem dos actuais residentes, bem como para atrair novos residentes." (Fonte: DOT; 2009; Plano de Pormenor de Reabilitação do Centro Histórico de Torres Vedras - Relatório; p. 97)

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2.4 Caracterização do Plano Vigente A CMTV previa, através do PPRCHTV a recuperação dos edifícios privados, como também a recuperação dos espaços públicos. No que diz respeito aos edifícios privados, foi adoptada uma estratégia menos interventiva, optando-se antes regulamentar e enquadrar as intervenções, deixando a iniciativa a cargo dos participantes. Quanto aos espaços públicos, a CMTV comprometeu-se a reabilitar algumas ruas, praças e largos sendo um desses espaços a Praça Machado Santos. Focando o GP3, previam-se intervenções nesta área como: - Incentivo da função residencial, sem contrariar/comprometer a vocação terciária da zona; - Estabelecimento de um mínimo de 30% para uso residencial. Contrariar a diminuição e envelhecimento da população residente; - Proposta de isenção de taxas em obras destinadas a habitação para pessoas com idade inferior a 40 anos; - Incentivos à execução de obras de remodelação por parte dos particulares. O maior dinamismo comercial e imobiliário da zona torna mais fácil a execução das referidas obras; - Completamento da pavimentação e pedonização de ruas. Valorização do espaço público, com melhores condições para peões e comerciantes; - Renovação da Praça Machado Santos - descentralizar e alargar a zona comercial e criação de um espaço de lazer e recreio.

Esta foi a zona que sofreu mudanças mais significativas. A par do maior investimento, a maior proximidade ao centro contribuiu também para o desenvolvimento que se verificou. O Plano previa a recuperação dos dois principais largos do Centro Histórico para uso pedonal: largo Stº António e Praça Machado Santos. Apenas foi executada a requalificação da Praça Machado Santos. Anteriormente ao plano, o pavimento da praça era composto por terra, saibro e macadame (desprovido de qualquer arranjo urbanístico). Após um estudo de pormenor levado a cabo através do Plano, a praça foi repavimentada com calçada em cubos de vidraço - calçada à portuguesa. Para além da repavimentação, foi proposto também o encerramento ao trânsito, passando assim para zona pedonal, a revitalização do espaço enquanto local para animação e ponto de encontro, com a colocação de esplanadas e a revitalização dos Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias - ECATI


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edifícios voltados para a Praça e dos serviços da igreja de Santiago. Foram executadas todas as acções previstas, à excepção da colocação das esplanadas e da revitalização dos edifícios voltados para a Praça. Olhando para as alterações detectadas nos edifícios do Centro Histórico entre 1992 e 2002, embora corresponda a uma abordagem parcial, permite-nos extrair algumas conclusões importantes relativamente à dinâmica de transformação do Centro Histórico.

Quadro 001 - Dados globais das alterações ocorridas (Fonte: DOT; 2009; Plano de Pormenor de Reabilitação do Centro Histórico de Torres Vedras - Relatório; p. 141)

Verifica-se que num universo de 509 edifícios identificados em 1992, 314 sofreram algum tipo de intervenção exterior, maioritariamente alterações ligeiras, que correspondem a 243 edifícios, contra 71 alvo de alterações profundas.

Quadro 002 - Alterações ocorridas nos edifícios do Grau de Protecção 3 (Fonte: DOT; 2009; Plano de Pormenor de Reabilitação do Centro Histórico de Torres Vedras - Relatório; p. 141)

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A maior incidência de alterações profundas no GP3 vai de encontro À percepção comum de que esta zona, face à sua localização no contexto da cidade (central), tem denotado maior dinâmica de transformação, seja nas tipologias, seja nos usos. 2.4.1 Caracterização do edificado Muitos edifícios do Centro Histórico encontram-se num estado de degradação avançado, alguns devolutos e em situação de ruína eminente. O Centro Histórico constitui uma área fundamentalmente residencial, em que a maioria dos edifícios foi pensada e construída para habitação, surgindo por vezes casos de edifícios cujo piso térreo foi previsto para armazéns ou estabelecimentos comerciais. Tem-se assistido no Centro Histórico a um acentuado envelhecimento da população residente, havendo uma forte tendência para que edifícios inicialmente residenciais venham sucessivamente a ser apropriados para actividades terciárias. Em muitos edifícios não existem casas de banho e cozinhas completas ou autónomas, pelo que as condições de habitabilidade são precárias. Alguns dos edifícios inseridos no Centro Histórico foram propostos para serem sujeitos a Programas como RECRIA e REHABITA em 2000/2001. Apenas 8 dos edifícios propostos foram abrangidos pelos programas, tendo os proprietários recebido os apoios financeiros para as reabilitações dos imóveis. Devido ao PPRCHTV, o Centro Histórico mantém intacto o essencial do seu património histórico e arquitectónico, assim como da sua morfologia e identidade urbanas. O Plano apresenta também algumas outras vantagem para o Centro Histórico: - Criação de uma forte imagem e identidade simbólica associada ao Centro Histórico; - Maior consciencialização por parte das pessoas e entidades sobre a importância do património e da necessidade da sua preservação; - O essencial dos princípios e objectivos definidos pelo Plano mostraram-se válidos e permanecem actuais; - Controlo das cérceas e volumetrias da estrutura edificada – não constituindo um fim em si mesmo, importa ter em atenção estes parâmetros face à escala do edificado, à proximidade de valores patrimoniais, à salvaguarda de vistas, à manutenção da coerência morfológica; - Requalificação de ruas e praças – teve reflexos positivos no aumento da área disponível para os peões, na reabilitação de edifícios e na melhoria das condições de funcionamento das actividades comerciais e terciárias. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias - ECATI


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Além destas, houve também pontos negativos na criação deste Plano: - Demasiada expectativa sobre o nível de intervenção/participação dos particulares – ao concentrar o esforço de intervenção sobre a componente pública, o Plano transfere para os particulares a iniciativa de reabilitação da estrutura edificada. Tal opção tem-se revelado pouco eficaz, sobretudo devido ao regime de propriedade, à estrutura das rendas e ao baixo poder económico dos inquilinos, que torna pouco rentável para os proprietários e inviável para os inquilinos a reabilitação de habitações e edifícios, mesmo tendo em conta os incentivos concedidos pela Câmara ao nível da isenção ou redução de taxas e os diversos instrumentos financeiros de apoio à realização de obras; - Falta de controlo/fiscalização sobre as alterações introduzidas no edifícios – este facto é sobretudo evidente ao nível das fachadas, onde se constata a dificuldade em garantir o cumprimento das disposições do Plano, seja na manutenção de caixilharias, cantarias, gradeamentos ou outros elementos de valor arquitectónico, seja na proibição da introdução de elementos dissonantes, como caixas de estores exteriores e outros. Porque se tratam de intervenções efectuadas, muitas vezes, sem recurso a autorizações ou licenciamento de obras, o controlo passa essencialmente por acções de fiscalização. O Centro Histórico de Torres Vedras, muito embora com problemas sérios de sustentação e desenvolvimento das suas estruturas físicas e sociais, preserva qualidades e atributos suficientes para se afirmar como pólo estruturante da cidade. Resumindo e tendo como base o PPRCHTV, pode-se afirmar que o Município de Torres Vedras demonstra através deste documento um grande interesse em revitalizar a cidade e restaurar o velho e ainda degradado Centro Histórico. Grande parte das propostas de revitalização do Centro Histórico foram aprovadas, aceites pela população e com óptimos resultados. A CMTV demonstra um espírito bastante receptivo no que toca a este tipo de iniciativas no município que possam reverter a actual realidade do Centro Histórico como abandonado, desvalorizado e envelhecido. Também a população vê com bons olhos todas as intervenções que possibilitem a melhoria de qualidade de vida no centro histórico. O edifício proposto para recuperação tem um conjunto de características que justificam a escolha para objecto de estudo. Trata-se de uma construção que, apesar das suas pequenas dimensões (80m2 de implantação), desfruta de uma localização privilegiada no Centro Histórico. Esta construção localiza-se próxima de um imóvel em vias de classificação (Igreja de Santiago) e desfruta de uma forte relação com o espaço público (Praça Machado Santos)

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tornando a recuperação desde imóvel uma mais-valia para a requalificação do espaço público a ele envolvente. Também valores socioeconómicos se levantam: o imóvel localiza-se numa área que apresenta uma maior taxa de actividade, um maior nível de instrução médio e uma menor taxa de desemprego (comparativamente as restantes áreas do Centro Histórico). Deste ponto de vista, é uma área atractiva para este tipo de intervenções. O PPRCHTV previa a revitalização deste espaço público bem como dos imóveis aqui inseridos. Actualmente, apenas o espaço público sofreu intervenções, ficando os edifícios ao abandono. O facto de os edifícios aqui inseridos se encontrarem degradados, desvaloriza o espaço público, não sendo ainda uma mais-valia a intervenção realizada no espaço público. A arquitectura tem aqui uma oportunidade para revitalizar a nível arquitectónico, urbano e social a zona em que o edifício se insere. Espera-se que esta iniciativa impulsione outras semelhantes da parte dos proprietários dos imóveis no Centro Histórico, e que a longo prazo se possa reviver o Centro Histórico em todo o seu esplendor. A fim de flexibilizar as intervenções nos imóveis por parte dos proprietários, o PPRCHTV prevê o não cumprimento do Decreto-Lei nº163/2006 ou do Decreto-Lei n.º 220/2008 em casos onde a aplicação destes implique grandes intervenções e prejudique assim a preservação das principais características de cada construção. As limitações que este documento coloca perante obras de recuperação dizem apenas respeito a cércias e materiais a utilizar. "Os edifícios não são apenas pedras ligadas entre si, são também a história de uma comunidade." (Citação transcrita da lápide inaugural do edifício Paços do Concelho, em Torres Vedras do Ex-Presidente da Câmara de Torres Vedras, Jacinto Leandro, 2003)

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CAPÍTULO 3 – CARACTERIZAÇÃO DO EDIFÍCIO DE ESTUDO

3.1 Enquadramento no meio Urbano

Figura 046 - Localização do Edifício de estudo no Centro Histórico de Torres Vedras

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O edifício é do séc. XIX, de dois pisos e de uso exclusivamente habitacional. Com uma área de implantação de 80m2, uma área bruta de construção de 160m2 e cércea de 6,5m. Orientado a Norte. Está inserido no Centro Histórico de Torres Vedras, caracterizado como tendo uma malha urbana perfeitamente consolidada. O edifício em estudo encontra-se, segundo o PPRCHTV, abrangido no Grau de Protecção 3 (GP3). Esta classificação é aplicada a situações onde maioritariamente se apresenta um função terciária, de comércio e serviços. Classificado como Imóvel de Acompanhamento, o PPRCHTV classifica desta forma todo o edificado cujo volume, alinhamento, imagem arquitectónica ou elementos construtivos contribuam para a homogeneização e valorização do conjunto urbano onde este se insere. São ainda considerados como edifícios a manter. Apesar da positiva política de reabilitação da Câmara Municipal e dos incentivos proporcionados, o panorama geral do Centro Histórico apresenta ainda um número considerável de edifícios devolutos ou em ruínas (Figura 047) sendo eles maioritariamente de habitação.

Figura 047 - Localização dos edifícios devolutos ou em ruínas no Centro Histórico de Torres Vedras (Fonte: DOT; 2009; Plano de Pormenor de Reabilitação do Centro Histórico de Torres Vedras Relatório; p. 42)

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É importante referir que, caso todos os edifícios assinalados na Figura 047 fossem demolidos ou substituídos por novas construções, não só o Centro Histórico perderia qualidade arquitectónica, como também a sua identidade enquanto conjunto urbano. Ainda assim, o edifício objecto de estudo encontra-se qualificado como em estado de conservação razoável. Neste momento, e devido a um temporal ocorrido na Zona Oeste no Inverno de 2009, parte do telhado abateu, o que permitiu a acumulação de infiltrações no seu interior que deterioraram diversas estruturas. Em termos urbanos, o edifício insere-se numa praça - Praça Machado Santos ganhando assim alguma importância a sua relação com o espaço público. Esta é uma zona do Centro Histórico que se localiza mais próximo do centro da cidade de Torres Vedras. É também uma das zonas mais planas do Centro Histórico. Como já foi referido anteriormente, em frente ao edifício (do outro lado da praça) encontra-se um Imóvel (Igreja de Santiago) que se encontra em vias de classificação. Esta igreja foi “(…)reconstruída na transição do século XVI para o XVII (…)” e apresenta elementos decorativos característicos da época Manuelina. “(…)A nave, muito larga, de abóbada de berço de grandes caixotões muito simples, está hoje praticamente vazia. (…) São, porém, os altos silhares de azulejos setecentistas, de grande efeito decorativo,

que

valorizam

esta

capela.”

(Fonte:

tvedras.pt/visitar/monumentos/igreja-santiago/, acedido a 21/12/2010)

Figura 048 e 049 - Fachada do antigo Hospital da Misericórdia

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http://www.cm-


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A frente urbana onde o edifício se insere encontra-se bastante degradada e com poucos usos, estando alguns dos edifícios devolutos. Foi levada a cabo uma reabilitação do espaço público nesta zona e estava prevista também a reabilitação do edificado envolvente mas tal não aconteceu. O edifício que outrora foi o primeiro hospital em Torres Vedras - Hospital da Misericórdia em 1842 - encontra-se hoje completamente devoluto.

Igreja de Santiago

Praça Machado Santos Edifício devoluto (alfaiataria e estofador) Antigo Hospital da Misericórdia

Edifício habitacional em estudo Figura 050 - Localização do Edifício e relações com a sua envolvente

Em termos de comércio, na praça Machado Santos existe apenas um café e uma papelaria que dão vida a este espaço. Apesar de se encontrarem ainda em funcionamento (estando ambos em funcionamento no R/C de um prédio devoluto) um alfaiate e um estofador, profissões actualmente pouco requisitadas pela presente sociedade e em vias de extinção, pelo que, por si só estas actividades comerciais em pouco ou nada dinamizam a zona. A habitação, apesar do número de edifícios devolutos, é o uso aqui predominante.

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Anterior ao século XIX Século XIX 1900 - 1920 1921 - 1940 1941 - 1970 1971 - 2000 Posterior a 2001

Figura 051 - Época de construção dos edifícios (Fonte: DOT; 2009; Plano de Pormenor de Reabilitação do Centro Histórico de Torres Vedras - Relatório; p. 41)

Bom Razoável Em obras

Figura 052 - Estado de conservação dos edifícios (Fonte: DOT; 2009; Plano de Pormenor de Reabilitação do Centro Histórico de Torres Vedras - Relatório; p. 42)

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Comércio Comércio e habitação Serviços Equipamento Armazém Devoluto

Figura 053 - Usos no piso térreo dos edifícios (Fonte: DOT; 2009; Plano de Pormenor de Reabilitação do Centro Histórico de Torres Vedras - Relatório; p. 51)

3.2 Caracterização exterior O edifício tem um carácter simples, sóbrio, de arquitectura corrente de alvenaria de pedra rebocada e pintada, á excepção das soleiras, ombreiras e vergas dos vãos, que apresentam cantarias em torno de todos os vãos, em pedra lios da região. Planta rectangular irregular de dois pisos. Cobertura de duas águas e com uma água empenada, em telha mourisca tradicional, rematado com platibanda (constituída por algeroz interior) no alçado Sul e com beiral no alçado Norte. Cimalha com cornija característica dos finais do século XIX e princípio do século XX com cornija pequena, saliente da fachada. A porta principal é em madeira maciça, engradada e almofadada sem bandeira, com folhagem de madeira entalhada e com três degraus para o exterior, um sobre o passeio. Apresenta ainda rótulas de madeira a constituírem almofadas e grelhas de ventilação na almofada superior. As janelas são de madeira na fachada principal pintadas na cor branca, com fechos de cremona, com bandeira e pingadeira e vidro simples. As janelas do R/C têm gradeamento de peito, de ferro forjado protegido com corrimão de madeira e portadas interiores em madeira maciça e almofadadas, pintadas com tinta de óleo. As janelas do 1º andar são idênticas às do R/C, mais baixas, à maneira da época, sem gradeamento ou Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias - ECATI


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apoios de peito. Na fachada posterior as janelas são de sacada, de madeira à excepção da casa de banho no primeiro piso que é de dois batentes. A fachada principal tem um soco de argamassa pintado na cor tradicional da Estremadura / Ribatejo - azul de mililene, com textura áspera. É mais rica e ornamentada do que a fachada posterior, apresentando pilastras fingidas no reboco, nas extremas. O acesso ao logradouro é feito apenas através da habitação. Nas traseiras, há a existência de dois anexos construídos a posteriori da construção inicial. Se uma das fachadas é privilegiada pela sua correcta orientação a sul, a outra usufrui de uma relação directa com o espaço público - Praça Machado Santos. A separação dos dois pisos está marcada por uma faixa saliente na fachada Norte. A fachada posterior é rebocada, com janelas com guarnecimentos de pedra idênticos à fachada Norte, com portadas também idênticas e soco pintado de azul. As janelas no 1º piso dão acesso a uma varanda corrida, de sacada, a toda a largura, com gradeamento de ferro forjado com desenho semelhante ao encontrado na fachada Norte. O telhado remata em beirado simples, sem platibanda.

Figura 054 - Fachada Norte (Principal)

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Figura 055 - Detalhe das janelas da fachada Norte (Principal)

Figura 056 - Porta da fachada Norte (Principal)

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Figuras 057 e 058 - Detalhes da porta principal

3.3 Caracterização interior O imóvel possuí sobrados (os madeiramentos que constituem os pavimentos dos diversos andares de uma habitação - vigamento, solho e tecto) todos eles em madeira de pinho. A estrutura dos pavimentos em vigas de madeira com 0.16 x 0.08m e cobertura em madeiramentos simples também de pinho, com varas e ripas habituais, de pinho. Os pavimentos são de solho à portuguesa (conhecido como solho de meio fio) e os tectos são forrados a madeira tipo saia e camisa, pintados. As paredes interiores constituem tabiques de madeira com estuque sobre o fasquiado tendo a espessura habitual de 0,10m. Existe uma escada central que funciona como eixo do prédio e que faz o acesso ao 1º andar da habitação, em estrutura de madeira e com cobertores e espelhos também eles em madeira com focinhos redondos. Possui ainda um corrimão simples de madeira embutido na parede. Os rodapés e roda tectos existentes são em madeira maciça, tendo os rodapés com 9cm de altura. Enquanto que no piso inferior a circulação interna se realiza através dos próprios compartimentos, havendo apenas uma zona central com 2,7 m2 que funciona como centro distribuidor desta habitação, no piso superior existe um corredor central que atravessa o piso no sentido Norte/Sul fazendo-se assim a distribuição para os compartimentos, que, de um modo geral se apresentam irregulares e de áreas bastante reduzidas. Tal facto deve-se às tipologias usuais na época da construção. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias - ECATI


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Ambos os pisos possuem chaminés independentes nas cozinhas. O R/C tem a I.S. localizada no exterior, sob uma cobertura parcialmente constituída pela varanda a toda a largura da frente edificada e de um alpendre de telha lusa que cobre os dois anexos (um deles a I.S. referida) e uma arrecadação. Esta I.S. tem um vão que confina com o terreno vizinho. No 1º andar esta área pertence a essa propriedade. No 1º andar, a I.S. está localizada ao fundo do corredor central, à maneira da época.

Perímetro do lote

Piso 0 - Área 88m

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Piso 1 - Área 76 m

Figuras 059 e 060 - Plantas do existente (ver desenhos nº A003 e A004)

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Figura 061 – Corte Longitudinal AA’ (ver desenho nºA008)

3.4 Patologias do edifício Apesar da aparência morfológica minimamente preservada do exterior do edifício, o seu interior encontra-se bastante degradado - provocado maioritariamente pelo abatimento da cobertura. (Ver Apêndice 1), pela falta de uso e falta de manutenção.

3.4.1 Patologias exteriores A fachada Norte apresenta reboco solto, pintura degradada e vegetação parasitária na cornija e na platibanda. Para além da degradação dos caixilhos em madeira e da vandalização dos seus vidros, a guarda de peito metálica apresenta grande oxidação. As redes de electricidade, de águas e esgotos estão completamente degradadas. As caixilharias exteriores não são recuperáveis, mas as portadas e os elementos metálicos são perfeitamente recuperáveis e repostos. A porta de entrada é um destes elementos.

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Vegetação parasitária [cobertura] Fachada com fungos e crostas e reboco destacado

Caixilharias degradadas, podres, sem pintura Vidros vandalizados

Pintura fortemente danificada

Reboco Solto

Ramal de electricidade degradado Cantarias partidas

Elementos metálicos degradados

Soco degradado com manchas de humidade

Porta degradada sem pintura com alguns elementos podres

Figura 062 - Patologias da fachada Norte

3.4.2 Patologias Interiores As más condições de conservação da cobertura, ocasionaram a entrada das chuvas no interior da habitação, havendo grande concentração de humidade que apodreceu todas as madeiras (pavimentos, tectos, paredes, portas e guarnições interiores) sendo necessária a substituição de todos estes elementos, constando-se que parte da estrutura do 1º piso abateu. As alvenarias e pinturas encontram-se em mau estado no global na habitação. Contudo, através das estruturas destruídas, é possível fazer a sua reconstituição, conseguindo-se manter a morfologia da construção. As patologias mais graves que se nos deparam no imóvel, advêm do abatimento da cobertura, que tem vindo a originar o estado de grande degradação interior do edifício. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias - ECATI


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A morfologia interna pode ser, pois, reposta, aproveitando-se a oportunidade para se modernizar onde necessário.

Figura 063, 064, 065 e 066 – Humidades e acção das águas das chuvas

Figura 067, 068, 069 e 070 – Cobertura destruída

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Logradouro com péssimo estado e lixos Degradação da cobertura do alpendre Mau estado dos anexos, com grandes infiltrações e estruturas apodrecidas

Tecto parcialmente abatido Caixilharias em mau estado

Falta de pavimento

Paredes em mau estado

Escada de madeira com xilófagos e alguma podridão

Humidade de infiltrações [pavimento e tecto]

Figura 071 - Patologias do piso 0

Vegetação parasitária sobre a cobertura

Fungos

Abatimento do pavimento Abatimento da cobertura Loiças/equipamento em mau estado

Humidades provocada pela entrada de água pela cobertura

Caixilharia em mau estado

Madeira com xilófagos

Humidades provocada pela entrada de água pela cobertura

Figura 072 - Patologias do piso 1

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CAPÍTULO 4 - OBJECTIVOS E CRITÉRIOS ORIENTADORES PARA A INVESTIGAÇÃO

Após a análise ao estado actual do edifício, vamos definir as regras orientadoras para a sua recuperação, que é possível e não proceder à demolição e reconstrução “segundo a traça original”, como é costume verificar-se, porque quanto a nós, não é a mesma coisa.

4.1 Influências ambientais Um edifício, do ponto de vista ambiental, pode ser encarado quase como algo vivo. A sua interacção com o meio que o rodeia e com o habitante é determinado por aspectos relativos à construção. Por se tratar de uma recuperação permite-nos corrigir erros e falhas no que diz respeito aos aspectos do conforto térmico e acústico e qualidade do ar interior. Como já foi neste trabalho referido, as recuperações resultam de uma menor quantidade de entulho (não há uma demolição total do imóvel) e de uma menor quantidade de poluição (menos materiais de construção necessários). Já aqui se conseguem contabilizar as primeiras contribuições positivas para o ambiente, numa recuperação. Um factor importante a ter em atenção para que a realização de uma obra se torne eficiente e que responda às necessidades ambientais são os isolamentos. Primeiramente, na relação Homem

Edifício

Meio Envolvente, é preciso

ter em conta algumas das trocas de calor (radiação, condução e convecção), que explicitamos na Figura 073.

A - Radiação do Sol para o Edifício, entre o Sol e o Homem, entre as paredes e o Homem; B - Trocas por Condução entre o Homem e todas as superfícies com as quais está em contacto; C - Trocas por convecção entre o Homem e o ar interior dos compartimentos e entre este e as paredes (interior e exteriores).

Figura 073 - Principais trocas de calor

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Apesar de muitas vezes ignorado, este é também um factor importante que contribui para o conforto no interior de uma habitação. O isolamento permite o conforto térmico interior, bem como o isolamento sonoro. Neste caso, e tratando-se de um imóvel com uma forte localização e relação com o espaço público, a acústica ganha grande importância. No que toca a isolamento térmico, no caso apresentado as paredes exteriores possuem uma espessura de 50cm e em termos estruturais não possui pilares ou vigas que criem pontes térmicas. Assim, não se torna necessário reforçar as paredes exteriores com isolamento térmico, visto que esta espessura garante o cumprimento do Decreto-Lei n.º 80/2006, o Regulamento das Características de Comportamento Térmico dos Edifícios (RCCTE), que para a região de Lisboa, basta um mínimo de 0,35cm de alvenaria de pedra ou mista. Um bom isolamento permite também poupanças de energia pois garante a permanência de temperaturas confortáveis no interior e impede os choques de temperatura do exterior (tanto no Verão como no Inverno), podendo garantir a variação térmica entre 21 e 23ºC no verão e no inverno, teoricamente sem ajudas de aquecimento ou de refrigeração.

Figura 074 e 075 - Esquemas de variações de temperatura interior/exterior - Verão à esquerda \ Inverno à direita, com a envolvente devidamente isolada

O isolamento acústico é, hoje em dia, um factor onde cada vez mais se focam as atenções para o melhorar, pois o conforto no interior de um edifício não se foca exclusivamente nas questões térmicas. Aqui, não é com a espessura de materiais que se soluciona, mas sim com a densidade e características dos materiais adequados para tal. A grande espessura das paredes não é por si só a solução para os problemas de acústica. Os vãos que a habitação apresenta em madeira e vidros simples não contribuem para um conforto acústico no seu interior. Os vãos serão na sua totalidade substituídos por caixilharia de alumínio lacado com corte térmico e vidros duplos, respeitando a regulamentação descrita no PPRCHTV sobre este ponto. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias - ECATI


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Em Portugal (hemisfério Norte), a orientação correcta de uma construção é a Sul para haver um melhor aproveitamento da luz natural e da radiação solar, protegendo-se assim do clima mais agressivo do quadrante Norte. Mas nem sempre tal acontece nas construções existentes. No caso apresentado há uma fachada orientada a Norte pelo que, há que arranjar outro tipo de soluções para estes casos. Uma boa iluminação natural em todos os compartimentos de um edifício é absolutamente fundamental. Para além de que, desta forma se diminui a necessidade de gastos energéticos em iluminação durante o dia. Para isto ser possível, é preciso ter em conta não só a empena do edifício (neste caso com 12 metros), como também o número de fachadas disponível para a colocação de vãos para o exterior e as suas orientações. Se um edifício, mesmo sendo de pequenas dimensões, dispuser de apenas duas fachadas para desfrutar de uma iluminação natural (como é o caso aqui apresentado) é necessário uma atenção extra na distribuição interior, de maneira a priorizar certos compartimentos junto das fachadas com acesso ao exterior, e deixando outros não tão prioritários para o interior da habitação (como é o caso das instalações sanitárias que necessitam apenas de uma boa ventilação e arrecadações). Se for o caso de um último piso, poderá optar-se por uma iluminação zenital, apesar desta não ser tão aconselhável no nosso clima. A criação de espaços bem iluminados tem também implicações psicológicas nos seus habitantes. Um espaço iluminado naturalmente e com acesso visual ao seu espaço exterior é sempre preferível a um espaço escuro, com iluminação exclusivamente artificial e com ar cavernoso. A colocação de vãos relaciona-se também com a ventilação natural dos espaços, fundamental para a sua boa qualidade. Mais uma vez, como se trata de um caso de um edifício com duas das suas fachadas livres (fachada Norte e Sul), é possível uma boa ventilação natural transversal, permitindo a não utilização de energias para tal. O diferencial térmico interior/exterior e as pressões externas dos ventos exercidos nas fachadas com os consequentes subpressões na fachada oposta, permitem as deslocações de ar nos compartimentos. A colocação de vãos deverá ter minimamente em conta as posições opostas a fim de permitir corredores transversais de ar nos imóveis de modo a permitir as constantes renovações de ar no interior. No caso presente irei manter os vãos na sua actual posição pois estão adequadamente distribuídos e devemos manter as fachadas originais de acordo com o PPRCHTV.

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Piso 0

Piso 1

Figura 076 e 077 - Esquema de ventilação transversal na habitação entre alçados a Norte e Sul

Não esquecer ainda que os compartimentos são comunicantes entre si, e a ventilação poderá ser feita através das frestas, portas abertas, bandeiras, incluindo a chaminé da cozinha. Não é apenas a construção que faz parte da equação final de poluição de um edifício. Também o período de utilização e todas as acções nele levadas a cabo têm bastante peso quando contabilizadas as emissões de Co2. Todo e qualquer uso de energias alternativas num edifício alivia o seu impacto no meio ambiente e poupa energia e combustível. Actualmente o mercado apresenta um alargado leque de escolhas para diferentes situações: Painéis Solares Fotovoltaicos, Painéis Solares Térmicos, Eólicas, Mini-hidricas, Bio-massa, Bio-gás e Hidrogénio. Em edifícios de Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias - ECATI


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Habitação Unifamiliares, as mais utilizadas são os Painéis Solares Fotovoltaicos e os Painéis Solares Térmicos para águas quentes sanitárias. No que diz respeito a Painéis Solares Fotovoltaicos, consistem em transformar a radiação solar em energia eléctrica, que pode ser produzida e armazenada quando em excesso, para se consumir posteriormente, ou lançada na rede geral. Quanto

aos

Painéis

Solares

Térmicos,

estes

captam

a

radiação

solar

transformando-a em energia térmica (calor) permitindo aquecer a água utilizada nas habitações (banhos e cozinha) - Águas Quentes Sanitárias (AQS). Esta última solução será a aplicada na intervenção, consistindo em dois painéis por cada piso, garantindo o necessário para uma habitação com 3 a 4 habitantes.

4.2 Materiais e Técnicas utilizadas 4.2.1 Técnicas e materiais em obra A arquitectura no século XIX e início do século XX explorou duas vertentes: a construção em alvenaria de pedra e de tijolo com argamassa de cimento na sequência das alvenarias dos séculos anteriores em que os aglutinantes eram a cal e a cal hidráulica; e a pós-revolução industrial com a utilização de novos materiais e os grandes trabalhos de engenharia, estruturas metálicas e outros vãos. A proposta para recuperação insere-se na inspiração em épocas anteriores, apesar de ser uma prova mais modesta desses tempos. Nessa época, as obras eram caracterizadas pelo grande trabalho artesanal na concepção, execução e até mesmo na fase final de construção. Por isso, encontramos não só as características paredes bastante espessas em alvenaria de pedra, mas também a abundância em trabalhos de madeira paredes, pavimentos, estruturas, vãos, etc. As construções de madeira dizem ser menos duradouras do que as de alvenaria de pedra, apresentar menor estabilidade estrutural, combustíveis, atacáveis pelos insectos e fungos e não preservarem os habitantes convenientemente das grandes variações da temperatura exterior. Apesar disso, são duradoiras e possuí as vantagens de se lhes poder dar menores espessuras em estruturas, é um material leve (comparando com a pedra ou tijolo), tem características elásticas e facilidade de colocação em obra. Como já aqui foi referido, apesar das paredes exteriores serem em alvenaria de pedra com 0,50m de espessura nas fachadas principais (Norte e Sul) e de 0,35m (Figura 078) nas fachadas das empenas, que estão em contacto com os edifícios envolventes (Nascente e Poente), todo o interior tem estrutura de madeira.

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Figura 078 - Fachada Poente em alvenaria de Pedra e argamassa de cal hidráulica

Os trabalhos em carpintarias de madeira em interiores iniciam-se com os sobrados e a estrutura da cobertura. Estes são os madeiramentos que constituem os pavimentos dos diversos andares do imóvel, o vigamento sobre o qual se assenta o solho e se fixa o tecto. O vigamento é a estrutura base, servindo de esqueleto para receber os outros dois elementos. O solho serve de forro superior aos pavimentos e o tecto de forro inferior ao vigamento. O vigamento dos pavimentos é constituído por uma série de vigas ou barrotes dispostos paralelamente intervalados entre si cerca de 0,45/0,47m a eixos (representados com secções com 0,08-0,10 x 0,22m na Figura 079 e com as secções de 0,08 x 0,018m na proposta) assentes com os topos encastrados nas paredes. A entrega das vigas, nas alvenarias varia normalmente entre os 0,15m e 0,20m a fim de aumentar a estabilidade do sobrado diminuindo as vibrações. A dimensão das vigas em si e do seu afastamento é calculado previamente mediante as cargas a que irão ficar sujeitas. Em casos em que as cargas são muito elevadas, é usual o apoio das pontas das vigas em pequenas lajes, frechais de madeira ou ferro a fim de distribuir as cargas a suportar, ou em cachorros em casos especiais (Figura 080) o que não é o caso. As madeiras para o vigamento e todos os madeiramentos, como irão ficar cobertas pelo solho e pelo tecto, antes da sua colocação necessitam de um tratamento para a sua preservação. Este tratamento é aplicado tanto nas pontas das vigas (pintura com antixilófagos), como em toda a superfície dos vigamentos, com xylofene SOR2, por pulverização em duas demãos.

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Figura 079 - Planta do vigamento do sobrado de uma habitação comum (SEGURADO, 1909; p. 84)

Figura 080 - Cachorro para apoio do vigamento (SEGURADO, 1909; p. 81)

Os sobrados na habitação apresentada apresentam uma espessura total de 0,23m (0,16 a viga, 0,022 o solho e 0,05 o estuque), pois os vãos não ultrapassam os 4m. No caso do vão ser muito comprido, são utilizados tarugos ("C" na Figura 081) a fim de evitar que sobre a acção das cargas o vigamento se desloque lateralmente. Consistem em secções de vigas, de comprimento igual ao dos vãos, bem justos e que são introduzidos à força entre as vigas. No caso apresentado, é proposto um tarugamento a terços dos vãos, em princípio, com peças com 0,08mx0,16m.

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Figura 081 - Vigamento tarugado (SEGURADO, 1909; p. 85)

Os tarugos são mais compridos na face superior do que na face inferior e são instalados de baixo para cima e fixados por dois pregos, para se manterem fixos antes de lhes ser aplicado o aperto, ou ainda com fixadores metálicos. Estas peças têm ainda por fim diminuir a flecha do vigamento, porque sendo colocados à força e por serem mais largos em cima, fazem com que o vigamento suba um pouco até que as faces dos topos dos tarugos sejam apertadas em toda a sua superfície. Desta forma, o vigamento é reforçado, sendo este transformado num todo solidário. O aperto dos tarugos exige cuidados especiais, pois pode chegar a abrir as paredes laterais caso o vigamento não esteja bem aferrolhado ou com folgas suficientes. Muitas vezes utilizam-se tarugos simplesmente por conveniência no assentamento do solho e a sua aplicação permite ainda reduzir a espessura das vigas dos sobrados face aos cálculos de cargas efectuado. Junto das chaminés é da máxima importância interromper o vigamento do sobrado, a fim de evitar a proximidade do calor daí proveniente que poderia queimar a estrutura por combustão lenta, conforme prescreve o RGEU (Regulamento Geral das Edificações Urbanas). Também para formar a caixa de escadas é necessário interromper o vigamento. É essencial optar por uma disposição das vigas em que as extremidades destas fiquem de forma a uma distribuição uniforme das cargas recebidas. O solho actual está pregado sobre o vigamento do sobrado e consiste numa série de tábuas justapostas. Regularmente, com cerca de 0,20m de largura e cerca de 2m de comprimento, com uma espessura de 0,02m e está assente a meio fio ou à portuguesa (Figura 001). Estas dimensões sofrem pequenas variações dependendo do tipo de madeira escolhido. Neste tipo de solho, a ligação das tábuas é feita à meia madeira, onde todas as tábuas têm as juntas rebaixadas até metade da sua espessura, ficando desta forma ambos os rebaixos na mesma face da tábua.

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Estas peças necessitam de ser aplainadas pelas suas duas faces para assim se poderem ligar perfeitamente ao vigamento. Também por este motivo, as faces superiores das vigas terão de ser muito bem desempenadas, aplainadas e destorcidas entre si, de forma a constituírem uma superfície horizontal, porque, de contrário, o solho terá de ser calçado. As tábuas dos sobrados vulgares colocam-se perpendicularmente às vigas, fixandose com dois pregos em cada uma e nas extremidades com três. (Figura 084) Visto isto, as extremidades das tábuas devem coincidir sempre com as vigas.

Figura 082 – Esquema da montagem do solho à portuguesa (ver desenho nº A019)

O solho que se prevê vir a assentar-se será do tipo “à Inglesa”, com tábua mais estreita (cerca de 0,08m), e por isto mais estável à deformação. O prego fica escondido na fêmea inferior, e a cabeça escondida pelo macho, pelo que, superiormente, o prego fica invisível.

Figura 083 – Esquema da secção do pavimento do 1º andar e tecto do R/C propostos (ver desenho nº A045)

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Figura 084 - Solho de topos desencontrados (SEGURADO, 1909; p. 97)

Quanto às formas de colocação das tábuas pelos compartimentos, se o comprimento das tábuas for igual ou superior ao comprimento da casa, medido entre paredes, diz-se o solho a encher. Se a casa tiver um comprimento superior às tábuas, acertam-se as extremidades em grupos de três, correspondendo cada grupo ao meio das tábuas que com ele confinam. Esta técnica é chamada de trespassar o solho, que se diz ter os topos desencontrados. As tábuas para o solho devem ser perfeitamente galgadas e terem todas a mesma largura para que as juntas numa casa fiquem em linhas rectas perfeitamente direitas. O processo de colocação do solho à portuguesa, inicia-se com a verificação do nivelamento do tosco, isto é, do vigamento em que o solho vai assentar. É necessário considerar os seus pontos de sujeição, como as couceiras das portas e janelas e a altura do pavimento das casas adjacentes. Se, devido a esta sujeição for necessário calçar o vigamento (nivelar), deve ser feito em toda a sua largura para que as tábuas assentem em cheio e não em falso, como já foi referido. Existiam na época de construção do edifício aqui apresentado (séc. XIX), dois modos diferentes de forrar os tectos nas casas: estuque ou forro de madeira. Neste caso, o tecto existente é em forro de madeira pintado. No tecto, quando em madeira, as tábuas que o constituem são simplesmente pregadas pela parte inferior do vigamento e consistem em tábuas aplainadas apenas na face que deverá ficar visível. Dos tipos de forro existentes, a habitação apresenta o mais vulgar de todos: o forro de esteira sobreposto - também chamado de saia e camisa, que consiste em pregar ao vigamento do sobrado uma série de tábuas, as camisas, convenientemente espaçadas entre

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si e fixar sobre estas, eliminando assim as juntas, outra série de tábuas, as saias, geralmente com as arestas emolduradas (o que é o caso), como mostra a Figura 085.

Figura 085 - Forro de esteira sobreposto, e existente (SEGURADO, 1909; p. 109)

Complementando o forro em madeira, a habitação apresenta também sancas no tecto, em que se mostra um exemplo na Figura 086. Como remate, o tecto pode ser rodeado por uma faixa, régua de madeira com 0,10 de altura em que primeiro é envernizado e depois aparafusado as paredes. O tecto dos pisos será feito conforme a Figura 083, com pladur fixado à estrutura metálica. No 1º andar, haverá uma estrutura independente para a sua fixação.

Figura 086 - Exemplo de sanca existente (SEGURADO, 1909; p. 109)

Os tabiques são as paredes divisórias interiores dos edifícios desta época. Na maioria das casas do séc. XIX todas as divisórias são simples tabiques. O tipo mais simples de tabique é construído depois da casa assoalhada (pavimentada). Prega-se no chão uma ripa no sítio em que se pretende fazer a divisão e no vigamento do tecto prega-se outra na mesma prumada. Seguidamente, prega-se às duas ripas uma fila ao alto de tábuas costaneiras, deixando entre si intervalos de um centímetro, mais ao menos. Nas duas faces das tábuas prega-se o fasquiado, horizontalmente e espaçado de poucos centímetros. Por fim reboca-se e estuca-se.

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Figura 087 - Detalhe das paredes interiores actuais mostrando parte dos tabiques e o estuque

Na proposta vamos utilizar divisórias de gesso cartonado assentes sobre estrutura metálica apropriada e com isolamento interno de lã de rocha com 0,04m de espessura. O telhado actual compreende duas partes essenciais: o madeiramento ou armação do telhado (estrutura) e a cobertura. No caso da primeira, apesar de ter optado pela madeira (pois a habitação a ser recuperada apresenta toda a estrutura da cobertura também em madeira), existem também perfis metálicos para estas estruturas, de aço com perfil ómega, que conferem à estrutura grande rigidez e resistência, aliado a um peso reduzido (light metal). Quanto à segunda, as possibilidades disponíveis são ainda mais diversas: telha, chapa ondulada de ferro galvanizado, alumínio lacado, etc. Neste caso, a cobertura é de telha de meia-cana tradicional, (telha mourisca). As águas, são constituídas por uma só água - sendo estes utilizados em pequenos vãos, uma para cada lado. A cobertura assenta em quatro paredes sendo duas paralelas ao espigão e as outras duas perpendiculares àquelas e terminando superiormente em triângulo, a que se dá o nome de empenas. Este tipo é ideal para casas com planta regular ou que tenham pelo menos dois lados paralelos. Este é dos tipos de telhado mais usado nas construções vulgares. Nos casos em que a planta do edifício for irregular, pode acontecer que uma ou mais águas sejam empenadas, pelas mesmas razões que o telhado em alpendre de uma água (Figura 088).

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Figura 088 - Telhado com uma água empenada (SEGURADO, 1909; p. 155)

A habitação em estudo apresenta um telhado de duas águas, em que uma é empenada. Também nas traseiras, parte do telhado é em alpendre, também ele de superfície empenada.

Denomina-se ponto de um telhado á relação entre a sua altura ou flecha e a largura do vão e na nossa Estremadura ronda os 22-25º, para o tipo de telha (mourisca). Contudo, a telha é tipo Marselha e rondará os 21-22º Em casos onde o telhado não tem forro, é chamado de telha-vã, sem qualquer resguardo. A estrutura da cobertura - a armação - tem uma certa analogia com o sobrado. Os barrotes são em muito semelhantes às asnas, apenas com inclinações diferentes. O madeiramento de um telhado é formado por uma série de vigas longitudinais, convenientemente espaçadas e que têm diversos nomes dependendo da posição e função na estrutura. Habitualmente, nas construções evitava-se a utilização de asnas, por serem mais caras, sendo então as paredes interiores que complementam a estrutura da cobertura servindo-lhe de apoio. Este tipo de solução permitia uma estrutura de madeiramento mais simples, composta por dois conjuntos de barrotes que correm de empena a empena (denominadas fileira e madres) e sob estas assentam os frechais. O varedo assenta perpendicularmente sobre a fileira e as madres, entalhando nos frechais por meio de Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias - ECATI


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barbate (também chamado de boca de lobo), que ainda está em uso. Sobre as varas assenta-se o ripado e finalmente sobre este, as telhas (Figura 089 e 090).

Figuras 089 e 090 - Boca de lobo simples e reforçado (SEGURADO, 1909; p. 54)

Na habitação em estudo, por se tratar de uma construção entre duas empenas e ter cerca de 6m de largura, não possui asna - estas servem para vencer grandes vãos, o que não é o caso. Para estas coberturas crescem-se as empenas até à altura do espigão e corre-se a fileira f, de vértice a vértice das empenas. As madres mm paralelas à primeira, dispõem-se igualmente de empena a empena e por fim os frechais assentam sobre estas (Figura 091).

0.07x0.10m

2x0.08x16m

0.08.16m

Figura 091 - Telhado de duas águas sobre empena (SEGURADO, 1909; p. 168)

O varedo v assenta sobre a fileira e as madres, e entalha nos frechais através de boca de lobo. Por fim, sobre as varas assenta-se o ripado e sobre este, as telhas (Figura 092).

Figura 092 - Madeiramento para telhado (SEGURADO, 1909; p. 168)

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Todas as peças são ligadas entre si através de respigas e fêmeas (Figura 093) recorrendo-se por vezes ao reforço com ferragens apropriadas, de aço, como as braçadeiras (ligando as pernas à linha), os ferrolhos (ligando a linha às paredes), etc.

Figura 093 - Respigas e fêmeas (SEGURADO, 1909; p. 44)

Neste edifício a cobertura na fachada Norte remata com algeroz interior e a respectiva platibanda (Figura 094), quanto à fachada Sul termina com alpendre.

Figura 094 – Pormenor da platibanda proposta (ver desenho nº A044)

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As dimensões do madeiramento a utilizar nesta estrutura variam consoante o vão que esta abrange e o afastamento entre as peças que a constituem.

Figura 095 e 096 - Estrutura da cobertura existente

A cobertura do alpendre apresenta alguns elementos estruturais metálicos. Isto sugere que a sua construção tenha sido posterior à construção original do edifício, ou talvez tenha sofrido uma intervenção.

Figura 097 - Cobertura do alpendre nas traseiras da habitação com alguns elementos metálicos

O alpendre é, como já aqui foi referido, um telhado de uma única água. O alpendre é aqui constituído por duas partes: uma pequena varanda servindo o primeiro piso, e o restante revestido por telha. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias - ECATI


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A estrutura existente - metálica - é composta por perfis metálicos em "I", cruzados entre si de modo a suster tanto a pequena varanda em balanço, como a telha. Consegue-se identificar, contudo, algumas peças em madeira que se encontram encastradas nas paredes. Pelas pequenas dimensões que o alpendre apresenta, a estrutura necessária para suster o telhado é bastante simples.

Figura 098 - Esquema do remate do alpendre sobre a varanda (ver desenho nº A047)

Sobre as varas e perpendicularmente a elas aplica-se o ripado, convenientemente afastado para receber as telhas (+- 0,70m). Devido às características do alpendre, por conter uma varanda, a estrutura do telhado de alpendre sofre uma interrupção, mudando o sentido ascendente da estrutura para receber a telha - passando para um sentido completamente horizontal - servindo de pavimento à varanda. Este alpendre apresenta vestígios de ter tido um forro inferior em madeira pregado à viga horizontal, servindo de guarda-pó. A estrutura será conseguida à custa de perfis metálicos HBB100 (não há necessidade de forro inferior). Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias - ECATI


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Sendo as escadas um elemento de distribuição e de meio de comunicação nos diferentes pisos de um edifício, o espaço onde esta se aloja - denominado de caixa de escada - não pode ser indiferente, em relação aos compartimentos pois convém ficar perto do vestíbulo da entrada e servir comodamente todos os andares., numa posição estratégica. A habitação apresenta uma caixa de escada rectangular, irregular e com um único lanço de escadas a dar acesso apenas ao primeiro piso. Os degraus que a compõem são regulares. Está localizada imediatamente em frente à porta da entrada e tem uma localização central relativamente ao interior da habitação. Todos os elementos que a constituem são em madeira (corrimão, degraus, pernas, espelhos e rodapés). Quando a planta do edifício é irregular (o que é o caso) é conveniente reservar para aquela a parte irregular da planta proveniente da divisão regular dos compartimentos, isto porque é preferível, por vezes alojar uma escada num vão irregular, a fazer um compartimento com essa forma. O desenho de uma escada deve merecer especial atenção ao construtor. Em planta deverão ser desenhados todos os degraus e patamares necessários, bem como em alçado. Para assim certificar que a escada desenhada vence a altura necessária, desenhando-a previamente na parede. Nas escadas, deverá ser calculado não só a dimensão do espelho do degrau como também o seu cobertor, de modo a criar uma harmonia nas proporções das escadas para que estas sejam confortáveis. Para além das dimensões, também é preciso dar atenção a outros factores como a ventilação e a iluminação. Deve ser solidamente construída e de aspecto agradável, visto ser o local mais utilizado de um edifício. Bem proporcionada e de decoração apropriada dá sempre boa impressão. Quando se projecto, devem-se ter em atenção algumas regras importantes. A largura deverá ser constante em todo o seu desenvolvimento, como diz a lei quando regular, facilitando não só o seu estudo como também a execução da obra. É importante conservar uma altura constante dos degraus dos lanços ao longo de toda a escadaria, como manda a lei. A escada em questão, por ter apenas um lanço não possui bomba nem patamar. Neste caso, devido às cargas recebidas pela escada, as espessuras existentes são de 0,04m no cobertor e de 0,03 no espelho. É fundamental que no resultado final, se obtenham umas escadas agradáveis e cómodas de se subirem e descerem.

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No caso apresentado, a localização das escadas torna-se inconveniente. Apesar do local correcto, o vestíbulo que precede às escadas é praticamente inexistente. Quando na realidade, este não deveria ter uma largura inferior a 2m. O que acaba por suceder, é o desconforto logo que se entra na habitação pois não existe uma área de transição. Assim que se abre a porta da entrada, deparamo-nos imediatamente com o lanço de escadas, da mesma maneira que quando se desce as escadas deparamo-nos de imediato com a porta principal. A caixa de escadas de madeira é habitualmente limitada por paredes e no caso aqui apresentado, por parede de tabiques com estuque. No interior das escadas, o lado direito é forrado a madeira, tentando corrigir a irregularidade existente da caixa de escada.

Figura 099,100 e 101 - Escada existente

Neste caso a construção da caixa de escada parece ter sido mal calculada tendo em vista a escada existente. Pelo comprimento e inclinação que apresenta, foi necessário, na sua construção, um remendo, devido à caixa ser curta face ao seu desenvolvimento.

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Figura 102 - Escadaria existente – tecto de chegada do 1º andar

Os degraus apoiam-se nas pernas, entalhadas inferior e superiormente nas cadeias da caixa. O caso apresentado utiliza duas pernas galgadas como mostra a Figura 103. Tem uma largura de 1,20m no início e termina com 0,95m. O número de pernas a utilizar varia conforme a largura das escadas, mas no caso presente são apenas duas. O guarda-chapim existente consiste numa tábua independente, constituindo este tipo de escada, o processo mais corrente e económico, e constitui o que se chama por escada à portuguesa.

Figura 103 - Perna Galgada existente (ver desenho nº A018)

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Figura 104 e 105 - Estrutura das escadas mostrando a perna galgada (vista inferior)

Figura 106 – Perfil dos degraus existentes (ver desenho nº A018)

Na construção em geral, compreendem-se duas partes: o tosco e o limpo. O primeiro, no caso das escadas é constituído pelas pernas e a sua ligação ao madeiramento dos andares e pelo fasquiado. O limpo, é formado pelos degraus, guarda-chapim e corrimão. Usualmente, nestes casos, a parte inferior da escada é estucada sobre o fasquiado pregado às pernas. Na habitação a recuperar, a parte inferior da escada é aproveitada para arrumos. Desta forma, não só se aproveita este espaço sem grande utilidade, como também se esconde a parte tosca da escada, se não tiver forro. Podem ligar-se os cobertores aos espelhos dos degraus de diferentes maneiras. Mais ao menos perfeitos, conforme o tipo de escada. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias - ECATI


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O corrimão existente é assente nos dois lados da escada, à altura de 0,90m medidos no meio dos degraus, de acordo com a Figura 107 e tem a dimensão de 3m, afastados das paredes 0.035m para os dedos correrem livremente.

Figura 107 – Desenho do corrimão

Figura 108 – Desenho do corrimão

existente (ver desenho nº A008)

proposto (ver desenho nº A032)

Como vãos entendem-se todas as aberturas em paredes: portas, janelas e arcos. Estes elementos ganham detalhe e decoração consoante a riqueza da construção onde estes se inserem. Apesar de poderem ser em materiais diversificados, irei focar apenas os vãos em madeira, existentes. Quando se fala em portas de uma maneira geral, referimo-nos tanto a portas interiores (que fazem a ligação dos diferentes compartimentos) como também as portas da entrada (estas fazem a ligação do exterior - rua - para o interior da construção). São normalmente as portas da entrada principal as mais ricas em ornamentação e mais imponentes de todo o conjunto. É também incluída na denominação de porta, não só a abertura propriamente dita numa parede ou equipamento mas também toda a carpintaria que o acompanha. As dimensões das portas da habitação em estudo (séc. XIX, não deveriam ter medidas inferiores a 0,75m de largura e 2,10m ou mais de altura com ou sem bandeira. Nos casos em que a largura de um vão ultrapassasse 1,10m, era conveniente a aplicação de

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uma porta de dois batentes, para assim ser mais fácil de abrir e também ocupar menos espaço. As portas da entrada nunca teriam menos do que 1,00m de largura, com duas folhas a fim de as mobílias poderem facilmente passar. Enquanto que as portas de entrada (principal ou não) abrem geralmente para dentro, as interiores abrem em qualquer dos sentidos, poucas vezes para os corredores. Nesta época, pela falha de legislação de segurança, havia uma preocupação apenas nas portas dos quartos. Estas, deveriam abrir de forma a evitar as correntes de ar e era conveniente que tapassem as camas ao abrir, como nas I.S., a ocultar a bacia da retrete.

Figura 109, 110, 111 e 112 - Portas interiores da habitação, almofadadas e com bandeira fixa de vidro (ver desenho nº A015 - Mapa de vãos)

A porta de entrada, almofadada, com rótulas é de duas folhas e mostra já alguma decoração e cuidado de execução.

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As almofadas inferiores correspondem ao soco, apresentando molduras mais simples e fortemente salientes. As almofadas centrais, neste caso apresentam trabalhos de marcenaria cuidados, podendo noutras situações serem substituídos por grades de ferro. Quanto às almofadas superiores, correspondem à bandeira. A régua de batente é formada por uma coluna inferiormente prismática e superiormente canelada.

Figura 113, 114 e 115 - Detalhes da porta de entrada

Figura 116 - Porta de entrada da habitação (ver desenho nº A013 - Mapa de vãos)

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Ao contrário das portas interiores, e tratando-se de uma porta com dois batentes (Figura 116), apresenta no interior uma aldraba. A porta será totalmente recuperada, como expressão clara de uma época. São janelas numa construção têm papéis essenciais: iluminar, ventilar e resguardar do tempo ou intempérie. Estas são constituídas por duas partes: o aro e o caixilho. O primeiro, é fixo à cantaria ou alvenaria do vão e o segundo é móvel. No que toca aos vidros, estes adaptam-se aos rebaixos do caixilho e dos seus pinazios, segurando-os com pequenos pregos de cobre e massa de vidraceiro, ou em trabalhos mais perfeitos, aplica-se antes uma régua triangular ou emoldurada junto ao caixilho.

Figura 117 - Janelas da fachada Norte, vistas do interior (ver desenho nº A010 - Mapa de vãos)

No caso apresentado, as janelas obedecem a esta descrição e as portadas interiores são cegas, apenas com um ralo na parte superior para ventilação e entrada de luz ténue.

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Figura 118 - Vãos da fachada Sul (ver desenho nº A013 - Mapa de vãos)

Por questões de privacidade e de protecção solar, recorre-se à utilização de portadas interiores. Neste caso, são também eles em madeira e em termos de aro, são adjacentes ao do vão existente (Figura 119).

Figura 119 – Orifícios para iluminação existentes nas portadas das janelas da fachada Norte

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Como elementos metálicos acessórios, destacam-se as guardas da varanda nas traseiras da habitação, e os gradeamentos de peito existentes nas janelas da fachada principal. Estes elementos, são ambos em ferro forjado e com algum tratamento decorativo, que serão para recuperar.

Figura 120 - Gradeamento de peito existente na fachada Norte

4.2.2 Técnicas e materiais a utilizar Como visto anteriormente, a quantidade de madeiramento que o imóvel apresenta é grande. Pelas patologias que o edifício apresenta (infiltrações, apodrecimento, carunchos, etc.), muito do madeiramento existente não está em condições de reutilização ou restauro. Na escolha dos materiais a utilizar são tidas em grande atenção não só as regulamentações em vigor, como também o exigido pelo PPRCHTV da parte da Câmara de Torres Vedras. O exterior da habitação será alvo de reabilitação e restauro, enquanto que o seu interior sofrerá alterações não só a nível de distribuição do espaço, como a nível de materiais. O vigamento e os solhos do sobrado, serão substituídos utilizando técnicas idênticas às utilizadas na data da construção do imóvel. À excepção destes, todo o interior receberá novos materiais de construção assentes com as técnicas actuais - pladur, vãos de alumínio, energias renováveis, etc.

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CAPÍTULO 5 - PROPOSTA Regulamentação Segundo o PPRCHTV a intervenção a realizar no edifício terá que ter em conta não só a regulamentação em vigor de protecção contra incêndios e de acessibilidades (se aplicável), mas também alguns aspectos a seguir descritos a fim de salvaguardar e valorizar o património. Ainda assim, o PPRCHTV prevê o não cumprimento destes regulamentos em casos onde comprometa as principais características na construção. Desta forma, pretendese respeitar a morfologia e tipologia existentes, como também o carácter e os elementos notáveis que constituem e reforçam o valor cultural. A realização de obras de reconstrução depende primeiramente do valor patrimonial do imóvel, e tal obra só é possível quando existem razões técnicas, devidamente fundamentadas, que tornem inviável a manutenção total ou parcial da estrutura física da edificação, o que não é o caso. Como condicionantes, o Plano em vigor aponta em termos gerais para alinhamentos, número de pisos e cércia dos edifícios que deverão ser mantidos. As obras que incidam sobre a fachada e cobertura devem ter como finalidade permitir a supressão de elementos considerados dissonantes, a melhoria das condições de habitabilidade e salubridade do edifício. Mais especificamente: Painéis solares e conforto térmico - são proibidos os painéis solares que sejam visíveis de pontos de acesso público, à excepção de quando integrados nas vertentes das coberturas e mediante avaliação do respectivo impacto visual. Caleiras, rufos e vedações - desde que visíveis, devem ser em chapa de zinco ou cobre, bem como as saídas e emboques aos tubos de queda; Coberturas - deverão ser em telha cerâmica de cor vermelha; Rebocos exteriores - realizados com argamassas bastardas, com ajustado traço de cal, devendo ser pintado com leite de cal ou tintas de água. Não são autorizados rebocos areados a cimento, tirolês ou tintas areadas; Cantarias, soleiras e peitoris - As cantarias não podem ser pintadas e, no caso de substituição, esta deve ser realizada segundo os pormenores originais, não se autorizando a placagem como substituição; Caixilharias - As caixilharias deverão ser em madeira ou ferro (o alumínio lacado também pode ser utilizado); Portadas - São proibidas portadas exteriores.

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Só serão aceites novos materiais, texturas e cores quando estes respeitarem o edifício existente e se integrem no contexto urbano envolvente. Todas as intervenções no edificado deverão visar a melhoria formal e funcional dos espaços.

5.1 Programa de usos e comparação com o actual Apesar de registado como fracção única, na realidade o edifício funcionou como duas fracções distintas distribuídas uma no R/C e outra no 1º piso, não havendo pois a divisão em propriedade horizontal. Actualmente o R/C é constituído por um cozinha com 11,6 m2, duas salas com 9 m2 e 11,9m2 e três quartos com 4,8 m2, 3 m2 e 7,8 m2. Por último nas traseiras existem dois anexos com áreas de 2,2 m2 e 1,7 m2 em que um funciona como instalação sanitária e outro para arrumos. Como referido anteriormente, esta I.S. tem um vão que confina com o terreno vizinho e no primeiro andar esta área pertence a esta propriedade. O alpendre existente tem uma área de 5,7 m2 (ver desenho nº A003). Quanto ao 1º andar é constituído também por uma cozinha com 9,4 m2, uma sala com 11 m2, quatro quartos com 7,2 m2, 6,8 m2 e os restantes dois com 6 m2. A i.s. localizada no eixo central de distribuição possui 2,8 m2. Existe ainda uma pequena varanda corrida com 4,2 m2 (ver desenho nº A004). A habitação apresenta-se muito compartimentada em espaços demasiado pequenos. O programa existente não responde ao estilo de vida de uma família do século XXI. O número habitual do agregado familiar é hoje em dia menor, o que torna um grande número de divisórias desnecessário, valorizando-se as divisões amplas e não a compartimentação excessiva e de pequena área. As instalações sanitárias são neste caso muito pequenas. Sendo uma construção do séc. XIX, não eram originalmente construídos compartimentos para fim de higiene neste tipo de habitação. Esta foi uma necessidade adquirida com o evoluir dos hábitos sociais. Estes novos compartimentos muitas vezes eram instalados nos logradouros e varandas aparecendo assim um aumento de anexos às habitações - e grande parte das vezes estas construções eram "abarracadas" e sem qualidade construtiva nem arquitectónica, ou ainda em marquises. A proposta consiste em, primeiro que tudo, manter o edifício com os dois fogos mas com menos compartimentos. Desta forma pretende-se melhorar a qualidade de vida dos futuros habitantes e dotar o imóvel com características que responsam às necessidades da sociedade actual. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias - ECATI


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O programa do R/C ficará assim definido (ver desenho nº A028). Dos dois anexos existentes no R/C apenas um será mantido, libertando-se as traseiras e possibilitando-se um maior desafogo. O anexo a manter irá alojar os equipamentos dos painéis solares – caldeira e bomba – a servirem o R/C. Quanto ao interior da habitação, será acrescida uma i.s. e a distribuição será apenas repensada juntamente com a localização das escadas de acesso ao primeiro piso. Será ainda reduzida a quantidade de quartos para dois e de salas para uma. Desta forma, pretende-se reduzir a compartimentação e aumentar as dimensões dessas. O programa do 1º andar ficará semelhante ao existente. Tanto a sala como a cozinha ficarão semelhantes, sendo aproveitada a chaminé existente. A i.s. será repensada e mudada de sítio e o número de quartos será reduzido para apenas dois. A sala ganhará importância e uma grande relação com a cozinha. Desta forma, fica também o programa para o 1º andar definido (ver desenho nº A029). Será acrescido à varanda um pequeno anexo para albergar o material técnico dos painéis solares que irão servir este andar. As características da habitação obrigam a que os quartos fiquem orientados a Norte e a cozinha e salas a sul, o que é aconselhável, já que a sala e a cozinha são as zonas mais vividas das casas, pelas famílias.

5.2 Recuperação 5.2.1 Conciliação do programa com o existente As patologias que o edifício apresenta (maioritariamente no madeiramento) devemse às sucessivas infiltrações que ocorreram provocadas pelo abatimento de parte da cobertura. A intervenção proposta, implica apenas o aproveitamento das fachadas e o respeito pela volumetria existente, mantendo-se contudo o espírito da construção no seu interior. Pela nova redistribuição dos espaços, apenas a chaminé do R/C existente será aproveitada. Em termos de distribuição interior, as escadas de acesso ao 1º piso apresentam uma inclinação, uma proporção (espelho/cobertor) e uma localização na habitação bastante desconfortável. Este será o primeiro elemento a ser redesenhado na proposta pois será ele que ditará a distribuição e o melhoramento do interior da habitação. Por apresentar uma planta irregular, toda a nova compartimentação será redesenhada com uma orientação ortogonal, permitindo um interior mais organizado.

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Figura 121 – Fotografia da chaminé do primeiro andar – a demolir

As escadas, pelo seu estado de preservação serão redesenhadas. Manter-se-á a localização central na habitação como charneira distribuidora dos espaços. Será apenas afastada da porta da entrada tal como os regulamentos sugerem e a sua proporção será mais agradável para os seus futuros habitantes (1,50mx1,50m segundo o DL nº 163/06. As I.S.’s a construir bem como a entrada da construção existente não estão equipadas para utilização de deficientes, pois, tal como o PPRCHTV previu, a regulamentação destes casos implicaria a descaracterização do imóvel. As entradas para os diferentes fogos da construção localizar-se-ão no mesmo sítio. No que diz respeito a elementos estruturais, tanto os soalhos como a cobertura serão reconstruídos. Serão acrescidos apenas dois perfis metálicos para suporte às escadas bem como as respectivas fundações necessárias. Os pavimentos do R/C e da cozinha são constituídos por lajes de betão armado pré-esforçado assente em murete de blocos de cimento com

0,20m de largura sobre

fundação de betão. No 1º andar as cozinhas e as I.S. terão os pavimentos de ladrilho porcelânico assente sobre um massame armado com rede de coelheira ou metal distendido, com 0,03m Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias - ECATI


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de espessura assente sobre pavimento rebaixado de solho para que os limpos fiquem ao mesmo nível do pavimento do piso. Os esgotos ficarão pendurados, reduzidos ao mínimo, visto que poderão correr através das paredes (lavatório) e o bidé, a banheira e a retrete ligam directamente aos tubos de queda que intencionalmente são três para evitar traçados aéreos.

Piso 1

Piso 0

Figura 122 e 123 – Plantas da proposta (ver desenhos nº A028 e A029)

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5.2.2 Conciliação dos novos materiais com os existentes Apesar de a alvenaria das paredes ser de pedra, a habitação apresenta abundância de trabalhos de carpintaria. O PPRCHTV apresenta algumas limitações em intervenções no que diz respeito ao exterior dos imóveis. Quanto ao interior permite grande liberdade. De facto a intervenção irá concentrar-se no interior, visto que no exterior irão apenas realizar-se acções de manutenção e conservação no existente. No que diz respeito ao exterior, para além da substituição de toda a cobertura, serão substituídos todos os caixilhos existentes por caixilharia de alumínio de oscilo-batente, lacado a branco. O pavimento do R/C, de madeira, será assente sobre um murete de blocos de cimento com 0,20m de largura assentes com argamassa hidrofugada, sobre fundação de betão, encostado e argamassado à fundação existente. A face superior deste murete será nivelada, também com cimento hidrofugado e os barrotes serão apoiados sobre uma tela dupla vinílica que dobrará em “L” para as paredes, cortada posteriormente a meia altura do rodapé. Este murete será perimetral e terá igual tratamento. A caixa de ar será nivelada, expunjada de substâncias orgânicas e batida a maço.

5.2.3 Actualização Térmica e Acústica ("upgrades") Isolamento Térmico - Na cobertura, será utilizado um isolamento em cortiça, com duas placas de 4 cm (ver desenho nº A045). A escolha deste material deve-se, para além das suas características térmicas, ser um material ecológico e nacional e não ser atacável por temperaturas elevadas. No que diz respeito aos vãos, por questões de isolamento térmico serão reutilizados caixilhos de alumínio lacado, com corte térmico e vidro duplo. Serão também utilizadas as portadas interiores com 3cm de espessura, já existentes. Primeiramente para respeitar o valor do edifício, mas também para respeitar o isolamento acústico e térmico da habitação para o exterior (tratando-se de um edifício de R/C com relação directa com uma praça) de que necessita. Um dos grandes "upgrades" a realizar será a aplicação de colectores solares na cobertura da habitação para poupança de energia de aquecimento de águas sanitárias. No R/C, serão colocados 2 painéis solares na cobertura do alpendre, com o respectivo colector e bomba, no anexo localizado neste alpendre. No 1º piso, serão colocados também 2 painéis solares na cobertura da habitação, com o respectivo colector e bomba num anexo a construir na varanda deste piso. Será ainda incluída a escada metálica de acesso aos Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias - ECATI


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painéis na cobertura da habitação. Para isto, interrompe-se a colocação de telhas para a colocação de um alçapão de acesso ao telhado (ver desenhos nº A030 e A032). Acústica - Também neste ponto a escolha de vidro duplo nos vãos exteriores contribui para o isolamento acústico. Sendo característica desta construção em alvenaria de pedra a grande espessura das paredes (50cm), torna-se desnecessário o reforço das paredes exteriores com isolamento, pois estas dimensões favorecem a inércia térmica. No interior da construção, entre os pisos da habitação, será utilizada lã de rocha de 3cm e de 5cm, bem como anilhas de neoprene, para garantir completo isolamento acústico e reduzindo as vibrações e propagação sonoras entre as habitações (ver desenho nº A046). Os panos de peito das janelas exteriores terão, contudo um isolamento extra constituído por poliestireno extrudido com 0,04m, revestido com pladur 13 mm e rematado exteriormente com um cordão a condizer com as tábuas de peito. Elimina-se assim uma ponte térmica

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CONCLUSÃO De há uns anos a esta parte a reabilitação/conservação, transformou-se num tema emergente. A problemática reside hoje na formação de profissionais nesta área. O Conselho da Europa recomenda queas cidades devem promover a recuperação dos seus edifícios por várias razões, evitar o “sprawling” urbano; rejuvenescer os centros urbanos em detrimento das periferias (a Câmara Municipal de Lisboa tem tentado seguir esta política, fazendo a reabilitação de prédios no centro de Lisboa como, por exemplo, no Chiado, destinando-os exclusivamente a casais jovens); evitar os gastos de combustíveis em transportes individuais, o que, numa cidade como Torres Vedras implicará transportes pedonais casa-emprego-escola-casa; entrosamento de classes, etnias e grupos etários. Estes conceitos estão expressos no nosso primeiro Capítulo e assegurarão a a necessária sustentabilidade ou duração através do tempo, expressa nos conceitos, no ambiente e nos métodos utilizados. Os estudos de caso ajudaram-nos a demonstrar que a nossa opção estava no caminho certo, inserido numa sociedade que se quer cada vez mais actual. A caracterização da área de intervenção alertou-nos para a necessidade histórica da recuperação abrigada pelas determinações do Conselho da Europa, da salvaguarda histórica e da poupança do património que todos os organismos a ele ligado pretendem conservar e manter, já que o uso conserva. Ao analisar a demografia e a ocupação por fogos, torna-se evidente a vinda de mais habitantes para o centro histórico, predominando já, na zona GP3 um grande número de jovens o que significa uma política acertada da CMTV nossa escolha no tema. A análise e a caracterização do edifício objecto de estudo, revelou-nos a possibilidade da sua recuperação que, em conjunto com a sua morfologia tornou esta investigação do maior interesse, conferindo-lhe problemas de construção e de decisão importantes na área da recuperação. Os materiais e técnicas utilizadas serão compatíveis, apesar da diferença em tempo da colocação em obra. As novas tecnologias desenvolvidas neste campo, permitem-nos recuperar todos os elementos construtivos, sem recorrer a análises espetográficas ou de RX. Os usos iniciais mantiveram-se, assim como se mantiveram os dois fogos existentes, embora nos registos matriciais apenas figurasse um. Os elementos, além dos morfológicos, definidores da época do edifício, mantiveram-se, como documento vivo da identidade do edifício. Assim, a porta de estrada Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias - ECATI


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se manterá dentro da sua dignidade original, incluindo todos os acessórios que escasseiam já no mercado. Esta dissertação constituiu um trabalho de pesquisa e de recolha de informação específica a respeitar em programas de recuperação futuros. Poderão servir de base a estudos futuros, pelo que uma recuperação sistemática do parque construído pode ser um desafio de muito interesse para os arquitectos, construtores, promotores imobiliários e clientes em geral. É ainda de frisar que, pelo imóvel ser actualmente propriedade de uma imobiliária, abre-se aqui uma janela de oportunidade onde esta proposta poderá ser vista como uma realidade e não meramente um trabalho académico. Desta forma pretende-se que o trabalho aqui apresentado tenha ainda continuação, em coordenação com o proprietário da habitação podendo este ser levado a cabo como reabilitação da habitação em estudo. Também da parte da CMTV e proprietários dos outros imóveis no centro histórico é esperada uma reação positiva a esta dissertação. Visto a CMTV já tertomado iniciativas de reabilitação nos espaços públicos bem como alguns imóveis a ser cargo, este é um projecto que vai de encontro à política actualmente em vigor em Torres Vedras. Este é um projecto que se espera servir de exemplo para as construções devolutas no centro histórico para que sejam elas também reabilitadas e consequentemente que revitalize este centro. Respondendo às questões inicialmente colocadas nesta dissertação, um Centro Histórico não sobrevive apenas da recuperação de edifícios de carácter público, ignorandose as habitações existentes. Um Centro Histórico faz sentido como um todo, na relação entre lugar e habitantes. Não só a função do edifício, mas todo um conjunto de variáveis deverá contribuir para a valorização de um imóvel e servirá de exemplo e de pedagogia para trabalhos congéneres. Esta investigação pode vir a demonstrar a exequibilidade de recuperação de edifícios, mesmo de pequeno porte, ultrapassando problemas que habitualmente são apontados como insolúveis ou de mão de obra muito cara. Para a arquitectura, constitui um conjunto de procedimentos, muito para além do que habitualmente se vê fazer e que convém respeitar e divulgar. Em face dele, sentir-me-ei mais à vontade para trabalhos futuros, com base na exequibilidade da proposta anexa e da convicção que respeita as artes de bem recuperar. “Se há uma palavra-chave ela é “Qualificação”. Para que a reabilitação resulte, é necessário exigir qualificação a todos os agentes envolvidos, incluindo o próprio Dono de Obra.” (CÓIAS, sd) Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias - ECATI


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Santa-rita, António José de. (2008). Recuperação da casa Sanches. Lisboa: Edições Universitárias Lusófonas;

Teixeira, Gabriela de Barbosa & Belém, Margarida da Cunha. (1998). Diálogos da Edificação - Técnicas Tradicionais de Construção. Porto: Edições CRAT - Centro Regional de Artes Tradicionais;

Viega, Rosário. (2006, Janeiro/Fevereiro). Os Revestimentos Antigos e a Identidade dos Edifícios. Arquitectura ibérica – reabilitação; 12; p. 36-45;

Villar, Miguel. (2007, Março). Recuperar, reforçar, requalificar, reabilitar. Arquitectura ibérica – reabilitação; Nº 19; p. 18-29;

http://www.euroconstruct.org/. Acedido em 19 de Abril de 2011 http://www.portaldahabitacao.pt/pt/portal/reabilitacao/index.html. Acedido em 2 de Junho de 2011

Decreto-Lei nº 163/2006, de 8 de Agosto, Acessibilidades a edifícios que recebem público, vias públicas e edifícios de habitação por pessoas de mobilidade condicionada;

Decreto-Lei nº78/2006, de 4 de Abril, Sistema Nacional de Certificação Energética e da Qualidade do Ar interior nos edifícios;

Decreto-lei nº79/2006, de 4 de Abril, Regulamento dos Sistemas Enérgicos de Climatização em Edifícios;

Decreto-Lei n.º 220/2008, de 12 de Novembro, Segurança contra incêndios em edifícios;

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Reabilitação de edifícios - Edifício de Habitação no Centro Histórico de Torres Vedras

GLOSSÁRIO Aferrolhar

"O mesmo que ferrolhar. Fechar com ferrolho." (Fonte: http://www.priberam.pt, acedido a 16/2/2011)

Aldraba

"Peça normalmente de ferro na parte exterior de uma porta, que serve para chamar a atenção no interior e para erguer a tranqueta que fecha a porta pelo lado de dentro. Algumas vezes, a aldraba tem só uma das funções anteriormente descritas." ( RODRIGUES, SOUSA & BONIFÁCIO, 2005; p. 23)

Alpendre

"Construção à frente de uma fachada ou porta, pouco profunda e normalmente sustentada por colunas, pilares ou muros laterais." (RODRIGUES, SOUSA & BONIFÁCIO, 2005; p. 25)

Argamassa

"Mistura de cal, areia e água, destinada a ligar os materiais de construção." (RODRIGUES, SOUSA & BONIFÁCIO, 2005; p. 43)

Armela

" Aro onde se enfia o ferrolho da porta." (Fonte: http://www.priberam.pt, acedido a 16/2/2011)

Boca de lobo

"Chama-se boca de lobo ou barbate ao entalhe do topo de uma peça em forma de ângulo recto reentrante; é empregada na ligação das varas de um telhado com o contra-frechal e em muitos escoreamentos. Pode ser simples, ou reforçada." (SEGURADO, 1909; p. 54)

Bocel

"Moldura em meia-cana, estreita (...)." (RODRIGUES, SOUSA & BONIFÁCIO, 2005; p. 63)

Boro

“Elemento químico metalóide! (símbolo B), de número atómico 5, de massa atómica 10,81, de densidade 2,4, sólido, duro e anegrado, que se aparenta com o carbono ou com o silício, mas trivalente.” (Fonte: http://www.priberam.pt, acedido a 29/6/11)

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Cadeia

"Cruzamento de vigas de modo a deixar um espaço livre para a colocação de chaminés, escadas, etc." (RODRIGUES, SOUSA & BONIFÁCIO, 2005; p. 68)

Chapuz

"Pedaço de madeira que se junta a outro para o reforçar." (RODRIGUES, SOUSA & BONIFÁCIO, 2005; p. 79)

Chincharel

“Peça de madeira posta na diagonal sobre o vigamento de um pavimento para assentamento do parquete.” (RODRIGUES, SOUSA & BONIFÁCIO, 2005; p. 80)

Entalhe

"União de duas ou mais peças, previamente cortadas e talhadas de modo que se possam encaixar umas nas outras." (RODRIGUES, SOUSA & BONIFÁCIO, 2005; p. 119)

Escora

"Peça para amparar e suster." (RODRIGUES, SOUSA & BONIFÁCIO, 2005; p. 123)

Escorar

"Aliviar a carga, sustentando com escoras." (RODRIGUES, SOUSA & BONIFÁCIO, 2005; p. 123)

Estribo

"Peça, normalmente metálica, presa ao pendural de uma asna e que abraça a linha desta de modo a obstar à sua deformação curva." (RODRIGUES, SOUSA & BONIFÁCIO, 2005; p. 128)

Estuque

"Argamassa composta de cal, areia finíssima e gesso, usada em vários tipos de ornatos e como acabamento final de paredes, normalmente interiores, dos compartimentos de um edifício." (RODRIGUES, SOUSA & BONIFÁCIO, 2005; p. 128)

Ferrolho

"Tranqueta de ferro ou de madeira, horizontal, que desliza entre armelas, para fechar portas, janelas, malas, etc." (RODRIGUES, SOUSA & BONIFÁCIO, 2005; p. 136)

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Flecha do vigamento

" Parte do raio compreendida no segmento." (Fonte: http://www.priberam.pt, acedido a 16/2/2011)

Frechal

"Viga de madeira que corre sobre a última fiada de uma parede e na qual assentam as pontas dos vigamentos, os barrotes de um telhado ou as linhas de uma asna." (RODRIGUES, SOUSA & BONIFÁCIO, 2005; p. 138)

Galgar

"Fazer com que um vão tenha os seus lados perfeitamente paralelos." (RODRIGUES, SOUSA & BONIFÁCIO, 2005; p. 145)

Platibanda

"Muro, grade ou balaustrada que rodeia um terraço ou um telhado." (RODRIGUES, SOUSA & BONIFÁCIO, 2005; p. 218)

Pontalete

"Barrote destinado a escorar muros ou pavimentos." (RODRIGUES, SOUSA & BONIFÁCIO, 2005; p. 219)

Punção

" Instrumento que serve para furar." (Fonte: http://www.priberam.pt, acedido a 16/2/2011)

Respiga

"Corte no topo de uma peça de madeira formando um espigão ou dente que penetra num encaixe de uma outra peça, de modo a permitir a ligação entre as duas." (RODRIGUES, SOUSA & BONIFÁCIO, 2005; p. 233)

Talha

"Corte ou incisão." (RODRIGUES, SOUSA & BONIFÁCIO, 2005; p. 252)

Tesoura

"Conjunto de peças de madeira ou ferro, em forma de tesoura aberta, que sustenta a cobertura de um edifício." (RODRIGUES, SOUSA & BONIFÁCIO, 2005; p. 258)

Tranqueta

" Pequena tranca. Peça de ferro que, colocada no lado interior de portas ou janelas, serve para as fechar." (Fonte:

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Varedo

" Conjunto de vigotas de madeira ou ferro que sustentam o ripado no telhado." (Fonte: http://www.priberam.pt, acedido a 16/2/2011)

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ÍNDICE REMISSIVO Pág. Carpintaria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20, 89, 105, 116 Centro Histórico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7, 19, 20, 21, 22, 35, 44, 48, 55, 56, 57, 59, 60, 61, 62, 63, 64, 65, 66, 67, 68, 69, 71, 72, 118 CMTV . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7, 21, 22, 35, 55, 59, 65, 68, 72 Conservação . . . . . . . . 5, 19, 21, 23, 27, 28, 29, 30, 31, 32, 34, 56, 59, 63, 72, 81, 116, 118 Construção . . . . . . . . 5, 19, 21, 23, 25, 26, 30, 31, 32, 33, 34, 35, 42, 44, 48, 57, 59, 68, 69, 71, 76, 78, 81, 84, 86, 87, 88, 93, 97, 99, 102, 104, 105, 108, 110, 111, 112, 113, 114, 117 Demolição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5, 25, 26, 84 DGEMN . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7, 34 GECoRPA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7, 34 GP1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7, 57 GP2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7, 57 GP3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .7, 57, 58, 59, 60, 61, 62, 63, 64, 65, 67, 71 Habitação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4, 5, 20, 21, 27, 28, 31, 36, 42, 43, 44, 48, 49, 54, 57, 60, 63, 64, 65, 67, 71, 73, 76, 78, 81, 85, 86, 88, 93, 94, 95, 96, 97, 101, 102, 104, 105, 110, 112, 113, 114, 116, 117, 118 Madeira . . . . . . . . 25, 43, 44, 75, 76, 78, 80, 81, 85, 88, 89, 91, 93, 94, 95, 96, 99, 100, 101, 102, 104, 105, 109, 110, 111, 113, 116, 119, 121, 125, 126, 129, 131, 134, 144, 145, 146 MODCOM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7, 29 Património . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2, 19, 20, 23, 24, 27, 30, 31, 34, 55, 56, 60, 67, 111 PERU . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7, 30 POLIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7, 29 PPRCHTV . . . 7, 21, 55, 57, 59, 60, 62, 63, 64, 65, 67, 68, 69, 71, 85, 86, 110, 111, 114, 116 Praça Machado Santos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20, 59, 65, 68, 72, 73, 76 PRAUD . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7, 27 PRID . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7, 27 PROCOM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7, 30 PROHABITA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7, 28 PROSIURB . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7, 30 PRU . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7, 27 RCCTE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7, 85


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Reabilitação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4, 5, 19, 20, 21, 23, 24, 25, 26, 27, 28, 30, 32, 33, 34, 35, 55, 56, 64, 67, 68, 71, 73, 110, 118 RECITE/REBUILD . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7, 30 RECRIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7, 27, 28, 29, 67 RECRIPH . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8, 29 Recuperação . . . . . . . . . . . . . 21, 26, 27, 28, 29, 43, 44, 48, 56, 63, 65, 69, 84, 88, 113, 118 REHABITA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8, 28, 67 SOLARH . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8, 28 Sustentabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19, 21, 24, 25

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APÊNDICES APÊNDICE 1 - MAPA DE PATOLOGIAS

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I







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APÊNDICE 2 – PROJECTO DE REABILITAÇÂO

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VII



















































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