O elefante que não era Elefante - redesign

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o elefante que nĂŁo era elefante

MARTA RIVERA FERNER


Aquele elefante estava tolo. Mas muito tolo. Completamente tolo. Tinha quatro patas de elefante, muito grossas e fortes, com as quais, fazia um ruido infernal. Tinha um par de orelhas, muito grandes, com as quais era capaz de escutar os mosquitos quando falavam entre eles. Tinha, além disso, uma bonita cauda com a qual espantava as moscas, que eram muito incómodas. E tinha, também, uma formosa e longa tromba de elefante. Com ela comia e bebia. Com ela banhava-se. Com ela coçava-se.

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Mas, apesar de ter tudo isto de elefante... Ele nĂŁo acreditava que fosse um elefante!

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No primeiro dia, pensou que era um torrão de açúcar e mergulhou em todas as chávenas de chá e de café que lhe apareceram à frente. O chão das salas e o chão das pastelarias ficaram todos sujos. - És um elefante, não és um torrão de açúcar! – disse-lhe o seu amigo, o chimpanzé. - Não! – respondeu o teimoso elefante – Sou um torrão de açúcar porque gosto de chá e de café! - Um torrão de açúcar é pequeno, branco e quadrado e tu és grande, redondo e cinzento – disse o macaco. O elefante ficou um bocado a pensar e depois disse: - Tens razão. Então sou uma abelha!

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E saiu, voando de jardim em jardim, esmagando as flores com o seu enorme peso. Os jardins ficavam que dava pena! - És um elefante, não uma abelha! – disse o crocodilo. - Não! – insistiu o elefante – Sou uma abelha, amarela e zunidora e gosto de fazer mel! - As abelhas voam e têm ferrão e tu não tens asas para voar e nem tens ferrão para picar! O elefante levou três dias seguidos a pensar e depois respondeu: - Tens razão. Então, sou uma lâmpada! E subiu aos candeeiros dos parques e pendurou-se em todas as lâmpadas que encontrou. Os parques ficaram às escuras e as lâmpadas caíram ao chão. - És um elefante, não uma lâmpada! – disse-lhe a coruja. -Não! – respondeu o teimoso do elefante – Sou uma lâmpada porque gosto de brilhar e de iluminar!

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- As lâmpadas são leves e têm luz e tu pesas muitos quilos e certamente que não brilhas nem piscas! – disse a coruja. 8


O elefante levou um mês a pensar e então disse, todo convencido: - Tens razão. Não sou nem um torrão de açúcar, nem uma abelha nem uma lâmpada, mas… Não sou um elefante! E saiu caminhando com as suas patas de elefante, com as suas orelhas de elefante e a sua tromba de elefante. Caminhou muitos, muitos dias e também algumas noites. Desse modo, chegou a uma ilha onde a água era muito azul e o sol brilhava. Meteu-se na água e sentiu-se leve: - Posso voar! – disse para si. Assim, acreditou que era um pássaro que até podia voar pelo fundo do mar. E como ninguém o contrariou, ali ficou, todo feliz e convencido de que nunca fora um elefante e quenunca o haveria de ser.

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DANIELA RUAS | 20150411


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