para reflexão
A QUEM INTERESSA a MINHA IMAGEM? A exposição à mídia dos irmãos Anderson e Émerson e a decisão judicial contra o estado
MARIA ALLINY TORRES
O
ano era 2012. E eu era uma garota cheia de sonhos. Eu não sabia exatamente o que eu queria ser no futuro. Mas eu sabia, com todas as minhas forças, o que eu não queria ser. Concluí o meu ensino médio em um colégio particular e prestei vestibular para várias universidades, tanto federais como privadas. O curso? Jornalismo. Como vocês já devem saber. E acreditem, naquela época, eu tinha a certeza que o jornalismo era uma das ferramentas mais valiosas para colaborar com a formação social de um mundo mais justo e igua-
litário. Fui aprovada na Universidade Federal de Alagoas (UFAL), e em 2013, dei início a uma graduação que me ensinou muito mais do que as teorias da comunicação. Me ensinou a ser gente. E quando eu falo sobre gente, gente de verdade, eu passo a me recordar de tanta gente que me fez perceber que por trás de um bloco de papel e de uma caneta, existe um ser humano, que em muitas vezes, vai dormir pensando no que viu durante o dia. Nos entrevistados, nas cenas, pensando nas perguntas que deveria ter
feito e nas que fez. Pensando nos rostos. Durante a minha graduação, logo no segundo ano, comecei a ter a vivência na prática do que seria ser jornalista. Iniciei o meu estágio em uma redação de jornal online e a partir de então, comecei a ter a experiência de lidar com prazos, entrevistas, pautas, e entre muitas coisas, algo que acontecia quase que diariamente, as coletivas de imprensa promovidas pela Secretaria de Segurança Pública do estado de Alagoas (SSP/AL). E foi, na minha primeira vez estando pre-
sente em uma coletiva de imprensa na SSP, que eu tive a certeza sobre o que eu queria ser. E eu não estou falando sobre ser jornalista de assuntos policiais. E sim, de ser alguém, que muito além da profissão, não se acostumaria com a opressão que o sistema causa sobre uma parcela da nossa sociedade. s pessoas presas eram apresentadas como objetos para os jornalistas que ali estavam presentes. Mas não eram apresentações consentidas. Os presos, em sua maioria homens, entre 18 e 30 anos, negros e per-
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