SNIPER – ATIRADOR DE PRECISÃO
Capitão-Tenente
Elígio
Guimarães de MouraO soldado mais perigoso e o melhor atirador de fuzil é o sniper. Não me refiro ao soldado que é um bom atirador e que é ocasionalmente destacado como um sniper, como é feito erroneamente em muitas forças armadas do mundo. Refiro-me ao verdadeiro sniper, o “lobo solitário”. Ele é mortífero e mais temido do que um tanque ou uma aeronave.
O sniper sustenta sua vida pela sua iniciativa e sua sagacidade, mais até do que seu próprio medo. Isto não está somente em seu fuzil, está bem antes de sua mão, aliada à sua astúcia, que o faz tão mortífero e implacável, até mesmo contra exércitos. Ele pode matar aonde um soldado não pode. E ele pode derrubar o maior deles. Muitos dos chefes vitoriosos, muitos reis lutadores, caíram para o lobo solitário. Muitos generais famosos caíram para
um sniper em Gallipoli. Muitos italianos e alguns entre os melhores generais alemães conhecidos tombaram frente a um sniper russo durante esta guerra, assim como Lord Nelson sucumbiu com um projétil disparado por um atirador francês.
O sniper militar opera em ambiente hostil; espreita a sua presa e é responsável por causar baixas e morte a grandes distâncias. Tem a autoridade de confrontar o inimigo da maneira que quiser e quando quiser. É auto-suficiente, dependendo muito pouco de apoio de outras fontes, e usa seus talentos para evitar detecção.
Chuck Mawhinney é o sniper conhecido como campeão de mortes no Vietnã, com 103 inimigos eliminados e outras 216 mortes não catalogadas; atualmente, é instrutor de tiro e muito procurado nos círculos
militares para descrever técnicas, emoções e como realizava suas emboscadas. Nenhum outro soldado norte-americano teve tantas mortes de vietcongues e soldados do Exército Norte-Vietnamita – “Era o supra-sumo da caçada: um homem caçando outro homem que o estava caçando”.
Em meio à guerra, o sniper é designado para molestar, intimidar e desmoralizar o inimigo, fazer com que ele receie sair em campo aberto e negar-lhe a chance de descansar e reagrupar-se. Mawhinney com freqüência matava a uma distância de 300 a 800 metros e tem mortes confirmadas a mais de mil metros; ele possuía fantástica capacidade para medir distâncias, umidade, condições meteorológicas e terreno – fatores que influenciam na trajetória do projétil.
A lembrança mais vívida de Mawhinney é a do único homem que escapou de sua mira. A 300 metros de distância, ele viu um homem que trajava pijama de camponês andando à beira de um canal de arrozal.
Observou melhor: o homem portava um fuzil à bandoleira. “Disparei um tiro e errei.... Ele se voltou e olhou diretamente para mim, numa incredulidade total. Fiquei pensando: por que esse desgraçado ainda está vivo? Então, lembrei que um armeiro havia mexido em minha mira telescópica sem autorização e com certeza alterou a precisão da minha arma, não havia dúvida. O alvo começou a correr. Snipers encaram isso como desafio. Nós temos um lema: Não se preocupe em correr, pois vai morrer cansado. Atirei para a esquerda, para a direita, atirei para
cima, para baixo, mas finalmente ele dobrou uma esquina e desapareceu. Jamais esquecerei aquele olhar....”.
No Grupamento de Mergulhadores de Combate (GRUMEC), os snipers são empregados em ações de apoio de fogo, provendo a segurança das equipes de operações especiais em diversos ambientes, aumentando seu poder combatente. Também são empregados nas ações do Grupo Especial de Retomada e Resgate (GERR/MEC), em que atuam protegendo os elementos que irão retomar um navio ou instalação marítima.
A seleção e preparação de um sniper depende de muitos fatores que, combinados, têm de fornecer um indivíduo com boa pontaria, autocontrole, disciplina, organização e procedimentos. Estes fatores nascem
com o atirador e o treino contínuo propicia uma evolução dessas habilidades até que ele esteja realmente pronto para matar.
Para o sniper, tudo torna se divertido numa guerra. Mas isso é como tocar um violino ou andar de bicicleta – parece ser bastante fácil até aprendermos como realmente se faz. Muitos companheiros descobriram isso pagando um certo preço – com um projétil atravessando o seu pescoço – tentando jogar antes de conhecer as regras. Isto é um jogo, o melhor na guerra, e somente aqueles jogadores que nela têm sucesso, jogam-no completamente envolvidos, com o coração, para seus compatriotas e, não, para os outros.