Arte em Portugal

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Arte

Hist贸ria e Cultura das Artes


Índice Séc. XVIII

Séc. XVII

03 07 11 16

Barroco Pintura Escultura Arquitetura

Rococó Pintura Escultura Arquitetura

Neoclássico Pintura Escultura Arquitetura

Romantismo Pintura Escultura Arquitetura

Professora | Maria José

Séc. XIX

20 23 26 32

Séc. XXI

Séc. XX

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Naturalismo Pintura Escultura

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Revolução Industrial Arquitetura do Ferro Arte Nova

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Modernismo Pintura Escultura Arquitetura

Neorrealismo Pintura

Surrealismo Pintura

Abstracionismo Pintura

Expressionismo Pintura

Aluna | Daniela Dourado

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em Portugal | Séc. XVII - XVIII

Professora | Maria José

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PINTURA A Pintura foi marcada pelo tenebrismo espanhol e depois por obras italianas. Nos pintores, destacaram-se mais, Josefa de Óbidos, que foi influenciada por Caravaggio e La Tour, André Gonçalves e Vieira Lusitano. O Azulejo foi muito importante nesta época, revestindo grandes superfícies parietais, tornando panos cenográficos. Usado como revestimento decorativo, teve também uma forma narrativa, contando histórias, com quadros trabalhados em perspetiva e com efeitos ilusionísticos (trompe-‘loeil). No cromatismo usou-se o azul e o branco, como cores dominantes, e o amarelo, numa fase posterior. Trataram temas religiosos, como cenas bíblicas e vida dos santos, e profanos, com cenas mitológicas, da corte e do quotidiano.

Josefa de Óbidos Santa Maria Madalena 1650-55, Óleo sobre a tela

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ESCULTURA A Escultura teve, inicialmente, influências espanholas, porém a estatuária do tempo de D. João V, apresenta já influências italianas, sobretudo a que se encontra realizada para o Palácio/ Convento de Mafra. Mas foi a Talha dourada e policromada, a mais genuína e característica da Barroco em Portugal. Muito prolixa e exuberante, foi o complemento decorativo de interiores arquitectónicos, revestindo todas as superfícies, como em altares, paredes e tetos, e organizando os espaços pelo emolduramento das áreas reservadas à pintura e ao azulejo, chegando a construir um todo cénico. Alguns exemplos são as igrejas de São Francisco e de Santa Clara no Porto.

Interior da Igreja de Santa Clara Porto Século XVIII

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ARQUITETURA A Arquitetura barroca portuguesa definiu-se por um prolongamento do Maneirismo tarde e, posteriormente, misturou características internacionais com elementos nacionais. Esta foi feita por portugueses como João Nunes Tinoco e João Antunes, e por estrangeiros como Nicolau Nasoni. Este autor conjugou as características italianas com o gosto português e a expressão própria da pedra granítica da região norte onde trabalhou. São exemplos a Igreja do Bom Jesus de Matosinhos e a Igreja e Torre dos Clérigos. Nos Palácios, os mais significativos são o Solar de Mateus em Vila Real, o Palácio do freixo no Porto, e o Palácio de Fronteira em Lisboa, de um autor desconhecido que também é do mesmo estilo.

Palácio do Freixo Porto Século XVIII

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em Portugal | Séc. XVIII

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PINTURA A pintura do Rococó não teve grande expressão em Portugal. No entanto, houveram alguns pintores que se destacaram, entre os quais, Pedro Alexandrino, designado por ‘fa presto’ por aceitar qualquer tipo de encomenda e executar com rapidez. Ele trabalhou na região de Lisboa, na decoração das igrejas e em alguns dos tetos do Palácio de Queluz. Outros pintores que se destacaram foram Pascal Parente, autor do fresco da cúpula da Igreja do seminário de Coimbra, e o italiano Giovanni Grossi que pintou o teto da nave da Igreja de Santa Catarina, em Lisboa. A arte da azulejaria reflectiu a estética do Rococó, na produção entre 1735 e finais do século. A sua influência reflectiu-se no regresso à policromia, com o amarelo suave e assumir lugar de destaque entre cores mais usadas. Nos temas, encontram-se as cenas galantes e os motivos naturalistas como grinaldas, aves e conchas.

Autor desconhecido Cena Palaciana Palácio de Queluz Finais do século XVIII, painel de azulejos

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ESCULTURA A escultura do Rococó entrou em Portugal através de artistas da chamada “Escola de Mafra” e pelo talento de Machado de Castro, o mais destacado escultor português deste período. São da sua autoria algumas grandes peças executadas na época, como a Estátua Equestre de D.José I, Terreiro do Paço, em Lisboa, contudo, os seus trabalhos mais originais são as pequenas figurinhas de barro policromado para compor presépios. Em Lisboa, conhecem-se o da Sá Patriarcal, o da Igreja de São Vicente, o da Igreja da Estrela e o do Marquês de Belas, para além de outros elaborados pela família real. Homem culto, Machado de Castro foi também teórico e professor, tendo criado, em Lisboa, uma oficina-escola.

André Soares e José Alvares de Araújo Altar de Nossa Senhora do rosário Retábulo em talha dourada 1760, Igreja de São Domingos, Lisboa

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ARQUITETURA Na arquitectura do Rococó, um dos nomes mais importantes é André Ribeiro Soares da Silva, autor dos projectos da Câmara Municipal e da Casa do Raio, ambos em Braga, da Capela de Santa Maria Madalena, na Falperra. As suas obras apresentam uma perfeita correlação interior e exterior, e são portadoras de uma decoração flamejante, com conchas e outros motivos naturalistas. Outro exemplo do Rococó do Norte encontra-se no Santuária de Nossa Senhora dos Remédios, em Lamego, onde as esculturas do escadório e das fontes estão marcadas pela estética rocaille. Mais a Sul, o Palácio de Queluz, que apresenta exemplos da arte rococó na decoração interior, nas balaustradas e em alguma estatuária decorativa, a despeito da estrutura barroca e de outras influências estilísticas. A Sala do Trono, é a mais nobre e bela do palácio.

André Soares Casa do Raio 1754, Braga

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em Portugal | Séc. XVIII - XIX

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PINTURA A pintura Neoclássica entrou em Portugal pela miniatura e pela decoração arquitectónica de tetos e sofitos, nos palácios de Mafra e de Ajuda. Mas foi na pintura sobre tela que sobressaíram os maiores pintores deste período: Domingos Sequeira e Vieira Portuense. Na pintura de Vieira Portuense, encontram-se influências italianas, de Caracci e Ticiano, e inglesas, na visão colorista da paisagem que antecede o Romantismo. O seu estilo caracteriza-se pelo desenho de grande correcção formal, pelo uso de tons claros e pouco contrastantes e pelas composições de estrutura nitidamente neoclássica. Trabalhou temáticas religiosas (de luminosidade mística), mitológicas, históricas, paisagísticas e o retrato. Entre as suas obras destaca-se D.Filipa de Vilhena armando seus filhos cavaleiros. Domingos Sequeira iniciou-se como pintor neoclássico, mas ao longo do tempo, evoluiu para o Romantismo, chegando a “uma visão impressionista do desenho”. Pintou obras religiosas, alegóricas e históricas, mas foi como retratista que mais se destacou. Defensor das ideias liberais, teve uma vida acidentada que o levou ao exílio em Paris. Aí, no célebre Salon de 1824, no Louvre, onde participaram Géricault, Delacroix e outros, expôs duas telas, tendo recebido uma medalha de outro por uma das telas, A Morte de Camões, hoje desaparecida. As suas obras-primas não são as de cariz neoclássico, mas as que se integram já no período seguinte, com uma série de esboços onde o tratamento da cor e da luz, são próximo do de Goya.

Vieira Portuense D.Filipa de Vilhena Armando seus Filhos Cavaleiros Óleo sobre a tela, 1801

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ESCULTURA A escultura Neoclássica portuguesa iniciou-se sob influências de duas oficinas: as obras do Convento de Mafra, que se arrastavam bastante no tempo, e as do Palácio da Ajuda. Nelas trabalharam dois escultores responsáveis por essa introdução: Machado de Castro, em Mafra ainda sob a estética do Rococó e Pombalina; na Ajuda, já com expressão classicista, e João de Aguiar, o melhor representante da escultura deste período em Portugal. João José de Aguiar foi escultor de grande habilidade e conhecimento. Estudou em Roma, onde conheceu Canova e visitou o seu ateliê. Obedecendo à estética neoclássica, as suas obras são figuras hirtas, de rostos inexpressivos e vestes de pregueados finos. São de sua autoria, entre outras, as esculturas Lealdade e Consideração do Palácio da Ajuda, o Monumento a D.Maria II, em frente ao Palácio de Queluz e a estátua do futuro D.João VI, considerada a melhor obra. Alguns dos escultores portugueses deste período foram também teóricos, como Machado de Castro e Cirilo Volkmar Machado. Este escreveu Coversações Sobre a Pintura, Escultura e Arquitetura e Coleção de Memórias, relatando a vidas dos pintores, escultores, arquitetos e gravadores portugueses e estrangeiros que trabalharam em Portugal.

CJoão José de Aguiar D.João VI Hospital da Marinha, Lisboa Mármore, 1823

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ARQUITETURA A arquitectura conheceu duas influências principais: a italiana, predominante na região lisboeta e chegada através de bolseiros portugueses em Roma e de artistas italianos a trabalhar em Portugal; e a inglesa, de cariz mais neopalladiano, predominante na região do Porto e trazida directamente de Inglaterra pela numerosa colónia britânica desta cidade ligada ao comércio do vinho do Porto. Por esta razão, o Porto foi o primeiro centro de arquitectura neoclássica portuguesa onde se pode destacar, entre outros, os seguintes edifícios: O Hospital de Santo António, cujo projeto terá sido encomendado pelo cônsul britânico no Porto, John Whitehead, também artista e arquitecto por vocação; A Feitoria Inglesa, encomendada e projectada por John Whitehead, e que revela influências do estilo Adam nos interiores; A Igreja da Ordem Terceira de São Francisco, obra de António Pinto Miranda, considerada a jóia do Neoclassicismo português; O Palácio das Carrancas, hoje Museu Soares dos Reis, de autoria do arquitecto Joaquim da Costa Lima, que também projectou o Palácio da Bolsa, encomendada pela Associação de Comerciantes da cidade; E as obras portuenses de Carlos Amarante, o maior arquitecto neoclássico do Norte: a Igreja da Ordem da Trindade e a Academia Real da Marinha e Ciências, hoje Reitora da Universidade do Porto. Carlos Amarante, que foi um autocadidata, deixou muitas obras dignas de reparo como a Igreja do Pópulo e a remodelação da Igreja do Bom Jesus do Monte, ambas em Braga, a Ponte de Amarante e numerosas casas particulares. Em Lisboa, onde o Neoclassicismo foi mais tardio, destaca-se sobretudo a obra de dois arquitetos: o português José da Costa e Silva, autor de projectos do edifício do Erário Régio, que não chegou a completar, e do Teatro de São Carlos, inspirado no Teatro della Scala de Milão; e o italiano Francisco Xavier Fabri, que, com o português Costa e Silva, riscou a maior obra neoclássica da capital, o Palácio da Ajuda, destinado a moradia régia.

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Na capital são ainda de mencionar os seguintes edifícios: o Teatro Nacional de D.Maria II, obra do italiano Fortunado Lodi, e a Assembleia da República, exConvento de São Bento da Saúde, remodelado por Ventura Terra já no início do século XX.

John Carr Hospital de Santo António 1770, Porto

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em Portugal | Séc. XIX - XX

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PINTURA A estética romântica entrou tardiamente na pintura portuguesa, chegada por influência de alguns artistas estrangeiros a trabalhar no país. Nunca possuiu um programa consistente nem objectivos concretos, manifestando-se, sobretudo, na pintura de género e de paisagens, pelo que se confundiu com o Naturalismo. Deste modo, nunca chegou a obter o “brilho” da literatura do mesmo período no nosso país, à qual marcou posição na cultura europeia ocidental. Entre as temáticas mais praticada estão: a pintura histórica, baseada sobretudo na História medieval ou em episódios nacionalistas; a pintura de género, inspirada principalmente na vida rural e nos costumes populares, como procissões e romarias; a paisagem; e o retrato. Entre os autores, salientam-se: Augusto Roquemont, estrangeiro naturalizado, cuja, pintura se inspira em temas da vida popular e tradicional portuguesa, como as procissões; Luís Pereira Meneses, excelente retratista; Tomás da Anunciação, pintor de temas rurais e campestres, que faz a transição para o Naturalismo; João Cristino da Silva, pintor de género e notável paisagista; Leonel Marques Pereira, que pintou costumes populares em telas de pequena dimensão; Francisco Metrass, com temas retirados da História Medieval portuguesa e outros de nítido dramatismo romântico; Miguel Ângelo Lupi, de transição para o Realismo; Alfredo Keil, também de transição para o Realismo.

Luís Pereira Meneses D.Carlota, Viscondessa de Meneses Óleo sobre a tela, 1862

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ESCULTURA Em Portugal, apesar da forte tradição académica neoclássica, distinguem-se como intérpretes da plástica romântica os seguintes escultores: Vítor Bastos, que exaltou heróis e figuras nacionais como Camões, símbolo da pátria, concedendo-lhe notável expressão emocional; Costa Mota Tio, que foi autor de monumentos como os que são dedicados a Afonso de Albuquerque, ao poeta do Chiado, a Maria da Fonte e outras figuras nacionais; E Anatole Calmels, francês que se estabeleceu em Portugal e aqui deixou obras e estátua equestre de D.Pedro IV, no Porto.

Vítor Bastos Monumento a Camões 1856-57, Praça Luís de Camões, Lisboa

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ARQUITETURA O Romantismo surgiu em Portugal pela vontade de D.Fernando de SaveCoburgo-Gotha, segundo marido de D.Maria II, e do seu compatriota barão de Eschwege, respectivamente encomendador e arquitecto do Palácio da Pena, em Sintra. Os revivalismos tiveram, em Portugal, um carácter vincadamente nacionalista, evocando as épocas áureas da História do país, como a dos Descobrimentos com o Neomanuelino, ou a do início da nacionalidade com o Neorromânico. O Neomanuelino inspirou restauros como o do Mosteiro dos Jerónimos, executado pelo arquitecto italiano Luigi Cinatti, e obras de raiz como a da Estação do Rossio, em Lisboa, e a do Palácio do Buçaco. Em Sintra foi construído numa istura de Neogótico e Neomanuelino, o Palácio da Regaleira, obra de Luigi Manini para o Dr. Carvalho Monteiro, já no século XX. Os exotismos apareceram na segunda metade do século XIX e tiveram incidência na encomenda privada. Foram utilizados na Praça de Touros do Campo de Monserrate, em Sintra, com projeto de James Knowles. Na decoração interior, o destaque vai para o Salão Árabe do Palácio da Bolsa do Porto. No final do século XIX e início do século XX, divulgaram-se os eclectismos usados na arquitectura pública e privada e dos quais se destaca a Igreja de Santa Luzia, em Viana do Castelo, projectada pelo arquitecto português Ventura Terra, que aí misturou influências neorromânticas e neobizantinas.

James Knowles Palacete de Monserrate 1863-1887, Sintra

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em Portugal | Séc. XIX - XX

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PINTURA Entre os finais do século XIX e inícios do século XX, o país sofreu várias perturbações: crise económica de 1889-92, ditadura de João Franco, Ultimato Inglês, Regicídio e a Implantação da República em 1910; que contribuíram para a estagnação estrutural e se reflectiram nas artes atrasando a entrada de novas correntes, como o Realismo, o Naturalismo e o Impressionismo. Na pintura, o Naturalismo foi a corrente que maior aceitação teve, fazendo a transição do Romantismo para o Modernismo. Mas foi um naturalismo sentimental e romântico que sobreviveu até meados do século XX. Os pintores que mais se destacaram foram: Silva Porto e Marques de Oliveira, que estiveram em França como bolseiros, tendo aí entrado em contacto com os pintores da “Escola de Barbizon”, com os realistas e os impressionistas, dos quais sofreram algumas influências. Contemporâneos, destes pintores foram José Malhoa, Henrique Pousão, Columbano, Sousa Pinto, António Ramalho e Aurélia de Sousa, entre outros.

José Malhoa O Fado Óleo sobre a tela, 1910

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ESCULTURA Na escultura, o Naturalismo vingou no final do século XIX com Soares dos Reis, Simões de Almeida e Teixeira Lopes. Tal como na pintura, manifestou-se pelo compromisso estabelecido entre o classicismo académico e uma maior liberdade temática e expressiva. O escultor mais notável foi Soares dos Reis. Estudou em Paris e Roma. Em Portugal fundou o Centro Artístico Portuense e foi um insigne professor na Academia Portuense de Belas Artes. A sua obra está marcada pelo Romantismo e pelo Naturalismo vigentes, com influências clássicas nas técnicas e na composição. As suas peças denotam uma modelação suave, que os jogos de luz e sombra potenciam. O autor foi capaz de fixar no mármore e atmosfera e os sentimentos do ser humano. Teixeira Lopes foi discípulo de Soares dos Reis e professor da Academia de Belas Artes do Porto. Foi um retratista invulgar que soube explorar todos os meios para evidenciar o carácter dos retratados. Os temas ligados à infância foram por si explorados, como no caso da figura bíblica de Caim.

Soares dos Reis O Desterrado Mármore, 1871-75

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em Portugal | Séc. XX

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ARQUITETURA DO FERRO A arquitetura da Revolução Industrial foi relativamente tardia em Portugal. Os primeiros exemplos apareceram no edifício de Companhia de Fiação e Tecidos Lisboense, no Palácio de Cristal do Porto e na Gare da Estação de Santa Apolónia, em Lisboa. Tal como na restante Europa, o ferro foi utilizado sobretudo na arquitetura utilitária, em estações dede caminhos de ferro, mercados, pontes, armazéns, estufas e outros edfifícios públicos, e aplicado em vigas estruturantes – colunas, pilares e tirantes – armações e coberturas de edifícios. Aparece conjugando com materiais tradicionais e trabalhando com desenhos e formas revivalistas, contribuindo para a expansão da arquitetura eclética. Na viragem do século XIX para o século XX, o avanço da industrialização no país contribuiu para o aparecimento de numerosas obras onde esta arquitetura se evidenciou. São exemplos a Estação e Túnel do Rossio em Lisboa, a Estação de São Bento no Porto; as pontes metálicasde D.Maria II e de D.Luís, a primeira construída pea empresa de Gustave Eiffel e ambas situadas no Porto; mercados como o Mercado das Flores (Ferreira Borges) e o do Bolhão no Porto, e o da Praça da Figueira em Lisboa; salas de espetáculo como o Coliseu dos Recreios em Lisboa; salões como a Sala de Portugal na Sociedade de Geografia, em Lisboa; cobertudas como a do Palácio das Nações no Palácio da Bolsa no Porto e a do Casino da Figueira da Foz; grandes armazéns como o do Grandela em Lisboa; elevadores como o de Santa Justa em Lisboa; e uma série de lojas, garagens, quiosques e fábricas. Gradualmente, este tipo de construções foi-se imponde pela sua rapidez de montagem e economia de meios, até ser substituído, já nas primeiras décadas do século XX, pelo betão armado.

Ponte Ferroviária de D.Maria I 1876, Porto

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ARTE NOVA A Arte Nova surgiu em Portugal também tardiamente, influenciada pelos modelos europeus, em especial o francês. De pouca duração, foi aplicada em prédios de burguesia urbana, sobretudo nas principais cidades como Porto, Aveiro e Lisboa. Não tendo traçados estruturais nem volumetrias próprias, integrou-se na arquitectura tradicional através do uso de certos materiais e técnicas, e principalmente, dos pormenores decorativos. Nestes, desenvolveu-se a serralharia artística em portões, em gradeamentos de varandas, de escadarias e de janelas. Proliferou, igualmente, a escultura decorativa feita em cantaria ou em massa de cimento, em formas como florões, arabescos e outros relevos que ocupam, parcial ou totalmente, as fachadas, concentrados nas molduras de portas e janelas. Exemplos de construções, neste estilo, são chamados “palacetes dos brasileiros”, moradias de emigrantes regressados ricos, que abundavam sobretudo no Norte do país. Em Lisboa, são conhecidas as fachadas da Padaria Inglesa e do Animatógrafo do Rossio. Os princípios estéticos da Arte Nova revelaram-se, também, na pintura, na cerâmica e na ourivesaria. O azulejo usou-se quer na função publicitária, quer como mero revestimento decorativo das fachadas. Aqui, os temas são históricos ou de carácter naturalista, aplicados em frisos horizontais e verticais, estandardizados, preenchendo cimalhas e arquitraves. As cores ora são vivas e garridas (cores saloias), ora favorecem os tons pastel. Embora passageira, a Arte Nova fez nascer o Modernismo e abriu caminho ao gosto de Art Déco.

Animatógrafo do Rossio 1907, Lisboa

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em Portugal | Séc. XX

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PINTURA O Modernismo português fixou-se primeiro nos modelos do movimento simbolista e, mais tarde, no movimento expressionista. António Carneiro, foi o maior representante do simbolismo português, fortemente influenciado pelo misticismo de Puvis de Chavannes, dos Nabis e de Munch. O Naturalismo e o Expressionismo levaram a pintura portuguesa a uma acentuação da forma, à simplificação do contorno, à valorização das cores contrastadas, o que resultou na aproximação do fundo e figura, anulando a proximidade e a perspetiva. Amadeu de Souza-Cardoso, o autor mais internacionalizado deste período, possui uma obra que se caracteriza por um experimentalismo muito pessoal, sob influência dos movimentos artísticos de vanguarda e dos seus autores, com os quais relacionou aquando a sua estada em Paris. Aí teve contacto com o Naturalismo, o Expressionismo, o Cubismo, o Futurismo e o Abstracionismo. Participou em várias exposições internacionais das quais se destaca o Armory Show, onde apresentou oito telas, das quais vendeu sete. Artista ao mesmo tempo inquieto e ecléctico, soube associar da forma criativa características dos vários movimentos, construindo uma obra muito pessoal e inovadora. O próprio considerava ser de tudo um pouco – impressionista, cubista, futurista e abstraccionista. Mas era, sobretudo, autêntico e apaixonado pelo movimento, pela velocidade e pela febre da vida moderna. Santa-Rita Pintor já em 1912 se dizia pintor futurista, tendo sido considerado “um pintor fantástico e um insuportável vaidoso”, reflexo da sua complexa personalidade. Da sua obra (que mandou destruir antes de morrer) resta apenas a Cabeça. Foi um “agitador de ideias, um inovador do campo estético” e o organizador da revista Portugal Futurista em 1917. Proclamava: “futurista declarado há só um, que sou eu, Santa-Rita” e como tal agia. Procurou a originalidade, a diferença e uma linguagem que exprimisse a simultaneidade de estados de alma. Almada Negreiros teve um papel importante na cena pública. De personalidade original, fez o seu percurso artístico passando da Arte Nova à Abstração. Teve ação preponderante no Futurismo, como poeta, ensaísta, cenógrafo, bailarino, caricaturista, pintor e dinamizador, nomeadamente das revistas Orpheu e Portugal Futurista, entre outras. Esteve em Paris e quando voltou participou, juntamente com Eduardo Vieira, Pacheko, José Barradas e Stuart Carvalhais, na decoração de novos Professora | Maria José

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espaços como A Brasileira de Chiado e o Bristol Club, em Lisboa. Nos anos 30 viveu e trabalhou em Espanha. Em 1935 voltou ao país, executando diversas obras: os vitrais da Igreja de Nossa Senhora de Fátima, em Lisboa; os frescos do Diário de Notícias; e os murais das gares marítimas de Alcântara e da Rocha de Conde de Óbidos, entre muitas outras obras. Participou na Exposição do Mundo Português, com obras de gravura incisa sobre calcário. O seu painel Começar encontra-se na Fundação Calouste Gulbenkian. O Primeiro Modernismo foi corporizado por estes autores, pelas revistas Presença e Seara Nova e por pintores como Carlos Botelho, Dórdio Gomes, José Tagarro; por escultores como Jorge Barradas, Barata-Feyo, Diogo de Macedo; e pelos arquitetos Carlos Ramos e Jorge Segurado. A vitalidade e inovação destes autores estagnou logo que o Secretariado da Propaganda Nacional impôs um pensamento conservador. O Segundo Modernismo ganhou estatuto como arte tutelada pelo Estado. Usou temáticas nacionalistas, ruralistas, de pendor sentimental. A representação é figurativa e as cores claras e calmas. A partir de 1940 alguns artistas emigraram, outros optaram por uma situação discreta que lhes permitiu conhecer e acompanhar novidades artísticas internacionais. Surgem novos grupos como: os do Expressionismo, do Neorrealismo, do Surrealismo, do Abstracionismo e do Neofigurativismo. Organizavam-se também exposições num espírito de oposição ao Estado Novo, estimuladas pelo desejo de uma participação democrática na vida política e cultural portuguesa.

Almada Negreiros Auto-retrato num Grupo Óleo sobre a tela, 1925

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ESCULTURA Tal como aconteceu com a pintura, também a escultura sofreu a mesma submissão às exigências da encomenda pública e às conceções ideológicas dominantes. A aproximação ao Modernismo fez-se a partir dos anos 50 do século XX com o Surrealismo, o Neorrealismo e o Abstracionismo. De entre os escultures deste período salientam-se: Francisco Franco, que desenvolveu o expressionismo e a monumentalidade, com a estátua de Gonçalo Zarco, no Funchal, e Estátua Equestre de D.João IV, em Vila Viçosa; Diogo Macedo, que foi escultor de feição clássica; Canto da Maya, que foi o mais original; Leopoldo de Almeida, autor do Padrão dos Descobrimentos, cuja estética é de recorte nacionalista: Salvador Barta-Feyo, escultor de um “realismo simbólico e expressionista, marcado também, pela obra de Rodin”; Jorge Vieira, que sofreu influências múltiplas que vão desde o Simbolismo ao Surrealismo e ao Abstracionismo; e Marcelino Vespeira, um escultor surrealista.

Leopoldo de Almeida Padrão dos Descobrimentos 1940-60, Lisboa

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ARQUITETURA A arquitetura sofreu múltiplas tendências artísticas e por vezes contraditórias. Uma delas foi a formulação da Casa Portuguesa que simbolizava os valores tradicionais tão defendidos pelo arquiteto Raul Lino. Uma outra tendência, pouco antes do Modernismo, foi a que perseguiu a arquitetura e a decoração oitocentista, sobretudo em Lisboa e Porto. Concretizou-se em prédios de arrendamento de cerca de seis andares, com fachadas monótonas, cobertas de azulejos, com decoração Arte Nova, e as traseiras feitas em ferro e vidro, com pretensões a copiar luxos dos seus congéneres estrangeiros. Manifestou-se, também, em bairros sociais e operários como as ilhas operárias do Porto e as vilas e pátios populares de Lisboa. Arquitetos de renome foram: Adães Bermudes, Marques da Silva e Ventura Terra, que foram autores de vários liceus, maternidades, bancos, armazéns e teatros. A outra tendência, já no Modernismo, basearam-se em influências francesas, italianas e alemãs e que se caracterizavam, pela procura da originalidade, pela libertação em relação à gramática decorativa, clássica e académica; pela simplificação e geometrização das formas; e por uma decoração segundo o gosto Art Déco. Os arquitetos desta tendência usaram o racionalismo construtivista e funcionalista de Le Corbusier e do grupo da Bauhaus recorrendo a novos materiais como o betão e ao uso de elementos estandardizados. Cassiano Branco fez inúmeras obras em Lisboa, no Porto e em Angola, e o complexo de Portugal dos Pequeninos em Coimbra. Paralelamente houve um “arquitetura nacional”, lançada pelo Estado e baseado no ideário artístico e político defendido por António Ferro. Esta arquitetura utilizou tecnologias modernistas, submetidas às doutrinas e símbolos historicistas, classicizantes e regionalistas. Construiu equipamentos sociais e prédios de renda, utilizando formas monumentais, austeras, simétricas, com vocabulário clássico, de modo a incutir o sentido de autoridade e de ordem. Os exemplos mais importantes encontram-se em Cristiano da Silva, Pardal Monteiro, Carlos Ramos, Jorge Segurado, em Lisboa, e Rogério de Azevedo, no Porto. Após o fim da Segunda Guerra Mundial, os arquitetos organizaram-se e fizeram a contestação ao regime por meio das suas associações. Realizou-se o 1º. Congresso Nacional dos Arquitetos, em 1948, e questionou-se o Estilo Internacional. Professora | Maria José

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Keil do Amaral esteve na linha da frente desta luta, defendendo uma arquitetura fundada numa estética ruralista, de volumetrias simples, num entendimentos da casa portuguesa e da arquitetura popular. Foi o autor do Aeroporto de Lisboa, em 1943. Nos anos 50 construíram-se numerosos bairros em Lisboa. No Porto, o Modernismo sobreviveu pelo traço de Viana de Lima, Arménio Losa, Cassiano Barbosa e Agostinho Ricca. Wright e Aalto foram as grandes referências das novas gerações de arquitetos. A partir dos anos 60, Keil do Amaral, Teotónio Pereira e Fernando Távora foram os arquitetos referenciais da arquitetura moderna portuguesa.

Cassiano Branco Coliseu 1938, Porto

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em Portugal | Séc. XX

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PINTURA O Expressionismo português usou como temáticas principais a expressão da dor quotidiana como em Eloy e a sátira À burguesia como em Alvarez e Júlio Pereira Reis, através do esquematismo da figura e da estridência da cor; usou cores vivas e elementos decorativos populares, como em Sarah Afonso. Mário Eloy esteve em França e na Alemanha, onde expôs ao lado de Picasso, Braque e Chagall. Foi autor de desenhos feitos a lápis, à pena e tinta, onde é realçada a luz e a expressão das cores, de tons finos. Dominguez Alvarez considerava a arte como transformadora das sociedades, como “qualquer coisa que grita, que nos abre a sensibilidade.” A paleta dos seus quadros é baça e as formas quase sem volume. Usou linhas serpenteadas e alongadas, maneiristas à El Greco, com contornos cerrados, sólidos e irreais e, estranhas perspetivas, transfiguradas pela luz.

Mário Eloy O Poeta e o Anjo Óleo sobre a tela, 1948

Professora | Maria José

Aluna | Daniela Dourado

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em Portugal | Séc. XX

Professora | Maria José

Aluna | Daniela Dourado

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PINTURA O Neorrealismo surgiu nos finais dos anos 30 e teve como objectivo a critica à realidade social, tendo por base a ideologia de inspiração marxista do “realismo socialista”. Esteve filiado na mesma linha ideológica das pinturas mexicanas e brasileiras desta corrente, presentes na Exposição do Mundo Português. As temáticas foram as que se aproximavam do mundo do trabalho, dos camponeses e dos operários, com sentido didáctico, oposto ao da arte oficial. Os pintores que mais se destacaram foram Júlio Pomar, Vespeira, Moniz Pereira e Fernando Resende que, apesar de ser um expressionista, pintou durante algum tempo de modo neorrealista.

Júlio Pomar O Almoço do Trolha Óleo sobre a tela, 1947

Professora | Maria José

Aluna | Daniela Dourado

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em Portugal | Séc. XX

Professora | Maria José

Aluna | Daniela Dourado

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PINTURA O Surrealismo português organizou-se como movimento a partir de 1940, atraindo muitos artistas pelas novas ideias propostas. Ao mesmo tempo que o regime inaugurava a Exposição do Mundo Português, era organizada a 1º. Manifestação Surrealista preparada por António Pedro, António Dacosta e a escultora inglesa Pamela Bodin. Em 1947, era constituído o Grupo Surrealista de Lisboa, com alguns dos artistas mais conhecidos do Neorrealismo como Vespeira, ao qual se juntaram Cândido Costa Pinto, Cruzeiro, Fernando Azevedoe depois, Mário Césariny. Os pintores surrealistas tinham um “Gosto da pintura que vai além das coisas ou daquela em que as coisas são mais do que elas mesmas”.

António Pedro A Ilha do Cão Óleo sobre a tela, 1940

Professora | Maria José

Aluna | Daniela Dourado

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em Portugal | Séc. XX

Professora | Maria José

Aluna | Daniela Dourado

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PINTURA

Mais tarde, Carlos Calvet, Jorge Oliveira, Nadir Afonso, Jorge Vieira e especialmente Vieira da Silva deram início ao Abstracionismo, que já fora introduzido por Amadeo, Santa-Rita pintor e Almada Negreiros. Ao Abstracionismo, pertenceram ainda Júlio Resende, Vespeira, Pomar e, sobretudo, Fernando Lanhas, o artista mais original e o mais desirmanado. A sua originalidade sobressai pela paleta sóbria e pelas formas milimetricamente organizadas. A sua obra pictórica percorre o abstraccionismo geométrico e construtivo.

Vieira da Silva Paris à Noite Óleo sobre a tela, 1951

Professora | Maria José

Aluna | Daniela Dourado

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