Disciplina CS043 – Projeto em Narrativas Digitais – 2º Sem. 2014 Beatriz Massaioli Franco dos Reis RA 135072 Juliana Aliberti Costa RA 139558 Patricia Bento Rosa RA 137210 Daniel Paz de Araujo RA 151632
Unicamp laboral: identidade e memória A complexidade funcional exigida por uma instituição do porte e importância da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) só pode ser atingida através da diversidade, competência e comprometimento de um enorme conjunto de pessoas que exercem as mais variadas atividades dentro e fora do Campus. Em todos os níveis hierárquicos organizacionais da instituição, desde a reitoria até os serviços de manutenção das instalações existem pessoas, no papel de trabalhadores, que passam grande parte do seu dia realizando atividades laborais fundamentais para garantir a operação adequada da Universidade, seja em um âmbito mais amplo e evidente, ou mais restrito e discreto. Devido às obrigações trabalhistas que essas pessoas têm com a Unicamp, considerando principalmente as peculiaridades de cada atividade profissional bem como o tempo vivido dentro da instituição, são criadas novas e diferentes relações entre tais indivíduos e seus lugares de trabalho. Para Marx e Engels (2007), “O homem é o que faz e como faz. [...] O que os indivíduos são, portanto, depende das condições materiais de sua produção.” Estas relações possivelmente afetam a vida particular destas pessoas, levando-as a perceber questões que até então não eram consideradas. A identidade é a referência, o ponto original relativamente ao qual se define a diferença, ou seja, aquilo que somos e que não somos (SILVA, 2000). Além das influências culturais, sociais, políticas, econômicas e tecnológicas, a construção da identidade do homem contemporâneo está diretamente relacionada com seu trabalho como uma categoria central. Lima (2007) descreve os resultados diretos da relação do trabalho com a identidade individual: ●
é a base essencial para a construção da identidade;
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os indivíduos se reconhecem como agentes sociais;
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as atividades não remuneradas não suprem este papel, mesmo vistas como trabalho;
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a perda do trabalho provoca rupturas na identidade e ausência de referência. Segundo Pollak (1989), as memórias surgem conforme as circunstâncias, possibilitando
uma permanente interação entre o que foi vivido, aprendido ou transmitido. Ainda de acordo com Pollak (1992) os elementos constitutivos da memória individual ou coletiva são os acontecimentos vividos pessoalmente, os vividos pela coletividade à qual a pessoa nem sempre se sente pertencer, além de personagens que não pertenceram necessariamente ao espaço-tempo da pessoa.
Assim, considerando a importância da profissão na construção da identidade dos indivíduos e sua disposição funcional, temporal e espacial dentro da Unicamp, as relações de afeto entre pessoas, atividades e espaços passam a produzir memórias coletivas e individuais, tais como construções, lembranças, desdobramentos de recordações ou reflexões sobre seu trabalho, relacionadas com as atividades laborais ou lugares de execução de suas tarefas. Neste sentido, o objetivo desse projeto é identificar e registrar aqueles que atuam profissionalmente na Unicamp e carregam consigo memórias a respeito de suas funções, espaços, pessoas e experiências que de alguma forma estão articuladas com a sua identidade laboral, pessoal ou ambas. Essas identidades e memórias serão capturadas através de relatos em vídeo, onde os entrevistados são convidados a se descrever e narrar as memórias que possuem, principalmente relacionadas com suas atividades dentro da Universidade. A publicação geo localizada desses relatos na Internet de forma colaborativa permite que outras pessoas possam acessar, criar, compartilhar, complementar ou contribuir com essas narrativas. Essa interatividade no mapa colaborativo digital pode se dar à distância, sobretudo por meio de dispositivos móveis, ou de maneira presencial. Espera-se criar uma camada de narrativas das memórias dos vários protagonistas que atuam na Unicamp.
Referências LIMA. M.E.A. Trabalho e Identidade: uma reflexão à luz do debate sobre a centralidade do trabalho na sociedade contemporânea. Belo Horizonte, Educação & Tecnologia, 2007. MARX, K., ENGELS, F. A Ideologia Alemã. Tradução Rubens Enderle, Nélio Schneider, Luciano C. Martorano. São Paulo: Boitempo, 2007. POLLAK, Michel. Memória, Esquecimento, Silêncio. Revista Estudos Históricos, Vol. 2, No 3, 1989. POLLAK, Michel. Memória e Identidade Social. Revista Estudos Históricos, Vol. 5, No 10, 1992. SILVA, Tomaz Tadeu. A produção social da identidade e da diferença. In: SILVA, Tomaz Tadeu (org. e trad.). Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais. Petrópolis: Vozes, 2000. p. 73-102