Cinema, Espaço Público e o Efêmero – Espaços para a 43a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.

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BRASÍLIA, JUNHO DE 2018.

CINEMA, ESPAÇO PÚBLICO E O EFÊMERO: ESPAÇOS PARA A

a

TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO DE

DANILLO ARANTES

43 MOSTRA

Internacional de Cinema de São Paulo.

FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO DA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

TRABALHO REALIZADO NA

MANUAL DE OCUPAÇÃO EFÊMERA



TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA, TRABALHO REALIZADO NA FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO AUTOR DANILLO ARANTES ORIENTAÇÃO LUCIANA SABÓIA FONSECA CRUZ BANCA EXAMINADORA PATRÍCIA SILVA GOMES, LUCIANA SABOIA FONSECA CRUZ, VÂNIA RAQUEL TELES LOUREIRO. Colagem 01, Autor – Centro à Noite.


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Colagem 02, Autor – Audrey + VR.


APRESENTAÇÃO O material aqui apresentado refere-se ao conteúdo de pesquisa e projeto desenvolvido para para o trabalho Cinema, Espaço Público e o Efêmero: Espaços para a 43a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo (2019), como Trabalho Final de Graduação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília (FAU UnB) – necessário para a conclusão do curso. Sob a orientação da professora doutora Luciana Sabóia, membro do corpo docente da FAU-UnB, o presente trabalho tem por intenção apresentar a proposta de projeto iniciada ao longo do segundo semestre de 2017 e concluída ao longo do primeiro semestre de 2018.

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AGRADECIMENTOS

Tive umas seis opções de frases para começar estes agradecimentos até perceber que toda a pompa e vocabulário ricos não serviriam de nada. Falar com o coração faz muito mais sentido! Foram seis anos de um processo que começou há vinte três, um processo que sem dois seres humanos incríveis jamais seria possível. Obrigado Mãe, obrigado Pai – estou escrevendo e a meta é não chorar, mas garanto que até o final não vou me aguentar. Obrigado Mãe por sempre me levar a sério, como sempre digo. Por falar do mundo como ele é e por sempre acreditar e apoiar as escolhas que fui tomando ao longo dos anos. Por ser amor em forma de gente e a voz que eu vou sempre ouvir quando ligar preocupado. Por ser a porta-voz dos meus sucessos e por acreditar, até mais do que eu, que tudo vai dar certo – mesmo que as ideias mais mirabolantes possíveis. Obrigado Pai, por estar na minha frente aqui agora e não ter nem ideia de que estou escrevendo isso. Obrigado por ser o pai mais presente que eu já conheci e por me dar orgulho todos os dias de ser seu filho. Obrigado por ser exemplo de companheirismo, de caminhadas e conversas infinitas, de ideias discutidas, de amor de pai. Obrigado aos dois por sempre acreditarem em tudo. Pelas múltiplas idas a papelarias (dos 3 aos 23), pelos filmes locados e idas ao cinema, pelos desabafos infinitos (cheios de dúvidas e cobranças por respostas), pelos anos todos da minha vida, por me ensinarem a ver o mundo do jeito mais lindo possível. Por me fazerem acreditar que família é a coisa mais próxima de mágica que talvez sintamos na vida real. Obrigado por serem a prova de que amor é tudo que esperamos sentir no fim do dia, assim como o que sentimos um pelos outros dois. Sei o quanto essa etapa concluída significa para vocês – tenho certeza de que até mais do que para mim mesmo – e não podia deixar de fazer os agradecimentos mais melosos, dramáticos e cheios de sentimentalidade. (Desculpem aos outros caso tenham se enojado de tanto doce, amor e melado). ... Obrigado a FAU e a todos que fazem parte dela, e obrigado à OCAD U e ao Ciências Sem Fronteiras – sem as experiências vividas naquele um ano de intercâmbio talvez até hoje estivesse tentando me encontrar, pessoal e profissionalmente. Obrigado aos outros seres incríveis que apareceram ao longo desse caminho. Ao resto da família, com quem sempre acabei dividindo tudo e tiveram que me ouvir falar de arquitetura, direção de arte, ou qualquer outro tema interessantíssimo para mim (e não neccessariamente para vocês). Obrigado por aguentarem a empolgação e tagarelice. Obrigado aos amigos todos, os da FAU, os de antes e os de agora. Não posso dizer nome por nome porque certamente deixaria de fora alguém muito importante. Saibam que independente de onde estivermos nos próximos anos, vou sempre ter vocês comigo no coração. E no WhatsApp

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ou qualquer forma de comunicação, porque não vou desgrudar de vocês – mesmo que eu demore eternamente para responder, como sempre. Vocês me conhecem e sabem que o sumiço é parte do meu charme. Obrigado Auxilium, Galileu e American. Sem tudo que aprendi nesses lugares não estaria aqui. Obrigado Maíra e obrigado Quartinho – vocês são parte deste trabalho e, certamente, de muitas das conquistas que espero ter pela frente. Foram, com toda certeza, a melhor surpresa de 2017. Obrigado professoras Luciana Sabóia e Ana Elisabete, sem toparem as ideias propostas nestes trabalhos finais e acreditarem nelas, não chegaria até aqui. E também obrigado às professoras Patrícia Gomes e Vânia Loureiro, pelos comentários e ajudas ao longo das bancas. Alguns nomes surgem na cabeça e não posso deixar de falar. Obrigado a tia Flávia pelos papos infinitos, e Lu, Tom e tio Ieié por sempre me receberem tão bem em São Paulo ao longo dessa etapa. Aos vovôs e vovós, por serem quem são. Obrigado Aline (que tem que aparecer aqui, como tudo na minha vida), por estar sempre ali também – “ali” = qualquer lugar onde eu estiver, não importa o quão distantes. As páginas vão acabar e não vou ter agradecido o suficiente a todos que precisam ser agradecidos. E talvez pareça exagero o tamanho deste texto dedicado a agradecimentos, mas saibam que para mim eles valem mais do que o conteúdo deste trabalho. O trabalho é o fim de uma etapa e início de outra. Vocês foram a minha vida inteira, e certamente continuarão nela para muito além do término de uma graduação. Este texto não fica aqui somente como um agradecimento singelo e marco de um “fim”, mas como a lembrança de que estarão sempre no meu coração para tudo o que vier – principalmente as novas etapas que eu tanto almejo viver. E, por fim, obrigado “Papai do Céu”, Deus ou qualquer outra forma como conhecerem ou quiserem chamar. Independente da forma como a minha fé, a sua ou de qualquer outra pessoa tome, sei que sempre esteve do meu lado, dentro do meu coração e daqueles próximos a mim. Dando força, mais fé, mais vida e me fazendo enxergar o quão linda e cheia de surpresas ela é. Se a maioria dos agradecimentos toma um parágrafo de uma página introdutória, prolixo e falante como sou, isso claramente não aconteceria. Mas os agradecidos aqui listados sabem muito bem disso. Muito, muito obrigado novamente. Espero todos vocês nos próximos capítulos dessa história chamada vida. Com muito carinho,

DAN. 5


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“I THINK MY LOVE OF CINEMA HAS TO DO WITH THE FINITE NATURE OF IT. IT’S A SAD FEELING, BUT IT’S A WONDERFUL FEELING. (...) IT WAS THIS FLICKERING LIGHT AND SOUND, AND THEN IT’S GONE.” – GRETA GERWIG. 7


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

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PARTE 1 – O CINEMA E O BRASIL.

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1.1. 1.2.

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Panorama da Produção Audiovisual Brasileira. Festivais de Cinema Brasileiros.

PARTE 2 – FESTIVAIS DE CINEMA E A MOSTRA.

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2.1. 2.2.

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2.3. 2.4. 2.5.

Festivais de Cinema: Impacto e Importância. Estudos de Caso: 2.2.1. Toronto International Film Festival 2.2.2. Sundance Film Festival. A Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Mostra em Primeira Pessoa. O Potencial.

PARTE 3 – SÃO PAULO E (RE)USO DO ESPAÇO URBANO.

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3.1. 3.2. 3.3.

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São Paulo: Imagem, Uso e Ocupação. A (Re)ocupação de Espaços Urbanos e o Uso da Cidade. Instrumentos Jurídicos e Operacionais.

PARTE 4 – ARQUITETURA EFÊMERA.

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4.1. 4.2.

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Estruturas Efêmeras e o Espaço Urbano: engajamento através da experiência. Estudos de Caso em Arquitetura Efêmera: 4.1.1. O Pavilhão Dançante, Estúdio Guto Requena; 4.1.2. Projeto (Rua)3, Bela Rua; 4.1.3 Emergency Shelter, Conrad Gargett; 4.1.4. Pavilhão The Porthole, TOMA! 4.1.5. Cota 10, GRUA Arquitetos

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PARTE 5 – EXPOS E EVENTOS URBANOS.

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5.1. 5.2.

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Eventos Urbanos e o Uso da Cidade. Expos e Eventos Urbanos: 5.1.1. Expos. 5.1.2. Nuit Blanche, Toronto.

PARTE 6 – NECESSIDADES E LOCALIDADES. 6.1. 6.2.

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As Necessidades da Mostra (Programa de Necessidades). Centralidades e Localidades Utilizadas: 6.2.1. O Centro da Mostra – MASP e Avenida Paulista. 6.2.2. Espaço Mercado Internacional – Cinemateca Brasileira. 6.2.3. Feira Futuro – MIS/MUBE. 6.2.4. Oficinas Criativas – Projeto Praças 6.2.5. Estúdio Spcine – Circuito Spcine

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PARTE 7 – REFERÊNCIAS CONCEITUAIS ARQUITETÔNICAS.

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PARTE 8 – OS ESPAÇOS EFÊMEROS.

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7.1. 7.2.

8.1.

8.2. 8.3. 8.4.

8.5. 8.6.

Yona Friedman, Mobile Architecture e a Ville Spatiale. Concurso Fairy Tales, Blank Space.

O Centro da Mostra – As Diretrizes de Ocupação da Avenida Paulista. 8.1.1. “O Chão” – A Avenida. 8.1.2. “O Topo” – Os Terraços. 8.1.3. O vão do MASP. Espaço Mercado Internacional – As Diretrizes de Ocupação da Cinemateca. Espaço Feira Futuro – As Diretrizes de Ocupação do MIS/MUBE. Oficinas Criativas. 8.4.1. Praça Horácio Sabino 8.4.2. Praça Gastão Vidigal 8.4.3. Estádio do Pacaembú 8.4.4. Parque Jardim das Perdizes 8.4.5. Praça do Pôr-do-Sol 8.4.6. Praça da República 8.4.7. Parque Ibirapuera 8.4.8. Parque Villa-Lobos 8.4.9. Parque da Aclimação 8.4.10. Parque da Independência 8.4.11. Parque Estadual do Belém O Estúdio Spcine. Soluções Formais e Materiais + Estruturas Modulares

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PARTE 9 – TRANSPORTE.

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PARTE 10 – MOSTRA À MOSTRA: PROJETO GRÁFICO + APLICATIVO

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CONCLUSÃO.

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REFERÊNCIAS.

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9.1. 9.2.

10.1. 10.2.

A Chegada em São Paulo – Aeroportos. Mostra HUB – Linhas Exclusivas de Ônibus e Integração com o Metrô. 9.2.1. Linha de Ônibus Circular 01: Centralidades da Mostra. 9.2.2. Linha de Ônibus Circular 02: Oficinas Criativas. 9.2.3. Linha de Ônibus Expressa: Aeroporto – Avenida Paulista. 9.2.4. Estações de Metrô Oficiais da Mostra.

A Identidade da Mostra. O Aplicativo

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INTRODUÇÃO Toronto, Berlim, Park City, Cannes, Veneza – mesmo que tão distintas e distantes, compartilham de uma mesma realidade por pelo menos uma semana a cada ano. O que têm em comum? A celebração da sétima arte e a movimentação causada por ela por toda parte. Turistas, cinéfilos, celebridades, imprensa, investidores, técnicos e produtores; todos comungando não só do cinema mas também das cidades completamente renovadas e modificadas por aquele determinado período de tempo. O impacto de eventos culturais como estes é inegável quando se trata da forma como afetam a vida das cidades em que se inserem, não só em número de pessoas e atividades mas também na vida da própria população. Redes de transportes públicos se adaptam para suprir às demandas e horários dos eventos, há publicidade por todo o lado, conferências de imprensa, palestras e, claro, exibições dos muitos filmes selecionados para divulgação e competição. Cidades como Toronto e Park City (Utah, EUA) fizeram de tais eventos ferramentas claras do desenvolvimento de suas marcas locais como polos de produção, apoio e discussão do cinema independente, enquanto outras cidades como Veneza e Cannes se utilizaram do glamour e beleza de suas paisagens para receber e realizar os grandes festivais que hoje cediam. Cannes, certamente, já carrega no nome a imagem do evento que nela acontece. A realização e o surgimento de eventos como tais têm aumentado gradativamente e surgindo por todo o mundo, reflexo também do interesse e do aumento do consumo e produção audiovisual para além dos países onde esta já é, há anos, considerada uma indústria. Festivais de cinema de todos os tipo, dedicados a etnias específicas, curtas, longas-metragens, cinema independente, e muitas outras categorias seguem aparecendo, premiando e divulgando filmes dos mais diversos tipos, budgets e interesses. No caso do Brasil isso não é diferente. Sendo hoje uma das principais nações consumidoras de produções cinematográficas, principalmente norte-americanas, e com um aumento claro do consumo e produção locais com estimativa para tornar-se a quinta maior nação produtora e consumidora até 2020, o número de festivais nacionais e internacionais cresce e com eles, também, a relevância do país em um contexto internacional. Brasília, Gramado, Rio de Janeiro, Paulínea, hoje já recebem alguns dos principais e mais tradicionais eventos do tipo voltados para o cinema nacional e São Paulo, desde 1977, abriga a Mostra Internacional de Cinema, voltada para a celebração, premiação e divulgação do cinema nacional e internacional. Criada pelo crítico Leon Cakoff, programador de cinema do MASP, em 1977, como evento exclusivo e vinculado ao museu paulistano, a Mostra tornou-se ao longo dos anos a principal janela do Brasil para o cinema mundial, tendo influenciado não só a aproximação do país para o ciclo internacional da indústria cinematográfica como também passando a ter grande influência no trabalho de importantes cineastas brasileiros ao longo dos anos 80 e 90, apelidados de “filhos da Mostra”. Atualmente, chega a receber entre 300 e 500 filmes (nacionais e internacionais) por ano, exibidos em diversos pontos da cidade. Se no início o evento surgiu como algo exclusivo do Museu de Arte de São Paulo, em 2017 este ocupou 45 pontos diferentes da cidade com exibições por toda ela. A Mostra vem se revelando não só um importante festival brasileiro de cinema, mas também um evento capaz de tomar a grande cidade com atividades para aqueles que já pertencem

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ao meio ou qualquer paulistano e turista amante do cinema. São Paulo e a celebração da sétima arte integradas por pouco menos de duas semanas. Quando se discute a questão da integração de eventos que tomam a cidade desta forma discute-se também o modo como tal relação se dá. Como a cidade é capaz de receber e aproximar seus cidadãos não só do uso do espaço público com atividades diferentes mas também de áreas e espaços desconhecidos deles mesmos? Como chamar a atenção do mundo para os espaços que oferece e, ao mesmo tempo, divulgar sua marca e seu imaginário? A rua, a praça, (o vão do MASP, no caso da Mostra), ganham novos valores, novas atividades, e em uma época onde muito se discute a interação e reocupação da cidade por atividades assim construídas, um evento do gênero pode não afirmar-se parte da cidade como também pode materializar-se e especializar-se em intervenções realizadas também por toda parte. Em São Paulo, exemplos de intervenções locais já vêm acontecendo. Arte é posta nas ruas, eventos com os mais diversos interesses (moda, prática de esportes, arquitetura, etc.), espalham por espaços públicos e edifícios diversos as mais diferentes atividades e conectam leigos, profissionais e a cidade em torno de um mesmo tema ou interesse. A efemeridade destes festivais e eventos traz consigo também soluções temporárias, conectadas à edifícios e espaços públicos de modo a receber as atividades que, por aquele determinado período de tempo, virão a acontecer. Surgem com materiais distintos, formas muitas vezes inusitadas, e interferem claramente no uso dos espaços concretos já existentes – reformulam e recriam o cotidiano de locais já conhecidos, dando novo valor, caráter e, muitas vezes, função aos mesmos. Seguindo estes tópicos aqui apresentados: festivais de cinema, a efemeridade dos mesmos e as soluções de design e arquitetura que vêm surgido ao longo dos anos para (por pouco tempo) modificarem o caráter e uso de espaços já existentes, é que surge a proposta do projeto aqui apresentado. Tendo a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo como personagem principal e evento gerador destas intervenções, a ideia é conectar ainda mais os espaços já utilizados por ela nos últimos anos e seus arredores (praças, espaços vazios, ruas,...), conferindo novos valores aos mesmos e gerando ainda mais atividades que vão além do “assistir de um filme” – durante o evento que se realizará em 2019. A proposta é aproximar o público da produção do cinema como um todo, para que possam não só assistir às obras cinematográficas, mas também compreender quem às produz, como são criadas e propostas, quem são os profissionais envolvidos ao longo do processo e quais são os departamentos relacionados – “as múltiplas categorias de premiações e os diversos nomes que aparecem nos créditos finais de um filme”. Na forma de intervenções arquitetônicas efêmeras (pavilhões, construções temporárias, etc.) concebidas em espaços públicos de locais utilizados pelo festival, a ideia é aprofundar-se quanto às suas localizações, usos e ocupações e criar estas novas intervenções conectoras entre cidade, Mostra e público espectador. Como poderia se dar a Mostra Internacional de Cinema em algum dos seus próximos anos. São Paulo, o cinema nacional e internacional, arquitetura, design e urbanismo integrados em um único projeto. Efêmero, porém capaz de discutir questões antigas de ambos os meios: a sétima arte e o uso da cidade.

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O CINEMA E O BRASIL PANORAMA DA PRODUÇÃO AUDIOVISUAL BRASILEIRA Apesar do consumo ainda muito superior de obras internacionais, principalmente norteamericanas, o Brasil hoje já se consolida como um dos maiores produtores audiovisuais do mundo – isso inclui não só dados ligados ao cinema mas também à TV e a qualquer outra forma de material produzido em vídeo. Aqui seguem alguns dados gerais da produção, consumo, estudo e apoio ao audiovisual no Brasil: _ Grande desenvolvimento ao longo dos últimos 15 anos; _ Recorde de 143 filmes brasileiros lançados no cinema em 2016, comparados aos 29 lançados em 2002; _ 3168 salas de cinema em 2016: crescimento de quase 100% em relação a 2002 (1635); _ 30,4 milhões de espectadores de produções brasileiras, comparados aos 7,2 milhões de 2002; _ Mais de 100 canais de TV exibindo produções brasileiras; _ 5062 produções brasileiras em canais pagos em 2015, comparadas às 1068 de 2010 (valor quase quadruplicado); _ Criação do Programa Brasil de Todas as Telas: “Ampla ação governamental que visa transformar o País em um centro relevante de produção e programação de conteúdos audiovisuais. Utilizando recursos do FSA – Fundo Setorial do Audiovisual, o programa conjuga diferentes modalidades de operação financeira, articula parcerias público privadas e propõe novos modelos de negócios.” “Trata-se do maior programa de desenvolvimento do setor audiovisual já construído no Brasil, formulado pela ANCINE em parceria com o MinC - Ministério da Cultura, e com a colaboração do setor audiovisual por meio de seus representantes no Comitê Gestor do FSA.” _ Estimativa: até 2020, o quinto maior produtor e consumidor de produções audiovisuais (TV, cinema, e novas mídias) do mundo. Boa parte destas mudanças e aumentos no consumo e produção surgiram de mudanças e apoio de propostas de algumas das principais instituições nacionais que bancam o meio: Fundada em 2001 pela Medida Provisória 2228-1, a ANCINE é uma agência reguladora que tem como atividades principais a regulação, o fomento e a fiscalização do mercado do cinema e do audiovisual no Brasil. Sua tarefa é regular e desenvolver o setor audiovisual em benefício da sociedade brasileira.

O FSA foi e é um importante marco no apoio e fomento à indústria cinematográfica e audiovisual no país, já que inovou quanto à abrangência de sua atuação e às formas de estímulo estatal. Isto porque o auxilia e banca atividades ligadas aos diversos segmentos e departamentos atuantes no setor – produção, distribuição/comercialização, exibição, e infraestrutura de serviços.

E, no caso de São Paulo, muito importante:

“A Spcine é a empresa de cinema e audiovisual de São Paulo. Atua como um escritório de desenvolvimento, financiamento e implementação de programas e políticas para os setores de cinema, TV, games e novas mídias. O objetivo é reconhecer e estimular o potencial econômico e criativo do audiovisual paulista e seu impacto em âmbito cultural e social. A empresa é uma iniciativa da Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Cultura.” (fonte: spcine.com.br)

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FESTIVAIS DE CINEMA BRASILEIROS Frutos do recente crescimento da produção nacional de filmes e produtos audiovisuais, diversos festivais de cinema espalhados pelo Brasil passaram a ganhar ainda mais força e importância – sejam estes já antigos e relevantes no cenário braseileiro como também recémcriados, surgidos nos últimos anos junto com a demanda por novas produções. Atualmente, alguns dos principais festivais de cinema do Brasil ainda giram em torno da produção e divulgação do cinema nacional, tendo em vista a premiação e promoção de produções independentes e ainda relativamente distantes das grandes redes de salas de cinema. Nesta categoria, encontram-se o Festival de Cinema de Gramado – realizado no sul do país, recebendo filmes nacionais e algumas exibições de outros países da América Latina; e o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro – realizado, normalmente, nas segunda e terceira semanas de setembro de todo ano em Brasília. Ambos os festivais têm hoje o maior reconhecimento quanto à premiação de longas e curtas-metragem no cenário do cinema nacional, sendo também os mais tradicionais. Na categoria de festivais voltados para o cinema nacional, seguem ainda o Festival de Cinema de Paulínea, o Festival de Cinema e Vídeo de Cuiabá e a Mostra de Cinema de Tiradentes, além de alguns outros em menor escala. Quando se trata do panorama internacional, a pouca escala de atuação dos festivais de cinema internacionais é reflexo da ainda defasada produção nacional dita como “exportável para o mercado exterior”. Apesar do Brasil estar entre os dez maiores produtores e consumidores de filmes, séries e novelas, boa parte do que é produzido é ainda consumido somente aqui. A dificudade em exportar produções nacionais passa também pelo relativo número de nações que têm o português como língua falada, no entanto, países com a Suécia e a Dinamarca vêm provando que isso não é necessariamente um empecilho. A questão maior passa a ser o tom, linguagem geral e o tipo de filmes que vêm sido produzidos e/ou investidos, com qualidade relevante à padrões internacionais – mesmo que de baixa vendagem e com budgets pequenos. Neste sentido, festivais internacionais vêm passado a ter ainda maior relevância, não só por gerarem esta troca entre países e estimularem a coprodução, mas também por tornarem as formas de produção do cinema internacional ainda mais acessíveis aos produtores locais. Nesta categoria, no Brasil, encontram-se o Festival do Rio e a Mostra Internacional de Cinema – a qual estre trabalho é dedicado. Estes, nos últimos anos, vêm ganhado ainda mais a atenção da crítica e do público nacional, justificando ações de expansão e investimento. E por fim, mas não menos importante, há ainda no Brasil o Animamundi, o maior festival de animação (aplicada a todas as formas de produção) da América Latina. O festival, que também tem sede em São Paulo, acontece anualmente a vem ganhado cada vez mais a atenção do público leigo e dos animadores nacionais – meio e profissionais em exponencial crescimento no mercado audiovisual brasileiro.

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Imagem 01. Toronto International Film Festival. – fonte: website /cinematologia.com.br/


FESTIVAIS DE CINEMA E A MOSTRA

FESTIVAIS DE CINEMA: IMPACTO E IMPORTÂNCIA Assim como mencionado anteriormente, alguns dos maiores festivais de cinema do mundo não só são capazes de mudar o caráter de uso da cidade que os abrigam por determinado período de tempo, como também de dar nova atenção, novos valores e até olhares para a imagem e o imaginário do local para o mundo. Indo além da divulgação e celebração das obras cinematográficas, estes festivais são a porta de entrada para várias novas parcerias surgidas entre produtores diversos, além de importantes espaços de mercado e distribuição. No passo que estas novas produções são exibidas nas diversas salas de cinema e espaços públicos das cidades, nos “bastidores” muitas mais atividades são realizadas. As equipes cujas produções estão sendo exibidas passam a ter o trabalho testado e reconhecido pela crítica e pelo público que atende as sessões, fazendo estimativas de bilheteria e novas negociações com países diversos – com novas distribuidoras, redes de cinemas e até canais de TV, estes são normalmente chamados de players. Dentre os principais eventos, passam a ser realizados também vários outros acontecimentos ligado à exibição dos filmes. A imprensa toma conta das cidades em que os festivais acontecem para promover os ditos press junkets onde atores, diretores e a equipe em geral dão entrevistas a fim de divulgar os filmes que estão promovendo; além de também, como parte do evento, atenderem às conferências de imprensa realizadas pelos próprios festivais para discutirem o filme, suas intenções, históricos e os processos de produção que os levaram até ali. Atualmente, poucos são os festivais de cinema realizados em grande escala fora do hemisfério norte. Estando boa parte deles na Europa e América do Norte – alguns destes foram listados nas páginas anteriores deste trabalho. A realização de novos grandes festivais na América Latina, Asia, África e Oceania podem não só estimular a integração de outros países ao circuito internacional, como também podem estimular ainda mais o desenvolvimento de suas produções nacionais – essenciais à esta proposta de integração. Possibilitar a integração do Brasil a este circuito interncaional de cinema passou também a ser uma das propostas deste trabalho aqui apresentado, ultrapassando seu caráter urbano e arquitetônico.

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Imagem 02. Toronto International Film Festival. – fonte: website /infusehumber.com/

TORONTO INTERNATIONAL FILM FESTIVAL Com mais de quarenta anos de tradição, o festival de cinema de Toronto tornou-se o maior festival de cinema aberto ao público do mundo, recebendo cerca de quatrocentos e oitenta mil pessoas por ano, entre profissionais do meio e público cinéfilo. Com sede no edifício do TIFF Bell Lightbox mas não se limitando a este, o festival ocupa as ruas e espaços de exibição da cidade (teatros, cinemas e auditórios diversos), focando-se principalmente na King Street West, no sul da cidade. Esta rua é fechada para carros por todos os dez dias de festival mas enche-se de gente andando por todo o lado, atendendo às premières dos principais filmes do ano, participando de eventos da indústria (conferências de imprensa, palestras e discussões com pessoas de todo o mundo). A cidade inteira ocupada e modificada muito além das grandes filas que circulam os vários quarteirões do downtown da cidade.

Imagem 03. King Street – Toronto International Film Festival. – fonte: website /thegate.ca/

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SUNDANCE FILM FESTIVAL Iniciado em agosto de 1978 pelo Sundance Institute na cidade de Park City em Utah, nos Estados Unidos, o festival é o maior e mais importante quando se trata da celebração, discussão e premiação do cinema independente. A cidade de pouco menos de nove mil habitantes recebe durante o mês de janeiro cerca de quarenta mil pessoas que vão até lá para participar do festival, mesmo que de filmes pouco divulgados e de poucas verbas e bilheterias. O evento quadriplica o número de pessoas que transitam e se utilizam da cidade e esta tem de, inevitavelmente, adaptarse às mudanças que vão muito além da neve trazida pelo inverno na época – tem de se adaptar para receber e oferecer a melhor experiência para aqueles que bancam uma das maiores atividades econômicas advindas do turismo da cidade durante todo o ano.

Imagem 04. Sundance Film Festival. – fonte: website /npr.org/

Imagem 05. Protesto durante o Sundance Film Festival. – fonte: website /latimes.com/

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Imagem 06. Poster Oficial, 41a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo (2017) – fonte: website /mostra.org/

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A MOSTRA INTERNACIONAL DE CINEMA DE SÃO PAULO Assim como mencionado anteriormente, a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo surge como um evento exclusivo do Museu de Arte de São Paulo (MASP), em 1977, sob iniciativa do crítico e programador de cinema Leon Cakoff que desde o início da década de 1970 vinha organizando exibições de filmes estrangeiros inéditos no local. O evento surge com o aniversário de trinta anos do museu paulistano. Na primeira edição haviam apenas dezesseis longa-metragens e seis curtas, sendo que tais obras vinham de cerca de, também, dezesseis países. Estes foram apresentados em quarenta sessões, podendo ser posteriormente votados pelo público para a escolha de melhor filme – prática que se mantém até hoje. Nos últimos anos a Mostra ganhou ainda mais força, tendo em 2016, 322 filmes exibidos em 35 pontos diferentes da cidade e, em 2017, 394 filmes exibidos em 45 localidades. A cada ano, traz exibições, discussões e celebrações diversas em torno da produção internacional, e, mais especificamente, a seleção exclusiva de um determinado país a ser exibida durante o evento. Em 2016 o país celebrado foi a Polônia e em 2017, a Suíça. O festival sofreu o impacto dos anos da ditadura em meio à lei da Censura e das diversas imposições aplicadas por ela, levando à justiça um processo em 1984 (último ano da ditadura) a respeito do direito de exibir os filmes selecionados pela equipe de curadoria, ganhando o processo porém sofrendo truculenta intervenção durante sua oitava edição pelos censores do Ministério da Justiça naquele ano. Em 1985, esta realidade já se modificou junto ao fim do período ditatorial, sendo também não mais apenas vinculada ao MASP mas tomando várias áreas da cidade com atividades relacionadas ao festival. Produzida pela ABMIC (Associação Brasileira Mostra Internacional de Cinema), com parceria da Petrobrás, do Ministério da Cultura, apoio do Governo do Estado de São Paulo e do Governo Federal (com outros diversos apoiadores e patrocinadores), a Mostra ao longo dos últimos anos já recebeu alguns dos principais profissionais do meio, grandes diretores e produtores, e visa ainda crescer e expandir-se como um dos principais eventos do país, da América Latina e até do mundo. Não só em pontos específicos da cidade, mas por toda ela.

MOSTRA EM PRIMEIRA PESSOA Maior em escala. Maior em Importância. Imaginamos realidades até que encaramos algumas mais verdadeiras. Criamos espectativas que podem ser plausíveis ou decepcionantes, mas que por fim somente são superadas através da experiência real. No caso da Mostra não foi diferente. Por tratar-se de um relato da vivência que tive durante a 41a edição da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, a qual tive a oportunidade de participar no último fim de semana de outubro de 2017, decidi escrever esta parte do texto em primeira pessoa. O grau de importância do evento e a relevância deste no cenário cultural de São Paulo eu já esperava, mas a resposta da cidade em relação a isso foi maior do que eu imaginava. É claro que boa parte da população não tinha noção alguma de que o evento estava acontecendo durante aquelas duas semanas – afinal, não é como se fosse algo como as Olimpíadas ou a Copa do Mundo – mas ver anúncios por todo lado, filas na frente das salas de cinema, ingressos esgotados horas antes, cineastas e cinéfilos desfilando por toda parte com brindes e catálogos e grupos gerando discussões em torno dos filmes assistidos ao final das sessões (que aconteciam, de fato, por toda a cidade), me deixou ainda mais interessado no tema e na dimensão do impacto de um evento destes numa cidade como São Paulo. Criei expectativas que foram superadas em muitos pontos, tanto a respeito da forma como a Mostra já acontece como também na forma como gera discussões a respeito de melhorias e de uma possível expansão da dimensão do festival – com a demanda já existente, São Paulo poderia facilmente tornar-se mais uma grande capital do cinema junto às demais citadas anteriormente.

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Em 2017, foram 394 filmes exibidos em 45 localidades com variados horários de sessões. Para algumas destas exibições, foram realizadas entrevistas com diretores e produtores dos filmes apresentados além de discussões com críticos e especialistas do meio audiovisual e do cinema. A Folha de São Paulo, em parceria com a Mostra Internacional de Cinema e com o Itaú Cultural, realizaram o Fórum Mostra-Folha, reunindo num ciclo de “mesas redondas”, conversas e palestras a respeito do meio, do seu desenvolvimento no Brasil além de mudanças ocorridas em todo o mundo. Anúncios com a vinheta e o pôster do evento estampando paredes de estações de metrô e espaços públicos, banners em museus e centros culturais, catálogos por toda a parte e livrarias vendendo brindes por toda a cidade deixaram ainda mais clara a conexão e resposta do paulistano em relação ao evento, que apesar de acontecer todos os anos, ainda carrega consigo o valor da “novidade”, da mudança no cenário cotidiano da vida em São Paulo.

O POTENCIAL Problemas, é claro, existem. Há certa integração dos espaços onde o evento acontece, majoritariamente em torno da Avenida Paulista, sendo ali também localizadas boa parte das exibições e principais salas de cinema. É possível seguir de um local a outro com certa rapidez, caminhando e acompanhando pelo website oficial do evento as próximas sessões, no entanto, esta integração do evento com as demais localidades – principalmente as mais afastadas das zonas central e oeste da cidade – se dá de forma precária, diminuindo, consequentemente o número de sessões nestas regiões pouco integradas. O evento, de fato, toma conta do imagético dos paulistanos, gerando a noção clara de que acontece por toda a parte, mas pouco efetivo no sentido de gerar esta integração não só do evento aos 45 espaços de exibição, mas também destes 45 lugares entre si. Neste sentido, um possível plano de integração de transportes urbanos pode se dar de forma muito interessante, principalmente pelo fato de boa parte destas localidades já se encontrarem próximas a importantes estações da cidade. Uma proposta não só de edificações efêmeras, mas também sistemas de transporte temporários, vinculados aos já existentes e consolidados. Por serem tantas as instituições apoiadoras do evento e partes dele, todos, inclusive a prefeitura de São Paulo, podem se beneficiar ainda mais do investimento que é dado, otimizando o transporte e conferindo mais informação ao participante. Eventos como a Mostra não só atendem a demandas e públicos locais mas também visitantes e turistas nacionais e internacionais. A cada ano, a Mostra traz para o país filmes e grande volume de produções de outro determinado país (em 2016, a Polônia, e em 2017, a Suíça, por exemplo), o que acarreta um grande número de profissionais visitantes destes outros países, criando novas redes de contato e movimentação do mercado audiovisual nacional – já que as coproduções são hoje o futuro do cinema. Não só cidades, mas países e equipes se integram ainda mais, precisando de espaços para discussões e desenvolvimento de ideias, reforçando ainda mais a proposta da criação de “espaços criativos” para o evento em São Paulo apresentadas pelo projeto aqui proposto. Se isso já acontece com um único país, por que não propiciar um festival que de fato atraia mais profissionais e outros países? Por que não tornar a Mostra um grande evento que vá além das exibições dos filmes internacionais, que traga consigo o desenvolvimento do mercado nacional com rodadas de pitchings (como são chamados os eventos de propostas do audiovisual), conferências de imprensa, mais palestras como as ocorridas durante o Fórum Mostra-Folha? E além disso, por que não tornar São Paulo uma cidade capaz não só de receber o evento e espalhá-lo pelo centro e periferia, mas também capaz de receber o visitante como um novo “explorador” de tudo aquilo que o cinema brasileiro e a cidade tem a oferecer? Os espaços propostos por este projeto não só viriam a suprir as demandas já recorrentes do evento como também possibilitaria a criação de novas atividades voltadas não só para a Mostra mas também para o content market (mercado audiovisual) brasileiro, expandindo suas fronteiras e limitações. Hoje e assim como mencionado anteriormente, o Brasil é um dos maiores produtores e consumidores de produções nacionais e internacionais, entretanto, boa parte do que aqui é produzido não é exportável, e boa parte do que é consumido é importado. Há um gap na divulgação e presença de bons conteúdos nacionais no exterior, assim como de “filmes exportáveis” em outros festivais. Um grande festival nacional pode não só abrir os olhos do mundo para o Brasil como um país que vá além da produção de comunição em massa e das telenovelas, e que siga para o cenário internacional de bons filmes – completamente produzidos aqui ou em coprodução com outros países. Um investimento na cidade, em um evento e em novos espaços criados por ele durante duas semanas, mas que deixa legados tanto para a cidade como para o cinema.

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Imagem 07. Conjunto de Imagens da 41a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo (2017) – fonte: website /mostra.org/

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Imagem 08. (Re)uso do Minhocão. – fonte: website /archdaily.com/


SÃO PAULO E O (RE)USO DO ESPAÇO URBANO SÃO PAULO: IMAGEM, USO E OCUPAÇÃO Variedade e multiplicidade. Maior cidade do país, polo econômico brasileiro, “terra da garoa” – clichês e frases feitas são o que não faltam. Com toda certeza, a cidade e o desenho urbano surgido do crescimento espontâneo sofrido por ela vão muito além das definições dos livros de história. A cada novo bairro, novas histórias, novos contextos. A cidade que há anos foi ocupada vem cotidianamente se “reocupando”, estabelecendo contrastes estéticos, de tamanho, imagem e épocas. Uma grande colcha de retalhos surgida a partir das histórias do povo paulistano que, ao longo dos últimos anos, vem apresentando também um grande interesse pela conferência de novos valores a espaços públicos cotidianamente já utilizados e, muitas vezes, até saturados. Junto ao Rio de Janeiro, São Paulo tornou-se um dos principais centros culturais e polos de atividades e lazer do país e carrega consigo, também, grande quantidade de eventos dos mais diversos setores, reforçando ainda mais a escala e importância da Mostra. Situada em uma cidade múltipla e dinâmica, assim como vem se propondo a ser.

A (RE)OCUPAÇÃO DE ESPAÇOS URBANOS E O USO DA CIDADE Quando se trata do uso, ou (re)uso de determinadas áreas (degradadas ou não) de centros urbanos, talvez nenhuma cidade brasileira se equipare ou se destaque tanto quanto São Paulo. Talvez pelo tamanho, variedade ou histórico de sua ocupação, a grande metrópole paulistana vem sofrido ao longo das últimas décadas não só com problemas referentes ao crescimento populacional e espacial mas também com novas necessidades, novas demandas que muitas vezes geram melhores soluções por si mesmas. Várias são as áreas que sofreram mudanças, tanto demográficas como ocupacionais, áreas que antes eram subutilizadas hoje vêm-se repletas de transeuntes aos fins de semana, outras tantas áreas nobres hoje se veem degradas e também por isso estudadas – assim como outras tantas passam por processos diversos de requalificação urbana ou até de gentrificação. Espaços como o polêmico Elevado Presidente João Goulart, o Minhocão, vêm sido utilizados como espaços de pedestres, de feiras e de eventos diversos, requalificando a região de Santa Cecília – tão prejudicada com a sua construção. A Avenida Paulista, ícone do imaginário paulistano, agora fecha-se aos domingos e de grande espaço do carro e da velocidade dos dias úteis, passa a se tornar espaço de divertimento, lazer e até entretenimento (devido à quantidade de “atrações” locais que aparecem ao longo dela) – tudo com o simples ato de questionar o uso do espaço cotidiano e conferir novos olhares a ele. Por ser exemplo de cidade que parece falar em alto e bom som o desejo de modificar-se e de ser utilizada não só como espaço de trânsito mas também de permanência, São Paulo acaba por justificar ainda mais a relevância de eventos como festivais, shows de rua ou até o simples incentivo a caminhadas – uma nova cidade a cada dia, um organismo vivo com novas cores e formas a cada dia.

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SÃO PAULO: OCUPAÇÃO URBANA

SITUAÇÃO

EVOLUÇÃO DA MANCHA URBANA DA CIDADE DE SÃO PAULO ATÉ 1881

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ATÉ 1914

ATÉ 1929

ATÉ 1949

ATÉ 1962

ATÉ 1974

ATÉ 2002


A GRANDE SÃO PAULO. [ocupação urbana]

CONTRASTES

VARIEDADE

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Mapa 01.: Distribuição de São Paulo (Zonas Sul, Oeste, Norte, Leste e Central).

Norte Oeste

Centro

DIVISÃO ESPACIAL

Leste

Sul

OCUPAÇÃO CULTURAL

Mapa de Espaços Culturais e de Lazer. Fonte: pesquisa “Os equipamentos culturais , Isaura Botelho.

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COTIDIANO

TOPOGRAFIA DE SÃO PAULO

LINHAS DE METRO + CPTM EXISTENTES

ÁREAS DE OCUPAÇÃO, 41a MOSTRA (2017)

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MOBILIDADE LINHAS DE METRÔ E MAPA VIÁRIO.

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INSTRUMENTOS JURÍDICOS E OPERACIONAIS LEI ORGÂNICA MUNICIPAL Art. 114, artigo 3o – Considera-se de interesse social a prestação de serviços, exercida sem fins lucrativos, voltados ao atendimento das necessidades básicas da população em saúde, educação, cultura, entidades carnavalescas, esportes, entidades religiosas e segurança pública.

LEI No 10.923/90 – LEI DE INCENTIVO FISCAL A Lei dispõe sobre incentivos fiscais para a realização de projetos culturais, no município de São Paulo, ao permitir que pessoas físicas ou jurídicas deduzam parte do valor investido de seu Imposto Sobre Serviços (ISS) ou Imposto Predial Territorial Urbana (IPTU) ao patrocinarem projetos culturais. O texto serve ao propósito de fomentar a realização de atividades culturais previamente cadastradas, nas áreas de artes cênicas, astes visuais, cinema e vídeo, crítica e formação cultural, literatura e biblioteca, música e patrimônio histórico e cultural, sendo que o cadastramento é aberto uma vez ao ano, pelo período médio de 6 meses. (LA TERZA, 2014. p.94-95).

DECRETO No 49.969/08 – AUTORIZAÇÃO PARA EVENTOS PÚBLICOS E TEMPORÁRIOS O decreto regulamenta a emissão, dentre outros, de Alvará de Autorização para Eventos públicos e Temporários, inclusive, quando estes se dão em logadouros públicos, como ruas, praças, viadutos e parques. [...] A responsabilidade pela emissão de documento que autoriza a realização de eventos em espaços públicos era da Secretaria Municipal de Habitação (Departamento de Controle de Uso de Imóveis - CONTRU), ou das Subprefeituras (Coordenadoria de Planejamento e Desenvolvimento Urbano - CPDU), porém, depois da Lei 15.764/13 (Art. 38), que cria a SEL - Secretaria Municipal de Licenciamento, os trâmites foram transferidos para a SEGUR-32 (Seção Técnica de Licenciamento de Evento). (LA TERZA, 2014. p.96-97).

DECRETO N0 55.405/14 – PARKLETS No dia 16 de abril de 2014, foi publicado no Diário Oficial, Decreto que regulamenta a instalação das estruturas temporárias de extenção do passeio público, conhecidos como parklests, seguido por um Manual explicativo do Decreto. [...] É enfatizado o caráter público da estrutura, com acesso a qualquer pessoa, em qualquer período do dia, de forma totalmente desvinculada ao consumo de mercadorias ou serviços do proponente, no caso de ser um comércio ou uma prestadora de serviços. Esse ponto é. (LA TERZA, 2014. p.98-99).

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31 Imagem 09. Sky View – São Paulo. – fonte: website /people-dont-have-to-be-anything-else.wikia.com//


ARQUITETURA EFÊMERA ESTRUTURAS EFÊMERAS E O ESPAÇO URBANO: ENGAJAMENTO ATRAVÉS DA EXPERIÊNCIA Ao longo dos últimos anos muito tem se discutido a respeito do papel do usuário dentro dos espaços propostos e também das cidades, não só como transeuntes mas também como apreciadores dos mesmos. O ocupante não só como o utilizador da determinada função que o ambiente oferece, mas também como parte integrada da experiência que o espaço cria. As cores, formas, o design em si e tudo que ele carrega consigo influenciam na utilização do ambiente de modo a propiciar também diferentes experiências de pessoa para pessoa. Brincar com os sentidos, as intenções e os interesses de uma pessoa através da arquitetura pode não só modificar a sua própria percepção a respeito do local que visita, como também pode modificar a noção de lugar e de experiência de uso de todo o contexto em este se insere. É nesta discussão que entram as diversas estruturas efêmeras que vêm sido locadas nos mais diferentes espaços públicos (praças, ruas, etc.) ao redor do mundo. A efemeridade de algumas intervenções vem modificando não só a experiência do usuário mas também a imagem, apreensão e utilização da área que sofreu determinada intervenção – antes, durante e depois da aplicação daquilo que ali foi proposto. Praças já muito conhecidas pela população têm seu caráter completamente modificado pela instalação de elementos efêmeros em meio ao transitar diário. Possibilita a criação de atividades diferentes do simples passar pela praça, força o usuário a observar o espaço de uma nova maneira e muitas vezes até perceber elementos antes nunca observados. Ruas são pintadas, calçadas reocupadas e espaços internos de estações de metrô completamente recriados – tudo muitas vezes pela ação de uma simples proposta efêmera, inusitada em relação ao cotidiano local. Neste contexto discute-se não só a forma como a intervenção se faz, mas também o papel de discussão do uso do espaço, um entendimento de como cada intervenção interfere neste uso, como deve ser implantada com base nos fluxos e horários de utilização, além de como, claro, atrair a população e o público a experienciar o que ali tem sido criado. Discute-se o uso anterior à proposta, o uso efetivo durante a permanência de determinado elemento no espaço analisado, e também, o uso após o término do período de intervenção. Exemplos de atividades e ambientes assim propostos são o que não faltam. Vêm surgindo por todo o mundo como forma de inovação, além de possibilitarem discursos a respeito de intervenções de baixo impacto e até custos para modificarem um determinado local temporariamente ou não. Funcionando, assim, até como catalizadores de uma mudança esperada por aqueles que propõem tais intervenções. A cidade, o meio e o usuário de algum modo “modificados” pela experiência que a efemeridade de um espaço criado pode oferecer.

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33 Imagem 10. The Stairs, MVRDV – fonte: website /dezeen.com/


Imagem 11. Pavilhão Dançante – fonte: website /archdaily.com/

O PAVILHÃO DANÇANTE, ESTÚDIO GUTO REQUENA Projetado pela equipe do escritório paulistano do arquiteto Guto Requena, o pavilhão efêmero foi construído no Rio de Janeiro como um espaço interativo para o público ao longo das Olimpíadas de 2016. Como parte do marketing de uma marca de cervejas, a ideia era não só trazer entretenimento para o usuário mas também integrá-lo como parte da experiência que a própria edificação gerava ao movimentar-se com base nas atividades exercidas dentro do pavilhão também pela própria população. Uma conexão entre o interior o exterior do projeto, conectando as percepções do espaço de quem estava dentro, mas também daqueles que o observavam do lado de fora. Sensores espalhados dentro da pista de dança permitem que essa pele reaja à estímulos, como a música, a agitação das pessoas. Essa Arquitetura Interativa é feita por cerca de 500 espelhos redondos que giram, abrem e fecham, criando efeitos ópticos. (fonte: archdaily, reportagem de 22 de agosto de 2016).

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PROJETO (RUA)3, BELA RUA Proposto por Jeniffer Heemann, Juliana Barsi e Renato Forster da Bela Rua (instituição sem fins lucrativos especializada em iniciativas de placemaking), o projeto visa proporcionar a reutilização de praças já degradadas ou subutilizadas de modo a catalisar mudanças em seus espaços físicos e atrair novos usos através da implantação do projeto. Sua primeira edição ocorreu na Praça Oliveira Penteado, no Butantã, em São Paulo. (Rua)³, ou Rua ao Cubo, é um cubo gigante e itinerante que transforma, temporariamente, qualquer espaço público em um lugar de convívio, arte e lazer. Projetado em parceria com as arquitetas Rebeca Grinspum e Ananda Albuquerque Lavor, o cubo disponibiliza bancos, mesas, jogos, plantas e o que mais for necessário para oferecer novos usos a um local. (...) Só existe uma forma de transformar um espaço vazio na cidade em um lugar realmente inspirador para as pessoas: ouvindo quem está lá todos os dias e criando o projeto com eles”, é assim que Jeniffer define os projetos desenvolvidos pelo grupo. Por isso, a intenção é ir percebendo ao longo da execução do (Rua)³ quais as demandas e necessidades dos moradores da região da praça para, se for o caso, adaptar ações préprogramadas. “É interessante pra gente lidar com o acaso, perceber na execução como podemos nos adaptar para que a comunidade se envolva cada vez mais com a proposta”, afirma Renato. (fonte: site da Organização Cidade viva, reportagem de agosto de 2014).

Imagem 12. Projeto (Rua)3 – fonte: website /oppa.com/

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Imagem 14. Emergency Shelter, Conrad Gargett – fonte: website /archdaily.com/

EMERGENCY SHELTER, CONRAD GARGETT O projeto em si trata-se de um abrigo para situações emergenciais a ser implantado em diversos possíveis lugares onde se houver necessidade de sua implantação, realizado pelo escritório australiano Conrad Gargett como parte da Brisbane Emergency Shelter Exhibition, em Brisbane, na Austrália. O interessante é não só o projeto em si e sua habilidade de ser aplicado em vários lugares em que for necessário, mas também de ter sido exposto em meio a uma praça da cidade, contrastando um ambiente extremamente urbano e já consolidado com uma proposta a ser implantada em lugares mais remotos e sem abrigo. Muda-se assim o contexto de apreensão da praça, e confere-se um novo valor à mesma a partir do momento que o próprio usuário se vê transportado para um novo lugar – conectando as duas realidades.

Imagem 15. Emergency Shelter, Conrad Gargett – fonte: website /archdaily.com/

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Imagem 16. The Porthole, TOMA! – fonte: website /archdaily.com/

PAVILHÃO THE PORTHOLE, TOMA! Localizado em La Grande-Motte, na França, o projeto realizado pela equipe do escritório de arquitetura TOMA!, se situa no porto, próximo às embarcações e em área com alto trafego de pessoas, destacando-se pela aparência inusitada que possui, pela materialidade e também pelas diversas perspectivas geradas por seu design. Outro ponto interessante é o fato de não possuir uma função em específico, apenas a possibilidade de gerar diferentes usos para o próprio usuário que pode sentar, caminhar, transitar, observar as diversas perspectivas geradas pelo elemento criado e possibilitar nova apreensão do espaço existente ao redor. O fator experimental deste pavilhão é a forma na qual se considera a técnica da perspectiva localizada: a escultura habitável é convertida num sinal plano, um olho de boi virtual no passeio marítimo. Em contínua evolução, a instalação muda seus próprios rasgos com respeito aos pontos de vista de quem os observa, criando, graças à natureza anamórfica, um círculo perfeito. (fonte: artigo publicado no Archdaily, em 24 de julho de 2015).

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Imagem 18. Cota 10, GRUA – fonte: website /grua.arq.br/

COTA 10, GRUA ARQUITETOS Por meio da construção de uma estrutura efêmera no centro do Rio de Janeiro, próximo à Praça XV, o projeto busca estimular a reflexão a respeito da demolição do Elevado da Perimetral – localizado próximo à região. Uma escada em estrutura tubular conduz o público até uma plataforma que se eleva a 10 metros do nível do solo – mesma altura da extinta Bandeja da Perimetral. O contraventamento da leve estrutura se dá através de oito blocos de concreto, cada um pesando uma tonelada, apoiados no solo e ligados ao topo da estrutura por meio de cabos de aço tensionados. A partir da cota 10 experimenta-se a Praça XV de forma inédita, descortina-se a Baía de Guanabara por trás da Estação das Barcas, as copas das árvores se alinham com o horizonte, o ir e vir dos transeuntes se torna distante. Onde antes havia uma pesada infraestrutura agora há o vazio, o vento. O corpo pode demorarse onde um dia passou veloz. (fonte: website oficial, Grua Arquitetos).

Imagem 19. Cota 10, GRUA – fonte: website /grua.arq.br/

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Imagem 20. Cota 10, GRUA – fonte: website /grua.arq.br/

Imagem 21. Cota 10, GRUA – fonte: website /grua.arq.br/

Imagem 22. Cota 10, GRUA – fonte: website /grua.arq.br/

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EXPOS E EVENTOS URBANOS EVENTOS URBANOS E O USO DA CIDADE Agitação, contraste, divertimento – talvez muitas sejam as palavras capazes de serem associadas a eventos de modo geral. Eventos urbanos – talvez não necessariamente as palavras mas sim tipos sejam difíceis de serem definidos. Novos projetos e ideias surgem a cada ano por cidades de todo mundo, provando-se cada vez mais eficazes quanto ao engajamento e interesse de seus frequentadores/cidadãos. Desde feiras ou rodas de rap até grandes eventos institucionalizados – tais como Olimpíadas, Copas do Mundo, festivais, etc. –, tais eventos mostram, desde sua criação, o quanto as cidades se beneficiam das ações que nelas ocorrem. Não atraem somente seus próprios habitantes mas também cidadãos do mundo todo, materializando conexões internacionais que vão além da diplomacia entre países, liga um povo a outro, uma nação a outra – mesmo que muito rapidamente. Além de se beneficiarem do marketing e branding desenvolvido para o turismo da cidade, a imagem local também se modifica. Espaços reutilizados e ambientes reconfigurados em relação ao que se tem cotidianamente passam a afetar a vida dos usuários destas cidades, quebra-se a monotonia da vida cotidiana e beneficia a cidade que, a fim de manter-se viva, tem de também oferecer novidades, atrair investimentos e dinamizar-se a cada dia. Problemas surgem também, é claro, em função de tais mudanças e do impacto destes eventos. Quando mal planejados ou até executados e, principalmente, pouco integrados, estes podem agir como geradores de questões para além daquelas já cotidianamente pela população local. O trânsito é afetado, as diversas redes de transporte público, o acesso a determinados lugares, a superlotação de acomodações (hotéis, hostels, etc.). Tudo tem de ser pensado de modo a facilitar a participação no evento por visitantes e pela população mas também, de modo a não criar impecílhos para o diaa-dia daqueles que encontram-se desligados e até sem interesse pelo evento. Por serem muitos e agora cada vez mais recorrentes, estes eventos passam a criar novas imagens, novas roupas e fachadas para a cidade e seus espaços corriqueiros. Brincam com o imaginário e fazem da rua, da praça e do espaço público, museus, espaços de show e até uma nova imagem nas mentes daqueles já habituados e pouco surpresos com suas rotinas diárias.

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41 Imagem 23. Nuit Blanche, Toronto – fonte: website /seetorontonow.fr/


WORLD EXPOS As Exposições Universais, ou Feiras Mundiais, foram auto representações populares da elite industrial, ricas em ideias e plenas em criatividade, uma demonstração da transformação nas relações comerciais do mercado mundial, do progresso visível e do inicio de um processo de auge econômico dos países industrializados tanto na Europa quanto nos Estados Unidos. O objetivo dessas exposições era mostrar a força e a consolidação do sistema fabril ao grande público e às outras nações. Os avanços técnico-científicos, que antes só se viam nos ambientes das fábricas, puderam ser vistos e mostravam as mercadorias do capitalismo triunfante. Faziam-se exaltações à razão humana que se propunha a dominar a natureza, provando assim a superioridade do ser humano, principalmente o europeu. Segundo Werner Plum, a sociedade europeia, liderada pela burguesia industrial, estava empenhada em dominar o mundo e, inclusive, criar um a sua imagem e semelhança buscando a expansão da civilização pela expansão dos bens industriais. Avanços nos transportes e na comunicação (ferrovias, telégrafo, navios a vapor) criavam, ou pretendiam criar, uma interligação amistosa entre as nações industriais, essenciais para a consolidação do capitalismo como sistema internacional. (GOMES, Ana Carolina; PICCOLO Priscilla; REY, Ricardo).

Assim como tratado no trecho acima, as World Expos – Exposições Universais – surgiram com o objetivo claro de explorar o desenvolvimento técnico e tecnológico das nações industrializadas no passado, mas até hoje vêm ocorrendo de modo a tornarem-se mega-eventos capazes de atrair pessoas de todo o mundo para uma única cidade pelo período de tempo em que acontecem. O caráter efêmero do evento não deixa de ser uma boa referência para o projeto aqui desenvolvido justamente por consolidar, desde a sua criação, a capacidade de modificar o dia-a-dia e o cotidiano das cidades que as sediam pela atração de populações que vão além de suas demografias locais por meio de uma única temática – repleta de atividades, discussões e acontecimentos.

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Imagem 24. Pavilhão Brasileiro, Expo Milan 2014. – fonte: website /archdaily.com/


Imagem 25. Obra, Nuit Blanche Toronto. – fonte: website /archdaily.com/

NUIT BLANCHE, TORONTO Nuit Blanche Toronto é um evento urbano gratuito, anual, de celebração da arte contemporânea, produzido pela prefeitura da cidade de Toronto, em colaboracão com a cominidade artística local. Por uma noite inteira “sem sono”, do pôr-do-sol ao amanhecer, tudo o que é familiar é esquecido e Toronto é transformada em um playground artístico para uma série de interessantes experiências artísticas em espaços públicos inesperados. Desde 2006, este premiado evento já apresentou por volta de 1400 instalações de arte de, aproximadamente, 4900 artistas, gerando um impacto econômico de cerca 311 milhões de dólares canadenses para a cidade. (fonte: https://nbto.com/about/ – texto traduzido do website oficial Nuit Blanche Toronto).

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NECESSIDADES E LOCALIDADES AS NECESSIDADES DA MOSTRA (PROGRAMA DE NECESSIDADES) Festivais de cinema são muito mais do que a simples divulgação de novos filmes e a exibição de clássicos para o entretenimento de seus espectadores – são ambientes de mercado, espaçõs de atividades do meio audiovisual e eventos de turismo das cidades em que acontecem. Com base nas necessidades da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo já listadas anteriormente, associadas ao que já acontece normalmente no evento e ao que o projeto de ocupação urbana aqui apresentado se propõe a fazer, foi desenvolvido um programa de atividades/ necessidades que regeria toda a proposta – tanto no âmbito urbano de sua ação, como também nas soluções arquitetônicas desenvolvidas para abrigarem tais atividades. Considerando os espaços de exibição já utilizados, o projeto surge então com propostas de ocupação que complementem a ação destas localidades – levando para as ruas, as praças e os demais espaços públicos da cidade um pouco daquilo que acontece no interior dos auditórios e salas de cinema. Tendo a Avenida Paulista (região com a maior concentração de espaços de exibição e onde se situa o MASP, sede inicial da Mostra) como centralidade do evento, a ideia é propor o uso de outros dois edifícios emblemáticos para o festival – Museu da Imagem e do Som e a Cinemateca Brasileira – para atividades específicas do evento (uma feira de tecnologia aplicada ao meio audiovisual e um espaço voltado para o content market – mercado do meio referido); a criação de espaços de exibição, palestra nas chamadas Oficinas Criativas da Mostra em parques e praças da cidade (criando novas “sub-centralidades”); e chegando por fim à periferia da cidade em associação às salas de exibição e escolas do Circuito Spcine, com estúdios modulares para a realização de atividades ligadas à produção cinematográfica e não só a exibição de novos filmes.

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Colagem 03, Autor – Pavilhão de Andaimes a Noite.


01. O CENTRO DA MOSTRA – MASP E AVENIDA PAULISTA. Para o principal espaço de concentração de atividades e exibições da Mostra, a Avenida Paulista, a ideia é levar o cinema nacional e internacional para fora das muitas salas de exibição que já existem ali. A ideia é usar dos edifícios e do imaginário da grande avenida para recriar a imagem do local, torná-la um grande espaço cinematográfico – uma cidade de projeções, múltiplas visuais e atividades ao longo de sua extensão. O MASP passa a ser o centro oficial do evento como principal espaço de exibições públicas, as calçadas passam a ser ocupadas por bancas e espaços destinados à exibição de filmes em VR (Virtual Reality) e os terraços servem de salas de cinema com eventos e exibições com projeções nos prédios vizinhos.

02. ESPAÇO MERCADO INTERNACIONAL – CINEMATECA BRASILEIRA Edifício icônico e memorável para o cinema brasileiro, a Cinemateca surge como segundo espaço central da Mostra servindo de sede para os eventos que dizem respeito às negociações do meio audiovisual, espaços para pitchings, palestras e reuniões de empresas produtoras; além de servir de sede para as exibições e palestras do país visitante selecionado para o ano de 2019.

03. FEIRA FUTURO – MUSEU DA IMAGEM E DO SOM Além de museu, o MIS também surge como terceiro espaço central do evento, trazendo consigo os aspectos tecnológicos do cinema em uma feira criada para a divulgação destes novos produtos e trabalhos dentro do meio audiovisual.

04. OFICINAS CRIATIVAS O coração deste projeto, as chamadas Oficinas Criativas surgem como a essência do caráter efêmero deste projeto com a criação de pavilhões desmontáveis associadas a módulos de atividades em praças, parques e espaços públicos da cidade, levando filmes, palestras e atividades ligadas à produção cinematográfica para os leigos e cinéfilos pouco integrados ao ciclo de produtores e empresas produtoras participamentes do evento. A ideia é que tais espaços sejam o mais flúidos e equipados para abarcar atividades ligadas a roteiro, edição, direção de arte, direcão de fotografia e todos os demais departamentos essenciais para a criação e desenvolvimento de um produto audiovisual. Funcionam como espaços de integração de pessoas, destas com São Paulo e seus espaços públicos, e de São Paulo com o cinema nacional e internacional.

05. ESTÚDIO SPCINE – CIRCUITO SPCINE Tendo a mesma função das Oficinas Criativas, mas chegando a áreas mais periféricas da cidade, o Estúdio Spcine surge em parceria com o Circuito Spcine – projeto de salas de cinema da Spcine (agência municipal do audiovisual de São Paulo) que leva cinema a lugares onde as grandes redes não consideram rentável a instalação de seus cinemas. A ideia é que, no mesmo formato modular dos estúdios e espaços criados para as atividades nas praças, sejam levados também miniestúdios transportáveis e multifacetados para as escolas da periferia em que o Circuito acontece – levando também palestras e atividades para os possíveis futuros cineastas e filmmakers brasileiros. Aproximando não só público mas também os jovens e crianças da produção audiovisual e de um possível futuro no meio – ainda carente de profissionais brasileiros.

Colagem 04, Autor – Pavilhão de Andaimes a Noite, com projeções.

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REFERÊNCIAS CONCEITUAIS YONA FRIEDMAN, MOBILE ARCHITECTURE E A VILLE SPATIALE. Yona Friedman é um arquiteto húngaro-francês nascido em 1923 em Budapeste. Sua importância remonta à época das décadas de 50 e 60, a chamada era das megaestruturas. Em seu primeiro manifesto chamado “A Arquitetura Móvel”, sua proposta ideológica da “ville spatiale” juntou-se aos conceitos como mobilidade, redes, tecnologia, movimento social e o papel do arquiteto como construtor. Nos anos 60, um grupo de arquitetos produziu uma série de projetos baseados no crescimento urbano e produção da maquinaria em cidades ideais. Friedman foi um destes, representando cidades utópicas, invisíveis, que se desdobram, marcam ritmos e estruturas, que buscam dentro de toda irracionalidade dar espaço a um postulado forte e claro. Friedman, dedicado ao estudo integral da arquitetura, a utilização dos materiais do lugar, as tecnologias simples e edifícios dirigidos aos usuários e arquitetos; tudo dentro da sustentabilidade e variabilidade. Uma série de propostas que vão desde o racional aos imagináveis que se destacam principalmente pelo discurso que existe por trás delas; o compromisso social e sustentável. Para Friedman, a arquitetura não é simplesmente a arte de construir, mas o manejar de um espaço determinado. Remarca nosso frenesi pela construção a qual, não necessariamente, cumpre seus objetivos de dar abrigo a todos os habitantes do planeta. (fonte: Archdaily).

Para Friedman, uma das funções da arquitetura é ser adaptável, móvel não no sentido de deslocável, mas de modificável – adaptada à livre expressão de seu usuário, de seu uso e criação. É papel do arquiteto conferir liberdade ao ocupante do espaço e não engessá-lo nos formatos convencionais de cidades e construções. Tais conceitos foram essenciais no processo de construção das intervenções aqui apresentados para a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, principalmente no que diz respeito à seu uso durante as duas semanas e ao impacto visual e conceitual em meio à cidade já consolidada – assim como a famosa Ville Spatiale de Yona Friedman.

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Imagem 26. Ville Spatiale, Yona Friedman. – fonte: website /kiesler.org/


Imagem 27. 2o Lugar, Concurso Fairy Tales. – fonte: website /blankspaceproject.com/

CONCURSO FAIRY TALES, BLACK SPACE. Organizado pelo portal Blank Space, o concurso internacional Fairy Tales combina arquitetura e narração de histórias. Assim como seu nome sugere, os participantes desenvolvem não apenas projetos arquitetônicos relevantes e inovadores, mas também um texto baseado nos desenhos. O concurso traz consigo não só conceitos de arquitetura e de desenvolvimento de narrativas, mas sim da arquitetura como espaço narrativo – de construção de memórias e questinamentos materializados através da criações arquitetônicas, mesmo que imaginárias. Influenciando não diretamente, mas conceitualmente, o projeto aqui apresentado, o concurso traz consigo algumas das principais questões levantadas em megaeventos, e, no caso, principalmente, eventos ligados ao cinema – que nada mais é do que um novo meio de contar histórias. As soluções formais, complexas ou simples, que se desenvolvem dos projetos apresentados inspiram a criação de espaços lúdicos e capazes de não só abrigrarem suas funções essenciais mas também levantar discussões e servir de tela para novas ideias e propostas de espacialidade.

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OS ESPAÇOS EFÊMEROS A fim de decidir os espaços onde esta nova proposta da Mostra viria a acontecer, partiu-se para uma análise mais aprofundada da atual ocupação do evento na cidade de São Paulo, mapeando as principais conexões, proximidades e áreas de concentração de atividades ligadas ao evento como um todo. Com base nestas análises, foram definidos os espaços centrais da Mostra, as praças para Oficinas Criativas e os espaço do Circuito Spcine.

Atuais espaços utilizados pela Mostra + Mapeamento de Instituições Apoiadoras.

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ESPAÇOS UTILIZADOS PELA MOSTRA + UNIDADES SESC SÃO PAULO

MAPA 03: CONEXÕES ATUAIS Conexões entre os atuais espaços utilizados pela Mostra + Mapeamento de Instituições Apoiadoras. Conexões entre os atuais espaços utilizados pela Mostra e Instituições Apoiadoras + Definição das Oficinas Criativas.

MAPA 04: ESPAÇOS PÚBLICOS SELECIONADOS E ESPAÇOS EXISTENTES

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ESPAÇOS PÚBLICOS SELECIONADOS: OFICINAS CRIATIVAS

MAPA 05: OFICINAS CRIATIVAS - ESPAÇOS PÚBLICOS SELECIONADOS Oficinas Criativas Finais Oficinas Criativas Finais + Linhas de Metro e Localidades atualmente utilizadas pela Mostra.

SPCINE OLIDO

SPCINES LIMA BARRETO E PAULO EMÍLIO (CENTRO CULTURAL SÃO PAULO)

SPCINE ROBERTO SANTOS

MAPA 06: LOCALIDADES E AS LINHAS DE METRÔ UTILIZADAS

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MAPA 07: CENTROS DA MOSTRA Museu de Arte de São Paulo, Museu da Imagem e do Som e Cinemateca Brasileira. Diagrama, Mostra em Funcionamento.

MAPA 08: MOSTRA EM FUNCIONAMENTO

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Colagem 03, Autor – Av. Paulista.

O CENTRO DA MOSTRA Sendo o principal espaço de atividades e exibições da Mostra Internacional de Cinema, a Avenida Paulista, o que se propõe é trazer o cinema e suas discussões para fora das muitas salas de exibição que se concentram nos seus arredores. A ideia é usar dos edifícios e do imaginário da grande avenida para recriar a imagem do local, torná-la um grande espaço cinematográfico – uma cidade de projeções, múltiplas visuais e atividades ao longo de sua extensão.

“O CHÃO” Ao longo da grande avenida, a proposta é trazer alguns pontos de atividades em sua extensão, com bancas de merchandising e orientação, sinalização, espaços de atividade VR (realidade virtual) e locadoras de bicicletas para a circulação na ciclovia central – ou na pista mesmo aos domingos. A intenção é torná-la um grande percurso para os próprios paulistanos que passam diariamente por ali e também para os visitantes locais.

“O TOPO” Outra proposta, mais ousada, é de tornar a grande avenida a materialização de um espaço cinematográfico, uma cidade iluminada por novas cores e luzes, projeções e repleta de atividades, inclusive o mapeamento e uso das coberturas de alguns dos edifícios como espaços de eventos, bares e espaços abertos de exibição. Usando de terraços mais baixos em relação a outros edifícios próximos com projeções em suas fachadas e sistemas de som integrados aos espaços criados. A avenida recriada e reocupada em todos os níveis e vista por completo como um grande espaço/cenário do evento. A construção de novas cenas no imaginário dos participantes do evento e a re-imaginação temporária de uma Paulista ainda desconhecida.

O VÃO DO MASP O Museu de Arte de São Paulo, o MASP, passa a ser o centro oficial do evento como principal espaço de exibições públicas, com atividades diversas ao longo do dia – oficinas, palestras, espaços para infra-estrutura básica de usos essenciais do evento (banheiros, cafeterias, etc.) além de estúdios de TV, camarins e palco para conferências de imprensa e entrevistas.

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53 Colagem 04, Autor – Av. Paulista.


Avenida Paulista, “O Centro da Mostra”. – Planta Baixa

MÓDULO BANCA/VR, FECHADO MÓDULO REDUZIDO

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MÓDULO BANCA/VR, ABERTO MÓDULO REDUZIDO


Funcionando como versões reduzidas dos módulos de 3,0 x 7,0m, as bancas/espaços VR seriam locados ao longo da Avenida Paulista, no percurso do transeunte que podeiria obter mais informações a respeito do evento, comprar os produtos do evento e participar de experiências com realidade virtual – uma das novidades das edições mais recentes do evento. A ideia é tornar a avenida ainda mais interessante, não só ocupada mas cheia de novidades e atividades.

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Imagem 28. Avenida Paulista – fonte: website /wikipedia.com/


ESTÚDIO

PALCO (PRESS CONFERENCES)

ESTÚDIOS (TV E RÁDIO)

CAMARINS

MASP – MÓDULOS + PLATÉIA

CAFÉ

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ESPAÇO MERCADO INTERNACIONAL – AS DIRETRIZES DE OCUPAÇÃO DA CINEMATECA A Cinemateca Brasileira tem valor não só histórico-espacial enquanto edifício mas também sentimental para o cinema brasileiro pela sua importância para o meio audiovisual brasileiro. Todos os filmes nacionais com apoio da Ancine e do Ministério da Cultura têm uma cópia guardada em seu acervo. Escolhida para sediar o Espaço Mercado Internacional da Mostra, a ideia é trazer para o espaço as atividades e investimentos do content market brasileiro. Pitchings, rodadas de palestras e discussões – além de se transformar na sede do país visitante do ano de 2019. A ocupação espacial sugerida é simples, se utilizando de partes internas do edifício, principalmente dos fundos, com tablados, mesas, cadeiras e módulos soltos – além da estrutura coberta já existente nos fundos, e espaços para exposições temáticas relacionadas ao cinema.

Imagem 29. Cinemateca Brasileiro. – fonte: website /teguiado.com/

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ÁREA PARA USOS VARIADOS

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ESPAÇO FEIRA FUTURO – AS DIRETRIZES DE OCUPAÇÃO MIS/MUBE O grande espaço de intervalo entre o Museu da Imagem e do Som e do Museu Brasileiro da Escultura serve de base para a instalação da chamada Feira Futuro – feira de tecnologia e profissionais técnicos do cinema, com novos equipamentos de iluminação, filmagem, cenotecnia, som e captação de som, edição, etc. Por carregar no título “a Imagem e o Som”, o MIS torna-se o espaço ideal para tal proposta, afinal é o espaço em São Paulo onde mais de desenvolvem projetos culturais voltados para o entretenimento e conhecimento audiovisual. Som, Imagem e a Mostra com novas caras, coerentes à proposta geral deste projeto.

Imagem 30. Museu da Imagem e do Som, São Paulo. – fonte: website /sistemsp.org/

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OFICINAS CRIATIVAS PRAÇA HORÁCIO SABINO Situada na porção oeste da capital paulistana, é uma das praças com planejamentos de revitalização por crowdfunding do projeto Praças. Com projeto paisagístico, recém executado de Rosa Kliass, o local se situa nas proximidades de Sumaré e Vila Madalena, tornando-se região ideal para uma das oficinas criativas justamente pela quantidade de atividades já realizadas e com a intenção de expandi-las.

Imagem 31. Praça Horácio Sabino. – fonte: website /pracas.com.br/

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Imagem 32. Praça Gastão Vidigal. – fonte: website /minube.com.br/

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OFICINAS CRIATIVAS PRAÇA GASTÃO VIDIGAL Situada, também, na porção oeste da capital paulistana, é outra das praças com planejamentos de revitalização por crowd funding do projeto Praças, selecionadas como parte da proposta aqui apresentada. Sendo a menor das praças selecionadas, a proposta para esta é também em menor escala, mas também contemplando um outro nível de atuação da Mostra.

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Imagem 33. Estacionamento do Estádio do Pacaembú. – fonte: website /esportividade.com.br/

OFICINAS CRIATIVAS ESTÁDIO DO PACAEMBÚ Situado também na porção oeste da cidade, entre a região de Higienópolis e do Vale do Pacaembú, o estádio possui grande área ajardinada na frente de seu acesso principal, associada ao estacionamento onde se propõe a edificação efêmera aqui apresentada. Aos fins de semana, a região se vê repleta de transeuntes, não só por conta dos jogos mas também por conta das feiras, atividades cotidianas locais e espaços públicos interessantes. Uma subcentralidade interessante até por conta de seu relevo, bem acidentado.

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ÁREA PARA DISTRIBUIÇÃO DOS MÓDULOS ANEXOS.

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Imagem 34. Parque Jardim das Perdizes. – fonte: website /jperdizes-mori.com.br/

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ÁREA PARA DISTRIBUIÇÃO DOS MÓDULOS ANEXOS.

OFICINAS CRIATIVAS PARQUE JARDIM DAS PERDIZES Parque recém inalgurado na porção noroeste da cidade de São Paulo, surge de uma parceria público-privada de revitalação da região com o parque e condomínios circundantes homônimos. O Parque, aberto em 2013, ainda encontra-se em processo de consolidação com a vegetação e árvores ainda em crescimento e o uso ainda relativamente baixo pela população local. O parque, que fica aberto diariamente das 5h às 22h, tem grandes espaços livres e paisagismo bem ainda novos, porém subutilizados com grande potencial de desenvolvimento de sua ocupação – razões essenciais para a proposta aqui criada. Conferir novos olhares e novo cotidiano ao parque ainda pouco “percebido”.

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OFICINAS CRIATIVAS PRAÇA DO PÔR-DO-SOL Situado também na Vila Madalena, a praça localizada no alto de uma região acidentada do bairro boêmio, tem a visão perfeita do sol ao fim do dia – razão pela qual carrega “pôr-do-sol” no nome. Aos domingos, principalmente, recebe centenas e dezenas de visitantes para não só apreciarem a paisagem mas também usufruirem da ainda pouca infra-estrutura oferecida pela praça. Seu relevo e uso já com demandas próprias passou então a ser exemplo de local ideal de intervenção e ação da Mostra – indo além de sua localidade. A ideia é não só oferecer os espaços propostos mas também se aproveitar do relevo do terreno e suas visuais na construção do imaginário local criado ao longo das duas semanas do festival. Único até para os que frenquentam o local diária ou semanalmente.

Imagem 35. Praça do Pôr-do-Sol. – fonte: website /spcity.com.br/

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ÁREA PARA DISTRIBUIÇÃO DOS MÓDULOS ANEXOS.

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Imagem 36. Praça da República. – fonte: website /arvoresdesaopaulo.com.br/

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OFICINAS CRIATIVAS PRAÇA DA REPÚBLICA Situado na região central da cidade, a praça recebe transeuntes ao longo de todo o dia, não só graças à presença do metrô e de importantes edifícios nos seus arredores, mas também graças ao espaço físico da praça em si – muito conhecido e já parte do imaginário paulistano e até nacional. A instalação de uma das propostas efêmeras na praça passa a ser não só uma nova proposta de uso da mesma como também um projeto de (re)imaginação do local, da reconstrução de sua imageme resignificação do cotidiano local – atrelado claro à criação de potenciais novos usos para o local também relativamente degradado.

ÁREAS PARA DISTRIBUIÇÃO DOS MÓDULOS ANEXOS.

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OFICINAS CRIATIVAS PARQUE IBIRAPUERA Principal parque da cidade, não só por suas atividades e espaços de lazer mas também pelo valor iconográfico de suas paisagens e história, o Parque do Ibirapuera também passou a ser um espaço essencial de intervenção deste projeto para a Mostra. Sendo já atualmente utilizado pelo festival, com exibições no Auditório Oscar Niemeyer e com a cerimônia final de premiações no lado de fora do mesmo, coube aqui a proposta de intervenções em grande escala – pavilhões coerentes com o tamanho e importância do parque citado. Figurinha carimbada do evento e da cidade que não poderia ser deixado de lado.

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Imagem 37. Praça do Ibirapuera – fonte: website /viatrolebus.com.br/

ÁREA PARA DISTRIBUIÇÃO DOS MÓDULOS ANEXOS.

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Imagem 38. Parque Villa-Lobos – fonte: website /Governo do Estado de São Paulo/

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OFICINAS CRIATIVAS PARQUE VILLA-LOBOS Localizado às margens do rio Pinheiros, o grande parque serve espaço de lazer e atividades para a população de suas proximidades. Tendo recebido anteriormente outras estruturas e eventos – tais como alguns espetáculos do Cirque du Soleil –, o parque destaca-se como área de intervenção interessante justamente pelos espaços e infra-estrutura oferecidos, mas também pela localidade.

ÁREA PARA DISTRIBUIÇÃO DOS MÓDULOS ANEXOS.

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OFICINAS CRIATIVAS PARQUE DA ACLIMAÇÃO Situado na porção centro-sul da cidade, o Parque da Aclimação surge como um dos principais espaços de lazer para os moradores de Vila Mariana e regiões próximas. Com lago e grande área arborizada, o parque é um grande “respiro” em meio à selva de edifícios situada ao redor.

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ÁREA PARA DISTRIBUIÇÃO DOS MÓDULOS ANEXOS.

Imagem 39. Parque da Aclimação – fonte: website /tripadvisor.com/

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Imagem 40. Parque da Independência – fonte: website /ckturistando.com/

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ÁREAS PARA DISTRIBUIÇÃO DOS MÓDULOS ANEXOS.

OFICINAS CRIATIVAS PARQUE DA INDEPENDÊNCIA Também situado na porção centro-sul de São Paulo, o grande parque tem a forma longelinea, conferindo visuais monumentais do edifício histórico que abriga, dando mais valor ainda a (re) imaginação do espaço construído e consolidado da cidade.

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OFICINAS CRIATIVAS PARQUE ESTADUAL DO BELÉM Localizado na porção leste da cidade, o parque abriga grande número de atividades, tanto ao seu redor como no programa desenvolvido para o parque. A proposta de levar a Mostra até lá não só gera um nova integração com a zona leste paulistana, como também influencia o uso deste parque, tão importante localmente.

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Imagem 41. Parque Estadual do Belém – fonte: website /mapio.net/

ÁREAS PARA DISTRIBUIÇÃO DOS MÓDULOS ANEXOS.

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DIAGRAMA: MOSTRA EM FUNCIONAMENTO

Circuito Spcine Centros da Mostra

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Oficinas Criativas


O ESTÚDIO SPCINE Tendo a mesma função das Oficinas Criativas, mas chegando a áreas mais periféricas da cidade, o Estúdio Spcine surge em parceria com o Circuito Spcine – projeto de salas de cinema da Spcine (agência municipal do audiovisual de São Paulo) que leva cinema a lugares onde as grandes redes não consideram rentável a instalação de seus cinemas. A ideia é que, no mesmo formato modular dos estúdios e espaços criados para as atividades nas praças, sejam levados também mini-estúdios transportáveis e multifacetados para as escolas da periferia em que o Circuito acontece – levando também palestras e atividades para os possíveis futuros cineastas e filmmakers brasileiros. Aproximando não só público mas também os jovens e crianças da produção audiovisual e de um possível futuro no meio – ainda carente de profissionais brasileiros. A função primordial desta proposta, além de integrar a periferia ao evento, também aproximar o público leigo das diversas formas e cargos da produção cinematográfica, descontruindo distanciamentos, aproximando vivências, sonhos e realidades.

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a

43 MOSTRA Internacional de Cinema de São Paulo.

SOLUÇÕES FORMAIS E MATERIAIS + ESTRUTURAS MODULARES Após as propostas iniciais desenvolvidas com base nas necessidades já existentes da Mostra, em conjunto com as novas necessidades propostas por este projeto, algumas decisões passaram a ser tomadas – decisões estas de caráter urbano e caráter arquitetônico. Primeiramente foram decididas a forma de ação geral de ocupação do evento e, posteriormente, suas localidades. Os três espaços principais (MASP e Av. Paulista, a Cinemateca e o MIS) foram escolhidos como centralidades após um estudo de sua importância e potencialidades, em seguida, as praças e parques para a realização das Oficinas Criativas foram selecionadas através de suas localidades, servindo de subcentralidades para a Mostra, levando-a para áreas pouco contempladas por atividades do evento mas com força e relevância suficientes para sustentarem sua importância no contexto proposto. E, por fim, no caso do Estúdio Spcine, este surge como solução para a chegada do evento em áreas periféricas e pouco contempladas – com soluções arquitetônicas mais baratas, transportáveis mas ainda sim interessantes aos olhares e usos de seus ocupantes/usuários. Quanto a questões arquitetônicas, a ideia então passou a ser solucionar, de forma efêmera, a construção – plausível e até mais barata, porém eficiente – das edificações propostas, associando materiais e soluções arquitetônicas capazes de superar os desafios que cada terreno teria a oferecer. Após diversos estudos volumétricos, formais e de escala, principalmente, a solução básica passou a ser uma associação de sistemas construtivos e de módulos – módulos maiores para as atividades das Oficinas Criativas, construídas com andaimes e estruturas box truss associadas a duas camadas de tecido – um interno aos andaimes e outro externo, em lona, para projeções –, além de módulos em madeira, adaptáveis (de 3,0m x 7,0m e 3,0m x 5,0m), para os diversos programas menores – mini-estúdios, cafeterias temporárias, bancas de merchandising, espaços para atividades com VR (realidade virtual), etc. Estruturas simples, em grandes tablados de madeira, mas associadas a variadas formas de uso, articuladas, montáveis e desmontáveis, com projeções e uso não só de seus espaços internos mas também externos; com o recolhimento e extenção dos grandes tecidos e também num contraste entre branco, preto (de algumas madeiras tratadas com o método Charred Wood) e madeira – no caso, executadas em Bambu laminado colado e compensados de madeira em tons mais claros. Soluções relativamente simples, mas de usos lúdicos e variáveis.

GRANDES TABLADOS + PAVILHÕES EFÊMEROS + MÓDULOS DE ATIVIDADES, EM MADEIRA

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SOLUÇÃO SANITÁRIA: Locação de banheiros químicos inteligentes:


PAVILHÕES EM ANDAIMES + BOX TRUSS E TECIDO – OS MÚLTIPLOS USOS

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MÓDULOS EM MADEIRA – ADAPTÁVEIS PARA AS NECESSIDADES DE CADA ÁREA.

05.

04.

03.

02.

05.

04.

03.

02.

01.

01.

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MÓDULOS DETALHADOS

01. BASE ESTRUTURAL 1:25

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MÓDULOS DETALHADOS

02. BASE ESTRUTURAL + PILARES 1:25 90


MÓDULOS DETALHADOS

03. BASE ESTRUTURAL + PISO 1:25

91


MÓDULOS DETALHADOS

04. MÓDULO ESTÚDIO, FECHADO.

1:25 92


MÓDULOS DETALHADOS

05. MÓDULO ESTÚDIO, ABERTO. 1:25

93


MÓDULO BANCA + CAFÉ, FECHADO

MÓDULOS DETALHADOS

MÓDULO BANCA + CAFÉ, ABERTO

MÓDULO LANCHONETE / COZINHA, ABERTO

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MÓDULO BANCA/VR, BASE ESTRUTURAL MÓDULO REDUZIDO

MÓDULO BANCA/VR, PISO MÓDULO REDUZIDO

MÓDULO BANCA/VR, FECHADO

MÓDULO BANCA/VR, ABERTO MÓDULO REDUZIDO

MÓDULOS DETALHADOS

MÓDULO REDUZIDO

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SISTEMA DE RECOLHIMENTO DE TECIDOS.

SISTEMA ESTRUTURAL BOX TRUSS; – ESTRUTURAS PARA SISTEMAS DE ILUMINAÇÃO

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PAVILHÃO COMPLETO.

+ ESTRUTURA BOX TRUSS 50

PAVILHÕES EFÊMEROS

+ ESTRUTURA EM ANDAIME E CAMADA INTERNA DE TECIDO.

TABLADO DE MADEIRA

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IMPACTO INTERNACIONAL: SÃO PAULO PARA O MUNDO.

LINHA DE ÔNIBUS EXPRESSA: AEROPORTO – AVENIDA PAULISTA

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TRANSPORTE A CHEGADA EM SÃO PAULO São Paulo conta com dois aeroportos principais, Congonhas (nacional) e Guarulhos (internacional), sendo ambos dois dos principais terminais do país. A integração dos mesmos, não só à cidade durante o evento mas também aos terminais de cidades próximas facilita o processo de integração dos visitantes durante as duas semanas de outubro em que a Mostra acontece. A proposta seria não só aumentar a sinalização e a preparação das equipes locais para receberem visitantes mas também propor novas formas de conectar os aeroportos aos demais sistemas de transporte locais – facilitando o tráfego de todos durante o evento, seja de ônibus, metrô, trem, táxi ou aplicativos de transporte compartilhados.

MOSTRA HUB – LINHAS EXCLUSIVAS DE ÔNIBUS, INTEGRADAS AO METRÔ Para o melhor deslocamento pela cidade durante o período em que a Mostra acontece, foram propostas linhas de ônibus efêmera, circulares e expressa, integradas ao metrô para possibilitar a integração centro-periferia tanto proposta por este projeto.

LINHA DE ÔNIBUS CIRCULAR PRINCIPAL: CENTRALIDADES DA MOSTRA Passando pela Avenida Paulista do início ao fim e circulando entre os três edifícios centrais (MASP, MIS e Cinemateca), esta linha tem foco no trânsito rápido para os principais eventos – já que boa parte dos principais acontecimentos acontecem nestes espaços.

LINHAS DE ÔNIBUS CIRCULARES: OFICINAS CRIATIVAS Para a melhor integração entre as Oficinas Criativas e a Mostra, foram propostas quatro linhas efêmeras circulares de ônibus, integradas entre si e associadas aos sistemas de metrô e trem.

LINHA DE ÔNIBUS EXPRESSA: AEROPORTO - AVENIDA PAULISTA A fim de facilitar o deslocamento dos aeroportos até a área hoteleira da cidade e de atividades, propõe-se uma linha expressa do aeroporto de Congonhas levando até a Avenida Paulista.

ESTAÇÕES DE METRÔ OFICIAIS DA MOSTRA O metrô é claramente a melhor forma de transporte rápido pela cidade, tornando-se também a melhor forma de integrar a Mostra à malha urbana local. A proposta é também de equipar algumas das estações com equipes de apoio e informação, integrando também os terminais às linhas de ônibus aqui propostas.

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LINHA DE ÔNIBUS CIRCULAR PRINCIPAL : CENTROS DA MOSTRA

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Linha Oeste Linha Sul Linha Leste Linha Norte

LINHAS DE ÔNIBUS CIRCULARES: OFICINAS CRIATIVAS

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MOSTRA À MOSTRA:

PROJETO GRÁFICO + APLICATIVO

Mock-up 01 – Pontos de Ônibus durante a Mostra.

A IDENTIDADE DA MOSTRA Assim como citado no capítulo “Mostra em Primeira Pessoa” deste trabalho, o que já acontece em termos de ocupação é a tomada das ruas de São Paulo por artes gráficas do evento, isso não seria diferente com as propostas deste trabalho. Isso se mantem. Para isso foram escolhidas cores, fontes e símbolos, apresentados aqui.

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CORES OFICIAIS: PRETO ABSOLUTO. C = 27; M = 15; Y = 100; K = 0 BRANCO ABSOLUTO.

FONTES OFICIAIS: ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ

Fjalla One (CAIXA ALTA) TÍTULOS

REGULAR:

ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v w x y z

BOLD:

AB C D E FG H I J K LM N O PQ R STUVWXYZ a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v w x y z

ITÁLICO:

ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v w x y z

Times New Roman CONTEÚDO

LOGOTIPO PROPOSTO:

APLICAÇÃO:

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O APLICATIVO A fim de facilitar o uso da cidade e a participação no evento por visitantes, e também moradores, propõe-se também a criação de um aplicativo integrado onde estes teriam não só informações básicas, horários e locais da Mostra mas também a possibilidade de organizarem seus calendários e deslocamentos com a ajuda do app. Com o aplicativo, o usuário listaria todas as atividades que se proporia a fazer e os calculos de horários e sugestões de modos de deslocamento se faria com ele – não deixando o dono do tablet ou celular perder nada da Mostra, nem de São Paulo.

Mock-up 02 – Aplicativo para Tablets.

Mock-up 03 – Aplicativo em Celulares.

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CONCLUSÃO Mesmo que apenas o marco da conclusão de um curso de graduação, este trabalho se propôs não só a criação de uma proposta para um dos principais eventos do cinema no Brasil, mas também à valorização do meio audiovisual nacional, sua integração ao mundo, o uso e reuso da cidade de São Paulo e a brincadeira com o imaginário local. Tudo através da arquitetura e urbanismo associados a um bom planejamento e ação de um evento de tamanha escala – espaços gerando acontecimentos, e acontecimentos questionando o uso e requalificando espaços. A arquitetura indo além do cotidiano e da funcionalidade, provando que pode ir muito além daquilo que já se espera de um “arquiteto e urbanista”, sendo aplicável a vários meios, vários setores e muito mais eficaz e interessante do que se imagina. São Paulo, o cinema nacional e internacional, arquitetura, design e urbanismo integrados em um único projeto. Efêmero, porém capaz de discutir questões antigas de ambos os meios: a sétima arte e o uso da cidade.

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REFERÊNCIAS BOTELHO, Isaura. O Uso do Tempo Livre e as Práticas Culturais na Região Metropolitana de São Paulo. Coimbra: CES, 2004. BOTELHO, Isaura. Os equipamentos culturais na cidade de São Paulo: um desafio para a gestão pública. São Paulo. CAMPOS, C. M. Os rumos da cidade: urbanismo e modernização em São Paulo. Tese de Doutoramento, FAU / USP, 1999. DÉAK, C. E SCHIFFER, S. O processo de urbanização no Brasil. São Paulo: Edusp, 1999. FORATTINI, O.P. Qualidade de vida e meio urbano. A cidade de São Paulo, Brasil. Rev. Saúde públ., São Paulo, 25: 75-86, 1991. SCHUSTER, J. Mark. Ephemera, Temporary Urbanism, and Imaging. New Brunswick, New Jersey. 2001. TASCHNER, S.P. e BÓGUS, L. “São Paulo como patchwork”. In: BÓGUS, L. e RIBEIRO, L.C. (orgs.). Caderno Metrópole. São Paulo, Educ, n.1, 1999. p.43- 98. TAYLOR, Lisa. ed. 1981. Urban Open Spaces. New York: Rizzoli. TAYLOR, Lisa. ed. 1982. Cities: The Forces That Shape Them. New York: Rizzoli. WEST, Amanda B. 1998. Main Street Festivals: Traditional and Unique Events on America’s Main Streets. New York: John Wiley & Sons. LA TERZA, Carolina. O espaço público como local a ser ocupado. Trabalho Final de Graduação. FAU / USP, 2014

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