Ebook do 34º Concurso Literário da UNISO

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A 1ª Comissão Julgadora do 34º Concurso literário da Uniso foi composta pelos seguintes professores: Prof.ª Ma Bianca Nóbrega da Silva Profª. Drª Denise Lemos Gomes Prof. Me Márcio José Pereira de Camargo Prof.ª Drª Maria Angélica Lauretti Carneiro Prof. Me Roberto Samuel Sanches. Os critérios de avaliação foram: qualidade do texto, criatividade, adequação da linguagem, propriedade do gênero literário adotado, grau de literariedade. As obras que continham ilustrações preservaram, nesta publicação, a diagramação original.

Colegiado de Letras - UNISO Editora Jogo de Palavras Revisão Prof. Roberto Samuel Sanches Projeto gráfico do ebook Daniele de Oliveira Garcia



Sumário Textos finalistas

06 O mundo na cabeça Bárbara Gusmão

36 Poema três: Tempo de pipa F. Xavier

44 Luís, o papai dormiu de novo!... Guilherme Salgado Rocha (escritor) Tadeu Costa (ilustrador)

88 O menino feijão

Guilherme Salgado Rocha (escritor) Tadeu Costa (ilustrador)

124 Conversa de herbário Laís Soares


Menções Honrosas 142 Onde Deus Mora A. Gianello

150 Rodney Ariane Melissa

242 O sapo que engolia estrelas Hélio Sena

176 As aventuras de Tico e Ed Ilésio de Oliveira Leite (escritor) M. Isabel B. Leite (ilustradora)

196 Como criar uma borboleta Joicy Oliveira (escritora) Bianca Ortega (ilustradora)

222 A História das pernas que cresceram demais. Nuno Garcia Lopes

228 @catarinartista Tatiana Teles

Menção Especial 234 A menina, o cavaleiro e o dragão/A Vaquinha Maria Eduarda Meira Camargo


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O mundo na cabeรงa Bรกrbara Gusmรฃo

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F. Xavier

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Poema três: tempo de pipa

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Guilherme Salgado Rocha

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Luís, o papai dormiu de novo!...

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o papai dormiu de novo...!

Guilherme Salgado Rocha

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-Luís, Ilustrações Tadeu Costa

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Direitos autorizados para esta primeira edição por

Guilherme Rocha Coordenação

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José Santos Matos

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Idealização

Sonia, João Vítor e Luís

Henrique Calil Rocha Projeto Gráfico e Ilustrações

Tadeu Costa Revisão

Nilo Martinez Fernandes


o papai dormiu de novo...! Guilherme Salgado Rocha Ilustrações Tadeu Costa

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-Luís,

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Baseado em fatos reais (e noturnos)...

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Os meninos dormem em uma cama-beliche. João Vítor, oito anos, na de cima. Luís Henrique, cinco anos, na de baixo.

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Quinta-feira

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O pai chama... - Vamos pra cama, meninada...? ... e ele comeรงa a contar uma histรณria...

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O burrinho machucado

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O Juca e a Dati moravam em um bairro de São Paulo chamado Piedade. O Juca trabalhava no banco, a Dati era funcionária de uma loja. O dinheiro dos dois dava para levar uma vida tranquila. Desde a época em que moravam em Minas, Juca e Dati sempre gostaram de bichos. Os três filhos seguiram o mesmo caminho: a família tinha dois cachorros, um gato e cinco passarinhos. Não criavam porcos, patos e galinhas porque não dava mesmo, o quintal não era assim tão grande... Zzzz... O quintal não era tão grande, tão grande...

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- Papai, continua...! - Pode ser amanhã, João?

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- Ihhh... Ele já dormiu...

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Silêncio no quarto.

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Sexta-feira

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João Vítor se enfiou embaixo das cobertas, Luís Henrique esfregou as mãos. Escola, lição de casa, filme na tevê e sopa de feijão nesse meio tempo. - João, vem, o papai vai continuar... - Onde nós paramos mesmo? - Você estava falando que eles gostavam muito de bichos... - É mesmo... E que a casa não era muito grande, não era isso? - Vamos em frente.

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Um dia, uma menina do bairro viu um cachorrinho com a patinha machucada. Com muita pena, pensou logo em falar com a filha do Juca e da Dati. Os dois, na mesma hora, pediram para ver o bichinho, tinha sido atropelado por um carro.

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Zzzzz Silêncio de novo. O pai já tinha dormido.

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E ainda bem que era carro pequeno, pois naquela rua passavam muitos caminhões. Levaram o cachorrinho com todo o carinho e lhe deram o nome de Bob. E daí a pouco o Bob já se sentia em casa.

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Zzzzz Silêncio de novo. O pai já tinha dormido.

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Luís pergunta: - E aí, papai?! - .................

-Papaiê

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êê...

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João, vendo que o irmão mais novo havia ficado desapontado, pois o pai não tinha acordado, tentou arrumar uma saída, lembrando outra história:

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- Luís, sabe aquela história do sapo que caiu dentro de uma caixa? O que aconteceu com ele? - Não sei. - E do dragão que soltava fogo e correu atrás do príncipe...? E contou a história até o irmão adormecer...

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Sábado - E aí, pessoal, está na hora de dormir. - Vamos, papai... Queremos saber o final da história.

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Todo mundo cuidou do Bob. E quem disse que ele voltou para a rua?! Depois as crianças trouxeram o Toquinho, Princesa, Bolinha e Iasmin. A Bolinha era pretinha e branquinha, parecia uma bolinha mesmo. E três gatinhos.

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Até um passarinho que mancava de uma perninha... E todo mundo que é abandonado, gente e bicho, tem cara triste. Eles olhavam, tratavam e procuravam alguém para cuidar.

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Se fosse deixar com os filhos, todos os bichos ficariam morando ali. A casa ia virar um jardim zoológico. 34º Concurso Literário da UNISO

Mas um dia, a coisa ficou mais séria... Apareceu um burro machucado... Não era um burrão, era um burrinho. Mas de qualquer modo era grande demais para chegar até o quintal da casa. - E aí?, pergunta João Vítor, bem aflito.

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O Luís também quer saber: - Deixaram o burrinho lá, morrendo...?! Ele estava em um terreno baldio, tomando chuva e sol, sem comer direito, uma tristeza danada. Aquela carinha de abandono, de bicho que pede carinho. O problema era que até aquele dia eles só cuidavam de bichinhos pequenos. Ninguém sabia o que fazer com o burrinho... Zzzz

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- Ah, não!!! Mas que coisa! Todo dia é isso, Luís... - Isso o quê, João? - Não tá vendo?! Luís, o papai dormiu de novo...! - É mesmo! Ele ia falar do burrinho... Amanhã ele continua, João... - Luís, amanhã é domingo. - E tem futebol. - Se o time dele perde, fica daquele jeito, não vai querer contar nada.

-Papaiê 28


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- Não adianta, João. - Luís, vamos cuidar do burrinho? - Como assim?! - O burrinho está machucado e com fome...

êê...

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Domingo Parece que estavam adivinhando. Seis horas da tarde, o juiz apita, acaba o jogo. O pai desliga a tevê. A mãe passa perto, pergunta o resultado, recebe somente uma cara feia.

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Segunda-feira

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Pão, queijo, leite e café na mesa. Os meninos se levantaram cedo, a aula começa às 7h30.

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- Temos uma coisa pra contar. O burrinho não morreu. - Que burrinho?, pergunta a mãe. - O burrinho do papai... - Eu sou um burrinho?! Como vocês descobriram? - Você sabe, o outro burrinho, o que estava com fome e machucado... A mãe entra na conversa:


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- Como era a história? - Ah, mãe, é comprida, de noite a gente conta.

Luís Henrique, doido para dar sua opinião, fala correndo, enquanto João Vítor começa a contar a história para a mãe:

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O pai quer saber: - E como o burrinho viveu? - Ah, os meninos cuidaram dele. - Mas ele não cabia na casa! - É, isso é verdade. Os meninos levaram comida pra ele lá no terreno baldio.

- Lá na rua tinha um pedreiro... 81


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- Mas eu não falei nada de um pedreiro, diz o pai. - Não falou, papai, mas que tinha, tinha... - E o que eles têm a ver? O pedreiro e o burrinho? Ele era o dono? - Não, veio só ver a casa do Juca.


O pai quer saber: - Mas o pedreiro chegou lá e resolveu o problema?

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- E aí? - A ideia dele foi derrubar uma parede para o burrinho entrar. João Vítor explica: - Era o único jeito, se ninguém fizesse nada... - O que ia acontecer?, pergunta a mãe. - ... ele ia morrer de frio.

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- Foi isso. Eles cuidaram da patinha dele... Deram comida e água. 34º Concurso Literário da UNISO

- Vocês terminaram a história salvando o burrinho... Hoje à noite eu continuo a ler o livro. Prometo que não vou dormir. João, já pegando a mochila da escola:

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- Ai, ai... Tudo de novo, Luís...?! - Tudo, né? Tchau, João. 34º Concurso Literário da UNISO

- Tchau, Luís...

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O menino feijรฃo

Guilherme Salgado Rocha

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Guilherme Salgado Rocha Tadeu Costa

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Minas Gerais

Rio de Janeiro Areias

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Tremembé

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Jacareí

São Paulo Oceano Atlântico


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No Vale do Paraíba, do qual fazem parte municípios dos Estados de São Paulo e do Rio de Janeiro, já habitaram muitas tribos, vários índios. Ali moraram os tupis, os tamoios e os puris. Viveram os carijós e os guaianases, os tupiniquins e os maromimis, e os goitacases. Mas por ali andavam homens procurando ouro. Queriam a todo custo achar o metal amarelo, que sempre valeu muito dinheiro. Para encontrar a riqueza não deixavam nada no lugar. Derrubavam a mata, matavam os bichos e expulsavam os índios. Eram os chamados tropeiros. Mais tarde, quando não havia mais ouro a ser procurado, o café começou a ser valorizado. O Vale do Paraíba passou a ser conhecido pela cultura cafeeira ao longo do rio Paraíba do Sul, entre a Serra da Mantiqueira e a Serra do Mar. Areias foi o primeiro município da parte paulista a cultivar o café. Sua produção foi tão intensa que em meados do século 19 era responsável por 10% do total da produção agrícola do Estado de São Paulo. Ou seja, uma cidade plantava e produzia um décimo de todo o café da região. Por isso, ainda existem na cidade as casas (chamadas sobrados) típicas do tempo do café. A produção de café, entretanto, começou a diminuir. Há quem ache que foi por causa da abolição da escravatura, ou seja, querem culpar a liberdade dos negros por um problema que é da natureza: o solo não aguentou, não era mais assim tão fértil, e o café, aos poucos, deixou de ser o maior produto da região. Na cidade de Tremembé há uma antiga fazenda, que se chama Maristela. Nela foram morar alguns monges que passaram a plantar arroz na região, mostrando aos trabalhadores novas técnicas de irrigação. E o arroz prosperou no Vale do Paraíba... Diversas famílias que começaram a plantar arroz eram japonesas. A presença da imigração japonesa é bem expressiva em algumas cidades da região. Jacareí é uma delas. Mas há outra plantação muito comum no Vale do Paraíba. O que mesmo combina bem com o arroz?

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- Fe


Feijão, gritava o Felipe. Vamos jogar bola? Feijão, ô, Feijão...

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eijão!,

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eijรฃo!,

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Meu nome é Pedro. Tenho 11 anos, e esse é o meu irmãozinho que gosta de jogar bola. Sou conhecido como “Feijão” por dois motivos: minha mãe conta que eu só gostava de comer sopa de feijão (na verdade, até hoje gosto demais de sopa de feijão; acho que minha mãe não estava enganada) e por ser negro, como meu pai, minha mãe e meu irmão, o Felipe.

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Minha família sempre trabalhou com o plantio de feijão. Meu pai fala que quando criança também era conhecido como “Feijão”. Bem, se é assim, eu tinha que ser o “Feijãozinho”... Filho de Feijão, Feijãozinho é, ou deveria ser. Tenho bons amigos por aqui. A gente se conhece quase todos pelo apelido. Um é o Neco, o outro é o Magrelo. Tem o Grandão do Pé Grande. Parece que o apelido foi feito para a pessoa. O pé do Pé Grande imaginem vocês... Acho mesmo que quando alguém tem um apelido, não pode ser para xingar a pessoa. Eu não me importo de ser chamado de Feijão, acho até legal. O Pé Grande não liga, não briga.

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Mas na escola tem outro menino, que é gordinho e branquinho. É o Zé Antônio. Aí começaram a chamar o Zé Antônio de Bicho de Goiaba. Ele não gostou. Da primeira vez que o Osório o chamou assim, todo mundo viu que ele fechou a cara. E ele nem disse que o Osório não gosta de tomar banho e fica cheirando mal. Preferiu ficar calado. 34º Concurso Literário da UNISO 101


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Um dia a coisa esquentou. O Osório é muito mais forte do que o Zé Antônio. Mesmo assim, lá pela segunda semana, “bicho de goiaba”, “ô, bicho de goiaba”, “vamos jogar bola, seu bicho de goiaba”,

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O Zé deu um berro tão alto que passou do céu, foi parar no infinito. Quando todo mundo pensava que o Zé ia apanhar, O Osório começou a chorar e saiu correndo. Aí a turma, para se vingar, passou a chamar o Osório de “Chorão”, mas depois parou.

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Bem, apelido tem mesmo é que ser legal. Meu pai tem um pequeno caminhão. Ele deu um apelido ao caminhão, que acho engraçado: “Comigo ninguém pode”. Ele fala assim: “Selma (Selma é a minha mãe), vou levar o Comigo Ninguém Pode pra ver esse pneu de trás”.

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Quando ele chega ao Ceasa para vender alguns sacos de feijão, os amigos mais antigos já correm para o caminhão e o tratam como gente: “E aí, Comigo, como passou a semana?”. “E você, Comigo Ninguém Pode, tá bem na subida?”.


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Aqui em casa tem galinha, porco, pato e uma grande horta. Mas lá vem o Felipe querendo jogar bola... O Felipe é pequeno, gosto muito dele. Ele me perguntou onde fica a cidade grande, que é São Paulo. Falei que fica dentro do morro, escondida no meio do mato, igual aos sapos. Ele não achou graça, disse que eu estava falando mentira. - Para chegar lá na cidade, Felipe, temos que viajar pela estrada, igual o pai faz. Nós somos pequenos, quando a gente crescer ele vai levar nós dois. A cidade é muito grande, ele vai lá trabalhar.

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- Feijão, vou falar com o papai pra trazer um pedaço dela pra mim. - Um pedaço de quê, Felipe? - Da cidade, ué... Ela é grandona assim. E aí abre aqueles bracinhos gesticulando, o Felipe tem 4 anos, tenho mais 7 anos do que ele, e sou bem mais alto. Eu e ele estudamos em uma escola da prefeitura. No ano passado, o papai nos levava todo dia. Mas está trabalhando mais, agora a perua vem pegar nós dois às 7 horas, e depois nos traz na hora do almoço.

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Um dia a professora me pediu para fazer um trabalho sobre a alimentação aqui da nossa região. Pensei em vários assuntos. Falar do que comiam os índios que moravam aqui. Depois achei melhor escrever sobre o café, que ainda tem muito, ou o arroz, que tanta gente planta. Mas e o feijão? Fui ver na biblioteca da escola. Encontrei figuras de vários tipos de feijão. Olha só: feijão fradinho, feijão gandu, feijão de corda, o rajado, o branco e o preto. O feijão jalo e o mulato. E deixei para o fim o mais plantado no Brasil, que é o feijão carioca ou carioquinha. E ganha um doce de feijão quem souber por que se chama carioca! Porque o desenho na casca dele parece o calçadão da praia de Copacabana. É verdade, está no livro. E encontrei outra história curiosa, que também achei no livro de ciências: no Rio, a feijoada é muito popular, todo mundo gosta... E a feijoada é feita com feijão preto. Pois não é então que o feijão carioca, no Rio, não existe?! Não é engraçado isso...?

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Aqui perto de casa passa uma estrada que leva a outras casas. Mas onde a gente mora nada é assim tão perto. Vou contar uma história: um dia eu estava voltando no caminhão com o meu pai, a minha mãe e o Felipe. Lá longe vi outro menino. Um menino que nunca tinha visto por ali. Não era nosso vizinho, mas não morava assim tão longe. Meu pai não conhecia o pai dele, nem adiantava perguntar o nome. Mas minha mãe comentou que a família tinha se mudado fazia pouco tempo, e que eles gostavam muito de plantar. E aí ela disse uma frase que nem imaginava como passaria a ser tão importante na minha vida: - Eles são japoneses. Fiquei sem saber o que dizer. Já tinha visto japonês na cidade, andando, entrando nas lojas. E nas revistas. Mas aqui onde eu moro não tem japonês! Tem gente de São Paulo, do Nordeste e de Minas. Mas japonês não tem. Bem, não tinha, né? Agora tem. Acordei pensando naquilo. Na aula, falei com o Grandão. Ele não sabia que uma família de japoneses morava tão perto.


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- Grandão, onde eles estudam? Todos queriam saber. Chamamos o Magrelo, o Marquinhos, o Sabiá e até o Osório, agora de novo amigo de todo mundo. Ninguém sabia de nada. Fiquei de um dia ir lá, conversar, falar com o menino que ele podia ser nosso amigo.


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Dei tanta sorte... Meu pai nem imagina que estou falando que foi “sorte”. Pois não é que o Comigo Ninguém Pode resolveu esquentar perto da cerca deles? Saiu uma fumaça, pouca, mas saiu; começou a rodar uma coisa que parecia barulho de ventilador. Meu pai desceu, abriu a tampa do motor. Logo depois veio o moço, o japonês, querendo ajudar.

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O nome dele era Edson, e a mulher dele a dona Margarida. Eles tinham dois filhos: uma menina maior, a Elisabete, e o Fernando, que era o menino. O Fernando passou a ser nosso amigo.

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Aí pensei: agora completamos o nosso time de futebol. Ele era quieto, sorria bem pequenininho. Sempre foi calado. Mas um amigo de todos os momentos. Desses amigos que a gente gosta de ter por perto. Pois bem. E não é que o Fernando sabe jogar bola?!

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Agora sim nós temos um atacante, o meio de campo e a defesa... Goleiro? Ainda não achamos um. Mas o que vale mesmo é correr atrás da bola...

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Copyright 2014 Todos os direitos reservados Coordenação editorial

História:

Guilherme Salgado Rocha Tadeu Costa Copyright 2014 Todos os direitos reservados Coordenação editorial

História:

Guilherme Salgado Rocha Tadeu Costa

Texto:

Guilherme Salgado Rocha Ilustração:

Tadeu Costa

Título desenho livre, texto em Ninfa, Corpo 15/17,25 - desenhada por Eduilson Wessler Coan, em 2008.

Texto:

Guilherme Salgado Rocha Ilustração:

Tadeu Costa

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Título desenho livre, texto em Ninfa, Corpo 15/17,25 - desenhada por Eduilson Wessler Coan, em 2008.


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Onde Deus mora?

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Onde Deus mora? A. Gianello

Vô?! Que é? Onde Deus mora? No Céu, oras! Hum... E por que ele não mora na Terra? Ele mora. Mas o senhor não disse antes que morava no Céu? Digamos que o Céu seja um estado de espírito... Do Espírito Santo? Não, pipocas! Ué? O Espírito Santo não é um Estado? Sim. É... Então, Deus mora lá? Não! Quer dizer, sim! [?] Eu me referi ao “estado alma” e não “estado lugar”. Hã... Vá dormir que você ganha mais. Ganho? O quê?

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– Humrfm! Está me fazendo perder a paciência... – Nããão, vô... – Ah, vai sim! O chinelo manda! – Mas eu disse “não vô” e não “não vou”! – Insolente! Agora você vai ver! – Calma vô! O senhor não entendeu... – Eu não sou surdo, garoto! Será que vou ter que chamar a sua mãe? – Está bem! Eu vou, eu vou! Primeiro me fala... – Falo o quê? Boa noite? Boa noite, falei. Agora suma! – Ah, vô! Fala... Por favor, por favor, por favor?... – Eu sei lá, moleque! Ele mora onde quiser morar. – Será que ele não mora lá na Lua não, hem? – A Lua é inabitável... – Aff... E Deus, não é Deus não? Se quiser, ele inventa um riozinho, umas árvores, uns bichos... Não inventa? – Deixe-me em paz, seu vermezinho de uma figa! Será que não mereço um pouco de sossego nesta casa?


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– Mas, vôôô?!... – Chega de “mas”! Xô, xô, xôôôô! Não, espere! Vamos brincar... Você se esconde embaixo das cobertas que amanhã eu te acho. – Assim não vale, saco! – O que foi que disse, seu malcriadinho? – Nada não, vô. Nada não... Acho melhor eu ir dormir mesmo. – Ok, então. Fim de papo, já pra cama e vê se reze antes... Quem sabe, Deus tenha pena desse pobre velho e queira morar aqui e... – Espera aí, vô?!... Deus é novo ou velho?

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Rodney

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Era uma vez um rato, quer dizer, um

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HAMSTER, que vivia em uma gaiola ao lado da janela. Ele simplesmente detestava ser chamado de RATO! Ora, ratos são nojentos, vivem em esgotos e comem restos no lixo. Rodney não era assim, vivia em uma gaiola quentinha e comia as sementes da mais pura qualidade!

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Seu maior sonho era conhecer aqueles lugares que via naquela coisa preta que passava imagens. Sua dona vivia rindo daquilo.

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Queria viajar para um lugar chamado Disney para conhecer o rato mais famoso do mundo, seu maior ídolo! Para uma cidade brilhante que se chamava Paris e ver também aquela E-N-O-RM-E pessoa de pedra de braços abertos num tal de Rio de Janeiro.

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Um dia, decidiu sair de sua gaiola para conhecer as tais imagens. Nรฃo deveria ser longe! Era sรณ entrar na grande coisa preta que passava imagens! Bolou um plano: iria esperar sua dona abrir a gaiola e VAPT VUPT, correria dali.

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Seu maior problema seria o Danado, aquele gato-malhado pulguento! Vivia enfiando a grande pata peluda para tentar comê-lo.

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Quando a gaiola foi aberta, ele escalou as gradinhas como um “atleta”. Rodney aprendeu essa palavra enquanto assistia as olimpíadas.

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Escalou, chegou ao topo da gaiola, olhou em volta. Danado, o gato-malhado, não estava por ali. -Ufaaa!...-Suspirou tão aliviado que seus bigodinhos tremeram.

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Começou a viagem. Desceu da gaiola e da mesinha e olhou em volta. Tudo era tão GRANDE. Mas o máximo que seus olhinhos de jabuticaba conseguiam enxergar era debaixo dos móveis.

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Então ouviu um miado. Só podia ser o Danado, o gato-malhado. E lá estava o gato, bem atrás dele. Que azar!

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Correu para debaixo da geladeira. Ficou no escuro, com frio e com fome. Sentiu-se triste por ser tão miudinho e não conseguir enfrentar o Danado.

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De repente, uma sombra muito maior que o Danado passou. Rodney tremeu, gelou de medo! Adeus viagens! Um gato maior havia aparecido!

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Mas era apenas sua dona, a Maria Catarina. Rodney ficou com tanto medo que tinha se esquecido dela.

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Voltou para sua gaiola, que ficava na frente da TV e do lado da janela. Estava tรฃo triste que pela primeira vez decidiu olhar pela janela.

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O que viu não poderia tê-lo deixado mais feliz! -Nossa! Que lindo! Acho que não preciso ir até aquela coisa preta para conhecer todas aquelas imagens, a mais bonita de todas está aqui na minha frente!

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Fim


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Hélio Sena

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O sapo que engolia estrelas

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O sapo que engolia estrelas Hélio Sena

Ao chegar à cidade, algo estranho aconteceu... Astrogildo já não era sapo. Também não era homem. Era uma mistura engraçada dos dois – só mesmo vendo para crer! Entre tantos lugares legais para ir, Astrogildo escolheu ir numa casa lotérica. Queria apostar na Super-Moeda, o prêmio milionário. Então enfiou a mão bolso da calça e acabou encontrando uma nota amassada. Com ela, pagou o jogo, e guardou o bilhete como um pequeno troféu. Aí saiu caminhando pela cidade. Andou até se cansar. Depois foi dormir num banco qualquer da praça. De manhã, Astrogildo correu para a casa lotérica. Conferiu os números do sorteio... e não deu outra. O prêmio era dele. Só dele! Todinho dele! Curiosamente, Astrogildo tinha virado sapo outra vez...

34º Concurso Literário da UNISO

Era uma vez um sapo. Seu nome era Astrogildo. Astrogildo, como tantos outros sapos, nasceu na beira do rio. E viveu muito tempo por lá. Até o dia em que, do nada, resolveu visitar a cidade grande... Seus pais disseram que era melhor não: era perigoso, arriscado. Astrogildo apenas sorriu. E, numa bela manhã ensolarada, pôs uma trouxinha nas costas e o pé na estrada...

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Com o dinheirão, Astrogildo mandou levantar um palácio luxuosíssimo, bem na área nobre da cidade... A primeira coisa que ele disse para os construtores foi: – Quero que tenha uma torre tão alta, que encoste nas estrelas!

34º Concurso Literário da UNISO

E assim foi feito!

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Castelo pronto, Astrogildo mudou-se definitivamente para lá. Nem ao menos foi se despedir da sua família... Nem dos seus antigos amigos lá do brejo. O rio onde ele havia nascido agora era coisa do passado. Uma nova vida só estava começando. Era assim que Astrogildo pensava, com um sorriso que mal cabia na boca... Durante o dia, Astrogildo ficava de olho nos empregados. Dava ordens e mais ordens a homens, mulheres – e até crianças! Enchia a paciência de todos com sua arrogância, com suas vontades absurdas: – Faça isso! – Faça aquilo! – Assim não está bom! – Faça de novo! Mas, quando a noite caía, Astrogildo colocava roupas maravilhosas, banhava-se de perfume e ia todo contente para o alto da torre. O elevador era chiquérrimo, cheio de espelhos. Levava pouquíssimos segundos para conduzir Astrogildo às alturas!


Mas, quando a noite caía, Astrogildo colocava roupas maravilhosas, banhava-se de perfume e ia todo contente para o alto da torre. O elevador era chiquérrimo, cheio de espelhos. Levava pouquíssimos segundos para conduzir Astrogildo às alturas! Lá em cima, Astrogildo matava o tempo olhando as estrelas... Às vezes, tocava violão. E cantava musiquinhas da moda. Cantava muito mal, por sinal. Mas se sentia um verdadeiro pop star! Pois foi assim, entre uma canção e outra, que, certa noite, Astrogildo teve a tal ideia...

Ficava só engolindo estrelas, para desespero das coitadinhas... Ao final de certo período, viam-se bem menos estrelas no céu. E o passatempo de Astrogildo prosseguiu, noite após noite... Nada impedia aquela língua esfomeada! Como se pode imaginar, a barriga de Astrogildo cresceu demais... Cresceu de forma assustadora! Devido aos quilões adquiridos, Astrogildo tomou uma atitude: mandou alargar e reforçar a estrutura da torre. Investiu pesado no elevador. O bicho não era bobo nem nada. Queria segurança e comodidade nas suas constantes subidas e descidas... Dias, meses se passaram... E Astrogildo sempre comendo estrelas!

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Esticando sua língua enorme, agarrou e engoliu uma estrelinha... Justamente aquela que sempre se emocionava ao vê-lo cantar! Dali em diante, Astrogildo largou o violão de mão.

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O céu, agora, era de uma tristeza que só vendo... Os moradores da cidade ficavam lamentando o que tinha acontecido. Ninguém, entretanto, tinha coragem de falar nada contra o sapo... Afinal de contas, Astrogildo era malvado e muito, muitíssimo poderoso!

34º Concurso Literário da UNISO

As pessoas só falavam às escondidas: – Qualquer hora dessas ele vai acabar com as estrelas! – Pois é... E é bem capaz de comer a Lua também! E todos sofriam juntos sem saber o que fazer diante daquela situação. Certa noite, como sempre, Astrogildo foi para o topo da torre. Sua barriga doía, e como doía!

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Ele pôs a culpa no cozinheiro; naquela sopa de vaga-lumes do jantar... Então, para se distrair um pouco, pegou seu violão. Começou a tocar e a cantar. Vez por outra interrompia o seu show e engolia uma estrelinha. Ficou nessa folia até tarde. Até perceber, irritado, que restava apenas uma estrela no céu... Astrogildo largou o violão. Sua voz calou-se. Concentrou toda a sua atenção na estrelinha, que tremia apavorada... A sua dor de barriga aumentara terrivelmente. Astrogildo pensou em descer da torre e pedir um remédio ao seu criado-médico. Mas desistiu, dizendo: – Não! Agora tenho um importante trabalho para terminar! Então, desenrolou sua língua gigantesca. E agarrou a última estrela... Foi o tempo de engolir a estrelinha... e ouviu-se um estrondo espetacular! Nos bares, nas praças, nas ruas, nas casas – tudo estremeceu! A população inteira da cidade pensou no fim do mundo...


Mas, passado o susto, verificou-se que as coisas continuavam como antes... Menos o céu... que estava novamente repleto de estrelas! As pessoas, confusas, se perguntavam: – Ué, o que aconteceu? Será que o sapo vomitou tudo, foi isso?! Na cidade ou no palácio, ninguém ainda sabia da verdade... E a verdade era uma só: O barrigão de Astrogildo, cheio até o limite, havia explodido! Explodiu assim que ele engoliu a estrela derradeira...

Coitado, né? Ele agira à toa, sem pensar no que de ruim poderia lhe acontecer... Minutos depois do acontecido, a cidade inteira estava que era uma festa só! As pessoas, aos montes, cantavam e dançavam pelas ruas... Elas lamentavam pelo triste destino do sapo, mas estavam alegres porque tudo voltara a ser como antes. E toda a gente batia palmas, saudando as estrelas, que, feito princesas, iam desfilando pelo céu afora... Princesinhas tão faceiras, estrelinhas tão verdadeiras! Felizes como nunca! Enchendo de brilho e de beleza a grande noite sobre o mundo!...

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Astrogildo nem ao menos teve tempo de se lembrar da sua vidinha de antigamente, lá na beira do rio... Virou poeira no ar!

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As aventuras de Tico e Ed Isélio de Oliveira Leite

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Ilésio de Oliveira Leite

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Ilustrações M. Isabel B. Leite


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As aventuras de Tico e Ed / Ilésio de Oliveira Leite; ilustrações Maria Isabel Barbosa Leite – Sorocaba – Oliveira, 2015. 1. Literatura Infantil

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LEITE, Ilésio de Oliveira

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O dia amanheceu, e lá estava Tico, no galho da árvore, com seu melhor amigo Ed. Tico gostava de pensar nas coisas, pensava em tudo e o coitado do Ed, tinha que ouvir o amigo a contar seus pensamentos, suas ideias e muitas vezes até participar delas.


34º Concurso Literário da UNISO

___ Ed, por que será? ___ Porque será o que? Disse Ed ___ Porque será que somos assim? Olha para você ver, somos carecas, banguelos, não podemos cantar, nem nadar, tirando você que tem a cabeça vermelha, toda a nossa família é pretinha, nem uma peninha azul ou amarela, para dar um destaque, temos que comer carniça todo dia , olha os nomes que recebemos , urubu, carniceiro, pássaro preto, corvo, abutre...

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34º Concurso Literário da UNISO

Ed, ainda com voz de sono diz: ___ É, mas, carniça é uma delícia! Não sei do que você está reclamando! ___ Imagine se nossas asas fossem azul, ou amarela, vermelha, verde, sei lá, talvez toda colorida, ficaria bem legal!

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Continuou Tico: ____ Somos carecas! Poxa se nós tivéssemos uma crista igual a do galo, ou nossas cabeças fossem azul , ou verde , ou vermelha igual a sua que é muito legal! ____ É eu gosto da minha cabecinha vermelhinha. E Tico continuou reclamando: ____ E a comida então! Todo dia carniça, porque não comemos carne de porco, como os humanos. Bacon me parece delicioso!

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____ Você está louco!!! Não sabe ainda porque os humanos roncam a noite inteira, come carne de porco pra você ver, vai roncar a noite toda, igual porco, além do que, porco come lavagem, ai que nojo!! Eca!

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____ Os humanos come carne de vaca também, e carne de vaca fresquinha deve ser melhor do que carniça. Vou experimentar e é agora! Disse Tico ao ver uma vaca que pastava ali por perto.

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Tico deu um voou e pousou sobre as costas da vaca, deu uma bicada no bumbum da vaca

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A vaca assustada, deu um baita berro, e saiu pulando e correndo, deixando o jovem urubu estatelado no chรฃo.

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____ E aí? Estava boa a carne? -Com risos perguntou Ed. ____ Um pouco dura, mas tenho outra ideia! - disse Tico.

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Hi hi hi !!!


34º Concurso Literário da UNISO

____ Nós nunca chupamos mel! Amanhã vamos chupar! ____Não, não! Estou fora dessa! - disse Ed. ____ Calma! -disse Tico ao amigo e continuou: ____ Todos os dias bem cedinho, as abelhas saem pelos campos, aí nós atacamos, beleza? ____ Está bem! Mas você vai na frente!

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Assim que amanheceu, lá estavam os dois a espreita, esperando as abelhas saírem. A casa das abelhas, era uma bola enorme presa no galho de uma árvore, e dali saíam muitas abelhas, então disse Tico ao amigo: ____ Viu só? Não te falei? A hora é agora!

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Tico foi na frente como combinado, destemido chamou o amigo: ____ Pode vir seu medroso, todas já saíram. Quando Tico enfiou o bico naquela bola, sua línguinha sentiu o doce do mel, mas logo em seguida uma dor terrível, pois tinha levado uma picada, mas Tico ficou quietinho, pensou que poderia ser apenas uma que ficou para traz.Tentou chupar mais um pouquinho, mas não deu. Tico começou a levar um monte de picada, todas as abelhas que ali estavam se enfureceram e atacaram os dois amigos, em desespero, Tico saiu gritando: ___ Ai,ai,ai, abelha,abelha, abelha!!! Salvem-se quem puder!!!

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Para se livrar de tanta abelha, tiveram que se jogar em um lago ali próximo. Assim que saíram da água, a cabeça de Tico estava vermelha e inchada, a cabeça de Ed que era vermelha estava roxa e enorme. Cansado e com muita dor, Tico disse: ____ Pelo menos pegamos uma corzinha diferente. O amigo riu ironizando: ____ Há, há, há, seu sem graça.


Nãoooo!!!

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Então Tico disse: ____ Tcharan!!! Tive outra ideia, que tal se??? Com um grito enorme Ed o interrompeu: ____ Nãoooooo, não e não! ____ Esta bem! -disse Tico. ____ Mas que falta de espírito de aventura.

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Joicy Oliveira

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Como criar uma borboleta

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COMO CRIAR UMA BORBOLETA 34º Concurso Literário da UNISO

História por: Joicy Oliveira

Ilustração de: Bianca Ortega 199


Querido leitor, querida leitora, Este livro faz parte de um trabalho referente às aulas de Literatura Infanto-juvenil em que as alunas se empenharam o máximo para vocês, crianças e também amantes da Literatura Infantil. Desejamos que nosso esforço tenha sido alçando para lhes proporcionar uma graciosa leitura!

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Até o final!

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2015. Sorocaba – SP História, Diagramação e Pintura Joicy Oliveira Rolim Ilustração e Revisão Bianca Ortega Ferreira Feito no Brasil.

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COMO CRIAR UMA BORBOLETA 34º Concurso Literário da UNISO

História por: Joicy Oliveira Ilustração de: Bianca Ortega

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Para as crianças que dão asas à imaginação sem limites e necessitam dessa forma de leitura para satisfazê-las.

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MARIANA ERA UMA MENINA CHEIA DE IMAGINAÇÃO.

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UMA HORA SE IMAGINAVA VOANDO COM SUAS ASAS. 7


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OUTRA HORA ERA LAGARTA SE RASTEJANDO PELO CHテグ.

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EM UM DIA, OLHE SÓ! RESOLVEU INVENTAR QUE TINHA BORBOLETAS NO ESTÔMAGO. 9


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NÃO SE ENJOAVA, NÃO SE SENTIA MAL, MAS FAZIA FALTA AQUELE SENTIMENTO TÃO PERIGOSO. 10

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MARIANA, ASSIM, DECICIU QUE VERIA A CRIAÇÃO DE UMA BORBOLETA. 11


34ツコ Concurso Literテ。rio da UNISO

TALVEZ PUDESSE ENTENDER AQUELE SENTIMENTO Tテグ ESPOLETA!

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PERCEBEU QUE O BICHINHO NASCERIA DOS OVINHOS QUE VIA NA PLANTA VERDE. 13


34ยบ Concurso Literรกrio da UNISO

AO PASSAR DOS DIAS, AQUELES OVINHOS SE TORNARAM LARVINHAS E MARIANA VIU TUDO DE CIMA DA REDE.

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DEPOIS DE MAIS ALGUM TEMPO, AQUELAS LARVINHAS VIRARAM UM CASULO. 15


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MARIANA, IMAGINE! COM TODA CURIOSIDADE NO QUE VIA, ESTAVA EM APUROS.

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LOGO, OBSERVOU QUE O CASULO SE MEXIA E QUE TALVEZ JÁ CHEGASSE A HORA DA TRANSFORMAÇÃO. 17


34ツコ Concurso Literテ。rio da UNISO

O CASULO, QUE ERA FECHADO E ESCURO, MUDOU SUA IMPRESSテグ.

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AGORA, NASCEU A LINDA BORBOLETA QUE 216

MARIANA TANTO QUERIA ENTENDER. 19


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DIZIA: - BORBOLETA! POR QUE VOCÊ ENTROU NO MEU ESTÔMAGO E NÃO QUER ME ESQUECER?

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A BORBOLETA, QUE HAVIA ACABADO DE NASCER, Pร S-SE A FALAR: 21


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- AH! MINHA QUERIDA, SEU SENTIMENTO SÓ TEM UMA RAZÃO. A RESPOSTA É AMAR. AMAR COM PAIXÃO!

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“Como criar uma borboleta” conta com as rimas da história em que Mariana, a personagem, descobre o desenvolvimento de uma borboleta e da criação do sentimento “amor” que faz relação ao inseto.

Nascida em 1994, Joicy inspirou-se no conto “O menino que soltava borboletas” do livro “O amor está com pressa”, por Jorge Miguel Marinho e, ainda, no livro “Mariana”, por Pedro Bandeira, lidos durante a infância e adolescência por uma leitura escolar mensal. Por isso, nunca se esqueceu do melhor livro juvenil já lido, o qual dá o nome à menina e das simples, mas maravilhosas borboletas que marcaram sua época e que a fizeram desenvolver séries de enredos até chegar nas rimas que os envolvem, sendo considerados, portanto, seus livros prediletos. O trabalho com o mundo das crianças também a ajudou na inspiração para escrever o livro.

Nascida em 1992, Bianca inspirou-se em sua sobrinha Yasmin com 6 anos de idade, para dar identidade à Mariana, uma menina inventiva e única, muito parecida com sua sobrinha. Bianca sempre gostou de desenhar, nunca se achou uma ótima desenhista, porém sempre gostou desse seu pseudo lado artístico. Acredita que é importante despertar nas pessoas essa inocência e sensibilidade de uma criança, além de ser grande fã, apaixonada por “Le Petit Prince” de Antoine de Saint – Exupéry e seguir os mesmos sonhos utópicos do autor que escreve tudo sob o olhar de uma criança. Bianca também sonha em ser escritora e nesta obra mostra um outro lado desse sonho.

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Nuno Garcia Lopes

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A histรณria das pernas que cresceram demais

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A história das pernas que cresceram demais Nuno Garcia Lopes

Vou contar-te uma história. É a de alguém que crescera tanto, tanto, que as pernas lhe tinham ficado demasiado compridas. Ele nem se apercebera, à medida que crescia ia achando normal, e quando se deu conta que estava a ficar maior que quase tudo em seu redor achou perfeitamente natural. Como vejo de mais alto que os outros, pensava ele, tenho possibilidade de ver mais e melhor e compreender muitas coisas que os outros não entendem.

Quanto mais crescia, mais conseguia ver e mais perto da verdade pensava estar. Entendia, assim, muitas das dúvidas que se colocavam a todos os outros, que eram mais baixos. Até que um dia… Há sempre um dia nas nossas vidas, ou um mês ou um ano inteiro, em que muda tudo aquilo que nos parecia absolutamente certo. E, nesse dia, ele deu-se conta, pela primeira vez, que já estava tão alto que não conseguia falar com as pessoas, porque a sua voz era levada pelo vento e não chegava cá a baixo, aos ouvidos dos outros. Ou então, acontecia-lhe como a esses intrépidos que tinham construído torres com armações metálicas para daí serem mais facilmente escutados. Só que a voz deles, vinda de

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Durante muito tempo, as suas pernas foram crescendo cada vez mais, de modo que já espreitava pela torre da igreja, de fora para dentro, como ninguém; e descobriu como namoravam os pássaros, em bonitos voos por sobre as árvores. Um dia tocou mesmo com o nariz numa nuvem, e espirrou e achou graça à sensação macia e fresca no seu rosto.

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tão alto, chegava deturpada e ninguém entendia o que diziam. Por vezes, havia até alguns que de tanto se debruçarem acabavam por cair. A ele, interessava-lhe muito mais ser ouvido pelos amigos que pelas multidões. Mas até isso parecia cada vez mais difícil. Foi então que começou a sentir as caneladas. Até aí, andava tão absorto lá por cima que quase se esquecera de onde os seus pés pisavam. Mas agora não tinha dúvidas: estavam a dar-lhe caneladas e a puxar-lhe as pernas! Durante semanas e semanas foi assim.

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Até que lhe passaram uma rasteira. Havias de o ter visto, a cair de cima daquelas pernas enormes como um escadote desengonçado… Catrapum!

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Esmurrou o nariz, ficou todo arranhado. E apercebeu-se, só então, de que afinal se tinha esquecido de tanta coisa bonita que há na terra cá por baixo. A pouco e pouco, foi-se habituando a dobrar as pernas para se sentar no chão. E à medida que ia relembrando tudo aquilo que esquecera, começou a ficar mais pequeno, com as pernas a diminuírem até ao tamanho daqueles que o rodeavam. Vais perguntar agora se a história já acabou. E eu respondo-te que não. É que ele, irrequieto como é, está sempre a querer aprender. Já não esquece a lição das pernas que cresceram demais, quer reaprender os passos simples, os primeiros que deu


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Tatiana Teles

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@catarinaartista

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@catarinartista Tatiana Teles

Lá vai a menina Catarina com seus papéis e cartolina. Catarina é uma ruiva menina

doce artista criativa. Mas mandona, do seu nariz muito dona. Catarina desenha, pinta, ilustra e rabisca. E posta no Instagram. \o/ #desenho #arte #desenhodacatarina #artista

A vida de Chiclete é atarefada. É companhia de Catarina, mas nada de grudenta tem. Lixa as unhas no sofá, analisa cheiros de inimigos e a cada quatro ou cinco horas toma banhos lambidos. Gosta de leitinho morno e não frio e cafuné na barriguinha quando sente calor. Chiclete é muito sedosa, mas é toda branquela. O sonho dela era ser colorida como Catarina. Está até revelado no Facebook, assim como sua rotina. Chiclete tem uma página feita por Catarina.

34º Concurso Literário da UNISO

Chiclete é sua gata, que adora seu cantinho, seu conforto e é dona de seu lugar (e do seu focinho). Mas não tem um celular. E não gosta de colo nem de abraço muito apertado. (Chiclete até hoje pensa que este é seu nome porque tem a mania de deixar a ponta da língua cor-de-rosa pra fora quando não tem nada a fazer. Parece que está mascando chiclete à toa na ponta da boca). =ˆ-ˆ=

Tem posts dizendo “”se sentindo sozinha””, cheia de curtidas. E tem posts com 231 foto dizendo “”um sonho: ser colorida””. :D


Quando Catarina volta do jardim da infância de tardezinha, monta seu passatempo preferido por toda sala. Lápis de cor, papéis, guaches e pincéis dançam pelo chão. Catarina também desenha com giz-de-cera, aquarelas e giz pastel. No papel, no pano, no papelão. E depois, é claro, não esquece do You Tube. Catarina liga a câmera para gravar um tutorial em vídeo.

34º Concurso Literário da UNISO

Pra começar, aperta o lápis bem forte no papel. Dizem que quem aperta o lápis no papel é forte no abraço, no traço e no braço. Chiclete observa ronronando e sonecando em cima da sua almofada no canto. Vira os olhos indignada, acha Catarina meio estabanada.

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Talvez esta gata tenha aquela mania humana de grandeza e de se achar revolucionária. E também acha que o mundo anda muito egoísta e por isso, ficou acinzentado. Mal sabe ela que Catarina também deseja um mundo mais colorido de todo coração. Chicletinha observa suas criações. Ela passa o giz com delicadeza no céu e espalha e espalha e...espaaaaalha aquele azul-claro com os dedos. Ela deixou alguns espaços sem cor para as nuvens brancas. Chiclete gosta daquilo. A cor branca também tem seu valor. Depois Catarina abre os potinhos de guache, um por um com cuidado. Mas mesmo assim ela deixa pingar a tinta roxa no tapete. Shhhh. Chiclete não vai miar nada e ninguém da casa vai ficar sabendo. Mas Catarina acabou contando tudo no Twitter, em até 140 caracteres, com uma foto provando o feito. :O “”@catarinartista aquele momento em q vc ñ sabe se joga uma água, esfrega o tapete ou se espalha + para o acidente virar obra de arte. #naofuieufoiopincel”” Catarina tem tanta habilidade nas mãos. Os dedos com tinta fazem e acontecem. Parece um infinito touch. Cada folha uma tela. Chiclete acha mais interessante que tablet.


Chiclete, acorda desse sono e vem me ajudar. Catarina movimenta a câmera para focar na gata que demora pra espantar a preguiça. Chicletinha segue até o final do muro que fica nos fundos da casa. Pula na beirada da janela e avista o quartinho dos fundos. Aciona a visão felina. Põe as garras para fora e agarra a cortina velha de tecido fino para chegar ao chão. Se acontecesse qualquer coisa, Chiclete ainda teria mais 6 vidas neste jogo da vida. (Da vida de encontrar cores). Catarina continua gravando. A gata avista uma caixa de tinta de parede. Pula na tampa da lata para tentar abrir. Mas Chiclete observa o restante de tinta na lata. Branca. Muitas e muitas latas de tinta! Branca! Ah...

Catarina perde o foco da gata que some sem avisar. - Chicletinha, Chicletinha. Onde está escondida? Catarina parece que fala sozinha. Parece que fala baixinho. Como Chicletinha pode ouvi-la? - Pssss, pssss, pssss...Vem, Chiclete. - Ah, Chiclete. Não vou chamar mais. - Ploft, tibum! Catarina não se aguentou. Sentou no chão com a câmera na mão e tudo de tanto que riu. Lá estava Chiclete dentro de um balde azul anil. Enquanto olhava para seu mais novo projeto, Catarina sorriu. Seu vídeo foi o mais visto dos vídeos de gato daquele dia nublado de abril. E mesmo tão pequena mas tão conhecedora das coisas, sentiu paz por colorir o mundo. O seu próprio mundo. Para colorir outros mundos também.

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Continua com a cabeça e bigodes de gata em pé e segue em frente. - Chiclete, Chiclete! - chama Catarina.

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Maria Eduarda Meira Camargo

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A menina, o cavaleiro e o dragรฃo

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A menina, o cavaleiro e o dragão Maria Eduarda Meira Camargo

Obs: A autora tem 7 anos.

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ERA UMA VEZ, UM DRAGÃO MAL-HUMORADO. NA VILA DO LADO, VIVIA UMA MENINA VALENTE. NO CASTELO, UM CAVALEIRO. UM DIA, ELE DECIDIU DERROTAR O DRAGÃO. A MENINA DECIDIU A MESMA COISA. QUANDO O CAVALEIRO FOI, MORREU DE MEDO E CORREU. A MENINA FOI E DERROTOU O DRAGÃO. DEPOIS DESSE DIA, FICOU BASTANTE CONHECIDA.

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A vaquinha

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Joicy Oliveira


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A vaquinha

Maria Eduarda Meira Camargo Era uma vez uma vaca muito bonita que dava leite de ouro. A receita era muito fácil: congelar! Todas as pessoas queriam comprá-la, mas ela fugiu para a floresta e encontrou um amigo, o coelho. No dia seguinte, a vaca perguntou: – O que vamos fazer hoje? – Que tal fazermos uma festa? Todos os bichos gostaram da ideia. Todos fizeram a festa e beberam muito leite de ouro. 34º Concurso Literário da UNISO

Obs: A autora tem 7 anos.

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