Richard Serra
Richard Serra Rio Rounds Ensaio fotográfico de Márcia Foletto, sobre a montagem da exposição Rio Rounds, no Centro de Arte Hélio Oiticica, Rio de Janeiro, de 27 de novembro de 1997 a 31 de março de 1998. A photo essay by Márcia Foletto on the Rio Rounds exhibition, held at the Centro de Arte Hélio Oiticica, Rio de Janeiro, from November 27, 1997 to March 31, 1998.
Prefeito da Cidade do Rio de Janeiro Luiz Paulo Fernandez Conde Secretária Municipal de Cultura Helena Severo Presidente do Instituto Municipal de Arte e Cultura – RioArte Oduvaldo de Azeredo Braga Diretora Geral do Centro de Arte Hélio Oiticica Vanda Mangia Klabin
Co-realização Associação Alumni Presidente do Comitê Cultural Ricardo Ohtake Coordenador do Departamento Cultural Celso Curi
Catalogação na fonte do Departamento Nacional do Livro S487r Serra, Richard, 1939 — Rio rounds / Richard Serra. — Rio de Janeiro : Centro de Arte Hélio Oiticica, 1999. 48p. : il. (44 ilustrações de obras); 28x23cm.
ISBN 85-86675-05-9
“Ensaio fotográfico de Márcia Foletto, sobre a mon tagem da exposição Rio Rounds, no Centro de Arte Hélio Oit ic ica, Rio de Janeiro, de 27 de novembro de 1997 a 31 de março de 1998”. 1. Serra, Richard, 1939 — — Exposições. 2. Escultura moderna — Séc. XX — Estados Unidos – Exposições. 3. Escultura americana — Brasil — Exposições. I. Centro de Arte Hélio Oiticica. II. Título.
CDD–730.973
© Copyright 1999 dos autores. Todos os direitos reservados ao Centro de Arte Hélio Oiticica. Rua Luís de Camões, 68 – Centro – 20060-040 Rio de Janeiro RJ tels (021) 242-1012/242-1213 fax (021) 232-1401
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Em novembro de 1997, o Centro de Arte Hélio Oiticica abriu s uas ga lerias para exibir o trabalho de Richard Serra, considerado um dos mais importantes artistas plásticos contemporâneos.
Serra concebeu, com a colaboração de Clara Weyergraf-Serra,
uma mostra destinada exclusivamente ao espaço arquitetônico do Centro, cujas estruturas foram exploradas em suas minúcias pelo ar tista, que instalou seus desenhos monocromáticos nas paredes das galerias e dos acessos.
O trab al ho de conc epç ão e mont ag em da exp os iç ão Rio
Rounds foi objeto de um ensaio fotográfico realizado por Márcia Fo letto, configurando um verdadeiro making of do processo de criação do artista.
Juntamente com o texto da magnífica palestra proferida por Richard Serra por ocasião da exposição, o Centro de Arte Hélio Oitici ca apresenta este ensaio como registro de uma obra exemplar, que
afirma em definitivo a vocação deste espaço como uma referência da vanguarda da arte contemporânea na cidade do Rio de Janeiro. Helena Severo Secretár ia Municipal de Cultura
Ao bra de arte intrinsecamente ligada a um lugar – não m ais o ta bleau que é o maior símbolo e mercadoria que a burguesia criou na arte – é uma das linhas produzidas nos tempos atuais, que tem em Richard Serra o mais excepcional artista.
Participar de um evento como este – uma exposição inteira mente executada nas dependências do Centro de Arte Hélio Oiticica
– é ter a oportunidade de estar presente numa manifestação, no Bra sil, de um artista nascido e que trabalha nos Estados Unidos, e de tão alta significância que estar saindo de um século com Serra significa entrar lutando no próximo.
A Associação Alumni, com sede em São Paulo, tem na educa
ção e na cultura as suas principais atividades, visando construir e manter as boas relações entre os Estados Unidos e o Brasil nessas áreas de atuação. O seu Comitê Diretor, presidido pelo arquiteto Ri cardo Julião, decidiu participar desta empreitada com o maior entu siasmo, junto com uma séria e coerente instituição cultural que é o Centro de Arte Hélio Oiticica, da Secretaria Municipal de Cultura da Cidade do Rio de Janeiro.
Este catálogo, contendo o que foi feito na mostra de 1997 e o
seu making of, tornou-se, pelo princípio do próprio trabalho, o único documento da obra criada por Richard Serra. Portanto, cuidem dele! Ricardo Ohtake Presidente do Comitê Cultural da Associação Alumni
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Apresentação
O Centro de Arte Hélio Oiticica apresentou pela pri meira vez numa instituição de arte brasileira a obra de Richard Serra, um dos artistas mais significativos e atuantes no cenário da arte contemporânea inter nacional. O projeto concretizou-se após a visita do artista e sua mulher Clara Weyergraf-Serra, em 1997, a convite de nossa instituição, quando a configura ção arquitetônica das galerias foi cuidadosamente estudada pelo artista, para ali serem instalados os seus desenhos monocromáticos negros.
Agora, com a publicação deste ensaio fotográfi
Por ocasião da exposição, intitulada Rio Rounds,
co, podemos observar a maneira pela qual Serra
foi publicado um catálogo, com texto de Ronaldo
articula os elementos constitutivos de sua lingua
Brito, que registra um conjunto representativo de
gem plástica. Representa um singular testemunho
obras das diversas fases da sua produção artística,
dos vários aspectos que envolvem o artista total
nos permitindo constatar o extraordinário impacto
mente imerso em suas atividades; os seus momen
de seu trabalho para a cultura contemporânea.
tos reflexivos e decisórios, os materiais e procedi
Os desenhos, no seu processo de construção,
mentos adotados, a continuidade e a dinâmica do
são invariavelmente compostos de diversas cama
seu processo de trabalho. O foco é o ato, o artista
das de uma matéria negra, espessa e opaca – paint
em a ção. O pensamento q ue lidera a s ua o bra é cla
stick, uma mistura de graxa, cera, pigmento e óleo
ramente o resultado do diálogo estabelecido entre o
em forma de tijolo, aquecida previamente – que,
artista, a obra, o espaço contextualizado e o es
quando aplicadas, funcionam como peso em rela
pectador. Esse espaço denso e ativado pela presen
ção ao volume arquitetônico. O seu tamanho e for
ça das superfícies negras adquire uma eloqüência e
ma são determinados pela especificidade das pare
uma intensidade poética, agora registrado pela si
des, tetos, cantos e luminosidade do espaço. A ins
lenciosa e sensível seqüência fotográfica de Márcia
talação dessas superfícies negras requer uma com
Foletto, que acompanhou o artista, documentando
plexa tomada de decisões que deriva de uma expe
a sua jornada de trabalho.
riência direta do espaço, ao mesmo tempo ativan do-o e alterando a nossa experiência.
O Centro de Arte Hélio Oiticica só pode se orgu lhar da iniciativa pioneira para a efetivação de tão
Essa série de desenhos quase-circulares reali
importante evento ao produzir este catálogo com o
zados no lugar específico foi concebida sem a cons
primoroso ensaio fotográfico, bem como a brilhante
tituição de um estudo a priori, de modo a interagir
palestra de Richard Serra proferida nesta instituição
com o vetor determinante para o pensamento do
por ocasião da mostra, revelando as artérias e pul
seu trabalho: o espaço dado. Pela natureza do seu
sações de seu pensamento que fundamentaram sua
peso, massa, escala e delineamento com suas extre
experiência de trabalho em nossas galerias. Somos
midades, exigindo uma orquestração de vários ele
extremamente gratos a Richard Serra por ter aceito
mentos, as superfícies negras permitem (re)definir
o nosso convite para apresentar sua obra; a Clara
espaços dentro de um determinado recinto arqui
Weyergraf-Serra pela constante e exemplar dedica
tetônico, subvertendo a nossa habitual concepção
ção profissional; a Allen Glatter e Trina McKeever,
ao demandar do espectador uma percepção que já
assistentes do artista, pela sólida estrutura técnica e
não é mais contemplativa, mas ativa.
a Sula Danowski e sua equipe, que com extrema de dicação e talento, tornaram possível esta cuidadosa edição. Gostaríamos de estender nossos agradeci mentos a Ricardo Ohtake e a Celso Curi, que através da Associação Alumni, concederam-nos apoio que foi determinante para a realização deste projeto. Vanda Mangia Klabin Diretora Geral do Centro de Arte Hélio Oiticica
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Palestra de Richard Serra
Eu não com eç o meu proc ess o de trab al ho com
mim e uma imposição para o espectador. Porém, é
uma intenção clara e óbvia. Um trabalho será inútil
difícil pensar sem obsessão. É impossível criar algo
se não for mais do que uma ilustração do que pro
sem um fundamento rigoroso, irrefutável e, na ver
jetei. Através de cada trabalho espero ampliar mi
dade, até certo ponto, repetitivo. A provação da re
nha linguagem. A razão para trabalhar é descobrir
petição é um modo de superar a indecisão de reco
o que não sei. Não quero reciclar o que já sei. Não
meç ar; não rep et ir o que foi feit o, mas ret raç ar o
há quaisquer receitas metodológicas específicas e
mesm o perc urs o. Pers ev er ar e rec om eç ar é dar
definidas. Porém, há uma predileção por materiais
continuidade à obsessão com o trabalho. Trabalho
e princípios de gravidade, peso, massa, densidade
provém de trabalho. A importância do trabalho pa
e equil íb rio. Ess es princ íp ios, muit as vez es, são
ra mim reside em seu esforço, não em s uas inten
aplicados a um determinado contexto. Aqui, o tra
ções. O esforço é um estado mental e uma intera
balho é resultado de uma interação com as condi
ção com o mundo. Tento manter minha cabeça li
ções do Centro de Arte Hélio Oiticica. Os trabalhos
vre de idéias preconcebidas, procuro ver sem pre
não estão baseados em idéias a priori ou em pro
conceito.
postas teóricas. Nesse sentido, meu trabalho se di ferenc ia do trab al ho dos min im al ist as. Uma das
Na maioria das vezes, o local determina como pen
maiores limitações do minimalismo é a sua relação
so sobre o que vou construir; se é um espaço urba
com o contexto. Os trabalhos minimalistas foram
no ou uma paisagem, uma sala ou qualquer outro
feit os, orig in alm ent e na déc ad a de 1960, para es
ambiente arquitetônico. Alguns trabalhos são reali
paços de l oft. Esses espaços foram então imitados
zados no local do começo ao fim. Foi o que aconte
pelas galerias dos anos 70 e 80 para serem outra vez
ceu aqui no Centro de Arte Hélio Oiticica, onde ten
rep rod uz id os pel os nov os mus eus da déc ad a de
tei reestruturar o espaço com os desenhos. A locali
1990, onde foram aperfeiçoados e neutralizados na
zação, a forma e a escala dos desenhos foram deter
forma de caixas de sapatos bem iluminadas. Simul
minadas no fazer, no realizar.
taneamente à rarefação do contexto, o objeto mi nimal ist a foi transf orm ad o em uma merc ad or ia
Quando trabalho em projetos para local específico,
high-tec produzida em massa. Agora, tanto o con
primeiro procuro ter uma compreensão ampla do
tinente quanto o conteúdo podem entrar em circu
local, e depois, então, faço exper iências com ma
laç ão. O obj et o feit o para ajust ar-se à caix a pod e
quet es. Ten ho uma caix a de a reia em meu atel iê.
ser transp ort ad o. Iss o exp lic a por que qualq uer
Sendo o plano do chão ou a simulação de uma ele
tent at iv a de col oc ar esc ult ur as min im al ist as na
vação, a areia me possibilita a troca de elementos
paisagem ou em locais urbanos invariavelmente os
construtivos para entender sua capacidade escultó
reduz a objetos "sem-teto".
rica. A areia comprimida que funciona como fulcro fluido de sustentação admite a movimentação, in
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Meu trabalho não é uma ilustração ou descrição de
clinação e rotação dos planos e volumes sobre seu
did at ism o form al. Iss o ser ia uma lim it aç ão par a
eixo. Essa investigação estrutural facilita um rápido
exame de diferentes conclusões. A experimentação
os pressupostos das regras estruturais ou códigos
baseia-se em ensaio e erro. O procedimento experi
de eng en har ia. Tent ei lev ar as poss ib il id ad es e a
mental do ateliê continua no local, onde, sempre
prática da engenharia a extremos absurdos.
que possível, construo maquetes em tamanho real. Essa abordagem permite que eu conceba e perceba
Minha decisão de construir trabalhos em aço para
estruturas que não poder ia imaginar. Permite-me
locais específicos levou-me a sair do ateliê tradicio
determinar a localização e a escala de um trabalho
nal. O ateliê foi substituído por urbanismo e indús
no cont ext o. Ent ret ant o, o proc ess o de "com o fa
tria. Conto com o setor industrial para desenvolver
zer" não substitui, em última instância, "o que fazer".
meu trabalho, conto com engenheiros estruturais e
O enalt ec im ent o simp list a do mét od o ou técn ic a
civis, peritos, operários, transportadores, armado
costum a ser um disf arc e par a um proc ed im ent o
res, trabalhadores da construção civil etc. Usinas si
acadêmico.
der úrg ic as, est al eir os e fáb ric as torn aram-se um prolongamento do meu ateliê. Comecei a trabalhar
Uma das diferenças entre meu processo de traba
em siderúrgicas quando era muito jovem, aos de
lhar com uma maquete em tamanho real em um lu
zessete anos aproximadamente, para pagar minha
gar específico e a maneira como os arquitetos fa
educação. As siderúrgicas continuaram a ser, para
zem seus projetos é que normalmente eles traba
mim, uma fonte de material, inspiração, fabricação
lham confinados nos escritórios e, em uma espécie
e construção.
de simplificação tecnocrática, reduzem a topologia de um local a um plano sem relevo. De fato, isso sig
Eu costumo analisar a capacidade de uma usina, de
nifica que a paisagem é destruída pela terraplana
uma fáb ric a, de um fab ric ant e; est ud o o equip a
gem feita no local para se ajustar à planta. Depois,
mento, examino os processos de produção e os ma
os edifícios que mais parecem maquetes, sem esca
teriais, estudo suas ferramentas; se é uma forja, um
la ou referências, são colocados de qualquer manei
laminador, um freio; vejo se estão fazendo lingotes,
ra no terreno; isso explica boa parte do novo urba
ogivas, turbinas, blindagens ou pistões. Tudo o que
nismo que se vê nos arredores da maioria das cida
é feito e a maneira como se faz tornam-se um ma
des. Eu, realmente, acredito que a arquitetura se be-
nual para mim. Analiso seus processos mais avan
neficiaria se os arquitetos fossem ao local e de fato
çad os e a form a com o poss o int er ag ir com e les.
construíssem maquetes em tamanho real.
Tento ampliar o potencial de suas ferramentas em relação ao que preciso realizar.
Faz parte do meu trabalho compreender as limita ções e imp os iç ões pragm át ic as de cad a cont ext o,
Um exemplo recente é uma série de 'elipses torci-
sejam elas de acessibilidade, condições de superfí
das' que construir nos Estados Unidos.1 Usei, como
cie e subs ol o, cap ac id ad e de sup ort ar carg as etc.
ponto de partida, uma elipse de Francesco Borromi
Enfrento problemas iguais aos de um engenheiro
ni. Imagine uma elipse como uma planta baixa e es
estrutural. Sempre me interessou testar os limites e
sa mesma elipse como a planta voltada para o céu.
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Gira-se a elipse superior 90 graus em relação à elipse
com a ajuda da mais recente tecnologia de compu
inferior. Isso significa que o aço que circunda o vazio
tador. O computador não deve ser temido. É ape
entre essas d uas elipses idênticas tem um torque e
nas um disp os it iv o par a acel er ar o proc ess o. Ele
alterna seus movimentos para dentro ou para fora à
não gera idéias. Você ainda pode precisar da ajuda
medida que sobe. Até agora só trabalhei com formas
de uma roda de madeira para poder dizer ao com
cilíndricas e cônicas; apenas uma vez tentei criar
putador o que você precisa.
uma forma elíptica para uma instalação na Natio nalg al er ie, em Berl im. Não tiv e muit o suc ess o e
O fato de poder entrar em uma siderúrgica, um es
abandonei a i déia por algum tempo. Há alguns a nos
taleiro, uma usina térmica e ampliar não só o traba
fui a Roma, e vi então a igreja de San Carlo, construí
lho deles como também minhas necessidades é um
da por Borromini. A nave central de Borromini está
modo de tornar-se produtor ativo no contexto de
construída sobre planta oval e me inspirou a girar
uma determinada tecnologia, não um manipulador
d uas elips es idênt ic as com um cent ro com um às
de um produto ao consumidor ou de um produto
duas. Tentei construir maquetes com chapas finas
industrial preexistente.
de aço, mas não consegui fazer o torque na minha pequena dobradeira. Telefonei, então, para um dos
A história da escultura com solda neste século teve
engenheiros da equipe de Frank Gehry, que eu sabia
pouca influência em meu trabalho. Até meados do
que trabalhava com um programa de computador –
século, a maior parte da escultura tradicional ba
o programa CATIA – originalmente desenvolvido pe
seava-se na relação da parte com o todo: os elemen
la indústria aeroespacial francesa, que possibilitava
tos de aço eram reunidos em uma espécie de cola
desenhar formas tridimensionais bastante comple
gem pictór ica e de composição. Era uma maneira
xas. Expliquei meu problema e ele se mostrou con
de pintar em t rês dimensões. Em sua maioria, a sol
fiante na capacidade do programa desenhar formas
da era uma maneira de colar e ajustar partes, que de
elípticas, mas não poderia trabalhar comigo naque
out ro mod o não se mant er iam unid as. Muit o do
le momento. Dessa forma, voltei para a construção
equilíbrio que se encontra nas esculturas de Pablo
de maquetes. Eu e meu assistente Allen Glatter fize
Picasso é gestual, é falso. Suas estruturas internas
mos um mecanismo com duas elipses de madeira,
não têm nada a ver com a sua necessidade de ficar
torcidas em 90 graus uma em relação à outra, e um
em pé. O mesmo se aplica para as esculturas de Ju
tar ug o ent re e las. Rol am os ess e disp os it ivo sob re
lio Gonzalez e David S mith. O trabalho com aço –
uma chapa de chumbo. As rodas desenharam linhas
não como elemento pictór ico, mas como mater ial
curvilíneas no topo e na base da chapa, cortamos,
estrutural em termos de massa, peso, contrapeso,
então, a chapa de chumbo ao longo dessas linhas e
cap ac id ad e de carg a, carg a pont ual, comp ress ão,
chegamos ao gabarito da peça que eu queria fazer.
atrito e estática – foi totalmente dissociado da his
O eng en heir o fic ou surp res o com a prec is ão de
tória da escultura. Teve, porém, aplicação direta na
nossa maquete. E finalmente ele pôde nos ajudar
história da arquitetura, da tecnologia e da constru
com o programa CATIA dando as linhas exatas das
ção industrial. É a lógica de torres, barragens, silos,
dobras, que permitir iam a uma siderúrgica traba
pontes, arranha-céus e túneis.
lhar as chapas. A princípio, o pessoal da siderúrgica
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não entendeu os procedimentos pormenor izados
Os escultores, de maneira geral, ignoraram os resul
necessários para dobrar uma forma elíptica. Inter
tados da revolução industrial, não investigando os
pret aram mal a form a com o send o um segm ent o
processos e métodos fundamentais nas áreas de si
cônico complexo. Esse entendimento equivocado
derurgia, engenharia e construção. Os construtores
dos desenhos feitos pelo computador fez com que
que procurei foram, então, os que exploraram o po
e les queb rass em a prim eira chap a que tent aram
tencial do aço como um dos m ais avançados mate
dobrar. A chapa tinha quase quatro metros de lar
riais de construção, como John Roebling, que cons
gura, doze de comprimento e cinco centímetros de
truiu a ponte do Brooklyn, Robert Maillart e Mies
espessura. Tivemos que ensiná-los, na prática, dia
van der Rohe. Para mim, uma das descobertas mais
após dia, como adaptar seus antigos métodos para
interessantes no Rio de Janeiro são as estruturas de
faz er uma form a que foi des en had a e proj et ad a
sustentação nas encostas, nos morros e um dos edi
fícios de que mais gosto nesta cidade é do arquiteto
nad o por qualquer um. Os indícios do processo do
Reidy. O edifício em curva sobre um túnel.2 Gosto
fazer podem tornar-se parte do conteúdo. Não que
do edifício porque reflete a sinuosidade da estrutu
este seja o conteúdo, mas que possa ser discernido
ra curvilínea do Rio de Janeiro. Não se pode olhar
por tod os os que quis erem env olv er-se com ess e
para aquele edifício sem estabelecer uma relação
aspecto do trabalho. Os meus trabalhos não signifi
imediata com a topologia da paisagem. Parece que
cam nada de esotérico e auto-referente. O problema
cresceu da natureza. A imposição de uma estrutura
da auto-referência não se coloca depois que um tra
de grade nesta cidade parece totalmente ilógica; to
balho vem a público. A questão é como o trabalho
do seu entorno é sinuoso. Aqui, o céu é infinito. E
altera o local, não a persona do autor. Quanto mais
pensaria que o tipo de edifício e o tipo de arte que
o autor s air de cena, melhor.
nascer iam desta cultura não devem ser propostos com base em P iet Mondrian e na grade cubista. Este
Na maioria das obras expressionistas há um excesso
lugar me parece ser o mais improvável para a impo
de presença da personalidade ou persona. Não es-
sição da grade. A invenção aqui deveria ser baseada
tou interessado neste tipo de presença do artista.
na premissa de que a grade é passé.
Estou interessado em que a arte esteja disponível com o pens am ent o para out ras pess oas, e quant o
Vej o muit a arq uit et ur a, e vej o arq uit et ur a com o
mais o autor ou o artista evaporar, melhor.
fonte de referência porque, basicamente, o que faço precisa de uma comparação não em termos do que
Os trabalhos feitos para local específico lidam com
faço, mas em termos de escala e material. Tento li
comp on ent es amb ient ais de esp aç os det erm in a
dar com o contexto e a premissa da arquitetura co
dos. A escala, o tamanho e a localização de traba
mo uma contradição e ver se posso estabelecer uma
lhos feitos para lugares específicos são determina
interface com essa contradição. Para alguns arqui
dos pela topografia do sítio, seja ele urbano ou pai
tetos, isso suscitou muita dificuldade em relação ao
sagem, ou um recinto arquitetônico. O trabalho tor
meu trab al ho, porq ue norm alm ent e o que e les
na-se parte do local e reestrutura conceitual e per
querem é fazer sua arte em relação a s eus edifícios,
ceptivamente sua organização. Meus trabalhos nun
e não querem um artista interfer indo em suas in
ca decoram, ilustram ou descrevem o local.
tenções. Analisei o contexto deste Centro no que diz respeito Na maioria de m eus trabalhos, os processos de to
à circulação e às condições espaciais. Como a pes
mada de decisão são revelados. As decisões mate
soa entra e percorre a sucessão de salas, onde a pes
riais, formais e contextuais são patentes. O conceito
soa pára, vira, continua a caminhar; onde se encon
de escultura para local específico não tem nada a
tram os eixos princ ip ais, ond e pass ag ens e arc os
ver com opinião ou crença. É um conceito que pode
surgem: todos esses aspectos foram considerados
ser verificado em cada caso. O processo de concep
na colocação dos redondos. "Redondo" é outra pa
ção pode ser reconstruído e a especificidade de um
lavra para "círculo"; na verdade, ela não descreve os
trabalho em relação ao lugar pode ser medida por
desenhos aqui, já que são todos "quase-círculos".
seus efeitos no local. Ou funciona ou não funciona;
Quais são as condições que afetam a leitura dos cír
muda ou não muda a percepção que se tem do lo
culos (rounds) um em relação ao outro dentro do
cal. Ou se o lha o local de um modo como jamais ti
continuum espacial? O que está acima, abaixo, à di
nha se vist o ant es, ou não. Ou se surp reend e, ou
reit a e à esq uerd a, o que est á no nível dos o lhos?
não. O que tento não fazer é aumentar ou decorar
Que conexões acontecem sem que pudessem ter si
um local, ou afirmar s uas condições. Isso para mim
do previstas, antecipadas? Como a paralaxe da sua
é como arte aplicada, design aplicado. Não estou in
visão é afetada? Como você vê o que aparece na pe
teress ad o em art e aplic ad a. O fat o de o proc ess o
rif er ia do seu camp o vis ual? Com o voc ê se mov i
tecnológico ser revelado despersonaliza e desmisti
menta no espaço? Como você torna físico o espaço?
fica a idealização do ofício do escultor. O trabalho
Como você faz do espaço a substância? Como você
não entra no domínio fictício do "mestre". Quero
transforma o espaço em objeto, assim como a pare
meu trab al ho log o disp on ív el par a ser insp ec io
de é um objeto?
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A especificidade dos trabalhos designados para um
conta de como a arquitetura do edifício é construí
determinado lugar significa que eles são concebi
da e das diferenciações dentro da arquitetura. Co
dos para esse local: são dependentes e inseparáveis
mo um arco é m ais alto do que outro. Como a aber
dessa localização. Escala, tamanho e colocação dos
tura de uma porta é mais larga ou mais estreita que
elementos esculturais e desenhos para local especí
a out ra. Com o quand o se pass a por um esp aç o, a
fico resultam de uma análise dos componentes am
lemb ranç a dess e esp aç o na mem ór ia ant ec ip a o
bient ais de um det erm in ad o cont ext o. A anál is e
que se pensa sobre o que será o próximo espaço.
preliminar de um sítio leva em conta não só carac terísticas formais, como também as definições fun
A inclusão de elementos esculturais ou desenhos
cionais do local. O trabalho feito para um local ma
em um determinado contexto torna a pessoa mais
nifesta, invar iavelmente, um julgamento de valor
consciente do tempo; não o desacelera até um esta
sobre o contexto m ais amplo de que faz parte. Com
do de meditação, mas o particulariza através da ex
bas e na int erd ep end ênc ia de o bra e loc al, a o bra
periência da obra em seu contexto. Essa percepção
para um sítio específico tem um enfoque crítico so
do temp o, ou sens aç ão de temp o, que é semp re
bre o conteúdo e o contexto do local. As soluções
uma experiência particular e individual só pode ser
para um local específico demonstram a possibilida
realizada através da linguagem da arte. A natureza
de de ver a simultaneidade de relações recém-de
não consegue, nem o mobiliário, nem o design; a ar
senvolvidas entre escultura e contexto. Uma nova
quitetura, raramente. Estou falando da concentra
orientação de comportamento e de percepção em
ção que se dedica às o bras de arte e de como essa
relação ao sítio exige um novo ajuste crítico à vivên
concentração é diferente daquela dedicada a outras
cia da pessoa de um determinado lugar.
linguagens.
O local determina como penso sobre o que vou fa
Fom os con hec er o jard im de Burl e Marx. 3 Min ha
zer; há muitas diferentes formas de redefinir as con
impressão foi a de que era uma natureza tornada
dições espaciais e estruturais de um determinado
artificial. E porque era artificial – não da mesma for
espaço. A maioria das pessoas entra e sai das salas
ma que os jardins Zen de Kyoto são artificiais – não
sem se dar cont a da comp ress ão do esp aç o e dos
era natureza; tinha que se concentrar e o lhá-lo de
comp on ent es arq uit et ôn ic os, t ais com o: v ãos de
um modo como não se olha a natureza. Conside
porta, janelas, iluminação, piso etc. O que tentei fa
rando que a arte ou o artifício faz parte da reflexão
zer aqui foi colocar desenhos nas salas de modo a
de Burle Marx, seu trabalho torna-se significante.
prop ic iar a comp reens ão do cont in uum esp ac ial
Não acho que se deva ir lá e dizer: "adoro flores!" ou
pelo entendimento da relação de um desenho com
"adoro verde!" O que o trabalho tem de mais inte
outro. Os desenhos fazem você perceber o que está
ressante é que ele estabeleceu categorias de infor
abaixo do nível do seu olho, o que está acima, à sua
mação para que a natureza fosse vista de um modo
direita, à sua esquerda; como a definição do espaço
que talvez nunca tivesse sido vista antes. Por ter fei
muda em relação ao que você pensou que era antes
to a diferenciação na apresentação das plantas, ele
de ent rar. Nest a exp os iç ão, há um trab al ho que é
poss ib il it ou vê-las de form as dif erent es. É muit o
quase uma indicação de leitura para compreender
surpreendente e bastante bonito. Foi a primeira vez
o resto do trabalho. Na entrada, no saguão princi
que admirei, de verdade, um arquiteto paisagista.
pal, há uma série de t rês arcos. Ao colocar um círcu
Acho-os, em sua maioria, inúteis.
lo (r ound) sob re cad a um del es, perc eb e-se uma
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seqüência das relações espaciais lá em cima na pa
Uma das funções básicas da arte parece ser a de nos
rede – que são todos diferentes, mas todos tendem
permitir dar conta do pensamento e da percepção
a comprimir o espaço e a criar um tipo de efeito on
de um modo que as outras coisas não o fazem. Pen
dulante na arquitetura. Fica difícil determinar o ta
sar não significa que o pensamento esteja contido
manho real dos círculos; qual vai do menor para o
dentro do próprio trabalho. Significa que o pensa
maior. Em função da perspectiva, interpreta-se os
mento está contido no diálogo que o trabalho gera
t rês com o sim il ares em tam an ho. Ao prest ar bas
com o lugar. Não é só você e o objeto; é você, o ob
tante atenção e olhar atentamente para eles, dá-se
jeto e o cont ext o. É voc ê, o obj et o e o seu pens a
mento em relação ao contexto. Envolve sua anteci
ram. A arte é uma forma simbólica de comunicação
pação, sua memória, e o que você está trazendo pa
entre as pessoas. É outro tipo de linguagem visual e
ra ela. Pessoas diferentes vivenciarão a obra de mo
poética. É algo que enriquece uma cultura. E todos
dos diferentes, de acordo com suas necessidades e
que se consideram artistas têm a obrigação de con
seus conhecimentos.
tinuar a encarar a arte como uma atividade: boa ou
Perc epç ão é atenç ão vis ual. Quand o aprec iam os,
porque quer ter sucesso, mas porque está interessa
olhamos, fitamos ou fixamos a vista, podemos fazê-
do em viver como um artista. Porque você quer essa
lo de maneira rápida ou lenta, ou ausente. Algumas
vida. Porque você indaga e é suficientemente curio
r uim, de fracasso ou de sucesso. Você não faz arte
pessoas não vêem coisa alguma. Temos preconcei
so para levar adiante essa paixão. Sucesso é a poste
tos incorporados, e com base neles, já concluímos o
riori. Se acontecer, você tem muita sorte.
que há e o que não há para ser visto. Se ficar decidi do de antemão que um trabalho não significará na
Os trabalhos que particularizam tempo e contexto
da para voc ê, voc ê não cons eg uir á vê-lo. Se voc ê
demoram mais tempo para serem compreendidos.
não for capaz de ver, estará dada a base para a cen
A identificação rápida destrói o conteúdo, pois o
sura em todos os níveis. A compreensão quase sem
conteúdo está abaixo do limiar da consciência ime-
pre acont ec e paul at in am ent e. Quand o eu era jo
diata.
vem e fui pela primeira vez ao Museu de Arte Mo derna de Nova York, vi o Atelier rouge de Henri Ma
Prestar atenção é um aspecto da solidão, da quietu
tiss e. Volt ei para a esc ol a e tin ha, na ment e, uma
de. As o bras feitas para um local específico não se
idéia do que era a o bra. Mas quando, cerca de um
rão ent end id as ao prim eir o o lhar. O proc ess o de
mês depois, vi o quadro novamente, percebi que a
compreensão não é linear. Não é como ler um livro.
minha lembrança do quadro e a minha compreen
A não-direc ion al id ad e de pont os de vist a torn a a
são do quad ro de quand o o vi pel a seg und a vez
o bra irr it ant e e dist ant e. Por iss o muit as pess oas
eram duas coisas totalmente diferentes. Percepção
não querem lidar com a o bra. "Há algo a qui, algo
e apercepção cresceram com cada reconsideração
ali, não entendo, não vou prestar atenção, vou para
do quadro. Ninguém fica apaixonado por toda obra
casa, voltarei amanhã – talvez". O que se deve fazer
de arte que vê. Com sete anos pode-se gostar de Ko
é diz er: "não ent end o, vou volt ar a qui e prest ar
koschka. Agora, o diá-lo. Com 25, gostar de Cézanne
atenção". Quando comecei a trabalhar, eu não con
ou Mond rian, e agora o diá-los. Dep ois gost ar de
seguia entender Barnett Newman. Não tinha a me
Poll ock, e acab ar por o diá-lo. Não é prec is o est ar
nor idéia. Não podia imaginar o que queriam dizer
preso a qualquer noção do tipo "acredito nisto". Os
todas aquelas linhas e planos. Eu podia olhar pinto
interesses mudam o tempo todo. Tudo o que é pre
res como Philip Guston, Willem De Kooning e até
ciso é ter avaliação, compreensão e compaixão pelo
Mark Rothk o e ent end er que e les vin ham da tra
que o empolga. Mas apegar-se a heróis é ter os pés
dição européia da pintura de cavalete. Quando vi
na lama. Você realmente tem de matar seus heróis.
Newman, fiquei completamente atordoado. Foi só
Todos eles. Eu inclusive. Livre-se deles todos e co
depois de ver repetidamente o seu trabalho que fi
mece de novo.
nalmente percebi que a fenda no plano era um es paço, uma abertura. Tive que me forçar a voltar e
Você poderia gostar de Giorgio De Chirico, Giorgio
olhar repetidamente seu trabalho, pois tinha com
Morandi ou Henri Rousseau não tanto pelo conteú
pleta resistência a Newman. Acredito que devemos
do de s uas pint ur as, mas porq ue na imag in aç ão
nos esf orç ar m ais para comp reend er as o bras às
poética de sua mente eles representam fantasia, es
quais temos resistência. Temos de voltar e olhar es
cal a, poes ia, imag in aç ão, son hos que corresp on
sa obra de novo. Faça isso com Mondrian, com Paul
dem às suas exper iências pessoais. É por isso que
Cézanne, com Pollock ou qualquer outro que resista
amamos a arte. Não por ser a coisa que está na pa
a rápidas análises. Há muitos artistas inacessíveis à
rede. Dane-se o que está na parede! O importante é
primeira vista. E, por isso, muitas vezes, as pessoas
a nossa reação. As culturas que foram reprimidas,
se afastam. Acho realmente necessário que sejamos
que não pud eram prod uz ir art e, tod as e las sof re
diligentes na nossa busca.
35
As o bras para um loc al esp ec íf ic o enf at iz am uma
passam da câmara lenta para o movimento acelera
comparação entre duas linguagens diferentes: sua
do. As novelas de televisão, em comparação, são to
própria linguagem e a do ambiente em que se en
talmente lineares, como se estivessem escritas. Ao
contram. Ao contrár io das obras modernistas que
passo que tempo nesses clips da MTV é completa
criam a ilusão de serem independentes do seu am
mente não-sequencial.
biente e que só funcionam criticamente em relação a uma linguagem de sua própria tradição, as o bras
Em 1932, em uma carta a Victor Nekrassov, arquite
criad as par a um det erm in ad o loc al enf at iz am a
to de Moscou, Le Corbusier escreveu algo que me
comparação entre duas linguagens diferentes. Per
pareceu muito interessante em relação à obra feita
mit a-me cit ar Bert rand Russ ell: "Tod a ling uag em
para um local específico. E estou mencionando Le
tem uma estrutura sobre a q ual não se pode dizer
Corbusier porque acho que o edifício mais magnífi
nad a ness a ling uag em. Deve exist ir out ra ling ua
co do Rio de Janeiro é de Le Corbusier: o edifício do
gem que trat e da est rut ura da prim eira e poss ua
Ministério da Educação e Saúde.4
uma estrutura diferente, sobre a qual não se pode dizer nad a, salvo em uma terc eira ling uag em". O
Em Moscou, nas igrejas do Kremlin, há muitos afres
que Russell está dizendo – tentarei dizer com sim
cos bizantinos maravilhosos. Em certos casos, essas
plicidade, porque a linguagem de Russell é um pou
pint uras não prej ud ic am a arq uit et ura. Mas tam
co como a de Ludwig Wittgenstein, você realmente
bém não tenho a certeza de que acrescentem algo; es
tem de o lhar e dissecar – é que você não pode ser
te é o problema do afresco. Aceito o afresco não como
crítico de sua linguagem dentro da sua própria lin
algo que dá ênfase à parede, mas ao contrário, como
guagem. É difícil criticar linguagem escrita com lin
um meio para destruir violentamente a parede. Para
guagem escrita. É difícil criticar pintura com pintu
eliminar toda noção de estabilidade, peso etc. Tam
ra. É difícil criticar escultura com escultura. Assim,
bém aceito o Juízo Final de Michelangelo na parede
o que ele está dizendo é que deve haver outra lin
da capela Sistina, que a destrói; também aceito o teto
guagem para criticar a primeira linguagem. Tome
da capela Sistina, que distorce completamente a pró
mos, por exemplo, um artista do Renascimento, co
pria noção de teto. O dilema é simples: se fosse para
mo Benvenuto Cellini, que fazia basicamente uten
preservar as paredes e o teto da capela Sistina como
sílios domésticos: saleiro e pimenteiro. E, fazendo
forma, não deveriam ter sido pintados com afrescos;
saleiros e pimenteiros, encontrou um modo novo
a pintura significa que alguém quis eliminar para
de fazer escultura que, naquela época, criticava im
sempre sua personalidade arquitetônica original e
plicitamente a escultura. Vamos considerar alguém
criar qualquer coisa, o que é aceitável.
mais contemporâneo, como o escultor amer icano Donald Judd que começou fazendo caixas de ma
Pouquíssimos arquitetos de hoje compartilhariam
deira. Isso é carpintar ia. Assim, fazendo algo sim
o respeito de Le Corbusier pela arte que provoca a
ples, com pouca tecnologia como a carpintaria, ele
dest ruiç ão de uma int enç ão arq uit et ôn ic a. Tent e
critica a pretensão da escultura modernista. Vamos
trabalhar com um arquiteto e dizer-lhe que você vai
ver alguém como Roy Lichtenstein que usou o de
destruir totalmente o pátio do edifício dele em no
sign gráfico, as tiras cômicas, para criticar a pintura.
me da sua arte e veja se ele vai amar você... Le Cor
O que Russell está dizendo é que, muitas vezes, é
busier está dizendo que é isso que deve acontecer.
prec is o uma ling uag em de trab al ho anál og a para
Essa é a verdadeira colaboração. Essa é a colabora
criticar outra linguagem. Isso significa basicamente
ção de Michelangelo à capela Sistina.
que se você quiser ser pintor, você não tem de tra
36
balhar fora da tradição da pintura. Se você quiser
As questões contextuais das obras para local espe
ser escultor, você não tem de trabalhar fora da tra
cífico continuam problemáticas. A especificidade
dição da escultura. Atualmente, o vídeo está criti
em relação ao local não é um valor em si. As o bras
cando o cinema. O que há de m ais interessante na
construídas dentro da estrutura contextual de insti
televisão americana é a MTV. Os cortes nesses clips
tuiç ões govern am ent ais, emp res ar iais, educ ac io
musicais são mais rápidos que os cortes comerciais;
nais e religiosas correm o risco de serem entendi
mist uram pal av ras, imag ens, pass ad o e pres ent e;
das como amostras dessas instituições. Um modo
de evitar a cooptação ideológica é escolher locais
Se os objetos não compactuarem com a necessida
que estejam sobrando, que não possam ser objeto
de consumista, se não se submeterem à exploração
de má interpretação ideológica. Porém, não existe
e às est rat ég ias de mark et ing, est ar ão dest in ad os
lug ar neut ro. Tod o cont ext o tem sua est rut ur a e
ao esq uec im ent o. Tol er ânc ia, em geral, só exist e
s uas imp lic aç ões ideol óg ic as. É uma quest ão de
para as idéias oficialmente sancionadas. A submis
grau. Mas há locais onde é óbvio que a obra de arte
são está no cerne do problema. Todos nós nos sub
será subordinada, acomodada, adaptada, subser
metemos até certo ponto; mas quanto de nossa au
viente, submetida, útil. Nesses casos, é necessário
tonomia cedemos a instituições que praticam polí
trabalhar em oposição às limitações do contexto, de
ticas que achamos contraditórias com nossas con
forma que o trabalho não possa ser entendido co
vicções básicas? Permanecer calado, sem falar aber
mo uma afirmação de ideologias questionáveis e de
tamente, equivale a abdicar da responsabilidade.
poder político. Não me interessa a arte como afir mação, ou como manifestação de cumplicidade. As
Durante os últimos 25 anos, tentei, com graus varia
des ig uald ad es cult urais e educ ac ion ais bas ead as
dos de sucesso e fracasso, colocar meu trabalho em
em desigualdades econômicas são uma realidade
esp aç os púb lic os no mund o int eir o. É um ato de
que precisa ser revelada e não encoberta por uma
afirm aç ão, um ato der ivad o do con hec im ent o do
noção populista de arte para o povo. A aspiração da
potencial da escultura, um ato de fé. Basicamente,
arte não pode ser servir e, desta forma, reafirmar o
quero fazer a esc ult ura que rep res ent e uma nova
status quo, gerando um produto que dê às pessoas
ordem de experiência, que represente uma possibi
o que elas querem, e supostamente necessitam. O
lid ad e esc ult ór ic a que não exist ia ant es. Quer o
mercado de arte baseia-se nesse princípio. Quanto
inaugurar um conceito de escultura que não pode
mais se t rai a própria linguagem em nome do inte
ria ter sido previsto; construir algo conceitualmente
resse comercial, maiores são as possibilidades de
diferente, que espero que dure. Nada mais. No en
que os ocupantes de cargos de autor idade recom
tanto, para mim, isso é tudo. É um desejo grande, e
pensem seus esforços.
até mesm o arrog ant e, mas tamb ém é muit o sim ples: faz er uma esc ult ur a que rep res ent e e con
Na verdade, é interessante que este centro tenha re
tenha uma complexidade de possibilidades e expe
cebido o nome de Hélio Oiticica. Para mim, é óbvio
riências, que se torne algo que qualquer um pode
que Hélio Oiticica nunca esteve interessado em aju
u sar, que est ej a abert o a qualq uer reaç ão; esp ero
dar a aumentar e afirmar as estruturas de poder. É
enriquecer um pouco as mentes das pessoas de al
óbvio que Oiticica foi um verdadeiro poeta e verda
gum mod o. Est ou int eress ad o em prop orc ion ar a
deir o art ist a que semp re tev e pouq uíss im o trat o
todos nós, por meio da construção de espaços que
com instituições ou com os poderes dominantes. E
acrescentem algo à experiência de quem somos, a
era óbvio que ele não servia interesses outros a não
poss ib il id ad e de nos torn ar dif erent es da pess oa
ser os seus próprios.
que somos. Centro de Arte Hélio Oiticica Rio de Janeiro, novembro de 1997
1
Torqued ellipses, exposição no DIA Center for the Arts, Nova
York, set. 1997/jul. 1998. 2
Aff ons o Eduard o Reidy (Par is, 1909-Rio de Jan eir o, 1964),
Conjunto Residencial Marquês de São Vicente, 1967, Gávea, Rio de Janeiro. 3
Visita ao sítio de Roberto Burle M arx (São Paulo, 1909-Rio de
Janeiro, 1994), em Guaratiba, Rio de Janeiro, 1997. 4
Edifício do Ministério da Educação e Saúde (1937-1945): pro
jeto desenvolvido pelos arquitetos Lúcio Costa, Jorge Machado Moreira, Carlos Leão, Affonso Eduardo Reidy, Oscar Niemeyer e Ernani Vasconcellos, tendo Le Corbusier como arquiteto con sultor.
37
38
work for me is in its effort, not its inten-
plane. In reality it means that the exist-
with a clear and obvious intention. If a
tions. The effort is a state of mind and an
ing landscape is destroyed by bulldozing
work is no more than an illustration of
interaction with the world. I try to keep
the site to accommodate the plan. Then
what I projected, it is useless. I hope to
my head clear of preconceptions, to see
the buildings which look like models,
extend my language through each work.
without prejudice.
without scale and character are plunked
The reason to work is to find out what I
down; this accounts for much of the new
don’t know. I do not want to recycle what
For the most part, the site determines
urbanism that you see at the outskirts of
I know. There are no definite specific
how I think about what I am going to
most cities. I truly believe that architec-
methods or prescriptions. There is, how-
build; whether it is an urban or land-
ture would greatly benefit if architects
ever, a predilection for materials and
scape site, a room or any other architec-
would go to the site and actually build
principles of gravity, weight, mass, den-
tural enclosure. Some works are realized
full-scale models.
sity and balance. These principles are
from their inception to their completion
often applied to a given context; here the
at the site. That’s what happened here at
The understanding of pragmatic limita-
work is a result of an interaction with the
the Centro de Arte Hélio Oiticica where I
tions and constraints of each given con-
conditions of the Centro de Arte Hélio
have made an attempt to re-structure the
text, be it accessibility, surface and sub-
Oiticica. The works are not rooted in a
space with drawing. Placement, shape
surface condition, load-bearing capaci-
priori ideas or theoretical propositions.
and scale of the drawings were deter-
ty and so on is part of my work. I face
In this respect, my work differentiates it-
mined in the doing, in the making.
the same problems as a structural engi-
self from the work of the Minimalists.
Lecture given by Richard Serra
I do not begin the process of working
neer. I have always been interested in
One of the biggest limitations of Mini-
When I work on site-specific projects I
testing the limits and assumptions of
malism is its relation to context. Mini-
try to first get a comprehensive under-
structural rules or engineering codes. I
malists' works were originally made in
standing of a site, then I usually experi-
have attempted to take the possibilities
the 1960’s for loft spaces. The loft space
ment with models. I have a sandbox in
and practice of engineering to absurd
was then imitated by the galleries of the
my studio. The sand functioning as a
lengths.
70’s and 80’s, to be reproduced again by
ground plane or as a surrogate elevation
the new museums of the 90’s, where it
enables me to shift building elements,
My decision early on to build site-specif-
was perfected and neutralized into well-
so as to understand their sculpt ural
ic works in steel took me out of the tradi-
lighted shoe boxes. Simultaneous to the
capaci ty. The compressed sand, which
tional studio. The studio has been re-
rarefaction of the context, the minimal
funct ions as a fluid fulcrum allows for
placed by urbanism and industry. I rely
object was turned into a high-tech,
continuous shifting, tilting and rotating
upon the industrial sector to build my
mass-produced commodity. Now the
of the planes and volumes on their axis.
work, upon structural and civil engi-
container and the contained can both go
This structural investigation facilitates a
neers, upon surveyors, laborers, trans
into circulation, the object made to fit
quick review of different conclusions.
porters, riggers, construction workers
the box can be taken on the road. That
Experimentation is based on trial and
and so on. Steel mills, shipyards and fab-
explains why any attempt to place Mini-
error. The hands-on procedure in the
ricating plants have become my on-the-
malist sculptures in the landscape or in
studio is continued at the site, where I
road, extended studios. I began to work
urban sites reduces them invariably to
build full-scale mock-ups as often as I
in steel mills when I was very young,
homeless objects.
can. This approach allows me to con-
when I was about seventeen, to support
ceive and perceive structures I could not
my education. Steel mills have contin-
My work is not an illustration or depic-
imagine. It allows me to determine the
ued to provide for me a source for mate-
tion of formal didacticism. That would
location and scale of a work in context.
rial, inspiration, fabrication and con-
be a constraint on me and an imposition
However, the process of “how to do” is,
struction.
on the viewer. However, it’s difficult to
in the final analysis, no substitute for
think without an obsession, and it is im-
“what to do”. Simple-minded glorifica-
Usually I analyze the capacity of a mill, a
possible to create something without a
tion of method or technique is usually a
plant, a fabricator; study their equip-
foundation that is rigorous, incontro-
cover-up for an academic procedure.
ment, look to their production processes
vertible and, in fact, to some degree,
and materials, study their tools, whether
repetitive. The ordeal of repetition is a
One of the differences between my
it be a forge, a roller, a brake, whether
way to jump-start the indecision of be-
process of working with a full-scale
they are making ingots, nosecones, tur-
ginning again; not to repeat what has
mock-up in a site and the way architects
bines, shells or pistons. Whatever is
been done, but to retrace the same path.
go about planning is that architects usu-
made and how it is formed becomes a
To persevere and begin again is to con-
ally work in the confines of their office
handbook of my concern. I consider their
tinue the obsession with work. Work
and, in an act of technocratic simplifica-
most advanced processes and how I can
comes out of work. The significance of
tion reduce the topology of a site to a flat
interact with them. I try to extend their
39
tool potential in relationship to what I
plates. The people in the mill at first did
dams, silos, bridges, skyscrapers, and
need to accomplish.
not understand the particular proce-
tunnels.
dures necessary to bend an elliptical A recent example is a series of torqued
shape. They misread the shape as a com-
Sculptors, for the most part, have ig-
ellipses that I built in the US. 1 I used a
plex conical segment. Their misreading
nored the results of the industrial revo-
Borromini ellipse as a starting point.
of the computer drawings caused them
lution, failing to investigate the funda-
Imagine one ellipse as floor plan and the
to break the first plate they tried to bend.
mental processes and methods of steel
exact same ellipse as the plan for the
The plate was sixteen feet wide, forty
making, engineering and construction.
opening to the sky. The top ellipse is ro-
feet long and two inches thick. We had
The builders I have looked to have,
tated 90 degrees in relation to the bot-
to teach them in a very hands-on way
therefore, been those who explore the
tom ellipse. That means that the steel
how to adapt their old methods to make
potential of steel as one of the most ad-
skin that encloses the void between
a shape that was drawn and engineered
vanced materials for construction, such
these two identical ellipses has a torque
with the help of the newest computer
as John Roebling, who built the Brooklyn
and changes from moving in to moving
technology. The computer is nothing
Bridge, Robert Maillart and Mies van der
out as it rises. So far I have worked with
to be frightened of. It’s just a device to
Rohe. For me, one of the most interest-
cylindrical forms and conical shapes,
speed up the process. It does not gener-
ing discoveries here in Rio are the sup-
and only once tried to create an ellipti-
ate ideas. You might still need the help of
port structures on the sides of hills and
cal shape for an installation at the Na-
a wooden wheel to tell the computer
mountains and one of the buildings I
tionalgalerie in Berlin. It was not very
what you need.
like best in this city is Reidy’s curved
successful and I dropped the concept for
building on top of a tunnel.
I like the
a while. Then I went to Rome a few years
To be able to enter into a steel mill, a
building because it reflects the sinuous-
ago and saw Borromini’s San Carlo. The
shipyard, a thermal plant and to extend
ness of the curvilinear structure of Rio.
center space of San Carlo is built on an
their work and my needs is a way of be-
One cannot look at this building without
oval floor plan and gave me the idea to
coming an active producer within a giv-
immediately relating it to the topology
turn two identical ellipses in relation to
en technology, not a manipulator of a
of the landscape. It seems like it is grow-
each other with a common center. I tried
consumer product or a found industrial
ing out of nature. The imposition of a
to make models with thin steel plates
product.
grid structure in this city seems totally illogical since everything surrounding it
but couldn’t achieve the torque on my
40
2
small bender. So I called one of Frank
The history of welded sculpture in this
is sinuous and vegetative with it perma-
Gehry’s engineers who I knew worked
century has had little influence on my
nent ups and downs and the endless sky.
with a computer program, the CATIA
work. Most traditional sculpture until
I would think that the kind of building
program, that was originally developed
the mid-century was based on a rela-
and the kind of art that needs to come
by the French aerospace industry and al-
tionship of the part to the whole. That is,
out of this culture ought not to be predi-
lowed to draw very complex three di-
the steel elements were collaged pictori-
cated on Piet Mondrian and the grid. It
mensional shapes. I explained my prob-
ally and compositionally together. It was
seems to me like the most unlikely place
lem to him and he was confident that
a way of painting in three dimensions.
for the grid to be imposed. Invention
the CATIA program would be able to
Most of the welding was a way of gluing
here should be based on the general
draw torqued elliptical forms, but he
and adjusting parts, which otherwise
premise that the grid is passé.
could not work with me for a while. So I
wouldn’t hold together. Most of the bal-
went back to model building. With my
ance in Picasso sculptures is gestural, is
I look at a lot of architecture, and see ar-
assistant Allen Glatter we constructed a
fake. Their internal structure has noth-
chitecture as a reference source because,
device out of two wooden ovals turned
ing to do with their need to stand up.
basically what I do begs a comparison
at 90 degrees in relation to each other
This is not only true for Picassso sculp-
not in terms of what I make, but in terms
and a dowel in between. We rolled this
ture but also for the sculpture of Julio
of scale and material. I try to deal with
device over a sheet of lead. The wheels
Gonzalez and David Smith. To work with
the context and the premise of architec-
drew curvilinear lines at the top and bot-
steel, not as a picture-making element,
ture as a contradiction and see if I can
tom of the sheet, we then cut the lead
but as a structural material in terms of
interface with that contradiction. That
sheet along these lines and ended up
mass, weight, counterbalance, loadbear-
has caused some architects a great deal
with the template for the vessel that I
ing capacity, point load, compression,
of difficulty in relationship to my work,
wanted to make. Gehry’s engineer was
friction, statics has been totally divorced
because usually what architects want to
surprised by the precision of our model.
from the history of sculpture. However,
do is to make their own art in relation to
He finally supplied with the help of the
it has found direct application within
their buildings, and they do not want an
CATIA program the exact bending lines
the histories of architecture, technology
artist to mess around with their inten-
that would allow a steel mill to bend the
and industrial building. It is the logic of
tions.
In most of my constructions, the deci-
and restructure both conceptionally and
and perceptual orientation to a site de-
sion-making processes are revealed. Ma-
perceptually the organization of the site.
mands a new critical adjustment to one’s
terial, formal, contextual decisions are
My works never decorate, illustrate or
experience of a place.
self-evident. The concept of site-specific
depict the site. The site determines how I think about
sculpture has nothing to do with opinion or belief. It is a concept that can be
Here in this museum, we analyzed the
what I am going to make, there are many
verified in each case. The process of con-
site in relation to the circulation and spa-
different ways of redefining the spatial
ception can be reconstructed and the
tial conditions that presented themselves.
and structural condition of a given
specificity of a work in relation to its site
How one enters and moves throughout
space. For the most part, people walk in-
can be measured by its effects on the
the sequence of rooms, where one stops,
to rooms, and out of rooms, without re-
site. It either works or does not work; it
turns, continues to walk; where the main
alizing the compression of the space and
either changes your perception of the
axes are found, where the doorways and
the architectural components such as
site or it does not. Either it makes you
arches appear, all these are aspects that
doorways, windows, lighting, flooring
look at the site the way you have not
went into the reasoning behind the
etc. What I tried to do here was to locate
seen it before or it does not. Either it
placement of the rounds. “Rounds” is
drawings in the rooms so as to allow you
startles you or it does not. What I try not
another word for “circles”; it does not re-
to understand the spatial continuum by
to do is to augment or decorate a site, or
ally describe the drawings here in that
understanding the relationship of one
to affirm the conditions of a site. That to
they are all “off-circles”. What are the
drawing to the other. The drawings make
me is like applied art, applied design. I
conditions that affect the reading of the
you realize what is below your eye level,
am not interested in applied art. The fact
rounds to each other within the spatial
what is above your eye level, to the right
that the technological process is re-
continuum? What is above, below, to the
of you, to the left of you, how the defini-
vealed depersonalizes and demytholo-
right and left, what is at eye level? Which
tion of the space is changed from what
gizes the idealization of the sculptor’s
connections are made that could not
you thought it was before you entered
craft. The work does not enter into the
have been foreseen, could not have been
into it. There is one work in this show
fictitious realm of the “master”. I would
anticipated? How is the parallax of your
that functions like an index to the read-
just as soon have my work available to
vision affected? How do you see what
ing of all of the work. When you first en-
anyone’s inspection. The evidence of the
appears at the periphery of your visual
ter the main lobby, there is a series of
process of making can become part of
field? How do you move through the
three arches. By placing a round above
the content. Not that it is the content,
space? How do you make the space phys-
each one of them you notice a sequence
but it is discernible for anyone who
ical? How do you make the space the sub-
of spatial relationships very high on the
wants to be involved with that aspect of
stance? How do you make the space as
wall, that are all different, but all tend to
the work. My works do not signify any
much an object as the wall is an object?
compress the space and create a kind of ripple effect in the architecture. It is dif-
esoteric self-referentiality. The problem of self-referentiality does not pose itself,
The specificity of site-oriented works
ficult to determine the actual size of the
once a work enters the public domain.
means that they are conceived for, de-
circles which go from smaller to larger.
How the work alters the site is the issue,
pendent upon and inseparable from
You read all three as similar in size due
not the persona of the author. The fur-
their location. Scale, size and placement
to perspective. If you pay attention to
ther the author recedes, the better.
of sculptural elements and site-specific
them and look at them, you find yourself
drawings result from an analysis of the
becoming aware of how the architecture
In most expressionism, there is an over-
particular environmental components
of this building is constructed and of the
bearance of personality or persona. I am
of a given context. The preliminary anal-
differentiations within the architecture.
not interested in this kind of presence of
ysis of a given site takes into consider-
How one arch is higher than the other.
the artist. I am interested in art being
ation, not only formal characteristics,
How the opening of one doorway is
available as thought for other people
but also functional definitions of the
wider or narrower than the other. How
and the further the author evaporates,
site. Site-specific works invariably mani-
when you pass through one space the
or the artist evaporates, the better.
fest a value judgment about the larger
memory of that space feeds the antici-
context of which they are a part. Based
pation of what you think the next space
Site-specific works deal with the envi-
on the interdependence of work and
is going to be like.
ronmental components of given spaces.
site, site-specific works address the con-
Scale, size and location of site-specific
tent and context of their site critically.
The inclusion of sculptural elements or
works are determined by the topography
Site-specific solutions demonstrate the
drawings into a given context makes one
of the site, whether it be an urban or
possibility of seeing the simultaneity of
more conscious of time, not by slowing
landscape site or an architectural enclo-
newly developed relationships between
it down to a state of meditation, but
sure. The works become part of the site
sculpture and context. A new behavioral
rather by particularizing time through
41
the experience of the work in context.
Perception is visual attention. Our con-
people to communicate with each other.
This sense of time or sensation of time,
sideration, our look, our gaze, our stare
It is another kind of visual and poetic
which is always a private and individu-
can be quick or slow or absent. Some
language. And it is something that makes
al experience, can only be achieved
people do not see at all. We have built-in
a culture rich. And it is an obligation for
through the language of art. Nature does
prejudices, and based on those, we have
all of you who consider yourselves artists
not do it, furniture does not do it, design
already concluded what is to be seen
to pursue it as an activity: good or bad,
does not do it, architecture rarely does it.
and what is not to be seen. If it is decid-
failure or success. You make art not be-
What I am talking about is the concen-
ed beforehand that a work will mean
cause you want to be a success, but be-
tration that one invests into works of art
nothing to you, you will not be able to
cause you are interested in having the
and how that concentration is different
see it. Understanding often occurs slow-
life of an artist. Because you want that
from the concentration needed to un-
ly. When I was young and first went to
life. Because you are inquisitive and cu-
derstand other idioms.
the Museum of Modern Art (New York) I
rious enough to carry on that passion.
saw Henri Matisse’s The Red Studio.
Success is after-the-fact. If it happens,
We went to see the Burle Marx Garden.3
Then I went back to school with an idea
you are lucky.
I thought the garden was nature ren-
of Matisse’s painting in my head. But
dered artificial. And because it was arti-
when I saw the painting again maybe a
Works that particularize time and con-
ficial – not in the same way that the Zen
month later I realized that my memory
text take longer to comprehend. Quick
gardens in Kyoto are artificial – it was
of the painting and my reading of the
identification destroys content, for con-
not nature; you had to concentrate on it
painting when I saw it again were two
tent is below the threshold of immediate
and you had to look at it in a way that
completely different things. Perception
awareness.
you do not look at nature. To the degree
and apperception grew with each recon-
that art or artifice enters into the medi-
sideration of the painting. I think that is
Paying attention is an aspect of solitude,
tations of Burle Marx his work becomes
what works of art do. You learn and grow
of quietness. Site-specific works are not
significant. I don’t think that you look at
in responding to them. Nobody remains
to be grasped in a flash. The process of
his garden and say “I love flowers!" or “I
in love with every work of art they have
comprehension is not linear. It is not like
love vegetation!” It is much more inter-
seen. When you were seven you might
reading a book. The non-directionality
esting in that Burle Marx has catego-
have liked Kokoschka. Now you might
of viewpoint at times makes the work ir-
rized information so that you see nature
hate him. When you were 25 you might
ritating and remote. A lot of people do
in a way you never saw it before. Be-
have liked Cézanne or Mondrian, and
not want to deal with it for that reason.
cause he has made the differentiation in
now you hate them. And now you like
“There is something here, something
his presentation of plants, he allows you
Pollock and might end up hating him.
there, I don’t understand, I’m not going
to see them afresh. It is quite amazing
You do not need to be tied to any notion
to pay attention, I am going home, I will
and quite beautiful. It is the first time
of: “I believe in”. Your interests will
come back tomorrow – maybe". What
that I have really admired a landscape
change all the time. All you need is ap-
you have to do is to say: “I don’t under-
architect. For the most part, I think they
preciation, understanding and compas-
stand, I’m going to come back and pay
are useless.
sion for what excites you at any given
attention”. When I first started working, I
time. But to hold on to heroes is to have
could not read Barnett Newman. I did
It seems to be one of the basic functions
your feet stuck in the mud. You have to
not have a clue. I could not figure out
of art to enable us to acknowledge
kill your heroes. All of them. Me includ-
what all of these lines and planes were
thought and perception in ways that
ed. Get rid of all of them and start afresh.
about. I could look at painters like Philip Guston, and Willem De Kooning and
other things do not. To engage thought
42
does not mean that thought is contained
You might like Giorgio De Chirico or
even Mark Rothko and understand that
within the work itself. It means that the
Giorgio Morandi, or Henri Rousseau for
they came from a European easel paint-
thought is contained in the dialogue that
reasons that don’t have much to do with
ing tradition. When I looked at Newman,
the work engenders in relation to place.
the content of their paintings but be-
I was completely stunned. Only after
It is not just you and the object; it is you
cause in your mind’s poetic imagination
looking at his paintings over and over
and the object and the context. It is you
they represent fantasies, scale, poetry,
again did I finally understand that the
and the object and your thought in rela-
dreams that respond to your personal
cleft in the plane was a space, an open-
tionship to the context. It involves your
experiences. That is why we love art. Not
ing. I had to force myself to go back and
anticipation, your memory, and what
because it is the thing on the wall. Damn
look at Newman because I had a com-
you bring to it. Different people will ex-
the thing on the wall! It is our reaction to
plete resistance to his work. But I believe
perience the work in different ways, ac-
it that is important. Cultures that have
that it is the work that you have resis-
cording to their needs and according to
been repressed, that could not produce
tance to that you have to work the hard-
their knowledge.
art all suffered. Art is a symbolic way for
est at to understand. That is the work
you have to go back and look at again
stein, who used graphic design, comic
Very few architects working today would
and again. Do that with Mondrian, with
strips, to criticize painting. What Russell
share Le Corbusier’s respect for art that
Paul Cézanne, with Pollock, with any-
is saying is that often times it takes an
entails the destruction of an architectur-
body that resists quick analysis. There
analogous language to criticize another
al intention. Try to work with an archi-
are a lot of artists who are impenetrable
language. What it basically means is,
tect and tell him that you are going to
at first glance. And often times, because
that if you want to be a painter, you do
take his courtyard and completely de-
they are very difficult to comprehend,
not have to work out of the tradition of
stroy it for the sake of your art and see if
one moves away from them. I think it is
painting. If you want to be a sculptor,
he loves you... Le Corbusier is saying
necessary to be diligent in your pursuit.
you do not have to work out of the tradi-
that is what ought to happen. That is the
tion of sculpture. Video right now is cri-
real collaboration. That is Michelange-
Site-specific works emphasize a com-
tiquing film. The most interesting thing
lo’s contribution to the Sistine Chapel.
parison between two separate languag-
you see on American television is MTV.
es, their own language and the language
The cuts in these music video clips are
The contextual issues of site-specific
of their surroundings. Unlike modernist
even faster than those in commercials,
works remain problematic. Site-specific-
works that give the illusion of being au-
they mix words, images, past and pres-
ity is not a value in itself. Works, which
tonomous from their surroundings, and
ent, they switch from slow motion to fast
are built within the contextual frame of
which function critically only in relation
forward . Soap operas, by comparison,
governmental, corporate, educational
to a language of their own tradition,
are completely linear, like novellas.
and religious institutions, run the risk of
site-specific works emphasize the com-
Whereas time in those MTV clips is com-
being read as tokens to those institu-
parison between two different languag-
pletely non-sequential.
tions. One way of avoiding ideological
es. Let me quote Bertrand Russell: “Ev-
co-optation is to choose leftover sites,
er y language has a structure about
In 1932, in a letter to Victor Nekrasov, an
which cannot be the object of ideologi-
which one can say nothing in that lan-
architect in Moscow, Le Corbusier wrote
cal misinterpretation. However, there is
guage. There must be another language,
something that I thought was very inter-
no neutral site. Every context has its
dealing with the structure of the first,
esting in relation to site-specific work.
frame and ideological overtones. It is a
and possessing a new structure about
The reason I am mentioning Le Corbu
matter of degree. But there are sites
which one cannot say anything, except
sier is because one of the most magnifi-
where it is obvious that the work of art is
in a third language.” What Russell is get-
cent buildings in Rio is Le Corbusier’s
being subordinated to/ accommodated
ting at – I will try to make it simple, be-
building of the Education and Health
to/ adapted to/ subservient to/ required
cause Russell’s language is a little like
Ministry.4
to/ useful to... In such cases it is necessary to work in opposition to the con-
Ludwig Wittgenstein’s, you have to really look at it and dissect it – is that you can-
You have in Moscow, in the churches of
straints of the context, so that the work
not be critical of your own language
the Kremlin, many magnificent Byzan
cannot be read as an affirmation of ques-
within your own language. It is hard to
tine frescoes. In certain cases, these paint
tionable ideologies and political power. I
critique written language with written
ings do not undermine the architecture.
am not interested in art as affirmation,
language. It is hard to critique painting
But I am not sure that they add to it ei
or in art as a manifestation of complici-
with painting. It is hard to critique sculp-
ther; this is the whole problem of the fres
ty. Cultural and educational inequalities
ture with sculpture. So, what he is saying
co. I accept the fresco not as something
based on economic inequality are a real-
is that there must be another language
that gives emphasis to the wall, but on
ity, which needs to be revealed and not
to critique the first language. Take some-
the contrary, as a means to destroy the
glossed over by a populist notion of art
one like the Renaissance artist Benve
wall violently. To remove any notion of
for the people. The aspiration of art can-
nuto Cellini who was basically making
its stability, weight and so on. I accept
not be to serve and, thereby, reaffirm the
household products: salt and pepper
Mi chelangelo’s Last Judgment in the
status quo, by delivering products, which
shakers. But in making salt and pepper
Sistine Chapel, which destroys the wall; I
give people what they want and suppos-
shakers he found a new way to make
accept the Sistine Chapel’s ceiling as well,
edly need. The art market is based on
sculpture, which implicitly criticized
which completely distorts the very notion
this principle. The more one betrays
the tradition of sculpture at that time.
of ceiling. The dilemma is simple: if the
one’s language to commercial interests,
Take someone contemporary like the
Sistine Chapel wall and ceiling were in
the greater the chance that those in au-
American sculptor Donald Judd, who
tended to be preserved as form, they
thority will reward one’s efforts.
started to make wooden boxes. That’s
should not have been painted with fres
carpentry. He is taking something as
coes, it means that someone wanted to
It is interesting, actually, that this partic-
simple, as low tech as carpentry to criti-
remove forever their original architectur
ular museum is named after Hélio Oiti-
cize the pretense of modernist sculp-
al character and create something else,
cica. It is obvious to me that Hélio Oitici-
ture. Take someone like Roy Lichten-
which is acceptable.
ca was never interested in helping to
43
augment and affirm power structures. It
and failure, to place my work in public
is obvious that Oiticica was a real poet
spaces throughout the world. It is an act
and a real artist who had very little truck
of assertion; an act derived from the
with institutions or the dominant pow-
knowledge of the potential for sculpture,
ers. And it was obvious that he did not
an act of faith. Basically I want to make
serve anybody else’s interest other than
sculpture that stands for a new order of
his own.
experience, that represents a sculptural possibility that did not exist before. I
If artifacts do not accord with consum-
want to initiate a sculptural concept,
erist needs, if they do not submit to ex-
which could not have been foreseen; to
ploitation and marketing strategies, they
build something conceptually different;
can be voted ad hoc into oblivion. Toler-
that I hope will last. That is all; yet for me
ance usually only exists for officially
it is everything. It is a large even arro-
sanctioned ideas. Submission is at the
gant desire, but it is also very simple:
core of the problem. We all submit to a
to make sculpture that stands for and
degree, but how much of our autonomy
contains a complexity of possibilities
do we cede to institutions that pursue
and experiences, that becomes some-
policies, which we find contradictory to
thing that anyone can use, that is open
our basic beliefs? If one remains silent,
to any response; hopefully to enrich
and does not speak out, it is tantamount
people’s minds in some small way. I am
to abdicating responsibility.
interested in the possibility for all of us to become other than what we are, by
I have attempted for the past twenty-five
constructing spaces that add to the ex-
years, with varying degrees of success
perience of who we are. Centro de Arte Hélio Oiticica Rio de Janeiro, November 1997
1
Torqued ellipses, exhibition at DIA Center for the
Arts, New York, September 1997/July 1998. 2
Affonso Eduardo Reidy (Paris, 1909 – Rio de
Janeiro, 1964), Conjunto residencial (residential building) Marquês de São Vicente, 1967, Gávea, Rio de Janeiro. 3
A visit to Roberto Burle Marx garden at Gua
ratiba, Rio de Janeiro, 1997. (Roberto Burle Marx, São Paulo, 1909 – Rio de Janeiro, 1994). 4
The building of the Education and Health Min-
istry (1937-1945): designed by the architects Lúcio Costa, Jorge Machado Moreira, Carlos Leão, Affonso Eduardo Reidy, Oscar Niemeyer and Ernani Vasconcellos, being the adviser architect Le Corbusier.
44
In November 1997, the Centro de Arte Hélio Oiticica held an exhibition of works by Richard Serra, widely considered one of the world’s major artists today.
With the help of Clara Weyergraf-Serra, Richard Serra de-
signed a show conceived exclusively for the Centro’s architectural space, the structures of which were exploited in all its details. Monochromatic drawings were installed on the walls of the galleries and the passages joining them.
The work of planning and assembling the Rio Rounds show
was documented in a photo essay by Márcia Foletto, which amounts to a behind-the-scenes glimpse into Serra’s creative process.
The Centro de Arte Hélio Oiticica presents this essay, togeth-
er with the text of the magnificent lecture delivered by Richard Serra upon the occasion of the exhibition, as the record of an exemplary artistic achievement and a definitive assertion of the Centro’s significance for avant-garde art in Rio de Janeiro. Helena Severo Municipal Secretary of Culture
The work of art as something intrinsically intended for a specific site, rather than the movable tableau that is the very symbol of art as merchandise created by the bourgeoisie, is one strand of contemporary production, and Richard Serra is its most outstanding representative.
It is an exhilarating experience to take part in an exhibition,
entirely contained in the premises of the Centro de Arte Hélio Oiticica, of works by an artist who was born and works in the U.S., and who is of such significance that a century ending with him can only portend a brave new century.
The Associação Alumni, headquartered in São Paulo, is ac-
tively mainly in the spheres of education and culture, aiming to promote good relations between the U.S. and Brazil in these areas. Its Board of Directors, headed by the architect Ricardo Julião, has enthusiastically joined the Centro de Arte Hélio Oiticica, a respected culture institution under the Rio de Janeiro Municipal Secretariat of Culture, to carry out this project.
This catalog tells the story of the making of the 1997 show
and contains the works exhibited in it. It is the only document of these particular creations of Richard Serra. It is a book to be cherished. Ricardo Ohtake President of the Cultural Committee of the Associação Alumni
45
Presentation
The Centro de Arte Hélio Oiticica was the first Brazil-
enclosure, subverting our habitual conception to the
ian public institution to exhibit works by Richard Ser-
extent that they demand active, not contemplative,
ra, one of the most significant and dynamic artists in
perception.
contemporary international art. This project was ac-
tualized after Serra came to Brazil with his wife, Clara
comes possible to observe the way how Serra com-
Weyergraf-Serra, in 1997, invited by the Centro, and
bines the elements that make up his visual language.
carefully examined the architectural structure of the
It is a unique record of the various aspects of the
With the publication of this photo essay it be-
rooms where his monochromatic black drawings were
artist’s immersion in his activities, his consider-
to be installed.
ations and decisions, the materials and procedures
For the exhibition, titled Rio Rounds, a catalogue
he adopted, the continuity and dynamics of his actual
was published, including a text by Ronaldo Brito and
process of work. The focus is on the act, the artist in
a sample of works representative of different phases
action. The guiding idea underlying Serra’s work is
of Serra’s trajectory. The catalogue documents the ex-
clearly the result of an interaction between artist,
traordinary impact of Serra’s work on contemporary
work, contextualized space, and spectator. This space,
culture.
dense and activated by the presence of the black sur-
The drawings are invariably made up of succes-
faces, becomes poetically eloquent and intense in the
sive layers of thick, opaque, black paintstick, a mix-
silent and perceptive series of photographs taken by
ture of grease, wax, pigment, and oil, which comes in
Márcia Foletto, who documented Serra’s workday.
bricks and is heated before it is used. When applied,
paintstick provides depth in relation to architectural
pioneering role in promoting such a major event, as it
volume. Its size and weight are determined by the
presents a catalogue containing such a magnificent
specific characteristics of the walls, ceilings, and cor-
photo essay, as well as the brilliant lecture given by
ners, as well as by the brightness of the space. The in-
Richard Serra here on the occasion of his exhibition,
stallation of these black surfaces implies a complex
in which he displayed the workings of his mind during
decision-making process that draws on a direct expe-
his experience in our Center. We are very much in-
rience of the space in question, both activating it and
debted to Richard Serra for accepting our invitation to
altering spectators’ experiences of it.
show his work in the Centro; to Clara Weyergraf-Serra,
This series of site-specific quasi-circular draw-
for her constant and exemplary professionalism; to
ings was planned without an a priori study, so as to al‑
Allen Glatter and Trina McKeever, Serra’s assistants,
low interaction with the determining vector of Serra’s
for their solid technical competence; and to Sula
conception: the given space. Due to the nature of
Danowski and her team, without whose talent and ut-
their weight, mass, scale, and demarcation with their
ter dedication this publication would not have been
boundaries, which required the orchestration of a
possible. We would also like to thank Ricardo Ohtake
number of elements, the black surfaces allow the
and Celso Curi, whose support for this project, through
(re)definition of spaces within a given architectural
the Associação Alumni, was invaluable.
The Centro de Arte Hélio Oiticica is proud of its
Vanda Mangia Klabin Director General, Centro de Arte Hélio Oiticica
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Centro de Arte Hélio Oiticica
Catálogo / Catalogue
Direção geral / Direction general Vanda Mangia Klabin
Edição / Edition Vanda Mangia Klabin Sula Danowski
Assessoria / Direction assistants Fabiana Wernek Noemia Buarque de Hollanda Administração / Management Dora Nadja Pereira da Silva
Ensaio fotográfico / Photo essay Márcia Foletto, Rio de Janeiro Projeto gráfico / Graphic design Danowski Design Ltda, Rio de Janeiro Sula Danowski, Claudia Machado e Adriana Cataldo danowski@ax.ibase.org.br Fotos / Photos (obras instaladas / installed works) Cesar Barreto, Rio de Janeiro Transcrição e tradução da palestra / Lecture transcription and translation Marília Rebello Tradução / Translation Paulo Henriques Britto Revisão de texto / Proofreading Rosalina Gouveia Fotolito / Films Dressa Color, Rio de Janeiro Impressão / Printing Pancrom Indústria Gráfica Ltda, São Paulo
Agradecimentos / Acknowledgments Allen Glatter, Celso Curi, Clara Weyergraf-Serra, Ricardo Ohtake e Trina McKeever
Centro de Arte Hélio Oiticica Rua Luís de Camões 68, Centro 20060-040 Rio de Janeiro RJ Brasil tels (021) 242-1012/242-1213 fax (021) 232-1401 Associação Alumni Rua Brasiliense 65, Santo Amaro 04729-110 São Paulo SP tel (011) 5641-9277 http://www.alumni.org.br e-mail: cultural@alumni.org.br
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Richard Serra nasceu em São Francisco, Califórnia, no dia 2 de novemb ro de 1939. Formou-se em belas-artes pela Yale University. Estudou em Paris e na Itália entre 1964 e 1966. Retornando para os EUA, foi morar em Nova York, onde vive e trabalha até hoje. Desde então, vem participando de inúmeras exposições coletivas e individuais em museus e galerias do mundo todo, destacando-se entre as mais rec ent es: Gagosian Gallery, Nova York e IV Biennale de Lyon, em 1997; Museum of Contemporary Art de Los Angeles em 1998 e Guggenheim de Bilbao em 1999. Suas obras integram coleções particulares e de instituições de toda parte incluindo MOCA, Los Angeles; Solomon R. Guggenheim Museum, Museu de Arte Moderna e Whitney Museum, tod os em Nova York e Tate Gallery, Londres. Seus trabalhos de grandes dimensões estão instalados em espaços públicos de cidades importantes em todos os continentes.
Richard Serra was born in San Francisco, California, on November 2, 1939. He took his degree of Fine Arts at Yale University. He studied in Paris and Italy from 1964 to 1966. When he returned to USA, he settled in New York, where he lives and works until today. Since then, he has been participating in several group and one-man exhibitions in museums and galleries all over the world, among the most recent ones are: Gagosian Gallery, New York and 4th Biennale of Lyon, in 1997; Museum of Contemporary Art of Los Angeles in 1998 and Guggenheim at Bilbao in 1999. His works are in private and institutional collections around the world, including MOCA, Los Angeles; Solomon R. Guggenheim Museum, Museum of Modern Art and Whitney Museum of American Art, all of them in New York, and Tate Gallery, London. His large-scale works are installed in public spaces of all continents.
Capa/Cover Richard Serra trabalhando em um de seus desenhos para a exposição Rio Rounds Richard Serra working on one of his drawings for the Rio Rounds exhibition Centro de Arte Hélio Oiticica, Rio de Janeiro, 1997
ISBN 85-86675-05-9
9 788586 675058