Riscos e Rabiscos: Lendo a Cidade

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Riscos e Rabiscos



English Version | 1


MinistĂŠrio da Cidadania e Santander apresentam


Riscos e Rabiscos

Curadoria Leonel Kaz

Farol Santander, SĂŁo Paulo 2 de julho a 3 de novembro de 2019



A comunicação é o grande instrumento de transformação do mundo e das organizações. Esse mundo em transformação é feito por pessoas que se comunicam entre si todo o tempo. Palavras constroem pensamentos, estruturam a economia, ampliam as possibilidades sociais. Os números e as letras constituem o universo com que lidamos espontaneamente no nosso dia-a-dia. Todos nos comunicamos porque existe um código da fala e da escrita: o alfabeto. Estender ao grande público uma compreensão mais ampla dessa história e sua atualidade nos levou, como um banco que acredita no poder transformador da comunicação a apoiar, junto com o Ministério da Cidadania, a exposição Riscos e Rabiscos: lendo a cidade, com curadoria de Leonel Kaz. É história da comunicação por intermédio das letras e escritas. Ela vem sendo inventada, pintada e costurada desde as cavernas, passando pelos egípcios e mesopotâmicos, pelos hebreus e fenícios, pelos gregos e romanos. Todos procurando criar, no Ocidente, sua escrita, seus alfabetos, suas palavras e chegamos até os dias atuais a uma cidade viva e pulsante como São Paulo, capaz de produzir uma linguagem tipográfica original, uma linguagem visual das ruas trazida para a atmosfera cultural aqui no Farol Santander. Ótima visita! Patricia Audi VICE PRESIDÊNCIA DE COMUNICAÇÃO, MARKETING, RELAÇÕES INSTITUCIONAIS E SUSTENTABILIDADE SANTANDER

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Uma cidade fala conosco. Já pensou nisso? Fala e se comunica por várias linguagens. Uma delas é a linguagem das letras. As letras que estão nas ruas, nos bueiros das calçadas, nos letreiros, essa que você lê agora. Todos procuramos nos comunicar por meio destes fascinantes códigos escritos pela história: os alfabetos e os números. O mundo inteiro se articula e existe, convive e produz, ama e cria com palavras. São duas grandes histórias que se encontram aqui. A clássica, que mostra desde quando o primeiro homem começou a desenhar riscos e rabiscos em cavernas. Criou escritas, hieróglifos e alfabetos. A outra, que se faz história no dia-a-dia, é a contemporânea. A que mostra como São Paulo está sendo capaz de criar uma linguagem tipográfica própria com grafites, giz, lambe-lambes, carimbos, caligrafia, o pixo em néon. E mostra ainda, em interatividade e fotos de época e de hoje, como as letras — substantivo feminino —, com seus contornos e arestas, são, definitivamente, belas. A tipografia urbana paulistana é singular, fala conosco. Agora, fale com ela. Comece aqui, agora...

lendo a cidade.

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Estas lindas letras atravessaram o Atlântico. Vieram de Portugal especialmente para esta exposição. São letras fabricadas em metal, na Suíça, durante os anos de 1950. Eram utilizadas em letreiros de lojas.

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Lendo a Cidade com Outros Olhos “A tipografia encontrada nas ruas de São Paulo esconde sua beleza por toda a cidade, nas fachadas, nas esquinas, nos luminosos e até nas tampas de bueiros. Em trânsito, lemos e vemos letras feitas por profissionais e amadores, em suportes nobres ou corriqueiros, duráveis ou efêmeros. Elas compõem mensagens em peças de comunicação gráfica e eletrônica com missões variadas, destinadas a públicos distintos, com suas urgências e propósitos. Inseridas no meio-ambiente urbano, convivem com a escrita dos pichadores e traduzem o espírito da cidade: multifacetada, multirracial e culturalmente vibrante. Devemos observar que as letras “escondidas” por trás das mensagens tem personalidade e, no espaço urbano, não são apenas veículos silenciosos do conteúdo. Elas vestem o texto ao gosto do freguês, emprestando estilo, voz, sabor. Podem nos levar de volta ao passado ou dar forma à nossa experiência de contemporaneidade. Ladislas Mandel, em seu livro Ecritures, miroir des hommes et des sociétés, faz uma distinção fundamental, lembrando que existem letras para ler, aplicadas em textos corridos e letras para ver, que tem a função de atrair o olhar, em textos breves. Quando lemos um texto impresso, disposto em páginas cuidadosamente ajustadas, com palavras legíveis e letras harmoniosas, ou quando vemos um cartaz com uma mensagem composta em letras potentes e atrativas, simplesmente assimilamos as ideias contidas. Não costumamos prestar atenção às suas formas e nem nos dar conta da complexidade envolvida na produção de uma fonte tipográfica. Em um projeto de fonte, os profissionais do type design confrontam aspectos técnicos da computação gráfica e princípios estéticos inerentes a uma herança visual acumulada em mais de 2.000 anos. Por outro lado, quando vemos uma placa singela, no centro da cidade ou na periferia, feita por alguém que sente a necessidade concreta de comunicar algo com poucos recursos, deve-se enxergar esse fenômeno com outros olhos, levando em conta que as peças informais de comunicação visual gráfica também compõem a feição da metrópole paulistana.” Cláudio Rocha 11


A História da Letra e da Escrita O vídeo também se chama “O mundo é uma barafunda de letras”... E é mesmo! O vídeo animado, criado especialmente para a exposição, mostra como hieróglifos e escritas tomaram a forma de letras, desde o homem das cavernas até aos dias de hoje. São 8 minutos de belas imagens fotográficas ou reinventadas, mostrando a relação que existe, em cada período histórico, entre arte, arquitetura e o desenho das letras. Um trabalho visual de Flavio Reis, com sonoridades de Matheus Leston, consultoria de Carlos Horcades, roteiro e direção de Leonel Kaz.

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História da Tipografia: o vídeo do Ben Ben Barret-Forrest é um canadense, designer gráfico e compositor musical. Ele tem paixão pela história da tipografia e consegue criar conteúdos utilizando as fontes de letras em sua máxima expressão de beleza. Nesse animado vídeo, Ben conta a história da criação dos tipos de letras (ou fontes) e de como você pode conhecê-los melhor e diferenciá-los. Divirta-se! Entre 2014 e 2017, Ben foi diretor de arte do jornal The Globe and Mail da cidade de Toronto, no Canadá. Depois, passou um ano percorrendo os Estados Unidos e México num Volkswagen Camper (não temos esse carroacampamento por aqui), desenhando durante a viagem. Ben também criou jogos de cartas educativos. Seu website é benbf.ca.

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O Grafite de Daniel Melim Nascido e criado em São Bernardo do Campo, Daniel Melim, desde 2000, vem desenvolvendo intervenções urbanas utilizando o estêncil (técnica que permite que você aplique tinta, com spray ou não, através de corte ou perfuração feita em acetato ou papel, em um desenho qualquer, que vai passar para o novo suporte: uma parede, uma tela, um toco de madeira). Diz o artista, nascido no bairro operário de Ferrazópolis: “Absorvi muita coisa de referência visual, propaganda, cartazes, panfletos, jornais e isso me ajudou no meu repertório e contribuiu para que eu desenvolvesse um senso crítico em relação às coisas que aconteciam no bairro, na cidade, no país... As primeiras HQs que vi foram num panfleto de greve.” São Bernardo também tinha uma pista de skate no Paço Municipal e Melim ia até lá: “No começo, fazia o estêncil numa folha de cartolina e saía à noite com um spray, junto com os amigos, para algum rolê.” A linguagem das ruas, da street art, do grafite, caracteriza até hoje sua obra que ele continua a realizar em espaços deteriorados que fornecem inúmeros elementos compositivos, como bairros afastados do ABC Paulista, atingindo um público que normalmente tem pouco acesso à arte. Além dos trabalhos nas ruas, Melim vem apresentando sua pintura na Galeria Choque Cultural, Museu AfroBrasil, Memorial da América Latina, Bienal de Valência na Espanha, MASP, entre outros. O grafite que você vê aqui foi concebido originalmente para esta exposição.

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O Grafite | 17


O Neon de Órion

O Pixotosco de Tony de Marco

Nascido em 1978, Alexandre Órion iniciou sua atividade artística em 1992, sob influência da cultura urbana e do universo do grafite, quando passou a interagir com a cidade de uma maneira muito singular. Nas palavras do próprio artista, “a cidade é carregada de significados”. Órion realizou exposições no Centro Cultural Banco do Brasil, Itaú Cultural, Centro Cultural da Caixa e Pinacoteca. Tem obras publicadas pelas editoras Thames and Hudson, Taschen, Éditions de la Martinière e Phaidon, entre outras. Suas obras estão nos acervos da Foundation Cartier pour l’art contemporain, Paris, Pinacoteca do Estado de São Paulo, do Centrum Beeldende Kunst de Rotterdam, Itaú Cultural, Deutsche Bank e Mad Museum, ambos em Nova York. O pixo em neon de Órion já esteve presente em outras mostras, mas sua originalidade artística é mais do que razão para tê-lo aqui, em contraponto com o “pixotosco” de Tony de Marco.

Tony de Marco, o Pixotosco, pinta nas ruas de São Paulo desde 2005. Cruza a cidade pedalando para levar suas letras e desenhos o mais longe possível, no melhor lugar possível, no maior tamanho possível. Na busca pela simplicidade e economia, rolo e extensor substituem o spray e a escada. Seus trabalhos se espalham por paredes, colunas, pontes, túneis, viadutos, calçadas ou qualquer outro equipamento urbano disponível na cidade. Trabalhou como ilustrador do jornal Folha de S. Paulo, entre 1987 e 1992. Criador da Macmania é atualmente coeditor da Tupigrafia, revista sobre tipografia e caligrafia. Foi premiado no Linotype International Type Design Contest com a fonte “Samba” em 2003. Seu ensaio “São Paulo No Logo” foi exposto no Design Museum, em Londres; Nederlands Fotomuseum, em Roterdã; e Expo 2010, em Xangai. A ilustração tradicional, feita com canetas e colagens, dentro de um grande jornal, o levou à ilustração digital muito cedo, em 1989. O computador permitiu seu ingresso no type design, tendo desenhado dezenas de alfabetos para as revistas que editou. A paixão pelas letras o levou a desenhar nas ruas de São Paulo, onde suas pinturas disputam o olhar com a cacofonia visual da metrópole.

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O Neon e o Pixotosco | 21


A Volta ao Giz de Cristina Pagnoncelli Uma nova forma de expressão à moda antiga – a mesma que era usada nas lousas escolares – ressurge agora por meio de vários artistas, entre as quais Cristina Pagnoncelli, que ministra oficinas pelo Brasil afora e Argentina mostrando todas as talentosas possibilidades do uso do giz. Graduada em Programação Visual pela PUC-PR, em 2006, Cristina fez pós-graduação em Barcelona e especialização na School of Visual Artes em Nova York. Em 2013 começou seu ofício com o giz, de maneira coletiva, passando a ter sua Oficina de Giz, a partir de 2015, quando passou a viajar pelo país e pelo exterior, ministrando aulas na Argentina, Espanha, Itália e Portugal. Estas viagens para aprender ou ensinar levou Cristina a novas possibilidades, como ela diz: “Além dos estudos, das pessoas que conheci, dos museus que visitei, acredito muito que a experiência de viver em outro lugar foi o gatilho para despertar novas ideias. Observar a cultura, as intervenções urbanas, as sinalizações antigas e novas. Observar, absorver, processar, transformar.”

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O Feito à Mão de Victor Tognollo

A Caligrafia de Gui Menga Gui Menga começou a estudar caligrafia em 2008 com os professores Andréa Branco, Cláudio Gil, Luca Barcellona e John Stevens. No final de 2013, deixou a carreira de designer para se dedicar exclusivamente às letras, lançando o projeto Daily Advice, onde fez uma frase por dia durante 330 dias. Hoje divide seu tempo entre trabalhos para publicidade e design, além de sua pesquisa autoral caligráfica – que o leva a organizar workshops de caligrafia e lettering, em São Paulo, com mestres internacionais. Em 2015, participou da MALC – Mostra Aberta de Letrismos Contemporâneos, ao lado de mais 14 artistas, na galeria Casa Sinlogo. Em 2016, na mesma galeria, realizou sua primeira exposição individual. Neste díptico, concebido especialmente para a exposição, Gui Menga mostra a expressividade de seu trabalho com uma multiplicidade de formas de ler e ver os alfabetos.

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A inclinação pelas letras feitas a mão... O Estúdio Itálico nasceu de uma parceria entre os designers Victor Tognollo e Camila Actum, em 2014, e desenvolve projetos usando exclusivamente Caligrafia, Lettering e Sign Painting (pintura em placas) em bares, restaurantes e no comércio em geral. Victor formou-se em Design Gráfico pela Faculdade de Belas Artes, São Paulo e cursou Artes Visuais na Fundarte, São Caetano do Sul. Em 2014 iniciou os estudos sobre caligrafia e lettering após realizar um curso de tipografia na University of the Arts, em Londres. Neste painel, criado originalmente para esta exposição, Victor consegue a proeza de pintar sobre quatro suportes distintos: a azulejaria, os tijolos, as placas de vidro (estas com letras em folha de ouro) e ainda sobre as paredes.


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Os Lambe-Lambes de Gilberto Tomé Os dois painéis que você vê aqui nas paredes que envolvem a Oficina de Carimbos foram feitos em impressão de serigrafia, a partir de originais fotográficos e tipográficos. O arquiteto e artista gráfico Gilberto Tomé, em seu estúdio Fonte Design, em São Paulo, desenvolve desde 1996 projetos gráficos de livros e outras publicações culturais, como o Mapa das Artes. Um de seus trabalhos, o Livrocidade Água Preta – livro composto por cartazes de rua – foi apresentado no Itaú Cultural (Cidade Gráfica, 2014), selecionado pela CLAP 10x10 (Contemporary Latin American Photobooks 2000-2016) e hoje integra o acervo gráfico da Pinacoteca de São Paulo. É importante que você perceba os sutis detalhes do trabalho de Tomé, feito em colaboração com Danilo de Paulo: esta obra que engloba as duas paredes foi realizada especialmente para esta exposição, mesclando imagens de uma São Paulo antiga e outra pra lá de contemporânea, valorizando os detalhes dos desenhos das letras e dos bueiros ou ralos de ruas.

Danilo de Paulo É designer gráfico que co-dirige o ateliê gráficafábrica, elaborando pesquisas diversas e realizando oficinas. Seus projetos foram selecionados para exposições de design como a Bienal Iberoamericana de Diseño, Madrid (2016, 2018), Bienal Brasileira de Design Gráfico, ADG-Adegraf, Brasília (2017) e para mostra coletiva. Como se pronuncia design em português – Brasil hoje, Lisboa (2017).

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Bem-Vindo à Oficina de Carimbos! Escolha nas duas paredes laterais a primeira letra de seu nome ou a que você desejar. Destaque uma folha e saia carimbando, a frente e o verso do papel. Primeiro, escolha o carimbo. Depois, molhe o carimbo na tinta da almofada. Então, apoiado à mesa... Pode carimbar! Se preferir, leve sua folha carimbada para casa!

Gráficafábrica Trata-se do ateliê-editora de Gilberto Tomé que, desde 2007, vem editando publicações com temas ligados à cidade, suas memórias e paisagens. Alinhados na parceria com o designer Danilo de Paulo, os trabalhos da gráficafábrica se caracterizam pela experimentação gráfica, explorando as especialidades de cada linguagem ou sistema de impressão, feita ora no ateliê, em pequenas tiragens, ora em pequenas gráficas com tiragens maiores, mesclando xilogravura, tipografia, serigrafia, impressão digital e offset. A gráficafábrica é a responsável pela Oficina de Carimbos.

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Os banquinhos da Oficina com placas de trânsito são uma criação de Alexandre Órion.


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“A criança se educa, vivendo” A frase acima é do educador Anísio Teixeira e foi escrita em 1929. Nada mais atual. É no cotidiano do fazer manual que também se aprende a lidar com o tato, a memória... a lidar com o outro, coletivamente. Este é o trabalho dos educadores, que tornam possível uma exposição que reúna o conteúdo histórico ao reconhecimento da cidade em que se vive, criando mais irmandade com ela. Fazendo dela, a cidade, suas pegadas, seus traços, seus riscos e rabiscos, uma razão a mais para se sentir parte de uma coletividade. A Oficina de Carimbos é assim que funciona. Aliás, tudo o que funciona nesta exposição se deve ao empenho, aplicação e sabedoria com que Ana Helena Curti e Julia Brandão se aplicaram para tornar possível a tantos e tantos visitantes um raro momento de plenitude.

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Broadway é o nome, na cidade de Nova York, do epicentro efervescente onde letras e músicas se amam e se contorcem em musicais, comédias e tragédias nos palcos. Broadway era também o nome de uma loja de panelas na rua Camerino, Centro do Rio. Elas estavam no frontão do sobrado e foram desabando aos poucos, quando quase já completavam um século de existência. É... elas, as letras, têm uns bons 100 anos e, feitas em madeira de lei, continuam bojudas e roliças como convém ao estilo art-déco. Um cidadão carioca as comprou do proprietário da loja de panelas e, agora, as trouxe a São Paulo para se exibirem. A foto, em preto e branco, de Carlos Moskovics, do acervo do Instituto Moreira Salles, mostra uma loja de letreiros “em plena avenida Presidente Vargas carioca, na década de 1950”, segundo Carlos Horcades, consultor desta exposição. Ao lado, a criação tipográfica de Sula Danowski e Nathalia Lepsch homenageia a foto em que predominam as letras A e E, além da palavra LOW...

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O projeto editorial da revista Tupigrafia propõe a livre articulação entre texto e imagem, tendo como estímulo e tema central a própria tipografia. Contrariando os padrões editoriais, o projeto gráfico previa, desde o seu início, em 2000, o uso de um logotipo diferente na capa de cada edição. O mesmo vale para os artigos, que utilizam tipos com estilo adequado ao conteúdo de cada matéria, na busca constante da liberdade de composição visual. As letras surgem nas páginas da revista com status de imagem e de ilustração, realçando o seu valor estético. Os textos, por sua vez, observam uma estrutura formal que privilegia a boa condição de leitura, não dispensando o conhecimento técnico acumulado ao longo da história d a tipografia. Nesta sequência com as capas das dez primeiras edições temos uma amostra do espírito iconoclasta da publicação: letras carimbadas, coladas, distorcidas, fora de moda… produzidas manualmente ou com ferramentas digitais, com técnicas seculares ou novíssimas!

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Resumindo, a Tupigrafia é uma publicação eclética e que n ão alimenta nenhum preconceito em relação a qualquer assunto relacionado ao universo das letras, seja ligado à cultura popular brasileira ou à refinada tipografia internacional. Cláudio Rocha e Tony de Marco

1 Tupigrafia 7, 2007. Logotipo grafitado com cal no asfalto de ruas do Campo Limpo, por Wagner (Pigmeus) e Ricardinho (Presídio 34). 2 Tupigrafia 8, 2008. Criação de Tony de Marco, produzida em ambiente digital com curvas vetoriais. 2 42


3 Tupigrafia 10, 2012. Tony de Marco reproduz padrĂľes de cestaria artesanal indĂ­gena com o recurso de desenho vetorial.

3 Tupigrafia | 43


A Sala dos Alfabetos propõe três diferentes camadas de leitura, embora todas encontradas no cotidiano de uma cidade como São Paulo, estuário de muitas vertentes de povos, etnias e invenções. Os alfabetos não latinos foram os dos imigrantes que traziam, em sua bagagem, uma riqueza enorme, com palavras em escritas ancestrais, diferentes da latina (que utilizamos). São exemplos em árabe, chinês, japonês, grego, hebraico e cirílico (usada na Rússia). A tipografia dos alfabetos criados por designers brasileiros mostra muitas novas fontes, reinventadas baseadas na cultura anônima popular, com letras que transmitem personalidade e valores de nossa terra (como a literatura de cordel), para além da padronização de letras imposta pelas mídias eletrônicas. As fontes tipográficas latinas clássicas e contemporâneas recriam o alfabeto que o mundo ocidental vem usando em diferentes épocas, mostrando, em legendas, a aplicação dessas letras: a fonte Helvética nas sinalizações do metrô, a Futura no letreiro do Estádio Municipal do Pacaembu e a Clarendon na tipografia urbana paulistana das placas de identificação das ruas. Todos os cartazes foram criação da Danowski Design.

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C H I N Ê S


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Pixo reto Criada por Tony de Marco e Caio de Marco, em 2007, a fonte Brazil Pixo Reto é uma interpretação de uma das mais famosas formas de expressão visual paulistana: a pichação. Os jovens da periferia escrevem o nome de seus grupos pelas ruas e no topo dos edifícios com letras magras, altas e espremidas, como os prédios que precisam escalar. Aqui a tipografia se transforma em um esporte radical e essa fonte presta homenagem a esses “atletas” do design.

Xilosa A tipografia Xilosa, criada por Átila Milanio, em 2011, propõe uma releitura da escrita usada nas xilogravuras da literatura de cordel, famoso gênero literário popular do Nordeste brasileiro. Algumas características visuais da técnica de impressão em xilogravura – com matrizes de madeira – foram incorporadas pelo designer em sua fonte, como as falhas e imprecisões do entalhe na madeira, o desenho com geometria irregular e as arestas bem definidas.

Entulho A pesquisa fotográfica realizada pelo designer Ricardo Mayer revelou um conjunto rico e variado de letras em estêncil, estampadas no metal das caçambas de São Paulo. Essas letras e números, sujos e maltratados, foram recriados e batizados de Entulho, em 2011, com recortes aleatórios e exagerados para aparentar a técnica rudimentar dos pintores de caçamba. As letras foram arredondadas em suas terminações para simular o efeito do spray.

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Brasilêro A fonte Brasilêro, criada por Crystian Cruz em 1999 e lançada em 2003, resultou de uma análise de centenas de letreiros feitos à mão, encontrados em cidades de diferentes regiões brasileiras. Essa fonte reproduz o estilo informal e despretensioso dos pintores amadores e busca traduzir o impacto visual dessa cultura popular em uma tipografia digital.

Seu Juca Com a fonte Seu Juca, de 2008, a designer Priscila Farias resgatou o universo fértil da cultura popular brasileira, convertendo as letras pintadas à mão pelo letrista pernambucano João Juvêncio Filho, o Juca, em tipografia digital. A designer escolheu um dos muitos estilos de letra usados por Juca e desenvolveu uma família tipográfica composta por quatro fontes, todas formadas por letras desalinhadas, que reproduzem uma perspectiva distorcida.

Abençoada As frases pintadas por Irmão Ramos inspiraram a criação da fonte Abençoada, realizada pelo projeto Pintores de Letras. Essa iniciativa resgata a cultura gráfica de Santa Catarina por meio da valorização dos letreiros, muros, faixas e cartazes criados por pintores que vivem no anonimato. Esses artistas não contam com conhecimento formal e produzem com base em

seus próprios repertórios culturais e em princípios estéticos do ofício de pintor de letras.

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O “Homem Letra” e a Garamond Uma investigação sobre as formas ideais das letras foi apresentada pelo humanista francês Geoffroy Tory, durante o Renascimento. Em seu livro Champfleury, de 1529, ele vinculou a anatomia humana às proporções das letras. Claude Garamond, um discípulo de Tory, produziu e comercializou tipos elegantes, caracterizados pela excelência técnica e pelo requinte estético. Os livros editados nesse período — considerado os anos dourados da tipografia francesa — possuíam páginas claras e luminosas, com decorações delicadas e sofisticadas. Existem inúmeras releituras dos tipos de Garamond disponíveis em formato digital.

Gutenberg e Jenson O primeiro livro foi impresso na cidade de Mainz, Alemanha, a partir de 1450: a Bíblia de Gutenberg, também conhecida como Bíblia de 42 Linhas. O tipógrafo alemão Johannes Gutenberg inventou uma prensa de tipos móveis — daí tipografia — com caracteres que procuravam reproduzir a escrita gótica, utilizada nos manuscritos da época. No final do século XV, as formas góticas foram dando lugar a letras mais abertas, baseadas na escrita romana. O francês Nicolas Jenson, que atuou em Veneza, foi um dos pioneiros no aprimoramento dos tipos móveis; junto com a clareza dos traços itálicos, seus tipos procuravam arejar os espaços internos e o entorno das letras. A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V W X Y Z a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v x w y z 1 2 3 4 5 6 7 8 9 0 ! ? ( ) [ ] { } & @ # % ; :

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Clarendon Com o surgimento da propaganda, no final do século XIX, as letras utilizadas nos cartazes deviam obrigatoriamente chamar a atenção. Nesse contexto, foram criadas fontes conhecidas por terem serifas grossas e pouco ou nenhum contraste entre os traços. O tipo Clarendon, criado por Robert Besley em 1845, transformou-se em um enorme sucesso comercial. Essa fonte foi desenvolvida não só para o uso em títulos, mas também para textos corridos, com pesos visuais mais leves e diversas variantes, desde as mais condensadas às mais expandidas. Daí, ter sido muito utilizada pelos tipográfos durante toda a primeira metade do século XX.

Didot O francês Firmin Didot pertenceu a uma dinastia de tipógrafos-editores do século XVIII que se dedicou ao aprimoramento da tipografia para a produção de livros. O tipo que recebe o seu nome reflete o espírito do Iluminismo na tipografia, com princípios racionalistas opostos ao enfoque humanista dos séculos anteriores. Suas letras apresentam um contraste extremo entre traços grossos e finos e foram consideradas radicais. Aos olhos dos leitores da época, acostumados com blocos de texto escuros, elas pareciam excessivamente contrastadas e claras. Atualmente, essa fonte é símbolo de refinamento e elegância e está associada ao mundo da moda.

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Clearview Esta fonte sem serifa pode ser vista na sinalização urbana de São Paulo desde 2007, nas placas com os nomes das ruas paulistanas. A Clearview (visão clara, em inglês) foi consagrada por ser legível nas mais variadas condições de visibilidade. Desenvolvida na década de 1940, no Estados Unidos, como parte de um sistema de sinalização viária, possui letras com espaços internos generosos e hastes curtas. A nova versão da fonte, em formato digital, foi aperfeiçoada por uma equipe de especialistas, com revisões no espaçamento das letras e compensações óticas para aplicações em positivo e em negativo.

Futura O pensamento moderno do início do século XX possibilitou uma nova forma de conceber a tipografia. A estética daquele período recorria às formas geométricas simples — círculo, triângulo e quadrado — para a construção de letras sem serifa, neutras e bem equilibradas, segundo os ideais construtivistas da escola alemã Bauhaus. A tipografia Futura, desenhada por Paul Renner e lançada em 1927, seguia esses princípios, transformando-se em ícone do modernismo. E continuando a ser um ícone para os mestres do design gráfico.

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OCR significa “reconhecimento ótico de caracteres", uma tecnologia que converte informações impressas em dados eletrônicos, digitalizando e identificando números e letras individualmente. Esta fonte foi projetada pelo American Type Founders, em 1968, para ser perfeitamente legível por computadores. A tecnologia de reconhecimento de caracteres evoluiu, mas a OCR-A continua a ser útil, principalmente na automação bancária. As formas peculiares de seus caracteres levou o uso da OCR-A para a propaganda e para o design gráfico, associada ao universo da computação e da automação.

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OCR-A

Helvetica As fontes sem serifa, em geral, são amplamente utilizadas na comunicação visual em espaços públicos. Embora não tenha sido projetada para esse fim, a Helvetica, criada por Max Miedinger e Eduard Hoffmann, em 1957, possui desenho neutro, sem elementos singulares e com boa legibilidade. Atualmente, a Helvetica é uma das fontes mais celebradas e utilizadas no mundo, podendo ser vista em logotipos famosos, cartazes históricos e na sinalização pública pelo mundo todo. O metrô de São Paulo e o de Nova York são alguns exemplos.

OCR-A

EUA

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Em Torno do Farol O vídeo mostra, numa linguagem de videoclipe, os bueiros, letreiros, ralos, fachadas, postes e homens-cartaz que marcam a visão e a percepção da cidade a partir de suas letras. A proposta era esta mesmo: quem veio até esta exposição, agora pode retornar às ruas e olhar para a riqueza visual de alfabetos que a cidade proporciona. Este exercício começa em torno do prédio do Farol Santander. E, depois, no caminho da casa ao trabalho, à escola, ao clube cada qual pode começar a perceber como São Paulo tem uma riqueza própria, uma linguagem original com suas letras e palavras. 55


207 Fotos em Backlight: a São Paulo de Ontem e de Hoje O que você verá nas 207 imagens, a seguir, é uma São Paulo de dois séculos: o 20 e o 21 em que as letras nunca deixaram de ter uma presença intensa, revigorada nas curvas propostas pela cenografia de Daniela Thomas e Felipe Tassara. No passado, as imagens foram trazidas pelas lentes de grandes mestres da fotografia como Peter Scheier, Hildegard Rosenthal e Alice Brill (veja como os prédios em construção são carregados de letreiros, como os da famosa loja Mappin). No presente, três mestres da percepção percorrem esta São Paulo tipográfica de ontem e de hoje: José Roberto D’Elboux, com seu site @tipos paulistanos documenta, dia após dia, de forma arquitetada e amorosa, o acervo magnífico de letras em calçadas e em prédios da capital paulista; Maurício Nahas capta o tecido que a cidade entretece dia e noite na superposição de camadas de cartazes, letreiros ou bueiros do Centro e periferia; Renato De Cara, que até recentemente era Diretor dos Museus Paulistanos, mostra uma leitura muito particular e singular do que a cidade deixa entrever em seus riscos e rabiscos. Vale a pena você também exercer o seu olhar sobre esta cidade, no caminho de sua casa ao trabalho ou no caminho de volta do Farol Santander à sua casa.Veja como a cidade oferece, à gula dos seus olhos, um mundo novo de alfabetos para descobrir!

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Renato De Cara | 57


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Fotos de Época O advento da fotografia jornalística, na década de 1940, iria mostrar o que era o Brasil aos brasileiros: índios, cidades, ruas, roupas e... cartazes. O Brasil de então só se conhecia pelos livros e pelas ondas do rádio, que começara a emitir suas frequências uma década antes. A época era riquíssima em linguagens de ruas (não tínhamos ainda a televisão e as mídias eletrônicas). As ruas — ou a “alma encantadora delas”, como dizia o cronista João do Rio — eram onde a cidade se apresentava em suas gulas, desejos, esperanças aos que nela transitavam, principalmente a pé. Uma legião de fotógrafos estrangeiros iria acorrer ao Brasil afora, a exemplo dos pintores viajantes do século 19, para nos mostrar a nós mesmos como povo e como nação. É a eloquência que você vê aqui, neste profundo retrato de São Paulo pelas lentes de Peter Scheier e Alice Brill, alemães; de Henri Ballot e Marcel Gautherot, franceses; e da brasileira Hildegard Rosenthal, entre outros.

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Fotógrafo desconhecido. Officinas de Pinturas em Geral, letras e decorações modernas, déc. 1920, Rio de Janeiro. Arquivo Família Danciger

2 Fotógrafo desconhecido. Officinas de Pinturas em Geral, letras e decorações modernas, déc. 1930, Rio de Janeiro. Arquivo Família Danciger

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A criação do Departamento Fotográfico da revista semanal O Cruzeiro, exatamente em 1940, dirigida pelo francês Jean Manzon, iria mostrar pela imagem os tipos brasileiros: o jangadeiro do Nordeste, o indígena da Amazônia, o cidadão comum das grandes cidades — como a daquela São Paulo que “não pode parar”. É este retrato apaixonante que os alemães Peter Scheier e Alice Brill, os franceses Henri Ballot e Marcel Gautherot e a brasileira Hildegard Rosenthal iriam captar. As imagens para esta exposição mostram um apuro técnico irrepreensível — muitas delas no formato de negativos em 6 x 6 cm —, ao lado de uma percepção sensível do cotidiano urbano. Como escreveu, certa feita, o crítico de arte Clarival do Prado Valladares: “Uma coisa é saber da história pelos historiadores; a outra é vê-la pelos olhos que a viram”. Agora é a sua oportunidade de conhecer ou rever estas imagens e... lavar seus olhos com essa São Paulo em que as letras se agigantavam diante do caminhar daquela geração.


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Vincenzo Pastore. Homens conversando em banco de praça, São Paulo, 1910 c. Acervo Instituto Moreira Salles

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Fotógrafo desconhecido. Travessa do Comércio, 1911. Acervo Fotográfico do Museu da Cidade de São Paulo



5 Alice Brill. Banca de jornal no centro da cidade, 1953 c. Acervo Instituto Moreira Salles 6 Alice Brill. Cartazes, dĂŠc. 1950. Acervo Instituto Moreira Salles

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7 Alice Brill. Edifício Conde Prates em obras, 1954 c. Acervo Instituto Moreira Salles 8 Henri Ballot. Vista da praça Antônio Prado, 1952. Acervo Instituto Moreira Salles

Fotos de Época | 71


9 Domingos de Miranda Ribeiro. Vista da praça Antônio Prado, 1965 c. Acervo Instituto Moreira Salles 10 Irmo Celso. Rua Coronel Xavier de Toledo e Praça Ramos de Azevedo, 1981. Abril Comunicações S.A.

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Renato De Cara Nasceu em Lins, SP, em 1963, mas vive e trabalha na capital. Formou-se em Jornalismo pela PUC-SP em 1985. Interessado em arte, cultura e moda, especializou-se em estética contemporânea, produzindo, escrevendo, editando e fotografando para os jornais Folha de S.Paulo e O Estado de São Paulo; as revistas Vogue, World Fashion, Select e Bravo. Foi coordenador do estúdio fotográfico da agência DPZ em 1993; do estúdio de criação Giovanni Bianco, em 2001, e do marketing da marca Cavalera, em 2008. De 2006 a 2017 dirigiu a Galeria Mezanino, quando foi curador de mais de 100 exposições que propunham novas linguagens na arte contemporânea. Em 2018, foi diretor do Departamento de Museus Municipais de São Paulo. Realizou ainda três exposições individuais de suas fotografias, respectivamente, em 1999, na Casa Fuji de Fotografia; em 2003, no Ponto Chic, Pinacoteca do Estado; e ainda, em 2011, na Galeria Mezanino.

“Arqueografia da Paisagem (1997 − 2007) é um ensaio fotográfico analógico sobre o uso e o desgaste dos suportes das mídias e da comunicação em espaços urbanos. Olhando para grandes outdoors, backlights, faixas e placas encontradas por acaso, considerei suas estruturas como sendo velhos monumentos de uma época e, daí, comecei a ressignificar suas mensagens reagrupando-as, para encontrar nelas novas leituras possíveis. Aqui, no caso, um pequeno recorte com quinze imagens se deu principalmente focado nas fachadas, entre tapumes e placas simples com lettering popular, que expressam os anseios de uma gente vibrando um português comum.” Renato De Cara

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Maurício Nahas Maurício Nahas começou a trabalhar, em 1986, como assistente de fotógrafo no Estúdio Abril. Em 1995 abriu seu próprio estúdio, que tem projetos com as mais importantes agências de publicidade do país. Maurício, além de editoriais de moda e retrato, fez também projetos pessoais e foi diretor de cena no cinema, tendo conquistado 1 Leão de Ouro, 3 Leões de Prata e 3 de bronze no Festival de Cannes. Em 2005, 2007 e 2011, respectivamente, teve três exposições realizadas na Pinacoteca do Estado com a publicação simultânea de livros: o primeiro foi Era uma vez em Havana, com imagens de Cuba; depois Cosmos, com imagens da Rússia; finalmente, Trilogia Vermelha, com imagens da China. Em 2015, houve uma exposição no Museu AfroBrasil para o lançamento do seu longa documentário Do Pó da Terra, sobre o Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais. Nahas é um fotógrafo dotado de extrema capacidade para perceber a realidade sensível, o sonho e o desejo por trás da realidade, a sutileza que o cotidiano mais dramático possa deixar transparecer. Nahas saiu pelas ruas de São Paulo, especialmente para esta exposição, tendo como objetivo capturar — sem meias palavras... — como as ruas e as vitrines transbordam em elementos de tipografia. Ele não saiu para captura poéticas, mas para trazer a dura e voraz realidade que consome os corpos, as paredes e o tempo. Exatamente por isto, por sair com o espírito liberto de qualquer limite, o que Nahas exibe nas suas dezenas de imagens é “o avesso do avesso” que propunha Caetano Veloso: São Paulo em seu esplendor de cidade, de realidade e força de expressão urbana.

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1 Santa Ifigênia, Centro 2 Zona Leste 3 Região Central de São Paulo 4 Zona Norte 5 Região Central de São Paulo, Sé 6 Região Central de São Paulo 7 Liberdade, Centro (p. 82-83) 8 Sete de Abril, Centro 9 Região Central de São Paulo 10 Rua São Caetano, Centro

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11 Região Central de São Paulo, Sé 12 Região Central de São Paulo


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José Roberto D’Elboux Diretor de Arte e Arquiteto @TiposPaulistanos

“Mesmo para olhos treinados, ou porque não dizer até, viciados na busca por inscrições pela paisagem paulistana, surpresas acontecem. Letras, são o que não faltam. Podem indicar direções, orientações, transgressões, nomes de prédios ou trazer ofertas que vão só até sábado, como dizia a antiga propaganda. Um grupo específico de letras tem meu interesse: aquelas que fazem parte das edificações. Isso tem a ver com minha formação de arquiteto e pela vida profissional, passada em meio à direção de arte publicitária e o design gráfico, disciplinas onde a tipografia ocupa lugar eminente. Nas edificações, o desenho das letras geralmente é feito de maneira exclusiva e, sua materialidade, as tornam ainda mais especiais, gravadas em rochas, moldadas em concreto ou fundidas em metal. Me encantam particularmente, os letreiros art déco, estilo prolífico na São Paulo dos anos 1930 e 1940 que, sem receio de ornamentalismos, articulou tipografia e arquitetura, entrando na disputa pela atenção do público com os luminosos de néon e os anúncios que ocupavam o topo dos arranha-céus do skyline paulistano. Nos registros fotográficos que faço para o Tipos Paulistanos, procuro ressaltar as particularidades dos desenhos tipográficos: sua aplicação em meio à obra arquitetônica, a consistência material e texturas. A divulgação pelas redes sociais da paisagem de São Paulo vista através deste filtro, tem sido gratificante, despertando além de um olhar inusitado, a consciência de que a preservação dessas letras deveria ser tão importante quanto a arquitetura que lhes proporciona suporte. Uma parte destes registros está reunida aqui. Eu, continuo lendo a cidade, letra por letra.”

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1 Higienópolis 2 Sé 3 4 5 6

Pacaembu Vila Romana Paiçandu Largo do Arouche

7 Praça da República 8 Barra Funda 9 Higienópolis

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10 Bixiga 11 Bixiga


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À entrada da Sala de Interatividades, um cartaz anuncia: “Entre e se transforme. Deixe as letras invadirem seu corpo. Depois, mergulhe nos games de caminhos e descobertas”. As criações da Aya Studio, de Antonio Curti e Felipe Sztutman, revelam o corpo em milhares de possibilidades de expressão. E ganharam a capas e as “orelhas” deste livro-catálogo... merecidamente.

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Ministry of Citizenship and Santander present Scratches and Scribbles: reading the city Farol Santander, São Paulo July 12 to November 3, 2019

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A city talks to us. Communication is the great instrument for transformation in the world and organizations. This world in transformation is made up of people who communicate with one another all the time. Words construct thoughts. They structure the economy. They amplify social possibilities. Numbers and letters constitute the world that we cope with spontaneously on a daily basis. We all are able to communicate because there is a code of speech and writing: the alphabet. Extending to the public at large a broader understanding of this history and its contemporary nature led us, a bank that believes in the transformative power of communication, to support, along with the Ministry of Citizenship, the exhibition Riscos e Rabiscos: lendo a cidade [“Scratches and Scribbles: reading the city”], curated by Leonel Kaz. It's the history of communication through the intermediary of letters and writing, which has constantly invented, painted and woven since the cavemen — passed on to the Egyptians and Mesopotamians, to the Hebrews and Phoenicians, the Greeks and the Romans. All of them seeking to create, in the West, their own writing, alphabets and words, bringing us to the present day and a living, pulsating city like São Paulo, capable of producing an original typographic language, a visual language from the streets transposed to the cultural atmosphere here at Farol Santander. Enjoy your visit! Patricia Audi VICE PRESIDENT OF COMMUNICATIONS, MARKETING, INSTITUTIONAL RELATIONS AND SUSTAINABILITY

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Ever think about that? It talks and communicates in several languages. One of them is the language of letters. The letters that are in the streets, on the manhole covers on the sidewalks, on the signs, on what you're reading now. We all seek to communicate through these fascinating codes written by history: alphabets and numbers. The entire world articulates itself and exists, coexists and produces, loves and creates with words. There are two big histories that come together here. The classical, which shows everything since the first humans began drawing scratches and scribbles on cave walls. They created writing, hieroglyphs and alphabets. The other one, which makes history on a daily basis, is the contemporary. Which shows how São Paulo has been capable of creating its own typographic language with graffiti, wheat pastes, stamps, calligraphy and pichação in neon. And it also shows, in interactivity and photos from the past and today, how the letters — a feminine noun in Portuguese —, with their contours and angles, are, definitively, things of beauty. The urban typography of São Paulo is singular. It talks to us. Now talk back to it. You can start here, now... Leonel Kaz CURATOR


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should be viewed with other eyes, taking into account the fact that the informal pieces of graphic visual communication also comprise the features of the metropolis of São Paulo.”

These beautiful letters crossed the Atlantic Ocean, brought over from Portugal specifically for this exhibition. They were manufactured out of metal in Switzerland in the 1950s and utilized in store signs.

Cláudio Rocha

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Reading the City with other eyes

The History of the Letter and Writing

“The typography found in the streets of São Paulo holds hidden beauty all over the city, on the building facades, on the corners, in the lights and even on the manhole covers. In transit, we read and see letters made by professionals and amateurs in media both noble and ordinary, durable and ephemeral. They compose messages on pieces of graphic and electronic communication with varied missions, aimed at distinct publics, with their urgencies and purposes. Inserted in the urban environment, they coexist with the writings of pichadores and translate the spirit of the city: multifaceted, multiracial and culturally vibrant. We should observe that the letters “hidden” behind the messages have personality and, in the urban space, they are not just silent vehicles of content. They wear the text according to the customer's taste, lending style, voice and flavor. They can take us back to the past or give shape to our experience of contemporaneity. In his book Ecritures, miroir des hommes et des sociétés, Ladislas Mandel makes a fundamental distinction, recalling that there are letters for reading, applied in long-running texts, and letters to be viewed, having the function of attracting the eye in brief texts. When we read a printed text, placed on carefully adjusted pages with legible words and harmonious letters, or when we see a poster with a message comprised of potent, attractive letters, we simply assimilate the ideas contained in them. We don't usually pay attention to their forms, nor do we take into account the complexity involved in the production of a typographic font. In a font project, type design professionals confront the technical aspects of graphic computation and aesthetic principles inherent in a visual heritage accumulated over more than 2000 years. On the other hand, when we see a plain sign, in the city center or the outlying neighborhoods, made by someone who feels the concrete need to communicate something with little resources, this phenomenon

The video is also called “O mundo é uma barafunda de letras” [“The world is a hodgepodge of letters”]... And it really is! This fun video, created specially for the exhibition, shows how hieroglyphs and writings took the form of letters, spanning the caveman era to the present day. It's 8 minutes of images that were photographed or reinvented, showing the relationship that exists in every period of history between art, architecture and the design of letters. A visual work by Flavio Reis, with soundtrack by Matheus Leston, consultation from Carlos Horcades, written and directed by Leonel Kaz. [Page 11]

History of Typography: Ben's video Ben Barret-Forrest is a Canadian graphic designer and musical composer. He has a passion for the history of typography and is able to create content utilizing the fonts of letters in their utmost expression of beauty. In this entertaining video, Ben tells the story behind the creation of types of letters (or fonts) and how you can get to know them better and differentiate between them. Enjoy! From 2014 to 2017, Ben was art director of the newspaper of The Globe and Mail in the city of Toronto, Canada. After, he spent a year traveling across the United States and Mexico in a Volkswagen Camper (we don't have this car model here in Brazil), drawing all throughout his trip. Ben also created educational card games. His website is benbf.ca.

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The Graffiti of Daniel Melim Born and raised in São Bernardo do Campo, Daniel Melim, since 2000, has been developing urban interventions using stencils (a technique that allows you to apply paint, spray or otherwise, through cut-outs or perforations in acetate or paper in any design at all, to another medium: a wall, a canvas, a block of wood). According to the artist, born in the working class neighborhood of Ferrazópolis: “I took in a lot in terms of visual reference, propaganda, posters, pamphlets and newspapers, and this helped me in my repertoire and contributed to my development of a critical sense of what was going on the neighborhood, the city, the country... The first comics I ever saw were in a pamphlet about a strike.” São Bernardo also has a skateboarding park at Paço Municipal and Melim used to go there: “At first, I would make stencils on poster board and go out at night with spray cans to hang around with friends.” The language of the streets, of street art, of graffiti, to this day, characterizes his work, which he continues to realize in rundown areas which offer countless compositional elements, such as neighborhoods distant from ABC Paulista, reaching a public that normally has little access to art. In addition to his work on the streets, Melim has been presenting his paintings at Galeria Choque Cultural, the Museu AfroBrasil, the Latin America Memorial, the Valencia Biennial in Spain, MASP and others. The graffiti seen here was originally conceived for this exhibition. [Page 16]

The Neon of Órion

of São Paulo, Centrum Beeldende Kunst in Rotterdam, Itaú Cultural, Deutsche Bank and MAD Museum, both in New York. Órion's neon “tags” have previously been exhibited in other shows, but his artistic originality is more than enough reason to include him here, as a counterpoint to the “pixotosco” of Tony de Marco. [Page 16]

Tony de Marco's Pixotosco Tony de Marco, or “Pixotosco,” has been painting in the streets of São Paulo since 2005. He crisscrosses the city on bike, taking his letters and drawings as far as he can, to the best place possible, in the largest size possible. In the search for simplicity and economy, roller and extensor have replaced spray cans and ladders. His work is splayed on walls, columns, bridges, tunnels, overpasses, sidewalks and any other urban apparatus available in the city. He worked as an illustrator for the newspaper Folha de S. Paulo from 1987 to 1992. Creator of Macmania and currently co-editor of Tupigrafia, a magazine about typography and calligraphy, he was awarded at the Linotype International Type Design Contest for the font “Samba” in 2003. His essay “São Paulo No Logo” was shown in the Design Museum in London, the Nederlands Fotomuseum in Rotterdam and Expo 2010 in Shanghai. Traditional illustration, created with pens and collages, for a large newspaper, led him to digital illustration early on, back in 1989. The computer permitted his induction to type design, having designed dozens of alphabets for the magazines he edited. His passion for letters drove him to draw in the streets of São Paulo, where his paintings dispute the eyes of onlookers with the rest of the visual cacophony in the metropolis. [Page 20]

Born in 1978, Alexandre Órion began his artistic activity in 1992, influenced by urban culture and the world of graffiti, when he started interacting with the city in a very singular manner. In the artist's own words, “the city is loaded with meaning.” Órion has held exhibitions at the Banco do Brasil Cultural Center, Itaú Cultural, the Caixa Cultural Center and the Pinacotheca of the State of São Paulo. His work has also appeared in book form, published by Thames and Hudson, Taschen, Éditions de la Martinière, Phaidon and others, and is featured in the collections of the Fondation Cartier in Paris, the Pinacotheca of the State

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Cristina Pagnoncelli's return to chalk A new way of expressing an old style — the same one used on school chalkboards — is currently resurging thanks to a number of artists, including Cristina Pagnoncelli, who administers workshops throughout Brazil and in Argentina demonstrating all the possibilities of chalk use. Having earned a degree in Visual Programming from PUC-PR in 2006, Cristina completed her graduate studies in Barcelona and specialization at the School of Visual Arts in New York.


In 2013, she started using chalk to do her craft, in a collective manner, going on to run her Chalk Workshop in 2015, when she began traveling the country and abroad, giving classes in Argentina, Spain, Italy and Portugal. These travels to teach and learn led Cristina to new possibilities, as she says: “In addition to the studies, the people I met, the museums I visited, I strongly believe that the experience of living in another place was the trigger for awakening new ideas. Observing the culture, urban interventions, the signs, both old and new. Observe, absorb, process, transform.” [Page 24]

The Calligraphy of Gui Menga Gui Menga began studying calligraphy in 2008 with

teachers Andréa Branco, Cláudio Gil, Luca Barcellona and John Stevens. In late 2013, he gave up his career as a designer to dedicate himself exclusively to letters, launching the project Daily Advice, in which he made one sentence per day for 330 days. Today he divides his time between advertising and design, in addition to the calligraphic studies of his own authorship — which led him to organize calligraphy and lettering workshops with international masters in São Paulo. In 2015, he participated in the MALC — Mostra Aberta de Letrismos Contemporâneos [“Open Exhibit of Contemporary Lettering”], alongside 14 other artists at the art gallery Casa Sinlogo. He held his first solo exhibition at the same gallery in 2016. In this diptych, conceived specifically for the exhibition, Gui Mengad demonstrates the expressiveness of his work with a multiplicity of ways of reading and seeing the alphabets. [Page 24]

Victor Tognollo's Hand-mades The inclination for letters made by hand... Estúdio Itálico was born in 2014 from a partnership between designers Victor Tognollo and Camila Actum, developing projects exclusively using Calligraphy, Lettering and Sign Painting in bars, restaurants and commerce in general. Victor holds a degree in Graphic Design from the College of Fine Arts in São Paulo and he studied Visual Arts at Fundarte, São Caetano do Sul. In 2014, he began his studies of calligraphy and lettering after taking a typography course at the University of

the Arts in London. In this panel, created originally for this exhibition, Victor accomplishes the feat of painting on four distinct media: tiling, bricks, glass plates (with letters in gold leaf) and even the walls. [Page 28]

The Wheatpastes of Gilberto Tomé The two panels you see on the walls here that involve the Oficina de Carimbos [“The Stamp Workshop”] were made with silk-screen prints, from original photographs and typographs. Architect and graphic artist Gilberto Tomé, in his São Paulo studio Fonte Design, has been developing graphic projects for books and other cultural publications, like the Mapa das Artes [“Map of the Arts”], since 1996. One of his works, Livrocidade Água Preta — a book composed of street posters — was presented at Itaú Cultural (Cidade Gráfica, 2014), selected by CLAP 10x10 (Contemporary Latin American Photobooks 2000-2016) and is now part of the graphic collection at the Pinacotheca of the State of São Paulo. It's important to note the subtle details in Tomé's work, created in collaboration with Danilo de Paulo: this work which covers two walls was realized specifically for this exhibition, blending images from the São Paulo of old and the contemporary city, prioritizing the details in the design of the letters and the manhole covers and gutters in the streets. [Page 28]

Danilo de Paulo Is a graphic designer who co-directs the studio gráficafábrica, developing a variety of studies and holding workshops. His projects were selected for such design exhibitions as the Ibero American Design Biennial (2016, 2018), the Brazilian Biennial of Graphic Design, the ADG-Adegraf in Brasília (2017) and for the group exhibition, Como se pronuncia design em português — Brasil hoje [“How do you say design in Portuguese — Brazil today”] in Lisbon (2017).

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Welcome to the Stamp Workshop!

In New York City, Broadway is synonymous with the vibrant epicenter where letters and songs fall in love and contort themselves into lavish stage productions of musicals, comedies and tragedies. Broadway was also the name of a cookware store on Rua Camerino in Downtown Rio. They were on the pediment of the two-story house and started breaking off little by little, when they had almost completed a century of existence. Yes... the letters are a solid 100 years old and, made of hardwood, they remain squat and roly-poly according to Art Deco conventions. A citizen of Rio de Janeiro bought them from the owner of the cookware store and now brings them to São Paulo to put them on display. Carlos Moskovics' black-and-white photo from the collection of the Moreira Salles Institute, depicts a store with lettered signs “in the middle of Avenida Presidente Vargas in Rio de Janeiro in the 1950s,” according to Carlos Horcades, consultant for this exhibition. At the side, the typographic creation of Sula Danowski and Nathalia Lepsch pays homage to the photo in which the letters A and E predominate, as does the word LOW...

Pick from the two side walls the first letter of your name or whichever one you want. Highlight a page and start stamping on the front and back of the paper. First, pick the stamp. Next, wet the stamp on the ink pad. Then, supporting it on the table... stamp away! If you'd like, you can take your stamped paper home with you!

Gráficafábrica stamp workshop Gilberto Tomé's atelier-publishing house has been producing publications with themes connected to the city, its memories and landscapes since 2007. In partnership with designer Danilo de Paulo, the work produced by gráficafábrica is characterized by graphic experimentation, exploring the specificities of each language or printing system, whether in the atelier in small print runs, or at small printers with larger runs, combining engraving, typography, silk-screening, digital and offset printing. Gráficafábrica is responsible for the Stamp Workshop. [Page 37]

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“The child is educated, living” The above phrase comes from educator Anísio Teixeira and it was written in 1929. Nothing could be more contemporary. It's in the everyday routine of manual practice that one also learns to deal with touch, memory... to deal with others, collectively. This is the work of the educators who enabled the possibility of an exhibition that unites historical content with the city in which they live, creating more of sisterhood with it. Making it, the city, its footprints, its features, its scratches and scribbles, one more reason to feel part of a collective. This is how the Stamp Workshop functions. Incidentally, everything that functions in this exhibition is thanks to the effort, ingenuity and wisdom employed by Ana Helena Curti and Julia Brandão to make it possible to afford so many visitors a rare moment of plenitude.

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Tupigrafia The editorial project for the magazine Tupigrafia proposes a free flow between text and image, with typography itself as its stimulus and central theme. Contradicting editorial standards, the graphic project has foreseen, since ist inception in the year 2000, the use of a different logotype on the cover of each issue. The same is true of the articles, which utilize types with a style that matches the content of each article in a never-ending search for freedom in visual composition. The letters appear on the magazine's pages with the status of images or illustrations, reinforcing their aesthetic value. The texts, in turn, observe a formal structure that places priority on good reading conditions, while not dispensing with the technical knowledge accumulated over the history of typography. In this sequence with the covers of the first ten issues, we have a sample of the publication's iconoclastic spirit: letters that are stamped, glued,


distorted, out of style... produced manually or with digital tools, with techniques that have existed for centuries and others that are brand new! To sum up, Tupigrafia is an eclectic publication that refuses to fuel preconceived notions regarding any subject related to the world of letters, whether connected to Brazilian popular culture or refined international typography. Cláudio Rocha and Tony de Marco [Page 42]

Alphabets The Alphabet Room proposes three different layers of reading, though all are encountered on a daily basis in a city like São Paulo, estuary of several strands of people, ethnicities and inventions. The non-Latin alphabets were brought here by immigrants who carried in their luggage a tremendous wealth of words in ancestral writings, different from the Latin (which we use). There are examples in Arabic, Chinese, Greek, Hebrew and Cyrillic (used in Russia). The typography of the alphabets created by Brazilian designers shows many new fonts, reinvented based on anonymous popular culture, with letters that convey the personality and values of our land (such as cordel literature) beyond the standardization of letters imposed by electronic media. The classical and contemporary Latin typographical fonts recreate the alphabet that the Western world has used in different time periods, showing, in captions, the application of these letters: the font Helvética in the subway signs, Futura in the lettering of the Estádio Municipal Pacaembu and Clarendon as the typography on the signs used to indicate the names of São Paulo's streets. All the posters were created by Danowski Design. [Page 44]

Xilosa Created by Átila Milanio in 2011, the typography Xilosa proposes a reinterpretation of the writing used in the woodcut engravings of cordel literature, the famous folk literary genre from Northeast Brazil. Some visual characteristics of the engraving print technique — using wood matrixes — were incorporated by the

designer in the font, such as flaws and imprecisions in the carvings in the wood, the irregular geometric design and the well-defined corners. [Page 44]

Entulho The photographic studies realized by designer Ricardo Mayer revealed a rich, varied set of stencil letters embossed on São Paulo's metal dumpsters. These letters and numbers, beat-up and dirty, were replicated and christened Entulho (literally “Dump” in Portuguese) in 2011, with random and exaggerated cuts to intentionally resemble the rudimentary technique employed by dumpster painters. The hard edges of the letters were rounded to simulate a spray paint effect. [Page 45]

Pixo Reto Created in 2007, the font Brazil Pixo Reto is an interpretation of one of the most famous quintessentially São Paulo forms of visual expression: pichação. Young people from the city's outlying neighborhoods write the names of their crews around the streets and at the top of buildings in letters that are tall, thin and stretched-out, much like the buildings they need to scale. Here, typography is transformed into an extreme sport and this font pays homage to these “athletes” of design. [Page 46]

Seu Juca In 2008, designer Priscila Farias turned to the fertile world of Brazilian popular culture, converting the hand-painted letters made by João Juvêncio Filho, or Juca, a letter artist from the state of Pernambuco, into digital typography, resulting in the font Seu Juca. The designer chose one of the many styles used by Juca and developed a typographical family composed of four fonts, all formed of misaligned letters, which reproduce a distorted perspective.

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Abençoada

The “Letter Man” and Garamond

The phrases painted by Irmão Ramos inspired the creation of the font Abençoada, realized for the project Pintores de Letras. This initiative celebrates the graphic culture of Santa Catarina, recognizing the value of its lettered signs, walls, banners and posters created by painters who live in anonymity. These artists have no formal knowledge and they produce from a base of their own cultural repertoires and in the aesthetic principles of a letter painter's craft.

An investigation of the ideal letter forms was presented by French humanist Geoffroy Tory back in the Renaissance. In his 1529 book Champfleury, he linked human anatomy to the letters' proportions. Claude Garamond, a disciple of Tory's, produced and sold elegant types, characterized by technical excellence and aesthetic sophistication. The books published during this period — considered the golden years of French typography — possess clear, luminous pages with delicate and sophisticated decorations. There are countless reinterpretations of Garamond's types available in digital format.

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Brasilêro

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The font Brasilêro, created by Crystian Cruz in 1999 and released in 2003, resulted from an analysis of hundreds of handmade signs found in cities in different regions of Brazil. This font reproduces the informal and unpretentious style of amateur painters and seeks to translate the visual impact of this popular culture into a digital typography. [Page 48]

Gutenberg and Jenson The first book was printed in the city of Mainz, Germany starting in 1450: the Gutenberg Bible, also known as the Bible of 42 Lines. German typographer Johannes Gutenberg invented a press of movable types — hence typography — with characters that sought to replicate Gothic writing, utilized in the manuscripts of the era. At the end of the 15th century, Gothic shapes were giving way to more open letters based on Roman writing. Nicolas Jenson, a Frenchman who worked in Venice, was a pioneer in the refinement of the movable types. Along with the clarity of italic features, his types sought to air out the internal spaces of letters, as well as their surroundings.

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Didot Frenchman Firmin Didot belonged to a dynasty of 18th century editor-typographers who dedicated themselves to the refinement of typography for the production of books. The type named for him reflects the spirit of illuminism in typography, with rationalist principles opposed to the humanist focus of past centuries. His letters present an extreme contrast between thick and thin strokes and were considered radical. To the eyes of the readers of the day, accustomed to dark blocks of text, they looked overly contrasted and clear. Now this font is a symbol of refinement and elegance and is associated with the fashion world. [Page 49]

Clarendon With the emergence of advertising in the late 19th century, the letters utilized on posters had to mandatorily catch people's attention. In this context, fonts were created that were known for their thick serifs and little-to-no contrast between strokes. The Clarendon type, created by Robert Besley in 1845, turned into a huge commercial success. This font was developed not only to be used in titles, but also in continuous texts, with lighter visual weights and numerous variants, from the more condensed to the most expanded. This accounts for its common use among typographers throughout the first half of the 20th century.


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Futura

OCR-A

Modern thinkers in the early 20th century enabled the possibility of a new way of conceiving typography. The aesthetics of that period resorted to simple geometric forms — circle, triangle and square — for the construction of sans-serif, neutral and wellbalanced letters, according to the constructivist ideas of the Bauhaus school in Germany. The typography Futura, designed by Paul Renner and released in 1927, followed these principles, transforming it into an icon of modernism. And it continues to be an icon for the masters of graphic design.

OCR stands for “optical character recognition,” a technology that converts printed information into electronic data, digitalizing and identifying numbers and letters on an individual basis. This font was designed by American Type Founders in 1968 to be perfectly legible for computers. Character recognition technology has evolved, but OCR-A continues to be useful, mainly in bank automation. The peculiar forms of its characters led to the use of OCR-A in advertising and graphic design, associated with the world of computation and automation.

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Clearview This sans-serif font has been seen on the streets of São Paulo since 2007, on the signs that identify street names. Clearview was given the honor for being legible in the most varied conditions of visibility. Developed in the 1940s in the United States as part of a system of road signage, it has letters with generous internal spaces and short staffs. The new version of the font, in digital format, was perfected by a team of specialists, with revisions in the spacing of the letters and optical compensations for application in positive or negative.

In the Farol's Surroundings

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Through the language of music videos, it shows the manhole covers, lettered signs, gutters, building facades, lampposts and human signs that mark the vision and perception of the city based on its letters. The proposal is that you who are attending this exhibition now look at the visual wealth of alphabets that the streets provide. Try this exercise in the area around the Farol Santander. Then later, on your way to work, to school, to the club you'll begin to see how this city has its own riches, an original language with its letters and words.

Helvetica

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In general, sans-serif fonts are widely utilized in visual communication in public spaces. Though not designed for this purpose, Helvetica, created by Max Miedinger and Eduard Hoffmann in 1957, possesses a neutral design without singular elements and with good legibility. Helvetica is currently one of the most celebrated and utilized fonts in the world, seen in famous logotypes, historical posters and public signage all around the globe. The subways in São Paulo and New York City are just two examples.

207 Backlit Photos: São Paulo of Yesterday and Today What you're about to see in the the following 207 images is a São Paulo of two centuries: the 20th and 21st when letters never failed to have an intense presence, reinvigorated in the curves proposed by the scenography of Daniela Thomas and Felipe Tassara. In the past, images were captured by the lenses of great masters of photography like Peter Scheier, Hildegard Rosenthal and Alice Brill (see how the buildings under construction are loaded with lettered signs, like the famous department store Mappin). In the present, three masters of perception scour this typographic São Paulo of yesterday and today.

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José Roberto D’Elboux, with his website @tipos paulistanos documents on a daily basis, in an affectionate and architectural manner, the magnificent collections of letters seen on the city's sidewalks and buildings. Maurício Nahas captures the fabric that the city interweaves day and night through the overlapping layers of posters, lettered signs and manhole covers in the city center and the outlying neighborhoods. Renato De Cara, who until recently served as Director of the Department of Museums of São Paulo, demonstrates a very particular and singular reading of what the city allows us to glimpse in its scratches and scribbles. And you also should not hesitate to cast your gaze upon this city, on your way to work, or perhaps on your way home from Farol Santander. See for yourself how the city offers your overstuffed eyes a new world of alphabets to be discovered! [Page 62]

Vintage Photos The advent of photojournalism in the 1940s came to show what Brazil was to the Brazilian people: Indians, cities, streets, clothes and... signs. Until then, Brazil had only been known through books and radio waves, which had begun transmitting their frequencies a decade earlier. The era was rich in street languages (we didn't yet have TV or electronic media). The streets — or the “the enchanting soul of them,” as the chronicler João do Rio used to say — were where the city introduced itself in its appetites, desires, hopes for those who transit through it, especially on foot. A legion of foreign photographers would flock to Brazil, scouring the country, much like the traveling painters of the 19th century, to show us to ourselves as a people and as a nation. This is the eloquence that you see here, in this profound portrait of São Paulo through the lenses of Peter Scheier and Alice Brill, who came from Germany, Henri Ballot and Marcel Gautherot, from France, and Brazilian-born Hildegard Rosenthal, among others. The creation of the Photography Department of the weekly magazine O Cruzeiro, in 1940, to be precise, directed by the French-born Jean Manzon, would show types of Brazilians in image form: the raftsmen of the Northeast, the indigenous people of the Amazon, the ordinary citizens of the big cities — like that São Paulo that “can't stop.” And this passionate portrait that

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would be captured by the Germans Peter Scheier and Alice Brill, French nationals Henri Ballot and Marcel Gautherot the Brazilian-born Hildegard Rosenthal. The images in this exhibition show irrepressible technical skill — many in the format of 6 x 6 cm format —, alongside a sensitive perception of the everyday urban routine. As art critic Clarival do Prado Valladares once wrote, “It is one thing to know history through the historians. It is quite another to see it through the eyes of those who saw it.” Now it's your chance to see these images for the first time, or see them again, and...to wash your eyes with this São Paulo in which letters grew gargantuan before the eyes of that generation's pedestrians. [Page 72]

Renato de Cara Born in Lins, São Paulo in 1963, Renato de Cara lives and works in the capital city. He earned a degree in journalism from PUC-SP in 1985. Interested in art, culture and fashion, he specialized in contemporary aesthetics, producing, writing, editing and photographing for the newspapers Folha de S. Paulo and O Estado de São Paulo as well as the magazines Vogue, World Fashion, Select and Bravo. He was coordinator of the photography studio for the agency DPZ in 1993, the creative studio for Giovanni Bianco in 2001 and marketing for the brand Cavalera in 2008. From 2006 to 2017, he directed Galeria Mezanino, curating over 100 exhibitions that proposed new languages in contemporary art. In 2018, he was director of the Department of Museums of São Paulo. He also realized three solo exhibitions of his photography, held, respectively, at Casa Fuji de Fotografia in 1999, at Ponto Chic, Pinacotheca of the State of São Paulo in 2003 and at Galeria Mezanino in 2011. “The Archaeography of the Landscape (1997 − 2007) is an analogue photo essay about the use and wearing out of media and communication in urban spaces. Looking at giant billboards, backlights, banners and signs found by chance, I considered their structures as being old monuments from an era and, at that point, I started to reassign meaning to their messages, regrouping them to find new possible readings. Here, in this case, a small slice of 15 images that is mainly focused on building facades, between hoardings and simple signs with popular lettering that express the anxieties of a people vibrating in ordinary Portuguese.”


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Maurício Nahas In 1986, Maurício Nahas started working as a photographer's assistant at Estúdio Abril. In 1995, he opened his own studio, working on projects for the main advertising agencies in the country. In addition to fashion editorials and portraits, Nahas also has his own personal projects and worked as a film director, having won a Golden Lion, three Silver Lions and three Bronze Lions at the Cannes Lions International Festival of Creativity. In 2005, 2007 and 2011, respectively, he had three exhibitions held at the Pinacotheca of the State of São Paulo with simultaneously-published books: the first was Era uma vez em Havana [“Once Upon a Time in Havana”], with images of Cuba; after Cosmos, with images of Rússia, and, finally, Trilogia Vermelha [“the Red Trilogy”], with images of China. In 2015, there was an exhibition held at the Museu AfroBrasil to celebrate the release of his feature documentary Do Pó da Terra [“From the Dust of the Earth”] about the Jequitinhonha Valley in Minas Gerais. Nahas is a photographer blessed with extreme capability in perceiving sensory reality, the dream and desire behind reality, the subtlety that the most dramatic daily routine can allow to transpire. Nahas hit the streets of São Paulo, especially for this exhibition, with the objective of capturing — without mincing words... —the way the streets and display windows are overflowing with elements of typography. He didn't go to capture poetics, but rather to bring the harsh and voracious reality that consumes bodies, walls and time. Precisely for this reason, for going out with his spirit freed from all limit, what Nahas displays in his dozens of images is the “reversal of the reversed” as proposed by Caetano Veloso: São Paulo in the splendor of the city, of reality and power of urban expression. [Page 86]

José Roberto D’Elboux

instructions, transgressions, the names of buildings or even announce offers that will only last only until Saturday, as the old ad used to say. A specific group of letters hold my interest: the ones that are part of the buildings. This has to do with my education as an architect and my professional life, spent as art director in advertising and graphic design, disciplines in which typography plays a crucial role.” The letters are generally designed exclusively for buildings and this, along with their materiality, makes them even more special, engraved in stone, molded in concrete or cast in metal. I am particularly enchanted by the Art Deco letters, a style prolific in São Paulo in the 1930s and 1940s which, with no misgivings about ornamentalism, conveyed typography and architecture, entering into the dispute for the public's attention with the luminous neon lights and ads occupying the tops of skyscrapers in the São Paulo skyline. In the photographic registers that I make for Tipos Paulistanos, I strive to emphasize all these particularities found in the typographical designs, their application to the architectural work, their material consistency and textures. The promotion via social networks of the São Paulo landscape viewed through this filter has been gratifying and achieved positive repercussions, provoking, in addition to an unusual viewpoint, an awareness that the preservation of these letters should be as important as the architecture that supports them. Part of these registers are featured here. I continue to read the city, letter by letter.” [Page 94]

A sign by the entrance to the Interactivity Room announces: “Come in and be transformed. Let the letters invade your body. Then immerse yourself in the games of paths and discoveries.” The creations of Antonio Curti and Felipe Sztutman's Aya Studio reveal the body in thousands of possible expressions. And they've taken over the covers and flaps of this catalog-book...

Art Director and Architect @TiposPaulistanos “Even to the trained eye or (why not just say it?) those addicted to searching for inscriptions in the Sao Paulo landscape, surprises do happen. Letters are one thing that never lack. They can indicate directions,

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SANTANDER BRASIL Presidente CEO Sérgio Rial Vice-presidente executiva de Comunicação, Marketing, Relações Institucionais e Sustentabilidade Executive vice president of Communications, Marketing, Institutional Relations and Sustainability Patricia Audi Superintendente executiva de Eventos, Patrocínios e Cultura Executive superintendent of Events, Sponsorships and Culture Bibiana Berg FAROL SANTANDER SÃO PAULO Coordenadora Geral Farol Santander General Coordinator Farol Santander Karyna Nardelli Curador da Coleção Santander Brasil e Memória Bancária Curator of the Santander Brazil Collection and Banking Memorial Carlos Trevi Analista de comercialização de espaços e eventos Analyst of space leasing and events Jonas Vilar Estagiária Intern Tamiris de Melo Nunes Analista de facilities Gestão predial Facilities and Building Management Analyst Simone Alves de Paula Fernandes Gestão predial Building management Felipe Neiman Vanessa Nogueira Affonso Oliveira Cushman & Wakefield Ltda. Bilheteiros, recepcionistas e monitores de operação Ticket agents, receptionists and operations monitors Amanda Pereira Amanda Souza Santos Anderson da Silva Teixeira Audrey Elizabeth Lehenert Gozzolli

Brenda de Freitas da Silva Bruno Lima Lapastina Cintia Fernanda Oliveira de Souza Dionice Gomes da Silva Douglas Ferreira dos Santos Eduardo Lima de Souza Erika Cristina Ebenau Fabiana Rodrigues Matos Flora Maria Faggello Silva Francisca Megumi Berroeta Noma Gisele Turolla Manfio Isabela Matos Ferreira Isabelly Nunes Figueiredo Jaciane Maria da Silva Janaina Santana de Jesus Silva Johnny de Alessio Josenaldo Santos da Costa Mariana Cardoso da Silva Marilia Silva Schitini Souza Marlene Maria dos Santos Matheus Pereira Matos Nayara da Silva Santos Patrícia E Silva Câmara Regina Maria Santos Lima Sarah Cristina da Silva Barbosa Stefany Borges da Silva Tarcísyo Andre de Lima Silva Tatiana Riachão do Nascimento Tatiane Matias de Oliveira Thalita Ferreira da Silva Thallyta Domenica Miosi Thalyta Bruna Magalhães Silva Vilane da Silva Bispo Welton Fernandes Sousa Ingresso Rápido Ltda. Manutenção predial Building maintenance Ademilson Bispo dos Santos André Martins Gonsales Avelino Alves de Mendonça Bruna Cristina de Souza dos Santos Bruno Marostica Daniel Nilson da Silva Diego Martins Ednaldo Santos Nascimento Eriberto dos Santos Andrade Eurico Nunes da Silva Felipe Silva Suzart Ivanildo Vicente Costa James Caetano dos Santos Jose Marcos Sabino Jose Mauricio Pascoal da Silva Júlio Pereira de Melo Leonardo Nobrega Barbosa Leticia Tisiane Alves Lima Marcelo Manoel da Silva Marcos Antônio do Nascimento Marcos Aurélio Dias Paulo Benedito Borges Roberto Carlos da Silva Vitor Alexandre Gomes Henrique Wellington dos Santos Manserv Facilities Ltda. Técnicos de áudio e vídeo Andressa Diogo da Silva Simões 109


Guilherme Ferreira e Silva KVM Comercial e Informática Ltda. Manutenção de elevadores Manutenção de elevadores José Valmir da Silva Nascimento Ricardo Gonçalves dos Santos Wellington Francisco Barros Elevadores Atlas Schindler S.A. Ascensoristas Elevator operators Aline Silva de Andrade Dalmacia Oliveira Rodrigues Eliane Aparecida Rodrigues dos Santos Rafael Francisco dos Santos Rubenildo de Santana Ferreira Vanessa Faria Dimas dos Santos Haganá Serviços Especiais Ltda. Equipe de limpeza Cleaning crew Denize Ribeiro Reis Eliana Aparecida de Sousa Fernanda Oliveira Vitoriano Gabriel dos Santos Alves João Olímpio Machado Filho José Francisco da Silva Coelho Lucas de Lima Santana Luiz Carlos Ferreira de Souza Maria Aparecida Santos Paixão Maria Aparecida Silveira Brito Maria Eluisia Fernandes Nancy Mara Augusto de Souza Reinaldo Ferreira de Oliveira Sandra Aparecida de Carvalho Silvia Maria de Albuquerque Thais Justino de Macedo ISS Servisystem do Brasil Ltda. Equipe de segurança e bombeiros Security and fire safety staff Adriano da Cruz Adriano Natale Adriano Pereira da Silva Alisson Gabriel Tavares Antonio Kleber dos Santos Antônio Raimundo C. de Jesus Arnaldo Machado Vieira Auriele Tugile Sanches Carlos Alexandre Jesus Clayton Mendes de Souza

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Cleyfer Robert Souza Rezende Cristiane de Souza Nascimento Daniela Brito Ferreira Danilo Liborio Lira Danilo Pereira Belo Denis Franciscus Alves Silva Douglas Nunes Takahashi Ederson Fernando Neiva Edson Andre da Silva Edson Costa Edson da Silva Mauricio Emily Mariana do Nascimento Felipe de Araújo Pereira Santos Mota Filipe Fernandes dos Santos Gabriel Costa Procópio Ferreira Gesu Moreira Santos Gilberto Henrique de Freitas Giovanni Colantuono da Costa Gleison da Silva Souza Guilherme Castelo Teixeira Helio Gonçalves da Silva Jean Paulo Martins Santos Jhony Correa Santos João César Santos José Antônio Santana Neto Lino Batista Pereira Lucas Alves de Oliveira Marcia Regina de Lima Marco Aurélio Alves de Araújo Marcos Roberto Moraes Maria Aparecida Pimentel Santana Mozart Soares Ferreira Nadia Aleixo de Souza Orlando José da Silva Oscar dos Santos Patricia Rossi Bronze Raphael Coutinho Martins Reginaldo Souza Macedo Renata dos Santos Almeida Ricardo Alexandre Ricardo Silva de Medeiros Rodrigo Alves de Oliveira Brito Rodrigo de Oliveira Rodrigo Faustino Miranda Sebastião Rebelo da Silva Sergio Carrara Tamires Sousa Mares Thiago Cruz Santana Ulisses Caetano de Oliveira Willian Caetano de Oliveira Yuri Araújo dos Reis Grupo Esparta Ltda.


RISCOS E RABISCOS: LENDO A CIDADE

EXPOSIÇÃO EXHIBITION

SCRATCHES AND SCRIBBLES: READING THE CITY

Curadoria e textos Curatorship and texts Leonel Kaz Organização geral General organization conceito arte 3 Coordenação de produção Production coordination Ana Helena Curti Produção executiva Executive production Julia Brandão Cenografia Scenography Daniela Thomas & Felipe Tassara Assistentes Assistants Iara Ito Tania Mara Menecucci Iluminação Lighting Santa Luz | André Boll Consultoria Consultants Carlos Horcades Cláudio Rocha Assistente de pesquisa Research assistant Pedro Breda Comunicação visual Visual communication Sula Danowski | Danowski Design Carol Müller Machado Nathalia Lepsch

Produção multimídia Multimedia production Ana Chun Assistente multimídia Multimedia assistant Arthur Boeira Juan Assis Conteúdo multimídia Multimedia Content Flavio Reis João Falsztyn Bloco Studio Índice Sonorização PA System Aya Studio Bloco Studio Coordenação de montagem Assembly coordination Lee Dawkins Projeto 3D multimídia Multimedia 3D project Gabriel Talamini Captação de imagem Image Recording Junior Viana Captação de vídeo Video recording Breno Vibes Montagem Assembly Caio Pascuzzi Juan Manoel Wissocq Ampliação fotográfica Photography enlargement Silvio Pinhatti

Fotos na exposição Photos in the exhibition

Execução da cenografia Execution of scenography EPROM

José Roberto D'Elboux Renato De Cara Maurício Nahas Thiago Leite

Administração Administration João Luiz Calmon

Acervo Editora Abril Acervo Folhapress Acervo Família Danciger Acervo Instituto Moreira Salles Acervo Museu da Cidade de São Paulo Pesquisa iconográfica Iconography research Sandra Pandeló Concepção e direção multimídia Multimedia conception and direction Antonio Curti & Felipe Sztutman | Aya Studio

Logística e transporte Logistics and transportation ArtWorld Seguro Security Affinité Assessoria jurídica Legal counsel Olivieri – Consultoria Jurídica em Cultura e Entretenimento

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CATÁLOGO CATALOG

Equipe de conteúdos tipográficos Typographic content staff

Coordenação editorial Editorial coordination Leonel Kaz

Leonel Kaz foi editor de mais de 50 livros de arte gráfica em Edições Alumbramento, Aprazível Edições e www.uqeditions.com

Projeto gráfico Graphic design Sula Danowski Fotos para a publicação Photos for publication Alessandra Fratus www.topensandoemviajar.com p. 14, e contracapa (and back cover)

Leonel Kaz has edited over 50 books on the graphic arts for Edições Alumbramento, Aprazível Edições and www.uqeditions.com Carlos Horcades é professor no Instituto Europeo di Design e autor do livro A Evolução da Escrita.

Carol Quintanilha p. 1, 4, 6, 8-9, 10, 12, 13, 15, 18, 19, 23, 26 (b), 31, 34 (b), 34 (c), 35, 36, 37, 38-39, 41, 57, 96 e orelha (and flap)

Carlos Horcades is a professor at the Instituto Europeo di Design and author of the book A Evolução da Escrita [“The Evolution of Writing”].

Edson Kumasaka p. 16-17, 20-21, 24-25, 27, 28-29, 32-33, 34(a), 40 (b), 54-55, 58-59, 60-61

Cláudio Rocha é especialista em tipografia. Junto com Tony de Marco, Claudio é idealizador da revista Tupigrafia e autor do livro Tipografia Comparada: 108 Fontes Clássicas Analisadas e Comentadas.

Maurício Nahas p. 62-63, e capa (and cover) Paulo César Rocha p. 26(a) Versão para o inglês English translation Matthew Rinaldi Tratamento de imagem e pré-impressão Image processing and prepress Danowski Design Impressão Printing Stilgraf

Cláudio Rocha is a specialist in typography. Together with Tony de Marco, Cláudio is creator of the magazine Tupigrafia and author of the book Tipografia Comparada: 108 Fontes Clássicas Analisadas e Comentadas [“Compared Typography: 108 Classic Fonts Analyzed and Annotated”]. Nossos agradecimentos a Special thanks to Carlos Perrone Lica Cecato Marcos Mello

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Agência Brasileira do ISBN – Bibliotecária Priscila Pena Machado CRB-7/6971 R595 Riscos e rabiscos : lendo a cidade / curadoria Leonel Kaz. —— São Paulo : Arte3, 2019. 112 p. : il. ; 27 cm. Catálogo da exposição realizada de 2 de julho a 3 de novembro de 2019, no Farol Santander, São Paulo, SP. ISBN 978-85-60370-11-5 1. Projeto gráfico (Tipografia) - Exposições. 2. Comunicação visual. 3. Arte visual - Exposições. I. Kaz, Leonel. II. Título. CDD 741.6

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Todos os esforços foram feitos para encontrar os detentores dos direitos autorais incidentes sobre as imagens/ obras aqui publicadas, além das pessoas fotografadas. Caso alguém se reconheça ou identifique algum registro de sua autoria, solicitamos o contato pelo e-mail: arte3@arte3.com.br. Every effort has been made to find the copyright holders of the images/works published here, as well as the individuals photographed. In the event that you recognize or identify a register of your authorship, we kindly request that you contact us by email: arte3@arte3.com.br.



ISBN:978-85-60370-11-5

9 788560 370115


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