Contrapor, conviver

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contrapor, conviver revisĂŁo e projeto para o piso do museu edifĂ­cio vilanova artigas - fau-usp

CADERNO DE PROJETO Danyella Manaia Mateus Evangelista




índice introdução .............................................................................................. 6 partido ....................................................................................................... 7 memória .................................................................................................. 8 projetos anteriores ............................................................................... 8 formulário .............................................................................................. 12

acadêmico........................................................................................... 18 gt piso do museu 2015 ....................................................................... 19

o projeto ............................................................................................... 20 premissas ............................................................................................... 24 programa ............................................................................................... 26 infraestruturas ...................................................................................... 28 ambientes .............................................................................................. 35

mobiliário ........................................................................................... 68 sistema dp ............................................................................................. 68 sistema t .................................................................................................. 78 outros ....................................................................................................... 82

reflexões finais .............................................................................. 86 referências ......................................................................................... 88 bibliográficas ....................................................................................... 88 técnicas ................................................................................................... 88 iconográficas ........................................................................................ 88

anexos ..................................................................................................... 90

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Capa: Corte AA.

Página anterior: Imagem 01. Piso do Museu. Fotografia: Nelson Kon.

Imagem 02. Edifício Vilanova Artigas. Fotografia: Nelson Kon.



introdução Este documento é um registro do trabalho realizado pela equipe 8 do segundo semestre de 2020 para a disciplina interdepartamental da graduação 1601105 - Subsídios Investigativos e Projetuais para a Preservação do Patrimônio Edificado, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP). Serve como complemento à apresentação (clique aqui para acessar o PDF), deixando explícitos detalhes da proposta desenvolvida sob orientação dos docentes Prof. Dr. Antônio Carlos Barossi, Profa. Dra. Cláudia Terezinha de Andrade Oliveira, Profa. Dra. Maria Lúcia Bressan Pinheiro e Profa. Dra. Roberta Consentino Kronka Mülfarth. Ressalta-se, contudo, que, devido à pandemia da COVID-19, este trabalho foi realizado à distância. Dentro da proposta da disciplina, que tem o propósito de estimular a pesquisa e o projeto considerando as teorias de restauro em edifícios considerados patrimônio, especialmente naqueles pertencentes à FAU-USP, o grupo escolheu como objeto de seu trabalho o Edifício Vilanova Artigas — onde acontecem as aulas da graduação e, atualmente, da pós-graduação da faculdade — e, mais especificamente, o Piso do Museu. “Museu” é nome utilizado recorrentemente para o nível 4 (pela numeração original) do prédio, de gestão integralmente discente, onde hoje se encontram uma cantina, uma gráfica, uma papelaria, uma livraria, o espaço de vivência dos estudantes, e as salas do grêmio estudantil e da atlética da faculdade, além de um grande espaço flexível. A escolha pelo Piso se deu principalmente pelo grande potencial identificado no espaço, que se encontra, muitas vezes, subutilizado no dia-a-dia. Com isso, o projeto foi desenvolvido considerando a elaboração dessas potencialidades, o atendimento de demandas dos alunos, o resgate de antigas ideias e projetos, e uma possível conciliação de interesses e disputas sobre o Piso, conquistado dentro de uma luta histórica por espaços estudantis.

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partido

Imagem 03. Piso do Museu. Fotografia: Nelson Kon.

memória

acadêmico

A questão da memória é de extrema importância ao se pensar uma intervenção no existente, e muito mais no caso de um patrimônio tombado, como é o do Edifício. Para o Piso do Museu, que é tão versátil e, principalmente, representativo da autonomia estudantil, o respeito aos diferentes eventos que marcaram e marcam a vida “FAUana” foi primordial para o projeto, além de criar a expectativa de novos.

A gestão discente traz um caráter acadêmico para o espaço. Entretanto, entende-se que a experiência acadêmica vai muito além das atividades das disciplinas e dos trabalhos. Trata-se da experiência universitária de encontros com amigos; de organização e de participação em feira, gincanas, festas; de assembleias e outras reuniões; de identificação com seu espaço; e até de descanso.

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memória projetos anteriores Uma parte importante da valorização da memória que uma edificação representa é entender suas camadas históricas, as intervenções do tempo e aquelas realizadas ao longo dele, respeitando-a como documento, com suas marcas, intenções e materialidades — como prega a Carta de Veneza de 1964. Com isso em mente, tentou-se captar os objetivos de cada um dos projetos realizados no Piso do Museu: o original, de 1969, feito por João Batista Vilanova Artigas; e as mudanças feitas em torno dos anos 1990, 2007 e 2013, segundo trabalho realizado para o mesmo espaço em 2013 pela equipe 4 da disciplina 1601105. Além disso, foi levado em consideração o projeto realizado por Ângelo Bucci — que nunca foi efetivamente executado —, aproveitando alguns dos elementos propostos. Em 1969, apesar de não se apresentar de maneira explícita nas plantas, um dos desejos de Artigas era a utilização do grande espaço vazio para a realização de exposições e divulgação dos trabalhos feitos na faculdade — questão retomada por nosso projeto, e que, com a criação do Seminário de Graduação do gfaud (grêmio estudantil da FAU-USP) em 2021, torna-se ainda mais próximo da realidade. Tal ideia é expressa por Barossi, em seu livro O edifício da FAU-USP de Vilanova Artigas (grifo do grupo): Museu. Com a função de programar, coordenar e divulgar as atividades curriculares e extracurriculares de ensino e pesquisa da FAU, conforme a problemática a ser definida no Fórum. Caberia ao museu definir as atividades dos departamentos e do ateliê interdepartamental em função dessa problemática. Além de um setor de divulgação por publicações e exposições realizadas ali, a biblioteca e as oficinas faziam parte do museu. Coordenado por um docente em tempo integral, teria a participação de alunos e professores (COSTA, 2008: 76). (BAROSSI, 2016, p. 90 e 91)

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1969

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1990 5 10

PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION Imagem 04. Projeto orginal para o Piso do Museu.

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Imagem 05.

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memória

projetos anteriores

Já o Museu de 1990 apresentava uma nova disposição das mesas da cantina e dos ambientes dentro da cozinha, localizadas à esquerda da planta (noroeste); além de um novo projeto para a área ocupada pelos serviços (gráfica e papelaria, à direita da planta — sudeste) devido a uma demanda dos estudantes por um espaço próprio — neste momento, o grêmio e a atlética compartilhavam a mesma sala. As mudanças feitas em 2007 se encontram concentradas à direita da planta (sudeste), com o surgimento da livraria e a subdivisão da sala dos coletivos estudantis. Por fim, em 2013, mais uma vez o mobiliário da cantina foi reorganizado, assim como o da livraria. Quanto ao projeto de Ângelo Bucci, focou-se na reestruturação da cozinha, da cantina, dos serviços e, consequentemente, da sala dos coletivos — como visto na planta abaixo. Com isso, percebe-se, pela constante necessidade de reorganização em diferentes momentos, a falta de resolução tanto da área da cantina e da cozinha quanto a dos serviços. Além disso, há a crescente demanda discente por espaços próprios. Tais questões foram levadas para o momento de projeto, aproveitando os elementos considerados pelo grupo como mais ricos de cada uma das cinco plantas aqui apresentadas.

Imagem 06. Projeto de Ângelo Bucci para o Piso do Museu. 0

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2007

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2013 50

Imagem 07.

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Imagem 08.

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memória

formulário

formulário Pensando em conhecer mais sobre a percepção dos usuários do prédio, instigando o resgate de memórias pessoais — e, com isso, também o de laços afetivos criados com o Piso — e a reflexão sobre o uso do espaço, a equipe disponibilizou um formulário criado com o Google Forms no grupo de Facebook chamado “FAU”, onde se encontram alunos, ex-alunos, professores e funcionários, para que voluntários o preenchessem anonimamente. Foram deixados, na maioria das questões, espaços abertos para relatos escritos, tornando a experiência de resposta mais completa, livre e pessoal. As perguntas exatamente como foram feitas estão colocadas no Anexo 1 deste documento, assim como um link para uma planilha com as respostas na íntegra. Ao todo, obtiveram-se 68 respostas, sendo 67 de alunos e 1 de ex-aluno. De modo geral, as perguntas se dividiram em quatro seções diferentes: perfil, recordações, qualidades, e atividades.

PERFIL

Ex-aluno 1.5% Masculino 23.5%

Aluno 67 (98,5%)

Masculino cisgênero 16 (23,5%) Feminino cisgênero 52 (76,5%)

GÊNERO

VÍNCULO

Ex-aluno 1 (1,5%)

Feminino 76.5%

12

Aluno 98.5%


formulário

memória

RECORDAÇÕES Nesta seção, foram feitas duas perguntas: uma sobre a primeira e a última vez que a pessoa esteve no Piso do Museu, e outra sobre a melhor recordação pessoal no espaço. A primeira, devido à grande variedade na forma das respostas e às vezes falta de clareza sobre qual ocasião sobre a qual estaria tratando, não foi trazida para este resumo, mas acreditamos que serviu para reativar lembranças aos voluntários. Sobre a segunda questão: foi deixada uma caixa de texto aberta. A partir das respostas, interpretou-se as respostas, que foram agrupadas em cinco categorias: atividades cotidianas (incluindo almoços, encontros com amigos, realização de trabalhos), festas (os chamados HHs, principalmente), eventos (aqueles que são mais ocasionais, como feiras, exposições, entre outros), ambiente (onde a vista apareceu como elemento principal) e reuniões. Em seguida, para melhor detalhar, foi feita a nuvem de palavras com as ocasiões mais mencionadas. Além disso, damos destaque a uma das respostas: “Pra mim, o piso do museu representava uma pausa, mas ao mesmo tempo uma coisa super mundana. Eu almoçava lá às terças e quintas por conta das aulas do CAVC, e acabava não dando tempo de ir no bandejão direito, e acho que poder sentar no restaurante da FAU, ver as pessoas acabando de almoçar e descansando antes de seguir com o resto do dia, olhar para fora e ver gente indo e vindo do ponto de ônibus, poder jogar conversa fora com uma amiga me dava uma sensação de calma, e era ainda melhor quando tinha aula de tango no caracol, a trilha sonora perfeita. Não é só uma memória de um dia, são várias delas que me dão saudades de ver a vida passar, era como sentar na beira de um rio e ver a água fluir.”

MELHOR RECORDAÇÃO 0 Reuniões

10

7

Eventos

4018/01/2021 50

Word Art

12 6 6

8

Ambiente Eventos

Festas

30

Reuniões

6

Ambiente

20

5 16

28

Festas

6

33

5 11

Atividades cotidianas

0

Atividades cotidianas

41

10

40

20

30

8

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memória

formulário

QUALIDADES Uma vez retomadas as recordações e vivências do espaços, agora pergunta-se, baseada nelas, a opinião sobre as maiores qualidades do espaço: tanto as positivas quanto as negativas, aqui chamadas de “defeitos” ou “faltas”. Da mesma maneira que na seção anterior, foi deixada uma caixa de texto aberta e, para a apresentação dos resultados, houve a interpretação e o agrupamento das respostas.

QUALIDADES POSITIVAS * Outros termos mencionados para: Reservado: Escondido, Acon-

0 Sol

chego; Livre: Vazio, Aberto;

10

30

Multiuso, Polivalente, Diverso, Mutável.

Destaque à resposta:

Ambiência (“vibe”) (2)

Conforto térmico

Conforto térmico (5)

Espaço reservado

Espaço reservado (5)

Espaço livre

Espaço livre (6)

Luz

Luz (7)

Espaço amplo

Espaço amplo (10)

Vista

Vista (13)

onomia estudantil

Autonomia estudantil (16)

Espaço versátil

Espaço versátil (33) 0

10

Plural,

40

Sol da manhã (1)

Ambiência

14

20

Versátil: Flexível, Indefinido,

20

30

40

“eu gosto que o museu é um espaço meio indefinido, onde muitas coisas podem acontecer. Ao mesmo tempo que isso pode ser prejudicial quando não se faz nada e deixa o espaço subutilizado, também é uma qualidade, à medida que ele existe como uma possibilidade constante aos alunes, desde fazer nossas atividades necessárias, como faumoços, hhs e assembleias, como também propor novas atividades, novos usos. Eu não gosto da ideia do museu ser definido, mas gosto da ideia dele ser constantemente redefinido”


formulário

0

memória

5

10

DEFEITOS OU FALTAS 15 20 25 Destaque à resposta:

Conforto térmico

Conforto térmico (2)

Manutenção

“Sinto que às vezes o espaço não é compreendido enquanto área para ser apropriada pelos alunos, acabando por levar a uma “depósito” de restos de trabalhos, mesas, cadeiras quebradas e lixo.”

Manutenção (5)

Espaço subutilizado

Espaço subutilizado (13)

Tomadas

Tomadas (22)

Mobiliário adequado

Mobiliário adequado (24)

Iluminação artificial

Iluminação artificial (25) 0

5

10

15

20

25

A escolha se justifica pela demonstração de que a subutilização, mencionada anteriormente, é realmente percebida pelos alunos, chegando ao ponto de o Piso ser utilizado como se fosse um “resto”, como identifica a pessoa acima, não aproveitando todo seu potencial.

OBSERVAÇÕES: 1. Aqui entende-se como “manutenção” tanto a limpeza do espaço quanto a manutenção da parte elétrica (iluminação artificial e tomadas); 2. Para os defeitos e faltas, quanto ao mobiliário, foi mencionado nas respostas mais de uma vez a necessidade de que este fosse flexível, para manter a versatilidade do Piso; 3. Nesta e nas próximas seções, muitas das palavras e ocasiões apresentadas na nuvem de palavras da página 11 se repetem, o que aumentaria o número de ocorrências — e, logo, sua importância para os estudantes —, mas, por uma questão metodológica, esse número não foi considerado.

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memória

formulário

ATIVIDADES Anteriormente ao formulário, a equipe havia feito um levantamento das principais atividades que tomam o Piso do Museu como palco, além daquelas que podem até não acontecer com tanta frequência, mas que seria interessante, de acordo com a visão do grupo, que acontecessem. Com isso, foram colocadas duas questões para que os voluntários assinalassem dentre as opções existem: quais atividades ele ou ela mais realiza no espaço e quais atividades gostaria de realizar mais. A partir dessa reflexão, coloca-se uma última questão: Por que você acha que não as realiza com a frequência que gostaria? Esta última pergunta é, na prática, um complemento à questão de qualidades negativas da seção anterior, uma vez que aponta defeitos e faltas da mesma forma, mas agora de maneira mais direcionada, considerando as potencialidades identificadas.

ATIVIDADES HOJE 0

10

20

Estudo

Estudo

30

40

50

22

Vendas / Serviços

Vendas / Serviços

23

Reuniões

Reuniões

36

Descanso

Descanso

38

Alimentação

Alimentação

46

Festas

Festas

50 10

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30

40

50

GOSTARIA DE FAZER MAIS 0 Nada

Nada

20

40

1

Aulas

Aulas

12

Estudo

Estudo

26

Descanso

Descanso

42

Oficinas

Oficinas

48

Exposições

Exposições

53 0

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40

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formulário

0

e privacidade)

memória

MOTIVOS PARA A FALTA DE ATIVIDADES 5

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Espaço amplo (falta de privacidade) - descanso (1) Espaço subutilizado / vazio (2) Caráter inóspito / desagradável (2) Falta de infraestrutura (3) Caráter de passagem (3) Espaço muito reservado - exposições (3) Falta de equipamentos (som, etc. ) (4) Acústica ruim (4) Falta de manutenção (7) Acontecem em outros espaços (8) Falta de tomadas (9) Falta de tempo (9) Iluminação ruim (12) Falta de organização ou interesse (12) Falta de mobiliário adequado (25)

ilizado / vazio

desagradável

nfraestrutura

de passagem

uito reservado

tos (som, etc.)

Acústica ruim

manutenção

utros espaços

a de tomadas

alta de tempo

minação ruim

o ou interesse

rio adequado

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OBSERVAÇÕES Por fim, foi colocada uma questão opcional para observações. Aqui destacamos duas delas: “penso que a maior qualidade do piso do museu seja o vazio. como a orla de uma praia, onde os usos se transformam em poucos minutos e tudo é possível. é lugar de passagem e também de eventual permanência. é balcão olhando de um lado o caramelo e do outro a cidade. acho que uma possível intervenção não deva ocupar o vazio. pelo contrário, deva qualificá-lo e animá-lo com usos pontuais.” “Eu acharia legal que tivesse mais mobiliários, que ficassem lá de uma forma mais ‘fixa’, pra não ter que caçar mesa e cadeira toda vez que vou lá. Acho que poderia ter espaços de convivencia (sofás, bancos, pufes), espaços de estudo (mesas e cadeiras), talvez até armários ou estantes pra guardar materiais/trabalhos.” 17


acadêmico Somente a partir dos resultados do formulário, nota-se como o caráter universitário, em todos os seus sentidos, é representado pelo Piso do Museu. Desde a resistência que representa a autonomia discente sobre o espaço, passando por atividades cotidianas e banais, até a realização de festas (atividade executada pela maior quantidade de pessoas no Piso, atualmente, de acordo com os resultados do formulário) e outros momentos de descontração. Entretanto, destaca-se aqui, novamente, como a possibilidade dessas utilizações do espaço só existe ainda hoje graças a uma luta histórica e constante dos estudantes pela permanência de locais autogeridos, onde há a liberdade para a manifestação estudantil da maneira como julgam relevante e necessária. E essa luta é extremamente presente no Piso do Museu. Desde 2014, ele, assim como dois outros espaços estudantis em outras unidades da USP, é formalmente ameaçado pela reitoria da universidade com uma ação judicial para a tomada de sua gestão, sob o argumento de que o edifício público não pode ser “cedido a terceiros” — no caso, os locatários prestadores de serviços (cantina, gráfica, papelaria e livraria) existentes no local. Tal situação faz que o gfaud, grêmio da faculdade, tenha que usar boa parte de sua receita com a contratação de um advogado para a defesa desse espaço, que é de todos os mais de 1200 alunos da FAU-USP. Para o título desta seção, utilizou-se a palavra “acadêmico” no lugar de “universitário”, que talvez refletisse mais os diversos significados e possibilidades da vivência aqui tratada, devido a um dos argumentos utilizados pelos funcionários técnico-administrativos no relatório do GT Piso do Museu 2015 (grupo de trabalho em que participaram representantes discentes, docentes e técnico-admistrativos para discutir visões e propor soluções para o conflito sobre o Piso). Tal argumento consiste na defesa de que a gestão estudantil existente deve estar restrita apenas às “atividades acadêmicas” (palavra utilizada pela categoria quatro vezes ao longo do relatório como justificativa de sua posição), ainda que, mesmo no projeto original de Artigas, como já citado anteriormente, a administração discente já estivesse prevista. Dessa maneira, é colocada a provoção: O que é, exatamente, considerado “acadêmico”? O que o “acadêmico” poderia vir a ser, ainda dentro do caráter pedagógico designado ao espaço? 18


gt piso do museu 2015 No GT Piso do Museu 2015, fizeram parte três representantes de cada categoria, as quais, no relatório, mantêm sua independência e se posicionam separadamente sobre os nove pontos discutidos pelo GT — havendo, no entanto, casos em que duas ou mais categorias têm as mesmas visões, expressando-se de maneira conjunta somente para o tópico em questão. Ao final do documento, são trazidas três propostas, uma de cada categoria; todavia, a maior parte das questões colocadas dizem mais respeito à burocracia da gestão administrativa. Aqui, cabe somente trazer o que a equipe interpretou que, considerando as visões apresentadas no relatório, poderia ser aprimorado em um projeto arquitetônico. Para isso, então, dois argumentos chamaram a atenção do grupo. No primeiro deles, tratando sobre os locatários do espaço, tanto os docentes quanto os funcionários técnico-administrativos enfatizam a necessidade de melhoria de qualidade dos serviços prestados. Desse modo, à parte das soluções apresentadas em relação a editais ou licitações, pensou-se na perspectiva de estimular o melhor atendimento das demandas a partir de um novo desenho de seu espaço. Em segundo lugar, a fala dos funcionários técnico-administrativos dentro do tópico “Sobre o caráter pedagógico do espaço e da gestão do Piso do Museu” também ficou salientada, e transcreve-se a seguir (grifo do grupo): [...] A gestão, por sua vez, possui considerável potencial pedagógico, mas que no atual arranjo se restringe a incorporação de alguns poucos instrumentos de gestão por uma gama reduzida de atores (no limite apenas os discentes envolvidos diretamente na gestão do grêmio). [...] (GT PISO DO MUSEU 2015, p. 4)

Logo, a partir desse juízo, também foi levada para o projeto a reflexão sobre como tal potencial pedagógico poderia ser ampliado, impulsionado pela configuração espacial e pelo maior suporte às possibilidades de atuação sobre o Piso, e não somente por uma estrutura burocrática-administrativa. 19


B

B

o projeto

Planta Piso do Museu Situação cotidiana 20


D

A

D

C

A

C

0 1 2

5

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o projeto

Como pode-se ver no já comentado anteriormente, o Piso do Museu é um espaço particularmente versátil e amplo, o que torna projetar para ele ainda mais desafiador. O grupo, abraçando essa natureza do piso, buscou qualificá-lo, atendendo às demandas e suprindo faltas identificadas,a partir de elementos que ressaltassem sua flexibilidade, facilitando rearranjos de móveis, considerando este um fator importante para a ação dos usuários, os estudantes, sobre o espaço, assim garantindo o retorno de atividades após os objetos serem utilizados — o que, em anos anterior, já se mostrou ser uma questão, tendo como representação o caso das redes, muito mencionado nas respostas ao formulário — e evitando a subutilização. Dentro dessa lógica, um elemento muito marcante do projeto são as cortinas na área central do Piso — chamada, provavelmente por não ter uma definição programática e ser o “palco” principal do espaço, simplesmente de “Museu” —, identificadas na planta anterior por linhas; e o armário sob trilhos, no mesmo ambiente mas apenas do lado oposto às esquadrias; ambos elementos sobre os quais falaremos com mais detalhes posteriormente. Também pensando na polivalência do espaço e procurando aferir a viabilidade do projeto para os diversos usos, foram desenhadas algumas plantas de possíveis outras configurações do Piso para diferentes situações: cotidiano, exposição-seminário, festas (em que é necessário fechar alguns acessos ao restante do edifício), e assembleia.

COTIDIANO 0

22

10


0

10

23

ASSEMBLEIA

FESTAS EXPOSIÇÃO-SEMINÁRIO


o projeto

premissas

premissas Abordando, então, desde o começo do processo do projeto, a leitura do espaço a partir de sua morfologia e da vivência dos integrantes do grupo no edifício foi essencial para a definição da disposição dos ambientes, procurando deixá-los de acordo com a caracterização intrínseca e existente dos espaços, com usos em concordância. Além disso, também foram consideradas as potencialidades do Piso que não são muito exploradas atualmente, identificadas principalmente por meio das intenções do projeto original de Artigas. Quanto ao reconhecimento dos elementos espaciais do Piso, a característica mais marcante identificada foi a diferença entre o lado esquerdo e o direito da planta. Enquanto as rampas, do lado esquerdo, são protagonistas no edifício, utilizadas não só como principal meio de circulação vertical, mas também, consequentemente, como grande ponto de encontro (encontros ocasionais ou não); as escadas e o elevador, do lado direito, comumente são utilizados em momentos de introspecção, quando não queremos encontrar ninguém. Ao mesmo tempo, à esquerda temos o restaurante, de grande movimento, com a circulação constante de pessoas vindas de diversos institutos da USP, enquanto, à direita, estão os espaços efetivamente dos estudantes, suas “salinhas” onde seus pertences podem ficar guardados. À esquerda, então, tem-se cidade, e, à direita, casa. Para mais, antes mesmo do levantamento das atividades realizadas e da definição do programa, foram determinadas premissas para o projeto, sobre espaços que deveriam ser mantidos totalmente livres, seja pelo seu potencial, pela sua importância na estruturação espacial, ou pela sua representatividade. São os casos, respectivamente, das esquadrias livres, do eixo de circulação e da “praça”. No primeiro, percebe-se que as janelas e a vista para o exterior são fatores diferenciais do Piso em relação ao resto do edifício, visto que são encontradas apenas em espaços mais restritos à utilização de grupos menores, como nos laboratórios e em uma parte da biblioteca. No segundo caso, este eixo chama atenção pela dimensão do passeio e o caminho livre para enxergar além dos caixilhos. Por fim, a “praça” se configura como ponto de comunicação entre níveis, com o recuo da laje do piso superior e avanço do AI sobre o Caramelo. 24


premissas

o projeto

cidade

LEITURA DO ESPAÇO

casa

esquadrias livres

eixo de circulação

0

5

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PREMISSAS

praça

50

25


o projeto

programa

programa O programa efetivo do Piso do Museu acaba sendo realmente definido para seus cantos, que têm usos mais fixos, enquanto o grande vazio do meio é uma possibilidade infinita. Por isso, apesar de alguns usos já estavam predefinidos, como os serviços (cantina, xerox, livraria e papelaria), a divisão de áreas é feita muito mais por uma identificação morfológica do espaço do que uma separação efetivamente programática. No projeto, a delimitação de tais ambientes foi, então, baseada nas atividades identificadas pelo grupo que comumente acontecem no Piso, além daqueles que gostaríamos de incluir, dentro da chave das potencialidades já comentadas anteriormente. Quanto à disposição dos ambientes, de maneira quase que contraditória — como não poderia deixar de ser, no Piso do Museu — à diferença entre “cidade”e “casa”, são feitas, quase que depropositadamente, semelhanças entre os dois lados, mostrando uma simetria, em planta, dos espaços.

LEVANTAMENTO DE DEMANDAS PROGRAMÁTICAS ESPAÇOS ATUAIS

ATIVIDADES ATUAIS

NOVOS USOS

Serviços (4) Sala da vivência Sala do GFAUD Sala da Atlética Depósito Caracol “Museu” “Chiquência”

Oficinas Festas Expofeira Assembleia Aula de tango (Caracol) Estudos Refeições Descanso Gincana (semana de recepção) Confecção de krafts FAUmoço (vendas de coletivos)

Vivências distrib. (+

(espaço entre os serviços e as “salinhas”)

26

fixo)

Painel de inform. Guarda volumes Novo depósito Exposições (+ flexív.) Filmes


programa

1

5

3

o projeto

11 7

9

6

10

8

Planta Piso do Museu Disposição dos ambientes

2 4

0

10

mesas e cadeiras

1. cantina (171 m²)

2. espaço de reuniões (171 m²)

espaço reservado

3. cozinha (56 m²)

4. sala dos coletivos (53 m²)

atendimento

5. vendas (137 m²)

6. serviços (108 m²)

espaços livres

7. praça 1 (56 m²)

8. praça 2 (63 m²)

museu

9. exposições (345 m²)

10. vivências (336 m²)

11. caracol (60 m²)

ÁREA TOTAL: 1675 m²

27


o projeto

infraestruturas

infraestruturas

spotlights

Planta ElĂŠtrica 28

luminĂĄrias teto

pendurais

tomadas mĂŠdias

tomadas teto

interruptores


infraestruturas

o projeto

Como visto, a iluminação artificial e as tomadas são pontos muito deficitários no Piso. Por isso, essas foram questões nas quais o grupo procurou tomar especial atenção. Por ser um edifício tombado, a distribuição da rede elétrica teve de ser colada ao forro, por eletrocalhas (que seriam fixadas com adesivos monocomponentes, solução mais facilmente reversível) —como acontece hoje — e eletrodutos. Devido à nova distribuição de pontos de luz, contudo, seguindo a modulação das vigas, o traçado das eletrocalhas existente não foi aproveitado.

0

1

2

5

10

29


o projeto

infraestruturas

Planta Circuitos 0

10

PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION

Planta Projeção do forro

30

luminárias

trilhos - armários

eletrocalhas

trilhos - cortinas

0

10


infraestruturas

o projeto

Trilho em aço galvanizado 1.8 mm com pintura eletrostática amarela

Trilho Suíço

Eletroc. + Trilho cort. medidas em cm

Trilho arm. + Trilho cort. medidas em cm

PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION

31 PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION

PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION

PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION

Presilha em aço

PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION

Eletrocalha Lisa em aço (5 x 5 cm)

PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION

Pensando na maior conveniência para os usos previstos em cada parte do espaço e na redução do uso de energia, a iluminação foi dividida em diferentes circuitos, além do circuito geral, identificados por diferentes cores na planta ao lado, e na utilização de sistemas de iluminação de tarefa e localizadas em pontos relevantes. É o caso, principalmente, das spotlights do lado das exposições no “Museu” e no Caracol, e dos pendurais no espaço de reuniões, que podem ser acendidos individualmente em cada mesa. Quanto às tomadas, devido à fiação passar colada ao forro, a maioria delas fica no nível do teto, e algumas outras, especialmente devido à necessidade de interruptores ou, como no caso das vendas, da fiação mais próxima aos equipamentos, estariam a média altura em eletrodutos. Além da parte elétrica, outras infraestruturas também foram propostas. Os trilhos que passam no forro, sejam de cortinas ou de armários, acabaram causando encontros e interferências com o traçado das eletrocalhas. Do lado das exposições, há o encontro de trilhos de cortinas e eletrocalhas, e, nas vivências, dos trilhos das cortinas com os dos armários. Como soluções, no primeiro caso, somente neste lado próximo às esquadrias os trilhos das cortinas foram PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION soltos em 6 cm do forro por presilhas em aço, também fixadas com adesivos monocomponentes, ficando afastado de 1 cm da eletrocalha, que tem 5 x 5 cm. PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION No segundo caso, foram abertas lacunas de 3 cm de largura nos trilhos dos armários para a passagem das cortinas, de maneira que não interferem no movimento dos armários, sendo as rodas de seus trilhos de dimensões maiores (8 cm de diâmetro) e revestidas de borracha.


o projeto

infraestruturas

CORTINAS A intenção de utilizar cortinas no projeto surgiu do fato de que, para haver projeções na exposições realizadas no Museu, como previsto, seria necessário escurecer o ambiente, considerando que toda sua vedação externa é feita pelas esquadrias de vidro. A ideia, no entanto, expandiu, tornando-se uma aliada na construção desse espaço definido pelos usuários, fluido. Quanto ao traçado dos trilhos, nota-se que, assim como no restante das infraestruturas, ele foi dividido entre a parte de exposições e a de vivências. Nestas últimas, por seu caráter mais fixo, delimitado, a ortogonalidade predominou, caracterizando um ambiente mais regrado; já nas exposições, o desenho se fez mais livre, permitindo a criação de espaços menos previsíveis. O tipo de trilho escolhido, o trilho suíço, somado à utilização de rolamentos de esferas no lugar de rodinhas, é adequado para curvas, que costumam ser problemáticas para o movimento.

Imagem 09.

Rolamento rígido de esferas

Presilha em aço

Imagem 10.

Trilho Suíço

Trilho Cortinas (Expo.) medidas em cm

Imagem 11.

O desenho dos trilhos em planta também procurou sempre garantir que haja a possibilidade de recolher todas as cortinas junto aos limites externos do Piso, deixando todo o espaço livre. Além disso, a partir de uma proporção medida empiricamente, calculou-se que é possível, pela quantidade de metros lineares de cortinas (que não são os mesmos que de trilhos), na situação máxima de recolhimento é possível que elas se restrinjam apenas junto à parede dos serviços, no lado das exposições (trilho duplo), e junto à escada, no lado das vivências (trilho triplo). O memorial de cálculo pode ser encontrado no Anexo 2. Por fim, quanto às cortinas em si, escolheu-se a tela Rosco branca, material apropriado para projeções, uma vez que serve de anteparo mas também permite a visualização de tal projeção do outro lado da tela. Na sua ponta inferior, a costura de pesos de cortina em aço e= 5 mm no seu interior foi a solução encontrada para garantir que a tela permaneça esticada verticalmente. PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION

32

PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION

PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION

PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION


infraestruturas

o projeto

Planta “Museu” Trilhos Cortinas 0

10

CORTINAS RECOLHIDAS

CORTINAS ESTICADAS

0

10

33


o projeto

infraestruturas 8

0,1

2,75

4,4

Vista frontal Cortinas (Expo.) medidas em m

8 10

Detalhe - Mรณdulo Cortina medidas em cm

34

Detalhe - Peso Cortina 4,4


ambientes

o projeto

ambientes COZINHA Nesta subseção do caderno, o projeto será apresentado mais detalhadamente por ambientes, como estratégia de aproximação em escala. Será feito um passeio por todo o Piso, iniciando da “cidade”. Em primeiro lugar, então, tem- -se a cozinha, na qual foi pensada um aprimoramento das áreas, aumentando o espaço da cozinha efetivamente e qualificando o vestiário dos funcionários. Além disso, pensou-se em abrir uma nova porta para facilitar o acesso de carrinhos de comida e de louça, especialmente considerando que o buffet térmico passou a ficar mais longe da cozinha; foi proposto um duto condutor de resíduos para o nível inferior (onde se encontra um espaço onde hoje já se guardam “carrinhos”), separando seu fluxo do de alimentos e de pessoas; aumentou-se a abertura de comunicação entre a cozinha e o balcão; e, do lado de fora, a pia foi movida para onde, hoje, já se encontram bebedouros. O armazenamento será feito em armários e câmaras frias.

Planta Cozinha hoje

0

1

2

5

35


1

1. Buffet fechado de encosto Macom com tampo de aço inox 2. Carro para detritos Macom (Ref.: CAR-80DI)

3

3. Fogão Macom Sério 700 com Módulo de Base 4. Fritadeira Macom Série 700 com Módulo de Base 5. Chapa Elétrica Macom Série 700 com Módulo de Base 6. Mini Câmara Fria Kofisa Modelo KMCP129 7. Armário Macom Série 100 com Porta de Abrir 8. Pia com tampo em aço inox 9. Duto condutor de entulho em aço inox 10. Armário em madeira compensado naval formicado branco 11. Lavatório Coletivo Construinox Formicado branco

Planta Cozinha 36

6


2

4

7

11

5

8 10

9

0

0.5

1

2

5

37


o projeto

ambientes

CANTINA

Luminária Branca Comercial p/ Lâmpada Tubular

Armário Macom Série 100 c/ Porta de abrir

Buffet fechado de encosto Macom c/ tampo de aço inox

0

38

0.5

1

2

5


ambientes

o projeto

Pendente branco p/ Lâmpada Tubular H = 1,97 m

Fechamento Pivotante em chapa de aço E = 6 mm com pintura branca

BalcĂŁo de concreto

Corte BB 39


o projeto

ambientes

Na cantina, as poucas mudanças feitas foram, principalmente, influenciadas pela premissa de esquadrias livres, uma vez que, atualmente, muitas das mesas ficam junto a elas. O estande de atendimento ao caixa do restaurante e o buffet térmico foram movidos para uma nova área de vendas, e o espaço anteriormente ocupado por esses serviços serviu para uma melhor distribuição das mesas. Além disso, pensa-se que, com retirada das mesas de dois lugares que ficavam junto às esquadrias atrás do menor lado do balcão e, por isso, com o maior espaço para circulação, os bancos do outro lado, que hoje encontram-se quase totalmente subutilizados, possem ser ocupados com mais frequência. Com as mudanças, passou-se de aproximadamente 108 cadeiras e, dos 30 bancos, 18 efetivamente utilizados, para 96 cadeiras e 30 bancos utilizados, permanecendo, logo, com o mesmo número de assentos.

0 1

40

2

5

10


A

Identificação do ponto de visão das imagens em planta no Anexo 3.

B


o projeto

ambientes

VENDAS Para otimizar áreas de atendimento, tanto aquelas do restaurante quanto as feitas pelos coletivos e pelos alunos, elas foram juntas em um único núcleo, aqui chamado de “vendas”. Além disso, o balcão utilizado pelos chamados FAUmoços (vendas de alimentos feitas para contribuir com o caixa dos grupos de cultura e extensão) ocupava o espaço da praça identificada nas premissas, interferindo no princípio de deixá-la livre. Com o objetivo, então, de melhor atender às demandas específicas dessas atividades e qualificar o ambiente, foi desenvolvido um mobiliário para ele, o qual será melhor apresentado posteriormente neste caderno. Para mais, identificou-se, no caso do restaurante a necessidade de um espaço para exposição do cardápio — o qual, para os FAUmoços, comumente é escrito em grande painéis, aqui denominados “quadradões”, mas que, no projeto, estão sendo utilizados na área do “Museu”. Por isso, propôs-se painéis junto ao forro, facilitando também sua visualização. Quanto à elétrica, esta é uma das áreas onde foram colocados eletrodutos, identificados na planta ao lado pela cor verde, para que a fiação passe pelo próprio mobiliário e tomadas sejam embutidas, facilitando a utilização. Para a iluminação, pendurais seguem o perímetro da ilha, identificando-a espacialmente e trazendo o plano de luz para mais próximo do de trabalho.

Vendas hoje

0

42

5


Carro em inox para devolução de bandejas Macom**

Lixeira embutida inox Linha Kitchen Calha Úmida

Expositor em chapa de aço dobrada e parafusada azul Vitrine em acrílico

Balcão com prateleira em chapa de aço dobrada e parafusada azul Tampo em aço inox

Balcão com fechado em chapa de aço dobrada e parafusada azul

Rechaud de mesa 1/2 frio e quente Ibet

Fogão por indução embutido Electrolux

Buffet térmico

Cadeira Clip 90 cm Fernando Jaegger

Balcão com prateleira em chapa de aço dobrada e parafusada azul

Mesa com prateleira em chapa de aço dobrada e parafusada azul

Planta vendas medidas em m

0

0.5

1

2

5

43


C



o projeto

ambientes

CARACOL O Caracol é, junto ao “Museu”, o maior exemplo de subutilização do Piso. Na maior parte do tempo, com exceção da uma hora de aula de tango às terças-feiras e durante a gincana da “semana dos bixos”, ele não é ocupado. A proposta do projeto, no entanto, não se trata de estabelecer um uso específico, pois, ainda que o Caracol seja mais delimitado que o “Museu”, ele tem o mesmo caráter de versatilidade, que deve ser mantido, possibilitando, igualmente, a potencialização de seu “caráter pedagógico”. Acredita-se, então, que, apenas suprindo o local de infraestruturas — como mobiliário adequado (cadeiras que, quando não forem utilizadas ali, podem ser empilhadas e deixadas no “Museu”), iluminação artificial e tomadas —, haverá incentivo suficiente para sua ocupação como parte de exposições, reuniões, exibição de filmes, entre outros. Ademais, uma vez que sua frente deixou de ser ocupada pelo balcão de FAUmoços, pensou-se que sua parede externa possa ser utilizada como grande painel de informações de toda a faculdade, visto que está tão perto da “cidade” e do eixo de circulação, além de ser um dos primeiros níveis do edifício.

Exposição

Exibição de filmes

Reunião

0 1 2

46

5

10


D

Identificação do ponto de visão das imagens em planta no Anexo 3.

E


o projeto

ambientes

EXPOSIÇÕES Neste ambiente, procurou-se expressar a grande essência do Museu, sendo um espaço que se transforma em qualquer coisa. Aqui, foi chamado de “exposições” pois esta foi uma atividade que chamou muito a atenção, seja pela sua potencialidade, seja pela sua conformidade com o intencionado por Artigas, como já mencionado anteriormente. Entretanto, as diversas outras atividades identificadas — confecção de krafts, gincana, oficinas, exibição de filmes, expofeiras, e assim por diante (e até mesmo reuniões e descanso, transformando-se em vivências também em algumas ocasiões) — também tomam este espaço como palco. Aqui, tem-se a expressão máxima do “acadêmico” buscado no GT de 2015, sendo os alunos e a comunidade FAU os responsáveis pelos eventos e pela definição do espaço de acordo com suas demandas específicas. Alguns elementos principais que auxiliam em tal definição são as cortinas, conforme já mencionado, e os “quadradões”, módulos de madeira de aproximadamente 2,25 x 1,65 x 0,45 m (segundo estimado pelo grupo por meio de fotos) existentes hoje na faculdade. Eles são especialmente interessantes por permitirem uma grande variedade de disposições, como visto no croqui abaixo feito pelo professor Antônio Carlos Barossi (imagem 12). Especificamente para as exposições, ou mesmo para outros usos que demandem uma luz mais direcionada, tem-se ainda os spotlights. Sua localização, sempre entre duas luminárias da malha geral de iluminação no sentido transversal, também pode influenciar a ocupação. Por fim, ainda propôs-se o retorno redes, agora ancoradas em ganchos presos no forro, como visto no segundo croqui, também feito pelo prof. Barossi.

Imagem 12.

48

Imagem 13.


F

Identificação do ponto de visão das imagens em planta no Anexo 3.

G


H



o projeto

ambientes

VIVÊNCIAS A principal questão dos espaços de vivências, ao menos aquela identificada nas “salinhas” de diversos centros acadêmicos pelo campus, é a identificação dos alunos com tal espaço. Na FAU-USP, hoje, entretanto, a “salinha da vivência” existente possui uma configuração que acaba por incentivar uma diferenciação dos estudantes de modo que a identificação com o espaço fica comprometida quando tratamos da comunidade FAU como um todo. A proposta do projeto, logo, é dissolver que prejudicam o reconhecimento dos estudantes, transbordando as vivências para áreas abertas e mais amplas, e com maior flexibilidade que atualmente, por estarem integradas à área do “Museu”. A mudança da área da “casa”, identificada inicialmente, para o meio do Piso, que não é nem cidade nem casa, mas um pouco dos dois, pretende justamente convidar que mais pessoas utilizem o espaço com esse uso — uso de grande demanda, como visto nas respostas ao formulário. Para isso, todavia, foi necessário qualificar o espaço, principalmente com um mobiliário adequado. Hoje, os sofás da vivência são aqueles trazidos de casa anos atrás pelos próprios estudantes, e encontram-se extremamente desgastados. O grupo, então, decidiu desenvolver um mobiliário de estar (sofá e poltrona), que será melhor explicado posteriormente neste caderno. Já quanto à questão da identificação com o espaço, um meio encontrado para isso, já atendendo também à demanda geral na faculdade por espaços de armazenamento, foi a distribuição de armários no ambiente (os armários sob trilhos já citados anteriormente, aqui chamado de “armário FAUano”). Eles foram pensados para guardarem, principalmente, desenhos e maquetes dos alunos, havendo um número suficiente para atender pelo menos a uma turma inteira do curso de Arquitetura e Urbanismo, considerando que cada estudante terá seu próprio “nicho” no armário. Este será, ao menos no primeiro ano, seu endereço dentro da FAU-USP. Por fim, a “pracinha” próxima às escadas, que tem os mesmos bancos encontrados no Piso Caramelo, acaba por completar a percepção do Piso do

52


ambientes

o projeto

Museu como um todo, sendo o oposto simétrico da “praça” existente desde o projeto original. Atualmente, este espaço é utilizado pela livraria, que, por não ser muito utilizada pelos alunos no dia-a-dia, serve muito mais como um grande bloco que impede a ocupação; agora, propõe-se o exato oposto. Vale lembrar, no entanto, que a ideia inicial de mantê-la a maior parte do tempo livre não impede que os usuários coloquem móveis ali, visto que a flexibilidade é um dos principais fatores do espaço.

Vivências hoje

ATLÉTICA

xx xx

xx xx xx xx

xx xx

xx xx xx xx xx xx xx xx xx xx xx xx xx xx xx xx xx xx xx xx

xx xx xx xx

xx xx

xx xx xx xx

xx xx

xx xx xx xx

xx xx

xx xx xx xx

xx xx

xx xx xx xx

xx xx

xx xx xx xx

xx xx

xx xx xx xx

xx xx

xx xx xx xx

xx xx

xx xx xx xx

PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION

PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION

PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION

VIVÊNCIA

GFAUD

DEPÓSITO

DEPÓSITO

PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION

“CHIQUÊNCIA”

0

1

2

5

53


I



o projeto

ambientes

SERVIÇOS Um dos pontos tirados da discussão do GT de 2015 para o projeto foi justamente o aprimoramento, ainda que parcial, dos serviços (neste caso, o xerox, a livraria e a papelaria) por meio da qualificação espacial. Para isso, a dinâmica de cada um deles foi alterada. No xerox, atualmente, o balcão de atendimento é voltado para o eixo de circulação, o que pode facilitar a atração de clientes, mas é prejudicial quanto à quantidade de luz natural recebida. Por isso, sua abertura passou a ficar voltada para as esquadrias, da mesma forma que a papelaria. Além disso, por ser um serviço direto,e não a venda de produtos,não há necessidade de realmente entrar no espaço de trabalho. Hoje, isso acontece para a utilização dos computadores; em razão disso, estes foram colocados próximos à entrada, junto ao balcão de atendimento, e atrás os equipamentos da gráfica. Na papelaria, fez-se o oposto. Atualmente, o atendimento é somente no balcão; no entanto, tratando-se da venda de produtos diversos, entende-se que é mais proveitoso o cliente ter contato com eles. Passou-se, então, o balcão para trás, fazendo que o comprador possa experienciar a entrada em uma papelaria, vendo, tocando e conhecendo diferentes itens. Já na livraria, conforme já mencionado, as diversas estantes, voltadas para dentro do recinto criado pelas mesmas, acabam criando uma barreira física e visual, não convidativa. Ao distribuir todos os livros, destacados pela luz indireta da fita de LED, em uma única grande estante, voltada para o eixo de circulação, pretende-se chamar mais atenção da comunidade FAU para este serviço, integrando-o verdadeiramente ao espaço. Para o período da noite, o fechamento pensado para os três serviços, assim como no projeto de Ângelo Bucci, mencionado anteriormente, foi a porta de aço de enrolar, com a diferença de agora ser perfurada. Quanto à elétrica, este é um dos outros poucos ambientes onde foram colocados eletrodutos como solução, principalmente devido à grande demanda por tomadas de utilização constante. De resto, manteve-se a altura dos painéis de vedação, de aproximadamente 2,30 m, garantindo a ventilação e a mesma leitura do espaço, que seria diferente se tais painéis chegassem ao forro. 56


1

XEROX

PAPELARIA

2

C

C

LIVRARIA 1

3

4

1

Planta e Vista frontal Serviรงos

medidas em m

0

0.5 1

2

2

57


o projeto

ambientes

8

5

6

4

7

Corte CC medidas em m

1. Porta de aço perfurado de enrolar, paleta de 75 mm com pintura branca

2. Painéis de Viroc fixados nos montantes em perfil de aço 40 x 40 mm 58

3. Prateleira para livros de madeira com fita de LED embutida sobre mão francesa regulável encaixada em trilho de alumínio 4. Armário de uso pessoal em madeira, compensado naval formicado branco


ambientes

o projeto

7

7

0

0.5

1

5. Prateleira de madeira com fita de LED

5

2

7. Balcão de madeira

embutida sobre mão francesa regulável encaixada em trilho de alumínio

8. Luminária branca comercial para Lâmpada Tubular

6. Mostruário em painel perfurado 59


o projeto

ambientes

ESPAÇO DE REUNIÕES Das poucas vezes em que se vê, hoje, em situações cotidianas, o espaço do “Museu” sendo utilizado, na maior parte delas são pessoas sentadas nas poucas mesas existentes no local. Por isso, apesar de, nas respostas ao formulário, a demanda para estudar mais no Piso do Museu não ser tão grande, pensou-se que seria importante haver, no projeto, um ambiente equipado de mesas e cadeiras, ainda que não seja necessariamente para estudar. Além disso, como já visto, as “salinhas” da atlética e do GFAUD, utilizadas também para reuniões desses coletivos, foram diluídas, gerando a necessidade de suprir tal demanda. No chamado “espaço de reuniões”, no entanto, grupos não se fecham entre vedações, mas compartilham o espaço, tornando-se, dessa maneira, mais democrático. A escolha deste local do Piso para o espaço se deu por duas questões. Em primeiro lugar, por ter um caráter mais fixo, não poderia ocupar o “meio”, ou interferiria na flexibilidade do “Museu”. Em segundo, pensa-se que, ainda que o estudo não seja a única atividade realizada ali, é uma das possibilidades, e, por isso, a menor quantidade de barulho, na “casa” e longe da “cidade”, é o adequado. O fato de estar na “esquina” do Piso, todavia, compartilhando duas fachadas envidraçadas, não pode ser deixado de lado. É um ponto único no edifício. Por isso, a forma encontrada de realçar essa qualidade foi marcar este canto com um elemento da FAU-USP tão notável quanto ele: o chamado “banco dos bixos”, reproduzido em uma versão menor. O original encontra-se logo na entrada do prédio, e tem este nome por ser um dos principais pontos de encontro — especialmente de calouros (os “bixos”) —, além de local de diversas outras atividades (sonecas, realização de trabalhos, entre outros). Com isso, marca-se o lugar e equipa-o para a admiração da vista. Quanto à parte elétrica, foram colocados pendentes de luz que podem ser acendidos individualmente, servindo de iluminação de tarefa. Junto aos cabos que o penduram, desce-se a fiação para uma entrada de tomada, na qual pode ser ligada a régua de tomadas existente na mesa de reuniões desenvolvida pelo grupo, que será melhor apresentada posteriormente no caderno. 60


J

Identificação do ponto de visão das imagens em planta no Anexo 3.

K

61


o projeto

ambientes

Luminária Branca Comercial p/ Lâmpada Tubular

Pendente branco p/ Lâmpada Tubular H = 1,5 m

Banco fixo em concreto

0

0.5

1

Corte DD

62

2

Mesas para reunião com régua de tomada embutida. *

5

* Estrutura de aço com pintura a pó na cor preta e tampo em compensado naval formicado branco


ambientes

Escrivaninha com gaveta.*

Cadeira Serafina escritório com braços Fernando Jaegger

Painéis de Viroc fixados nos montates em perfil de aço 40 x 40 mm Aparador.*

o projeto

Armário em chapas de aço galvanizado E = 1,8mm, com pintura eletrostática branca e portas RAUVOLET Interieur REHAU

Mapoteca em aço Pandin 5 gavetas NITEROFLEX

63


o projeto

ambientes

SALA DOS COLETIVOS Enquanto alguns usos das atuais “salinhas” foram passados para as vivências e para o espaço de reuniões, o restante — que consiste em, basicamente, armazenamento de materiais e uma espécie de copa dos alunos —, agora, será atendido pela “sala dos coletivos”, separada por uma parede que, desta vez, chega ao forro. O nome do ambiente vem da intenção de fornecer um espaço designado de depósito para os coletivos — como são comumente chamados os grupos autogeridos de cultura e extensão da faculdade (uma apresentação do início de 2019 de cada um deles pode ser encontrada aqui) —, e não mais somente para a atlética e para o grêmio, garantindo que o apoio às atividades pedagógicas e acadêmicas realizadas por eles seja democrático e ampliado. Para isso, o grupo desenvolveu um conjunto de armários que atendesse à necessidade desses grupos, em três tipologias: baixo, alto e altura inteira. Os baixos e altos têm a mesma largura e profundidade, de 60 cm, com uma leve diferença de altura, e são cada um para um coletivo. Já os de altura inteira, apesar de terem a mesma largura, têm maior profundidade (80 cm), principalmente devido à necessidade de guardar instrumentos de percussão, grandes em todas as suas dimensões. Há mais de um módulo para o mesmo coletivo devido ao tamanho e quantidade de objetos tidos por eles (Bateria: instrumentos; Atlética: mais de 15 equipes de esportes). Além desses, mais detalhes sobre estes armários são apresentados posteriormente no caderno. Com isso, a questão da identificação por meio do estabelecimento de um “endereço” (assim como com os armários FAUanos nas vivências) também é observada, com a diferença destes armários, agora, serem fixos, realmente caracterizando a “casa” — especialmente considerando que a grande maioria dos estudantes da FAU-USP faz parte de algum desses coletivos e guarda relações afetivas com eles; e, quando não participa, tem diversos amigos que sim, fazendo-o também se sentir à vontade. Além disso, há ainda a copa, utilizada por todos, e as mapotecas, onde podem ser guardados materiais livremente emprestados pelos estudantes em geral. Do lado de fora da sala, encontra-se a escrivaninha de trabalho da secretária do GFAUD — responsável pelo empréstimo de chaves do novo armário pessoal, encontrado no espaço de reuniões e melhor detalhado posteriormente — e computadores de livre acesso. O fechamento do ambiente é feito com as mesmas portas de enrolar encontradas nos serviços, alinhadas ao caixilho existente. 64


L

Identificação do ponto de visão das imagens em planta no Anexo 3.

M

65


o projeto

ambientes

1. Escrivaninha com gaveta. Estrutura de aço com pintura a pó na cor preta e tampo em compensado naval formicado branco; 2. Cadeira Serafina Escritório com Braços - Fernando Jaegger 3. Projeção Porta de enrolar em aço microperfurado e pintura eletrostática branca 4. Parede de Dry Wall com pintura na cor vermelha 5. Geladeira existente 6. Aparador. Estrutura de aço com pintura a pó na cor preta e tampo em compensado naval formicado branco. 7. Buffet fechado de encosto Macom com tampo de aço inox 8. Mapoteca em aço Pandin 5 gavetas NITEROFLEX 9. Armário em chapas de aço galvanizado E = 1,8 mm com pintura eletrostática branca e portas RAUVOLET Interieur REHAU

66


ambientes

3

o projeto

9

4

8

5

6

8

1

7 8 2

Planta Sala dos coletivos medidas em m

0

0.5

1

2

5 67


mobiliário

PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERS

sistema dp

PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION

Diversos mobiliários, referenciados algumas vezes ao longo da seção anterior, foram desenvolvidos no projeto para melhor atender às questões identificadas, sejam demandas ou potencialidades. Entre todos eles, utilizou-se dois sistemas, que envolvem, principalmente, materiais utilizados e tipos de interfaces entre peças — além de dois outros mobiliários, que não se encaixam em nenhum sistema específico. Em primeiro lugar, então, apresenta-se o chamado pelo grupo de “sistema DP”, em que DP significa “dobra-parafuso”. Profundamente inspirado no Sistema H, desenvolvido pelo escritório Edel-Stein, o sistema consiste em placas de metal dobradas e parafusadas uma à outra, dando ao usuário grande liberdade de uso, fixando tais placas conforme necessite. A escolha pelo sistema, então, baseou-se principalmente nesse fator, de acordo com a flexibilidade pedida pelo uso projetado. Aqui, as placas utilizadas foram de aço galvanizado de espessura 1,8 mm, as quais,para cada mobiliário apresentado a seguir,receberam pintura eletrostática de uma cor diferente. A flexiblidade e liberdade do usuário mencionada se dá na fixação de prateleiras, presas às placas colocadas na vertical, as quais possuem furos a cada 5 cm de altura. Já quanto ao parafuso, pensou-se na utilização do sextavado zincado de 1/4”, travado, do outro lado da chapa, por uma porca de mesmo tipo.

PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION

Detalhe interface Sist. DP PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION

medidas em cm

PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION

68

PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION

medidas em cm

Detalhe placa vertical


VENDAS Para a área de vendas, foram propostos três novos mobiliários: um único grande balcão, tanto para os FAUmoços (preparação e caixa) quanto para vendas de vestimentas e outros acessórios comumente feitas por outros coletivos; um novo estande de vendas para o restaurante, menos arquetípico e mais condizente com o espaço; e uma mesa de apoio para o self-service feito no buffet térmico. A flexibilidade que justifica a escolha pelo sistema se dá principalmente nos dois primeiros casos, em relação à colocação das prateleiras, que podem estar a alturas diferentes, dependendo do que se deseja armazenar. Os três receberam a pintura eletrostática azul, criando uma linguagem para a área.

A “mesinha”, como visto na planta da página seguinte, é colocada na ponta inicial do percurso realizado no selfservice, onde podem ser colocados pratos, copos, bandejas e talheres, para serem apanhados por clientes ao se servirem. Ainda que as prateleiras possam ser fixadas conforme for conveniente, recomenda-se que seja deixado um espaço das placas verticais acima da prateleira mais alta, servindo como uma espécie de “guarda- -corpo” para as louças. Tal proteção, no entanto, não foi colocada nos quatro lados do móvel para facilitar a retirada dos objetos na passagem.

Isométrica Mesinha Vendas

69


Para o estande de vendas, pensou-se em um mobiliário com balcão — cuja altura foi determinada para ser maior que a de uma mesa comum, sendo, logo, mais ergonômico para o atendimento de pessoas em pé —, onde já coubesse as balanças para pesar a comida e para manuseio de fichas e de máquina de cartão; com gaveta com trinco como caixa abaixo do balcão, além de espaço de armazenagem (fechado com portas de enrolar da linha RAUVOLET Interieur REHAU também com trinco, assim como nos armários encontrados na sala dos coletivos); e com expositor de balas e petiscos. Dessa maneira, reúne-se PRODUCED BY ANtodas AUTODESK STUDENT VERSION PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT as funcionalidades utilizadas pelo guichê do restaurante, otimizando-as, em um mobiliário mais baixo que o atual, tornando, assim, o horizonte de visão do Piso, neste ponto, mais limpo.

Isométricas Estande Vendas Porta de enrolar REHAU Linha RAUVOLET Interieur

Imagem 14.

Planta e Vista frontal Mesinha e Estande Vendas

60

medidas em cm

PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION

70

sistema dp

BY AN AUTODESK STUDENT VERSION

PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION

mobiliário


sistema dp

mobiliário

Já o grande balcão de vendas dos coletivos foi pensado em uma tipologia similar ao mobiliário existente hoje no Museu. Sua altura se justifica pelo mesmo motivo do estande de vendas, e, sob o tampo da área de trabalho, há um espaço de armazenagem mais seguro, por ser fechado em sua frente — seja para os ingredientes de preparo, na parte dos FAUmoços; seja para as mochilas dos estudantes na escala de trabalho, como na parte dos dois “caixas”, onde também se encontram gavetas para organização do dinheiro; ou seja em gavetas maiores para disposição de produtos vendidos, na parte de vendas de vestimentas e PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION outros. Ademais, o lado dos FAUmoços é melhor equipado, já tendo embutidos fogão por indução (mais seguro que o uso de fogo) e pequenos buffets térmicos, além de o tampo de aço inox ser mais higiênico que o atual, de madeira.

Isométricas Balcão Vendas

Planta e Vista posterior Balcão Vendas medidas em cm

PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION 71


N



mobiliário

sistema dp

PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION

ARMÁRIO COLETIVOS

PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION PORTAS ABERTAS TIPOLOGIA ALTURA INTEIRA

Além das informações já fornecidas anteriormente, resta apenas mencionar o fechamento dos armários. Foi escolhida a porta de enrolar como maneira de não ocupar ou interferir no espaço da sala e do armário ao lado. Além disso, todas possuem um trinco inferior, garantindo a segurança da armazenagem. Por fim, sua cor branca permite uma costumização e identificação dos armários pelos coletivos.

Vistas frontais

Isométrica

PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION

PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION

medidas em cm

disposição aleatória de prateleiras

PORTAS FECHADAS TIPOLOGIAS BAIXA E ALTA

PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION

74 PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION


sistema dp

mobiliário

ARMÁRIO FAUANO Ao todo, na área das vivências, foram colocados sob trilhos 18 armários, 9 em cada trilho. Em cada um deles, há três módulos, que contêm uma gaveta com trinco e uma prateleira, dividida entre três divisórias (“nichos”), cada qual destinada a um estudante. Dessa maneira, pode-se dizer que cada módulo atende a 3 alunos, os quais compartilham a mesma gaveta, e cada armário atende a 9 deles, fazendo que, ao todo, sirva-se a 162 estudantes. A escolha pela pintura eletrostática amarela busca criar um diálogo com a ideia de “intermediário” entre cidade (representada pela cor azul, na torre hidráulica próxima ao restaurante) e casa (de cor vermelha, próximo às escadas), completando, assim, as três cores primárias. Quanto ao dimensionamento do mobiliário, baseou-se, principalmente, na gaveta, pensada para caber uma folha A3. Na altura, a gaveta mais baixa ainda é facilmente alcançada com conforto, e os nichos mais altos estão a uma distância abaixo da linha do horizonte, não se tornando uma barreira visual no Piso. Já os trilhos foram um grande desafio para o grupo. Apesar do debate levantado sobre uma possível agressividade da intervenção, por introduzir um grande peso sob o forro — o qual, talvez, requisesse um reforço agressivo à sua materialidade —, optouse por manter a solução, prezando pela facilidade na flexibilidade do espaço, mantendo o caráter do Piso. Como verificação, foram feitos cálculos do peso para averiguar a possibilidade de fixação com adesivo monocomponente, o que funcionou. O memorial de cálculo se encontra no Anexo 4.

Isométrica

Detalhe Junções Gaveta 75


mobiliรกrio

sistema dp

Vistas Frontal e Lateral Armรกrio FAUano medidas em cm

0,45

0,45

0,36

130

0,36

0,36

2,27

80

1,19

270

0,98

76


270

270

320

320 320

Perspectiva Explodida Armário FAUano

70

70

80

mobiliário 80

sistema dp

320 320

960

960

Detalhe Trilho Armário FAUano medidas em cm

70

70

80

120

80

130

130

120

0,45

Módulo de três alunos Armário FAUano

270

970

320

320

320

70

80

medidas em cm

960

120

77


mobiliário

sistema t

sistema t Outro sistema desenvolvido pelo grupo, utilizado para dois armários muito similares, foi o denominado “Sistema T”. Assim como para o sistema anterior, o que o caracteriza é, principalmente, a junção de interfaces e os materiais utilizados. De maneira geral, trata-se de placas de madeira (compensado naval formicado branco) encaixadas uma na outra por recortes feitos em ambas as placas (as colocadas no sentido vertical e as no sentido horizontal). Os limites superior e inferior consideram certo conforto no alcance e manuseio de seu interior. Por fim, seus apoios são feitos com a extensão de algumas das placas verticais, colocadas sob pés de metal, evitando, assim, que a madeira tenha um possível contato com a água no nível do chão, e garantindo sua longevidade. É um sistema que, diferente do DP, não permite tanta flexibilidade, que é o que pedem alguns casos, uma vez que são colocados em ambientes realmente caracterizados como mais fixos no Piso, e são pensados para usos mais ocasionais e específicos — diferentemente do mobiliário apresentado nas páginas anteriores, de usos permanentes e diversificados.

Detalhe Pé do armário

78

Isométrica Encaixe (armário vestiário)


sistema t

mobiliário

ARMÁRIO PESSOAL Enquanto pensou-se em um armário (o armário FAUano) onde pudessem ser guardados objetos relacionados à vida acadêmica, como desenhos e maquetes, imaginou-se que talvez fosse interessante haver, também, um local para guardar objetos pessoais. Os estudantes, comumente, levam seus laptops para a faculdade, e, no horário de almoço, havendo aulas em período integral, o peso na mochila acaba sendo incômodo. Por isso, dimensionou-se um módulo de armário para caber um laptop e, em altura, ainda junto um tênis, no caso de atletas, por exemplo. Tem-se, ao todo, 90 armários (15 colunas e 6 linhas). Destaca-se, entretanto, que, diferentemente do armário FAUano, cada armário não é designado a uma pessoa específica. Assim como funciona hoje com os armários da biblioteca, é possível retirar uma chave com a secretária do grêmio e, após usar, devolvê-la, caracterizando o uso ocasional. Uma imagem produzida pelo grupo do armário pode ser vista na página 61 (imagem J).

Isométrica

Perspectiva Explodida

79


25

40

mobiliário

sistema t

124

Vistas Frontal e Lateral Armário Pessoal medidas em cm 0,32

0,3

1,93

1,63

6,28

Armário individual 40

25

medidas em cm

124

Isométrica Encaixe

6,28

1,63

80


sistema t

mobiliário

ARMÁRIO VESTIÁRIO O armário do vestiário, ainda que tenha um uso mais perene, uma vez que são sempre os mesmos funcionários do restaurante que utilizam-nos, é ocasional por não caracterizar a questão de identificação com o espaço, identificação já dada pelo acesso restrito a funcionários ao ambiente. Dessa maneira, não importa se, em um dia, utiliza-se o armário 1 e, no dia seguinte, o 6, visto que não representa um “endereço”. Há um total de 16 armários individuais, em 8 colunas e 2 linhas, resultantes da junção do que seriam 3 módulos de armários individuais do armário pessoal dispostos verticalmente. Assim, o espaço para armazenagem fica maior, permitindo que sejam guardadas mochilas, sejam penduradas camisetas ou casacos (visto que é necessário que os funcionários troquem de roupa em serviço), entre outros objetos.

Isométrica

Perspectiva Explodida

81


mobiliário

outros

outros Há, ainda, os mobiliários que não seguiram um sistema específico. O ponto comum entre as mesas de reunião, encontradas no espaço de reuniões, e o sofá e a poltrona FAUano, encontradas nas vivências, talvez seja o fato de que ambos procuraram, na sua estrutura, aproveitar os “esqueletos” de mesas que existem em abundância na FAU-USP, transformando-os em um mobiliário funcional, em vez de ficarem, na maioria das vezes, abandonados pelo edifício. Trata-se de barras de aço de seção quadrada com pintura a pó na cor preta. As junções propostas seriam feitas por meio de solda.

MESAS DE REUNIÃO

82

ISOMÉTRICA

TOMADAS E ENCAIXES

Em relação ao material do tampo, também utilizou-se a madeira de compensado naval formicado branco, dessa maneira dialogando com o armário pessoal, proposto para o mesmo ambiente, e com as mesas já existentes hoje na faculdade, que têm seus tampos feitos também em madeira formicada branca. Sua distinguibilidade, contudo, é dada pelo chanfro nas suas arestas onde são colocadas as cadeiras, garantindo maior conforto aos usuários ao sentar. Além disso, outro fator distintivo é o posicionamento dos pés da mesa não mais nas extremidades, mas no meio, também pensando no conforto do usuário ao sentar-se e levantar-se. As réguas de tomadas, mencionadas anteriormente, são fixadas no lado do móvel, ligadas a um carretel para que, caso não esteja sendo usada, não incomode ao ficar em cima da mesa, e também para que permaneça sempre junto a ela.


outros

mobiliรกrio

Vista frontal

Vista lateral

Vista superior

Vista lateral - Tomadas

medidas em m

30

medidas em cm

30

medidas em m

180

83


mobiliário

Perspectiva Explodida Mesa Reuniões

84

outros


PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION mobiliário

PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION

outros

POLTRONA E SOFÁ FAUANO A poltrona e o sofá FAUano surgiram, como já mencionado, da demanda por mobiliários de estar no Piso do Museu. Pensados especialmente para as vivências, foram inspirados na Poltrona Paulistano de Paulo Mendes da Rocha, no sentido que sua estrutura seguem uma única linha, nunca se interseccionando, e que seu assento é formado somente por um tecido preso a esta estrutura, sem estofado. Necessitou-se, no entanto, que houvesse barras horizontais na frente e atrás do móvel para que o sofá permanecesse ergonômico, e, por isso, deixou-se de ter braços no Vista lateral medidas em cm mobiliário. O tecido do assento é o chamado Bagum, uma espécie de plástico, facilitando, assim, sua limpeza (fator incômodo nos sofás existentes hoje na salinha da vivência). Escolheu-se a cor branca como maneira de neutralizar a influência visual, chamando a atenção somente as cores primárias já mencionadas da cidade, da casa e do “meio”. Desse modo, constrói-se um mobiliário leve, facilmente transportado e, com isso, mantém-se o caráter da facilidade na flexibilidade do Piso.

Vistas frontais Poltrona e Sofá FAUano medidas em cm

85


reflexões finais Como conclusão do trabalho, parece importante levantar algumas considerações e reflexões finais. Em primeiro lugar, tratando-se de uma disciplina que se propõe a discutir o patrimônio, e, principalmente, tratando-se de um projeto para um edifício tombado, refletir sobre como as propostas se posicionam em relação à Carta de Veneza é essencial. Quatro de seus pontos principais são: distinguibilidade, reversibilidade, compatibilidade (de técnicas, linguagem, etc.) e mínima intervenção. A linha tênue entre distinguibilidade e compatibilidade, pelo julgamento do grupo, parece ter sido atingida, trazendo materiais semelhantes aos existentes no edifício, mas ainda diferentes (da mesma forma que linguagens, que envolvem formas, cores, entre outros), e, assim, dialogando com o patrimônio de maneira harmoniosa. As cores escolhidas para o mobiliário e outros elementos, como as paredes dos serviços e da sala dos coletivos, são encontradas, como já mencionado, em elementos originais do prédio (piso, torres hidráulicas...); o aço e a madeira, ainda que variados em suas tipologias,são encontrados também no mobiliário já existente e na estrutura do edifício. Essas aproximações, portanto, foram feitas de maneira cuidadosa, em nenhum momento procurando mimetizar o preexistente. A reversibilidade também foi prezada. A escolha da fixação de elementos com adesivo monocomponente no lugar de parafusos, apesar de ainda deixar marcas, protege a integridade do material, uma vez que tais marcas são quase imperceptíveis, e esse material é possível de ser retirado. O mesmo se aplica para a escolha pelo sistema de construção leve nas novas paredes propostas. Já no caso das novas aberturas na cozinha, por exemplo, tal reversibilidade não é encontrada, o que também esbarra em certo descumprimento com a mínima intervenção. Tais escolhas, no entanto, justificam-se pela vontade de qualificar este espaço e explorar sua potencialidade, dando infraestrutura e garantindo

86


uma mobilidade fluida — o que levanta o debate já acalorado dos limites da intervenção, e até que ponto uma ou outra questão deve ser priorizada. Como complemento às premissas da Carta, o grupo ainda se preocupou com as relações afetivas criadas no espaço, responsáveis por caracterizar, junto a outros fatores, a relevância da memória do patrimônio edificado. Para além disso, o fato de o trabalho ter sido realizado à distância impôs mais algumas dificuldades que não puderam ser superadas. Para todo o mobiliário proposto, seria necessária, ainda, a realização de modelos e protótipos, testando seu desempenho e sua aplicabilidade. Já quanto a outras soluções pensadas, talvez o fato de estar presente naquele espaço pudesse trazer ideias mais adequadas; quanto à cozinha e à área de vendas, por exemplo, conversar com os funcionários do restaurante, entendendo suas realidades de trabalho, suas dificuldades e suas demandas, seria essencial. Por fim, há ainda, claro, outros focos e detalhamentos que podem ser dados, aprimorando o projeto. O debate sobre os armários suspensos é o principal deles, mas destaca-se aqui também as especificações dos ganchos das redes no “Museu”; o que fazer com as marcas das esquadrias que hoje delimitam as salas da atlética, grêmio e vivência; e uma maior atenção para a relação estabelecida entre o Piso do Museu e o Piso Caramelo.

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referências bibliográficas BAROSSI, Antonio Carlos. O edifício da FAU-USP de Vilanova Artigas. São Paulo: Editora da Cidade, 2016. 208 p. Cartas Patrimoniais, Rio de Janeiro: IPHAN, 1999. GT PISO DO MUSEU 2015. Relatório síntese com resumo das questões e das posições e propostas das categorias, São Paulo, 24 nov. 2015.

técnicas ADESPEC Adesivos Especiais. Ficha de Dados Técnicos: Prego Líquido. São Paulo. 21 mai. 2013. Disponível em: http://www.adespec.com.br/produtos/ uso/Prego%20L%C3%ADquido.pdf. Acesso em: 13 jan. 2021.

iconográficas Imagens 01 a 03: http://www.nelsonkon.com.br/faculdade-de-arquitetura-eurbanismo-usp/. Imagem 04: Blog Arquitetura Brutalista - Ficha Técnica FAU-USP. Imagens 05 a 08: Adaptadas pelo grupo a partir de bases disponibilizadas pela disciplina.

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Imagem 09: Salf - Modelo Leve. Imagem 10: FG Ferramentas Gerais - Rolamento Rídigo de Esferas 6204. Imagem 11: Quintal Decorações - Trilho Suisso Ultra Deslizante Simples MAX. Imagens 12 e 13: Croquis feitos por um dos professores da disciplina, Antônio Carlos Barossi, durante o período de aula. Imagem 14: REHAU - Sistema de persianas em termoplástico RAUVOLET Interieur.

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anexos anexo 1 Aqui colocamos o formulário disponibilizado a voluntários na forma como é apresentado no site do Google Forms. Clique aqui para acessar a planilha com todas as respostas recebidas na íntegra, e aqui para retornar ao seu resumo.

90


91


92


PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION

anexo 2

MEMORIAL DE CÁLCULO - CORTINAS PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION medida empírica: 0,90 m lineares de cortinas esticadas — 0,20 m lineares de cortinas recolhidas VIVÊNCIAS 81 m de cortinas esticadas — x m de cortinas recolhidas 0,90 m de cortinas esticadas — 0,20 m de cortinas recolhidas x = 16,2 / 0,9 x = 18 m lineares de cortinas recolhidas x / 3 (trilho triplo) = 6 m lineares EXPOSIÇÕES 33 m de cortinas esticadas — x m de cortinas recolhidas 0,90 m de cortinas esticadas — 0,20 m de cortinas recolhidas x = 6,6 / 0,9 x ≈ 7,33 m lineares de cortinas recolhidas x / 2 (trilho duplo) ≈ 3,67 m lineares

Planta Cortinas Recolhidas Vivências medidas em m

Planta Cortinas Recolhidas Exposições medidas em m

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anexo 3

PLANTA DE LOCALIZAÇÃO DAS IMAGENS PRODUZIDAS

A

E

B

D

C H N F

Para rever uma imagem específica, basta clicar na sua letra correspondente.

94


K J G

L

I

M

0 1 2

5

10

95


anexo 4 MEMORIAL DE CÁLCULO - ARMÁRIO FAUANO DADO: 1m² de chapa de aço e = 1 mm — 8 kg 1m² de chapa de aço e = 1,8 mm — ≈ 15 kg

TOTAL DE M² DE CHAPA DE AÇO EM UM ARMÁRIO: ≈ 6,5 m² PESO DE UM ARMÁRIO VAZIO: 6,5 * 15 = 97,5 kg

Possibilidade mais pesada de objetos que podem ocupar o armário: Bloco de 500 folhas A3 (≈ 5 kg) Considerando 3 blocos por gaveta (1 por estudante): + 45 kg por armário TOTAL POR ARMÁRIO: 142,5 kg

Por trilho, há 9 armários (= 1282,5 kg) A menor área ocupada pelos armários (situação mais crítica de concentração de cargas) é no momento em que estão recolhidos (9,36 metros lineares de trilhos). Considerando um trilho de 12,73 cm de lado (necessidade pelo tamanho da roda), tem-se uma área de 11915,28 cm² de contato. Na ficha técnica fornecida pela ADESPEC do adesivo monocomponente prego líquido, encontra-se apenas a resistência ao cisalhamento (que costuma ser menor que a tensão à normal, como é o caso): 70 kgf — 1 cm² x kgf — 11915,28 cm² x = 834069,6 kgf é o peso que a fixação resistiria (aproximadamente 650 vezes maior que o peso calculado anteriormente). 96


Detalhe Trilho Armรกrio FAUano medidas em cm

97




O Museu é contraposição.

É o lugar das assembleias, mas também das festas; resistência e soltura.

É a necessidade do vazio (possibilidade) e do cheio (aconchego).

Palco da correria cotidiana, assim como daqueles que sentam para observar os pequenos detalhes.


São as diversas apropriações, em cada canto dele, todas simultâneas.

Museu é contraposição, e também convivência. Individual e coletivo. E dizemos sempre “e”, não “ou” nem “mas”.


Museu ĂŠ nada, e, ao mesmo tempo, tudo que podemos imaginar.


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