A Tardinha - Bienal da Bahia

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SALVADOR, SÁBADO, 24 DE MAIO DE 2014

PASSEIO NORDESTINO

[ fique sabendo ] O que é uma Bienal?

São feiras que acontecem a cada dois anos. A ideia nasceu no século 19, na Europa. Elas são compostas por exposições, debates, seminários, oficinas. Aqui em Salvador, até então, só tivemos dois eventos desse tipo. O primeiro aconteceu em 1966, e o segundo, seguindo a lógica dos dois anos, em 1968. Sim, a última Bienal da Bahia aconteceu há 46 anos.

Mais do que entender o que é que a Bahia tem, a 3ª Bienal vai além: afinal, o que é que o Nordeste tem?

Fotos Catálogo da 1ª Bienal /Divulgação

DARLAN CAIRES

A

professora até já ensinou que a Bahia fica no Nordeste. Vemos nos livros de história e geografia a grandeza desta região. Não só em tamanho, mas em costumes e tradições. Agora, imagine óculos mágicos capazes de enxergar a imensidão da cultura nordestina com outros olhos? Esses óculos não existem, mas o jeito diferente de olhar o Nordeste, sim. A partir de quinta-feira, começa a 3ª Bienal da Bahia com o tema “É tudo Nordeste?”. Ao visitá-la, você vai enxergar a história do nosso lugar por meio da arte. Isto é, ao ver uma pintura e entender o que ela significa, será revelado um novo modo de pensar a Bahia e o Nordeste. Cada pessoa à sua maneira. Serão 100 dias com oficinas, mostras e visitas a colégios. E você pode participar. O evento não foi criado só para adultos. “O público da Bienal é a espécie humana, e ainda os animais, vegetais e minerais”, disse o curador-chefe Marcelo Rezende. A primeira Bienal que a dançarina Lia Robatto frequentou foi em São Paulo, quando tinha

Trabalhos apresentados na 1ª Bienal da Bahia (1966): coreografia de Lia Robatto e escultura de Frans Krajcberg

11 anos. “Participar daquilo despertou a minha curiosidade e sensibilidade”, contou. Assim como aconteceu com ela, essa pode ser a primeira da sua vida. HISTÓRIA

A primeira vez do evento em Salvador aconteceu no Convento do Carmo em

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1966 e recebeu o nome de 1ª Bienal Nacional de Artes Plásticas. Ele reuniu artistas de todo o país e recebeu apoio do governo do estado. Queriam valorizar as produções artísticas baianas e nordestinas. Em 1968, a 2ª Bienal aconteceu no Convento da Lapa. Mas, dois dias depois da abertura, o evento foi fechado. Só reabriram um mês depois, com 10 obras a menos. Isso aconteceu porque era ditadura militar no país e havia repressão contra todas as formas de expressão, inclusive a artística. Na época, as obras artísticas passavam pela análise do governo. Se achassem que o objeto ia contra os ideais da época, o governo proibia a exibição. “Eles proibiram obras que nunca mais apareceram. Não se podia criar nada novo”, lembrou Lia Robatto, que participou da 1ª edição. “Antes, o destaque era para as cidades do Rio de Janeiro e São Paulo. Essas duas bienais

Por que ela está voltando?

A 3ª Bienal da Bahia quer dar continuidade às edições que aconteceram nos anos 1960. A proposta é resgatar as ideias deixadas para trás. Além de usar a arte para pensar as questões do nosso dia a dia.

Há um tema geral?

Sim. Este ano, a Bienal fala sobre a nossa região. “É tudo Nordeste?” é o tema do evento. Mais do que responder a essa pergunta, a intenção é dar destaque à tradição e à história do nosso espaço.

O que são curadores?

São os profissionais que pensam, montam e supervisionam os trabalhos artísticos. Para a terceira edição da Bienal, foi reunido um time de cinco curadores. São eles: Marcelo Rezende, Ana Pato, Ayrson Heráclito, Alejandra Muñoz e Fernando Oliva.

E o que ganhamos com isso?

mudaram o foco e fizeram de Salvador a capital das artes”, contou o artista Juarez Paraíso. Um dos criadores da Bienal, ele participou das duas edições e estará presente na terceira. ELA VOLTOU

Segundo o curador Marcelo Rezende, é sempre um desafio produzir uma Bienal. “Ela interfere na forma de contar a cultura. Além de resgatar as passadas, para, assim, libertar o imaginário para um futuro”.

O artista visual Arthur Scovino participa da edição em Salvador pela primeira vez. Com o trabalho “Caboclo dos Aflitos”, ele propõe pensar a mistura de raças do brasileiro. “É um trabalho que vai além do Nordeste. Ele é sobre os brasileiros”. Lia Robatto também participa da edição deste ano e compara a arte de hoje com a da época das bienais nos anos 1960. “Antes, era mais emocional e com mais conceitos. Hoje, está muito comercial. Não pode sonhar porque não vai vender”.

Ao visitar uma Bienal, cria-se ou renova-se o interesse pela arte. Além disso, passamos a conhecer o trabalho de artistas do Brasil e do mundo. Ao todo, serão 22 participantes de diferentes lugares. O evento também promove a cultura baiana.

[ vá lá ] 3ª Bienal da Bahia Onde: em Salvador, no Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA). No estado da Bahia: Feira de Santana, Lençóis, Juazeiro, Vitória da Conquista, Canudos, Cachoeira-São Félix, Ilhéus, Alagoinhas. Quando: 29 de maio a 7 de setembro de 2014 Quanto: Gratuito Programação: www.bienaldabahia.com

Mas só tem exposições?

Não. Tem filmes, atividades educativas, oficinas e ações artísticas. A programação será disponibilizada no site www.bienaldabahia.com a partir de quinta-feira.

LEIA MAIS sobre as oficinas de arte e jardinagem na página 6

Como os artistas são escolhidos?

Eles são convidados pelos organizadores. A seleção acontece a partir de pesquisas, análise de documentos e visitas a ateliê.


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