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CLAIRE DE LUNE TECNOMODA

ANA CORREIA M6279 | ANABELA GOMES M6390 | BÁRBARA SOBRAL M6344 | DAVID PINTO M6276 | RUI SOUSA M6225



UNIVERSIDADE DA BEIRA INTERIOR

Design de Moda/2ºCiclo – 1º Ano | 2º Semestre

CLAIR DE LUNE TECNOMODA

ANA CORREIA M6279 ANABELA GOMES M6390 BÁRBARA SOBRAL M6344 DAVID PINTO M6276 RUI SOUSA M6225

Investigação e Análise


No decorrer do desenvolvimento do projecto da disciplina de tecno moda, recorrendo à utilização da tecnologia na área da moda, como nomeadamente a presença dos Leds na indumentária, não inteiramente com um função estética, mas primordialmente, com uma ligação mais comunicativa, e com a destinação de alguma interacção social. Surgiu em aula, a ideia da utilização desta tecnologia, durante as performances de dança, que normalmente se realizam em associação a grandes temas. A dança, é uma forma artística, um método de expressão corporal, e libertação interior, que para além de marcar certos períodos da História social, (como o exemplo da dança Rockabilly, que surgiu no começo de 1950, marcando toda uma década de ‘rock and roll’), podemos também compreender a forte presença das danças típicas da cultura de determinados países, como o Flamenco que é considerado a dança típica espanhola. Para além destas referências da dança como um marco histórico dentro de um contexto sociocultural, também necessitamos mencionar o seu lado expressivo e comunicativo, ou seja, ou seu lado mais artístico. Neste contexto, podemos referir a cultura japonesa, onde gueixas e as artesãs, realizavam várias proezas com o objectivo de entretinimento. A dança que estas realizavam, em junção com uma sonoridade proveniente de instrumentos típicos japonesas, e em coordenação com o vestuário, poderia contar histórias, lentas, ou apenas narrativas. Este exemplo serve assim como uma rampa, para a compreensão da organização de várias áreas artísticas, como a música, a moda, e a dança; na junção de uma objectividade maior, seja ela de comunicação de ideias, de divulgação, etc. Na sociedade actual, a moda tende mais a satisfazer uma vertente metafísica; ou seja, quando mencionamos a área da moda, mencionamos rapidamente a sua função física de protecção. No entanto, dentro de um contexto social actual, apercebemo-nos que evoluiu para a satisfação primordial de uma necessidade psicológica. Actualmente, através da nossa indumentária conseguimos fazer uma diferenciação rápida da classe social, da área profissional, do grupo social ou ideológico. Também devido ao crescimento do Homem, às suas mudanças ideológicas, e à sua formação, levou-se a uma maior necessidade de renovação, e consequentemente, uma busca desenfreada pela singularidade, que desencadeou uma nova função onde o vestuário passa a comunicar gostos e a personalidade individual. Deste modo, a área da moda torna-se parte de um meio criativo e artístico.

Assim sendo, debruçamo-nos por realizar um projecto que aliasse a moda e a dança, sendo factores comunicacionais fortes, associados à vertente contemporânea. Pretendemos de igual modo, fortalecer a promoção das relações humanas, considerando que o furo da tecnologia actual, trouxe algum desligamento nas relações físicas, e no desenrolar de pequenos gestos. Este facto, levou-nos sequentemente a idealizarmos uma dança contemporânea realizada pela presença marcante de uma figura feminina e outra masculina, com uma indumentária com instalação de leds internos, de modo a que estes acendessem luzes durante o contacto humano, e durante a realização dos mais variados movimentos. A presença das entidades masculino e feminino, relembra-nos que vivemos numa sociedade, onde coexiste uma espécie de rede comunicacional; dependemos todos uns dos outros, muito mais do que poderemos imaginar. Sendo a tradicional ideia chave, de que a junção da energia masculina e feminina leva a criação de uma nova vida; a uma continuação e prosperidade. No entanto, após esta estrutura base da realização do projecto, continuou a necessidade pela procura de um tema associado, pelo que nos surgiu então a referência da artista coreógrafa Pina Bausch, onde a mesma produziu uma performance designada por ‘Lilies of the Valley’, com a mesma presença de várias personagens femininas e masculinas, com a introdução de uma nova temática associada ao elemento ‘água’. Surgiu um acordo geral na introdução de este elemento no desenvolvimento do nosso projecto. O elemento ‘água’, é um tema associados a certas ideias particulares; ou seja, naturalmente associamos o elemento fogo à paixão, à guerra e destruição, mas também criação. Mas no caso deste elemento, podemos rapidamente introduzi-lo para comunicar as nossas ideias chave.





No livro ‘Siddhartha’ do filósofo alemão Hermann Hesse surgem passagem que comunicam directamente a relação da água, com as ideias figuradas associadas à mesma; ‘Viu que a água não parava um instante de correr, corria sempre, e contudo estava sempre ali; era sempre a mesma e contudo, a cada momento, era nova.’; ‘E quando aprendi isso passei em revista a minha vida e ela também era um rio, e Siddhartha moço, Siddhartha homem maduro e Siddhartha velho encontravam-se separados apenas por sombras e não pela realidade.’. Neste pequeno conto, existe uma associação da passagem do rio, com as mudanças do ‘Eu interior’ da vida do Homem. Surge a associação do ‘Eu’ do passado, do ‘Eu’ presente, e do ‘Eu’ futuro, sendo ‘pessoas diferentes, mas no entanto, sendo apenas a mesma pessoa’, devido as mudanças frequentes do ser, em consequências das circunstâncias que o mesmo vai vivenciando com o meio e com os outros. O rio, por seu lado, também é apenas um, composto pela corrente que já passou, pela corrente que passa no presente, e pela corrente que ainda irá passar. Tanto o homem como rio, se conduzem ambos para a sua finalidade, o rio conduz-se para a foz e o mar, da mesma forma que o Homem se encaminha para a morte, ou para concretizar os seus objectivos, ou acontecimentos ligados ao destino. O mar possui então, tal como o Homem, várias faces, e várias vozes. Pode estar enfurecido ou calmo. Transmite uma passagem, a mutação da vida e do Ser, onde o mesmo se apresenta em vários estados, (o gasoso, o líquido e o sólido). Pode transmitir a clareza, e em simultâneo, o silêncio do obscuro, e do mistério profundo; ideias que se associam à clareza do conhecimento, e a escuridão do que está por descobrir, ou do que estará para acontecer. Estas ideias subjectivas e intangíveis, não deixam de remeter para ideias concretas, não poderia ser a água, também um elemento denso, forte, e por vezes destrutível, sendo igualmente em simultâneo, difícil de se aprisionar. Assim deste modo, se entende o motivo da utilização do elemento água, no nosso conceito; sendo este também originário da nossa paleta de cores: O branco, o azul e o preto, (estando as cores branco e azul, presentes também nos leds). Sendo estas as cores também associadas ao elemento, o azul natural ao mar, o branco das ondas, e o preto do mar nocturno, e à noite. Com isto, não se pretende uma ligação directa com o elemento, dado à inconveniência no sistema de produção do projecto, mas apenas uma relação. Por fim, fomos de encontro ao tema geral do projecto, transcrito pela música ‘Clair de Lune’ de Debussy, que se traduz pelo reflexo de luar na água, fenómeno de beleza única, onde a água surge aqui como um espelho em movimento, que reflecte ‘a magia do inatingível’; assim como a arte, e como concretamente a dança.




No decorrer do desenvolvimento do projecto, realizamos primeiramente todos os desenhos técnicos fundamentais para a confecção das peças por nós idealizadas, e posteriormente efectuámos a realização dos sequentes moldes. Considerando o tema e o conceito em questão, e decidimos debruçarmo-nos sobre um cenário escuro, e num tom de base de preto, de modo a subentender a noite, sendo esta uma das palavras-chave que interligam à nossa ideia principal, como também já mencionamos anteriormente. O preto está presente em toda a indumentária feminina e masculina, sendo que a cor branco e azul, também como já mencionamos, está apenas presente nos leds, que irão apenas acender, após o contacto físico do bailarino masculino com a bailarina feminina. Para este acontecimento se suceder, realizou-se um circuito primário presente na camisa do dançarino masculino, sobre qual se inseriu a bateria que alimenta o circuito completo, (convém ainda mencionar, que para alimentar todo o circuito, é necessário uma bateria de 9 volts, uma vez tratando de um circuito longo). Na parte superior externa da camisa masculina, na zona traseira, sobre o escapulário, encontra-se um pequeno bolso, onde então ficará guardada a pilha que alimentará todo o circuito. O circuito terá uma ligação interna, conduzida pela zona das mangas, a parte direita da camisa corresponde ao pólo positivo da corrente, e a parte esquerda da camisa, corresponde ao pólo negativo da corrente. Em junção à camisa, realizou-se ainda um par de luvas de napa, que dão continuidade ao circuito através de uma pequena mola, que liga a camisa às luvas, de modo a distribuir a corrente por 4 pontos distintos, localizados em cada ponta do dedo da luva; este fenómeno acontece devido à presença de tecido condutor na zona interna da luva. Na indumentária feminina, ocorreram alguns contratempos no processo da modelagem, pelo que o figurino teve que ser ligeiramente alterado. No entanto, foi possível realizar o circuito com êxito. Nas zonas laterais superiores da indumentária, encontram-se quatro pontos distintos com tecido condutor interno, dando a continuidade da lógica do lado direito corresponder ao pólo positivo eléctrico, e o lado esquerdo ao pólo negativo eléctrico. Substancialmente, estes quatro pólos, após o contacto do dançarino masculino, com a bailarina feminina, conduzirão a energia fornecida pela figura masculina, até a quatro conjuntos de leds que iluminarão, após a recessão da corrente. Na execução do circuito presente na figura feminina, realizou-se a um ponto diferente, de modo a permitir alguma elasticidade, considerando que todo o tecido utilizado na confecção da indumentária feminina, possui alguma flexibilidade, para revelar a silhueta feminina, e possibilitar os movimentos fluidos da dança, de modo confortável. Uma vez que este ponto foi realizado com fio condutor, permitiu consequentemente, que a intensidade da luz dos leds, fosse mais forte, se o tecido for distendido em toda a sua dimensão. Este factor, e também a disposição alienada dos leds, aludam assim, aos movimentos inconstantes da luz da lua, reflectida na água do mar; de modo a anunciar novamente o conceito ‘Clair de Lune’. Foram utilizados diversos materiais na concepção das peças, para além do ordinário tecido de camisaria, e do tecido de licra; como o exemplo de entretelas, de napas, de tecido condutor, e varias finuras diferentes de fios condutores, bem como elásticos.







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