EDITORIAL
Patricia A. Fonseca Diretora Executiva da ABPMA
Todo ano fazemos um material novo para a ABPMA. Um material que possa ser apresentado a todos que queiram conhecer o mogno africano, saber sobre nossos associados, como e porque surgiu esta vontade de se organizarem. Este ano tivemos a ideia de fazer algo diferente, que atingisse um público muito maior, que além de apresentar a ABPMA fosse entretenimento e fonte de informação para quem lesse seus artigos. Concluímos então que o melhor seria uma revista com a possibilidade de distribuição para todos e por todos os lugares. Cuidamos para que tivesse aspecto moderno, interessante e um rico conteúdo. E que fosse a cara do trabalho que a ABPMA tem feito! Esta é nossa primeira edição. Um trabalho amador, feito todo internamente e com a humildade de sabermos que teremos mais erros do que acertos.
A intenção foi das melhores, fazê-la o mais interessante e com a maior abrangência possível do nosso trabalho de 2015. Não queremos parar por aqui e para que fique cada vez melhor, convido a todos que queiram participar. Teremos um canal para receber fotos, artigos contando de suas vivências, coisas interessantes que possam ser divididas, sugestões de matérias, perguntas que podemos dirigir ao nossos colaboradores, enfim tudo que possa enriquecer e fazer desta revista um veículo de comunicação benéfico a todos os plantadores e que não se restrinja apenas aos interesses da ABPMA. Agradeço a gentileza de todos que contribuíram com seu tempo, experiência e generosidade para esta edição. Para todos que não conhecem "por dentro" a ABPMA, espero que tenham uma surpresa agradável com o que temos feito para divulgar o mogno africano. E quem sabe se animam e se juntam a nós nesta tarefa gratificante e geradora de dividendos que é difundir esta cultura maravilhosa!
As primeiras sementes de mogno africano chegaram ao Brasil através de um cônsul da Costa do Marfim que presenteou aos pesquisadores da Embrapa, órgão de pesquisas florestais, no Pará, predizendo que seria o Ouro Verde do País. As primeiras árvores plantadas, deram origem a um vasto plantio, estimado hoje em mais de 15.000 hectares e com tendência a um crescimento vertiginoso. Por suas características de crescimento relativamente rápido em comparação com outras madeiras de lei, seu incremento de massa produtiva, e suas excelentes características físicomecânicas, o mogno africano Khaya Ivorensis tem se tornado a melhor opção para os plantadores de florestas do Brasil e para investidores nacionais e estrangeiros. Além de todos os fatores econômicos a madeira tem se mostrado de fácil manuseio e encantado à indústria moveleira, à indústria de pisos e de laminados. Vários testes estão sendo feitos com o mogno africano em toda a cadeia de aproveitamento já trilhado pelas mais nobres madeiras do mundo. Cada vez mais a excelência do mogno africano khaya Ivorensis, sua beleza incomparável quanto à cor e ao desenho natural vem evidenciando a preferência por esta espécie, mas acima de tudo é uma madeira limpa. Por ser uma madeira de espécie exótica no Brasil, sua procedência é sempre de florestas plantadas e que buscam ser certificadas.
Todos os testes de qualidade da madeira, a produção de alguns móveis e industrialização de laminados e pisos tem sido feitos com o mogno africano procedente de uma floresta no estado do Pará. Esta floresta com árvores de 18 anos de idade, teve corte autorizado pelo Governo Federal do Brasil e pelos órgãos ambientais. É uma das mais antigas florestas plantada no país e seu proprietário, um imigrante japonês que acreditou que o solo e o clima brasileiro produziriam belas árvores, investiu no plantio das sementes. Hoje sua história pessoal faz parte da história do mogno africano no Brasil. Até que possamos dar início ao corte em grande escala dos jovens mognos africanos dos nossos associados, temos buscado antecipar ao mercado brasileiro a extensa utilização desta nobre madeira.
Qualidade Nos últimos 05 anos foi possível perceber avanços significativos na condução dos projetos de reflorestamento para madeira nobre no Brasil. Os investidores continuam atraídos pela rentabilidade dos projetos, porém agora, mostram-se bem mais preocupados com a qualidade das madeiras que serão produzidas. Os critérios de qualidade da madeira são as principais ferramentas de análise do desempenho de um projeto de reflorestamento, pois estão diretamente relacionados ao rendimento da madeira no momento da colheita e na hora de manufaturar. Além disso, são os critérios de qualidade que proporcionam a classificação e a precificação do produto madeireiro final. O mogno africano no Brasil ainda não tem uma cadeia produtiva estabelecida, já que os grandes projetos de reflorestamento com essa madeira tiveram início na última década. Serão necessários mais alguns anos para que se iniciem os primeiros desbastes e colheitas rasas. Mesmo assim, os critérios de qualidade da madeira para o mogno africano não serão diferentes dos critérios universais já estabelecidos para a madeira. Segue abaixo um quadro, com os critérios de qualidade que são analisados em uma tora de madeira roliça, com finalidade comercial padrão:
Levantamento de todas as operações que serão realizadas no projeto. Orçá-las e colocá-las em cronograma aceitável, levando em consideração o aporte de capital disponível e a sazonalidade do clima da região.
PLANEJAR
CUSTOMIZAR
Ter controle sobre o projeto, terceirizando o minimo possível, com objetivo de ganhar desempenho operacional e agilidade nas tomadas de decisões.
AUTONOMIA
Identificação das potencialidades do local (sitio) onde o projeto será implantado, como o clima, relevo, balanço hídrico, solo, comunidade, logística e outros. Explorar tais potencialidades de forma coordenada, além de dar um caráter personalizado ao projeto, evitará frustrações de produtividade e qualidade.
Conhecer, identificar e estudar cada critério de qualidade, é insumo básico para traçar o Planejamento Estratégico Florestal ( PEF ). O PEF é hoje uma das principais ferramentas de gestão de projeto de reflorestamento de madeira nobre, que visa: Além disso, o longo prazo e o alto investimento em um projeto de reflorestamento com mogno africano, não permite a hipótese de se cortar madeira desclassificada e defeituosa.
REDUÇÃO DE CUSTOS
O resultado com qualidade é a contemplação da operação perfeita. Ou seja, Gastar o capital necessário para se produzir o maior volume de madeira com a melhor qualidade possível, expressando assim, o ponto ótimo de rentabilidade.
RESULTADO COM QUALIDADE
A soma dos benefícios: planejar bem, aproveitar os potencias da região e desempenho operacional ajustado, sem dúvida trarão reduções significativas dos custos de produção da madeira por metro cúbico.
Podemos afirmar que para o sucesso pleno, duas vertentes precisam chegar juntas e equilibradas: Qualidade e Quantidade. Altas produtividades não serão suficientes para entregar o melhor resultado possível. Precisamos estar atentos, como agentes reflorestadores de mogno africano, o quanto a busca pela produtividade máxima e a redução de custos (fixos e variáveis), afeta a qualidade em todos os critérios apontados. João Emilio Duarte Engenheiro Agronomo
Desde sua fundação no ano de 2011, nossos olhares já miravam um horizonte para além de nosso território. Mantivemos sempre conosco um dos nossos ideais que era associar o maior número possível de plantadores para fortalecer e materializar nossos objetivos. Fizemos um trabalho de formiguinha levando nossa Missão e mostrando nossas ações por todos os lugares que passamos. Certos estávamos de que a melhor forma de convencimento seria nosso trabalho. Grata surpresa aconteceu em uma conversa informal com o André .., pequeno plantador mas entusiasta da cultura. Foi me contando sobre um, outro, e mais outro, plantador de sua região. Falou sobre como discutiam sua soma de quase 1200 hectares de plantios, trocavam experiências e como se sentiam orgulhosos de fazerem parte da "Comunidade Mognista de Corinto". Esse plantadores tinham em menor escala tudo aquilo pelo que lutamos para a Associação!
Como trazê-los para a ABPMA sem desfazer o que tinham de mais precioso que era este sentimento de comunidade? Veio daí a ideia de criarmos a 1a Regional da ABPMA- Regional Corinto Através do André fizemos esta ligação entre alguns produtores e a ABPMA, e em um encontro formalizamos a intenção mútua de adquirirmos mais corpo e força para tantas questões que individualmente será impossível serem esclarecidas. No dia 19 de março deste ano, o presidente da ABPMA Ricardo Tavares, e a diretora executiva Patricia Fonseca, receberam com satisfação alguns dos plantadores da Comunidade e foi selado o compromisso. Será nomeado um Diretor Regional que atuará como elo de ligação, trazendo os anseios e experiências da Comunidade e levando as pretensões e respostas da ABPMA a nível nacional. Sejam muito bem vinda a Comunidade Mognista de Corinto! Patricia Fonseca Diretora Executiva da ABPMA
Corinto, cidadezinha de aproximadamente 23.000 habitantes, formada de solo rico e vermelho do cerrado. Situada no centro geográfico das Minas Gerais, famosa por ser entroncamento de ramais férreos que cruzavam o estado, cidade prometida como próspera no início do século passado. Promessa essa, registrada nas primeiras páginas de uma das maiores obras literárias: “Curralinho (antigo nome de Corinto), lugar de prosperidade...” , do Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa. Bem, a promessa durou pouco, mas deixou um legado para todos que um dia foram forasteiros e lá decidiram viver: o compromisso de hospitalidade ao receber outros que chegassem. Este legado é um dos pilares que sustenta o sucesso que a Comunidade Mognista de Corinto hoje alcança: idéias novas, gente nova, cultura nova... Tudo isso é motivo de desafios prazerosos para quem é de Corinto. Sendo eu de Corinto, penso que nossa familiaridade com a madeira vem desde a época dos "caminhos de ferros" do Brasil e suas locomotivas com caldeiras que necessitavam de lenha, ou do pólo do gusa em Sete Lagoas, município próximo, que também necessitava de madeira para os fornos de suas siderúrgicas
Além desta afinidade nata, interessei-me pela cultura de madeiras nobres, em especial o mogno. Era 2009, ano que serviu de divisor para a região descobrir sua vocação e decidir entre plantar eucalipto ou madeira nobre. Um dos fatores decisivos foi um estudo feito por um grande pesquisador apaixonado pelo mogno africano, sobre a viabilidade de se plantar a espécie Khaya ivorensis na região. A conclusão deste estudo foi a que a região tinha as características propícias às exigências desta variedade de espécie Outro fator foi a vinda de paulistas, cariocas, catarinenses, paranaenses e descendentes de europeus para nossa região com o mesmo objetivo: explorar a silvicultura. Vários outros fatores pessoais influenciaram este começo. Um deles foi a disponibilidade de 1,5 hestares que eu tinha para plantar. Outro, o bom relacionamentos com clientes e muitos amigos, advindo do trabalho por 10 anos em uma empresa do ramo agropecuário. Neste meio pude propagar a cultura do mogno africano e nesse período firmei uma parceria informal com um bom viveiro de Goiás-GO que também contribuiu com a introdução da cultura na região. A região passou a ser um "polo do mogno" quando um diretor de uma grande e renomada indústria moveleira resolveu plantar
1º Mogno africano (K. ivorensis) plantado em Corinto (por Andre Martins) em novembro 2010.
Comunidade Mognista de Corinto reunida com a equipe Atlântica Agro na fazenda da Garça (Produtor: Eurico Miranda). Agosto 2014.
um pouco de mogno africano (aprox. 20 ha.) na região, e assim vários outros também o fizeram. Atualmente a Comunidade Mognista de Corinto e região num raio de aproximadamente 80 quilômetros, envolve as vizinhas Curvelo, Lassance e Augusto de Lima com suas grandes áreas que hoje somam aproximadamente 1.200 ha. Resumo o sucesso dessa sintonia entre os produtores da região numa menção honrosa que recebi durante a visita do professor Moacir Medrado, pesquisador e chefe da Embrapa Rondônia, quando em 2015 esteve em meu sítio em Corinto e disse: “Esta visita à Comunidade Corintiana foi a que mais me tocou.” Foi o primeiro reconhecimento em âmbito nacional e muito emocionante! Hoje sou responsável pelo setor de Propagação da cultura e Comércio de mudas no maior viveiro produtor de mogno africano: A Atlântica Agro. Ao olhar para o passado e ver quantas árvores de mogno estão plantadas na redondeza, sinto uma grande satisfação de ter sido um precursor do plantio na região, de ser um corintiano nato, filho de pais forasteiros que aqui chegaram. E é com o mesmo espírito e com o mesmo comprometimento que dou boas vindas, me envolvo com quem chega a Corinto hoje pra plantar mogno, e com as boas ideias que trazem!
Andre L. Martins Agente Comercial e Produtor Rural Corinto (2016) com suas imponentes áreas.
MOSTRA BLACK
2015 . SAO PAULO Museu da OCA . São Paulo
Como descrever a Mostra Black? Não poderia simplesmente chamá-la de "mostra de decoração" nos padrões das que acontecem no Brasil, onde os espaços de exposição tem que ser adquiridos pelos arquitetos e decoradores. Desde sua criação a Mostra Black teve como premissa mostrar a tendência da decoração e do design de alto luxo.
Para credibilidade e transparência manteve sempre a postura de convidar, sem custos, os decoradores e arquitetos mais destacados do momento, formadores de opinião, sempre à frente de seu tempo. e lançadores de tendências.
Polt Mog por Zanini de Zanine
Achamos que o mogno africano se encaixaria perfeitamente nesta filosofia, por sua importância como tendência do uso consciente da madeira para o futuro próximo. As florestas plantadas de madeiras nobres já são consideradas um bem da humanidade contra o desmatamento desenfreado.
Aparador Laminado por Juliana Vasconcellos
Por Patricia Fonseca
Espaço ABPMA
contece anualmente a ARTRio/IDA, duas mostras de arte que não poderia considerar apenas Feiras de artes. No intuito de mostrar e comercializar obras de arte de todo o mundo, a ARTRio acontece em um dos lugares mais bonitos do Rio de Janeiro, o Píer Mauá. Todo revitalizado a exemplo de antigos portos de grandes cidades, o Pier Mauá teve seu entorno mudado tendo como seus vizinhos o MAM, Museu de Arte Moderna e o Museu do Amanhã, recentemente inaugurado. Não poderia ser escolhido melhor lugar para esta sofisticada Mostra de Arte! Há dois anos surge então a ideia de instalar no mesmo local a IDA, Mostra de Design. Porque não mostrar a este público internacional e já frequentador da ArtRio, o melhor do design brasileiro? Designers reconhecidos foram chamados a exporem seus trabalhos numerados em edições limitadas, através de móveis, instalações, objetos funcionais e decoração. Pensamos então que este seria o melhor lugar para apresentarmos nossa madeira! Confiantes da qualidade e beleza do mogno africano, formamos um grupo excepcional de artistas premiados por seus trabalhos e a cada um foi fornecida a Madeira para que executassem o que bem entendessem! Queríamos que a Madeira inspirasse cada um, que cada um colocasse ali sua assinatura no jeito de fazer o que sabem! E sabem muito bem!
Banco Longo por Zanini de Zanine
Corações de Mogno por Paulo Alves O resultado foi surpreendente pelo visual elegante do nosso espaço, pelo Dream Team de designers que participaram e pelo volume de mídia espontânea gerada pelo assunto ainda fresco para os brasileiros, que é o Mogno Africano. Em 2016 estaremos novamente nesta vitrine internacional, com nosso Dream Team encorpado de mais designers, com boas surpresas para quem gosta do belo!
aulo Alves, a infância no interior e o legado de Lina Bo Bardi, os fundamentos da marcenaria artesanal e a inspiração na arte concretista se misturam na obra de Paulo Alves, que completou recentemente 20 anos de carreira. A inventividade e maestria no trabalho com madeira são marcas do trabalho de Paulo Alves, que teve seu aparador Mogno reconhecido com o Prêmio Madeiras Alternativas no Salão Design 2016.
Foto: Jeferson Soldi
Salão Design é a vitrine do design, responsável por promover ações por meio de premiação de design e projetos paralelos. O objetivo do prêmio Salão Design é integrar a criatividade e a inovação tecnológica por meio do design e destacar a capacidade e o talento de profissionais, estudantes e indústria. Escolhem 15 premiados pelos melhores designs
de produtos da América Latina e ainda tem os troféus Madeiras Alternativas, Professor Orientador e oito menções honrosas. É realizado há 28 anos pelo Sindmóveis e em 2016 chegou a 20ª edição. Acontece junto aos dois grandes eventos da entidade: a Movelsul Brasil e a Casa Brasil.
DMAIS DESING 2015. MINAS GERAIS
Patricia Fonseca, Matheus Barreto e Juliana Vasconcellos Sergio Zobaran, Mônica
EXPOSIÇÃO 50 anos MARIA BETHANIA .PAÇO IMPERIAL . RIO DE JANEIRO 2015
As florestas naturais estão diminuindo em todo o mundo, e a consequente perda de biodiversidade e as mudanças climáticas deverão trazer ainda novas e drásticas alterações. Nesse contexto, está se tornando cada vez mais importante a produção de madeira e outros produtos advindos de plantações, como uma alternativa à demanda crescente de produtos florestais para os mais diversos fins. Por ser uma atividade de longo prazo, a produção florestal exige tanto investimentos quanto motivação, adequados para que se possa alcançar seus objetivos. Além disso, deve ser sempre acompanhada de medidas que possam reduzir os riscos inerentes ao negócio. Entre esses riscos estão vários aspectos que incluímos no tema “Sustentabilidade”. O manejo florestal “sustentável” ou o “bom manejo” pode ser definido como o manejo florestal ambientalmente adequado, socialmente benéfico e economicamente viável. Uma produção florestal que não atende às leis ambientais, ou que gera conflitos com as comunidades do entorno, ou que não respeita os direitos de seus trabalhadores, está sujeita a maiores riscos do que empreendimentos que são geridos de forma responsável. Uma das ferramentas que confere credibilidade aos investidores e consumidores e que oferece uma estrutura geral para conduzir um negócio florestal sustentável é a certificação pelos padrões do FSC - Forest Stewardship Council. O FSC foi fundado em 1993, sendo uma organização internacional independente, formada por representantes do movimento ambiental, pesquisadores, produtores de madeira, comerciantes de produtos florestais e populações tradicionais. Por meio de um processo participativo, o FSC estabeleceu Princípios e Critérios para a certificação voluntária do “Bom Manejo Florestal”. A certificação é o processo independente de verificar se o manejo florestal alcança os requisitos de determinado padrão ou norma. Avalia a conformidade de uma unidade de manejo florestal com o padrão. Quando é combinada com uma avaliação da cadeia de custódia, da floresta ao
produto final, um “selo verde” pode ser usado para identificar os produtos provenientes de florestas bem manejadas. Em vinte anos, a certificação florestal consolidou-se como uma forte ferramenta de mercado no Brasil e no mundo. Atualmente, existem mais de 186 milhões de hectares de florestas certificadas em 80 países, sendo que no Brasil a área certificada ultrapassa 6 milhões de hectares (florestas nativas e plantações florestais). Em alguns mercados, como o de madeiras tropicais, a certificação é condição para a realização de negócios. Entretanto, é importante ter sempre em mente que os mercados que demandam produtos sustentáveis certificados também exigem produtos de alta qualidade, garantia de fornecimento e preços competitivos. Em muitos casos, os produtos certificados entram em mercados onde a qualidade é particularmente importante, como na indústria moveleira e outros produtos de madeira sólida. Os consumidores dispostos a pagar um preço “premium” por produtos que tenham um selo verde não irão se satisfazer com produtos de baixa qualidade, mesmo que sejam produzidos de maneira ambientalmente correta. Um grande aprendizado nas duas décadas de certificação florestal no Brasil diz respeito à sua utilização como estrutura geral para uma boa gestão do empreendimento florestal. Os Princípios e Critérios do FSC fornecem uma referência para o manejo responsável, indicando boas práticas nos âmbitos social e ambiental, bem como no econômico e operacional. A certificação pode contribuir efetivamente para a redução dos impactos ambientais negativos, para um melhor relacionamento com comunidades e trabalhadores, para monitorar e avaliar o desempenho do negócio e comunicar seus resultados às partes interessadas, incluindo aos seus investidores. Conforme mencionado anteriormente, a certificação pode ser útil para reduzir o risco de empreendimentos florestais aos investidores, seguradoras e doadores. Por exemplo, alguns bancos internacionais que investem em floresta e agricultura estabeleceram compromissos para usar
certificações de sustentabilidade como critério em seus procedimentos de análise de risco, visando garantir que seus investimentos não possuem impactos sociais e ambientais negativos. As seguradoras podem também usar a certificação como um meio de gerenciar seus riscos, considerando-se que uma floresta certificada estaria menos sujeita a danos por conflitos sociais ou impactos ambientais. É importante salientar que a certificação não se limita a grandes empresas ou produtores individuais
que possuem grandes extensões de florestas. É também um a alternativa para pequenos empreendimentos e associações de produtores florestais. A certificação em grupo pode auxiliar na superação de algumas barreiras enfrentadas pelos pequenos produtores para alcançar o certificado, como os custos de implementação dos padrões e das auditorias. A certificação em grupo permite que vários pequenos produtores florestais trabalhem juntos como uma única organização, conduzida por um gestor do grupo. Uma associação de produtores poderá desempenhar o papel de gestor e solicitar a certificação em nome de seus associados. A certificação em grupo tem dois componentes: - Os requisitos aplicáveis ao gestor do grupo ou à Associação, que deve demonstrar que está preparada para administrar e monitorar as atividades dos produtores associados, assegurando que os padrões de sustentabilidade estão sendo seguidos em cada fazenda. - Os requisitos aplicáveis em nível do produtor e de sua área, que deve demonstrar que está conduzindo a sua floresta ou plantação de acordo com os padrões. Pensando em uma estratégia para produção e comercialização da madeira de mogno africano produzida no Brasil, tanto a qualidade quanto a sustentabilidade devem ser consideradas desde o início dos projetos. Existem diversas perguntas ainda não totalmente respondidas quanto às práticas silviculturas mais adequadas para cada região, ao manejo das plantações e aos impactos que tais práticas podem ter sobre a produtividade da floresta e a qualidade da madeira. Por outro lado, os Princípios e Critérios para o manejo responsável ou sustentável já se encontram definidos e podem ser implementados pelos produtores de mogno africano, para que possam, desde já, se preparar para as futuras exigências do mercado. Aurea M. B. Nardelli, é engenheira Florestal, Mestre e Doutora em Ciência Florestal pela UFV. Tem 20 anos de experiência na área de sustentabilidade, sendo consultora de diversas empresas florestais no Brasil. Desde 2013, é também Diretora Regional da RSB – Roundtable on Sustainable Biomaterials para a América do Sul.
Presidente do Grupo Montesanto Tavares, conjunto de empresas que abrangem toda a cadeia do ramo cafeeiro, desde o plantio até a exportação para todo o mundo. Seguindo sempre seus instintos empresariais, tornou realidade vários projetos ousados e inovadores. Um deles é o mogno africano, espécie outrora desconhecida no país. Atual Presidente da ABPMA.
São Paulo Fashion Week . 2015 | Espaço do Desing Paulo Alves
Mesa redonda com designers parceiros da ABPMA
Mesa redonda com designers parceiros da ABPMA
Workshop Internacional de Mogno Africano - IBF
os dias atuais, a floresta tem sido tratada não apenas como uma fonte de produção de madeiras, mas também devido aos seus usos múltiplos como fonte de resinas, gomas, produção de mel e outros tipos de alimentos, bem como óleos essenciais para produção de biofármacos e cosméticos . Podemos dizer, sem sombra de dúvidas que em muitos casos, os produtos chamados de não-madeireiros são até mais nobres e às vezes até mais valiosos que a própria madeira. As plantas e produtos de origem animal e mineral têm sido utilizados desde os tempos remotos em rituais de cura, magia e religião, bem como na culinária e na cosmética. Plantas aromáticas e seus óleos essenciais têm sido utilizados não só em medicamentos, como antibióticos e outros, mas também como aditivos de fragrâncias e sabor em alimentos, ou ainda como agentes inseticidas para repelir insetos e proteger produtos armazenados. A seguir uma relação de produtos não-madeireiros que podem ser produzidos pelos mognos-africanos. PRODUTOS NÃO-MADEIREIROS QUE PODEMOS OBTER DOS MOGNOS AFRICANOS
Medicamentos Todas as espécies do gênero Khaya tem grande potencial para produção de medicamentos. Sabe-se que a casca de Khaya ivorensis é amarga e largamente empregada na medicina tradicional e popular. A decocção da casca é tomada para tratar tosses, febres e anemias e é aplicada externamente em feridas, lesões, arranhões, úlceras e tumores. Como analgésico, pode ser utilizada para tratar dores reumáticas e lumbago. Das raízes, a polpa macerada é aplicada como
enema, para tratar problemas de disenteria. Brotos novos esmagados e folhas são aplicados externamente, como analgésico. Existe um grande potencial para se usar esta espécie como medicinal, no entanto, há uma necessidade de pesquisas científicas que possam comprovar as atuações dos bioativos desta espécie e seus efeitos medicinais para uso comercial de grande escala. Em relação à Khaya senegalensis, uma outra espécie plantada por muitos produtores tem-se as seguintes informações sobre o uso da casca como medicamentos: é amarga e altamente valorizada na medicina tradicional, pois seu cozimento ou sua maceração é muito eficaz contra a febre causada pela malária, além de ser útil contra problemas de estômago, diarreia, disenteria e anemia, e como analgésico em casos de reumatismo e dores de cabeça. Também é utilizada como tônico e anti-helmíntico, além de purgante, antídoto e abortivo. É eficiente, também, no controle de doenças como sífilis, lepra, catarata e angina. Pode ser aplicada externamente como desinfetante em casos de inflamações, e doenças de pele como erupções, sarnas, ferimentos, úlceras, bolhas e hemorroidas. Também é usada na medicina veterinária. Produção de Cerveja É sabido que no Camarões (África) a Khaya senegalensis é muito utilizada na produção de cervejas artesanais. Como a casca de Khaya ivorensis é igualmente amarga, tudo indica que também se presta para esta finalidade.
Saboaria As sementes atualmente tem um custo bastante elevado, devido a dificuldade de sua obtenção em grandes quantidades. No entanto, em muitos países africanos, onde se tem grandes quantidades de sementes, estas têm sido
utilizadas maceradas para obtenção de óleos para fabricação de sabões de excelente qualidade. Cosméticos variados Hoje em dia, tem-se verificado um crescimento enorme das fábricas de cosméticos no Brasil e no mundo inteiro. Empresas têm sido abertas em vários pontos do país sob o lema de usos de produtos naturais em seus produtos. Temos visto várias indústrias de “Cosméticos Naturais” sendo abertas em muitas cidades do Brasil. O volume de fatura mundial da indústria cosmética é considerável. Os consumidores gastam por ano US$ 250 bi para seus produtos de higiene pessoal! Nos mercados em países industrializados as faturas são estáveis em alto nível, mas nos países em desenvolvimento e no "3o mundo" estão em crescimento de quase 10% por ano. Mais forte ainda a indústria brasileira de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos: nas últimas décadas os números referentes ao setor dos cosméticos no Brasil não param de crescer. Segundo o Panorama do Setor de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos, divulgado pela Abihpec (Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos) em abril de 2010, a indústria brasileira de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos teve um crescimento médio, já descontando a inflação, de 10,5% entre 1996 e 2009; o faturamento saltou de R$ 4,9 bilhões em 1996 para R$ 24,9 bilhões em 2009. Junto se desenvolveu a participação das mulheres no mercado de trabalho; a utilização de tecnologia de ponta e um aumento da produtividade. Em 2014 o setor cresceu por 11,8% sobre 2013, atingindo um faturamento de 42,6 bilhões de reais (Abihpec). Em relação ao mercado mundial o Brasil ocupa a terceira posição em venda de cosméticos. É o primeiro mercado em desodorantes; segundo em produtos infantis, produtos masculinos, higiene oral, proteção solar, perfumaria e banho; terceiro em produtos para cabelos e cosmético cores; sexto em pele e oitavo em depilatórios. Existem no Brasil quase 1.700 empresas atuando no mercado de produtos de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos, sendo 14 empresas de grande porte.
Em 2006 já existiam 15 empresas brasileiras de cosméticos que produziam nanocosméticos, principalmente para produtos antirrugas, anticelulite, cremes, loções para o corpo, gel anti-estrias, produtos para a área dos lábios e dos olhos e máscara facial e maquiagem com fotoprotetor, entre outros. A figura a seguir discrimina as despesas dos consumidores, conforme a finalidade do produto cosmético. Mercado de produtos cosméticos
Dadoseconômicos do setor de cosméticos (valores de 2010, Abihpec)
Sem dúvidas os mognos-africanos do gênero Khaya têm grande potencial para crescer ainda mais esta indústria de cosméticos. Através de informações de dados de pesquisas, foi nos relatado que as folhas e brotos de mogno africano da espécie Khaya ivorensis tem um alto teor de proteínas. Chega mesmo a ser maior que muitas leguminosas conhecidas como o feijão. Deste modo, surgiu a ideia de utilizar extratos foliares para confecção de “shampoos e condicionadores”. Já que existe no mercado, muitos produtos deste tipo elaborados com proteínas do leite de cabra, proteínas da seda, porque não “proteínas do mogno-africano”? Coletamos então folhas novas de Khaya ivorensis e fizemos uma coleta de dois tipos de extrato foliar: um alcoólico para usar na confecção de “shampoos” e outro glicólico para usar na produção de “Condicionadores” e também como emoliente e hidratante de peles ressecadas. Os “shampoos” tiveram uma grande aceitação por parte de quem usou, melhorando muito os cabelos e saúde do couro cabeludo. O mesmo aconteceu com os “condicionadores”. Os cremes hidratantes serão confeccionados dentro de alguns meses, pois, muitos testes ainda
estão sendo feitos para verificação da integridade dérmica da pele. Até o momento, os resultados são muito promissores. Os cremes podem ser usados apenas com o extrato de mogno-africano ou associados a outros extratos e óleos já conhecidos e usados em indústrias de cosméticos como por exemplo o óleo de sementes de damasco, de pêssego, de sementes de uva e extratos de arnica etc. Muitas pesquisas ainda serão feitas para outras opções. A seguir os principais produtos naturais e seus efeitos em usos cosméticos.
01
Nesta tabela, podemos observar a importância das proteínas, especialmente para os cabelos e consequentemente para produção de “shampoos e condicionadores”. Antônio Lelis Pinheiro Departamento de Engenharia Florestal Universidade Federal de Viçosa-MG
Produtos naturais e extratos, usados em Colágenocosméticos. natural
Fluído viscoso, termo-sensível, contendo 3% de colágeno puro extraído de tecido bovino. É indicado para tratamento de pele seca, desidratada e envelhecida. Corrige danos causados pela radiação solar, combate rugas. É usado na formulação em 2 a 10%.
02
Elastina
03
Placenta
04
Proteína
05
Lanolina
06
Manteiga de Karité
07
Queratina
Proteína termo-estável (= resiste à fervura). Aumenta a elasticidade da pele, portanto é usada no tratamento de celulite e rugas. Ajuda em reter a umidade natural da pele, na restauração e no condicionamento de tecidos. É hidratante para cabelo. É usado de 1 a 10%.
Gel líquido feito de placenta bovina, promove a regeneração celular, usado em cosméticos anti-envelhecimento. Concentração: 1 a 5%.
Extrato de tecido animal ou vegetal, tem a finalidade de fornecer nutrientes à pele e ao cabelo. Possui efeito restaurador, protetor, confere uma textura agradável à pele e maciez, volume e brilho ao cabelo. Retém a umidade da pele e protege o cabelo de substâncias agressivas do ambiente.
Substância gordurosa extraída da lã do carneiro; é usado como emoliente. Concentração: 1%.
Emoliente para pele e cabelo, extraído de uma árvore africana.
Protetor da pele, extraído de uma árvore africana.
“Foi de fato uma grande surpresa pois toda minha equipe de forma espontânea elogiou a espécie pela sua maciez. Uma madeira fácil de trabalhar e de um tom que contribuiu muito para valorização da estética final do móvel nesse caso.”
“É uma madeira fácil de se trabalhar. Medianamente leve e macia. Não apresenta torções importantes. Tanto o processamento, como o acabamento foi muito facilitado pelas características da madeira.”
“Permite a combinação com diferentes materiais e dá ao designer bastante flexibilidade no desenho dos móveis. O mogno africano é um material nobre e atemporal que traz solidez e elegância em sua aplicação.”
“O governo deveria incentivar este projeto , pois considero que esta seria uma excelente opção para preservarmos o que sobrou de nossas florestas tropicais, e mudar-mos esta cultura de depredação.”
“Faixas são destacadas com acabamento diferenciado, mostrando a capacidade de se alterar sua tonalidade e mesmo assim preservar sua belíssima característica natural.” Os “tapetes” de madeira paginados por Thiago Barros foram os primeiros assoalhos em mogno africano Khaya Ivorensis produzidos pela Indusparquet para serem apresentados na IDA . ARTRIO 2015. A Indusparquet, indústria de pisos de madeira de alta qualidade está presente em mercados de praticamente todo o mundo. Em parceria com a ABPMA está testando o mogno africano.
“Aceitei pra conhecer melhor o Mogno, explorar seu potencial no futuro e pelo desafio!”
“O desafio e a inovação é que movem uma pessoa. Descobrindo coisas novas é que nos aperfeiçoamos, aprendemos. Com isso, decidimos trabalhar com uma madeira nova, que não estávamos habituados à trabalhar.”
“A Hermes Ebanesteria em um trabalho minucioso produziu o Cobogó de Juliana e Matheus desenhado exclusivamente para ser apresentado na IDA 2015. E confeccionou as letras caixa da ABPMA em mogno maciço.”
omecei a investir no mogno africano (Khaya Ivorensis) em 2008. No início éramos dez sócios e plantamos cerca de 100 ha no município de Nova Porteirinha, no norte de Minas Gerais. Conforme aprendíamos mais sobre a cultura e o mercado de madeira nobre, nosso interesse pelo investimento aumentava. Passamos a comprar mais áreas no norte de Minas e a aumentar nosso plantio. Amigos e conhecidos também se interessaram pelo projeto, e pouco a pouco novos sócios foram entrando no negócio. Hoje somos um grupo de 3 empresas e 20 sócios, possuímos 800 ha plantados e até 2018 teremos 1.450 ha de mogno africano. Até 2014 eu participava do projeto como sócio, realizando aportes mensais na empresa para custear todo o investimento e custo de manutenção da floresta. Na medida em que nosso projeto crescia, minha preocupação com algumas questões também aumentava. Eu estava colocando uma parcela cada vez maior do meu patrimônio em um negócio que eu praticamente não conhecia. Minhas principais dúvidas eram: existe mercado para o mogno africano? Se existe, ele é suficiente para absorver o volume de madeira que vamos produzir? Qual o preço médio de venda? Qual o melhor produto a ser vendido? Qual a melhor forma de agregar valor à produção? É importante buscar certificações ambientais (FSC)? Nosso crescimento médio anual está dentro do esperado? O que fazer para melhorar a produtividade e qualidade da nossa madeira? Por mais que eu quisesse pesquisar e conhecer as respostas para estas perguntas, não conseguia me dedicar ao assunto de forma satisfatória. Eu trabalhava em outra empresa e não tinha muito tempo disponível para aprender mais sobre o negócio de madeira nobre. Para minha sorte, em agosto de 2014 meus sócios me convidaram para ser o CEO de nosso Grupo, que estava crescendo rapidamente ano após ano. .
Desde então, passei a me dedicar inteiramente ao nosso projeto, procurando conhecer cada vez mais sobre os processos de implantação e manutenção florestal, os diversos produtos que podem ser obtidos a partir do mogno africano, os processos industriais para cada tipo de produto, volumes e preços de mercado, etc. Minhas principais fontes de conhecimento foram os encontros e palestras organizados pela ABPMA (Associação Brasileira de Produtores de Mogno Africano), websites e boletins de instituições que divulgam informações sobre o mercado e a indústria da madeira (ITTO – International Tropical Timber Organization, Painel Florestal, SNIF – Sistema Nacional de Informações Florestais, Imazon, AIMEX – Associação das Indústrias Exportadoras de Madeira do Pará, Remade – Revista da Madeira,
ABIMCI – Associação Brasileira da Indústria da Madeira Processada Mecanicamente, dentre outros). Além disso, realizei várias visitas a outros plantios de mogno, marcenarias, indústrias de madeira e revendedores, conversando bastante com diversos profissionais que atuam neste mercado há anos. Após a análise de todas as informações que consegui obter ao longo de quase 2 anos de trabalho, comecei a ficar bastante tranquilo com relação ao nosso projeto. O volume de mogno africano que será produzido no Brasil é muito inferior à demanda global por madeira nobre. Segundo a ABPMA, estima-se que há cerca de 15.000 ha de mogno africano plantado no Brasil. Em uma estimativa conservadora, esta área poderia produzir cerca de 6 a 8 milhões de m3 de toras, ou de 3 a 4 milhões de m3 de madeira serrada. Isto se todos os plantadores colhessem e processassem toda a madeira no mesmo ano, o que não ocorrerá. De acordo com o ITTO – International Tropical Timber Organization, a produção mundial de toras de madeira tropical é de 170 milhões de m3 / ano.
A produção de madeira tropical serrada é de cerca de 40 milhões de m3 / ano. No Brasil este números são de 100 milhões de m3 de toras e de 16 milhões de m3 de madeira serrada. Nestes números está incluído o eucalipto, que é uma madeira tropical mas não é uma madeira nobre. Outra comparação pode ser feita a partir dos dados do Imazon, que apontam que na região amazônica são cortados cerca de 14 milhões de m3 de toras / ano e produzidos cerca de 5 milhões de m3 de madeira serrada / ano. Claro que os números acima representam o consumo de várias espécies distintas, mas o histórico do mogno africano (conhecido mundialmente como khaya) é bastante positivo, possuindo grande aceitação no mercado. O mercado de mogno brasileiro no Brasil e no mundo deixou de existir devido à quase extinção desta espécie e da consequente proibição do seu corte, e não por que o “mogno saiu de moda”, como alguns dizem. A madeira nobre da moda é a que está disponível nas florestas nativas, por isso varia conforme a disponibilidade de cada espécie: no início foi a era do pau-brasil, em outro momento foi o mogno, angelim, cedro, sucupira, ipê, jacarandá, e assim por diante. O mogno brasileiro já se mostrou uma madeira extremamente valorizada e aceita pelo mercado nacional e mundial. O mogno africano (Khaya Ivorensis), já é comercializado em todo o mundo a partir da África e tem grande aceitação, além de ser bastante semelhante ao mogno brasileiro. Além disso, o mogno africano plantado no Brasil possui um grande apelo ambiental, já que é uma cultura sustentável que contribui para a diminuição do desmatamento no mundo. Importante observar que os órgãos de fiscalização ambiental estão reprimindo cada vez mais a extração ilegal de madeira, reduzindo bastante a oferta de madeira nobre no mercado. Da mesma forma, os grandes compradores estão mais atentos para a origem da madeira que compram, inclusive valorizando mais os produtos provenientes de reflorestamento e manejo sustentável, principalmente com certificações ambientais. Pessoas que comercializam madeira no mundo já mencionaram que alguns mercados já exigem selos ambientais obrigatórios (como o FSC, o mais reconhecido mundialmente), e que alguns clientes chegam a pagar até 20% a mais por produtos com este selo. Sendo assim, não resta dúvidas de que o mercado para o mogno africano plantado existe e tem um grande potencial de crescimento. É um nicho de mercado quase inexistente nos dias atuais: madeira nobre reflorestada.
Com relação ao preço de venda do mogno africano, o site do ITTO emite relatórios quinzenais com os preços de várias madeiras nobres comercializadas no mundo. Os preços do mogno africano (Khaya Ivorensis) tem girado em torno de 230 Euros para toras e de 460 até 1000 Euros para madeira serrada, dependendo do tipo de secagem (natural ou estufa) e local de origem. Outro ponto que tenho estudado é qual a melhor forma de agregar valor ao nosso projeto. É certo que quanto mais se avança na industrialização da madeira, maior a agregação de valor. Madeira serrada, produtos de marcenaria, móveis, portas, janelas, laminados, compensados, pisos, decks, assoalhos, dentre outros produtos, são algumas das várias possibilidades de agregação de valor na madeira. Contudo, algumas indústrias requerem altos investimentos, outras possuem muitos concorrentes, outras possuem produtos substitutos da madeira, outras possuem processos industriais complexos, e por aí vai. É necessário bastante tempo de análise, conhecimento de mercado e experiência nos diversos processos industriais para decidir qual o melhor caminho a seguir. Por fim, procurei compreender melhor os processos de implantação e manutenção das florestas para conseguirmos maior produtividade no volume de madeira final. Passamos a realizar inventários anuais, levantando as diversas taxas de cresicmento de cada área e identificando os fatores que causavam resultados melhores ou piores. O que temos observado em nossos plantios é que o mogno africano (khaya ivorensis) responde muito bem à água, seja através de chuvas ou de irrigação. Em locais muito secos, como o Norte de Minas, não dá para ficar sem irrigar. Outro ponto importante é manter o solo com bastantes nutrientes disponíveis, por isso a importância de se realizar análises de solo e foliares constantemente e verificar a necessidade de adubação. Também percebi que devemos ficar bastante atentos a pragas, como formigas, cupins, lagartas, fungos, etc. Estes agentes podem prejudicar o crecimento da árvore e diminuir o volume final de madeira projetado. Ações de prevenção e combate à incêndios também devem ser tomadas, visto que este é um dos principais riscos para uma floresta plantada. Em uma das palestras mais interessantes que presenciei na ABPMA, do Marcelo Ambroggi, responsável pela área de desenvolvimento florestal Weyerhaeuser Solutions do Brasil até 2014, uma das maiores empresas de reflorestamento do mundo, disse uma coisa bastante importante: Na silvicultura, qualquer decisão deve ser analisada a partir de um modelo de avaliação econômica por Fluxo de Caixa Descontado.
Por exemplo, se você decide adubar ou irrigar o mogno hoje, você deve levar em conta qual o gasto adicional com este investimento, e ao mesmo tempo estimar qual será o incremento no seu volume de madeira final. Com isso, você terá uma receita adicional no seu fluxo de caixa futuro, que trazido a valores atuais pela taxa de desconto do seu projeto, deverá lhe dar um ganho adicional no VPL do seu negócio (Valor Presente Líquido). Assim, toda decisão que temos tomado é com base na avaliação do nosso Fluxo de Caixa Descontado, onde avaliamos o gasto presente e a receita futura. O objetivo é sempre maximizar nosso VPL.Por fim, após quase 2 anos como CEO do Grupo Meta Florestas, tenho bastante segurança em afirmar que o mogno africano é uma ótima oportunidade de investimento. Eu realmente vislumbro um futuro de sucesso para todos aqueles que tem se comprometido em investir e propagar esta cultura. Apesar do longo prazo de retorno do investimento, o tempo só contribui para tornar o projeto cada vez mais valioso. Praticamente toda a madeira nobre vendida no mundo é proveniente de florestas nativas, muitas vezes oriunda da extração ilegal e clan-
destina. A população mundial está cada vez mais consciente das questões de sustentabilidade ambiental, e o cerco dos órgãos de fiscalização está se fechando cada vez mais. Ao mesmo tempo, ainda não é muito comum o plantio de florestas de madeira nobre, o que diminuirá a oferta futura de madeira nobre sustentável. Desta forma, tudo indica que teremos ótimos resultados em nosso projeto. Raphael Valle Cruz CEO Grupo Meta Florestas
Usos do Mogno Africano
O engenheiro agrônomo Milton Frank tem sido um grande colaborador da ABPMA, contribuindo com seus artigos explicativos e compartilhando sua vivência sobre diversos aspectos do plantio de mogno africano. Em homenagem à sua colaboração montamos esta coletânea onde ele expõe suas crenças e experiências.
Conhecimentos necessários para se plantar Mogno Africano Ivorensis. Solos A primeira coisa a se observar antes de plantar mogno A experiência de plantios de mogno africano Senegalensis em solos arenosos com 8% de argila é positiva e africano Ivorensis é o tipo de solo disponível. apresenta bons resultados de crescimento e desenvolvimento, porém o mogno africano Ivorensis necessitou de Geralmente os tipos de solos são: mais cuidados como uma adubação mais substancial e até mesmo a incorporação de material orgânico como Solo Argiloso turfa, cama de frango, resto ou rejeito de silagem de Este tipo de solo possui uma consistência fina e é geral- gado, estrume etc... mente impermeável a água. A terra roxa, encontrada principalmente nos estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina é um dos principais solos deste tipo que é bom para a prática da agricultura, principalmente para a cultura de café, e excelente para o plantio de mogno africano. Na região litorânea do Nordeste encontramos o massapé, solo de cor escura e também muito fértil. Solo Arenoso Este tipo de solo possui consistência granulosa e é constituído por areia. Muito presente na região nordeste do Brasil, sendo permeável à água. Para se plantar mogno africano Ivorensis num solo arenoso é fundamental se fazer a análise do solo e constatar que este tenha pelo menos 16% de argila. Mas e se o solo arenoso tiver menos de 16% de argila podemos plantar mogno africano Ivorensis? Podemos sim, mas teremos que arcar com custos para corrigir este solo. Teremos de ter uma adubação diferenciada, teremos de incorporar bastante matéria orgânica a este solo, teremos de modificar suas características físicas, e neste caso também teremos de fazer a conta do custo versus o benefício desta atividade de modificar a característica deste solo.
Solo Humoso Presente em territórios com grande concentração de material orgânico em decomposição (húmus). É muito utilizado para a prática da agricultura, pois é extremamente fértil (rico em nutrientes para as plantas), portanto este tipo de solo pode ser utilizado no plantio do mogno africano Ivorensis. Solo Calcário É um tipo de solo formado por partículas de rochas. É um solo seco e esquenta muito ao receber os raios solares. Inadequado para a agricultura e para o plantio de mogno africano Ivorensis. Preparo de Solos Neste caso podem ser usados vários métodos de preparo de solos como: 12345-
Uso da grade leve Uso da Grade Pesada Uso do subsolador Uso sulcador Covas manuais
O que foi observado na prática é que quanto mais Faça as estradas ao redor de sua floresta fundo se mexe na terra mais fácil é o enraizamento da antes de plantar. muda e consequentemente o crescimento é maior. As estradas são fundamentais durante toda etapa de Alertamos que é necessária a consulta a um engenheiro implantação de uma floresta. Por elas serão escoados as de solos a fim de que ele determine que tipo de preparo mudas, o pessoal, os insumos, e na fase de colheita floresdeva ser feito, pois cada região e solo tem uma indica- tal elas irão escoar a sua produção, portanto é fundamental fazê-las antes do plantio. O profissional adequação diferente. do para planejar suas estradas é um engenheiro florestal. Calagem Uma pergunta que todos os silvicultores se fazem antes As estradas devem ser muito bem planejadas, porque elas serão de uma relevante importância caso um dia de plantar uma floresta é a seguinte: ocorra um incêndio florestal em sua propriedade. “Devo fazer calagem?” Escolhendo as mudas para plantio A resposta a esta pergunta é muito simples, ou seja, quem vai determinar se a calagem deve ser feita e a quantida- Devido à dificuldade de compra de sementes de mogno de de calcário a ser jogada num solo é a análise do solo. africano Ivorensis no Brasil, a maioria dos produtores Os elementos cálcio e magnésio devem estar presentes compram mudas para o seu plantio de viveiros que estão no solo de uma floresta que será plantada, portanto, ao estabelecidos em todo território nacional. apresentar a análise da sua área a um engenheiro de Se houvesse fartura de sementes no Brasil, eu recomensolos, solicite que ele faça uma recomendação de cala- daria a cada produtor fazer sua própria muda pelos seguintes motivos: gem caso necessário. Solos com alto teor de alumínio devem ser corrigidos Altos teores de alumínio presente em solos de florestas a serem plantadas não são recomendados, portanto, durante a consulta que deve ser feita a um engenheiro de solos antes do plantio, cabe ao plantador solicitar esta análise e seguir a recomendação de correção do profissional. Faça o combate à formiga antes do plantio O maior inimigo da silvicultura em geral é a formiga, então é necessário controlar os formigueiros da área a ser plantada. O método mais utilizado é o combate à formiga com iscas de sulfluramida. Existem várias iscas disponíveis no mercado. Antes de plantar planeje os aceiros de sua floresta O pior acontecimento para um silvicultor é um incêndio florestal. Os aceiros são feitos antes do plantio e devem ser planejados por um engenheiro florestal a fim de facilitar o combate do fogo.
1- O viveiro de mudas é o início do seu plantio, portanto ele é estratégico. 2- É muito bom saber com convicção plena como sua muda foi preparada. 3- Uma muda de sementes feita perto do local do plantio já nascerá praticamente aclimatada. Como saber se uma muda está pronta para o plantio? A muda pronta é aquela que está lignificada e já tem certa rusticidade. A muda lignificada é uma muda madura. Veja a foto ao lado. A muda de mogno africano Ivorensis da foto está lignificada e tem rusticidade. Observe que o caule da muda na parte inferior já tem uma tonalidade marrom e sua parte superior é verde. Esta muda também já passou pelo processo de “rustificação”. Ela apresenta o caule firme e as folhas bem desenvolvidas. Esta muda está pronta para o plantio. Observação: São raríssimos os viveiros que produzem mudas de mogno africano Ivorensis que tem conhecimento técnico para entregar uma muda desta qualidade ao comprador. Vamos plantar o mogno! Chegou a hora de plantar, e nesta hora tenho de confessar a todos que prefiro o método da Silvicultura à moda antiga para o plantio do Mogno Africano Ivorensis. Digo isso, porque é o método de maior qualidade, porque o produto fim da floresta será madeira serrada ou beneficiada para ser colocada a disposição do mercado nacional e mundial e ainda porque o primeiro corte desta floresta poderá ocorrer depois do décimo quinto ano de seu plantio. O que é silvicultura a moda antiga? Silvicultura a moda antiga é o método operacional utilizado pelo engenheiro Edmundo Navarro de Andrade quando em 1919 ele introduziu a espécie de eucalipto urophylla em Rio Claro – SP. Este método foi consolidado em 1937 quando a Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira adotou o cultivo do eucalipto como fornecedor de lenha para a metalurgia, em sua unidade na cidade mi-
neira de João Monlevade. Nesta época não havia mecanização na Silvicultura e tudo era feito manualmente, exceto as estradas. O roteiro de plantio do método da Silvicultura a moda antiga é composto pelas seguintes atividades: 1. Combater Formiga 2. Fazer a infraestrutura (estradas e aceiros) 3. Elaborar o alinhamento do plantio e fazer a marcação das covas manualmente 4. Fazer as covas com a enxada com pelo menos 30 cm de diâmetro e 50 cm de profundidade 5. Remover o saquinho plástico das mudas com as mãos 6. Plantar as mudas nas covas com as mãos 7. Fazer adubação de cobertura com as mãos protegidas por luvas 8. Começar a combater a mato competição através de capinas manuais com enxada. Plantio Iniciando o plantio a primeira pergunta a fazer seria: “qual o espaçamento desta floresta?”. Até hoje não se tem definido o melhor espaçamento para esta cultura. Os espaçamentos das florestas de mogno africano que visitei em todo Brasil variam muito. Tem gente que planta 3X3 prevendo dois desbastes tem gente que planta 4X4, 5X5, 6X5, 6X6, 7X7, 8X8 e já vi até 10X10 O espaçamento que é mais predominante no Brasil é o 6X6, e mesmo assim porque a compilação deste número é baseado na quantidade de área plantada em hectares. A minha sugestão seria a adoção do planejamento 6X6 e deixar para descobrir tecnicamente o espaçamento ideal no futuro.A segunda pergunta que temos de nos fazer antes de iniciar o plantio seria: “Desejo uma floresta perfeitamente alinhada?” Caso sua resposta seja sim, então faça o alinhamento e a marcação de suas covas. Caso você não faça covas e use o sulcador, então use o GPS para fazer a sulcagem do solo. No caso de atividade manual, você pode fazer a marcação com uma vara graduada, corda ou a trena. No caso de você possuir um sulcador que faça a marcação mecanicamente isso ocorrerá sem necessidade de se marcar manualmente.
O alinhamento pode ser feito através do GPS, balizamento, e já vi no passado (década de 80) alinhamento feito com instrumentos de precisão. O alinhamento poderá ser feito através de cordas, conforme o espaçamento desejado marque a corda na distância entre uma cova e outra. Nos terrenos planos, você pode utilizar trator com sulcador, que cruzando as linhas deixará o espaçamento desejado. As covas devem ser espaçadas de 6 metros na linha e 6 metros na fileira. Recomendo que as covas tenham pelo menos 50 cm de profundidade e no mínimo 30 cm de diâmetro. A terra removida da cova deve ficar ao lado da mesma.
Replantio Deixe uns 20% de mudas para o replantio. Ele deve ser feito entre 30 e 60 dias depois do plantio. Não é necessário abrir de novo a cova, mas afofar o local onde você vai plantar a nova muda. Silvicultura Mecanizada Hoje existem vários implementos que facilitam a vida do silvicultor. Vou mostrar aqui alguns:
Quando transportar as mudas do viveiro de produção para o local do armazenamento, você deve ter cuidados especiais: O caminhão ou meio de transporte das mudas deve ser coberto com lona, mesmo que a distância não seja muito longa, pois o vento causado pela velocidade do veículo queima as folhas das mudas; As caixas deverão ser colocadas no chão ou no local do armazenamento, devagar, para não abalar as raízes e causar perdas; Essa operação deverá ser observada e repetida no transporte do local do armazena mento para o campo; Ao distribuir as mudas, nas proximidades das covas, nunca as jogue de cima e sim utilize meios que possibilitem colocá-las suavemente na cova ou na sua proximidade.
Este é um adubador e coveador florestal
A hora do plantio Se a embalagem da muda que vai ser plantada for de saco plástico, retire-o totalmente e cubra a cova com terra, 1 a 2 cm acima da parte superior do colo da muda. A terra deverá ser comprimida com as mãos ou pés, deixando a muda na posição vertical. Particularmente não aprovo o uso dos pés para comprimir as mudas, sou a favor do uso só das mãos. As mudas embaladas em tubetes devem ser conduzidas para o local de plantio, para serem retiradas dos mesmos. Pegue a muda pelo tubete, nunca pelas folhas. Aperte o tubete plástico com os dedos dando um leve toque na parte superior para a muda soltar por dentro. Você deve ter o cuidado de não levar terra compactada para a cova, porque isso pode entortar a muda e prejudicar o seu desenvolvimento inicial.
Este é um subsolador
Este é um sulcador
Hora de adubar A recomendação da adubação vai sair da análise de solos. Quem deve fazer esta recomendação é um agrônomo, engenheiro florestal ou até mesmo um engenheiro de solos. O adubo mal colocado pode queimar uma muda. O adubo deve ser sempre colocado enterrado e a uma distância de pelo menos 45 cm do caule da planta. Micronutrientes Este é um tanque utilizado para irrigar florestas
A adubação com micronutrientes como Boro, Zinco, Manganês, Cobre, Enxofre, Ferro, Molibdênio tem mostrado bons resultados nos cultivos de Mogno Africano Ivorensis. Digo baseado numa experiência que eu mesmo fiz. Após a seca, um plantio que tinha 1 ano de idade apresentava um aspecto terrível. As mudas estavam vivas, mas as folhas estavam caídas, amarelas ou secando e só a ponta do caule verde. Logo depois das primeiras chuvas nós usamos um produto que permite a pulverização de micronutrientes na lavoura de soja nesta floresta. O resultado foi que em 15 dias a floresta respondeu e ficou com um vigor, coloração e aspecto espetacular. O nome deste implemento é CONCEIÇÃO em homenagem a engenheira o idealizou. Trata-se de um pulverizador que aplica herbicida nas linhas das florestas a fim de controlar a competição das erva daninhas com as mudas plantadas. A Conceição trabalhou na Indústria Papel Simão na década de 80 e é graças a ela que este projeto foi para frente. Hoje em dia existe uma série de implementos florestais a fim de ajudar a diminuir a mão de obra e agilizar as atividades da Silvicultura. Realmente eles diminuem os custos e facilitam muito o trabalho para quem deseja plantar grandes volumes. A única ressalva que faço é que nenhum dos métodos mecânicos atual tem a qualidade da Silvicultura a Moda Antiga, mas eles funcionam e dão muito resultado, principalmente no bolso de quem planta. Existem vários fabricantes de implementos florestais ou de apoio à silvicultura no mercado brasileiro, procurem conhece-los.
A partir do momento que você encerra o plantio e a primeira adubação a floresta entra no período de primeiro ano de manutenção. As manutenções podem ser feitas de diversas formas diferentes e o correto é a contratação de um engenheiro florestal para recomendar estas atividades para o produtor. Atividades realizadas no primeiro ano de manutenção 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. etc...). 9. 10.
Capina Manual Total Coroamento Roçada Mecânica Aplicação de defensivos para controlar a mato competição Adubação de cobertura Adubação folear Combate à formiga Manutenção de infraestrutura (Estradas, aceiros, Poda Irrigação (caso seja necessário)
Irrigação Esta é outra pergunta que vários produtores questionam. Devo irrigar minha floresta de Mogno? Depende do local onde sua floresta foi implantada é a resposta para esta questão. Na região do Mato Grosso temos 6 meses de chuvas e 6 meses de seca. A experiência no Mato Grosso é que as mudas aguentam bem a seca e depois na chuva se recuperam. A média de chuvas no Mato Grosso é de 1.600 a 2.000 mm ano. Nesta região não há necessidade de um sistema de irrigação. Cabe ao futuro produtor tomar esta decisão, pois a implantação de um sistema de irrigação de uma floresta é algo muito caro e o excesso de irrigação também pode prejudicar a qualidade da madeira. É prudente o novo produtor conversar a respeito de irrigação de sua floresta com um agrônomo ou engenheiro florestal. Incêndios Florestais Nenhum silvicultor está livre da ocorrência de um incêndio florestal. As principais ferramentas para se combater incêndios florestais são:
McLeod – consiste de uma enxada e um ancinho justapostos, substituindo, portanto duas ferramentas. Abafador – Usado para bater sobre o fogo, apagando-o por abafamento, quando há possibilidade de combate direto. Consiste de um retângulo de borracha flexível com lonas (correias transportadoras usadas), de aproximadamente 40 cm de comprimento, 30 cm de largura e 0,6 cm de espessura, preso a uma armação de ferro em forma de “T” e fixado a um cabo de madeira de no mínimo 1,60 m de comprimento. Extintor costal – constituído de um reservatório com capacidade de 20 l de água e de uma bomba tipo trombone, de operação manual, pode lançar água até cerca de 10 m de distância. É muito útil no combate de incêndios superficiais de baixa intensidade e no rescaldo de grandes incêndios. Operada por pessoa treinada é o mais eficiente, flexível e econômico (por litro de água bombeada) entre todos os equipamentos de bombeamento de água. O extintor costal é considerado o mais importante invento individual entre os equipamentos de combate de incêndios. Lança-chamas – o tipo mais eficiente é o “pinga-fogo.” Muito útil e prático para se fazer um contrafogo, especialmente quando este precisa ser feito rapidamente. Indispensável para se fazer queimas controladas.
Enxada – usada para limpar, até o solo mineral, pequenas faixas ou aceiros, a fim de evitar a passagem do fogo. Caminhão Pipa – Quando se tem estradas bem planejadas pode lançar água na floresta incendiada e ajudar a Machado – usado para derrubar árvores e arbustos controlar o incêndio. que estejam queimando e lançando fagulhas que podem originar novos focos de incêndio ou para abrir picadas Prevenção a Incêndios Florestais. com a finalidade de fazer aceiros. A maioria das empresas de reflorestamento utilizam Foice – usada para abrir picadas e construir pequenos torres de observação de incêndio a fim de identificá-los aceiros; entre as ferramentas manuais é uma das mais logo no início possibilitando o controle. Para plantios de versáteis no combate a incêndios de baixa intensidade grande porte existem empresas que utilizam guardas em áreas de vegetação de pequeno porte. florestais com motocicletas que ficam constantemente fazendo rondas nas florestas. Pá – usada para jogar terra e enterrar material que esteja queimando; muito útil em operação de rescaldo, principalmente onde o solo é arenoso. Ancinho – usado para fazer rapidamente pequenos aceiros, principalmente onde existe acúmulo de folhas e acículas na superfície do solo.
ARTIGO MILTON FRANK
seu próprio fertilizante orgânico? O nitrogênio (N) é o nutriente responsável para o crescimento das plantas, para a produção de novas células e tecidos, e ele também promove a formação de clorofila, que é um pigmento verde encontrado nas folhas e que captura a energia do sol. As plantas deficientes em nitrogênio (N) apresentam as folhas com uma coloração verde-pálida ou amarelada devida à falta de clorofila. Na proteína, o principal elemento é o nitrogênio, e quando há um suprimento adequado deste nutriente, as plantas crescem rapidamente, ao contrário de quando há deficiência, onde crescimento se torna lento.
Usar um fertilizante orgânico é seguro para a maioria das árvores, inclusive o mogno africano, e temos uma abundância deste elemento ao nosso alcance no dia a dia. Podemos usar a grama como fonte de nitrogênio, mas se nós jogarmos grama ao redor da base da árvore não resultará em nada, porque é preciso transformá-la em adubo. Fertilizantes caseiros podem ser uma das melhores nutrições para uma pequena floresta, e para preparar este fertilizante siga os seguintes passos:
1. Forre o fundo de um recipiente de compostagem com 8 cm de grama, 2. Adicione uma camada de 8 cm de folhas secas, cascas e pedaços de vegetais em decomposição, 3. Adicione também se você quiser cascas de ovo, borras velhas de café ou saquinhos de chá se estes tiverem presentes no seu lixo, 4. Misture as camadas e logo depois, reinicie o processo novamente pela grama, 5. Repita este processo quantas vezes forem necessárias até encher a caixa de compostagem, 6. Coloque o fertilizante para fermentar dois meses antes das chuvas iniciarem na sua região, 7. A hora de usar este fertilizante será logo após a primeira chuva, após o inverno. 8. Sempre misture e mexa o seu fertilizante caseiro a cada uma ou duas semanas para garantir homogeneidade. 9. Adicione cama de frango nesta fórmula para aumentar o valor nutritivo. 10. Você pode usar qualquer outro tipo de esterco animal nesta fórmula também. 11. Certifique-se que o esterco animal esteja decomposto ou apodrecido antes de misturá-lo. 12. Geralmente é necessário se colocar de 300 a 500g deste adubo para cada árvore mantendo uma distância de 20 cm do caule.
Como aplicar este adubo?
Para mudas recém-plantadas use de 300 a 500g de adubo orgânico a 20 cm de distância do caule da muda. Para árvores mais velhas coloque até 2 Kg de adubo por árvore. Você também deve espalhar o adubo orgânico em volta da muda ou árvore mantendo a distância recomendada, o resto do trabalho será feito pelas águas da chuva.
1ยบ e 2ยบ SEMINร RIO DE MOGNO AFRICANO . PIRAPORA - MG . 2012/2014
Palestra sobre Certificaçþes FSC com IMAFLORA
Palestra sobre Marcenaria com Gilson Favarato
Palestra com Marcelo AmbrogiPalestra com Walter Benadof
Mídia espontanêa . Causada durante a feira IDA / ARTRIO 2015
Casa Vogue Brasil
Mídia espontanêa . Causada durante a feira IDA / ARTRIO 2015
Acima Fazenda Golden Hill
Fazenda Primavera
Reunião de associados no 2º Seminário de Mogno Africano em Pirapora
A esquerda Fazenda Bom Jesus, acima Fazenda São Joaquim
A ABPMA convida a todos os interessados no mercado madeireiro, distribuidores, industriais, comerciantes, aos investidores em florestas, aos pesquisadores silviculturais, a conhecerem os plantios de nossos associados. Todos estão de portas abertas e terão imenso prazer de mostrarem ao mundo seu pedaço da grandeza do Brasil em plantio de mogno africano.
Patricia Fonseca patriciafonsecabh@gmail.com
Profº Antonio Lelis pinheiroufv@gmail.com João Emilio Duarte joao.emilio@brasilterraagro.com André L. Martins andresantafe@yahoo.com.br
Dayane Silva dayane@abpma.org.br
Aurea Nardelli aurea@smcnucleus.com.br Milton Frank frankmilt@gmail.com Raphael Cruz raphacruz@yahoo.com.br
www.ABPMA.ogr.br Av Barรฃo Homem de Melo 4554 . 10ยบ Andar . Estoril . Belo Horizonte . MG. CEP 30 494-270